28412
“E o cavalo na montanha
Na cigana sensação
Libertária solução
Vez em quando perde ou ganha
E completa a sua sanha
Com temor, com decisão
Novos dias mostrarão
O calor de outra montanha?
Nada digo, nada espanta
Coração em fúria tanta
A proposta dita o rumo
Do que pode ou mesmo vago,
Bebo a sorte e em cada trago
Os meus erros, eu assumo.
28413
“O barco por sobre o mar
Se dourando em forte sol,
Esperança diz farol
Um prazer onde ancorar
Caminhando contra o vento
Necessário ter enfim
Toda a força e crer no fim
Do que fora desalento,
Venço o medo e sigo em frente
Nada temo, nem passado,
O caminho já traçado
Solução que se apresente
Peito aberto, soberano
Coração solto, cigano.
28414
“verde vento, verdes ramas”
Verdes olhos do futuro
Navegando já procuro
Quando distante me chamas
Vou buscando esta esperança
Cavaleiro sem paragem
Verdejando a paisagem
Noutro rumo já se lança
Não percorro o mesmo trilho
Das sementes, a colheita
Alma livre se deleita
E deveras bebo o brilho
Da manhã em bela aurora,
Tanta luz que nos decora!
28415
“Verde que te quero verde,
Tudo ganha quem batalha,
Coração feroz retalha
Com certeza não se perde
E sabendo a direção
Cada passo esperançoso
Traduzindo o pleno gozo
Dos momentos que virão
Ascendendo ao infinito
Cavaleiro ganha espaços
E seguindo antigos traços
Vai traçando um mais bonito
Sorte alheia, sorte tanta
Coração feroz se encanta.
28416
“brutais, à porta chamavam.”
E teimavam contra a sorte
Traduzindo logo a morte
Pelo vão tanto clamavam
Os cavalos ganham luzes
Vidas novas, cicatrizes
E deveras se desdizes
Noutro rumos me conduzes
Liberdade, liberdade
Caminheiro coração
Novos dias mostrarão
Tanto brilho que me invade
Traduzindo esta esperança
Ao vergel minha alma lança.
28417
“bêbados guardas-civis,”
Expressando insensatez
Do que tanto agora vês
São caminhos meros, vis
Os medonhos dissabores
Os terríveis caminhares,
Onde outrora quis altares
Já morreram tantas flores
A mortalha da esperança
Negrejando este vergel,
O cavalo, meu corcel
Novo rumo não alcança
E a cigana já previra
O apagar da velha pira.
28418
“qual uma pequena praça,”
Como fosse alguma troça
A história esta carroça
Lava os olhos quando traça
O futuro em mão sombria
Adivinha a sorte insana
O que outrora soberana
Se pressente agora fria
Mergulhando neste vão
Tão nefasto caminhar,
Procurando me encontrar
Já não vejo solução
O cigano caminheiro
Solo agreste, em espinheiro.
28419
“A noite tornou-se íntima”
A manhã se prometendo
Num momento que estupendo
Se desnuda em face que ínfima
Nada gera nem tampouco
Nem o medo nem a glória
A certeza da vitória
Sensação do canto em louco
Rumo feito insensatez
Nova senda se desbrava,
Quando uma alma não escrava
Propagando o que desfez
Caminhando sem destino,
Sem temor, me desatino.
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