Nas remessas que trazes, uma carta,
Uma mensagem triste de partida;
Avisa que terei por despedida,
As últimas notícias tuas, Marta...
Tantas vezes; Atenas, tu: Esparta.
A porta dessa entrada é de saída,
Pois quem amaldiçoa, traz ungida
A mão que acaricia, me maltrata...
No beijo; da saliva fez-se escarro,
Da lágrima sentida, tanto escárnio.
Recolho meus bagaços, meus farrapos...
Quem fora fantasia, simples trapos.
Nas mãos essas fraturas, todos carpos,
Na solidão do verso, que m’amarro...
PARA TANTOS, PRINCIPALMENTE MARCOS GABRIEL, MARCOS DIMITRI E MARCOS VINÍCIUS. MINHA ESPERANÇA. RITA PACIÊNCIA PELA LUTA.
sábado, 8 de outubro de 2011
O sal da terra
O sal da terra trago em minhas mãos,
Vasculho, procurando em todo ser,
Quem dera poderia conhecer,
Aquele que transforma seus irmãos...
A mansidão traduz amores vãos,
Num único tormento por viver;
Instante tão feliz, novo saber.
A vida fecundando tantos grãos...
No teu martírio louvo a liberdade,
Procuro-te sem nada, sei que tarde;
Mas nunca poderei, de ti, fugir.
Castiçal de lanternas a luzir,
Um brilho sem igual, jamais vivi.
O teu nome traduz felicidade...
Vasculho, procurando em todo ser,
Quem dera poderia conhecer,
Aquele que transforma seus irmãos...
A mansidão traduz amores vãos,
Num único tormento por viver;
Instante tão feliz, novo saber.
A vida fecundando tantos grãos...
No teu martírio louvo a liberdade,
Procuro-te sem nada, sei que tarde;
Mas nunca poderei, de ti, fugir.
Castiçal de lanternas a luzir,
Um brilho sem igual, jamais vivi.
O teu nome traduz felicidade...
MINHA CABEÇA RODA
Nessa tristeza sinto, mesa e bar,
Distâncias se completam na aguardente;
Quem me dera, poder, tão de repente,
Rever aquela boca, faz voar...
Minha cabeça roda, sem parar,
Despeço-me da pútrida serpente.
Nesse bar, melancólico e demente,
As cadeiras vazias, meu lugar...
Amei demais e sinto que perdi,
Não tenho outra verdade; pois, sem ti,
Que farei do que resta mais de mim...
Na pele, tens delícias de cetim,
Na boca, sutileza do carmim...
Pudera recordar o que vivi!
Distâncias se completam na aguardente;
Quem me dera, poder, tão de repente,
Rever aquela boca, faz voar...
Minha cabeça roda, sem parar,
Despeço-me da pútrida serpente.
Nesse bar, melancólico e demente,
As cadeiras vazias, meu lugar...
Amei demais e sinto que perdi,
Não tenho outra verdade; pois, sem ti,
Que farei do que resta mais de mim...
Na pele, tens delícias de cetim,
Na boca, sutileza do carmim...
Pudera recordar o que vivi!
SONHANDO..
Jangadeiro que corre para o mar,
Meu amor também busca por sereia;
Distante, vou sonhando nesta areia,
Nas praias onde tento te encontrar...
Saindo de manhã para pescar,
Esse sol, escaldante, te incendeia.
Saudades vai deixando, triste teia,
Que enreda quem viveu só para amar...
Na jangada, correndo com o vento,
Transportas esperanças, sofrimento;
As lágrimas sinceras que ficaram...
No retorno, tristezas se alegraram,
Outras vezes, as vidas acabaram;
E quem partiu, ficou no pensamento...
Meu amor também busca por sereia;
Distante, vou sonhando nesta areia,
Nas praias onde tento te encontrar...
Saindo de manhã para pescar,
Esse sol, escaldante, te incendeia.
Saudades vai deixando, triste teia,
Que enreda quem viveu só para amar...
Na jangada, correndo com o vento,
Transportas esperanças, sofrimento;
As lágrimas sinceras que ficaram...
No retorno, tristezas se alegraram,
Outras vezes, as vidas acabaram;
E quem partiu, ficou no pensamento...
A palavra se solta
A palavra se solta, vai liberta,
A vida não mais pode controlar.
Tanta coisa passando por passar,
Quem me dera pudesse ser poeta...
Saberia viver forma completa,
Necessito de tanto ter lugar;
Quem fora simplesmente para o mar,
Traçando, normalmente, sua meta...
Quero o gosto das lavras e das minas,
Nas palavras que canto, cristalinas;
Existe tanta pressa de saber.
Os meus versos, embalde sem você,
São cometas; prometo, sem querer,
Laçar essas palavras tão ferinas...
A vida não mais pode controlar.
Tanta coisa passando por passar,
Quem me dera pudesse ser poeta...
Saberia viver forma completa,
Necessito de tanto ter lugar;
Quem fora simplesmente para o mar,
Traçando, normalmente, sua meta...
Quero o gosto das lavras e das minas,
Nas palavras que canto, cristalinas;
Existe tanta pressa de saber.
Os meus versos, embalde sem você,
São cometas; prometo, sem querer,
Laçar essas palavras tão ferinas...
MEUS OLHOS
Meus olhos são cascatas, a rolar,
Chorando por quem nunca poderia,
Viver essa esperança, novo dia.
Na selva de teus olhos, vou buscar,
O tempo que não pude controlar;
A aurora que virá, mesmo tardia,
Me concedendo parte de magia.
Aurora vai chegar, tentacular...
Eu busco, nas esperas ,o teu canto;
Travando noite e dia, por encanto,
Quem sonharia parto, invés de luto...
Teus olhos tão perfeitos mas sou bruto;
Encarno a sensação, doce tributo,
De perceber enfim, teu olhar santo...
Chorando por quem nunca poderia,
Viver essa esperança, novo dia.
Na selva de teus olhos, vou buscar,
O tempo que não pude controlar;
A aurora que virá, mesmo tardia,
Me concedendo parte de magia.
Aurora vai chegar, tentacular...
Eu busco, nas esperas ,o teu canto;
Travando noite e dia, por encanto,
Quem sonharia parto, invés de luto...
Teus olhos tão perfeitos mas sou bruto;
Encarno a sensação, doce tributo,
De perceber enfim, teu olhar santo...
SAUDADES DE TI
Eu trago, nos meus olhos, a saudade,
De quem jamais devia me ausentar;
Sem ela, desconheço claridade,
Sem ela, vou buscando meu luar...
Quem dera Deus tivesse compaixão,
De quem , errou na vida sem saber.
De quem somente teve sempre não,
Como resposta hostil, sem ter por que...
Não quero mais sentir a ventania,
Roçando meus cabelos, sem ter pena.
Quisera conhecer, um novo dia,
A noite, cruelmente, faz novena...
Vencido por temer guerra e fastio,
Num último poema, tento vê-la;
Sem ela, não existo, sou vazio,
Vagando, vaga-lume, quero estrela...
O zéfiro respira, me bafeja,
Transgrido as ordens, erro sem destino;
Perdido, sigo tendo essa peleja,
Perdendo meu sentido, desatino...
Quem dera se pudesse ser criança.
De novo correria para os braços;
Daquela que pensei, triste lembrança,
Um dia cerraria tantos laços...
Mas sinto que não posso resistir,
Em vão procuro tenras mansidões.
De tudo não consigo nem pedir,
Paz renovada, lastro dos perdões...
Momento atroz , penumbra d’existência,
Cartas jogadas fora, sem valor.
Te peço, tão somente por clemência,
Quem dera conhecesses minha dor...
Quiçá, então tivesses piedade,
Num último delírio dum poeta.
A vida não seria, essa verdade
Que extermina, de forma tão completa.
Amores já os tive, e os perdi,
Retratos bolorentos do passado.
Mas amar, tal qual amo, só por ti
O meu verso entoando triste brado...
Nunca mais te terei, minha centelha
Dessa luz que transporta meu desejo.
A lágrima que escorre vai vermelha,
Da boca que sonhei com tanto pejo...
Arranco dessa rosa, seu pendão,
Espinhos vão cortando os pobres dedos.
A terra vai s’abrindo, some o chão,
Em volta, nos contornos, só meus medos...
Vencido pela angústia e pelo fado,
Meus pés vagueiam loucos por estradas.
Que nunca compartilham, mesmo lado,
Seguindo paralelas, já cansadas...
Meus mares são vazios, sem marés,
A barca dos meus sonhos naufragou.
Eu pergunto a mim mesmo, se tu és
Meu todo, me responda o que sobrou?
Vivendo sem ter rumo e sem porém,
De que me serve luta sem ter glória.
Sem ter porque viver, sem ter alguém,
Meus dias vou perdendo, na memória...
Enfim, melhor morrer se não te tenho,
De que me servem festas da natura.
As matas todas, por onde eu me embrenho,
São cadafalsos, plenos d’amargura...
Te quero tão somente por querer,
Eu te fiz minha lira e minha voz.
Procurei por alhures, mas cadê?
A noite me tragou, vida feroz...
Quem sabe num momento de ternura,
Possamos reparar o que findou.
A luz, enfim, brilhando, noite escura,
Me traga essa esperança que restou...
De quem jamais devia me ausentar;
Sem ela, desconheço claridade,
Sem ela, vou buscando meu luar...
Quem dera Deus tivesse compaixão,
De quem , errou na vida sem saber.
De quem somente teve sempre não,
Como resposta hostil, sem ter por que...
Não quero mais sentir a ventania,
Roçando meus cabelos, sem ter pena.
Quisera conhecer, um novo dia,
A noite, cruelmente, faz novena...
Vencido por temer guerra e fastio,
Num último poema, tento vê-la;
Sem ela, não existo, sou vazio,
Vagando, vaga-lume, quero estrela...
O zéfiro respira, me bafeja,
Transgrido as ordens, erro sem destino;
Perdido, sigo tendo essa peleja,
Perdendo meu sentido, desatino...
Quem dera se pudesse ser criança.
De novo correria para os braços;
Daquela que pensei, triste lembrança,
Um dia cerraria tantos laços...
Mas sinto que não posso resistir,
Em vão procuro tenras mansidões.
De tudo não consigo nem pedir,
Paz renovada, lastro dos perdões...
Momento atroz , penumbra d’existência,
Cartas jogadas fora, sem valor.
Te peço, tão somente por clemência,
Quem dera conhecesses minha dor...
Quiçá, então tivesses piedade,
Num último delírio dum poeta.
A vida não seria, essa verdade
Que extermina, de forma tão completa.
Amores já os tive, e os perdi,
Retratos bolorentos do passado.
Mas amar, tal qual amo, só por ti
O meu verso entoando triste brado...
Nunca mais te terei, minha centelha
Dessa luz que transporta meu desejo.
A lágrima que escorre vai vermelha,
Da boca que sonhei com tanto pejo...
Arranco dessa rosa, seu pendão,
Espinhos vão cortando os pobres dedos.
A terra vai s’abrindo, some o chão,
Em volta, nos contornos, só meus medos...
Vencido pela angústia e pelo fado,
Meus pés vagueiam loucos por estradas.
Que nunca compartilham, mesmo lado,
Seguindo paralelas, já cansadas...
Meus mares são vazios, sem marés,
A barca dos meus sonhos naufragou.
Eu pergunto a mim mesmo, se tu és
Meu todo, me responda o que sobrou?
Vivendo sem ter rumo e sem porém,
De que me serve luta sem ter glória.
Sem ter porque viver, sem ter alguém,
Meus dias vou perdendo, na memória...
Enfim, melhor morrer se não te tenho,
De que me servem festas da natura.
As matas todas, por onde eu me embrenho,
São cadafalsos, plenos d’amargura...
Te quero tão somente por querer,
Eu te fiz minha lira e minha voz.
Procurei por alhures, mas cadê?
A noite me tragou, vida feroz...
Quem sabe num momento de ternura,
Possamos reparar o que findou.
A luz, enfim, brilhando, noite escura,
Me traga essa esperança que restou...
ÁVIDA DE VIDA
A vida passou ávida de vida, pelo campo onde caminhava solitário.
Não quis ser mar nem ser maré, quis viver Maria, que nada mais continha a não ser poesia...
Mas me detinhas a cada passo, teu cansaço e minha sina, meu abraço e tuas pernas, penugens e paragens, margens e manhãs...
Quis ser sonho e pedregulho, ser seixo e ser queixume, deixo meu ciúme e minha cisma; cataclisma fatal sem fátuos fatos...
Num átimo um ótimo momento, um último madorno me adorno de teus ouros e perolados olhos. Nos óleos que me tramas, casas e camas, nas brasas, chamas e não respondo, oculto.
Te cultuo num duo infernal, sem eco, sem ego, trôpego, trafego e me apego a teu passo, pássaro solto, contrafeito...
Desfeito tudo que pudesse ser meu, mel e mal, Maria, o mar ia amar, andei e não te vi, bem te vi, mentiras e martírios.
Marujo sem sabujo, não sei se rei, sereia que seria minha teia, mas atéia, ateia tantas brumas, bruxuleante brisa, concisa e precisa, necessária...
Amar Maria, mar ondeia, nos seios, seixos e desejos, um beijo e um aceno, contraceno com velas e veleiros.
Nas mãos vazias, azias e ânsias, anseias seres livre, me contive e não tive outro chão...
O vão aberto sob meus pés, fendida a praia, fendida a saia, a baia, o portão...
O porto longe, a vida longe, longevidade para quê?
Na seda que roubaste e vestiste insiste meu tato, permite o olfato que, de fato serei ato, sou regato e regado a tanta maresia...
Mar se ia sem Maria, sem marés e sem viés para o invés do investido, antes tivesse ido, morrer no mar, sem Maria, sem mares, sem marés, sem poesia...
Não quis ser mar nem ser maré, quis viver Maria, que nada mais continha a não ser poesia...
Mas me detinhas a cada passo, teu cansaço e minha sina, meu abraço e tuas pernas, penugens e paragens, margens e manhãs...
Quis ser sonho e pedregulho, ser seixo e ser queixume, deixo meu ciúme e minha cisma; cataclisma fatal sem fátuos fatos...
Num átimo um ótimo momento, um último madorno me adorno de teus ouros e perolados olhos. Nos óleos que me tramas, casas e camas, nas brasas, chamas e não respondo, oculto.
Te cultuo num duo infernal, sem eco, sem ego, trôpego, trafego e me apego a teu passo, pássaro solto, contrafeito...
Desfeito tudo que pudesse ser meu, mel e mal, Maria, o mar ia amar, andei e não te vi, bem te vi, mentiras e martírios.
Marujo sem sabujo, não sei se rei, sereia que seria minha teia, mas atéia, ateia tantas brumas, bruxuleante brisa, concisa e precisa, necessária...
Amar Maria, mar ondeia, nos seios, seixos e desejos, um beijo e um aceno, contraceno com velas e veleiros.
Nas mãos vazias, azias e ânsias, anseias seres livre, me contive e não tive outro chão...
O vão aberto sob meus pés, fendida a praia, fendida a saia, a baia, o portão...
O porto longe, a vida longe, longevidade para quê?
Na seda que roubaste e vestiste insiste meu tato, permite o olfato que, de fato serei ato, sou regato e regado a tanta maresia...
Mar se ia sem Maria, sem marés e sem viés para o invés do investido, antes tivesse ido, morrer no mar, sem Maria, sem mares, sem marés, sem poesia...
Extraio poesia da cachaça
Extraio poesia da cachaça,
Num copo ressuscito tanto trago,
A vida bem melhor, dança na praça.
O resto dessa farsa, fez estrago...
Nos livros que devoro, como traça,
Reparo nos prefácios Nem indago.
Palhaço, vou temendo não ter graça,
Do que restar caduco, tudo embargo...
Na minha certidão de nascimento,
Não tive solução para o problema.
Ser filho da saudade e esquecimento,
Não quero nem desejo ser teu tema,
Vivendo por saber que casamento,
É como um ovo, feito clara e gema...
Num copo ressuscito tanto trago,
A vida bem melhor, dança na praça.
O resto dessa farsa, fez estrago...
Nos livros que devoro, como traça,
Reparo nos prefácios Nem indago.
Palhaço, vou temendo não ter graça,
Do que restar caduco, tudo embargo...
Na minha certidão de nascimento,
Não tive solução para o problema.
Ser filho da saudade e esquecimento,
Não quero nem desejo ser teu tema,
Vivendo por saber que casamento,
É como um ovo, feito clara e gema...
Vida
Vida vai sem sentido vai sem nexo,
Eu tento solução, mas não consigo,
Procuro mãos, encontro só teu sexo,
Beijando calmamente, então prossigo...
Não quero conceber pois sei complexo,
O sentimento fútil, meu abrigo,
Respondo nesta carta, vai anexo,
O que restou, guardou perfeito artigo.
Sentido cravo nesta marcação,
Embora saiba nunca deste não,
Num átimo servil, não faz sentido.
Mimosa fosse rosa o teu pedido
Me deixe ser somente teu marido,
Quem sabe irei tocar teu violão?
Eu tento solução, mas não consigo,
Procuro mãos, encontro só teu sexo,
Beijando calmamente, então prossigo...
Não quero conceber pois sei complexo,
O sentimento fútil, meu abrigo,
Respondo nesta carta, vai anexo,
O que restou, guardou perfeito artigo.
Sentido cravo nesta marcação,
Embora saiba nunca deste não,
Num átimo servil, não faz sentido.
Mimosa fosse rosa o teu pedido
Me deixe ser somente teu marido,
Quem sabe irei tocar teu violão?
08/10/2011
Com raios prateados bela lua
Deitando sobre nós tanta beleza
A vida se desvenda e em tal nobreza
A sorte de tal forma já cultua
E sei do quanto a deusa venha nua
Vencendo com ternura esta rudeza
Profana fantasia em realeza
Minha alma sem paragem continua.
Apesar de viver envolto em ti
Aos poucos na verdade eu percebi
O tom mais libertário desta voz,
Sementes espalhadas pelo chão
O tempo revigora cada grão
E traz a liberdade logo após.
2
Na doce melodia, os madrigais
Restando nos ouvidos de quem ama,
A sorte se desenha e sem tal drama
Expressa dias rudes, ou banais;
Estendo o meu olhar e neste cais
A velha solidão tanto reclama
De quem já não pudesse em rude chama
Saber o contornar dos vendavais.
Na farsa desmontada noutro instante
A vida sem sentido não garante
Sequer o que se quer e não veria,
Neste enlutado vértice temível
O sonho não pudera ser audível
Tampouco noutro tom esta harmonia.
3
Convidam para o belo amanhecer
Os sonhos entre sol e liberdade
A sorte que deveras nos invade
Trazendo alguma forma de prazer,
Gerando o quanto possa perceber
E nisto se anuncia a lealdade
Matando em nascedouro a claridade
Mortalha tão sublime a se tecer.
Restando muito pouco ou quase nada
Da fonte noutra sorte desejada
Queria ter nas mãos o forte fulcro,
Mas quando se aproxima hora fatal
Apenas como fosse um ritual
Enfrento tão somente o meu sepulcro.
Com raios prateados bela lua
Deitando sobre nós tanta beleza
A vida se desvenda e em tal nobreza
A sorte de tal forma já cultua
E sei do quanto a deusa venha nua
Vencendo com ternura esta rudeza
Profana fantasia em realeza
Minha alma sem paragem continua.
Apesar de viver envolto em ti
Aos poucos na verdade eu percebi
O tom mais libertário desta voz,
Sementes espalhadas pelo chão
O tempo revigora cada grão
E traz a liberdade logo após.
2
Na doce melodia, os madrigais
Restando nos ouvidos de quem ama,
A sorte se desenha e sem tal drama
Expressa dias rudes, ou banais;
Estendo o meu olhar e neste cais
A velha solidão tanto reclama
De quem já não pudesse em rude chama
Saber o contornar dos vendavais.
Na farsa desmontada noutro instante
A vida sem sentido não garante
Sequer o que se quer e não veria,
Neste enlutado vértice temível
O sonho não pudera ser audível
Tampouco noutro tom esta harmonia.
3
Convidam para o belo amanhecer
Os sonhos entre sol e liberdade
A sorte que deveras nos invade
Trazendo alguma forma de prazer,
Gerando o quanto possa perceber
E nisto se anuncia a lealdade
Matando em nascedouro a claridade
Mortalha tão sublime a se tecer.
Restando muito pouco ou quase nada
Da fonte noutra sorte desejada
Queria ter nas mãos o forte fulcro,
Mas quando se aproxima hora fatal
Apenas como fosse um ritual
Enfrento tão somente o meu sepulcro.
PASSEANDO POR VOCÊ
Minha mão passeando por você,
Buscando por seus seios divinais.
Querendo, tão somente me perder,
Em meio a suas selvas, matagais...
Meus lábios, vão buscando, por querer,
Entradas e bandeiras, quero mais...
Vertendo meus desejos, vou saber,
Onde encontrar você; mananciais...
Vou descer, mansamente, cachoeira;
Que em meio a suas pernas, incendeia.
Saber lhe conhecer, viver, inteira.
Intensas as fogueiras que incendeia;
Não quero nem saber da verdadeira
Morfina; seu amor, em minha veia...
Buscando por seus seios divinais.
Querendo, tão somente me perder,
Em meio a suas selvas, matagais...
Meus lábios, vão buscando, por querer,
Entradas e bandeiras, quero mais...
Vertendo meus desejos, vou saber,
Onde encontrar você; mananciais...
Vou descer, mansamente, cachoeira;
Que em meio a suas pernas, incendeia.
Saber lhe conhecer, viver, inteira.
Intensas as fogueiras que incendeia;
Não quero nem saber da verdadeira
Morfina; seu amor, em minha veia...
POUCOS SENTIMENTOS
Bastam-me mais uns poucos sentimentos,
Não quero transformar tristeza em ouro.
Minha história não cabe tais momentos,
Essa faca penetra no meu couro...
Arrebentando tudo, seguem lentos,
Meus cruéis guias, sabem dess’agouro.
Nada seria nem sérios os ventos
Que me retornam, livre matadouro...
Me deixaram saber que não partilhas,
De minha sina, víbora-veneno.
Nem os teus cães, caçando nas matilhas,
Conseguem penetrar meu sonh’ameno...
Fugindo sem parar, quer’essas ilhas,
Que me dariam, sono mais sereno...
Não quero transformar tristeza em ouro.
Minha história não cabe tais momentos,
Essa faca penetra no meu couro...
Arrebentando tudo, seguem lentos,
Meus cruéis guias, sabem dess’agouro.
Nada seria nem sérios os ventos
Que me retornam, livre matadouro...
Me deixaram saber que não partilhas,
De minha sina, víbora-veneno.
Nem os teus cães, caçando nas matilhas,
Conseguem penetrar meu sonh’ameno...
Fugindo sem parar, quer’essas ilhas,
Que me dariam, sono mais sereno...
Meu amor
Meu amor, não saber por onde anda,
Embriagado, restam-me tremores.
É jóia rara, como um urso panda,
Quem me dera sentir perfume e flores...
Sua festa, clarins tocam na banda;
Nas ruas, alamedas dos amores...
Tanto quero, liberto-me em Vanda,
Seus caminhos, por onde vai, olores...
No sentimento, lúdico, d’amor;
Por um momento, vértice de luz,
Vanda me faz sentir por onde for,
A vida leve, é breve minha cruz,
Deste cenário, sigo sendo ator,
Ao fundo um cego, triste, toca blues...
Embriagado, restam-me tremores.
É jóia rara, como um urso panda,
Quem me dera sentir perfume e flores...
Sua festa, clarins tocam na banda;
Nas ruas, alamedas dos amores...
Tanto quero, liberto-me em Vanda,
Seus caminhos, por onde vai, olores...
No sentimento, lúdico, d’amor;
Por um momento, vértice de luz,
Vanda me faz sentir por onde for,
A vida leve, é breve minha cruz,
Deste cenário, sigo sendo ator,
Ao fundo um cego, triste, toca blues...
BELO CENÁRIO
Participo de todo este cenário,
Na procura de nova solução
Se vivo, não sou canto nem canário.
Nem quero ser problema nem senão...
Sou vertigem sentido e campanário,
Muitas vezes prendi porta e porão,
Não temo nem sequer sou temerário...
Calha quebrando encalha o coração...
Vate sem termos tento ser poeta,
Nessa busca incansável pela musa,
Minha noite sem horas, sei completa,
Nos cabelos, serpentes, és medusa.
Nos teus olhos, carpidos, sangue injeta.
Que delícia: tirares tua blusa...
Na procura de nova solução
Se vivo, não sou canto nem canário.
Nem quero ser problema nem senão...
Sou vertigem sentido e campanário,
Muitas vezes prendi porta e porão,
Não temo nem sequer sou temerário...
Calha quebrando encalha o coração...
Vate sem termos tento ser poeta,
Nessa busca incansável pela musa,
Minha noite sem horas, sei completa,
Nos cabelos, serpentes, és medusa.
Nos teus olhos, carpidos, sangue injeta.
Que delícia: tirares tua blusa...
Sensual
Sensual, teu corpete cor de rosa,
Fazendo delirar minha libido.
O olhar deliciado, faz que goza,
Em tal emaranhado, sem ter lido
Sequer algo que fosse nova prosa.
Amor, batendo forte, descabido,
Tritura tantas manhas, antegoza,
Do que mais poderia ter sentido...
Teu corpete caído no sofá,
Esquecido, traduz os meus anseios.
Como que se pudesse, estando lá;
Acariciar, toda, sem rodeios,
Essa bela mulher, gata angorá,
Dos seios que permitem devaneios...
Fazendo delirar minha libido.
O olhar deliciado, faz que goza,
Em tal emaranhado, sem ter lido
Sequer algo que fosse nova prosa.
Amor, batendo forte, descabido,
Tritura tantas manhas, antegoza,
Do que mais poderia ter sentido...
Teu corpete caído no sofá,
Esquecido, traduz os meus anseios.
Como que se pudesse, estando lá;
Acariciar, toda, sem rodeios,
Essa bela mulher, gata angorá,
Dos seios que permitem devaneios...
NA FESTA
Vai chovendo confetes sobre mim.
Na festa, pela fresta da janela,
Tanto ser pierrô , ser arlequim,
Saudades são tão minhas quanto dela...
Não quero carnaval, nem mesmo assim,
Tampouco vou saber ser sentinela,
Dessa rosa que morre, cor carmim,
Nas manhãs, que me devora, singela...
Rompe dia, sem tento nem sustento,
Teu grito, colombina, foi engano.
Se matasse, veria cortar lento,
O que me dera, solto, simples plano,
Que me deu conforto, mais de cento,
Meus amores estragam e eu m’abano...
Na festa, pela fresta da janela,
Tanto ser pierrô , ser arlequim,
Saudades são tão minhas quanto dela...
Não quero carnaval, nem mesmo assim,
Tampouco vou saber ser sentinela,
Dessa rosa que morre, cor carmim,
Nas manhãs, que me devora, singela...
Rompe dia, sem tento nem sustento,
Teu grito, colombina, foi engano.
Se matasse, veria cortar lento,
O que me dera, solto, simples plano,
Que me deu conforto, mais de cento,
Meus amores estragam e eu m’abano...
Me dê tuas mãos
Me dê tuas mãos, vamos procurar,
Nos espaços celestes, nossa cama.
Quem sabe bem por onde começar;
Conhece, dos amores, toda a chama...
Vamos nessas galáxias, luar,
Procurar nos cometas todas tramas
Que, sem sentir, passamos a vagar;
Nas florestas divinas tantas ramas...
Vamos em busca do sonho perdido,
Onde nunca mais quero ver ocaso.
Meu mundo, tempestades, dividido.
Entre tantas certezas e o acaso,
Eu sou o alvo, flechado por Cupido,
Sem ter rumo, sem meta, sem ter prazo...
Nos espaços celestes, nossa cama.
Quem sabe bem por onde começar;
Conhece, dos amores, toda a chama...
Vamos nessas galáxias, luar,
Procurar nos cometas todas tramas
Que, sem sentir, passamos a vagar;
Nas florestas divinas tantas ramas...
Vamos em busca do sonho perdido,
Onde nunca mais quero ver ocaso.
Meu mundo, tempestades, dividido.
Entre tantas certezas e o acaso,
Eu sou o alvo, flechado por Cupido,
Sem ter rumo, sem meta, sem ter prazo...
TANTA SAUDADE
Seu moço, tanta saudade,
Foi feita de sofrimento.
Por um único momento,
Vasculhei realidade,
Passei por campo e cidade.
Procurei por meu amor,
Quero seu colo e calor.
Não encontrei nem indício,
Meu amor foi precipício,
Onde afoguei minha dor...
Meu tempo, disso estou certo,
Não teve nem mais valia,
Decerto que não sabia,
Não estava nem por perto...
Sei que viver é correto,
Mas de que vale sem ter,
Sem seu amor vou morrer,
Disso não tenho medo.
Seu amor foi o segredo
Mas que faço sem você?
Nas noites de solidão,
Que são as mais doloridas,
Me lembro das despedidas,
Vou pedindo seu perdão...
Me devolva o coração,
Sem ele, minha querida,
De que vale minha vida,
Nisso é melhor nem pensar,
Não tenho rumo ou lugar,
Não cicatriza a ferida...
Meus versos são bem tristonhos,
Por que ‘inda quero sonhar?
Sem você não há luar,
De que servem os meus sonhos...
Somente sonhos medonhos,
Povoam a madrugada,
Minha vida não é nada,
Sem ter você nada sou,
Minha estrada se acabou,
Cadê você, minha amada?
Nascido em terra distante,
Meu amor foi verdadeiro,
Da minha vida, o primeiro,
Que me deixou radiante.
Achei que eu era importante,
Em sua vida, meu bem.
Hoje sei que fui ninguém,
Nada fui para você,
Mas como posso viver,
A minha vida é um trem...
É tão triste a sina, agora,
A de não ter a mulher,
Que o peito da gente quer,
Por quem a gente só chora.
Saudade vem, me devora,
Engole meu coração,
Vomitando solidão,
Saudade bicha danada,
Acompanhou minha estrada,
Não quer me deixar mais não...
Procurei pelos seus braços,
Por sua boca divina,
Fiz minha alma cristalina,
E nem quis outros abraços,
De você nem vi os traços...
Perdida por outra banda,
Por onde é que você anda,
Me responde, eu lhe peço,
Senão, lhe juro, tropeço,
Nas danças dessa ciranda...
Meu amor trago meu canto,
Nas décimas que lhe faço,
Mas já perdi meu compasso.
Naufragado em seu encanto;
Restando só o meu pranto,
Não consigo meu intento,
Minha voz, perdida ao vento,
Você nunca vai ouvir,
Desde o dia que perdi,
Só conheci sofrimento...
Quem souber dessa morena,
E cujo nome é Ritinha,
Não é alta, é bem baixinha,
Tem uma boca pequena.
É calma, muito serena.
É bem fácil de encontrar,
É só olhar pro luar,
E reparar na beleza,
Assim, com toda certeza,
Fica mais fácil de achar...
Ela não anda, flutua,
A fala dela é de fada,
Por todos é adorada,
Ilumina toda a rua.
Minha vida é toda sua...
Tem os pés mais delicados,
São, por Deus, abençoados.
São provas que Deus amou,
Tudo que dela restou,
No meio dos meus guardados,
São essas fotografias,
Que mostro para vocês,
Repare bem nessa tez...
São repletas de magias,
Obra prima que Deus fez...
Moço, me diga a verdade,
Por minha felicidade,
Me responde, bem ligeiro
Se já viu, no mundo inteiro,
Me diga, por caridade,
Onde encontra essa tal moça,
Em que país ou Estado?
Coração descompassado,
Chorando, pede que ouça,
Meu lamento desgraçado
Já não chora outro chorar,
Não canso de procurar
Quero encontrar a Ritinha
Que num dia já foi minha,
E que não sei onde está...
Foi feita de sofrimento.
Por um único momento,
Vasculhei realidade,
Passei por campo e cidade.
Procurei por meu amor,
Quero seu colo e calor.
Não encontrei nem indício,
Meu amor foi precipício,
Onde afoguei minha dor...
Meu tempo, disso estou certo,
Não teve nem mais valia,
Decerto que não sabia,
Não estava nem por perto...
Sei que viver é correto,
Mas de que vale sem ter,
Sem seu amor vou morrer,
Disso não tenho medo.
Seu amor foi o segredo
Mas que faço sem você?
Nas noites de solidão,
Que são as mais doloridas,
Me lembro das despedidas,
Vou pedindo seu perdão...
Me devolva o coração,
Sem ele, minha querida,
De que vale minha vida,
Nisso é melhor nem pensar,
Não tenho rumo ou lugar,
Não cicatriza a ferida...
Meus versos são bem tristonhos,
Por que ‘inda quero sonhar?
Sem você não há luar,
De que servem os meus sonhos...
Somente sonhos medonhos,
Povoam a madrugada,
Minha vida não é nada,
Sem ter você nada sou,
Minha estrada se acabou,
Cadê você, minha amada?
Nascido em terra distante,
Meu amor foi verdadeiro,
Da minha vida, o primeiro,
Que me deixou radiante.
Achei que eu era importante,
Em sua vida, meu bem.
Hoje sei que fui ninguém,
Nada fui para você,
Mas como posso viver,
A minha vida é um trem...
É tão triste a sina, agora,
A de não ter a mulher,
Que o peito da gente quer,
Por quem a gente só chora.
Saudade vem, me devora,
Engole meu coração,
Vomitando solidão,
Saudade bicha danada,
Acompanhou minha estrada,
Não quer me deixar mais não...
Procurei pelos seus braços,
Por sua boca divina,
Fiz minha alma cristalina,
E nem quis outros abraços,
De você nem vi os traços...
Perdida por outra banda,
Por onde é que você anda,
Me responde, eu lhe peço,
Senão, lhe juro, tropeço,
Nas danças dessa ciranda...
Meu amor trago meu canto,
Nas décimas que lhe faço,
Mas já perdi meu compasso.
Naufragado em seu encanto;
Restando só o meu pranto,
Não consigo meu intento,
Minha voz, perdida ao vento,
Você nunca vai ouvir,
Desde o dia que perdi,
Só conheci sofrimento...
Quem souber dessa morena,
E cujo nome é Ritinha,
Não é alta, é bem baixinha,
Tem uma boca pequena.
É calma, muito serena.
É bem fácil de encontrar,
É só olhar pro luar,
E reparar na beleza,
Assim, com toda certeza,
Fica mais fácil de achar...
Ela não anda, flutua,
A fala dela é de fada,
Por todos é adorada,
Ilumina toda a rua.
Minha vida é toda sua...
Tem os pés mais delicados,
São, por Deus, abençoados.
São provas que Deus amou,
Tudo que dela restou,
No meio dos meus guardados,
São essas fotografias,
Que mostro para vocês,
Repare bem nessa tez...
São repletas de magias,
Obra prima que Deus fez...
Moço, me diga a verdade,
Por minha felicidade,
Me responde, bem ligeiro
Se já viu, no mundo inteiro,
Me diga, por caridade,
Onde encontra essa tal moça,
Em que país ou Estado?
Coração descompassado,
Chorando, pede que ouça,
Meu lamento desgraçado
Já não chora outro chorar,
Não canso de procurar
Quero encontrar a Ritinha
Que num dia já foi minha,
E que não sei onde está...
Norte-sul
Caminhão vai cruzando essas estradas,
Norte-sul, sem temer as curvas, segue.
Nas descidas, banguela. Nas lombadas,
Nada impede que suba e que carregue,
Um país, nessas tantas toneladas...
Percorrendo os caminhos de mãos dadas,
O progresso e futuro, são seus passos...
Vagando, sem temer má sorte e sina,
Caminha, faz das retas, seus espaços,
Muitas vezes, audaz, nem mesmo atina
No valor que se insere nos seus braços...
O caminhoneiro esquece seus cansaços...
Norte-sul, sem temer as curvas, segue.
Nas descidas, banguela. Nas lombadas,
Nada impede que suba e que carregue,
Um país, nessas tantas toneladas...
Percorrendo os caminhos de mãos dadas,
O progresso e futuro, são seus passos...
Vagando, sem temer má sorte e sina,
Caminha, faz das retas, seus espaços,
Muitas vezes, audaz, nem mesmo atina
No valor que se insere nos seus braços...
O caminhoneiro esquece seus cansaços...
SAUDADE MATA...
Guinada da saudade, faz doer...
Não quero nem saber de ter saudade.
Saudade muitas vezes, faz morrer,
Saudade faz estrago, de verdade...
A saudade traduz verbo sofrer,
Conheci tal saudade, tenra idade...
Tenho tanta saudade de você,
Saudade dos teus olhos, claridade...
No que saudade mata, sei de cor.
As luas da saudade me torturam,
Saudade dess’amor, que é o maior.
Os males da saudade só se curam;
Onde a saudade vive bem melhor,
Nos braços que, saudade, mais procuram.
Não quero nem saber de ter saudade.
Saudade muitas vezes, faz morrer,
Saudade faz estrago, de verdade...
A saudade traduz verbo sofrer,
Conheci tal saudade, tenra idade...
Tenho tanta saudade de você,
Saudade dos teus olhos, claridade...
No que saudade mata, sei de cor.
As luas da saudade me torturam,
Saudade dess’amor, que é o maior.
Os males da saudade só se curam;
Onde a saudade vive bem melhor,
Nos braços que, saudade, mais procuram.
APRENDIZ DE FEITICEIRO
Quero ser aprendiz de feiticeiro,
Fazer meus versos simples sem buril.
Cantar amor, meu sonho brasileiro,
No meio da poeira, pueril...
Quero aprender da vida, por inteiro,
O que, bem antes, fora mais gentil.
Travar batalhas, tantas, com tinteiro;
Tentar pintar, com cores, meu Brasil...
Minhas mãos calejadas não se calam,
Procuro em formas límpidas, meu sal.
Essas palavras soltas tanto entalam,
Que se não as escrevo, fazem mal.
Os perfumes qu’as almas sempre exalam,
Carrego bem comigo, no bornal...
Fazer meus versos simples sem buril.
Cantar amor, meu sonho brasileiro,
No meio da poeira, pueril...
Quero aprender da vida, por inteiro,
O que, bem antes, fora mais gentil.
Travar batalhas, tantas, com tinteiro;
Tentar pintar, com cores, meu Brasil...
Minhas mãos calejadas não se calam,
Procuro em formas límpidas, meu sal.
Essas palavras soltas tanto entalam,
Que se não as escrevo, fazem mal.
Os perfumes qu’as almas sempre exalam,
Carrego bem comigo, no bornal...
Balançado o coqueiro
Balançado o coqueiro, peço a Deus,
Que me dê um pouquinho de alegria.
Quem me dera não fossem tão ateus,
Os dias que perdi por ti, Maria...
Sertanejo, decerto, sabe os breus,
E conhece, também, manhas do dia...
De Julietas sabe, e dos Romeus,
Esperando calar a cotovia!
Na tristeza dos versos, por paixão,
Decerto viverei minha esperança.
Extraída de tanta distração,
Esperança bandeia da lembrança.
Restando tão somente o coração,
Vivaz como brinquedos de criança...
Que me dê um pouquinho de alegria.
Quem me dera não fossem tão ateus,
Os dias que perdi por ti, Maria...
Sertanejo, decerto, sabe os breus,
E conhece, também, manhas do dia...
De Julietas sabe, e dos Romeus,
Esperando calar a cotovia!
Na tristeza dos versos, por paixão,
Decerto viverei minha esperança.
Extraída de tanta distração,
Esperança bandeia da lembrança.
Restando tão somente o coração,
Vivaz como brinquedos de criança...
SEM AMARRAS
Por que não sei falar dessa maneira,
Usando os verbos vagos, virulentos,
É que perdi meu tempo, uma bandeira,
Desfraldada por sobre os excrementos
De quem tentou ferir sobremaneira
A quem amara, em todos os momentos.
A vida me ensinando não temer,
Eu vou correndo sempre, mas por quê?
Quis tragar melodias e senzalas,
Não pude mais conter esse chicote.
Mas as costas lanhadas onde exalas,
Não me deixam sinal, quebrei o pote...
Traduzindo seara, levo malas
Em busca da saída, vou a trote.
Mas queria viver teus novos dias,
Nas nocivas franquezas que medias...
Num ato de belíssima vontade,
Misturando, sagaz, novas cantigas.
No que não poderemos crer saudade,
Eram senão pedradas mais antigas.
Coram, cegam, feroz realidade.
Queimando como fosses tais urtigas,
As que n’alma repetem cantinelas,
As mesmas que quisemos, serem delas...
No meu karma sei pétrea solidão,
Onde navegaria tantos portos.
No dizer sim, queria tanto o não,
Carregando por certo, velhos mortos.
Na melhor melodia que verão,
Perderei tantos rumos, que sei tortos.
Minha lança, lanceta e confraria,
Nos bares e botecos; dê sangria...
Capuccino, cachaça, chá e mate,
Novos sabores, fluidos paladares;
Da vida sempre torta, um arremate.
Nos teus olhos repletos dos altares,
Brilham loucos fantasmas do combate...
Revejo minha triste lucidez
Quem me dera perder a minha vez...
Pus e sangue, mistura delicada,
Que, emanando de todos os meus dedos;
Fazem-me saber, como está errada
A vida que criei de meus segredos.
Quando permiti noite, madrugada,
Deixei armazenados os meus medos...
Num quero nem concebo liberdade,
Vagando pelos parques da cidade...
Nascido nessas terras das Gerais,
No que pude sentir, foi tudo a esmo.
Não temo nem tempestas, vendavais,
Criado, de cedinho, com torresmo.
Em meio a cercanias sem jornais,
Aos olhos dessa noite, sou o mesmo...
De pequeno, nutrido com coragem,
Desse rio, conheço fundo e margem...
Fui ninado com sangue e com melaço,
Rasguei no mundo berro e valentia.
Peito duro, mineiro, ferro e aço,
Criado a tapa, restos, serventia...
Força nos olhos, pernas e no laço,
Por onde acordei, vida sem valia.
Traquinagem, comer sem saber faca,
Beber da fonte, tetas dessa vaca...
Orgasmos madrugada, tua saia...
No canto, no curral, em pleno mato,
Nem sei de mar, vivendo minha praia
Na beira doce, peixes no regato...
Em plena confusão, rabo d’arraia,
Na morte fiz carinho, sei dar trato...
Quebrando minha perna, sem ter pena,
De longe, traz as pernas da morena...
Vadio violão foi meu resgate,
No colo dessa serra, serenata...
Saudade faz que mata, dá empate,
Menina, levantei a tua bata...
Preciso, cafuné, qu’alguém me trate,
Eu quero te lavar nessa cascata.
Jogando nessas pedras da ribeira,
Teu corpo, penetrando-te, mineira...
Costeleta da Serra D´Espinhaço,
Fiz cabelo, bigode e barba, tudo...
Eu quero me deitar no teu cansaço,
Guardando meu diploma, meu canudo,
Em meio a tuas pernas, teu regaço...
Entrando mais calado, saio mudo.
Talvez me guardes todos os mistérios,
Nem temo teus amores, nem venéreos...
Cresci sofrendo tapa e pescoção,
Na lida atroz, enxada e cavadeira.
Nos brejos, sem temer por podridão,
A vida foi completa escarradeira.
Vacina de menino, de peão,
É feita de porrada, a vida inteira...
Das vespas que mordiam, fiz meu mel,
Da lida mais difícil trouxe céu...
Meu medo foi ter medo de lutar,
Não quis compressa, quero bisturi.
Cada ferida nova que brotar,
Capítulo relido que vivi...
Somente meus, serão; velho luar,
Os olhos dess’amor que já perdi...
Capricho sem temer, por resultado,
Os cortes que sangrei, apaixonado...
Recebendo a herança mais maldita,
O traste que pariu minha cadeia;
Não queira meu Senhor, que se repita,
A bosta que transcorre em minha veia...
Minha mãe, talvez, fosse mais bonita,
Se não tivesse sido uma sereia...
Que o boto mais pilantra desse mundo,
Safado caboclim, um verme imundo...
Criado sem ter beira nem paragem,
Escravo desd’o dia de nascido.
A vida preparou a sacanagem,
Bem no olho dessa serra, fui cuspido.
Quase que me perdi na traquinagem,
Mas, embora isso tudo, fui crescido...
Vômito de mendigo esfomeado,
Coragem coração, fez cadeado...
Meu cigarro da palha mais curtida,
No milharal da vida, colhi nada.
Serei por certo, servo e despedida
Nunca saberei sorte e tabuada,
Mas não reclamo nada dessa vida,
Estou vivo, e se dane essa embolada.
Na poeira joguei nome e meu futuro,
A morte me espreitando ‘trás do muro...
Fiz cósca em cascavel, minha tapera,
Tem as portas abertas para a morte.
Não temo solidão, nem bicho fera;
Eu queimo, em toda curva, a minha sorte.
Cachaça com limão, vida tempera,
Bem no meu coração, de grande porte,
Cravei as verdadeiras, duras, garras.
Não quero mais saber dessas amarras...
Veloz, eu fugirei dessa saudade,
A saudade de nunca mais ter sido.
A saudade feroz, felicidade,
Que nunca mais terei, nem conhecido.
Oprime o peito, face essa verdade,
A de não ter, jamais, nem ser nascido...
Queria, por momento simplesmente,
Um segundo sequer, me sentir gente...
Usando os verbos vagos, virulentos,
É que perdi meu tempo, uma bandeira,
Desfraldada por sobre os excrementos
De quem tentou ferir sobremaneira
A quem amara, em todos os momentos.
A vida me ensinando não temer,
Eu vou correndo sempre, mas por quê?
Quis tragar melodias e senzalas,
Não pude mais conter esse chicote.
Mas as costas lanhadas onde exalas,
Não me deixam sinal, quebrei o pote...
Traduzindo seara, levo malas
Em busca da saída, vou a trote.
Mas queria viver teus novos dias,
Nas nocivas franquezas que medias...
Num ato de belíssima vontade,
Misturando, sagaz, novas cantigas.
No que não poderemos crer saudade,
Eram senão pedradas mais antigas.
Coram, cegam, feroz realidade.
Queimando como fosses tais urtigas,
As que n’alma repetem cantinelas,
As mesmas que quisemos, serem delas...
No meu karma sei pétrea solidão,
Onde navegaria tantos portos.
No dizer sim, queria tanto o não,
Carregando por certo, velhos mortos.
Na melhor melodia que verão,
Perderei tantos rumos, que sei tortos.
Minha lança, lanceta e confraria,
Nos bares e botecos; dê sangria...
Capuccino, cachaça, chá e mate,
Novos sabores, fluidos paladares;
Da vida sempre torta, um arremate.
Nos teus olhos repletos dos altares,
Brilham loucos fantasmas do combate...
Revejo minha triste lucidez
Quem me dera perder a minha vez...
Pus e sangue, mistura delicada,
Que, emanando de todos os meus dedos;
Fazem-me saber, como está errada
A vida que criei de meus segredos.
Quando permiti noite, madrugada,
Deixei armazenados os meus medos...
Num quero nem concebo liberdade,
Vagando pelos parques da cidade...
Nascido nessas terras das Gerais,
No que pude sentir, foi tudo a esmo.
Não temo nem tempestas, vendavais,
Criado, de cedinho, com torresmo.
Em meio a cercanias sem jornais,
Aos olhos dessa noite, sou o mesmo...
De pequeno, nutrido com coragem,
Desse rio, conheço fundo e margem...
Fui ninado com sangue e com melaço,
Rasguei no mundo berro e valentia.
Peito duro, mineiro, ferro e aço,
Criado a tapa, restos, serventia...
Força nos olhos, pernas e no laço,
Por onde acordei, vida sem valia.
Traquinagem, comer sem saber faca,
Beber da fonte, tetas dessa vaca...
Orgasmos madrugada, tua saia...
No canto, no curral, em pleno mato,
Nem sei de mar, vivendo minha praia
Na beira doce, peixes no regato...
Em plena confusão, rabo d’arraia,
Na morte fiz carinho, sei dar trato...
Quebrando minha perna, sem ter pena,
De longe, traz as pernas da morena...
Vadio violão foi meu resgate,
No colo dessa serra, serenata...
Saudade faz que mata, dá empate,
Menina, levantei a tua bata...
Preciso, cafuné, qu’alguém me trate,
Eu quero te lavar nessa cascata.
Jogando nessas pedras da ribeira,
Teu corpo, penetrando-te, mineira...
Costeleta da Serra D´Espinhaço,
Fiz cabelo, bigode e barba, tudo...
Eu quero me deitar no teu cansaço,
Guardando meu diploma, meu canudo,
Em meio a tuas pernas, teu regaço...
Entrando mais calado, saio mudo.
Talvez me guardes todos os mistérios,
Nem temo teus amores, nem venéreos...
Cresci sofrendo tapa e pescoção,
Na lida atroz, enxada e cavadeira.
Nos brejos, sem temer por podridão,
A vida foi completa escarradeira.
Vacina de menino, de peão,
É feita de porrada, a vida inteira...
Das vespas que mordiam, fiz meu mel,
Da lida mais difícil trouxe céu...
Meu medo foi ter medo de lutar,
Não quis compressa, quero bisturi.
Cada ferida nova que brotar,
Capítulo relido que vivi...
Somente meus, serão; velho luar,
Os olhos dess’amor que já perdi...
Capricho sem temer, por resultado,
Os cortes que sangrei, apaixonado...
Recebendo a herança mais maldita,
O traste que pariu minha cadeia;
Não queira meu Senhor, que se repita,
A bosta que transcorre em minha veia...
Minha mãe, talvez, fosse mais bonita,
Se não tivesse sido uma sereia...
Que o boto mais pilantra desse mundo,
Safado caboclim, um verme imundo...
Criado sem ter beira nem paragem,
Escravo desd’o dia de nascido.
A vida preparou a sacanagem,
Bem no olho dessa serra, fui cuspido.
Quase que me perdi na traquinagem,
Mas, embora isso tudo, fui crescido...
Vômito de mendigo esfomeado,
Coragem coração, fez cadeado...
Meu cigarro da palha mais curtida,
No milharal da vida, colhi nada.
Serei por certo, servo e despedida
Nunca saberei sorte e tabuada,
Mas não reclamo nada dessa vida,
Estou vivo, e se dane essa embolada.
Na poeira joguei nome e meu futuro,
A morte me espreitando ‘trás do muro...
Fiz cósca em cascavel, minha tapera,
Tem as portas abertas para a morte.
Não temo solidão, nem bicho fera;
Eu queimo, em toda curva, a minha sorte.
Cachaça com limão, vida tempera,
Bem no meu coração, de grande porte,
Cravei as verdadeiras, duras, garras.
Não quero mais saber dessas amarras...
Veloz, eu fugirei dessa saudade,
A saudade de nunca mais ter sido.
A saudade feroz, felicidade,
Que nunca mais terei, nem conhecido.
Oprime o peito, face essa verdade,
A de não ter, jamais, nem ser nascido...
Queria, por momento simplesmente,
Um segundo sequer, me sentir gente...
TÁBUA DE SALVAÇÃO
Vieste como tábua; salvação...
Acreditei que; enfim, tinha encontrado,
A porta da saída, a solução.
Porém, vida mordaz, deu seu recado:
Em poucos dias, foste um outro não.
Perdido, sem saber para que lado
Poderia encontrar outro portão,
Bato de porta em porta, des’perado...
Vieste, muito cedo, me deixaste.
Agonizei na nova despedida.
Dos meus olhos,vou cego, tu levaste
Toda luz que guiava minha vida...
Perambulo, sem rumo, sou tal haste
Que nunca mais terá prumo, perdida...
Acreditei que; enfim, tinha encontrado,
A porta da saída, a solução.
Porém, vida mordaz, deu seu recado:
Em poucos dias, foste um outro não.
Perdido, sem saber para que lado
Poderia encontrar outro portão,
Bato de porta em porta, des’perado...
Vieste, muito cedo, me deixaste.
Agonizei na nova despedida.
Dos meus olhos,vou cego, tu levaste
Toda luz que guiava minha vida...
Perambulo, sem rumo, sou tal haste
Que nunca mais terá prumo, perdida...
Perguntas
Perguntas; vento leva para além...
Respostas nunca chegam por correio.
Saber se quis gostar, se fui alguém,
Se houve tempestades ou recreio...
Muitas dessas premissas caem bem,
Entretanto,outras tantas, nunca ateio.
Somente vasculhando sei que; sem
Muitas delongas, erguem os teus seios...
As respostas do vento, ou do mar,
São todas intrigantes, verdadeiras.
Netuno bem sabia navegar,
Zéfiro ao soprar, límpidas traineiras,
Velocidade injeta, sem parar.
As respostas virão, dessas maneiras...
Respostas nunca chegam por correio.
Saber se quis gostar, se fui alguém,
Se houve tempestades ou recreio...
Muitas dessas premissas caem bem,
Entretanto,outras tantas, nunca ateio.
Somente vasculhando sei que; sem
Muitas delongas, erguem os teus seios...
As respostas do vento, ou do mar,
São todas intrigantes, verdadeiras.
Netuno bem sabia navegar,
Zéfiro ao soprar, límpidas traineiras,
Velocidade injeta, sem parar.
As respostas virão, dessas maneiras...
SEM NUNCA CHEGAR
As portas do que fomos entreabertas,
Deixando tão somente uma certeza;
Quem dera se depois de descobertas,
Nossas farsas pudessem dar grandeza
Ao caminho que, temos que encontrar,
Nem que seja, somente para andar...
Sem nunca chegar!
Deixando tão somente uma certeza;
Quem dera se depois de descobertas,
Nossas farsas pudessem dar grandeza
Ao caminho que, temos que encontrar,
Nem que seja, somente para andar...
Sem nunca chegar!
A VÉSPERA DA FOME
A véspera da fome é o degredo;
Por isso não segregue o coração.
Segredes o mais límpido segredo,
Mas nunca me permita a solidão...
Da vida já nem quero novo enredo,
Me basta ser feliz; que vou fazer?
Não quero temerário nem ter medo,
Só quero, simplesmente teu querer...
Espero nova espera mais feliz,
Num tempo que se torne mais amigo;
Anseio por teus seios, meretriz.
No mérito que tomas por perigo,
Artigo que me trouxe: flor de lis.
Tateias teus tentáculos, nem ligo...
Por isso não segregue o coração.
Segredes o mais límpido segredo,
Mas nunca me permita a solidão...
Da vida já nem quero novo enredo,
Me basta ser feliz; que vou fazer?
Não quero temerário nem ter medo,
Só quero, simplesmente teu querer...
Espero nova espera mais feliz,
Num tempo que se torne mais amigo;
Anseio por teus seios, meretriz.
No mérito que tomas por perigo,
Artigo que me trouxe: flor de lis.
Tateias teus tentáculos, nem ligo...
A poesia, amiga predileta
Ah! Quem me dera fosses meu amor!
Como a vida seria mais completa.
A poesia, amiga predileta,
Companheira, por onde quer que eu for;
Teria enfim, parceira mais dileta.
E nunca mais seria um sofredor,
Quem sempre teve espinhos nunca flor,
No sonho audaz, tentando ser poeta...
Se fosses meu amor, que bela a vida!
Andar buscando glória, sorridente.
Não conceber sequer a despedida...
Sentir o teu perfume que, envolvente,
Penetra nas narinas. Na sofrida
Luta por viver; sentir-me gente!
Como a vida seria mais completa.
A poesia, amiga predileta,
Companheira, por onde quer que eu for;
Teria enfim, parceira mais dileta.
E nunca mais seria um sofredor,
Quem sempre teve espinhos nunca flor,
No sonho audaz, tentando ser poeta...
Se fosses meu amor, que bela a vida!
Andar buscando glória, sorridente.
Não conceber sequer a despedida...
Sentir o teu perfume que, envolvente,
Penetra nas narinas. Na sofrida
Luta por viver; sentir-me gente!
POMBA ROLA
Pomba rola voando vai distante,
Escapando, veloz, da atiradeira.
Por esse tempo todo, galopante,
Meu coração fugindo, vida inteira...
Nas cordas do meu pinho, delirante,
Procuro te encantar; és a primeira
Que me tomou as rédeas, dominante...
Quem dera se dormisse em minha beira!
Traços livres, desenho teu retrato.
Resenho nossos livros sem prefácio.
Estilos contrapostos; insensato,
Difícil entender se fosse fácil.
Mas quero m’afogar no teu regato,
Quero morrer d’amor no meu Estácio...
Escapando, veloz, da atiradeira.
Por esse tempo todo, galopante,
Meu coração fugindo, vida inteira...
Nas cordas do meu pinho, delirante,
Procuro te encantar; és a primeira
Que me tomou as rédeas, dominante...
Quem dera se dormisse em minha beira!
Traços livres, desenho teu retrato.
Resenho nossos livros sem prefácio.
Estilos contrapostos; insensato,
Difícil entender se fosse fácil.
Mas quero m’afogar no teu regato,
Quero morrer d’amor no meu Estácio...
Pinguço
Pinguço não toma cana,
Sacana não bebe pinga.
Se embananou, dê “banana”,
Mas, se fedeu, não me xinga...
Sacana não bebe pinga.
Se embananou, dê “banana”,
Mas, se fedeu, não me xinga...
O vento é bom companheiro
O vento é bom companheiro,
Não deu outra, ele não “faia”,
Tá ventando no terreiro,
Como é bonita essa saia...
Não deu outra, ele não “faia”,
Tá ventando no terreiro,
Como é bonita essa saia...
A AÇÃO DA GRAVIDADE
Patroa, tome cuidado,
Não bote essa minissaia.
Se cometer o pecado,
A senhora toma vaia...
Não bote essa minissaia.
Se cometer o pecado,
A senhora toma vaia...
Patroa, tome cuidado
Patroa, tome cuidado,
Não bote essa minissaia.
Se cometer o pecado,
A senhora toma vaia...
Não bote essa minissaia.
Se cometer o pecado,
A senhora toma vaia...
Poeta, disse Pessoa
Poeta, disse Pessoa,
É um cabra fingidor.
Vou fingindo que ela é boa,
Ela diz que eu também sou...
É um cabra fingidor.
Vou fingindo que ela é boa,
Ela diz que eu também sou...
Fiz um bote de cortiça
Fiz um bote de cortiça,
Pr’ele melhor flutuar.
Vê se pára de cobiça,
Sereia não vou pescar...
Pr’ele melhor flutuar.
Vê se pára de cobiça,
Sereia não vou pescar...
Pescaria no luar
Da licença d’eu contar,
O que foi que sucedeu...
Pescaria no luar,
Até piranha rendeu...
O que foi que sucedeu...
Pescaria no luar,
Até piranha rendeu...
Moço tome cuidado
Moço tome cuidado,
O telhado é bem miúdo.
Pode ficar agarrado,
Ou furar com telha e tudo...
O telhado é bem miúdo.
Pode ficar agarrado,
Ou furar com telha e tudo...
Levei água na peneira
Levei água na peneira,
Com ela tampei o sol.
Namorei a noite inteira;
O marido? Futebol...
Com ela tampei o sol.
Namorei a noite inteira;
O marido? Futebol...
A outra metade ficou.
Bateu trem com um fusquinha,
Pouquinha coisa restou.
Maria, Mariazinha...
A outra metade ficou.
Pouquinha coisa restou.
Maria, Mariazinha...
A outra metade ficou.
Na manhã do meu amor,
Na manhã do meu amor,
Entardece essa beleza.
Anoiteço em teu calor,
Vou vivendo na incerteza
Entardece essa beleza.
Anoiteço em teu calor,
Vou vivendo na incerteza
Joga tanto sem parar...
Jogatina, Tina joga,
Joga tanto sem parar...
Na tina que Tina voga,
Nunca para de rogar...
Joga tanto sem parar...
Na tina que Tina voga,
Nunca para de rogar...
Amor é carta marcada
Minha sorte tá lançada,
Nos dados da solidão.
Amor é carta marcada,
Sempre sofre o coração...
Nos dados da solidão.
Amor é carta marcada,
Sempre sofre o coração...
Toda vez que penso em ti
Toda vez que penso em ti,
Lá vem a dor de barriga.
Um danado piriri,
O resto, bem, é lombriga...
Lá vem a dor de barriga.
Um danado piriri,
O resto, bem, é lombriga...
VOCÊ
Nesse vaso sanitário,
Me lembrei bem de você.
Flutuando fica hilário,
Não consigo lhe esquecer...
Me lembrei bem de você.
Flutuando fica hilário,
Não consigo lhe esquecer...
Jogo de carta marcada
Jogo de carta marcada,
É tremenda sacanagem.
Não vou dar essa mancada,
Casamento é só bobagem...
É tremenda sacanagem.
Não vou dar essa mancada,
Casamento é só bobagem...
Não sabe cantar mais não..
Fabriquei uma viola,
Fiz dois traços, distração.
Passarinho na gaiola,
Não sabe cantar mais não..
Fiz dois traços, distração.
Passarinho na gaiola,
Não sabe cantar mais não..
Jornal velho e repetido
Jornal velho e repetido,
Não serve mais para nada.
É melhor não dar ouvido,
Ou troco de namorada...
Não serve mais para nada.
É melhor não dar ouvido,
Ou troco de namorada...
Solução pra casamento
Solução pra casamento,
Quando o troço dá quebrante;
Dar três fora e uma “dento”,
É melhor ter uma amante...
Quando o troço dá quebrante;
Dar três fora e uma “dento”,
É melhor ter uma amante...
Nascido joão de barro
Nascido joão de barro,
Fiz uma casinha pr’ela;
A danada tirou sarro,
Tranquei até a janela.
Fiz uma casinha pr’ela;
A danada tirou sarro,
Tranquei até a janela.
ALINHAV OS
Eh, alinhavo dentro do possível
a lava escorrida do vulcão
deste ser arrependido
que por vezes irrepreensível
deixa escapar a emoção.
Manuel Paquete
Uma emoção eclode sem limites
E mesmo quando em fúria nada impede
O sonho que deveras se concede
Enquanto muito além tu te permites,
Os dias entre tantos sonhos vagos,
Numa expressão que possa traduzir
O quanto se desenha num porvir
Entre momentos rudes, claros, magos.
Amigo, a vida segue e de tal forma
O quanto se alinhava em rara teia,
Decerto vez em quando ora incendeia
E o todo num segundo se transforma,
E quando; arrependido, sigo além,
Presumo o que por certo nunca vem...
a lava escorrida do vulcão
deste ser arrependido
que por vezes irrepreensível
deixa escapar a emoção.
Manuel Paquete
Uma emoção eclode sem limites
E mesmo quando em fúria nada impede
O sonho que deveras se concede
Enquanto muito além tu te permites,
Os dias entre tantos sonhos vagos,
Numa expressão que possa traduzir
O quanto se desenha num porvir
Entre momentos rudes, claros, magos.
Amigo, a vida segue e de tal forma
O quanto se alinhava em rara teia,
Decerto vez em quando ora incendeia
E o todo num segundo se transforma,
E quando; arrependido, sigo além,
Presumo o que por certo nunca vem...
DE ESPELHOS DE VENTOS E DE "INIMIGOS"
Essa que conto agora também se passou em Espera Feliz, mas sob um novo panorama e com personagens que me são bem caros.
Minha cunhada, Maria como boa evangélica que é, costuma andar com sua Bíblia a tiracolo, e isso lhe é por vezes, de extrema utilidade, como veremos a seguir.
Morávamos eu e minha esposa, Rita, num sobrado, na subida do Hospital, que para variar, como em quase todas as pequenas cidades fica situado estrategicamente, em cima de um morro.
Isso se dá pelo fato de que, nas enchentes, o Hospital deve como ultimo recurso, estar ao longe dos alagamentos que porventura ocorrerem.
No andar de baixo, moravam minha sogra, meu sogro, meu cunhado, Gilberto e minha sobrinha, Lady.
De repente, começa uma gritaria lá em cima, Gilberto ao descer, deixara a porta entreaberta e a porta do Guarda Roupas idem, e como em Espera Feliz as rajadas de vento são freqüentes, uma dessas rajadas fez com que a porta do armário se abrisse e Gilberto ao retornar ao quarto deparou com o brilho da lua refletindo no espelho entreaberto, assustando-se.
Maria, Bíblia em riste sobe rapidamente para o quarto e começa a exorcizar o dito cujo; amarrando e atando com as cordas firmes da fé o “inimigo”...
Não sei por que cargas d’água alguém, se não me engano meu sogro, resolveu subir ao ver tal gritaria e “amarramentos e t’esconjuros sendo proferidos em tal profusão”.
Ao perceber o que tinha acontecido, fechou, calmamente a porta do armário e depois a do quarto, liberando o mesmo para quem quisesse entrar.
Gilberto, meio que assustado, mas sem poder voltar atrás, sob pena de ser taxado de medroso, de súbito, se ergue e demonstrando “valentia” começa a proferir que “não estava com medo não, que tinha, junto com a sua irmã, Maria “vencido o Inimigo”!”.
Mal podendo imaginar que, a imagem “demoníaca” que vira era a sua própria, refletida no espelho clareado pela luz da lua...
Minha cunhada, Maria como boa evangélica que é, costuma andar com sua Bíblia a tiracolo, e isso lhe é por vezes, de extrema utilidade, como veremos a seguir.
Morávamos eu e minha esposa, Rita, num sobrado, na subida do Hospital, que para variar, como em quase todas as pequenas cidades fica situado estrategicamente, em cima de um morro.
Isso se dá pelo fato de que, nas enchentes, o Hospital deve como ultimo recurso, estar ao longe dos alagamentos que porventura ocorrerem.
No andar de baixo, moravam minha sogra, meu sogro, meu cunhado, Gilberto e minha sobrinha, Lady.
De repente, começa uma gritaria lá em cima, Gilberto ao descer, deixara a porta entreaberta e a porta do Guarda Roupas idem, e como em Espera Feliz as rajadas de vento são freqüentes, uma dessas rajadas fez com que a porta do armário se abrisse e Gilberto ao retornar ao quarto deparou com o brilho da lua refletindo no espelho entreaberto, assustando-se.
Maria, Bíblia em riste sobe rapidamente para o quarto e começa a exorcizar o dito cujo; amarrando e atando com as cordas firmes da fé o “inimigo”...
Não sei por que cargas d’água alguém, se não me engano meu sogro, resolveu subir ao ver tal gritaria e “amarramentos e t’esconjuros sendo proferidos em tal profusão”.
Ao perceber o que tinha acontecido, fechou, calmamente a porta do armário e depois a do quarto, liberando o mesmo para quem quisesse entrar.
Gilberto, meio que assustado, mas sem poder voltar atrás, sob pena de ser taxado de medroso, de súbito, se ergue e demonstrando “valentia” começa a proferir que “não estava com medo não, que tinha, junto com a sua irmã, Maria “vencido o Inimigo”!”.
Mal podendo imaginar que, a imagem “demoníaca” que vira era a sua própria, refletida no espelho clareado pela luz da lua...
O VASO SALVADOR, OU NINGUÉM VAI RECLAMAR ESSAS FLORES
Edson Siqueira Lima grande médico de Espera Feliz, amigo e companheiro, bom contador de histórias, me falava das circunstâncias que cercaram o credenciamento do Hospital de Espera Feliz pelo INAMPS.
Havia um atendente de enfermagem no Hospital, cujo nome me declino de citar, sujeito muito prolixo e famoso por suas “tiradas” muitas vezes geniais, principalmente nos relatórios de plantão; verdadeiras peças de literatura.
Uma simples briga de marido e mulher transformava-se em uma novela melodramática, com as descrições das lesões superpondo-se aos relatos dos partícipes e testemunhas do entrevero.
Pois bem, era necessário que o Hospital obtivesse uma pontuação mínima para que fosse credenciado; tudo bem, mas a auditoria classificatória para tal credenciamento, por tanto tempo adiada foi, mercê do atraso nos correios, comunicada na véspera de ser executada.
A chegada de tal comunicação levou todo mundo a polvorosa; já que não daria tempo para completar alguns itens que estavam faltando.
Quando os auditores chegaram, esse enfermeiro, loquaz e simpático, começou a falar, não deixando nem o Diretor Clínico, o próprio Dr. Edson abrir a boca.
E foi um tal de cafezinho pra cá, aguinha gelada pra lá, simpatia distribuída a torto e a direito.
Lá pelas tantas, começa o nosso herói a mostrar os equipamentos exigidos pelos auditores, “Essa é a maca do pronto socorro, espera um pouco, Dr. Edson, leva os moços para conhecer o aparelho de RX”.
Edson sem saber nem o porquê tanta solicitude, levou os auditores ao RX, ao retornar a mesma maca, porém com um lençol diferente era apresentada como a “maca do Centro Cirúrgico” e assim foi.
A cada coisa apresentada, multiplicava-se por muitas, a cadeira de rodas velha e abandonada, nessa altura do campeonato já tinha sido mostrada 3 vezes, cada vez com uma nova vestimenta.
Tudo muito bem, tudo muito bom, mas no final dessa averiguação, faltava meio ponto para completar o total necessário para o credenciamento.
Os auditores, após discutirem muito e não aceitarem nenhum tipo de proposta, já estavam se retirando quando, lá do meio do corredor do Hospital surge o nosso enfermeiro escritor, com um VASO DE FLORES NA MÃO.
“Hei, esse vaso não merece meio ponto não?” arriscou.
Os auditores ou por cansaço ou pena por tal esforço sobre humano de agradar, aceitaram o vaso, e deram-se por satisfeitos, credenciando o Hospital.
Alegria à parte, Dr. Edson, com sua matreirice de sempre perguntou de onde havia surgido tal vaso de flores, ao que o nosso amigo, mais que prontamente esclarece o mistério.
Ao levantar o “vaso” é que se reparou que o mesmo não passava do cesto de lixo, com um pano à volta, já as flores... Com certeza o defunto que estava na capela esperando o sepultamento não iria reclamar os galhos de cravo e margaridas retirados às pressas...
Havia um atendente de enfermagem no Hospital, cujo nome me declino de citar, sujeito muito prolixo e famoso por suas “tiradas” muitas vezes geniais, principalmente nos relatórios de plantão; verdadeiras peças de literatura.
Uma simples briga de marido e mulher transformava-se em uma novela melodramática, com as descrições das lesões superpondo-se aos relatos dos partícipes e testemunhas do entrevero.
Pois bem, era necessário que o Hospital obtivesse uma pontuação mínima para que fosse credenciado; tudo bem, mas a auditoria classificatória para tal credenciamento, por tanto tempo adiada foi, mercê do atraso nos correios, comunicada na véspera de ser executada.
A chegada de tal comunicação levou todo mundo a polvorosa; já que não daria tempo para completar alguns itens que estavam faltando.
Quando os auditores chegaram, esse enfermeiro, loquaz e simpático, começou a falar, não deixando nem o Diretor Clínico, o próprio Dr. Edson abrir a boca.
E foi um tal de cafezinho pra cá, aguinha gelada pra lá, simpatia distribuída a torto e a direito.
Lá pelas tantas, começa o nosso herói a mostrar os equipamentos exigidos pelos auditores, “Essa é a maca do pronto socorro, espera um pouco, Dr. Edson, leva os moços para conhecer o aparelho de RX”.
Edson sem saber nem o porquê tanta solicitude, levou os auditores ao RX, ao retornar a mesma maca, porém com um lençol diferente era apresentada como a “maca do Centro Cirúrgico” e assim foi.
A cada coisa apresentada, multiplicava-se por muitas, a cadeira de rodas velha e abandonada, nessa altura do campeonato já tinha sido mostrada 3 vezes, cada vez com uma nova vestimenta.
Tudo muito bem, tudo muito bom, mas no final dessa averiguação, faltava meio ponto para completar o total necessário para o credenciamento.
Os auditores, após discutirem muito e não aceitarem nenhum tipo de proposta, já estavam se retirando quando, lá do meio do corredor do Hospital surge o nosso enfermeiro escritor, com um VASO DE FLORES NA MÃO.
“Hei, esse vaso não merece meio ponto não?” arriscou.
Os auditores ou por cansaço ou pena por tal esforço sobre humano de agradar, aceitaram o vaso, e deram-se por satisfeitos, credenciando o Hospital.
Alegria à parte, Dr. Edson, com sua matreirice de sempre perguntou de onde havia surgido tal vaso de flores, ao que o nosso amigo, mais que prontamente esclarece o mistério.
Ao levantar o “vaso” é que se reparou que o mesmo não passava do cesto de lixo, com um pano à volta, já as flores... Com certeza o defunto que estava na capela esperando o sepultamento não iria reclamar os galhos de cravo e margaridas retirados às pressas...
DE MACACO TIÃO AO SÍMIO TIÃO...
No Rio de Janeiro de grandes alegrias e de algumas decepções, o principal “candidato a prefeito” era o Macaco Tião, chimpanzé de gloriosa história no zoológico carioca.
O espírito jocoso do carioca já tinha criado o “candidato” Cacarecos, se não me engano um rinoceronte, e nos idos da década de 80, o Macaco Tião reeditava o sucesso do seu “companheiro” de partido.
Havia um conhecido nosso, homem muito simplório, mas de bom poder de comunicação, principalmente entre os porteiros, zeladores e empregadas domésticas e do comércio, nos arredores do Largo da Segunda Feira, onde morávamos.
O pacato cidadão era um senhor de idade mediana cronologicamente e da idade média, intelectualmente falando.
Tinha aspirações políticas e sua filiação ao partido de Leonel Brizola, o PDT, já daria, segundo afirmava, uma real possibilidade de se eleger vereador.
Já que contava com centenas, quem sabe milhares de votos entre os seus amigos, devido ao fato de ter contabilizado já alguns milhares de “votos certos”, pois, a cada um que respondia que iria votar nele, o caderninho com que andava na mão, marcava “mais um voto”.
Pois bem, no decorrer de sua “campanha” insólita, caiu na besteira de pedir um slogan a meu pai.
O velho Marcos Coutinho Loures, com sua habitual picardia e, interado da “campanha” pelo Macaco Tião associando-se ao fato de tal “candidato” se chamar Sebastião, saiu-se logo com essa:
“Dê uma banana aos políticos tradicionais, para vereador vote no SÍMIO TIÃO”.
Não é preciso dizer que o singelo camarada, adorou o slogan.
Mandou fazer alguns bottons e faixas com os dizeres supracitados.
Porém, um dia, eis que surge Sebastião irritado e querendo briga.
Meu pai, placidamente foi perguntar o porquê de tal irritação.
Algum demancha-prazer havia explicado a ele o SIGNIFICADO DA PALAVRA SÍMIO.
CAI O PANO RAPIDAMENTE!
O espírito jocoso do carioca já tinha criado o “candidato” Cacarecos, se não me engano um rinoceronte, e nos idos da década de 80, o Macaco Tião reeditava o sucesso do seu “companheiro” de partido.
Havia um conhecido nosso, homem muito simplório, mas de bom poder de comunicação, principalmente entre os porteiros, zeladores e empregadas domésticas e do comércio, nos arredores do Largo da Segunda Feira, onde morávamos.
O pacato cidadão era um senhor de idade mediana cronologicamente e da idade média, intelectualmente falando.
Tinha aspirações políticas e sua filiação ao partido de Leonel Brizola, o PDT, já daria, segundo afirmava, uma real possibilidade de se eleger vereador.
Já que contava com centenas, quem sabe milhares de votos entre os seus amigos, devido ao fato de ter contabilizado já alguns milhares de “votos certos”, pois, a cada um que respondia que iria votar nele, o caderninho com que andava na mão, marcava “mais um voto”.
Pois bem, no decorrer de sua “campanha” insólita, caiu na besteira de pedir um slogan a meu pai.
O velho Marcos Coutinho Loures, com sua habitual picardia e, interado da “campanha” pelo Macaco Tião associando-se ao fato de tal “candidato” se chamar Sebastião, saiu-se logo com essa:
“Dê uma banana aos políticos tradicionais, para vereador vote no SÍMIO TIÃO”.
Não é preciso dizer que o singelo camarada, adorou o slogan.
Mandou fazer alguns bottons e faixas com os dizeres supracitados.
Porém, um dia, eis que surge Sebastião irritado e querendo briga.
Meu pai, placidamente foi perguntar o porquê de tal irritação.
Algum demancha-prazer havia explicado a ele o SIGNIFICADO DA PALAVRA SÍMIO.
CAI O PANO RAPIDAMENTE!
DOS "DEMÔNIOS" E DA HISTERIA
DOS "DEMÔNIOS" E DA HISTERIA
O radicalismo religioso tem seus efeitos nefastos;
mas também tem seus aspectos cômicos, trabalho no Pronto Socorro Municipal de Guaçuí – ES há vários anos e acumulo muitas histórias dos mais variados matizes, no dia a dia dessa profissão, um tanto quanto difícil, mas com seus momentos curiosos.
Pois bem, num dos muitos plantões que participei, me lembro de um em que não protagonizei, mas testemunhei.
Estava já no final do plantão diurno quando, lá pelas 6 e meia da tarde de um domingo, se estabeleceu uma confusão na porta do PS.
Um aglomerado de pessoas trazia um cidadão pelos braços, se debatendo ferozmente e grunhindo desesperadamente, fazendo um alarde enorme e assustador.
Na frente havia um senhor, já com seus 60 anos de idade, portando uma Bíblia na mão e, sem sucesso, tentando exorcizar a qualquer preço tal “endemoniado”!
A situação se agravava a cada momento e, como estava defronte a um caso clássico de conversão histérica, já tinha pedido para a enfermeira preparar uma medicação sedativa, quando um amigo meu, que estava no Pronto Socorro naquele momento, se saiu com essa:
-Espera um pouco que eu vou resolver isso!
Saí de perto, já que o colega, mais experiente em assuntos de “demônios e afins” tinha tomado o pulso da situação.
Qual não foi a minha surpresa quando, de repente, ouvi o estalar de vários bofetes na face do “demônio” e os gritos de:
-Sai capeta! Some desse corpo capeta! Abandona esse corpo que não te pertence capeta!
Paralelamente a isso, várias pessoas, com as Bíblias abertas oravam sobre o “espetáculo” dantesco!
No meio dessa cena meio hilária, meio confusa, eis que o “demônio”, realmente com medo dos tabefes, some e abandona o corpo do pobre cidadão.
Ao abandonar a vítima, deixou-a meio inerte e assustada, afirmando:
- Pastor, o quê que aconteceu, pastor...
A partir desse dia, pelo menos aos domingos, o “diabo” deu férias ao pobre cidadão.
E o colega, médico e pastor, passou a ser o “exorcista” mais eficiente, da cidade...
O radicalismo religioso tem seus efeitos nefastos;
mas também tem seus aspectos cômicos, trabalho no Pronto Socorro Municipal de Guaçuí – ES há vários anos e acumulo muitas histórias dos mais variados matizes, no dia a dia dessa profissão, um tanto quanto difícil, mas com seus momentos curiosos.
Pois bem, num dos muitos plantões que participei, me lembro de um em que não protagonizei, mas testemunhei.
Estava já no final do plantão diurno quando, lá pelas 6 e meia da tarde de um domingo, se estabeleceu uma confusão na porta do PS.
Um aglomerado de pessoas trazia um cidadão pelos braços, se debatendo ferozmente e grunhindo desesperadamente, fazendo um alarde enorme e assustador.
Na frente havia um senhor, já com seus 60 anos de idade, portando uma Bíblia na mão e, sem sucesso, tentando exorcizar a qualquer preço tal “endemoniado”!
A situação se agravava a cada momento e, como estava defronte a um caso clássico de conversão histérica, já tinha pedido para a enfermeira preparar uma medicação sedativa, quando um amigo meu, que estava no Pronto Socorro naquele momento, se saiu com essa:
-Espera um pouco que eu vou resolver isso!
Saí de perto, já que o colega, mais experiente em assuntos de “demônios e afins” tinha tomado o pulso da situação.
Qual não foi a minha surpresa quando, de repente, ouvi o estalar de vários bofetes na face do “demônio” e os gritos de:
-Sai capeta! Some desse corpo capeta! Abandona esse corpo que não te pertence capeta!
Paralelamente a isso, várias pessoas, com as Bíblias abertas oravam sobre o “espetáculo” dantesco!
No meio dessa cena meio hilária, meio confusa, eis que o “demônio”, realmente com medo dos tabefes, some e abandona o corpo do pobre cidadão.
Ao abandonar a vítima, deixou-a meio inerte e assustada, afirmando:
- Pastor, o quê que aconteceu, pastor...
A partir desse dia, pelo menos aos domingos, o “diabo” deu férias ao pobre cidadão.
E o colega, médico e pastor, passou a ser o “exorcista” mais eficiente, da cidade...
O VERDE DA ESPERANÇA
Tanta tristreza na terra
Sem chuva no meu sertão
Os bichos solto na serra
Morrendo de insolação
Os home me aprometero
Traze pro nosso rincão
Um cadinho de esperança
Um dias nóis já se cansa
Dessas tanta enganação
De falar pru móde a gente
Votar nus home safado
Que pur engano, serpente
Dexano o povo doente
Sem oiá dispois pru lado
Dispois de nóis ter votado,
A mando dos coroné,
Prometeno prus roçado
Ajuda mode brotar
As semente semeada
Do mío e desse feijão
Nossa gente tá cansada
Já num qué sê inganada;
Já pensei inté parti
Lá pros lado de Sum Paulo
Tenta vê e consegui
Um trabaio mais decente
Que possa faze da gente
Mais que a gente é aqui,
Aqui nóis tudo é sufrido
Nosso povo ta perdido,
Num tem quem ajuda nóis
Meus fío passano fome
No calor a chuva some,
Nem restando a asa branca
Que bateu asa e voou
Lá pra riba da barranca
Nem água o rio restô
Seca matou tudo aqui
Eu já tenho que parti
Pra mode sobrevivê
Vo dexa meu bem querer
Dexá minha pobrezinha
Adeus amor, a Rosinha
Dos óio verde bonito
Esse canto mais aflito
Foi composto pra você
Mas hoje esse sertanejo,
Homem que com muito pejo
Nunca manteve o desejo
De sair do próprio chão
Pois bem sabe e é verdade
Que mesmo na mocidade
“Quem sai da terra natal
Em outros canto não pára”
Fazendo do seu varal
“No último pau de arara”.
Esse homem tão brioso
Vindo do mundo horroroso
De miséria e exploração
Sabe bem que esse seu chão
É a maior das bandeiras
Tem significação
Contra todas bandalheiras
Feitas nesse seu sertão
Com a morte das meninas
Com as vidas severinas
Dessa grande multidão
De brasileiros famintos,
De esperança mais extintos
No sangue pouca tintura
No pele já tão escura
Pelo sol tão ressecado
Quanto mais desesperado
Lutando qual bicho solto
Não adianta o revolto
A luta é pra não morrer
De fome quando criança,
Velhice antes dos trinta,
Miséria no pouco a pouco,
Tentando não ficar louco,
Pedindo a Deus o perdão,
Pelo seu grande pecado
Que foi ser depositado,
No meio desse sertão
Do amor despreparado
Que gera sempre um bocado
A mais do que permitido
Perdão pedindo ao Senhor
Só pru mode ter nascido!
Mas eis que uma coisa vem
Notícias da capital,
Parece que tem alguém
Filho das mesmas paragem
Pernambucano da terra
Severino como a gente
Como Luiz batizado,
Um nordestino arretado,
Cabra de muito valor.
Foi eleito presidente
O maior representante
Do nosso povo carente
Que sonhou com esse instante
E ele não decepcionou
Agora, mesmo na seca,
Essa fome não assusta
Como antes ela assustou
As coisas tão melhorando
Já ta, no povo deixando
Essa nova sensação.
De já não ter tanta fome
Dando pro povo o que come,
Os homens e não os bichos,
Viver já dá, sem caprichos
Mas isso é o começo eu sei
Por isso nele votei
E quero ter já de novo
Para o bem do nosso povo
Esse cabra presidente
Pois bem sei que ele já sente
O quanto a gente quer bem
A quem nos trata por gente
Pra quem nós somos alguém;
Pro nosso povo sofrido
Que julgava ter nascido
Por castigo ou por vingança
Esse nosso povo dança
Nos olhos traz esperança
Nem é preciso asa branca
Aparecer na barranca
Nem carregar na sua anca
Nem procurar por partida
No pau de arara, sofrida
Sua lida vai mudando
Conforme Deus espalhando
Pelo sertão mais inteiro
Um belo e doce janeiro
Invernando o coração.
Olhos de sua Rosinha
Espelhando o meu sertão
Do verde dessa esperança
A espalhar na plantação!
Sem chuva no meu sertão
Os bichos solto na serra
Morrendo de insolação
Os home me aprometero
Traze pro nosso rincão
Um cadinho de esperança
Um dias nóis já se cansa
Dessas tanta enganação
De falar pru móde a gente
Votar nus home safado
Que pur engano, serpente
Dexano o povo doente
Sem oiá dispois pru lado
Dispois de nóis ter votado,
A mando dos coroné,
Prometeno prus roçado
Ajuda mode brotar
As semente semeada
Do mío e desse feijão
Nossa gente tá cansada
Já num qué sê inganada;
Já pensei inté parti
Lá pros lado de Sum Paulo
Tenta vê e consegui
Um trabaio mais decente
Que possa faze da gente
Mais que a gente é aqui,
Aqui nóis tudo é sufrido
Nosso povo ta perdido,
Num tem quem ajuda nóis
Meus fío passano fome
No calor a chuva some,
Nem restando a asa branca
Que bateu asa e voou
Lá pra riba da barranca
Nem água o rio restô
Seca matou tudo aqui
Eu já tenho que parti
Pra mode sobrevivê
Vo dexa meu bem querer
Dexá minha pobrezinha
Adeus amor, a Rosinha
Dos óio verde bonito
Esse canto mais aflito
Foi composto pra você
Mas hoje esse sertanejo,
Homem que com muito pejo
Nunca manteve o desejo
De sair do próprio chão
Pois bem sabe e é verdade
Que mesmo na mocidade
“Quem sai da terra natal
Em outros canto não pára”
Fazendo do seu varal
“No último pau de arara”.
Esse homem tão brioso
Vindo do mundo horroroso
De miséria e exploração
Sabe bem que esse seu chão
É a maior das bandeiras
Tem significação
Contra todas bandalheiras
Feitas nesse seu sertão
Com a morte das meninas
Com as vidas severinas
Dessa grande multidão
De brasileiros famintos,
De esperança mais extintos
No sangue pouca tintura
No pele já tão escura
Pelo sol tão ressecado
Quanto mais desesperado
Lutando qual bicho solto
Não adianta o revolto
A luta é pra não morrer
De fome quando criança,
Velhice antes dos trinta,
Miséria no pouco a pouco,
Tentando não ficar louco,
Pedindo a Deus o perdão,
Pelo seu grande pecado
Que foi ser depositado,
No meio desse sertão
Do amor despreparado
Que gera sempre um bocado
A mais do que permitido
Perdão pedindo ao Senhor
Só pru mode ter nascido!
Mas eis que uma coisa vem
Notícias da capital,
Parece que tem alguém
Filho das mesmas paragem
Pernambucano da terra
Severino como a gente
Como Luiz batizado,
Um nordestino arretado,
Cabra de muito valor.
Foi eleito presidente
O maior representante
Do nosso povo carente
Que sonhou com esse instante
E ele não decepcionou
Agora, mesmo na seca,
Essa fome não assusta
Como antes ela assustou
As coisas tão melhorando
Já ta, no povo deixando
Essa nova sensação.
De já não ter tanta fome
Dando pro povo o que come,
Os homens e não os bichos,
Viver já dá, sem caprichos
Mas isso é o começo eu sei
Por isso nele votei
E quero ter já de novo
Para o bem do nosso povo
Esse cabra presidente
Pois bem sei que ele já sente
O quanto a gente quer bem
A quem nos trata por gente
Pra quem nós somos alguém;
Pro nosso povo sofrido
Que julgava ter nascido
Por castigo ou por vingança
Esse nosso povo dança
Nos olhos traz esperança
Nem é preciso asa branca
Aparecer na barranca
Nem carregar na sua anca
Nem procurar por partida
No pau de arara, sofrida
Sua lida vai mudando
Conforme Deus espalhando
Pelo sertão mais inteiro
Um belo e doce janeiro
Invernando o coração.
Olhos de sua Rosinha
Espelhando o meu sertão
Do verde dessa esperança
A espalhar na plantação!
LARANJA MADURA NA BEIRA DA ESTRADA
Seu moço, vou lhe contar
Uma história diferente,
Nem vai dá pra acreditar,
No que me conta essa gente.
Gente de muito saber;
Dos lado da capitá.
Eu vou contar pra você
O que que eu ouvi falar.
Me contaram e é verdade,
Que esses tal de deputado;
Para um monte de cidade,
Mandaram, com muito agrado;
Pra levar gente doente
Das roças pros hospital,
Carregando muita gente;
Das que anda passando mal.
Indicaram, nos projeto,
Para o governo comprar,
Uns carro desses completo,
Pra mode de transportar,
Com rapidez e presteza,
Sem reparar na distância.
Pra sarvar; vê que beleza,
Esses tár carro ambulância...
Esses carro são bacana,
Viajando pela estrada
A gente vê, não se engana,
É coisa das bem montada.
Tem uma tár luz vermeia
Piscando quar vaga-lume,
Fais zuera nas oreia,
Não é pra ter azedume.
Se esses carro nas viagem
Nois topa pelo caminho,
É percizo dar passage,
Pois carrega, com carinho,
Só gente necessitada,
Percizando de dotô,
Descendo pelas estrada...
É coisa de muito valô.
Nóis tudo fica contente
Com a atenção dos políticos
Quando se lembram da gente
Nesses momento mais críticos;
Como em caso de doença,
Que nóis tamo mais sofrendo
Essas coisa tem valença,
Ajuda a nóis ir vivendo.
Aqui mesmo, nesse canto
Um deputado mando,
Pra alegria e nosso encanto,
Um desses carro, sinhô.
Apois bem fiquei sabendo
Nas notícia dos jornal;
Eu só acredito vendo,
Eu juro inté pasei mal,
Quando sube das notícia
Que o nome desse dotô,
Nos recorte das polícia,
Pelos investigador,
Foi chamado de ladrão.
Isso me causou espanto.
Esse dotô é tão bão,
Pro povo tem feito tanto...
Mandou essas assistência
Pra essa nossa região,
E, falo de experiência
Que aqui no nosso sertão,
Elas faiz um bem danado
Pro nosso povo pobrim...
Agora ta explicado,
Tanta “bondade”, pra mim...
Ao preço que eles pagava
De uma, comprava mais,
A grana que eles levava,
De adivinhar sou capaz.
Roubava mais que podia,
Inda passava por bão.
Os votos pois, recebia
Nos tempo das eleição.
Apois essa história triste
Já me trouxe essa lição:
Milagre já não existe,
Eta povinho ladrão!
E favor dessa cambada,
A gente não pode crer:
LARANJA BOA, NA ESTRADA?!
BICHADA... LOGO SE VÊ!
Uma história diferente,
Nem vai dá pra acreditar,
No que me conta essa gente.
Gente de muito saber;
Dos lado da capitá.
Eu vou contar pra você
O que que eu ouvi falar.
Me contaram e é verdade,
Que esses tal de deputado;
Para um monte de cidade,
Mandaram, com muito agrado;
Pra levar gente doente
Das roças pros hospital,
Carregando muita gente;
Das que anda passando mal.
Indicaram, nos projeto,
Para o governo comprar,
Uns carro desses completo,
Pra mode de transportar,
Com rapidez e presteza,
Sem reparar na distância.
Pra sarvar; vê que beleza,
Esses tár carro ambulância...
Esses carro são bacana,
Viajando pela estrada
A gente vê, não se engana,
É coisa das bem montada.
Tem uma tár luz vermeia
Piscando quar vaga-lume,
Fais zuera nas oreia,
Não é pra ter azedume.
Se esses carro nas viagem
Nois topa pelo caminho,
É percizo dar passage,
Pois carrega, com carinho,
Só gente necessitada,
Percizando de dotô,
Descendo pelas estrada...
É coisa de muito valô.
Nóis tudo fica contente
Com a atenção dos políticos
Quando se lembram da gente
Nesses momento mais críticos;
Como em caso de doença,
Que nóis tamo mais sofrendo
Essas coisa tem valença,
Ajuda a nóis ir vivendo.
Aqui mesmo, nesse canto
Um deputado mando,
Pra alegria e nosso encanto,
Um desses carro, sinhô.
Apois bem fiquei sabendo
Nas notícia dos jornal;
Eu só acredito vendo,
Eu juro inté pasei mal,
Quando sube das notícia
Que o nome desse dotô,
Nos recorte das polícia,
Pelos investigador,
Foi chamado de ladrão.
Isso me causou espanto.
Esse dotô é tão bão,
Pro povo tem feito tanto...
Mandou essas assistência
Pra essa nossa região,
E, falo de experiência
Que aqui no nosso sertão,
Elas faiz um bem danado
Pro nosso povo pobrim...
Agora ta explicado,
Tanta “bondade”, pra mim...
Ao preço que eles pagava
De uma, comprava mais,
A grana que eles levava,
De adivinhar sou capaz.
Roubava mais que podia,
Inda passava por bão.
Os votos pois, recebia
Nos tempo das eleição.
Apois essa história triste
Já me trouxe essa lição:
Milagre já não existe,
Eta povinho ladrão!
E favor dessa cambada,
A gente não pode crer:
LARANJA BOA, NA ESTRADA?!
BICHADA... LOGO SE VÊ!
Querem calar teu canto
Querem calar teu canto, meu amigo.
Querem sangrar teus sonhos e esperanças
Acreditam que, em ti, vive o perigo.
Temem a tua glória de crianças
Temem mais que isso tudo, o belo brilho,
Na trilha, teus pés marcam tuas lutas,
As velhas lutas; viva teus filhos,
Presas, outrora, fáceis das astutas.
Raposas velhas, sádicas, cruéis;
Que, destroçando sonhos, matam vida.
Devoram tudo, nem restam anéis.
Querem-te morto e cego; sofrida.
Curva de estrada triste, de viés.
Na guerra santa, bela e aguerrida.
Querem sangrar teus sonhos e esperanças
Acreditam que, em ti, vive o perigo.
Temem a tua glória de crianças
Temem mais que isso tudo, o belo brilho,
Na trilha, teus pés marcam tuas lutas,
As velhas lutas; viva teus filhos,
Presas, outrora, fáceis das astutas.
Raposas velhas, sádicas, cruéis;
Que, destroçando sonhos, matam vida.
Devoram tudo, nem restam anéis.
Querem-te morto e cego; sofrida.
Curva de estrada triste, de viés.
Na guerra santa, bela e aguerrida.
A luz que brilha
A luz que brilha, trilha tanta espera.
De tempos tantos, cantos insensatos.
Pobre cordeiro entregue a essa fera
o povo, vagos sonhos mais cordatos.
Nossa esperança, frágil sentimento,
Rapidamente surge, brilho intenso,
E nossa estrada luz, contentamento.
Eis que agora aflora, céu imenso.
Navegam sonhos, pátria verdadeira,
Num prisma belo, sela com vigor,
Tudo o que, jamais fora tão inteira.
O renascer da vida, com amor.
DIGNIDADE traz, sela a primeira,
De tantas quantas, com o mesmo ardor...
De tempos tantos, cantos insensatos.
Pobre cordeiro entregue a essa fera
o povo, vagos sonhos mais cordatos.
Nossa esperança, frágil sentimento,
Rapidamente surge, brilho intenso,
E nossa estrada luz, contentamento.
Eis que agora aflora, céu imenso.
Navegam sonhos, pátria verdadeira,
Num prisma belo, sela com vigor,
Tudo o que, jamais fora tão inteira.
O renascer da vida, com amor.
DIGNIDADE traz, sela a primeira,
De tantas quantas, com o mesmo ardor...
FALAR DE TUA AUSÊNCIA
FALAR DE TUA AUSÊNCIA, MINHA AMADA
NO TORPOR DESSAS TANTAS MADRUGADAS,
VOU CAMINHANDO, ÀS CEGAS, PELA ESTRADA
PROCURANDO ENCONTRAR TUAS PEGADAS...
SOLTO, EM VÃO, MINHA VOZ DESESPERADA,
PROCURO EM OUTRAS MÃOS, TUAS AMADAS
MAS NADA ENCONTRO, NÃO ENCONTRO NADA,
A NÃO SER TUAS SOMBRAS NAS CALÇADAS;
NESSA MINHA SAUDADE ; QUE TORTURA!
TE PROCURO POR TODOS OS CAMINHOS,
ME RESTA TÃO SOMENTE ESSA AMARGURA,
DAS TRILHAS DOS MEUS PASSOS; TÃO SOZINHOS,
MINHAS NOITES EM BUSCA DA CANDURA,
VOU PROCURANDO, EM VÃO POR TEUS CARINHOS...
NO TORPOR DESSAS TANTAS MADRUGADAS,
VOU CAMINHANDO, ÀS CEGAS, PELA ESTRADA
PROCURANDO ENCONTRAR TUAS PEGADAS...
SOLTO, EM VÃO, MINHA VOZ DESESPERADA,
PROCURO EM OUTRAS MÃOS, TUAS AMADAS
MAS NADA ENCONTRO, NÃO ENCONTRO NADA,
A NÃO SER TUAS SOMBRAS NAS CALÇADAS;
NESSA MINHA SAUDADE ; QUE TORTURA!
TE PROCURO POR TODOS OS CAMINHOS,
ME RESTA TÃO SOMENTE ESSA AMARGURA,
DAS TRILHAS DOS MEUS PASSOS; TÃO SOZINHOS,
MINHAS NOITES EM BUSCA DA CANDURA,
VOU PROCURANDO, EM VÃO POR TEUS CARINHOS...
SILÊNCIO DE ESPERANÇA
PODERIA NESSE CANTO TE DIZER,
RISCAR ESPAÇOS, TRAMAS E GUERRILHAS
ATRAVESSAR MONTANHAS, SERRAS, ILHAS.
JUNTAR TEUS SONHOS , LINDOS DE VIVER
OUVIR AS VOZES, DOCES MARAVILHAS
SEMELHANTE AO PRENÚNCIO, AMANHECER.
EM LUTA CONTRA OS CÃES, CRUÉIS MATILHAS,
GRITANDO PELO NOME, SEM SABER
ESCONDIDO DOS MEDOS DE VINGANÇA
NESSAS CRUÉIS TORTURAS, QUE SOFRESTE
OUVINDO; LÁ, DISTANTE O SOM DA DANÇA
INVADINDO TEU CORPO DE CIPRESTE
NAVEGAR TEU SILÊNCIO, DE ESPERANÇA,
ORGULHOSO DO TANTO QUE FIZESTE.
RISCAR ESPAÇOS, TRAMAS E GUERRILHAS
ATRAVESSAR MONTANHAS, SERRAS, ILHAS.
JUNTAR TEUS SONHOS , LINDOS DE VIVER
OUVIR AS VOZES, DOCES MARAVILHAS
SEMELHANTE AO PRENÚNCIO, AMANHECER.
EM LUTA CONTRA OS CÃES, CRUÉIS MATILHAS,
GRITANDO PELO NOME, SEM SABER
ESCONDIDO DOS MEDOS DE VINGANÇA
NESSAS CRUÉIS TORTURAS, QUE SOFRESTE
OUVINDO; LÁ, DISTANTE O SOM DA DANÇA
INVADINDO TEU CORPO DE CIPRESTE
NAVEGAR TEU SILÊNCIO, DE ESPERANÇA,
ORGULHOSO DO TANTO QUE FIZESTE.
BRINCANDO NESSE LUAR
EU QUERO FALAR, PENSAR
NA LUA MARAVILHOSA
TROCAR UM DEDO DE PROSA
BRINCANDO NESSE LUAR
QUE CATIVA QUIEM PERMITE
TER O CÉU COMO O LIMITE.
LIMITE DE TUA BOCA
NESSA DANÇA SEM FINAL,
QUE NÃO CANSA. MINHA LOUCA
TRANSFORMANDO EM CARNAVAL
TUDO QUE TOCAS, QUAL MIDAS
FAZES OURO QUE ME BRINDAS
QUERO TE CONTAR AMOR
HISTÓRIAS QUE JÁ VIVI
COM MEUS SONHOS TE COMPOR
TE FAZER MEU COLIBRI.
QUIERO VIVER TEU POEMA
CONHECER A TUA GEMA
QUERO O GOSTO MAIS PRECISO
MEU PRECIOSO VENENO
ISSO É TUDO QUE EU PRECISO
CONVULSO, MAS MAIS SERENO
DO QUE NUNCA IMAGINEI
SABER-ME BEM MAIS QUE SEI.
QUERO TUA PRECISÃO
QUERO TUA ALEGORIA
BRILHAR EM TEU CORAÇÃO
VERTER TUA NOITE EM DIA
AMADA AMIGA, MEU RUMO
SEM TI; VAGO, VOU SEM PRUMO.
NA LUA MARAVILHOSA
TROCAR UM DEDO DE PROSA
BRINCANDO NESSE LUAR
QUE CATIVA QUIEM PERMITE
TER O CÉU COMO O LIMITE.
LIMITE DE TUA BOCA
NESSA DANÇA SEM FINAL,
QUE NÃO CANSA. MINHA LOUCA
TRANSFORMANDO EM CARNAVAL
TUDO QUE TOCAS, QUAL MIDAS
FAZES OURO QUE ME BRINDAS
QUERO TE CONTAR AMOR
HISTÓRIAS QUE JÁ VIVI
COM MEUS SONHOS TE COMPOR
TE FAZER MEU COLIBRI.
QUIERO VIVER TEU POEMA
CONHECER A TUA GEMA
QUERO O GOSTO MAIS PRECISO
MEU PRECIOSO VENENO
ISSO É TUDO QUE EU PRECISO
CONVULSO, MAS MAIS SERENO
DO QUE NUNCA IMAGINEI
SABER-ME BEM MAIS QUE SEI.
QUERO TUA PRECISÃO
QUERO TUA ALEGORIA
BRILHAR EM TEU CORAÇÃO
VERTER TUA NOITE EM DIA
AMADA AMIGA, MEU RUMO
SEM TI; VAGO, VOU SEM PRUMO.
MINHA POESIA
Falar da noite e do dia, do açoite e de Maria
do acoitado sonho perdido, despedaçado
falar de nada mais que tudo, nada inundo
vaga imundo, cora coração vadio, vai meu fio
vagabundo rolando entre astros, entre tantos
entretantos e espreitando por trás das portas.
Falar do sonho e da fantasia, do medo e da poesia
do meu último regalo, meu regato, meu prato e ato
insensatamente, a mente remete-me a ti, tímida
lânguida e cruel poesia.
Nos nossos concertos e conselhos, consertavas os velhos
resquícios do início precipício e me lançavas a esmo
nesse penhasco íngreme e inerente Prometeu, escuridão.
Vi meus olhos nos olhos de outros olhos, infinito espelho
num prisma de oculta chama, de verbo e Bramas, de lamas
de llamas e de teus sentidos mais confusos, embriaguez.
A lucidez devora, a hora de ir embora nunca se aproxima
e, por cima de tudo, com ciúmes me observas, me cevas ,
e conservas tuas mãos postas em mim.
Tua boca sussurra meu nome, urra meu erro, trama
meus males e minhas angústias.
Mina de tantas riquezas falsas, farsas e falhas.
Minha mina mais cara, rara e companheira
te quero poesia amada, necessito-te tanto
esquivo e altivo, mas vivo, mais vivo em ti,
sobrevivente.
do acoitado sonho perdido, despedaçado
falar de nada mais que tudo, nada inundo
vaga imundo, cora coração vadio, vai meu fio
vagabundo rolando entre astros, entre tantos
entretantos e espreitando por trás das portas.
Falar do sonho e da fantasia, do medo e da poesia
do meu último regalo, meu regato, meu prato e ato
insensatamente, a mente remete-me a ti, tímida
lânguida e cruel poesia.
Nos nossos concertos e conselhos, consertavas os velhos
resquícios do início precipício e me lançavas a esmo
nesse penhasco íngreme e inerente Prometeu, escuridão.
Vi meus olhos nos olhos de outros olhos, infinito espelho
num prisma de oculta chama, de verbo e Bramas, de lamas
de llamas e de teus sentidos mais confusos, embriaguez.
A lucidez devora, a hora de ir embora nunca se aproxima
e, por cima de tudo, com ciúmes me observas, me cevas ,
e conservas tuas mãos postas em mim.
Tua boca sussurra meu nome, urra meu erro, trama
meus males e minhas angústias.
Mina de tantas riquezas falsas, farsas e falhas.
Minha mina mais cara, rara e companheira
te quero poesia amada, necessito-te tanto
esquivo e altivo, mas vivo, mais vivo em ti,
sobrevivente.
TE QUERO
PARA QUE A NOITE TRAGA AOS TEUS SONHOS,
A DELÍCIA DE SABER-TE BELA E SERENA.
QUE, NO TEU COLO, A CRIANÇA DESCANSE
A MACIEZ DE TEUS CABELOS,
A DOÇURA DE TEUS LÁBIOS.
PARA QUE SAIBAS QUE O AMOR TE FAZ BELA.
QUE O BRILHO DAS ESTRELAS ROMPE A AURORA
E TRAZ A SENSIBILIDADE MARAVILHOSA
DO PODER ESTAR E SER, DO QUERER E TRANSGREDIR.
DO NUNCA MAIS ESTAR E SER SÓ.
PARA QUE SINTAS O VENTO ROÇANDO TEU ROSTO
EXPOSTO AO CALOR DAS CARÍCIAS,
DAS DELÍCIAS DE SABER-TE MINHA;
E, POR FIM, PARA QUE TENHAS UMA BELA NOITE
E UM MELHOR AMANHECER.
TE QUERO
A DELÍCIA DE SABER-TE BELA E SERENA.
QUE, NO TEU COLO, A CRIANÇA DESCANSE
A MACIEZ DE TEUS CABELOS,
A DOÇURA DE TEUS LÁBIOS.
PARA QUE SAIBAS QUE O AMOR TE FAZ BELA.
QUE O BRILHO DAS ESTRELAS ROMPE A AURORA
E TRAZ A SENSIBILIDADE MARAVILHOSA
DO PODER ESTAR E SER, DO QUERER E TRANSGREDIR.
DO NUNCA MAIS ESTAR E SER SÓ.
PARA QUE SINTAS O VENTO ROÇANDO TEU ROSTO
EXPOSTO AO CALOR DAS CARÍCIAS,
DAS DELÍCIAS DE SABER-TE MINHA;
E, POR FIM, PARA QUE TENHAS UMA BELA NOITE
E UM MELHOR AMANHECER.
TE QUERO
Teu colo
Teu colo, corpo colado no meu
na dança atroz que vai queimando tudo
na claridade, louca luz no breu
tal que me deixa pasmo, quieto mudo
as mãos macias, sabem, sonho ateu
nas delícias, em todas, corte agudo
na carne dolorida que nasceu
somente para ser teu corpo e escudo.
quero insensatamente tresloucado
beber no doce cálice da vida
meu rumo torto, pálido, calado
repete em ti meus rumos sem guarida
cometo os mesmos erros do passado
minha alma segue em ti, nave perdida...
na dança atroz que vai queimando tudo
na claridade, louca luz no breu
tal que me deixa pasmo, quieto mudo
as mãos macias, sabem, sonho ateu
nas delícias, em todas, corte agudo
na carne dolorida que nasceu
somente para ser teu corpo e escudo.
quero insensatamente tresloucado
beber no doce cálice da vida
meu rumo torto, pálido, calado
repete em ti meus rumos sem guarida
cometo os mesmos erros do passado
minha alma segue em ti, nave perdida...
MARTYRE
MARTYRE
si rien d'autre dans ce désir du monde
est que de temps à vivre en toute liberté
chaque baiser à nouveau des inondations
transportant la poitrine manquez pas cette
quand je vois la lumière en vous
tant de rêves, fous, plus profond
plongée aveugle, l'amour qui est pour moi?
cause de cet amour, exprimé beaucoup plus fructueuse
qui n'était que de lucidité
la demande pour les deux n'a rien fait
mais l'angoisse teint voraces pierreux
qu'à chaque instant, la folie douce
trasmuda êtes audacieux à chaque fois
un cruel martyre, qui a éclaté ...
si rien d'autre dans ce désir du monde
est que de temps à vivre en toute liberté
chaque baiser à nouveau des inondations
transportant la poitrine manquez pas cette
quand je vois la lumière en vous
tant de rêves, fous, plus profond
plongée aveugle, l'amour qui est pour moi?
cause de cet amour, exprimé beaucoup plus fructueuse
qui n'était que de lucidité
la demande pour les deux n'a rien fait
mais l'angoisse teint voraces pierreux
qu'à chaque instant, la folie douce
trasmuda êtes audacieux à chaque fois
un cruel martyre, qui a éclaté ...
MARTÍRIO
se nada mais desejo neste mundo
é que almejo viver em liberdade
de cada beijo novamente inundo
transportando no peito essa saudade
quando percebo em ti a claridade
de sonhos tantos, loucos, mais profundo
mergulho cego, amar-me pois, quem há de?
pois deste amor, traduz bem mais fecundo
o que fora somente lucidez
na procura de tanto nada fez
senão a angústia voraz, pétrea tez
que a cada instante, doce insensatez
trasmuda-se audaz a cada vez
num martírio cruel, que se desfez...
é que almejo viver em liberdade
de cada beijo novamente inundo
transportando no peito essa saudade
quando percebo em ti a claridade
de sonhos tantos, loucos, mais profundo
mergulho cego, amar-me pois, quem há de?
pois deste amor, traduz bem mais fecundo
o que fora somente lucidez
na procura de tanto nada fez
senão a angústia voraz, pétrea tez
que a cada instante, doce insensatez
trasmuda-se audaz a cada vez
num martírio cruel, que se desfez...
Le mie speranze
Le mie speranze
La mia attesa dietro la porta
in cerca di preda, cercando
ogni volta che la barca
Nord perse, le mie paure e segreti
la mia golosità e sensibilità.
Wanted, città e valli
e vale la pena aspettare?
A caccia di luce
gli occhi al mattino.
Nient'altro che voglio, nessun desiderio
forse il tuo bacio, forse un lampo,
un ultimo desiderio, senza collegamento
niente sesso, solo abbraccio
fatica e trucchi, astuzie e arti,
buffonate di nostalgia.
Nostalgia del già pensato, sognato;
non ha mai vissuto. Sempre in stand-by;
Vesper stella, cometa irregolare
che impegna tutti gli errori e successi.
Ma le speranze a tutti che le promesse
cuore per questo bambino.
Non ho mai, mai non ...
La mia attesa dietro la porta
in cerca di preda, cercando
ogni volta che la barca
Nord perse, le mie paure e segreti
la mia golosità e sensibilità.
Wanted, città e valli
e vale la pena aspettare?
A caccia di luce
gli occhi al mattino.
Nient'altro che voglio, nessun desiderio
forse il tuo bacio, forse un lampo,
un ultimo desiderio, senza collegamento
niente sesso, solo abbraccio
fatica e trucchi, astuzie e arti,
buffonate di nostalgia.
Nostalgia del già pensato, sognato;
non ha mai vissuto. Sempre in stand-by;
Vesper stella, cometa irregolare
che impegna tutti gli errori e successi.
Ma le speranze a tutti che le promesse
cuore per questo bambino.
Non ho mai, mai non ...
Minha espera
Minha espera, atrás da porta
na espreita, observando
cada momento, o bote
o norte perdido, meus medos e segredos
minha gula e sensibilidade.
Procuro, cidades e vales
quanto vale a espera?
Na caça da luminosidade
dos olhos da madrugada.
Nada mais quero, nem desejo
talvez teu beijo, talvez num átimo,
um último desejo, sem nexo
sem sexo, apenas abraço
cansaço e manhas, artes e manhas,
artimanhas da saudade.
Saudade do já pensado, sonhado;
nunca vivido. Sempre na espera;
da vésper estrela, cometa errático
que cometa todos os erros e acertos.
Mas que prometa todos as esperanças
para essa criança coração.
Minha nunca, sempre não...
na espreita, observando
cada momento, o bote
o norte perdido, meus medos e segredos
minha gula e sensibilidade.
Procuro, cidades e vales
quanto vale a espera?
Na caça da luminosidade
dos olhos da madrugada.
Nada mais quero, nem desejo
talvez teu beijo, talvez num átimo,
um último desejo, sem nexo
sem sexo, apenas abraço
cansaço e manhas, artes e manhas,
artimanhas da saudade.
Saudade do já pensado, sonhado;
nunca vivido. Sempre na espera;
da vésper estrela, cometa errático
que cometa todos os erros e acertos.
Mas que prometa todos as esperanças
para essa criança coração.
Minha nunca, sempre não...
VIVER EM LIBERDADE
se nada mais desejo neste mundo
é que almejo viver em liberdade
de cada beijo novamente inundo
transportando no peito essa saudade
quando percebo em ti a claridade
de sonhos tantos, loucos, mais profundo
mergulho cego, amar-me pois, quem há de?
pois deste amor, traduz bem mais fecundo
o que fora somente lucidez
na procura de tanto nada fez
senão a angústia voraz, pétrea tez
que a cada instante, doce insensatez
trasmuda-se audaz a cada vez
num martírio cruel, que se desfez...
é que almejo viver em liberdade
de cada beijo novamente inundo
transportando no peito essa saudade
quando percebo em ti a claridade
de sonhos tantos, loucos, mais profundo
mergulho cego, amar-me pois, quem há de?
pois deste amor, traduz bem mais fecundo
o que fora somente lucidez
na procura de tanto nada fez
senão a angústia voraz, pétrea tez
que a cada instante, doce insensatez
trasmuda-se audaz a cada vez
num martírio cruel, que se desfez...
MY LIFE
MY LIFE
my life is going crazy dragging my boat
waiting for my time listening to the songs
that time most voracious, bring me, old voices
reborn in the voice, the allegory of March.
sing this beloved mermaid where I embark
haphazardly in solitude, listening to your gossip
at the end of this road is dangerous friend
my loneliness is described in your bow
my life, senseless smarting kisses
asleep in a quiet forest fight
invading my sea, I try my desires
without having you lose your strength in gross
in my dreams, dreams serve wholesome
power, happier, knowing your baton
my life is going crazy dragging my boat
waiting for my time listening to the songs
that time most voracious, bring me, old voices
reborn in the voice, the allegory of March.
sing this beloved mermaid where I embark
haphazardly in solitude, listening to your gossip
at the end of this road is dangerous friend
my loneliness is described in your bow
my life, senseless smarting kisses
asleep in a quiet forest fight
invading my sea, I try my desires
without having you lose your strength in gross
in my dreams, dreams serve wholesome
power, happier, knowing your baton
MINHA VIDA
minha vida vai louca arrastando meu barco
esperando meu tempo ouvindo nas cantigas
que o tempo mais voraz, me traz, vozes antigas
que renascem na voz, na alegoria do marco.
cantar dessa sereia amada onde me embarco
na solidão a esmo, ouvindo t'as intrigas
no final dessa estrada amiga se perigas
a minha solidão descreve-se em teu arco
minha vida, insensata amargando teus beijos
numa serena mata adormecida luta,
invadindo meu mar, pocuro meus desejos
de te ter sem perder, na tua força bruta
nos meus sonhos, servis dos sonhos benfazejos
de poder, mais feliz, saber tua batuta
esperando meu tempo ouvindo nas cantigas
que o tempo mais voraz, me traz, vozes antigas
que renascem na voz, na alegoria do marco.
cantar dessa sereia amada onde me embarco
na solidão a esmo, ouvindo t'as intrigas
no final dessa estrada amiga se perigas
a minha solidão descreve-se em teu arco
minha vida, insensata amargando teus beijos
numa serena mata adormecida luta,
invadindo meu mar, pocuro meus desejos
de te ter sem perder, na tua força bruta
nos meus sonhos, servis dos sonhos benfazejos
de poder, mais feliz, saber tua batuta
MI ESPERANZA - lo que quieres RUBRA
MI ESPERANZA - lo que quieres RUBRA
Mi esperanza pende de una tormenta, la guerrilla diaria y repetitiva. Mis bailes esperanza en un torbellino de noticias en palabras al azar, individuales e intentos de golpe, mi esperanza notas de cada paso, enemigo feroz de la medida y la sed desenfrenada y voraz, loco y. Mi esperanza trae un muelle de las mareas y los intentos de destruir los sueños de nuestros sueños. Tengo la esperanza a través de un desierto de ideas y de las tormentas de arena juega en los ojos de las personas en busca de un oasis. Mi esperanza se abraza con los cadáveres de los compañeros muertos, pero supongo que lo de mañana, hoy, para siempre. Mi esperanza, salir de la cárcel ayer, tranquila, moderada, limitada, ve la luz al final del camino .. Mi esperanza es apedreado por muchos, pero la armadura se hace más fuerte y sigue adelante. Tengo la esperanza de ir en la boca sin dientes y ropa ruta, los afligidos, y sobrevivir en aumento. Mi esperanza se refleja en los ojos de los niños hambrientos y medio muerto el resplandor de los alimentos y la escuela. Mi esperanza, marimacho, la rejilla de la rodilla, llorando, pero una copia de seguridad del árbol. Tengo la esperanza de moscas, cortar el cielo, los verdes y el curso de mis pies cansados. Mi esperanza es una estrella, brillante, rojo, precioso. Estrella polar, la hija de fuerte tanto dolor, tantas flores ganador de cañón. Mi esperanza es una copa de vino, vino tinto, bebido con alegría el viejo baúl se estremeció. Mi esperanza marimacho, sapeca, juguetona, se expresa bajo las sábanas en el sexo rojas de la sangre adorable y dulce. Mi esperanza trae el sabor de la primavera y un niño dulce, hecha de rojo de maní. Mi esperanza es el sabor de la cereza, fruta sabrosa, en la esquina de la paz y la amistad. Mi esperanza, en el color rojo, ojos rojos y verdes ...
Mi esperanza pende de una tormenta, la guerrilla diaria y repetitiva. Mis bailes esperanza en un torbellino de noticias en palabras al azar, individuales e intentos de golpe, mi esperanza notas de cada paso, enemigo feroz de la medida y la sed desenfrenada y voraz, loco y. Mi esperanza trae un muelle de las mareas y los intentos de destruir los sueños de nuestros sueños. Tengo la esperanza a través de un desierto de ideas y de las tormentas de arena juega en los ojos de las personas en busca de un oasis. Mi esperanza se abraza con los cadáveres de los compañeros muertos, pero supongo que lo de mañana, hoy, para siempre. Mi esperanza, salir de la cárcel ayer, tranquila, moderada, limitada, ve la luz al final del camino .. Mi esperanza es apedreado por muchos, pero la armadura se hace más fuerte y sigue adelante. Tengo la esperanza de ir en la boca sin dientes y ropa ruta, los afligidos, y sobrevivir en aumento. Mi esperanza se refleja en los ojos de los niños hambrientos y medio muerto el resplandor de los alimentos y la escuela. Mi esperanza, marimacho, la rejilla de la rodilla, llorando, pero una copia de seguridad del árbol. Tengo la esperanza de moscas, cortar el cielo, los verdes y el curso de mis pies cansados. Mi esperanza es una estrella, brillante, rojo, precioso. Estrella polar, la hija de fuerte tanto dolor, tantas flores ganador de cañón. Mi esperanza es una copa de vino, vino tinto, bebido con alegría el viejo baúl se estremeció. Mi esperanza marimacho, sapeca, juguetona, se expresa bajo las sábanas en el sexo rojas de la sangre adorable y dulce. Mi esperanza trae el sabor de la primavera y un niño dulce, hecha de rojo de maní. Mi esperanza es el sabor de la cereza, fruta sabrosa, en la esquina de la paz y la amistad. Mi esperanza, en el color rojo, ojos rojos y verdes ...
MINHA ESPERANÇA - QUE TE QUERO RUBRA
MINHA ESPERANÇA
Minha esperança paira sobre uma tempestade de raios e trovões, numa guerrilha diária e repetitiva. Minha esperança dança sobre um turbilhão de notícias a esmo, palavras soltas e tentativas de golpe; Minha esperança observa cada passo, medido e desmedido do inimigo feroz e voraz, louco e sedento. Minha esperança aporta um cais após maremotos e tentativas de naufrágios dos sonhos, dos nossos sonhos. Minha esperança atravessa um deserto de idéias e tempestades de areia jogadas sobre os olhos do povo em busca de um oásis. Minha esperança se abraça com os cadáveres dos companheiros mortos, mas advinha o amanhã, o hoje, o sempre. Minha esperança, vinda do ontem preso, calado, contido, restrito, vislumbra o lume ao final da estrada.. Minha esperança é apedrejada por tantos e tantos, mas a couraça se fortalece e segue adiante. Minha esperança vai na boca desdentada e na roupa rota, dos aflitos, e sobrevive cada vez maior. Minha esperança reflete nos olhos da criança faminta e semimorta o brilho da comida e da escola. Minha esperança, menina levada, rala o joelho, chora, mas volta a subir na árvore. Minha esperança voa, corta os céus, e esverdeia o rumo dos meus pés cansados. Minha esperança é uma estrela, brilha, vermelha, bela. Estrela guia, forte filha de tantas dores, de tantas flores vencendo canhão. Minha esperança é um cálice de vinho, vermelho vinho, embriagando de alegria o velho peito estremecido. Minha esperança moleca, sapeca, safada, se traduz sob os lençóis no vermelho sangue do sexo adorável e doce. Minha esperança traz o gosto da primavera e de doce de moleque, feito do amendoim mais vermelho. Minha esperança tem o sabor da vermelha cereja, de fruta gostosa, de canto de paz e amizade. Minha esperança, vermelha na cor, vermelha de sangue e verde nos olhos...
Minha esperança paira sobre uma tempestade de raios e trovões, numa guerrilha diária e repetitiva. Minha esperança dança sobre um turbilhão de notícias a esmo, palavras soltas e tentativas de golpe; Minha esperança observa cada passo, medido e desmedido do inimigo feroz e voraz, louco e sedento. Minha esperança aporta um cais após maremotos e tentativas de naufrágios dos sonhos, dos nossos sonhos. Minha esperança atravessa um deserto de idéias e tempestades de areia jogadas sobre os olhos do povo em busca de um oásis. Minha esperança se abraça com os cadáveres dos companheiros mortos, mas advinha o amanhã, o hoje, o sempre. Minha esperança, vinda do ontem preso, calado, contido, restrito, vislumbra o lume ao final da estrada.. Minha esperança é apedrejada por tantos e tantos, mas a couraça se fortalece e segue adiante. Minha esperança vai na boca desdentada e na roupa rota, dos aflitos, e sobrevive cada vez maior. Minha esperança reflete nos olhos da criança faminta e semimorta o brilho da comida e da escola. Minha esperança, menina levada, rala o joelho, chora, mas volta a subir na árvore. Minha esperança voa, corta os céus, e esverdeia o rumo dos meus pés cansados. Minha esperança é uma estrela, brilha, vermelha, bela. Estrela guia, forte filha de tantas dores, de tantas flores vencendo canhão. Minha esperança é um cálice de vinho, vermelho vinho, embriagando de alegria o velho peito estremecido. Minha esperança moleca, sapeca, safada, se traduz sob os lençóis no vermelho sangue do sexo adorável e doce. Minha esperança traz o gosto da primavera e de doce de moleque, feito do amendoim mais vermelho. Minha esperança tem o sabor da vermelha cereja, de fruta gostosa, de canto de paz e amizade. Minha esperança, vermelha na cor, vermelha de sangue e verde nos olhos...
sexta-feira, 7 de outubro de 2011
.07/10/2011
No canto que se mostra fascinante,
Apenas discordando do que resta
A sorte se desenha mais funesta
E nisto traduzisse o ledo instante.
O corpo já desnudo e provocante
A lua ao adentrar em cada fresta
Traduz o quanto a vida dita em festa
E um novo amanhecer tenta e garante.
Não vejo cada farsa como fosse
Apenas um cenário bem mais doce,
Sabendo desta queda inevitável.
O prazo determina o fim de tudo
E sei quanto pudera e mesmo iludo
O sonho noutro rumo demonstrável.
2
Encantos que eu coleto vida afora
Já não me bastariam, mesmo assim
O tanto quanto busco dentro em mim
No delirar diverso me apavora,
A sorte se desenha e revigora
O tanto anunciado e sei do fim
Gerado pelos sonhos em festim
E nada do que pude ainda ancora
O verso sem sentido e sem razão
A luta traduzindo em dimensão
Diversa; o quanto pode ser bem mais.
Ausento-me decerto e nada vendo
O marco não seria este estupendo
Cenário envolto em versos sensuais.
3
A lua sorridente em rara prata
Desenha a mais sutil felicidade
E nisto cada passo sempre agrade
Quem tanto uma esperança ora resgata;
A farsa se anuncia e sei da ingrata
Versão que sonegasse a claridade
Deixando para trás a liberdade
Ao adentrar deveras tal cascata.
Reparo quando a noite em diadema
Trazendo constelar caminho além
E sei quanto pudera sem que tema
A dura sincronia que ora vem
Marcando a direção que tanto trace
A vida no que possa em ledo impasse.
No canto que se mostra fascinante,
Apenas discordando do que resta
A sorte se desenha mais funesta
E nisto traduzisse o ledo instante.
O corpo já desnudo e provocante
A lua ao adentrar em cada fresta
Traduz o quanto a vida dita em festa
E um novo amanhecer tenta e garante.
Não vejo cada farsa como fosse
Apenas um cenário bem mais doce,
Sabendo desta queda inevitável.
O prazo determina o fim de tudo
E sei quanto pudera e mesmo iludo
O sonho noutro rumo demonstrável.
2
Encantos que eu coleto vida afora
Já não me bastariam, mesmo assim
O tanto quanto busco dentro em mim
No delirar diverso me apavora,
A sorte se desenha e revigora
O tanto anunciado e sei do fim
Gerado pelos sonhos em festim
E nada do que pude ainda ancora
O verso sem sentido e sem razão
A luta traduzindo em dimensão
Diversa; o quanto pode ser bem mais.
Ausento-me decerto e nada vendo
O marco não seria este estupendo
Cenário envolto em versos sensuais.
3
A lua sorridente em rara prata
Desenha a mais sutil felicidade
E nisto cada passo sempre agrade
Quem tanto uma esperança ora resgata;
A farsa se anuncia e sei da ingrata
Versão que sonegasse a claridade
Deixando para trás a liberdade
Ao adentrar deveras tal cascata.
Reparo quando a noite em diadema
Trazendo constelar caminho além
E sei quanto pudera sem que tema
A dura sincronia que ora vem
Marcando a direção que tanto trace
A vida no que possa em ledo impasse.
quinta-feira, 6 de outubro de 2011
MEMÓRIA
Memória, crudelíssimo carrasco,
Termômetro de quantos vendavais...
História, vai girando seu fiasco,
Num tom sobre tom, marca, contrafaz...
Colibri, pirilampo, país basco,
Sonoridades sépias, nunca mais...
No paralelepípedo, meu casco.
E, vergonhosamente, tudo trais...
Beija-me muito, quero contra-sensos,
Acender aos celestes magazines...
Meus sábados, domingos são imensos...
Na praça, atenção: todos esses cines,
Passarão mesmo filme, são pretensos...
Não há tino, nem cetro, desatines...
Termômetro de quantos vendavais...
História, vai girando seu fiasco,
Num tom sobre tom, marca, contrafaz...
Colibri, pirilampo, país basco,
Sonoridades sépias, nunca mais...
No paralelepípedo, meu casco.
E, vergonhosamente, tudo trais...
Beija-me muito, quero contra-sensos,
Acender aos celestes magazines...
Meus sábados, domingos são imensos...
Na praça, atenção: todos esses cines,
Passarão mesmo filme, são pretensos...
Não há tino, nem cetro, desatines...
EU E VOCÊ
Bares e bordéis, bordas sem aparas,
Em meus dedos, falanges e fraturas.
Tento tragar tentáculos e taras.
Nas mãos cansadas, noites escuras...
Vadeio vagamente, envergo varas
Iscadas em tais margens. Armaduras
São as minhas defesas, indefeso.
Crustáceo ameaçado no defeso...
Fracassei, quis demais, nada resume.
Não quero saber sempre, nem talvez.
Restou um gesto amargo; vou, estrume,
Onde pensara um dia, na altivez.
Procuro mansidão por onde aprume,
As mais diversas formas, tanto fez...
Não virgulo, decifro ângulos retos,
Por mais que se queira, são incompletos...
Vendi alma, nos verdes campos postos...
São clamores senis, são veros vagos,
Nervos e dentes, quebro-os. Impostos
Colocados sobre velhos estragos,
Não trazem nem sequer tosto-os;
Meus medos nadarão nos outros lagos.
Por certo, caridade nem demérito,
Demovem quem sonhou seu próprio féretro...
Nasci do mais decrépito dos medos,
Busquei nas madrugadas, meu sustento.
Não fui completo, simples arremedos,
De quem tentara tanto fosse tento...
Enganos, meus engodos, sempre ledos,
Palavras vão mais soltas, neste vento..
Sangrei cada momento sem desculpas,
Procuro por amores, tenho lupas...
Cimitarras; usei nestas batalhas,
Conta qualquer que fosse esse inimigo.
Vivendo, sobre lâminas-navalhas,
Carrego os meus delírios cá comigo...
Quando estou decidido; tudo talhas,
Entalhados na brasa do perigo...
Não quero nem machados e nem sândalo,
Amores me fizeram, enfim, vândalo...
Cusparadas no rosto são promessas,
Hemorragias, vertem no meu ventre,
E vens, tão calmamente, com compressas.
Dane-se, nada quero que m’adentre...
Se são meros deslizes, são conversas.
Meus portais são marcados por: Não entre!
Não quero e nem permito que me ceifes.
O que me trazes cabe nos esquifes...
Víbora e cascavel, conheço bem...
Não trazes outra marca bem o sei.
No breu das velhas tocas, sem ninguém,
Conheço teu passado e tua lei.
Fingindo caridade, cadê? Sem...
Nas tuas ladainhas me acabei.
Prato escarrado, cuspo em quem cuspiu.
Mordaz, irei mordendo. Me esculpiu...
Retrato a realidade em que me deixas,
No basta, bastaria meus embates,
Não quero nem saber de tuas queixas,
Nem quero mais ouvir tais disparates.
Me finges ser esfinges, talvez gueixas.
Prometes novo canto, mas combates
Quem poderia, límpido, caber.
Me deixas; assim, lívido, porque?
Me enojo quando beijo tua boca,
O gosto podre emana quando ris.
Te fazes de sutil, mas te sei louca,
Não queres e nem deixas ser feliz.
Vomitas impropérios, és tão pouca,
Muito menos que pensas; nenhum triz.
Recebo o sopetão que não assusta,
És maquinal vergonha, mas vetusta...
Sofrível sentimento são teus gestos,
Na verdade, pareces bem comigo.
De malícias, delícias, já infestos.
Por isso reconheço tal perigo,
Nós dois, juntos, daremos aos incestos,
Um novo paladar e qualidade,
Seríamos espelhos, na verdade...
Em meus dedos, falanges e fraturas.
Tento tragar tentáculos e taras.
Nas mãos cansadas, noites escuras...
Vadeio vagamente, envergo varas
Iscadas em tais margens. Armaduras
São as minhas defesas, indefeso.
Crustáceo ameaçado no defeso...
Fracassei, quis demais, nada resume.
Não quero saber sempre, nem talvez.
Restou um gesto amargo; vou, estrume,
Onde pensara um dia, na altivez.
Procuro mansidão por onde aprume,
As mais diversas formas, tanto fez...
Não virgulo, decifro ângulos retos,
Por mais que se queira, são incompletos...
Vendi alma, nos verdes campos postos...
São clamores senis, são veros vagos,
Nervos e dentes, quebro-os. Impostos
Colocados sobre velhos estragos,
Não trazem nem sequer tosto-os;
Meus medos nadarão nos outros lagos.
Por certo, caridade nem demérito,
Demovem quem sonhou seu próprio féretro...
Nasci do mais decrépito dos medos,
Busquei nas madrugadas, meu sustento.
Não fui completo, simples arremedos,
De quem tentara tanto fosse tento...
Enganos, meus engodos, sempre ledos,
Palavras vão mais soltas, neste vento..
Sangrei cada momento sem desculpas,
Procuro por amores, tenho lupas...
Cimitarras; usei nestas batalhas,
Conta qualquer que fosse esse inimigo.
Vivendo, sobre lâminas-navalhas,
Carrego os meus delírios cá comigo...
Quando estou decidido; tudo talhas,
Entalhados na brasa do perigo...
Não quero nem machados e nem sândalo,
Amores me fizeram, enfim, vândalo...
Cusparadas no rosto são promessas,
Hemorragias, vertem no meu ventre,
E vens, tão calmamente, com compressas.
Dane-se, nada quero que m’adentre...
Se são meros deslizes, são conversas.
Meus portais são marcados por: Não entre!
Não quero e nem permito que me ceifes.
O que me trazes cabe nos esquifes...
Víbora e cascavel, conheço bem...
Não trazes outra marca bem o sei.
No breu das velhas tocas, sem ninguém,
Conheço teu passado e tua lei.
Fingindo caridade, cadê? Sem...
Nas tuas ladainhas me acabei.
Prato escarrado, cuspo em quem cuspiu.
Mordaz, irei mordendo. Me esculpiu...
Retrato a realidade em que me deixas,
No basta, bastaria meus embates,
Não quero nem saber de tuas queixas,
Nem quero mais ouvir tais disparates.
Me finges ser esfinges, talvez gueixas.
Prometes novo canto, mas combates
Quem poderia, límpido, caber.
Me deixas; assim, lívido, porque?
Me enojo quando beijo tua boca,
O gosto podre emana quando ris.
Te fazes de sutil, mas te sei louca,
Não queres e nem deixas ser feliz.
Vomitas impropérios, és tão pouca,
Muito menos que pensas; nenhum triz.
Recebo o sopetão que não assusta,
És maquinal vergonha, mas vetusta...
Sofrível sentimento são teus gestos,
Na verdade, pareces bem comigo.
De malícias, delícias, já infestos.
Por isso reconheço tal perigo,
Nós dois, juntos, daremos aos incestos,
Um novo paladar e qualidade,
Seríamos espelhos, na verdade...
06/10/2011
1
Desvenda tantas lendas no caminho
A sorte que buscara sem sucesso
E sei do quanto possa e recomeço
Vivendo cada passo mais mesquinho
Resumo a solidão quando me alinho
Tentando no final qualquer progresso
E tanto quanto eu quero ora confesso
E bebo da esperança o ledo vinho.
Redondamente a vida não traria
Sequer o quanto possa em fantasia
Marcando com terror o que não veio,
Somente a solidão se expressa quando
O verso noutro rumo destoando
Matando o quanto pude em devaneio.
2
O quanto eu te desejo sensual
Vagando noutro rumo intermitente
E sei do descaminho que oriente
O rústico cenário sempre igual,
A farpa penetrando em ritual
O verso se moldara ora inclemente
E o tanto quanto quis dita o demente
Cenário tantas vezes mais venal.
Arcando com meus erros sigo em após
Tentando adivinhar a dura foz
Sem ter qualquer proveito disto tudo,
Cerzindo com vigor a fantasia
Que nada neste rumo poderia
Enquanto com certeza me transmudo.
3
Acende em explosão cada pavio
E o vértice transforma em negação
A luta que se faça sempre em vão
Marcando com terror tal desvario,
E sei que simplesmente desafio
Sabendo da terrível dimensão
Afino sem saber diapasão
O tempo noutro enredo, ledo fio.
Acolho tão somente a mesma falsa
Palavra que talvez siga descalça
Vagando sem sentido em tal cenário,
O peso que pudera suportar
Não tendo noutro passo a desviar
O verso que se mostre solitário
1
Desvenda tantas lendas no caminho
A sorte que buscara sem sucesso
E sei do quanto possa e recomeço
Vivendo cada passo mais mesquinho
Resumo a solidão quando me alinho
Tentando no final qualquer progresso
E tanto quanto eu quero ora confesso
E bebo da esperança o ledo vinho.
Redondamente a vida não traria
Sequer o quanto possa em fantasia
Marcando com terror o que não veio,
Somente a solidão se expressa quando
O verso noutro rumo destoando
Matando o quanto pude em devaneio.
2
O quanto eu te desejo sensual
Vagando noutro rumo intermitente
E sei do descaminho que oriente
O rústico cenário sempre igual,
A farpa penetrando em ritual
O verso se moldara ora inclemente
E o tanto quanto quis dita o demente
Cenário tantas vezes mais venal.
Arcando com meus erros sigo em após
Tentando adivinhar a dura foz
Sem ter qualquer proveito disto tudo,
Cerzindo com vigor a fantasia
Que nada neste rumo poderia
Enquanto com certeza me transmudo.
3
Acende em explosão cada pavio
E o vértice transforma em negação
A luta que se faça sempre em vão
Marcando com terror tal desvario,
E sei que simplesmente desafio
Sabendo da terrível dimensão
Afino sem saber diapasão
O tempo noutro enredo, ledo fio.
Acolho tão somente a mesma falsa
Palavra que talvez siga descalça
Vagando sem sentido em tal cenário,
O peso que pudera suportar
Não tendo noutro passo a desviar
O verso que se mostre solitário
Nossa luta
Nossa luta, buscando liberdade,
Tantas vezes depara com vergonhas.
Muitas vezes, no campo e na cidade,
As desilusões surgem, são medonhas...
Quem dera se pudesse ser verdade,
O mundo bem melhor que tanto sonhas...
Um dia, talvez, nunca será tarde...
Poderá ser possível ver risonhas
As mesmas faces, hoje tão sofridas...
Sonhar um impossível sonho, crer!
Combustível maior de nossas vidas.
Juntos, todos, quem sabe eu e você,
Iremos dormir, camas repartidas,
Mas um só sonho, belo de viver!
Tantas vezes depara com vergonhas.
Muitas vezes, no campo e na cidade,
As desilusões surgem, são medonhas...
Quem dera se pudesse ser verdade,
O mundo bem melhor que tanto sonhas...
Um dia, talvez, nunca será tarde...
Poderá ser possível ver risonhas
As mesmas faces, hoje tão sofridas...
Sonhar um impossível sonho, crer!
Combustível maior de nossas vidas.
Juntos, todos, quem sabe eu e você,
Iremos dormir, camas repartidas,
Mas um só sonho, belo de viver!
Meu canto
Meu canto é socialista, sim senhor.
Não quero mais injustas possessões.
Quero o orgulho, poder viver amor,
Sem temer por quaisquer desilusões.
Somos iguais, dizia Nosso Senhor,
Tocando fundo em nossos corações...
Mas o homem, cruel em seu valor,
Traduziu os pecados em perdões...
Sou feliz, tenho tudo que sonhei,
Tenho nos olhos, brilho mais vontade.
Meu reino interior, nele sou rei...
Quero compartilhar felicidade,
Eu assumo, entretanto, o quanto errei...
Nos olhos dos meus filhos, a claridade!
Não quero mais injustas possessões.
Quero o orgulho, poder viver amor,
Sem temer por quaisquer desilusões.
Somos iguais, dizia Nosso Senhor,
Tocando fundo em nossos corações...
Mas o homem, cruel em seu valor,
Traduziu os pecados em perdões...
Sou feliz, tenho tudo que sonhei,
Tenho nos olhos, brilho mais vontade.
Meu reino interior, nele sou rei...
Quero compartilhar felicidade,
Eu assumo, entretanto, o quanto errei...
Nos olhos dos meus filhos, a claridade!
Está em nós, somente, a solução!
Tanta carnificina, tanta dor...
Por que ninguém atina para a paz?
Qual motivo, é tão justo, qual valor
Que mereça; me diga se é capaz!
Em qual Deus se baseia o matador?
Dilacerar crianças, satisfaz?
Tanta tortura, tanto desamor.
Qual a liberdade podridão traz?
Uma só raça, somos “sapiens”, homo.
Sapiens: desfigurada tradução...
Me pergunto o porque e, bem mais, como?
A terra dividida: É nosso o chão.
A cada novo crime, tudo somo,
Está em nós, somente, a solução!
Por que ninguém atina para a paz?
Qual motivo, é tão justo, qual valor
Que mereça; me diga se é capaz!
Em qual Deus se baseia o matador?
Dilacerar crianças, satisfaz?
Tanta tortura, tanto desamor.
Qual a liberdade podridão traz?
Uma só raça, somos “sapiens”, homo.
Sapiens: desfigurada tradução...
Me pergunto o porque e, bem mais, como?
A terra dividida: É nosso o chão.
A cada novo crime, tudo somo,
Está em nós, somente, a solução!
Toda delicadeza do perfume
Toda delicadeza do perfume
Que tua alma divina exala, amada,
Me remete aos jardins do Éden, lume
Das estrelas; clareia minha estrada...
Saborear magnífico de cada
Banquete que ofereces, num costume
Celestial, que tanto atrai, agrada
Ao paladar, aos olhos... Vaga-lume...
A minha fantasia transformada
Na mais bela mulher que Deus criou,
Mais fina porcelana, comtemplada
Por mãos mais delicadas; hoje sou
Tão somente um vazio, quase nada,
Sem ter-te, muito pouco me restou...
Te procuro, então, no sonho,
Nada tenho, nem o chão...
Me persegue, tão medonho,
Fantasma da solidão...
Que tua alma divina exala, amada,
Me remete aos jardins do Éden, lume
Das estrelas; clareia minha estrada...
Saborear magnífico de cada
Banquete que ofereces, num costume
Celestial, que tanto atrai, agrada
Ao paladar, aos olhos... Vaga-lume...
A minha fantasia transformada
Na mais bela mulher que Deus criou,
Mais fina porcelana, comtemplada
Por mãos mais delicadas; hoje sou
Tão somente um vazio, quase nada,
Sem ter-te, muito pouco me restou...
Te procuro, então, no sonho,
Nada tenho, nem o chão...
Me persegue, tão medonho,
Fantasma da solidão...
Uirapuru
Uirapuru cantou, lembrei de ti.
Meus olhos são problemas sem remédio.
Chorar não mais, irei longe daqui,
Trocar o sofrimento pelo tédio...
Rimei tantas palavras, me perdi.
Se cada movimento nesse prédio,
Me lembra solidão que não vivi,
Sendo franco, prefiro mais que assédio...
Não gosto do tumulto dessa rua,
Nem quero esse calor feito emboscada.
Eu te desejaria, toda nua,
Depois, que se danasse, quero nada...
Eu fecho a persiana, tapo a lua.
Não quero nem manhã nem madrugada...
Meus olhos são problemas sem remédio.
Chorar não mais, irei longe daqui,
Trocar o sofrimento pelo tédio...
Rimei tantas palavras, me perdi.
Se cada movimento nesse prédio,
Me lembra solidão que não vivi,
Sendo franco, prefiro mais que assédio...
Não gosto do tumulto dessa rua,
Nem quero esse calor feito emboscada.
Eu te desejaria, toda nua,
Depois, que se danasse, quero nada...
Eu fecho a persiana, tapo a lua.
Não quero nem manhã nem madrugada...
No vértice da vida
No vértice da vida, capotei,
A queda transformou-se num dilema;
Quem dera, nessa vida fosse rei.
Talvez não conhecesse mais problema...
Por certo; mil desejos sufoquei,
Não há, pois, quem a queda nunca tema,
Nem há quem não me diga que eu errei.
Mas, em cada tropeço, novo lema.
Em cada queda, vivo outra saída,
Lições aprendo, troco de estratégia.
Qual solução? A vida fosse régia
Talvez não seja a certa, a preferida.
Vivendo por viver, sem mais futuro
O amor, porto que sinto ora inseguro
A queda transformou-se num dilema;
Quem dera, nessa vida fosse rei.
Talvez não conhecesse mais problema...
Por certo; mil desejos sufoquei,
Não há, pois, quem a queda nunca tema,
Nem há quem não me diga que eu errei.
Mas, em cada tropeço, novo lema.
Em cada queda, vivo outra saída,
Lições aprendo, troco de estratégia.
Qual solução? A vida fosse régia
Talvez não seja a certa, a preferida.
Vivendo por viver, sem mais futuro
O amor, porto que sinto ora inseguro
SOLIDÃO
Melancolia bate em minha porta,
Solidão disfarçada em poesia.
Apenas um retrato me transporta,
Para a lembrança amada de Maria...
Bem sei que nada disso mais, importa;
Procuro por teu colo na cercania,
Mas cada vez que tento vejo, morta,
Já qualquer esperança d’outro dia...
Melancolia bate e nem respondo,
Mais quieto, adormecido, me reservo.
Amanhã; renascer, me recompondo,
Em várias fantasias, me conservo.
Meu mundo circulando vai, redondo,
No fim da noite, disso tudo, servo...
Solidão disfarçada em poesia.
Apenas um retrato me transporta,
Para a lembrança amada de Maria...
Bem sei que nada disso mais, importa;
Procuro por teu colo na cercania,
Mas cada vez que tento vejo, morta,
Já qualquer esperança d’outro dia...
Melancolia bate e nem respondo,
Mais quieto, adormecido, me reservo.
Amanhã; renascer, me recompondo,
Em várias fantasias, me conservo.
Meu mundo circulando vai, redondo,
No fim da noite, disso tudo, servo...
Nasci na batucada dessa vida
Nasci na batucada dessa vida,
Em pleno carnaval, sem esperanças.
A marca dum cigarro foi tingida,
A primeira e mais forte das lembranças...
Minha mãe, colombina noutra lida,
Fazia cada noite mais crianças.
Suas pernas abertas, foi tangida
Feito gado, nas danças, contradanças...
A velha prostituta enfim morreu,
Tuberculose escarra podridão.
Desses dez que pariu, sobreviveu
Um só moleque, feito solidão,
Minha sorte vadia, feito meu.
É que inda vou cuspir nesse teu chão.
Em pleno carnaval, sem esperanças.
A marca dum cigarro foi tingida,
A primeira e mais forte das lembranças...
Minha mãe, colombina noutra lida,
Fazia cada noite mais crianças.
Suas pernas abertas, foi tangida
Feito gado, nas danças, contradanças...
A velha prostituta enfim morreu,
Tuberculose escarra podridão.
Desses dez que pariu, sobreviveu
Um só moleque, feito solidão,
Minha sorte vadia, feito meu.
É que inda vou cuspir nesse teu chão.
Bêbado da saudade
Bêbado da saudade de Maria,
Vou fechando boteco após boteco.
Noite raia, clareia novo dia,
Os meus passos trocando, paro, breco.
Saberei do conhaque, tanta orgia,
Meus suores e lágrimas, eu seco.
Eu confundo verdade e fantasia,
Nem deu tempo: saí com meu jaleco.
O meu nome estampado, qual crachá,
Denuncia que estou de sobreaviso.
Dane-se, quem irá se preocupar?
Pelas escadas, caio, vou, deslizo;
Pior, essa cachaça é d’amargar!
Morrer agora é tudo que eu preciso!
Vou fechando boteco após boteco.
Noite raia, clareia novo dia,
Os meus passos trocando, paro, breco.
Saberei do conhaque, tanta orgia,
Meus suores e lágrimas, eu seco.
Eu confundo verdade e fantasia,
Nem deu tempo: saí com meu jaleco.
O meu nome estampado, qual crachá,
Denuncia que estou de sobreaviso.
Dane-se, quem irá se preocupar?
Pelas escadas, caio, vou, deslizo;
Pior, essa cachaça é d’amargar!
Morrer agora é tudo que eu preciso!
MINHA ALEGRIA
Minha alegria é faca, corta fundo.
Dilacera qualquer que tenha medo.
Vagueando, penetra todo o mundo,
Na ponta dessa faca, meu segredo.
Nas marés cheias, enche tudo, inundo...
Faca foi amolada, no degredo.
Temperada a coragem, vagabundo,
Nas tardias da vida, cortou cedo.
Faca vadia, trava guerra à toa.
Embarca na arapuca preparada
Por essas mãos, as mesmas, que canoa
Fizeram virar, tomba marejada.
Inda por cima, fala: faca boa!
Minha alegria, faca enferrujada...
Dilacera qualquer que tenha medo.
Vagueando, penetra todo o mundo,
Na ponta dessa faca, meu segredo.
Nas marés cheias, enche tudo, inundo...
Faca foi amolada, no degredo.
Temperada a coragem, vagabundo,
Nas tardias da vida, cortou cedo.
Faca vadia, trava guerra à toa.
Embarca na arapuca preparada
Por essas mãos, as mesmas, que canoa
Fizeram virar, tomba marejada.
Inda por cima, fala: faca boa!
Minha alegria, faca enferrujada...
De tanto amor nessa vida
De tanto amor nessa vida,
Eu a levo endividada.
Vou fazer a despedida,
Já cansei da minha amada!
Eu a levo endividada.
Vou fazer a despedida,
Já cansei da minha amada!
Lá na casa que eu morava
Lá na casa que eu morava,
Dizem que é mal assombrada.
Mas era eu quem chorava,
Só por você minha amada...
Dizem que é mal assombrada.
Mas era eu quem chorava,
Só por você minha amada...
Mulher ficando nervosa
Mulher ficando nervosa,
Entra muda e sai calada.
Mas feliz, fica bem prosa,
Fala pra mim, minha amada...
Entra muda e sai calada.
Mas feliz, fica bem prosa,
Fala pra mim, minha amada...
Mas foi tanto contratempo
Trabalhei por tanto tempo,
Cavoucando com enxada.
Mas foi tanto contratempo,
Onde “plantei” minha amada?
Cavoucando com enxada.
Mas foi tanto contratempo,
Onde “plantei” minha amada?
MINHA FADA
Com varinha de condão,
Eu encontrei minha fada.
Só me restou ilusão,
Encantar a minha amada...
Eu encontrei minha fada.
Só me restou ilusão,
Encantar a minha amada...
Eu tentei cantar um hino
Eu tentei cantar um hino,
Vitrola tá enguiçada.
Quem me dera ser menino,
Para cantar minha amada...
Vitrola tá enguiçada.
Quem me dera ser menino,
Para cantar minha amada...
Te procurei num castelo
Te procurei num castelo,
E não passei da fachada.
Todo dia, então, eu velo,
Na busca da minha amada...
E não passei da fachada.
Todo dia, então, eu velo,
Na busca da minha amada...
Feira
Feira boa é a que tem,
Muita coisa variada.
Só não encontro meu bem,
Onde estás, ó minha amada?
Muita coisa variada.
Só não encontro meu bem,
Onde estás, ó minha amada?
Errei demais
Errei demais, eu sei bem,
Minha vida é toda errada.
Sem você não sou ninguém,
Me desculpe, minha amada...
Minha vida é toda errada.
Sem você não sou ninguém,
Me desculpe, minha amada...
Dançando xote e baião
Dançando xote e baião,
Danço até uma lambada.
Só não danço solidão,
Peço perdão, minha amada...
Danço até uma lambada.
Só não danço solidão,
Peço perdão, minha amada...
Chora cavaco chorão
Chora cavaco chorão,
A noite vai embalada.
Vai chorando o coração,
Lágrimas de minha amada...
A noite vai embalada.
Vai chorando o coração,
Lágrimas de minha amada...
Eu sofri tanto
Eu sofri tanto, bem sei,
A vida me deu esporada.
Aqui, ao menos sou rei,
No reino da minha amada...
A vida me deu esporada.
Aqui, ao menos sou rei,
No reino da minha amada...
No circo triste da vida
No circo triste da vida,
Eu perdi a minha entrada.
Só encontrei despedida,
Só me restou minha amada...
Eu perdi a minha entrada.
Só encontrei despedida,
Só me restou minha amada...
Na vida perdi o freio
Na vida perdi o freio,
Capotei numa guinada.
A vida me pôs arreio,
Nas pernas da minha amada...
Capotei numa guinada.
A vida me pôs arreio,
Nas pernas da minha amada...
Toda essa reza
Toda essa reza que eu rezo,
Na Igreja ou na orada.
Tudo que eu deveras prezo,
Encontro na minha amada...
Na Igreja ou na orada.
Tudo que eu deveras prezo,
Encontro na minha amada...
Da chuva eu sou só um pingo
Da chuva eu sou só um pingo,
Mas você quer trovoada.
Quando choro, esse respingo,
Vai molhar a minha amada...
Mas você quer trovoada.
Quando choro, esse respingo,
Vai molhar a minha amada...
TRUCE?
Quando cheguei lá de Minas,
“Truce” queijo e até coalhada.
“Truce” coisas tão divinas,
Só num “truce” minha amada...
“Truce” queijo e até coalhada.
“Truce” coisas tão divinas,
Só num “truce” minha amada...
FORRÓ
Cantor que canta forró,
Cantando xote e embolada;
Nada no mundo é melhor,
Que os braços da minha amada...
Cantando xote e embolada;
Nada no mundo é melhor,
Que os braços da minha amada...
Canto cantiga de roda
Canto cantiga de roda,
Samba, bolero e toada.
Planta crescendo na poda,
Quero colher minha amada...
Samba, bolero e toada.
Planta crescendo na poda,
Quero colher minha amada...
É de Deus a escolhida
É de Deus a escolhida,
Foi, por ele, abençoada.
Nunca mais quero outra vida,
Nos seios da minha amada...
Foi, por ele, abençoada.
Nunca mais quero outra vida,
Nos seios da minha amada...
As ancas da minha amada...
Vaso duro não se quebra,
Nem fica a casca arranhada;
Tão lindas, quando requebra,
As ancas da minha amada...
Nem fica a casca arranhada;
Tão lindas, quando requebra,
As ancas da minha amada...
Serpenteia minha sorte
Serpenteia minha sorte,
A vida é carta marcada.
Jogo pesado, de porte,
Aposto na minha amada...
A vida é carta marcada.
Jogo pesado, de porte,
Aposto na minha amada...
Delas fiz uma salada
Tanta verdura gostosa,
Delas fiz uma salada.
Vida vai maravilhosa,
Nos beijos da minha amada...
Delas fiz uma salada.
Vida vai maravilhosa,
Nos beijos da minha amada...
O que presta nessa vida
O que presta nessa vida,
Nunca foi coisa comprada;
Minha alegria perdida,
Encontrei na minha amada...
Nunca foi coisa comprada;
Minha alegria perdida,
Encontrei na minha amada...
Nos lábios da minha amada...
No sertão cantando primas,
Tem viola enluarada;
Encontrei todas as rimas,
Nos lábios da minha amada...
Tem viola enluarada;
Encontrei todas as rimas,
Nos lábios da minha amada...
Diamante traz riqueza
Diamante traz riqueza,
Jóia muito procurada;
Mas muito maior beleza,
Nos olhos da minha amada...
Jóia muito procurada;
Mas muito maior beleza,
Nos olhos da minha amada...
A safira dest’anel
A safira dest’anel,
Aonde foi encontrada?
Olhei pra terra e pro céu,
Encontrei a minha amada...
Aonde foi encontrada?
Olhei pra terra e pro céu,
Encontrei a minha amada...
Pedra faz onda no rio
Pedra faz onda no rio,
Depois de ter sido lançada;
Vou vivendo o desafio
De ondear minha amada...
Depois de ter sido lançada;
Vou vivendo o desafio
De ondear minha amada...
A moça bonita dança
A moça bonita dança.
Moça da saia rodada;
Coração traz esperança,
Da dança da minha amada...
Moça da saia rodada;
Coração traz esperança,
Da dança da minha amada...
Amor me pegou de banda
Amor me pegou de banda,
Escondido, de empreitada;
Lua daqui, de Luanda,
Traz para mim, minha amada...
Escondido, de empreitada;
Lua daqui, de Luanda,
Traz para mim, minha amada...
Lavei meus olhos tristonhos
Lavei meus olhos tristonhos,
Na poça d’água parada.
Vou sonhar todos os sonhos,
Até sonhar minha amada...
Na poça d’água parada.
Vou sonhar todos os sonhos,
Até sonhar minha amada...
Tanta maldade
Tanta maldade na terra,
Voa então, minha alma alada,
Sobe morro, desce serra,
Procurando a minha amada...
Voa então, minha alma alada,
Sobe morro, desce serra,
Procurando a minha amada...
Estar co’alma lavada
Quero poder noutro dia,
Estar co’alma lavada.
Oh! Meu Deus, como eu queria,
Saber de ti, minha amada!
Estar co’alma lavada.
Oh! Meu Deus, como eu queria,
Saber de ti, minha amada!
Não quero nem mais viver
Não quero nem mais viver,
Vida vai descontrolada.
Procurando, por você,
Sem encontrar; minha amada...
Vida vai descontrolada.
Procurando, por você,
Sem encontrar; minha amada...
Toda fumaça que eu trago
Toda fumaça que eu trago,
Vai subindo espiralada.
No pulmão faz tanto estrago,
Volta pra mim, minha amada!
Vai subindo espiralada.
No pulmão faz tanto estrago,
Volta pra mim, minha amada!
Vento ventou no telhado
Vento ventou no telhado,
Chuva caiu na calçada.
Triste sina, triste fado,
Procuro por minha amada...
Chuva caiu na calçada.
Triste sina, triste fado,
Procuro por minha amada...
Vergalhão cortou bem fundo
Vergalhão cortou bem fundo,
Sangria desesperada;
Quer dor maior nesse mundo?
Distância de minha amada...
Sangria desesperada;
Quer dor maior nesse mundo?
Distância de minha amada...
Eu nem sei de valentia
Eu nem sei de valentia,
Nem quero cair da escada;
Seja noite ou seja dia,
Eu só quero minha amada...
Nem quero cair da escada;
Seja noite ou seja dia,
Eu só quero minha amada...
Menina quero teu colo
Menina quero teu colo,
Deixa de ser tão levada;
Vou te deitar neste solo,
Te fazer a minha amada...
Deixa de ser tão levada;
Vou te deitar neste solo,
Te fazer a minha amada...
Trago meu peito cansado
Trago meu peito cansado,
Minha mão, no peito, atada...
Peito bate des’perado,
Saudades da minha amada...
Minha mão, no peito, atada...
Peito bate des’perado,
Saudades da minha amada...
Na curva dessa saudade
Na curva dessa saudade,
Capotei, curva danada...
Vou viver felicidade,
Nas curvas da minha amada...
Capotei, curva danada...
Vou viver felicidade,
Nas curvas da minha amada...
Não sei falar mais de dor
Não sei falar mais de dor,
Caminho sempre n’estrada,
Estrada do meu amor,
Estrada da minha amada...
Caminho sempre n’estrada,
Estrada do meu amor,
Estrada da minha amada...
Esperando minha amada
Silencio sobre tudo,
Não quero falar mais nada...
Vou calado, sigo mudo,
Esperando minha amada...
Não quero falar mais nada...
Vou calado, sigo mudo,
Esperando minha amada...
Um canto na madrugada
Um canto na madrugada,
Traz um gosto de tristeza...
Saudade da minha amada,
Levito nessa incerteza
Traz um gosto de tristeza...
Saudade da minha amada,
Levito nessa incerteza
Eu não te quero
Eu não te quero, apenas te desejo,
Na minha solidão, guardo teu beijo.
Um retrato deixado na parede...
Tantas vezes sonhei, mas nem recordo,
Apenas navegar, contigo a bordo.
A garrafa demonstra minha sede...
Eu já não mais anseio, nem quero ter,
Tanto me faz ganhar ou te perder.
Quem sabe, poderei me libertar.
Cada momento segue sem depois,
Não quero mais teus beijos, um ou dois.
Talvez Deus permitisse, enfim sonhar...
Na minha solidão, guardo teu beijo.
Um retrato deixado na parede...
Tantas vezes sonhei, mas nem recordo,
Apenas navegar, contigo a bordo.
A garrafa demonstra minha sede...
Eu já não mais anseio, nem quero ter,
Tanto me faz ganhar ou te perder.
Quem sabe, poderei me libertar.
Cada momento segue sem depois,
Não quero mais teus beijos, um ou dois.
Talvez Deus permitisse, enfim sonhar...
Amor que me traz saudade
Amor que me traz saudade;
Isso digo, e ponho fé,
é doce coceira que arde,
Parece bicho de pé...
Isso digo, e ponho fé,
é doce coceira que arde,
Parece bicho de pé...
As marcas do meu passado
As marcas do meu passado,
Ficaram no que vivi;
Meu amor foi encontrado,
Jogado no CTI...
Ficaram no que vivi;
Meu amor foi encontrado,
Jogado no CTI...
Sei o gosto da tristeza
Sei o gosto da tristeza,
Agostos quase setembro;
Maria foi a beleza,
Mas no fundo nem me lembro
Agostos quase setembro;
Maria foi a beleza,
Mas no fundo nem me lembro
Na viola canto primas
Na viola canto primas,
Minhas primas, vou cantar;
Vou brincando com as rimas,
‘Té o tio reclamar!
Minhas primas, vou cantar;
Vou brincando com as rimas,
‘Té o tio reclamar!
No cantar duma graúna
No cantar duma graúna,
Encontrei meu bem querer;
É forte como braúna,
O meu amor é você!
Encontrei meu bem querer;
É forte como braúna,
O meu amor é você!
Meu amor aqui tão só
Meu amor aqui tão só,
Espero por teu carinho;
Canta triste curió,
Tenta fazer o seu ninho...
Espero por teu carinho;
Canta triste curió,
Tenta fazer o seu ninho...
Meu amor
Meu amor não tem segredo,
Nem precisa de recado;
Com você perco meu medo,
Coração descompassado...
Nem precisa de recado;
Com você perco meu medo,
Coração descompassado...
Quando nasceste
Quando nasceste, Ritinha,
Toda terra festejou;
Relampeou, de noitinha,
Até Deus comemorou!
Toda terra festejou;
Relampeou, de noitinha,
Até Deus comemorou!
A lua que brilha aqui
A lua que brilha aqui,
Não é a mesma de lá;
Pois na terra onde nasci,
Rouba luz do teu olhar...
Não é a mesma de lá;
Pois na terra onde nasci,
Rouba luz do teu olhar...
Não sou mais que cercania
Não sou mais que cercania,
Quem me dera ser divisa;
Não consigo ver o dia,
Quero sentir doce brisa...
Quem me dera ser divisa;
Não consigo ver o dia,
Quero sentir doce brisa...
Aninha, quando menina
Aninha, quando menina,
Andava sempre fagueira;
Tentava dobrar esquina,
Banho de sol? Na fogueira...
Andava sempre fagueira;
Tentava dobrar esquina,
Banho de sol? Na fogueira...
COMPADE
O que quero sei de cor,
Mas não sei se isso é verdade;
A catinga da Loló,
Apaixonou o compade...
Mas não sei se isso é verdade;
A catinga da Loló,
Apaixonou o compade...
Vi meu barco na calçada
Vi meu barco na calçada,
O meu carro foi pro mar;
A minha mulher amada,
Vive escondida ao luar...
O meu carro foi pro mar;
A minha mulher amada,
Vive escondida ao luar...
RETORNO
Num momento infeliz tu me disseste,
Que poderia até, de mim, gostar.
Achei, por um segundo, ser um teste,
Não cria ser possível. Me enganar!
Por horas, dias, meses, sul e leste,
Em todos os lugares; só pensar
Nisso... Hoje percebi que o que fizeste
Fora somente chiste. Devagar,
A vida transformada em maravilhas,
Sonhando sem, ao menos, ter mais medo...
Voando sem ter asas, novas trilhas...
Conhecer, sentir, todo esse segredo!
Naufragar nas mais belas dessas ilhas...
Agora sei, retorno ao meu degredo...
Que poderia até, de mim, gostar.
Achei, por um segundo, ser um teste,
Não cria ser possível. Me enganar!
Por horas, dias, meses, sul e leste,
Em todos os lugares; só pensar
Nisso... Hoje percebi que o que fizeste
Fora somente chiste. Devagar,
A vida transformada em maravilhas,
Sonhando sem, ao menos, ter mais medo...
Voando sem ter asas, novas trilhas...
Conhecer, sentir, todo esse segredo!
Naufragar nas mais belas dessas ilhas...
Agora sei, retorno ao meu degredo...
PARADOXO
A podridão do corpo começara,
Sentira o gosto azedo, fecalóide,
As mãos se decompunham, já notara.
Do cérebro porções dum alcalóide
Esparramavam pelo chão... U’a vara,
Logo atravessaria seu mastóide,
Deixando à mostra tudo que almoçara.
Sentia-se zumbi, talvez andróide.
Mas nada de chegar a morte santa,
Redentora de tanto sofrimento.
A cabeça rodando, se levanta;
Cai em seguida. Pútrido, seu mento
Abrira tantas fendas... Ele canta
Incrivelmente, goza co’o tormento!
Sentira o gosto azedo, fecalóide,
As mãos se decompunham, já notara.
Do cérebro porções dum alcalóide
Esparramavam pelo chão... U’a vara,
Logo atravessaria seu mastóide,
Deixando à mostra tudo que almoçara.
Sentia-se zumbi, talvez andróide.
Mas nada de chegar a morte santa,
Redentora de tanto sofrimento.
A cabeça rodando, se levanta;
Cai em seguida. Pútrido, seu mento
Abrira tantas fendas... Ele canta
Incrivelmente, goza co’o tormento!
ESTRADA
Estrada empoeirada, tão distante,
Seguindo sempre a esmo, sem chegada.
O rumo que procuro: p’ra adiante,
Para onde irei, nem quero saber nada...
No passado pensei que era gigante,
Mas a vida mostrou como era errada
E cega essa visão toda embaçada.
Percebi, sei que tarde: ela é mutante...
Não quero mais ninguém a minha espera,
Nem pai, nem mãe, amores, sina fado...
As curvas dessa estrada, torpe fera...
Sem ter ninguém nem nada, des’perado...
Coração deu lugar: uma cratera,
Sem teu amor, morrer; rumo traçado!
Seguindo sempre a esmo, sem chegada.
O rumo que procuro: p’ra adiante,
Para onde irei, nem quero saber nada...
No passado pensei que era gigante,
Mas a vida mostrou como era errada
E cega essa visão toda embaçada.
Percebi, sei que tarde: ela é mutante...
Não quero mais ninguém a minha espera,
Nem pai, nem mãe, amores, sina fado...
As curvas dessa estrada, torpe fera...
Sem ter ninguém nem nada, des’perado...
Coração deu lugar: uma cratera,
Sem teu amor, morrer; rumo traçado!
MEU REINO POR UM...
Logo que chegas, vindo de onde vens,
Procuras ao entrar, a fechadura...
A chave introduzindo... Parabéns!
Acertaste sim, mesmo noite escura
Não impediu tal glória! Sei que tens
A mansidão divina da brandura...
Mas, irado, ferido nos teus bens
Ou no brio feroz, tal armadura
Demonstra tua raiva sem sentido!
O que fora brandura se transforma,
A mansidão, deixaste pelo olvido...
Com tanta estupidez, de bruta forma,
Tu tentas penetrar, estás perdido,
Pois logo, sem porque, tudo deforma...
Aquele “bravo” sujeito,
Mais calmo, fica besteiro...
Diz, lá no fundo do peito:
Meu reino por um chaveiro!
Procuras ao entrar, a fechadura...
A chave introduzindo... Parabéns!
Acertaste sim, mesmo noite escura
Não impediu tal glória! Sei que tens
A mansidão divina da brandura...
Mas, irado, ferido nos teus bens
Ou no brio feroz, tal armadura
Demonstra tua raiva sem sentido!
O que fora brandura se transforma,
A mansidão, deixaste pelo olvido...
Com tanta estupidez, de bruta forma,
Tu tentas penetrar, estás perdido,
Pois logo, sem porque, tudo deforma...
Aquele “bravo” sujeito,
Mais calmo, fica besteiro...
Diz, lá no fundo do peito:
Meu reino por um chaveiro!
VASSOURA...
Quando chegas na casa abandonada,
Sem ter ninguém, por muito tempo, triste.
Percebes ao chegar, logo n’entrada,
Que nada mais cruel no mundo existe...
Da porta vês a sala empoeirada,
Nos quartos; só sujeira é que resiste.
Sozinha; neste canto, desprezada,
Sou lembrada enfim, cedo tu me viste...
Então, começarás limpar sujeira,
Esfregas, sem ter pena, todo o chão,
Empapuças-me, toda na poeira...
Depois, serei jogada num galpão,
Triste sina essa minha, a vida inteira,
Sou fiel companheira, mas em vão...
Vou deitar-me na despensa,
A minha sina é tão torta,
Se a visita não compensa,
Aí vou pra trás da porta...
Sem ter ninguém, por muito tempo, triste.
Percebes ao chegar, logo n’entrada,
Que nada mais cruel no mundo existe...
Da porta vês a sala empoeirada,
Nos quartos; só sujeira é que resiste.
Sozinha; neste canto, desprezada,
Sou lembrada enfim, cedo tu me viste...
Então, começarás limpar sujeira,
Esfregas, sem ter pena, todo o chão,
Empapuças-me, toda na poeira...
Depois, serei jogada num galpão,
Triste sina essa minha, a vida inteira,
Sou fiel companheira, mas em vão...
Vou deitar-me na despensa,
A minha sina é tão torta,
Se a visita não compensa,
Aí vou pra trás da porta...
CANSADO VIAJANTE
Quando tu vens, cansado viajante,
Dessas tuas longínquas caminhadas,
Atravessando rota fatigante,
Sob o sol escaldante nas estradas...
Muitas vezes, sedento e radiante,
As notícias virão emocionadas,
Ou mesmo em tais momentos, inconstante,
Nos rapa-pés das gentes educadas...
Num primeiro momento sou lembrada,
Pouco tempo depois, virei poeira,
Depois ninguém mais pensa, não sou nada...
Desprezada num canto, a companheira,
Que tanto te servira mas, quebrada,
Ó vingança cruel dessa cadeira!
Te levo ao chão, de primeira,
Tua nobreza s’afunda,
Quando cais de mim, cadeira,
De novo rachas, a bunda...
Dessas tuas longínquas caminhadas,
Atravessando rota fatigante,
Sob o sol escaldante nas estradas...
Muitas vezes, sedento e radiante,
As notícias virão emocionadas,
Ou mesmo em tais momentos, inconstante,
Nos rapa-pés das gentes educadas...
Num primeiro momento sou lembrada,
Pouco tempo depois, virei poeira,
Depois ninguém mais pensa, não sou nada...
Desprezada num canto, a companheira,
Que tanto te servira mas, quebrada,
Ó vingança cruel dessa cadeira!
Te levo ao chão, de primeira,
Tua nobreza s’afunda,
Quando cais de mim, cadeira,
De novo rachas, a bunda...
A GOTEIRA
Uma gota feroz no meu telhado,
Pingando sem parar; horas adentro...
Estou ficando até desesperado,
Como posso pensar, como concentro?
Queria te falar apaixonado,
Mas como? Essa goteira bem no centro,
Batuca no seu ritmo desgraçado,
Penso que, na cabeça bate dentro...
Tumtum não pára nunca de bater.
Tumtuneia não cansa; a noite inteira...
Eu tento, não consigo reverter.
Minha amada, te juro; é verdadeira,
Essa emoção que quero transcrever:
Odeia poesia essa goteira!
Então perdoa querida,
Por favor, não leve a mal,
Dess’amor nem Deus duvida,
Sem ele passo até mal...
Teu amor é minha vida,
Eta goteira infernal!
Pingando sem parar; horas adentro...
Estou ficando até desesperado,
Como posso pensar, como concentro?
Queria te falar apaixonado,
Mas como? Essa goteira bem no centro,
Batuca no seu ritmo desgraçado,
Penso que, na cabeça bate dentro...
Tumtum não pára nunca de bater.
Tumtuneia não cansa; a noite inteira...
Eu tento, não consigo reverter.
Minha amada, te juro; é verdadeira,
Essa emoção que quero transcrever:
Odeia poesia essa goteira!
Então perdoa querida,
Por favor, não leve a mal,
Dess’amor nem Deus duvida,
Sem ele passo até mal...
Teu amor é minha vida,
Eta goteira infernal!
PARA MEU FILHO
Dimitri, filho amado, na pureza
De teus olhos, espero pela glória!
Caminhando tropeças em beleza
Teus passos, transformaram minha história...
Teu velho pai, tristonho na certeza
De saber que jamais, pobre memória,
Teria a paz, inquieta natureza...
Vê agora a, outonal, vida simplória...
Meus versos; um pedido: foram vãos,
Os dias que vaguei sem cabimento,
Vagando tempestades e lamento,
Sentindo sem saber o sofrimento,
As carícias trocaram-se de mãos:
A ti peço perdão e a teus irmãos...
De teus olhos, espero pela glória!
Caminhando tropeças em beleza
Teus passos, transformaram minha história...
Teu velho pai, tristonho na certeza
De saber que jamais, pobre memória,
Teria a paz, inquieta natureza...
Vê agora a, outonal, vida simplória...
Meus versos; um pedido: foram vãos,
Os dias que vaguei sem cabimento,
Vagando tempestades e lamento,
Sentindo sem saber o sofrimento,
As carícias trocaram-se de mãos:
A ti peço perdão e a teus irmãos...
Se eu falar de saudade
Se eu falar de saudade, diga nada,
É simplesmente verso sem sentido,
Amando vou levando, de empreitada,
O tempo que jamais achei perdido.
Das horas nem por ora faço caso,
Em meio a tantas farsas, em me embraso...
Sem fleugma, sem vergonha, mentiroso,
Invento dores, falsas cãs atéias.
Meu mundo nem sequer é sulfuroso,
Não tive nem rainhas nem plebéias,
Sou resto, rimo sempre por rimar,
Nem tenho céu, quiçá terei luar...
No jogo da permuta me lasquei,
Troquei não ser feliz por fantasia,
Confesso então, vadio já pequei,
Nem esperei sequer raiar o dia,
Montei no meu cavalo e fui embora,
Não soube nem talvez irei agora.
Quem sabe, na manhã que vai nascer,
Eu possa, simplesmente ser feliz,
Procuro em toda moça por você,
Cadê? Onde andará a minha miss...
Então por não saber dessa Maria,
Desconto na cachaça – poesia!
É simplesmente verso sem sentido,
Amando vou levando, de empreitada,
O tempo que jamais achei perdido.
Das horas nem por ora faço caso,
Em meio a tantas farsas, em me embraso...
Sem fleugma, sem vergonha, mentiroso,
Invento dores, falsas cãs atéias.
Meu mundo nem sequer é sulfuroso,
Não tive nem rainhas nem plebéias,
Sou resto, rimo sempre por rimar,
Nem tenho céu, quiçá terei luar...
No jogo da permuta me lasquei,
Troquei não ser feliz por fantasia,
Confesso então, vadio já pequei,
Nem esperei sequer raiar o dia,
Montei no meu cavalo e fui embora,
Não soube nem talvez irei agora.
Quem sabe, na manhã que vai nascer,
Eu possa, simplesmente ser feliz,
Procuro em toda moça por você,
Cadê? Onde andará a minha miss...
Então por não saber dessa Maria,
Desconto na cachaça – poesia!
Dos amores que tive
Dos amores que tive, e foram tantos,
Das mulheres que em sonhos concebi,
Meus dedos, nas carícias, nunca santos,
Tantos planos, enganos, que vivi...
Foram peças cruéis do meu destino,
Matando aos poucos, sonhos de menino...
Nas mais diversas camas, chama ardeu...
Nas mais divinas bocas, naufraguei,
Embora tanta glória se perdeu,
Julgava, tolamente, fosse rei...
Percebo, na tardinha dessa vida,
Que em cada encontro, havia despedida...
Silenciar feroz dessa existência,
A noite s’aproxima, vem inteira,
Procuro noutros braços por clemência,
Encontro a solidão por companheira,
Não quero mais sentir esse bafio,
Nem quero mais lutar, nem desafio.
De todas essas fêmeas tão ingratas,
As almas gêmeas foram simples mito,
A voz cansada, tantas serenatas,
Nem pretendo sonhar, digo e repito.
As tive todas, ‘té de santo véu,
Somente a poesia foi fiel!
Das mulheres que em sonhos concebi,
Meus dedos, nas carícias, nunca santos,
Tantos planos, enganos, que vivi...
Foram peças cruéis do meu destino,
Matando aos poucos, sonhos de menino...
Nas mais diversas camas, chama ardeu...
Nas mais divinas bocas, naufraguei,
Embora tanta glória se perdeu,
Julgava, tolamente, fosse rei...
Percebo, na tardinha dessa vida,
Que em cada encontro, havia despedida...
Silenciar feroz dessa existência,
A noite s’aproxima, vem inteira,
Procuro noutros braços por clemência,
Encontro a solidão por companheira,
Não quero mais sentir esse bafio,
Nem quero mais lutar, nem desafio.
De todas essas fêmeas tão ingratas,
As almas gêmeas foram simples mito,
A voz cansada, tantas serenatas,
Nem pretendo sonhar, digo e repito.
As tive todas, ‘té de santo véu,
Somente a poesia foi fiel!
OS ÓI DA SODADE
Trago os ói de sodade machucado,
Da tristeza d’amô que me dexô,
Pulo céu avoando, fais riscado,
Num curisco carregadim de dô,
Apois bem, se calô disisperado
No sertão, tanta tráia já levô,
Meus amô trupicando ansim de lado,
É pruque marvadeza carregô!
Coração, no meu peito, faiz vexame,
Bateno, sem compasso, sem medida,
Dotô, num necessita nem exame,
Do jeitim que esse cabra feiz da vida,
Num tem nada que sente nem reclame,
Amô discompassô sua batida...
Da tristeza d’amô que me dexô,
Pulo céu avoando, fais riscado,
Num curisco carregadim de dô,
Apois bem, se calô disisperado
No sertão, tanta tráia já levô,
Meus amô trupicando ansim de lado,
É pruque marvadeza carregô!
Coração, no meu peito, faiz vexame,
Bateno, sem compasso, sem medida,
Dotô, num necessita nem exame,
Do jeitim que esse cabra feiz da vida,
Num tem nada que sente nem reclame,
Amô discompassô sua batida...
me faça mulher
me faça mulher
Seus lábios encontrem os meus,
Nossas linguas se descobrindo
brincando de vai-e-vem
troca de desejos, de sentidos.
Sua boca sedente desçendo sobre
minha nuca no sentido abaixo
à procura dos meus seios que agora,
desejosos latentes da tua sede.
Voce me toca me assanha
me descobre me envolve
me alisa, [me retorço serpente]
em tua lingua em tua boca, em voce.
Não mais me aguento,
e te digo: [baixinho]
ai... me faça mulher!
Gisely Machado
Delírios entre incêndios do desejo,
Os corpos desnudados pedem mais
Traçando os mais diversos vendavais
Num ápice um momento ora prevejo,
Das lavas escorrendo furiosas
Gerando esse rocio contumaz,
A fome que jamais se satisfaz
Viagens no infinito enquanto gozas,
Explorações em rotas mais diversas
Expedições divinas, corriqueiras,
E sei do quanto eu quero e também queiras
Caminhos consonantes que ora versas,
Vagando sem temor, num fogaréu,
Trazendo para a Terra, o próprio Céu.
Seus lábios encontrem os meus,
Nossas linguas se descobrindo
brincando de vai-e-vem
troca de desejos, de sentidos.
Sua boca sedente desçendo sobre
minha nuca no sentido abaixo
à procura dos meus seios que agora,
desejosos latentes da tua sede.
Voce me toca me assanha
me descobre me envolve
me alisa, [me retorço serpente]
em tua lingua em tua boca, em voce.
Não mais me aguento,
e te digo: [baixinho]
ai... me faça mulher!
Gisely Machado
Delírios entre incêndios do desejo,
Os corpos desnudados pedem mais
Traçando os mais diversos vendavais
Num ápice um momento ora prevejo,
Das lavas escorrendo furiosas
Gerando esse rocio contumaz,
A fome que jamais se satisfaz
Viagens no infinito enquanto gozas,
Explorações em rotas mais diversas
Expedições divinas, corriqueiras,
E sei do quanto eu quero e também queiras
Caminhos consonantes que ora versas,
Vagando sem temor, num fogaréu,
Trazendo para a Terra, o próprio Céu.
quarta-feira, 5 de outubro de 2011
A minha poesia me sustenta
A minha poesia me sustenta,
Do que mais necessito p’ra viver,
Quando busco dessa água, alma sedenta,
Sacia sua sede de saber,
Na fonte maviosa e cristalina
Que só na poesia surge, mina...
Quanto mais vou faminto, mais preciso,
Desse maravilhoso, bel repasto,
É pão... dessa ambrosia eu como e biso,
Afastando o temor, cruel, nefasto...
De sentir, madrugada afora, fome,
Poesia-banquete me consome...
Ar que respiro, base para a vida,
Sem ela, poesia, me sufoco.
Força mantenedora, minha lida,
Nos meus versos, amores eu estoco...
Eu pergunto-te então, como seria,
Se não houvesse enfim, a poesia...
Do que mais necessito p’ra viver,
Quando busco dessa água, alma sedenta,
Sacia sua sede de saber,
Na fonte maviosa e cristalina
Que só na poesia surge, mina...
Quanto mais vou faminto, mais preciso,
Desse maravilhoso, bel repasto,
É pão... dessa ambrosia eu como e biso,
Afastando o temor, cruel, nefasto...
De sentir, madrugada afora, fome,
Poesia-banquete me consome...
Ar que respiro, base para a vida,
Sem ela, poesia, me sufoco.
Força mantenedora, minha lida,
Nos meus versos, amores eu estoco...
Eu pergunto-te então, como seria,
Se não houvesse enfim, a poesia...
O Piolho
Um piolho vagueia sem ter pressa,
Na cabeça, coçando sem parar...
Passeio de piolho coça à beça.
Não consigo parar de me coçar!
Ó bichinho danado sai depressa...
Não quero e nem pretendo te aguentar!
Parece que prazer te dá, or’essa!
O quê que irei fazer pra me livrar?
De noite, então, martírio fica feio...
A caspa, companheira xexelenta,
Com ele faz dueto e eu no meio...
Já passei, na cabeça, até pimenta,
Não adianta, logo que bobeio,
Recomeça a coçar, a piolhenta!
Na cabeça, coçando sem parar...
Passeio de piolho coça à beça.
Não consigo parar de me coçar!
Ó bichinho danado sai depressa...
Não quero e nem pretendo te aguentar!
Parece que prazer te dá, or’essa!
O quê que irei fazer pra me livrar?
De noite, então, martírio fica feio...
A caspa, companheira xexelenta,
Com ele faz dueto e eu no meio...
Já passei, na cabeça, até pimenta,
Não adianta, logo que bobeio,
Recomeça a coçar, a piolhenta!
MEU PRIMEIRO AMOR
Meu primeiro amor, longe de ti, sei
Das quimeras vorazes da saudade,
Viver sem ter amor, viver sem lei,
Não conhecer nem sombra do que há de
Melhor de nossa vida; triste rei,
Num reinado onde vive sem alarde,
Sem ter paz nem dilúvios nem ter sonho,
É viver e morrer tédio medonho...
Amor, na tempestade, calmaria...
Ilumina com trevas nossa vida,
Eclipse total cega em pleno dia,
Achando que se sabe, mas perdida...
Julgando ser mais plena; mas vazia.
Amor, suor, batalha; dor bandida;
Que acalenta, conforta, me ameniza.
Meu amor vendaval que julgo brisa...
Te busquei sem saber onde encontrar,
Provoquei minhas ânsias na procura.
Fui ao sol, tentativa de luar,
Traz toda claridade, noite escura...
Quero, em pleno deserto, navegar...
Amor és a doença e também cura!
Nada mais que completo, fracionado,
Esperança traduz: desesperado...
Das quimeras vorazes da saudade,
Viver sem ter amor, viver sem lei,
Não conhecer nem sombra do que há de
Melhor de nossa vida; triste rei,
Num reinado onde vive sem alarde,
Sem ter paz nem dilúvios nem ter sonho,
É viver e morrer tédio medonho...
Amor, na tempestade, calmaria...
Ilumina com trevas nossa vida,
Eclipse total cega em pleno dia,
Achando que se sabe, mas perdida...
Julgando ser mais plena; mas vazia.
Amor, suor, batalha; dor bandida;
Que acalenta, conforta, me ameniza.
Meu amor vendaval que julgo brisa...
Te busquei sem saber onde encontrar,
Provoquei minhas ânsias na procura.
Fui ao sol, tentativa de luar,
Traz toda claridade, noite escura...
Quero, em pleno deserto, navegar...
Amor és a doença e também cura!
Nada mais que completo, fracionado,
Esperança traduz: desesperado...
05/10/2011
Da lama ao apogeu, tanto degrau
Reduz a sensação enquanto rege
O luta se aproxima e deste herege
O mundo se anuncia e vendo a nau,
O tempo se anuncia e deste mal
A sorte mostra a rota e nos protege
Avanço contra o tanto e busco a sege
Que possa penetrar noutro canal
Já nada mais se faz enquanto mudo
O verso aonde o mundo pontiagudo
Vestígios do que um dia fosse atroz.
Vestindo o que se mostra noutra cena
E sendo a solidão o que envenena
Reparo com firmeza a rude voz.
2
Amor vencendo a tudo, triunfal
Reparo cada infausto que adentrasse
E nisto noutro tanto emoldurasse
O verso se anuncia noutro mal
E vago sem sentido dita astral
Que possa na incerteza que traçasse
Nadando contra a fúria noutra face
Detendo o quanto gera em ledo grau.
Presumo na verdade que se estende
O verso se dourando não depende
Do vaso já quebrado e sem certeza
A luta se enfrentando com rudeza
E nisto cada engano se apresente
Marcando o quanto possa em tal frieza.
3
Amor vencendo a tudo, triunfal
Não visto o mesmo tom em rude espaço
Na vendo o que pudera ser escasso
Gerando o meu anseio sem final
Navegando neste tom e sem igual
O quanto sem sentido agora traço
O verso se desenha noutro laço
Gestando a solidão num outro engano,
Realço tão somente sem sentido
E neste desenhar me dilapido
Restando muito pouco do que outrora
O mundo noutro tanto me apavora,
Gerando o quanto quero e tanto olvido
Naufrágio que transcende sem demora
Da lama ao apogeu, tanto degrau
Reduz a sensação enquanto rege
O luta se aproxima e deste herege
O mundo se anuncia e vendo a nau,
O tempo se anuncia e deste mal
A sorte mostra a rota e nos protege
Avanço contra o tanto e busco a sege
Que possa penetrar noutro canal
Já nada mais se faz enquanto mudo
O verso aonde o mundo pontiagudo
Vestígios do que um dia fosse atroz.
Vestindo o que se mostra noutra cena
E sendo a solidão o que envenena
Reparo com firmeza a rude voz.
2
Amor vencendo a tudo, triunfal
Reparo cada infausto que adentrasse
E nisto noutro tanto emoldurasse
O verso se anuncia noutro mal
E vago sem sentido dita astral
Que possa na incerteza que traçasse
Nadando contra a fúria noutra face
Detendo o quanto gera em ledo grau.
Presumo na verdade que se estende
O verso se dourando não depende
Do vaso já quebrado e sem certeza
A luta se enfrentando com rudeza
E nisto cada engano se apresente
Marcando o quanto possa em tal frieza.
3
Amor vencendo a tudo, triunfal
Não visto o mesmo tom em rude espaço
Na vendo o que pudera ser escasso
Gerando o meu anseio sem final
Navegando neste tom e sem igual
O quanto sem sentido agora traço
O verso se desenha noutro laço
Gestando a solidão num outro engano,
Realço tão somente sem sentido
E neste desenhar me dilapido
Restando muito pouco do que outrora
O mundo noutro tanto me apavora,
Gerando o quanto quero e tanto olvido
Naufrágio que transcende sem demora
SEXTINA 1004
Pois eu tanto quisera ser feliz,
Ninguém mais, com certeza, merecia,
Tantas dores carrego, nego o bis,
A vida me deixando a poesia,
Tudo que falo, nada mais me diz,
Me deixando, somente, fantasia...
Quem me dera viver a fantasia,
De cavalgar solene e tão feliz,
Mas a saudade, cega, vem e diz,
Quem amou assim, tanto merecia,
Mas de tanto viver na poesia,
Felicidade deixou, sem seu bis...
Perdido pela sorte sem ter bis,
Nem chance de tentar, sem fantasia,
Me perco, vago mundo e poesia,
Ness’altar que sonhei, viver feliz,
Hoje, enfim eu percebo, merecia
Bem mais que essa tal sorte vem e diz...
Não quero mais saber o que é que diz,
Quem me negou poder, num novo bis,
Achando que jamais eu merecia,
Só por acreditar na fantasia,
Que me fez incapaz de ser feliz,
Por viver impossível poesia...
Quem, portanto, acredita poesia,
Quem por ela morrendo, tudo diz,
Acreditando nela ser feliz,
Mesmo tendo na vida, todo o bis,
Por ela viverá da fantasia,
Sem ao menos saber se merecia...
Mas talvez, melhor sorte merecia,
Quem amou vida afora a poesia,
Eu sou seu prisioneiro, fantasia...
Vem; chega devagar, então me diz:
Pelo amor do Senhor, último bis,
Me deixe, num segundo, ser feliz...
Eu quero ser feliz, bem merecia,
Amor eu peço bis, na poesia;
Vem correndo e me diz: é fantasia?
Ninguém mais, com certeza, merecia,
Tantas dores carrego, nego o bis,
A vida me deixando a poesia,
Tudo que falo, nada mais me diz,
Me deixando, somente, fantasia...
Quem me dera viver a fantasia,
De cavalgar solene e tão feliz,
Mas a saudade, cega, vem e diz,
Quem amou assim, tanto merecia,
Mas de tanto viver na poesia,
Felicidade deixou, sem seu bis...
Perdido pela sorte sem ter bis,
Nem chance de tentar, sem fantasia,
Me perco, vago mundo e poesia,
Ness’altar que sonhei, viver feliz,
Hoje, enfim eu percebo, merecia
Bem mais que essa tal sorte vem e diz...
Não quero mais saber o que é que diz,
Quem me negou poder, num novo bis,
Achando que jamais eu merecia,
Só por acreditar na fantasia,
Que me fez incapaz de ser feliz,
Por viver impossível poesia...
Quem, portanto, acredita poesia,
Quem por ela morrendo, tudo diz,
Acreditando nela ser feliz,
Mesmo tendo na vida, todo o bis,
Por ela viverá da fantasia,
Sem ao menos saber se merecia...
Mas talvez, melhor sorte merecia,
Quem amou vida afora a poesia,
Eu sou seu prisioneiro, fantasia...
Vem; chega devagar, então me diz:
Pelo amor do Senhor, último bis,
Me deixe, num segundo, ser feliz...
Eu quero ser feliz, bem merecia,
Amor eu peço bis, na poesia;
Vem correndo e me diz: é fantasia?
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