BRINDANDO
Rasgando esta couraça que me esconde
Num turbilhão de inútil, tosco cerne,
O quanto me restara e me concerne
De mero arbusto um dia quis ser fronde,
O pouco ou quase nada corresponde
Ao tosco caminhar quando se inverne
Na solidão divina que inda hiberne
O verme que, mais forte ora responde.
Sob a carcaça a pútrida verdade
Inócua sensação de iniquidade,
A farsa se desfaz num ato sórdido,
Porém, em regozijo trago o peito,
Granizo eterno enterro e ao fim aceito,
Brindando o quanto fora, outrora mórbido...
MARCOS LOURES
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