segunda-feira, 29 de março de 2010

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27978


“do seu mestre de canto e de harmonia,”
Meu sonho aprende a ter em cada verso
Sentido de beleza mais diverso,
E envolto pelas mãos da fantasia
Entorna raro brilho quando ouvindo
O som de uma sanfona sertaneja
Além do que deveras mais deseja
Sentindo acorde raro, doce e lindo,
Encontra no luar que se desnuda,
A fonte dos anseios mais audazes,
E quando em sons divinos tu me trazes
Sobeja claridade que me ajuda,
Percebo a divindade feita em tons
Agradecendo a Deus pelos teus dons.


27979


“a história passional me referia”
À farta fantasia que me deste,
Num solo sertanejo tão agreste
Divina maravilha se recria
E traz na poesia tanto encanto
Que posso mesmo até adivinhar
Aos raios tão fantásticos, luar,
E dele transformado em glória e canto,
Percebo soberano cada acorde,
E sinto ser possível ter nas mãos,
Depois de ter ouvido tantos nãos
Quem com tanta beleza já concorde
E assim ao caminharmos para o eterno,
A flórea senda nega um triste inverno.

27980



“Ao passo dos cavalos madraceiros,”
Sentindo a mansidão da vida enquanto
Tocado pela lua em seu encanto
Encontro os dias claros, mensageiros
Do amor que tanto quero e já procuro
Depois das tempestades usuais,
E tendo sob os olhos sensuais
Anseios sobre os quais teimo e perduro,
Percebo ser feliz, é o que basta,
Jamais abandonando o meu caminho,
Nas sendas mais bonitas eu me aninho,
Enquanto a solidão de mim se afasta
E sob a lua imensa, sertaneja
Minha alma conseguindo o que ora almeja.


27981


“era a flor dos mais célebres gaiteiros”
Trazendo na sanfona este lamento,
Tocando bem mais fundo o sentimento,
Momentos doloridos, verdadeiros,
E assim ao me mostrar tanta beleza,
Senti tanta ternura desde então,
E quando agora sigo no sertão,
Encontro na verdade com certeza
A sorte de saber tanta ventura,
E nego o próprio medo e sem receio,
Encontro tudo aquilo que ora anseio,
Por mais que a noite seja tão escura,
Minha alma neste instante já flutua
E bebe a mais sublime e plena lua.


27982


“que, segundo ele próprio me dizia,”
A sorte tem diversas armadilhas,
Mas quando do luar se vê as trilhas
Deveras se liberta a fantasia,
E o canto se mostrando bem mais belo,
Permite ao sonhador outro momento
Diverso do que tanto me atormento
Vislumbro ao fim da estrada este castelo
Aonde uma princesa sertaneja
Espera um cavaleiro enluarado,
E o sonho noutro sonho já traçado
Traduz o que a alma pura mais deseja,
E a sorte se mudando neste instante
Trazendo ao meu olhar tal diamante...


27983




“um caboclo de gestos altaneiros,”
Não teme os temporais e enfrenta todos,
Por mais que no caminho encontre os lodos,
Encantos têm nos sonhos, mensageiros
E bebe desta luz feita em luar,
E não se cansa nunca da batalha,
Não suportando mais qualquer cangalha,
Enfrenta destemido o seu lutar
Até que veja enfim a liberdade
Já não respeita mais qualquer algema,
Sem nada que em verdade ainda tema,
Somente a claridade agora invade
E segue cada rastro desta lua,
Aonde a sua história continua.


27984


“Eu vinha do sertão e era o meu guia”
O sonho pelo qual já batalhara,
A noite enluarada se fez clara
E dela se percebe a fantasia
Guiando o meu cavalo pela estrada
Deixando para trás qualquer temor,
Tocado pelos raios de um amor, a
A vide pelo encanto transformada,
Traçando ao teu castelo, meu caminho,
Princesa dos meus sonhos, sertaneja
Minha alma a cada dia mais deseja
Envolta pelas ânsias do carinho,
Até chegar a ti em teu reinado,
Um cavaleiro em glória, enluarado...

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