sábado, 6 de novembro de 2010

19401a 19500

19401

Revendo-te por tantos prismas tento
Vencer o quanto a vida trouxe após
A sorte desaguando noutra foz
Entregue sem saber ao mesmo vento,
O beijo se entranhando em pensamento,
O corte na raiz, o sonho atroz
O medo desenhando em velhos nós
O dia se mostrara em desalento,
Apresentando o sonho a cada passo,
Ainda quando o fim do todo eu traço
Restando dentro da alma a solidão,
Emprego cada verso na expressão
Aonde o meu momento sempre lasso
Traduz o que pudera em explosão.

19402

Bem sei que, amor, tu vives sem descanso
E o mar quando o procuro nada vejo
Apenas o caminho de um desejo
Que tanto poderia e não alcanço
O mundo se desenha num remanso
E o passo se transforma enquanto almejo
Somente este vazio mais sobejo
E o traço se presume e assim me canso,
Vencido pela dor de ser tão só
A vida não pudera além da dó
Nem mesmo o que inda resta no meu peito,
O farto delirar já não se vendo
A sorte na verdade algum remendo
E nela sem sentido nada aceito.

19403

Teu corpo, nossos corpos: união?
Ao mesmo tempo vejo o fim de tudo
E sei que quanto mais eu já me iludo
Os dias com certeza não verão
Sequer o que pudesse em precisão
Num passo mais audaz, mesmo miúdo
E o corte se aproxima e sigo mudo
Matando dentro da alma a solução.
Esqueça qualquer sonho e vá aquém
Do fato desejado que não vem
Marcando a ferro e fogo, cicatrizes
Trazendo o que pudesse e nada veio
Somente o meu caminho mais alheio
E nele cada passo contradizes.

19404

Quero toda a alegria e nada mais
Dos medos entre tantas ironias
Ainda que pudesse não virias
Trazendo nos teus olhos os cristais
Os dias se repetem, são venais
E matam cada voz em poesias
Marcando com terror o que trarias
Enquanto noutro rumo tu te esvais,
Engendro cada passo rumo ao todo
E sei do meu caminho em pleno lodo
Mergulhos nos engodos da emoção
E os tempos noutros dias aprofundo
Girando sem sentido neste mundo
Tocado pelas ânsias que virão.

19405

Para emoldurar nossos momentos
Em telas tão diversas desenhadas
Ainda que pudesse em madrugadas
Tocadas pelas ânsias de tais ventos,
Ousando na verdade em desalentos
As sortes noutras tantas degradadas
Enquanto dos meus sonhos tu te evadas
Aprendo com as dores, sofrimentos.
Arcando com meus erros, berros, chagas
E quando sem sentido te me afagas
Matando o que restara deste sonho,
Jogado dos escombros da esperança
A vida a cada passo não alcança
O quanto mais sonhara além me ponho.

19406

Nas ânsias e desejos mais audazes
O tempo se aproxima de outro rumo
E quando na verdade eu me resumo
Enquanto esta saudade tu me trazes
Esvaem no meu peito as tantas fases
E nisto a solidão tomando o prumo,
Esqueço da alegria e me consumo
Nas ânsias mais doridas e vorazes,
Espero a cada queda o corretivo
E sei do quanto possa e já me privo
Do sonho e nada resta além do fim,
Escândalos diversos da esperança
A vida na verdade nada alcança
Sequer a primavera em vão jardim.

19407

Serei o teu escravo ou nada mais
Do quanto em alforria pude crer
E sei da solidão a se tecer
Vencendo os meus caminhos temporais,
Resumos de outros dias, sempre iguais
Matando o que pudera amanhecer
E nada mais se tenta merecer
Senão este caminho em ledo cais.
Presumo alguma sorte após o fato,
Porém a negação sempre constato
Arcando com meus erros sem valia,
Ainda quando pude ser feliz
O mundo com certeza nada diz
Nem mesmo uma esperança caberia.

19408

Não deixe que a saudade tome a cena
E roube cada sonho em nascedouro
A vida sonegando o ancoradouro
A porta a cada engano mais se empena,
O medo na verdade quando acena
Marcando o que pudesse ser tesouro
E nisto com certeza não me douro
A sorte não seria jamais plena,
Escassos sonhos dizem do futuro
E o nada sem juízo eu configuro
Matando o quanto pude e nunca vinha
Imagem delicada da mulher
Diversa da que busco e quanto quer
Uma esperança audaz, porém daninha.

19409

Não quero te perder em meio ao nada
A vida não presume a liberdade
E o todo que deveras desagrade
Ainda quando a sorte assim se evada.
Aprendo com a noite desolada
E vejo o que pudesse noutra grade
Sem ter no meu olhar a claridade
Da noite com beleza enluarada,
Correntes tão diversas, elos tantos
E os dias entre medos e quebrantos
Cerzidos pela dor em face escusa.
Sagrando a fantasia mais audaz,
O todo na verdade não compraz
Caminho no vazio se entrecruza.

19410

Calor vai me tomando e nada resta
Sequer o que pudesse ser além
Da vida quando o nada me provém
Matando em nascedouro qualquer festa.
A sorte no vazio ora se empresta
E marca cada passo com desdém,
O amor se produzindo sem refém
O quanto do passado agora infesta
Nesta aridez do estio em minha vida
A morte desenhada e preferida
Expressa o fim, também dita o começo,
E o nada que pudesse adivinhar
Trazendo sob os olhos luz solar
Sonhar se fez apenas o adereço.


19411

Ao ver deitada aqui a lua imensa
Deitando sobre nós a sua prata
A vida neste instante já retrata
O que esta alma deseja e sempre pensa,
Navego sobre os mares, cada tensa
Manhã debruça o medo sobre a mata
E a face da esperança mais ingrata
Na ausência da esperança não compensa,
Apresentando o passo rumo ao quanto
Pedisse e a cada engodo não garanto
Mesquinharias ditam o futuro
O corpo da esperança agora nu
Meu mundo se desdenha e sem guru
Apenas o vazio eu asseguro.

19412

Vontade me domina, reticente
E o cântico pudesse ser diverso
Ainda quando aquém do mundo eu verso
O todo no final já se apresente,
Amordaçando o sonho plenamente
Apenas redimindo este universo
Caminho tantas vezes mais perverso
Rondando o que se fora em leda mente,
Já não comportaria qualquer chance
E mesmo quando o passo teima e alcance
O fim da velha estrada em luz sombria,
A morte em consonância dita o quase
E o prazo mesmo quando a vida atrase
Somente outro momento moldaria.


19413

De ter entre meus braços, laço forte
Unindo estes caminhos entre nós,
O tempo se desenha mais veloz
E nisto uma esperança nos aporte,
E sei do que pudesse e me conforte
Gestando do passado a nova foz,
O rústico cenário nosso algoz
Já não resume mais o velho corte,
Ainda que pudesse serviçal
O canto não teria outro sinal
Senão a mesma face: ingratidão.
Meus olhos já cansados, na harmonia
Do tempo que pudesse e ora se esfria
Marcando com terror todo o verão.

19414

Teu seio no formato delicado
Em róseas maravilhas desenhado,
Ainda quando posso e cedo sinto
A vida se moldando em tal instinto
Caminho pelo sonho desejado
E o todo se traduz enquanto invado
O tanto mais audaz, onde me tinto
E bebo a sensação de raro gozo
E mesmo o tempo sendo caprichoso
Não deixa qualquer medo pra depois
E sinto o meu caminho junto ao teu
Aonde o meu sonhar te mereceu
Unindo para sempre então nós dois.

19415

Na boca maravilha em carmesim
O gosto deste sonho entrelaçado
O rumo há tanto tempo desenhado
Meu mundo se desvenda dentro em mim
O canto se aproxima e dita enfim
Além do meu caminho desejado
E nisto quando fujo ou mesmo evado
A sorte se transforma sempre assim,
Não quero mais sentir o medo em nós
E o corte se aproxima mais feroz
Tocando na medula do meu sonho,
E o cântico pudesse ser diverso,
Mas sei do quanto inútil seja o verso
Aonde oi meu caminho eu decomponho.

19416

A febre me tocando vorazmente
E o prazo de viver já se extermina
Aonde no passado houvera a mina
Agora nada resta no presente
Ainda que outro sonho mesmo eu tente
A porta na verdade não se inclina
E o todo com terror tanto alucina
Matando o que pudesse plenamente,
Ausento dos teus sonhos, sigo alheio
E quando a solidão tento e rodeio
Apresentando o passo sem limites
Deveras nada mais tu me trarias
Somente as mesmas noites bem mais frias
Enquanto esta emoção não mais permites.

19417

Querer-te toda minha e ter após
O todo desenhando em luz sublime
Ainda quando possa e mesmo estime
O rumo se desvenda em nossos nós
O tempo se desfaz em nova foz
E a solidão deveras não redime
A sorte se presume e sempre prime
Por ter dentro do peito a mesma voz,
Cerzindo esta esperança mais sutil
O amor quando demais já nada viu
Sequer o que pudera ser diverso,
E quando mergulhara nos teus braços
Os dias mais felizes ou devassos
Traduzo na pureza deste verso.

19418

Sorris e nisto excitas cada sonho
E vejo a solidão já se ausentando
O tempo no passado fora brando
E agora se desenha mais tristonho,
E quando um novo rumo em vão componho
O peso com certeza me traçando
O rústico cenário mais infando,
E o manto se desenha mais medonho,
Escassas noites dizem do futuro
E o passo noutro canto eu asseguro
Gerando tão somente novo estio,
Ainda que pudesse uma invernada
A sorte dos meus olhos já se evada
E o sonho se tornara um desafio.

19419

Sussurro meus desejos, mas eu sei
Que nunca me ouvirás e mesmo assim
Buscando o quanto resta vivo em mim
Invado sem sentir a velha grei
E o todo quando muito eu esperei
Verdades são diversas de onde eu vim
Acendo da esperança este estopim
E o rumo com certeza esquecerei.
Repare cada engodo costumeiro
E saiba do que possa se me inteiro
Ousando noutro rastro aonde um dia
A vinda da esperança não trouxera
Sequer o que incerteza dita a fera
E mata o que pudesse e não viria.

19420

Tremores e ternuras são venais
E nisto cada engano se traduz
Aonde poderia em contra luz
Vencer estes momentos ancestrais
Restando dentro em pouco o quanto mais
Tocado pela sorte em leda cruz
O manto se desnuda e não produz
Além dos dias mortos e banais.
Esculturando a lua a cada sonho
E quando em descaminho recomponho
Meu canto sem destino nem guarida
A porta dos meus sonhos não promete
Sequer o quanto pude e já reflete
A ausência mais constante desta vida.

19421

Olhar de uma menina sem juízo
Vagando pela noite não sossega
E a sorte se mostrando sempre cega
O tempo noutro tempo não matizo
E vejo o meu caminho e quando aviso
A morte sorrateira já se apega
E trama com terror o que se esfrega
Gerando dentro da alma o prejuízo,
Esqueço o quanto pude e nada tendo
Sequer o meu caminho em tal adendo
Gravando em cicatriz teu nome em mim,
Depois de certo tempo nada vindo
O quanto poderia haver infindo
Já não presume a flor sequer jardim.

19422

Na chama em que me sinto em labaredas
Ainda em tais momentos fogo e brasa
A vida a cada passo se defasa
E nisto noutro engodo não concedas
As horas entre tantas seguem ledas
E as mortes da esperança, tudo atrasa
O corte na verdade não embasa
Nem deixa que se vejam tais veredas,
Assumo os desenganos e presumo
O todo que pudera neste sumo
Vertido em tempestade ou coisa assim,
Repare cada estrela e veja bem
O amor quando decerto nada tem
Explode como fosse este estopim.


19423

Amando sem parar sequer pensava
Nas ânsias costumeiras de quem sonha
A vida se mostrasse mais bisonha
E o tempo se desdenha em leda lava,
A sorte aproximada, velha escrava
A porta na verdade não se oponha
Ao todo que decerto não mais ponha
Cerzindo esta esperança, mesmo escrava.
Ao apressar o passo nada tive
Sequer o quanto possa e não se prive
Do rumo mais audaz e mesmo rude,
Marcantes emoções, momentos vários
E os dias são tormentos solitários
E neles todo o canto desilude.

19424

Quero a totalidade deste encanto
Marcando com ternura o simples fato
Que a cada novo instante ora constato
E disto com certeza eu me garanto,
Jamais imaginara qualquer pranto
Nem mesmo do vazio este retrato
Pousando na esperança não resgato
Apenas tão somente o desencanto,
Esqueço a plenitude e navego
O todo desdenhado no meu ego
E sinto o vento manso de um futuro
Que tanto poderia ser diverso
E quando nos teus braços teimo e verso
Somente esta semente eu asseguro.

19425

Que é feito em harmonia verso e sonho
A sombra do passado não consegue
Vencer o que deveras mais sossegue
Pousando no caminho onde me ponho,
Reparo com ternura o mais risonho
Cenário aonde o mundo já prossegue
E traça o quanto resta e sempre regue
Meu mundo com teu canto onde o proponho.
Escassas noites dizem solidão,
As horas se adiantam e verão
O sol ao repousar neste horizonte
Marcando com seu brilho a minha história
Tramando o quanto trago na memória
E o mundo noutro encanto sempre aponte.

19426

Bebendo cada gole do prazer
Rocio desejado e mais sublime
Ainda quando o todo nos redime
O mundo se permite enlouquecer
Vagando sem sentido posso ver
O todo quanto mais quero e aproxime
A vida de um momento aonde estime
O manto consagrado do querer,
Espero cada passo e bebo assim
O tanto quanto habita dentro em mim
Alvoroçando o peito de quem ama,
Cenários tão diversos, noite afora
Meu canto em tua voz eu sinto aflora
E o tempo se desenha: imensa chama!

19427

Que emana de teu corpo em luz imensa
A sorte mais audaz, e nisto eu pude
Vencer o quanto fora em plenitude
A vida aonde o medo não convença
Do todo se presume a noite tensa
E o corte se mostrara onde amiúde
O tempo mataria a juventude
Não dando nem o sonho em recompensa
Restaurações diversas, noite branda
Apenas o caminho já desanda
E traz esta certeza: ser feliz,
Ainda quando tente adivinhar
A lua se derrama devagar
E o canto traduzindo o quanto eu quis.

19428

Teu jeito tão sereno me conquista
E traça novo rumo ao qual entranho
E o mundo que pudera ser estranho
Agora toma em paz toda esta vista
Meu canto noutro passo toma a pista
E vejo a cada dia um novo ganho,
Mergulho sem defesas e barganho
A luta que pudera e não resista,
Vestindo a solidão de quem buscava
A sorte no vazio ou mesmo em lava,
Aprendo com meus erros e sei disto,
Depois de cada passo em vão, prossigo
Alçando dentro da alma algum abrigo
E sei que com firmeza não desisto.

19429

Permite que eu vislumbre um novo sol
Aonde no passado nada havia
Somente esta semente, fantasia
Tomando com certeza este arrebol,
Não posso desenhar qualquer farol
Nem mesmo o quanto pude ou poderia
Ousando com ternura em alegria
Recebo da esperança o vento em prol,
Escrevo então a carta em despedida
E o todo se perdendo em nova vida
Gerando do vazio outro momento
Ainda que pudesse imaginar
A vida sem teu corpo e sem luar,
Decerto a amarga ausência eu não aguento.

19430

Risonha e divinal a noite desce
E toma este cenário mais perfeito
Ao lado de quem amo e quero deito
E a vida neste instante um sonho tece
Ainda que pudesse noutra prece
O risco de sonhar onde deleito
Meu mundo na verdade satisfeito
Grassando o quanto posso e não se esquece,
Respaldos deste enorme sentimento
E quantas vezes busco e mesmo invento
Após a tempestade um manso porto,
Apenas nos teus braços poderia
Em noite mais amarga e mais sombria
Saber que existe ao menos tal conforto.


19431

Amanhecer em paz e perceber
O quanto é necessário ser feliz
Ousando muito além do quanto eu quis
Vivendo tantas formas de querer,
Repouso no teu corpo o meu prazer
E quero novamente, o mesmo bis
Ainda que pudesse, o nada diz
Do tempo mais distante a se perder;
Jazendo na esperança um tempo além
O amor quando demais deveras vem,
E toma com firmeza cada passo,
Depois de certo tempo solitário
Agora neste encanto solidário
Meu mundo com firmeza e glória eu traço.


19432

Falemos bem baixinho em noite mansa
A vida não presume discussões
E quando na verdade tu te expões
Meu mundo no teu sonho agora avança
A sorte permitindo esta aliança
Deixando para trás as decepções
Ainda quando visse as direções
Diversas deste sonho onde se lança
Cantiga de um amor inigualável
O tempo mais sincero enquanto afável
O risco se deixando no passado,
E quando te aproximas do meu canto
O todo desenhado eu agiganto
E feito em alegria, o sonho eu brado.

19433

Que são somente nossos os caminhos
Eu sei e não me calo e até prossigo
Ousando a cada passo no perigo
Dos ermos mais atrozes e daninhos
Ainda que pudessem ver espinhos
A sorte na verdade em desabrigo
Trancando o coração quando persigo
Os dias mais felizes novos ninhos.
Acrescentando ao sonho esta palavra
Minha alma com ternura tenta e lavra
Apenas a verdade e nada mais,
Dos sonhos mais audazes, primavera
A vida com firmeza se tempera
E gera nos meus olhos os florais.

19434



Que toma os meus sentidos não discuto
O sonho se aproxima em perfeição
E sei dos dias claros que virão
Ousando num momento mais astuto,
E quando neste nada não reluto
E bebo a cada instante esta estação
Resumo nos meus olhos desde então
O quanto poderia e assim recruto,
Acordo o coração que é vagabundo
Das ânsias e prazeres se me inundo
Arcando com ternura já sem par,
Pudesse noutra face ver além
Do quanto na verdade me convém
Bebendo o que se deixa adivinhar.


19435

Que encharque nossos lábios o desejo
E torne tua boca carmesim,
O canto se adivinha dentro em mim
E nisto a cada passo mais revejo
A sorte sem temor, novo azulejo
Risonho caminheiro dita enfim
O todo que pudesse e mesmo assim
Ainda quando muito amor prevejo.
Esqueço dos meus erros e prossigo
Vencendo o meu temor em desabrigo
Restando dentro da alma esta certeza
De um dia mais feliz ou mesmo até
Vivendo este caminho feito em fé
Seguindo contra a forte correnteza.

19436

O amor que a noite inteira se procura
Gerado pelos sonhos, nada mais
Expressa dias fartos desiguais
E nisto a minha morte configura
A sorte na verdade em tal moldura
Traçando mundos vários, germinais
Ainda que pudesse no teu cais
O canto se aproxima e não tortura,
Vestígios de um passado mais atroz
E nada persistindo dentro em nós
Somente o mesmo enfado e o medo quando
O tanto quanto pude não tivera
Sequer a solidão, esta pantera
Que aos pouco vejo ali já me rondando.

19437

Diversos sentimentos: medo e gozo
Caminhos variados, mas sei bem
Do quanto a cada dia não convém
A quem se poderia majestoso,
Ainda quando vejo este orgulhoso
Cenário aonde o medo não mais vem
E o passo noutro rumo segue aquém
Do manto tantas vezes caprichoso,
Espero algum alento e nada veio,
Olhando para trás seguindo o veio
Esbarro no afluente e quero a foz,
Depois de tantos anos, nada resta
Senão a mesma imagem tão funesta
Resumo do que vejo logo após.

19438

Mostrando em tal relevo o quanto pude
Arcando com meus erros costumeiros
E sei dos dias frágeis, dos canteiros
E nisto sou deveras bem mais rude
A sorte se propondo em atitude
O corte noutros dias corriqueiros
E os versos que proclamo, derradeiros
Ainda quando o tempo não me ajude,
Escassas noites dizem do passado
E o vento noutro tom anunciado
Mergulho nos teus braços, poesia
E a luta recomeça ao mesmo instante
E sei do quanto possa e se garante
A vida aonde o todo reinaria.

19439

Tuas lágrimas, querida, já não são
Sequer os meus momentos mais doridos
E os dias entre tantos esquecidos
A sorte não seria mais unção,
Palavra se perdendo sempre em vão
Ainda se presumem nas libidos
Os tempos mais audazes, consumidos
Nos ermos deste tolo coração,
Escândalos diversos, noite vaga
E o todo com certeza não afaga
Quem tenta proteção e nada veio,
Acordo quando estás noutro caminho
E sei do quanto é rude estar sozinho,
Entregue ao mais temido devaneio.

19440

São sempre diferentes; mesmo assim
Escaldo meu caminho no teu rumo
E bebo da esperança todo o sumo
Matando pouco a pouco o meu jardim,
Constróis cada momento em não e sim
E o parto se transforma no resumo
De quem não mais pudesse e me acostumo
Ao todo desenhado dentro em mim.
Apresentar escusas e seguir
Vencendo o que deveras há de vir
Sem medos ou sequer algum receio,
Produzo cada verso como fosse
Um sonho tantas vezes agridoce
E dele em todo engodo eu me rodeio.



19441

A cada nova queda outro momento
Diverso do que outrora poderia
Ainda quando a noite é mais sombria
O tempo noutro todo ainda alento,
Esbarro o meu caminho e neste vento
A sorte com firmeza não veria
Cerzindo com ternura o dia a dia
Encontro cada verso mais atento,
Escalas entre tantas noites vãs
Ainda que pudessem nas manhãs
Resumos de desejos mais felizes,
E nada do que eu trago se aproxima
Do mundo emoldurando cada clima
E nele nunca os sonhos; contradizes.

19442

Tua vitória causa a tempestade
Que tanto me redime e me apavora
Aonde se pudesse sem demora
O passo noutro rumo não evade,
A sorte desejada agora invade
E toma já de assalto enquanto aflora
Marcando o que deveras me decora
Com toda e imensa luz e claridade,
Luzindo dentro em nós a sorte imensa
E neste caminhar tanto convença
Quem sabe desvendar cada segredo,
E ao máximo presume esta vitória
Deixando para trás, o medo, escória
E nele cada passo eu não concedo.

19443

A glória que se mostra a cada passo
Transforma a juventude num momento
E quantas vezes busco ou mesmo invento
O risco sem saber do quanto eu traço,
O pranto que se faz a cada espaço
O dia se transforma e bebo o vento
E nisto quanto mais ainda aguento
O tempo não se rende ao teu cansaço,
Espreitas entre quedas e não mais
Encontro em meus jardins raros florais
E vejo em tuas mãos a liberdade,
Assim o meu caminho não se algema
E venço com certeza qualquer tema
Ainda quando a dor adentra e invade.


19444

Da dor que tu carregas desde quando
O mundo se fizera mais atroz
Já nada ditaria a nossa voz
Nem mesmo este caminho se moldando
Nas ânsias mais comuns, e torturando
Quem tanto desejara em mais veloz
Desenho o que pudera ser após
O tempo mais audaz e mesmo infando,
Arcar com os enganos e seguir
Vencendo as tempestades do porvir
E nisto se adivinha cada passo,
Ainda que pudera ser diverso
O mundo aonde tento, teimo e verso
Expressa a solidão e nada faço.

19445

Mas ando lado a lado com meu sonho
E vendo cada luz onde queria
Marcando com ternura a fantasia
O tempo se mostrando mais risonho,
Ainda quando possa e nisto enfronho
Meu passo muito além da alegoria
Gestando tão somente a poesia
Num ato tanto audaz que me proponho,
Acolho cada riso e vejo além
O tanto quanto possa e sei que vem
Domínios entre sonho e claridade,
Ao menos nada resta senão isto
E o canto aonde em paz procuro e insisto
Traduz o meu anseio da verdade.

19446

Não posso mais de ti saber sequer
A sorte desenhada no passado
E quando inutilmente ainda brado
O mundo não traz tudo o que puder
Esta ânsia tão comum, bela mulher
O manto noutro canto desenhado
E o vértice dos sonhos desejado
Não deixa para trás o que vier,
Vasculho nas gavetas da esperança
E sei do quanto a vida agora avança
Marcando com consonância sol e vento,
Ainda quando pude e não vieste
Tornando a minha sorte mais agreste
Moldando o que deveras teimo e invento.


19447

Se precisar, talvez já não me veja
A senda desenhada diz futuro
E quantas vezes tento e me asseguro
Da sorte mais audaz e benfazeja,
Ainda que se entregue de bandeja
O passo neste caos atroz e escuro,
A fome desdenhosa não procuro
E o tempo noutra lua já veleja,
Acordo com o sol em pleno rosto
O mundo se desnuda e estando exposto
Presume o que talvez ainda venha
Vestindo a fantasia que aprouver
O todo não traduz um tom qualquer
Fornalha sonegando a velha lenha.

19448

Comigo pode sempre, quem se dera
Acasos entre casos e mentiras
E quando esta esperança tu retiras
Matando a fantasia, imensa fera,
A sorte desejada destempera
E o corte se aproxima em várias tiras
Do todo desenhado não prefiras
Sequer o que pudesse em primavera,
A morte não se cansa de seguir
E tendo nos meus olhos o elixir
Que tanto procurara a vida inteira,
A música se espalha pelos céus
Estrelas se escondendo atrás dos véus
Palavra que anuncio, derradeira.


19449

Já tive meus momentos e não nego
O tempo se aproxima do final
E o corte desenhado desigual
Ainda me permite quase cego
Vencer o que deveras mais entrego
E sinto a minha estrela terminal,
Aonde desejara germinal
O corte se profana matando o ego,
Esgarça cada passo num finito
Momento enquanto em nada eu acredito
Vislumbro a tempestade no horizonte
E bebo do caminho em sortilégio
Amor já não seria um privilégio
E nele cada sol inda desponte.

19450

Por isso eu te darei o verso nobre
E o tempo mais audaz que ainda veja
E quanto mais a sorte a vida almeja
O sonho com ternura se recobre,
Depois de certo tempo já descobre
O todo nesta angústia mais andeja
E quando a lua deita sertaneja
A bruma sem sentido sempre a encobre
E o cântico em louvor ao claro sol
Tomando desde então este arrebol
Iluminando o céu em claros tons,
E os dias renascendo em esperança
Enquanto a vida além teimando alcança
E espalha pela Terra belos sons.

51

Eu sinto que estás triste e mesmo assim
Já não comportaria a eternidade
No quanto cada passo não agrade
Quem tanto desenhara este jardim,
O manto se aproxima e dita o fim
A vida não teria a qualidade
E nisto se moldando a realidade
Expresso o quanto morto vive em mim,
Escapo em armadilhas mais sutis
E sei do muito quando o nada quis
Vestindo esta emoção embora frágil,
O verso se mostrara sem valor
E o tempo se traduz noutro rancor
Embora seja a vida bem mais ágil.

52

Também sinto a amargura de quem sonha
E sabe a derrocada que virá
O mundo se transforma e desde já
A sorte não pudesse ser medonha,
Ainda quando muito em paz se oponha
O corte que nem sempre moldará
O passo com firmeza se dará
E nisto a minha sorte em paz se enfronha;
Repare cada estrela e veja bem
O quanto deste encanto nos convém
Vencendo os meus rancores e sem medo
Apenas outro passo procurava
A senda se presume e sem a lava
Meu mundo não seria atroz ou ledo.

53

Às vezes este amor não mais condiz
Com toda esta esperança que busquei
Ousando na verdade noutra lei
O coração se faz um aprendiz,
O peso do passado não mais quis
E o corte desenhando a velha grei
E nisto cada encanto desdenhei
Traçando a solidão, ser infeliz.
Não pude conviver com meu passado
E quando me aproximo e sempre evado
O tempo não repara cada engano,
Ainda quando muito sigo só
E amor se desenhando em medo e pó
Enquanto solitário enfim me dano.

54

E quebra num segundo tais cristais
Aonde eu imagino a sorte imensa
A vida na verdade não compensa
E os ermos são deveras o que trais
Meu canto por momentos desiguais
Invade a sorte e tenta a recompensa
A morte no final deixando tensa
Palavra entre incertezas tantas, tais.
Escassamente vejo alguma luz
E o nada na verdade reproduz
O quanto poderia e não veio,
Açoda-me saber a direção
Dos dias mais atrozes que virão
Marcando com terror o devaneio.

55

O vento da saudade dita o rumo
Dos pensamentos meus e nada vindo
Somente o que desejo nunca infindo
E neste delirar nada resumo,
Apenas o que possa diz do sumo
E nisto cada passo se esvaindo
Marcando com terror o quanto é lindo
O verso aonde o sonho eu não presumo.
Aprendo com meus erros, e sei disto
Também a cada passo onde persisto
Resisto aos vendavais tão costumeiros
E sei dos meus momentos mais audazes
E neles outros tantos que me trazes
Alimentando em nós velhos braseiros.

56

Depois de certo tempo nada veio
E o corte se aprofunda dentro da alma
Apenas a verdade não acalma
E o mundo se presume mais alheio,
Ainda quando pude noutro fato
Cerzindo da esperança alguma luz
O medo com certeza reproduz
O quanto noutro enfado mal retrato,
Escassas noites dizem do prazer
E o manto se puindo a cada dia
No todo aonde o mundo poderia
Jamais imaginando amanhecer,
Mortalhas representam nossa voz
E o rio se deságua em leda foz.

57

Na tempestade imensa nada resta
Sequer a lua em volta do planeta
E quando o meu caminho se arremeta
Aquém do que pudesse em tal floresta
A morte se desenha em cada fresta
E o todo não traduz novo cometa,
Ainda quando a glória se prometa
Já não mais caberia qualquer festa,
Restaurações diversas, mesmo engodo,
Apenas vejo além o imenso lodo
E o cais se transformando aonde estimo,
Esbarro nos meus erros e prossigo
Vestindo com terror o desabrigo
Encontro a cada passo o velho limo.


58

E tudo, num segundo poderia
Ousar além do medo e reticência
A vida não produz coincidência
Nem mesmo novo sonho em alegria
Arcando com meu canto ema utopia
A sorte não concebe a penitência
E o tanto quanto quero em indulgência
Marcando com angústia a poesia,
Falésias entre rocas e procelas
Ainda mais distante tu revelas
Ocasos em momentos mais sofridos,
E sinto os dias mortos, plenamente
E mesmo que outro rumo busque e tente
Os olhos seguem turvos e perdidos.


59

No teu jardim percebo esta florada
E sinto o quanto eu possa acreditar
Na senda mais audaz a se mostrar
E nela desenhar outra alvorada
A sorte na verdade não degrada
O tempo que desejo em teu luar
A manta se mostrara devagar
E dita a minha vida já cansada,
A luta não permite esta emoção
Nem mesmo sei dos dias que virão
Ou mesmo do passado mais atroz,
Cantiga de viúvo, noite vaga
Abrindo no meu peito a imensa chaga
Calando da esperança qualquer voz.

19460

Depois que terminamos sonhos vãos
E os ermos mais audazes perfilamos
Os dias entre frondes, galhos ramos
Negando com certeza novos grãos,
Os sonhos que prometam aos irmãos
Os olhos mais felizes encontramos
Resumos de momentos onde entramos
Sabendo o que traduz sermos cristãos,
Escalo as cordilheiras da esperança
E quando o meu caminho a ti se lança
Viceja dentro da alma esta alegria,
Podendo ser assim o tempo inteiro
Meu canto se desenha verdadeiro
E trago todo o encanto que eu queria.


61

Quem sabe no futuro eu possa ver
O tempo aonde o mundo poderia
Vencer a tempestade mais sombria
Trazendo o mais suave a amanhecer
O quanto deste mundo diz prazer
E a sorte na verdade não viria
Marcando com terror a fantasia
Deixando para trás o quanto crer,
Ausento dos teus olhos sigo alheio
Ao quanto poderia e mais rodeio
Vestindo esta quimera, uma ilusão
E os dias noutros tantos me trarão
Apenas o que vejo em devaneio
Matando no princípio este verão.

62

Demonstre o renascer de cada sonho
Aonde o meu momento não traria
Sequer o quanto possa em fantasia
Nem mesmo se deveras eu proponho
Um rumo diferente e mais risonho,
Vagando pelas sendas da utopia
E tanto quanto possa não viria
A sorte enquanto o verso não componho,
Aprendo com meus erros, disto eu sei
E sinto derrocada em velha grei
Amortalhando o mundo num instante
Depositando o passo no vazio
Apenas o meu mundo desafio
E nada após o pouco se garante.


63

Também em solidão meu mundo dita
A sorte que pudera e não veio
Ainda quando tento e sigo alheio
Palavra na verdade não permita
O quanto do passado traz na grita
A senda aonde o verbo não rodeio
E o passo noutro encanto mais anseio
Vestindo esta emoção, sem a desdita,
Repare cada estrela e veja bem
O mundo quando muito me contém
Tramando a melhor sorte dentre as quais
Os olhos no horizonte são sutis
Apenas o meu mundo contradiz
Os ritos que pudesse, mais banais.

64

Olhares mais diversos trazem luzes
E neste caminhar o tempo passa
Enquanto a vida adentra a praça
E os dias mais felizes reproduzes
Aonde na verdade me conduzes
O todo pouco a pouco se esfumaça
Marcando o quanto traça
Ousando além das ledas cruzes,
Espero tão somente um novo dia
E todo o caminhar já se faria
Matando o que pudera ser alheio
Ao passo mais feroz ou mesmo rude
Ainda meu cenário desilude
E nisto a cada engodo eu devaneio.

65

Descendo pela rua a cada engano
Espero tão somente esta verdade
E o tempo sem ter prazo desagrade
Ainda quando aquém eu me profano,
Esqueço da emoção e neste plano
O rumo se apresenta e já degrade
Deixando no passado a liberdade
E o canto se transforma em desengano,
Ocasos entre quedas e somente
O passo noutro tanto se apresente
Marcando com terror a rude cena
E o nada mais audaz pudesse ver
Assim ao me entranhar no amanhecer
A lida plenamente me condena.

66

Sequiosos, na verdade deste sol
Que um dia poderia ser ligeiro
Aonde o meu caminho diz luzeiro
Toando qualquer som neste arrebol,
A morte desenhada no farol,
A paz de um temporal, o derradeiro
O corte se aproxima por inteiro
E o vasto delirar trama o lençol
Ausento dos meus sonhos e me entrego
E sei do quanto pude num nó cego
Vestir esta clemência e nada vinha,
O cântico em louvor já não me traz
Sequer o quanto pude crer em paz
Na sorte tantas vezes mais mesquinha.


67

No amor insanamente mergulhado
Apenas procurando qualquer brilho
Aonde sem certeza busco e trilho
O sonho se aproxima do passado,
Ainda quando tento ou mesmo invado
O velho coração este andarilho
No todo presumido em estribilho
Cerzindo com ternura o devassado,
Assisto ao meu tormento e busco a fé
Amor tão simplesmente por quem é
Espera muito mais do que oferece
E o todo se transforma num repente
A morte da esperança se pressente
E nisto se perdendo qualquer messe.

68

Embora em cada passo não previsse
O caos que se aproxima do final,
O corte tantas vezes desigual
Repõe a cada passo esta mesmice
O velho coração, tanta tolice
O passo se desenha em turva nau
O canto na verdade não se visse
Nem mesmo se quisesse algum sinal
O cântico gerado do vazio
E o tempo aonde em vão eu desafio
O rústico cenário em desencanto,
Amar e ser feliz? Mera ilusão
Os dias na verdade não verão
O quanto mais desejo e não garanto.

69

O fogo da paixão já não sustenta
O olhar mais delicado de quem sonha
E o todo quando a vida é mais risonha
Afasta para sempre esta tormenta
E o passo noutro rumo se apresenta
O canto se transforma em voz medonha
E quanto mais o todo se envergonha
Da vida sem razão que se aparenta
Esqueço dos meus versos e prossigo
Ousando acreditar nalgum perigo
Apoios variados, noite afora,
E o fardo se divide quando creio
No tanto quanto possa em devaneio
E a solidão decerto me apavora.


70

Mergulho em plena noite a solidão
E bebo o temporal, velha procela
O quanto da verdade se revela
Mostrando os dias tantos que virão
Pousando no teu solo, em ledo chão
Meu barco já não tendo cais ou vela
O corte se aproxima e dita a cela
Imenso calabouço: imprecisão,
Acordo e te procuro e nada veio
Apenas o momento mais alheio
Enveredando o passo sem sentido,
O canto em desalento, o desafeto
Amor aonde tanto eu me completo
Presume o meu futuro desvalido.

71

Atravessando os ermos de meu sonho
Adentro os mais diversos temporais
E quando desejava muito mais
Apenas o vazio inda componho
E o tempo que pudera ser risonho
Transcorre em tais momentos tão venais
E teimo contra a fúria e dos sinais
Somente enfrento os ditos enfadonhos.
Ausente do passado, sem futuro
Enquanto este não ser eu asseguro
Esbarro nos meus erros costumeiros
E sinto sem valor qualquer momento
Aonde o que pudera teimo e tento,
Tentando em noite escura meus luzeiros.

72

Na busca sem ter fim por algum porto
Ainda que naufrágio se apresente
O coração deveras não alente
O sonho sem destino e quase morto,
Apenas tão somente o desconforto
De um dia muitas vezes penitente,
Amar já não seria pertinente
Nem mesmo qualquer sombra deste aborto,
Escárnios são comuns, e disto eu sei,
Aonde poderia em velha grei
Usar destas palavras mais sutis,
E o vento sem saber da direção
Traçando a cada engodo um furacão
Matando o que deveras sempre quis.

73

Quantas vezes, sentindo o vento frio
Tocando cada pêlo, noite afora,
E o medo tão somente ainda ancora
Enquanto o meu caminho em vão desfio,
Esbarro neste engodo e desafio
O passo sem saber desta demora,
Ainda quando a sorte me apavora
Descendo sem defesas pelo rio,
Alcanço o mar imenso deste amor
E sinto que deveras onde eu for
Apresentando o sonho e nada além,
Meu canto se concentra na esperança
E a vida noutro rumo já se lança
Traçando o quanto quero e nunca vem.

74

Apenas com teu nome na memória
O sonho se transforma plenamente
E quanto mais decerto a gente tente
A vida se transporta noutra história
Ousando muitas vezes, merencória
A sorte que julgasse pertinente
Transcorre sem sentido e quando alente
Não deixa qualquer traço de vitória,
Escalo os meus anseios e prossigo
Vencido pelo medo e em tal perigo
Há muito o que sonhar, nada a fazer.
Aprendo com as quedas costumeiras
Bem antes que talvez ainda queiras
O mundo mais distante eu passo a ver.

19475

Nos vergéis e nas sendas mais agrestes
No estio, na invernada ou mesmo quando
O céu em tempestades desabando
Com tantas alegrias me revestes,
Aprendo o quanto posso e mais investes
No todo e no raro desenhando
O mundo que pudesse ser mais brando,
As sortes envolvendo como vestes,
E os dias não repetem desenganos
Moldando passos tristes e profanos
Marcando com tempestas minha sorte,
Depois de certo tempo nada havendo,
Apenas o retalho, este remendo
Que nada mais permite nem comporte.

76

Sabia que podia ter no olhar
O brilho do horizonte ensolarado,
Além do quanto vira em meu sobrado
Tentando novamente flutuar
Chegando à tua casa e a divagar
Ousando a cada dia este traçado,
Enquanto cada cômodo eu invado
Teu corpo com beleza a desnudar,
Jogado pelos cantos, desalento
Um novo amanhecer risonho eu tento
Translado de momentos mais diversos
E sinto o teu perfume, doce aroma
Sentido sem limites já me doma
E reina sem defesa sobre os versos.

77

De resto, essas tristezas contumazes
Já não me bastariam, sendo assim
O quanto se aproxima e dita o fim
Expressa a solidão que agora trazes,
A vida se renova em novas fases
O olhar se perde além e sei que enfim
O todo se esvaindo já de mim,
Palavras com certeza mais audazes.
E ao fim de certo tempo nada resta
Sequer o que pudesse trazer festa
A quem se fez presente e nada leva,
A sorte desdenhando cada passo,
Apenas no vazio eu me desfaço
E bebo a solidão, inútil treva.


78

Num momento, queriam tão somente
Ousar cada palavra mais sutil
E o tempo quando muito não mais viu
O quanto poderia e não tente,
Ainda que se teime na corrente
Grilhões dizem de um mundo bem mais vil
E o tempo se mostrando incontinente
Rastreio cada passo em noite clara
E o verso mais feliz hoje declara
Amor que na verdade fora meu
O rústico cenário de um passado
Aos poucos noutro tom rememorado
Há muito sem sentido se perdeu.


79

O canto que tentara e não pudera
Ousando com palavras mais sutis
Tentando ter o quanto bem mais quis
Matando o que restasse da quimera,
A vida na verdade não espera
E sabe do caminho e pede bis,
Ainda que pudesse ser feliz
Ao fim de certo tempo é primavera,
E o vento do passado, a gelidez
Aonde na verdade não mais vês
Sequer a menor sombra dolorosa,
Expressa em tantas cores maravilhas
E sei de cada aroma que polvilhas
Tomando o meu jardim em lírio e rosa

19480

Encanto divinal
Pudesse ainda ver
Após o sempre igual
Dorido amanhecer
A vida em ritual
Sonega algum prazer
E o tempo germinal
Impede de nascer
O sonho mais atroz
E o canto mais feliz
Já não se vendo após
Aquilo que bem quis
O rio perde a foz
E segue por um triz.

19481


Outro verso de amor,
Inútil fantasia
Ainda não veria
O tempo em nova cor,
Aonde quer que for
Domando esta alegria
O todo não viria
Se fosse redentor.
Arcar com cada verso
E nisto estar disperso
Ousando no finito
Mergulho neste laço
E sei do quanto passo
E mesmo quando grito.

82

A vida parecendo
O quanto não viera
Marcando esta quimera
Qual fosse algum remendo
E quando em dividendo
O tempo dita espera
Amor já não tempera
Nem mesmo se envolvendo
Nos medos e nas tramas
Enquanto tu reclamas
A sorte não mais pousa,
E o canto sem sentido
Aonde fosse ouvido
Decerto em vão repousa.

83

Achando tão somente
Quem pôde acreditar
Nas ânsias do luar
E a vida sempre mente,
No quanto a paz eu tente
Esqueço algum lugar
E bebo a navegar
O mar que se apresente,
Tormentas costumeiras
E quanto mais não queiras
Queria pelo menos
Viver esta incerteza
Levado em correnteza
Por sonhos mais amenos.

84

A rosa me salvou
Embora em seus espinhos
Os dias mais daninhos
Por onde sempre eu vou
Ainda quando estou
Em vários descaminhos
Buscando velhos ninhos,
Mas nada mais restou.
Somente o medo e o caos
A sorte em tantos graus
Gerada por consenso
De cantos, melodias
E nada mais trarias
Enquanto em nada eu penso.

85

Não falo deste amor
Nem mesmo o poderia
Na vida sempre fria
Na sorte sem louvor
Aonde quer a flor
Já nada mais teria
Sequer a fantasia,
Talvez morto o calor,
Expresso em verso e luz
Ao tanto em que conduz
Meu passo sem destino,
Aos olhos do infinito
Ainda se acredito
No fundo desatino.

86

Ao menos os seus restos
Coleto quando sigo
E trago ora comigo
Momentos mais funestos,
Os dias entre gestos
O cais em desabrigo
O sonho que persigo
Caminhos desonestos.
Aprendo pouco a pouco
E sei que me treslouco
Na busca solitária
Por quem já não viria
Nem mesmo em fantasia
Na sorte imaginária.

87

Não deixo um sentimento
Moldar desesperança
E quando a vida avança
E o sonho quero e invento
Tocando o pensamento
A sorte em confiança
Traduz nova mudança
Ou mesmo o velho vento,
Aceno com futuro
E quando me procuro
Não vejo mais o rastro
E sendo de tal forma
O encanto que deforma
No mar imenso alastro.

88

Nem pontas que sobraram
Nem medos costumeiros
Os dias não moldaram
As flores nem canteiros
Os sonhos cultivaram
Momentos derradeiros
E nestes se entregaram
Aquém tantos luzeiros,
Aprendo com a queda
A sorte se envereda
Pousando noutro rumo,
E desta noite vaga
A lua então se apaga
E o canto em dor resumo…

89

Não falo deste caso
Nem mesmo poderia
Ousar neste descaso
Diversa alegoria
E o passo quando atraso
Escassa fantasia
O risco diz ocaso
E a sorte eu não veria,
Apenas derrocada
E desta vida brada
Cenário sem sucesso,
E quando mais pudesse
Teimando além da prece
O sonho eu recomeço.

19490

Embora triste fato
Traduza a solidão
Os dias que virão
E neles eu constato
A seca em tal regato
O medo em profusão
O passo dita o não
E o corte onde maltrato
Esqueço cada verso
E quando desconverso
Ousando na palavra
Que tanto poderia
Traçar em poesia
A sorte, nossa lavra.

91

Ouvir do coração a voz cansada
Depois de tanto tempo em dura espera
O quanto desta vida destempera
Deixando para trás uma alvorada,
Ainda quando o sonho não se evada
Nem mate com o inverno a primavera
A sorte noutro enfado degenera
E após o tanto ter não sobra nada,
Apenas a visão de um novo tempo
Armando com terror e contratempo
A dura tempestade que virá,
O amor já não seria mais tão forte
O tolo caminhar não me conforte
E o mundo desabando desde já.

92

Deixando bem distante do meu sonho
Realidade brusca e nada mais,
Ainda quando ouvira os sons banais
Tramando o que deveras não componho,
Meu canto se desenha mais bisonho
Ausente dos meus olhos teus cristais
Momentos que julguei fenomenais
O medo a cada engano mais proponho,
Esqueço o quanto pude acreditar
E bebo sem razão qualquer luar
Matando dentro em nós esta esperança
E o passo já cansado nada diz,
Aonde desejara ser feliz
Somente este vazio esta alma alcança.


93

Não ter a sensação de ser assim
Um átimo mergulha no vazio
E quando cada verso eu desafio
Vislumbro do começo o meio e o fim,
Ainda traduzindo o quanto eu vim
Vagando sem saber em turvo rio,
O preço do passado ora desfio
E o mundo se desenha ledo enfim,
Esqueço dos meus versos, e não trago
Sequer desta esperança algum afago
Mergulho no horizonte de nós dois,
E o caos se transformando a cada engano
O todo que pudera e assim profano
Não deixa quase nada pra depois.

94

Viver uma emoção aonde um dia
Pudesse acreditar felicidade
O tempo com terror a vida evade
E o manto de mais nada serviria,
Ainda quando vejo a mais sombria
E dura sensação sem liberdade
Ousando mergulhar na falsidade
A porta escancarada da agonia.
Espreitas e tocaias, queda em vão
Os dias mais felizes não trarão
Sequer o quanto pude acreditar,
Marcando com meu passo em sobressalto
O todo se desenha aonde incauto
Salgando lacrimejo em pleno mar.


95

Os dias que se foram no passado
E o quanto poderia e nunca vira
A sorte desenhando esta mentira
O vento há tanto tempo desolado,
E quando a sensação do medo invado
O corte se aproxima tira a tira
E o pranto na verdade não prefira
Viver o que pudesse neste enfado,
Agora que talvez a vida trace
O mundo sem saber de mais impasse,
Restauro com meu verso o quanto pude
Vestindo a sorte imensa de te ter
Mergulho neste imenso bem querer
Mudando num momento de atitude.

96

Refazem plenitude versos tais
E quando as sortes dizem do futuro
Ainda quando muito eu me asseguro
Dos dias entre pedras e cristais,
Os olhos procurando quando trais
O canto noutro enfado e me torturo,
O passo sem destino, salto o muro
E vejo apenas isso e nada mais,
Escassos olhos dizem do horizonte
E nisto cada verso mais aponte
O todo sem sentido e nem razão,
Açoda-me saber desta esperança
E quando o meu caminho a ti se avança
Traduz os novos tempos que virão.


97

Com mãos de mestre, amor ao esculpir
O sonho dentro da alma de um poeta
A vida na verdade se completa
Adentra com firmeza este porvir,
E o todo se deseja a redimir
Enganos tão temidos; se repleta
Minha alma com a vida mais dileta
Dos cantos como fosse um elixir,
Esqueço dos meus erros e prossigo
Ainda que não vás sempre comigo
O tempo não permite mais engano,
E quantas vezes tento noutro rumo
Bebendo da alegria o supra-sumo,
Até quando no fim me desengano.

98

E deixa para trás apenas isso,
O risco de sonhar e ser feliz
Aonde o meu passado contradiz
O todo que deveras mais cobiço,
Ainda se mostrasse mais mortiço
O passo desenhado por um triz,
O corte deslumbrando o que se quis
A flor já não possui, pois qualquer viço.
E o medo desenhando cada passo
E sei que na verdade sigo lasso
Perdido entre os delírios e arrebóis
E ao mesmo tempo bebo a liberdade
Enquanto o sonho audaz no fim se evade
E o passo noutro rumo tu destróis.


99

Tomando uma ilusão em mãos profanas
As sortes mais doridas; não permito
E sei da intensidade do infinito
Enquanto no caminho sempre enganas,
As horas mais audazes, soberanas
E os cantos onde houvera apenas grito
O amor que tantas vezes necessito
As sobras são deveras espartanas.
Escassas noites dizem da esperança
Quem sabe e tanto espera já se cansa
No fim a vida dita a solidão,
E sei dos meus tormentos costumeiros
Aonde poderiam os luzeiros
Somente trevas frias se verão.

19500

Receios de vivermos sem destino
Cansados desta luta inconseqüente
Ainda que outro rumo a sorte tente
Aos poucos sem sentido me alucino,
E bebo deste sonho cristalino,
E nele por mais forte que se vente
O tempo não presume o que me alente
Matando o coração, ledo menino,
Agraciada lua que decora
A noite sem saber sequer desta hora
Vagando pelos céus, maravilhosa,
E o todo se aproxima de um momento
Aonde com certeza em paz me invento
Gerando em primavera, espinho e rosa.

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

19301 a 19400

19301

Levando o pensamento aonde eu possa
Vestir a fantasia mais sutil
E o tempo na verdade nada viu
Sequer o que pudesse em sorte nossa,
A vida se transforma e da palhoça
O canto noutro rumo não se ouviu
E o medo se moldara e mesmo vil
Esquece o que deveras já se endossa,
Respiro cada instante sem saber
Do manto mais audaz, e no querer
A morte não se apega, vive aquém
Do tanto quanto pude em novo rumo,
Meu sonho no passado ora resumo
Enquanto a poesia já não vem,


19302

Eu quero eternidade em liberdade
Ousando ser feliz ou mesmo até
Tentando adivinhar a imensa fé
Ainda que o caminho se degrade,
Escassa noite dita a realidade
E sei do quanto pude em vil galé
Arcando com ternura no sopé
Da vida aonde o todo já se evade.
Acordo e nada vejo senão isto,
E sei da imensidão e não desisto
Marcando com ternura o que virá,
Esgoto o meu caminho após o nada
A sorte noutra face não me agrada
Matando uma esperança aqui ou lá.

19303

Eu quero insensatez e nada mais
Esforços tão diversos desta vida
Ainda que pudesse em despedida
Ousar imaginar além do cais,
Repare os meus momentos tão banais
E saiba do que possa em prevenida
Vertente desenhar o que lapida
Apenas desdenhando os meus cristais,
Capacho da esperança; eu nada vejo,
Buscara no infinito este azulejo
Porejo com ternura a poesia
E morto sem sentido e sem razões
Enquanto outros caminhos tu me expões
A lua entre tais brumas se escondia.


19304


Nesta suavidade mais fecunda
A vida se desenha bem suave
E quando nada mais tente ou se agrave
A sorte desenhada não inunda,
E o tempo se aproxima e a voz profunda
Tentando libertar aos poucos a ave
E neste caminhar a mesma trave
Imagem de outra igual, sempre oriunda.
Apresentando sempre a mesma história
A vida não seria merencória
Nem mesmo este cenário tão vulgar,
Pudesse tantas vezes ter em mente
O quanto mais se quer e se apresente
Mudando o meu destino devagar.

19305


Seguro tua mão, querida amiga
E venço os meus anseios contumazes
E sei que a cada instante tu me trazes
A sorte aonde a vida não prossiga
Tocada pela dor que desabriga
E marca meu caminho em tolas fases
E sinto os meus momentos mais mordazes
Enquanto a lua dorme, sempre antiga;
Marujos entre sonhos e quimeras
Ainda quando a vida em paz temperas
Esperas sem sentido algum a sorte,
E o peso do passado em inclemência
Gerando dentro em nós benevolência
No todo desenhado mais conforte.

19306

Sejamos mais felizes, pelo menos;
Os cânticos que tento ditam paz,
E o todo na verdade não mais traz
Sequer outros caminhos mais serenos,
Ainda que pudessem tão pequenos
Os olhos no vazio; nada faz
Senão a minha imagem mais audaz
Bebendo em tua boca teus venenos.
Esqueço cada passo e tento ainda
A sorte que deveras se deslinda
Marcando com ternura ou mesmo guerra
Minha alma solitária não permite
A senda que se veja num limite
Aonde o meu caminho ora se encerra.


19307


A vida sem perdão traz sofrimento
A quem já não consegue prosseguir
Ousando sem sentido o seu porvir
No todo só concebe este lamento,
Acordo com ternura e sei que tento
Vencer o que deveras há de vir
E sei do amor imenso, este elixir
Tomando sem defesa o pensamento.
Não peço mais sequer alguma luz
E sempre quando pude enfim me opus
Restando muito pouco de quem fora,
Nas sombras do passado eu me escondendo
A vida num cenário mais horrendo
A sorte sem caminho, sofredora.

19308

Pois deixe o que passou e nada mais
Ainda que esta vida se refaça
A morte não se perde na fumaça
Nem mesmo em atos toscos e banais,
Esqueço dos meus sonhos , meus vitrais
E tento imaginar a velha praça
Enquanto a poesia, uma cachaça
Esvai entre momentos desiguais,
Escasseando o sonho, nada resta
Sequer a fantasia mais funesta
E nisto todo o rumo se obedece
Apenas poderia num instante
Viver o quanto pude e se garante
Tentando até manter qualquer finesse.

19309

Sorrindo o coração de quem se dera
Matando a mesma dor tão corriqueira
E quantas vezes vendo o que se queira
A morte não traduz a primavera,
Apenas o que possa numa esfera
Diversa desta mesma onde se esgueira
Já não coubera mais a brincadeira
Nem mesmo o teu olhar de louca fera,
Açoda-me o saber do nada e enfim,
O quanto poderia dentro em mim
Não traz sequer um dia mais contente,
Cansado desta luta dia a dia
O todo noutro rumo me faria
O que deveras busco e sempre tente.


19310

As mágoas tanto pesam sobre as costas
Impedem cada passo ao quanto pude
E sei do meu cenário em noite rude,
Imagens tantas vezes decompostas,
E quanto mais deveras teimas, gostas
O todo se desdenha em atitude
Diversa da que eu busco e desilude
Tentando adivinhar velhas propostas;
Ecléticas palavras deste amor
Aonde se pudesse em tal louvor
Adivinhar um passo além do fim,
Mas sei do quanto é rude o pensamento
E sei que embora frágil, luto e tento
Vencer o que inda existe dentro em mim.

19311

Eu vivo sepultando os meus demônios
E sei que a cada dia renascendo
A face de um momento mais horrendo
Frisando dentro da alma os pandemônios,
E sei do quanto possa em meus hormônios
Vencer o que tentara em dividendo,
Apenas no final nada provendo
Os dias revivendo estes mecônios.
Escaldam nos meus sonhos os legados
E os campos tantas vezes desenhados
Aquém do quanto pude ou mesmo quis,
Assisto sem defesas, derrocada
Da sorte quando inútil, tenta e brada
Deixando dentro em mim a cicatriz.


19312

Apenas mansos mares; poderia
Quem tenta caminhar em liberdade,
Mas quando a realidade já me invade
A sorte noutra face em heresia
Medonha luz aonde se irradia
O peso sem sentido ou claridade,
A vida não traria a qualidade
Nem mesmo o que pudesse em noite esguia.
Resplandecente luz me amortalhando
O mundo se desenha desde quando
O todo se aproxima do final,
Apresentando a vida num instante
Apenas o caminho se garante
Moldando cada passo sem igual.

19313

Amiga teu futuro nada diz
Do quanto ainda vejo do passado,
E quando dos teus passos eu me evado
A sorte se transforma em cicatriz,
Ainda que pudesse sem o bis
O corte tantas vezes desenhado
No fundo dita o rumo e neste fado
Perene desenhar me contradiz,
Apresentar defesas ou quem sabe
Bem antes do que o todo em vão se acabe
O sabre adentra o peito de quem sonha,
A vida se anuncia de tal forma
E nada mais pudesse nem reforma
A dita tantas vezes enfadonha.

19314

Se esqueceres as urzes e daninhas
Quem sabe tu verás a primavera?
O canto noutro rumo não espera
Sequer as horas todas, mesmo as minhas,
Vencendo as tempestades adivinhas
O quanto poderia e se tempera
Na face mais atroz da dura fera
Palavras se aproximam, são mesquinhas.
Aprendizagem dita o dia a dia
E o tempo na verdade me traria
Apenas os vestígios de outros sóis
E quantas vezes tento ou mais procuro
Ainda que pudesse em cais seguro
Sabendo que no fundo me destróis.

19315

O melhor chegará; esteja certa
A vida se repete e mesmo assim
O quanto poderia haver no fim
Aos poucos o passado já deserta,
A porta se apresenta sempre aberta
O medo dominando o todo em mim
E o fardo se apresenta quando eu vim
Servindo na verdade como alerta.
Segredos e palavras, lavras, cio
E o canto se mostrando e desafio
O sonho sem saber do quanto pude
Tramar sem medo a vida após o caos
E os dias se mostrassem nestes graus
Gestando a já findada juventude.

19316

Perfumes justificam primaveras
E ditam o futuro de quem sonha,
A vida se pudesse ser risonha
Ainda quando o brilho tomas, geras,
Esqueço o quanto pude e sei deveras
A morte enquanto o passo não se oponha
Gestando da ilusão o que proponha
Mudando a cada instante as velhas eras.
Apresentando além qualquer desculpa
Enquanto a fantasia além esculpa
Esta obra em alabastro, uma esperança
Ousando neste instante mais cruel
Tentando da alegria algum cinzel
Meu passo no vazio ora se lança.

19317

E vamos, companheira, sem temores
Pousando no infinito do meu sonho
E quando alguma sorte inda proponho
Seguindo com ternura aonde fores,
Expresso em harmonia meus louvores
E tento imaginar mundo risonho
Diverso deste agora que, enfadonho
Produz constantemente dissabores.
Esqueço cada verso e me aproximo
Da queda anunciada em medo e limo,
Rimando compaixão com emoção
Já nada mais resume cada fato
E neste caminhar eu me retrato
Buscando os ermos todos que virão.

19318

Que guia nosso canto a poesia
Já não duvido mais nem mesmo quando
A sorte noutro rumo desenhando
O quanto mesmo assim já não teria,
A vida se desenha mais sombria
O passo noutro rumo se entornando
O corte da esperança hoje nevando
Matando o que pudesse em alegria,
Escassamente vejo o fim de tudo
E sei do quanto possa e desiludo
Gerindo meu futuro sem saber
Do caos ou mesmo até do sofrimento
E quando alguma luz ao fim eu tento
Já não teria sol no amanhecer.


19319

Teimosamente nunca acreditara
Na falsa sensação de ser feliz
E o todo na verdade não mais diz
Sequer do quanto pude em noite clara,
A vida a cada engano se depara
Com toda a ingratidão e sei do gris
Caminho o todo não mais quis
A noite enluarada bela e clara,
A face se apresenta mais atroz
E nada do que possa em minha voz
Gerasse complacência ou mesmo até
O cântico insincero e mesmo alheio
E quando a solidão deveras veio,
Perdera num momento toda a fé.

19320


Nesta minha insistência não me canso
De ter esta certeza no meu peito,
Ainda que pudesse e me deleito
O dia não seria calmo e manso,
A rústica alegria sem descanso
O corte anunciado em velho pleito
E mesmo quando pude, insatisfeito
Tentar após naufrágio algum remanso,
As sortes desenhadas neste encanto
E o todo quando posso e não garanto
Agigantando a morte sem defesas
As horas são iguais, dados lançados
Os templos no vazio desenhados
Palavras sem sentido vão ilesas.

19321

Dos rumos mais diversos que tentasse
Pousando no infinito de teus passos
Vagando tais caminhos mais devassos
A vida não permite alguma face
Diversa da que tanto se mostrasse
E nisto ao presumir novos espaços
Os dias se desenham todos lassos
E o caos já se aproxima neste impasse.
Rescaldos de momentos mais felizes
E sei do quanto tramas, contradizes
E matas o que possa haver em nós,
Resplandecendo a luz de um novo dia
Aonde o meu caminho se faria
Distante deste mundo ou logo após.

19322

Deixando esta saudade aonde pude
Vestir com ilusões o dia a dia
Ainda que pudesse e não teria
O mundo no cenário onde amiúde
Resumo verso e mato a plenitude
Restando tão somente esta utopia
E nela qualquer luz sem serventia
Mortalha sem limites, passo rude,
Pressinto o fim de tudo, mas insisto
E sei do quanto possa e mesmo nisto
O rústico momento diz do não
E o preço a se pagar já não compensa
A vida se mostrara em recompensa
Negando da esperança a geração.

19323

Pretendo semear uma esperança
Sabendo do passado mais sutil
E o quanto poderia e não se viu
Ainda quando a vida não amansa
Viceja dentro em mim esta criança
E nela o que pudera ser gentil
Transforma o meu caminho e já reviu
A morte num temor, leda aliança;
Esbarro nos meus erros e prossigo
Tentando a cada instante um novo abrigo
E o pranto se escorrendo no meu rosto,
Presumo meu desejo em raro esteio
E o todo noutro instante já não veio
Deixando o solitário rumo exposto.

19324


Pretendo tatear teu corpo; bela
E ser do quanto pude ou muito mais
Aonde se desenham desiguais
Caminhos, toda a sorte se revela,
Ainda que pudesse ver na tela
A vida entre diversos vendavais
E os cantos noutros tantos ditam cais
E neles o meu barco perde a vela,
Assídua companheira, a solidão
Trazendo os dias tolos que verão
Apenas o final mesmo sutil,
E o cântico em louvor a quem se dera
Marcando com ternura a primavera
Gerando o que deveras nunca viu.

19325

Mas são apenas loucas tempestades
As ânsias de um momento em raro amor,
E sei do quanto possa em redentor
Caminho que rompera velhas grades,
Ainda quando muito tu te evades
E deixas para trás qualquer rancor,
O pranto desenhando o dissabor
Matando em nascedouro as claridades,
Esculpo com meu verso o sonho em paz
E a morte na verdade não me traz
Sequer alguma luz após o fato,
Medonho caricato do futuro
Somente a solidão tento e asseguro
E nisto a cada instante me maltrato.

19326

Estrada tão difícil; tortuosa
A sorte não desenha outro momento
E quantas vezes busco e mesmo tento
Vencer a solidão mais caprichosa,
Ainda quando a vida se antegoza
Restando dentro em mim o provimento
De quem se desenhara sem lamento
A porta não seria perigosa.
Nem mesmo a sensação que agora tenho
Do mundo em mais dorido desempenho
Vestindo a imensidão do nada ser,
Acreditando sempre no que um dia
Trouxesse o quanto quis e não teria
Sonego tão somente o alvorecer.


19327


Pelo menos me resta alguma luz
E nisto se aproxima meu futuro
Sabendo deste porto eu me asseguro
Enquanto a solidão tanto conduz
Esbarro nos meus erros, sei da cruz
E nela cada engano eu amarguro
Pudesse caminhar em tempo escuro,
Vencendo o que deveras já me opus
Espalho aos quatro cantos o meu sonho
E sei do quanto tento e mais componho
Repondo com palavras, gestos, atos,
Os marcos desta vida sem sentido
E o todo no final eu dilapido
Momentos com certeza mais ingratos.

19328

É pequena, esmirrada, a fantasia
De quem se fez além da noite vaga
E o quanto se desenha nesta plaga
Marcando com terror tanta ironia,
O nada noutro rumo se faria
E nisto se apresenta a mesma adaga
E o corte na verdade já naufraga
O tempo onde a saudade não veria.
Especular ausência de esperança
A noite sem sentido algum avança
E mata o quanto resta dentro em mim,
Apenas não presumo o quanto pude
Vestindo a fantasia atroz e rude
Matando o que inda resta e sei no fim.

19329


A noite em solidão, momento atroz
E o canto sem sentido e sem razão
As horas se desenham neste não
E calam sem sentir a minha voz,
O todo se presume logo após
A queda noutros erros que virão
Restando no passado outra estação
E nisto sou deveras duro e algoz,
Escárnios encarando a cada engodo
Adentro sem saber o imenso lodo
Herança que recebo do passado,
E a morte se anuncia a cada queda
Navego sem sentido o quanto enreda
Ou mesmo no momento onde me evado.

19330

Meu canto, qualquer canto, qualquer preço
O rústico alimento de meu verso
Ainda que pudesse e não disperso
Tentando muito além do que eu mereço,
A sorte se anuncia e no começo
O peso toma todo este universo
Pudesse ser assim, mesmo diverso
Do quanto imaginara em adereço,
No fio da navalha, o corte e a morte
Não tendo mais sequer quem me conforte
Apresentando rude fantasia,
A vida não permite qualquer luz
E sigo este cenário onde me pus
Marcado pela dor em agonia.

19331

Não deixo de sonhar embora a vida
Traduza tão somente o medo e o frio
E quando novo passo eu desafio
A sorte se mostrara desprovida
E quantas vezes sinto e se duvida
Do caminhar imerso em tom sombrio,
Incandescente sol não mais recrio
E a sina noutra face destruída,
Acenas com sorrisos, mas sei bem
Do quanto na verdade não convém
A quem se fez diverso da emoção
Neste esmolar cenário a morte dita
O quanto desta luta, até maldita
Traduz momentos torpes que virão.

19332

Mesmo sabendo: feliz? Já não me resta
Além da velha face: hipocrisia
E o tempo noutro engodo me traria
Apenas a verdade mais funesta
Ainda que vivesse em plena festa
A morte pouco a pouco sorriria
E o caos dentro do peito em agonia
A manta se desnuda e nada presta.
Seleta companhia da esperança
Aonde o meu caminho quer e lança
Vestindo a solidão que tanto quis
E nada mais se aventa senão isto
O rumo sem sentido e já desisto
O olhar perde o sentido, e morre gris.

19333

Sei que nada mais faço nem pudera
Cerzindo dentro da alma a solidez
De um tempo aonde o nada ainda vês
E nisto se desenha a vã pantera,
A morte navegando não espera
Domina com certeza a lucidez
E o todo sem proveito aonde crês
Reavivando enfim qualquer quimera,
Apresentando a sorte mais vulgar
O todo se desenha a desejar
Ao menos lenitivo e até quem creia
No porto aonde eu possa descansar
A vida na verdade sem luar
Na sorte mais atroz em maré cheia.

19334

Apenas tanta mágoa vive em mim
Depois de cada queda ou emboscada
A sorte neste todo não mais brada
Matando o que inda resta e dita o fim,
O peso do viver já não diz sim
E a morte a cada passo desenhada
Esbarra na incerteza desta estrada
Marcando o quanto possa além e enfim.
Escapo dos meus ódios e procuro
Ainda algum lugar bem mais seguro
Depois de crer no sonho sem valia
A morte se aproxima e me domina
A porta se escancara e dita a sina
Moldando dentro da alma esta sangria.


19335



Exposto sem qualquer caminho aonde
A vida não traria uma saída
A sorte noutra face presumida
Repara o quanto posso e aquém se esconde
Esvai cada momento e corresponde
À morte mais atroz e percebida
No quanto o verso apenas dilapida
Roubando da alegria toda a fronde,
Afronto meus momentos mais doridos
E sinto quanto possa em tais sentidos
Vestir esta emoção, doce mortalha
Ao mesmo tempo vejo o fim de tudo
E quando a cada instante desiludo
Somente este vazio em nós se espalha.


19336

Jogado vou, qual cinzas no ermo vento
E sinto o quanto pude em tom diverso
Ainda quando aquém do sonho eu verso
Apenas um instante eu busco e tento,
Acordo o que pudera em pensamento
Matando o que inda tenho em universo
Distante do caminho mais perverso
Embora esteja sempre até atento.
Sofrer os tais reveses da esperança
E o passo sem destino nada alcança
Sequer alguma luz ao fim de tudo,
Depois de tantos anos, solidão
As horas no final não me trarão
Senão cada momento onde me iludo.

19337


Termina, vou matando cada sonho
E o prazo se esgotando num instante
A vida na verdade não garante
Sequer o que inda quero ou mais proponho,
Apresentando o corte mais medonho,
O verso no final é degradante
O mundo se transforma e galopante
Caminho noutro rumo é mais tristonho.
Ascendo ao que pudesse, mas a queda
Presume o quanto posso e se envereda
Audácias são comuns, leda magia,
E o manto se desnuda a cada engano
E quando no final eu já me dano
A sorte com certeza eu não veria.


19338

Cansado de sonhar já não combino
Com todo o meu delírio em tom atroz
Calando a cada instante a leda voz
O sonho se transforma em desatino,
O sol de uma esperança o quis a pino
E o passo se moldara em tom feroz,
Acordo sem saber se algum de nós
Pudesse dominar o seu destino,
Esplendorosa senda da esperança,
Mas sei do quanto a vida teima e cansa
Amordaçando o sonho sem proveito,
E o canto sem sentido se apavora
A vida na verdade nega a escora
E nisto meu caminho em paz aceito.


19339

Cansado de viver já não prossigo
Cevando a cada ausência a plena dor
E o passo na verdade a decompor
Gerando o quanto pude em desabrigo
Esvai cada momento e não consigo
Cerzindo dentro da alma o dissabor
Traçando sem sentido algum louvor
Ainda quando expresso o que persigo,
Acordo sem sentidos nem razões
E quantas vezes tanto tu me expões
A face mais dorida da verdade,
Assim já não percebo qualquer luz
Do todo com certeza eu sei da cruz
Enquanto o meu cenário a sorte evade.

19340

Vida não me pertence; disto eu sei
E o canto se ausentando da esperança
A sorte no final já não alcança
Matando o que pudera noutra grei,
A vida quando muito a desenhei
Jogado pelos cantos, na balança
Da sorte mais tenaz, em confiança
Marcando com terror a velha lei,
Esbarro nos meus dias doloridos
E sei dos cantos tolos, resumidos
Nos erros contumazes de quem tenta
Seguindo esta matilha, algum chacal
Espera outro momento triunfal,
Mas vivo a solidão dura e sangrenta.



19341

Arranco estas entranhas onde um dia
Pudesse acreditar noutro horizonte
E mesmo quando a vida ainda aponte
Matando o quanto resta em alegria
O mundo na verdade não traria
Sequer o que pudesse ser a ponte
Unindo o quanto quero à leda fonte
Marcando em dor imensa esta agonia,
Espúrio caminheiro do passado
Ainda quando o sonho busco e evado
Já não se adivinhara qualquer luz
Mesquinha cena vejo a cada enfado
E quando o meu vazio ainda agrado
Meu manto o teu cenário reproduz.

19342

Diabético, hipertenso, e sem futuro
Aonde o meu caminho não mais traz
Sequer algum sinal da imensa paz
Que tanto quanto posso inda procuro
O cais se anunciando mais seguro
E nisto poderia ser audaz
O todo se transforma e sei mordaz
Caminho feito em dor e sempre escuro
Escudo-me no fato de sonhar
E sei do quanto possa no luar
Diverso da esperança que me trazes
O medo se anuncia a cada instante
E o sonho aonde pude deslumbrante
Expressa do passado velhas fases.



19343

Amigo, quando a vida em armadilhas
Trouxer vicissitudes costumeiras
Ainda que deveras tanto queiras
Caminhos bem diversos dos que trilhas
Os passos entre dores noutras ilhas
Distantes das imensas cordilheiras
Vagando por estradas derradeiras,
Os medos como fossem tais matilhas,
Não tema estes percalços, vou contigo
E sei do quanto possa e assim prossigo
Ousando ter a paz nalgum momento,
E o vasto caminhar em noite imensa
Ao fim de certo tempo nos convença
Do quanto sempre busco e mesmo alento.

19344

Teus passos pela noite sempre escura
Os erros são comuns, não mais renego
E o quanto se pudesse sem ser cego
Vencer a dor e crer no que assegura
A solidão deveras fria e dura,
O mundo aonde o vago enfim navego
Uma esperança além da que carrego,
A ingratidão decerto se afigura,
Mas saiba quantas vezes se permite
Ultrapassar assim cada limite
Tentando muito além de um mero ocaso,
E sendo de tal forma a vida, traço
Meu passo muito além do mero espaço
E mesmo em turbilhões, em paz me aprazo.

19345

Vontade de parar e não seguir
Durante a vida feita em abandono,
E quando da incerteza já me adono
Sem ter sequer a sombra de um porvir,
Ainda que pudesse prosseguir
Vestir cada momento e quando o clono
Pousando nas entranhas, ledo sono,
A sorte no final hei de carpir.
Acolho os meus enganos, sei que vários
E os dias entre medos, necessários
Presumem ao final a queda e a dor,
Mas tudo se aproxima de um final
Aonde a vida dita outro degrau
Tentando na esperança algum louvor.


19346

Verás que estarei sempre junto a ti
E mesmo quando a bruma se adentrar
Nos olhos de quem tanto quis amar,
E o sonho noutros tempos já perdi,
Aonde o meu futuro eu presumi
Ousando imaginar qualquer altar
Sem ter sequer porquanto descansar
Não tendo para tanto lá e aqui.
Restauro cada passo rumo ao farto
E quantas vezes sonhos que descarto
Jamais eu poderia conceber
Nas ânsias de quem tenta novo dia,
Marcando com ternura ou agonia
A sorte que não fiz por merecer.


19347

E te sentires só em meio ao caos,
Sem nada que pudesse ainda crer
Medonha face expondo no teu ser
Os ermos tão comuns, velhos degraus,
Ainda quando pude sem as naus
Tentar algum momento de prazer,
E sito o meu caminho no não crer
Os dias entre tantos sempre maus,
As cordas da viola que ponteio,
O mundo se desenha mais alheio
E o pranto não sossega quem pudera
Vestir a fantasia mais sutil,
E os dias mais diversos; nada viu
Somente a solidão, divina fera.

19348

Teu peito por tristezas habitado
Marcado pelos medos do não sei
E quantas vezes tento ser um rei
Sem ter sequer a sombra de um reinado,
Ainda quando inútil sonho eu brado,
Tocando este infinito em vaga grei
As horas mais diversas que passei
O mundo noutro encanto desenhado,
Apresentando em versos tão mordazes
As horas mais doridas, velhas fases
E tempos quando nada mais havia,
Aprendo com meus erros e tempestas
E sei quando deveras teimas, restas
Matando o que inda tenho em poesia.

19349

Neste momento irás saber do quanto
Ainda pude mesmo acreditar
Vestindo a minha noite sem luar
E nisto apenas nada mais garanto,
Somente quando ouvindo o ledo canto
E tantas vezes pude imaginar
A sorte desdenhosa a me tocar,
E nisto com certeza só me espanto.
Espreitas tão diversas e tocaias
No quanto se anuncia e já me traias
Não mais conseguiria a liberdade.
Ousando com palavras mais suaves
Meus sonho libertários, velhas aves
Aonde a fantasia em vão me invade.

19350


Meus braços estendidos te querendo
A sorte não me trouxe mais a luz
E o quanto do passado reproduz
Momento tantas vezes mais horrendo,
Aos poucos sem caminho, e me perdendo
A morte na verdade dita a cruz
E sei do quanto possa e faço jus
Aos erros onde a vida não desvendo.
Apresentar escusas não aplaca
A dor que com certeza feito estaca
Adentra o quanto pode uma ilusão,
Apenas depois disto nada existe
Senão cada segundo amargo e triste
Que os dias noutros tantos me trarão.

19351

Por sobre um mar em plena noite escura
Sem ter sequer sentido ou direção
Os olhos no futuro não verão
Sequer o que esta sorte mais procura,
A vida não seria tão segura
Nem mesmo os dias claros se farão
Naufrágio dita a velha embarcação
E a sorte na verdade não perdura,
Ainda quando pude acreditar
No cais mesmo distante, num lugar
Aonde o meu caminho se presume
Vestindo a fantasia mais atroz,
Já nada calaria a minha voz
Nem mesmo chegaria além ao cume…


19352

Abrindo ao teu olhar os olhos meus
No zênite dos sonhos, o vazio,
Apenas cada passo desafio
E os cantos ditam sempre cada adeus,
Seriam na verdade os apogeus
Das ânsias que deveras não mais crio
E o tempo mais atroz, ledo e sombrio,
Buscasse no infinito por meu Deus,
Ascendo ao nada ser e sigo aquém
Do quanto com ternura não mais vem,
Esboço esta satânica loucura,
E bebo deste sangue, a carne viva
A sorte sem limites já me priva
Da vida que deveras me tortura.

19353

Secando cada lágrima pudera
Apenas aceitar novo momento,
Mas quando na verdade ainda tento
A sorte se desenha em vaga esfera,
Ainda quando muito destempera
E traça o descaminho entregue ao vento,
Cerzindo de minha alma o sofrimento,
A morte na verdade não espera,
Acolho cada engano e sendo assim
O tanto que se traça vivo em mim
Esvai a cada instante sem um fato
E nada mais traria senão isto
O canto pelo qual teimo e persisto
E neste desenhar nada constato.


19354


Verás todo o poder já se esvaindo
E o medo de seguir sem porto além
Do quanto na verdade não provém
Deixando para trás o sonho lindo,
Ainda que pudesse me esvaindo
No fundo sem saber de um novo alguém,
A morte sem limites me contém
E o tempo noutro tempo refluindo.
Escassas noites dizem da esperança
E quando no vazio a voz se lança
Espero qualquer tom e nada sinto,
Apenas a verdade se moldando
Num dia mais suave desde quando
Meu canto noutro engodo segue extinto.

19355

Trazendo tanto alento a quem se cansa
Da mesma ingrata luta dia a dia,
Ainda quando muito eu poderia
Alçar cada palavra em esperança
A vida se prepara em tal mudança
E nada mais se queira ou me traria
Senão a mesma face escura e fria
Ousando dentro da alma a fria lança;
Escassas noites dizem do prazer
Na busca pelo insano amanhecer
Bradando sem destino em previsões
Diversas das que tanto concebidas
Ainda que deveras tanto agridas
No fundo tua face assim expões.

19356


Barganhas que fazemos com a vida
Tentando no final adiar morte
E o quanto da verdade não suporte
A imagem mais atroz, velha ferida,
Ainda que talvez seja esquecida
A solidão decerto nos conforte,
E marca a cada passo o mesmo norte
Matando cada imagem presumida.
Já não mais poderia acreditar
Nos ermos de quem sonha e nada tendo
No fundo sou apenas um remendo
Do todo que aprendera a desejar,
Esbarro nos barrancos da esperança
E o passo sem proveito já se cansa,
Tentando sem sucesso algum lugar.

19357

Determinando os rumos da existência
A sorte não presume nada além
Do quanto na verdade não contém,
E gera após a vida a paciência,
Não tendo com certeza uma ciência
Do todo desdenhado nada vem
Apenas a semente lembra alguém
E nisto se presume a penitência.
O risco de viver e de sonhar,
Ausência de talvez onde pousar
Depois de tanto tempo em solidão,
Arcando com meus erros sigo em frente
Ainda que se mude, ou mesmo tente
Os dias tão iguais repetirão.

19358

Mudanças tão velozes, direção
Diversa da que um dia pude ver
E sei do quanto cabe o meu sofrer
Nas horas mais doridas que virão,
Espero cada passo, indecisão
E o manto se transforma ao se tecer
Nas ânsias do dorido apodrecer
Mortalhas noutras sendas se verão,
Escalo cordilheiras e não vejo
Sequer a menor sombra do desejo
Realizando o sonho: ser feliz.
A vida sem proveito nem mais festa
Ao menos o que tento não se presta
Ao quanto desejara e não mais fiz.

19359

Em glória ou morte a vida não se faz
Depois de certo tempo, continua
Vagando sob as rendas desta lua
E nisto o meu caminho é mais audaz,
O medo tantas vezes tão tenaz
O passo sem sentido não cultua
A morte desenhada em face nua
O canto que sonega a própria paz,
Assumo os meus pecados e sei bem
Do quanto na verdade não contém
O manto abençoado da esperança,
Mas vejo ao fim de tudo a mesma inglória
Moldando sem limites cada história
E o tempo noutro engodo em vão se lança.

19360

Histórias tão diversas, conflitantes
Momentos de alegria e de tormenta
Aonde uma esperança segue atenta
E apenas o vazio me garantes,
Nos olhos entre estrelas radiantes,
A sede de viver nos alimenta
E o canto noutro rumo se apresenta
Vagando como fora por instantes
Escassa realidade dita a sorte
E nada mais deveras me comporte
Senão a mesma queda em tolo enredo,
Bisonha madrugada, noite escura,
A vida sem saber não mais procura
Sequer o que inda posso e não concedo.

19361

Batidas arrastadas sonhos tanto
O caos se desenhando no horizonte
E ainda que decerto o tempo aponte
Apenas o vazio inda garanto,
Gerando deste pouco o quase encanto
E nada mais deveras desaponte
Quem busca tão somente a mansa fonte
E nisto nada mais tento ou garanto.
Organizando em mim tal tempestade
A sorte na verdade dita a grade
E desagrade sempre quem derrota,
A vida não presume direção
E os dias com firmeza não trarão
Sequer o que pudesse em nova rota.


19362

Depois o que viera após o medo
A sorte não desenha qualquer lado
E o tempo aonde aos poucos me degrado
Não deixa o caminhar sequer mais ledo,
Ainda quando posso e assim procedo
O rumo se pudera num traçado
Diverso do que tenho imaginado,
Moldando a cada passo outro segredo,
Restaurações dispersas, sonhos tais
E nisto se aproximam teus sinais
Ousando na verdade bem dispersa
E quando a vida toma as rédeas vejo
Aquém do que pudera neste ensejo
O mundo quando atroz já desconversa.


19363

Crianças espancadas, sonho morto
E o canto sem sentido nem proveito
Nas ânsias mais atrozes se me deito
Tentando adivinhar ainda um porto,
O quanto se desenha sem conforto
De um mundo a ser deveras mais sujeito
Aos tantos caminhares neste leito
E disto sou apenas teu aborto,
Restauro cada passo rumo ao nada
E vejo a mesma face desgrenhada
Gerada pelo medo de lutar,
Ainda que pudesse ter no canto
Um dia mais feliz, nada garanto
E sei do quanto pude imaginar.


19364

A sorte se levando para além
Do todo desdenhado desde quando
O mundo noutro fato se moldando
Traduz o que deveras não mais vem,
Escassos dias dizem deste alguém
Embora o meu caminho desabando,
A sorte noutro enfado degradando
O tempo que se mostra muito aquém,
O rastro que deixaste pelas ruas
Imagens tão diversas, belas, nuas
E o pântano de outrora já não veio,
Ainda sem temor algum persisto
E sei que na verdade sendo nisto
O fim do delirar atroz e alheio.

19365

De tudo se repete vida afora,
As horas são iguais, não mais duvido
E o tempo noutro tempo consumido
A sorte sem juízo algum se aflora,
Reparo cada engano e desde agora
O mundo noutro fato resumido,
A sorte desenhando esta libido
O fátuo caminhar já não demora,
E o prazo se esgotando plenamente
ainda quando muito a gente tente
Vestir a fantasia mais sutil,
Amante da esperança e liberdade
O passo sem limites sempre agrade
A quem todo o passado ora reviu.


19366


Do relógio que nada anunciara
Sequer o melhor prazo pra sonhar,
A vida não pudesse mais notar
Cerzindo do vazio tal seara,
A sorte muitas vezes desampara
E gera o que tentasse em meu luar,
Vagando pelas redes do solar
Momento em luz intensa, imensa e clara.
Não tendo qualquer rumo, sigo só
Do todo desejado mero pó
E o fado se apresenta detalhado,
O corte se aprofunda e nada trama
Senão a mesma face exposta em drama,
Deixando para aquém qualquer recado.

19367


Senão da morte certa não se escapa
Nem mesmo ao procurar a redenção
Os dias no futuro não verão
Sequer do que já fomos, mera capa,
Assim a vida dita sempre o mapa
E a falta de sentido ou direção
Apenas ultrapasso outra estação
E aguardo o meu descanso em leda lapa.
Apresentando o sonho a cada verso
Ainda quando muito desconverso
E tento acreditar num novo dia,
Na cíclica ilusão a vida queda
E paga com terror, mesma moeda
Enquanto a liberdade o tempo adia.

19368

Na glória deste amor que nunca veio
O medo mais constante de quem tenta
Sabendo desta sorte mais sangrenta
Ousando com terror velho receio.
Ainda quando muito sigo alheio
E o passo noutro encanto se apresenta,
Vestindo uma ilusão mesmo sedenta
Do quanto poderia e não rodeio,
Arcando com enganos, sigo ao fim
E sei do quanto possa dentro em mim
Amortalhando a vida sem proveito
E canso de lutar mesmo que eu possa
Ousar numa esperança toda nossa,
Neste ermo aonde enfim tento e me deito.

19369

Amada, não estou nem estaria
Usando da esperança como uma arma,
A sorte com certeza me desarma
E a vida noutra face é mais sombria,
O quanto tantas vezes poderia
Ousando ser diverso do meu carma,
O canto noutro encanto sempre alarma
Quem vive tão somente a fantasia.
Apresentar o fim e nada crer
Somente na semente a se colher
Gerada pela insânia de um alento,
Não posso neste outono ver a flor,
As folhas ressequidas deste amor
Expostas sem defesa ao ledo vento.


19370

Não deixo um só segundo de sonhar
A vida não resume num momento,
E quando noutro passo ainda invento
Quem sabe depois disto algum lugar,
E o mundo se desenha devagar,
Apresentando apenas desalento,
O dia se encaminha mesmo lento
E o pranto nada mais irá secar.
Escarpas e falésia, os rochedos
Os dias mais atrozes, sonhos ledos,
E o vórtice domina este cenário.
Bramindo sobre as rocas a maré
O amor já não produz e nem mesmo é
O quanto fora outrora imaginário.

19371

No amor que tenho e sei jamais pudera
Acreditar no dia que inda venha
Embora não conheça a velha senha
Cerzindo o meu caminho sem espera
A sorte na verdade destempera
E o medo com certeza me contenha
Gestando dentro da alma o quanto em lenha
Abrasa esta ansiada primavera.
Versões diversas tento e nada vejo
Sequer o quanto pude sendo andejo
Adivinhar após a cordilheira,
Dos vales e planícies, da ribeira
A morte se aproxima e sei do fim,
Mas quanto mais deveras tudo eu queira
Ousando na esperança por bandeira,
Meu passo desdenhoso vivo em mim.

19372

Somente em teu amor ou mesmo além
O mundo não teria um novo rumo
E o quanto se desenha e bebo o sumo
Da sorte desdenhosa e sem ninguém
O todo se desenha quando vem
E nisto com certeza eu me resumo,
Vagando sem sentido não me aprumo
E o corte se aproxima de outro bem,
Negociar a vida? Nem pensar,
Fortuna se imagina noutro mar
E o cântico desenha a mais perfeita
E lúdica emoção em vida farta
E o canto na verdade não se aparta
Enquanto a fantasia se deleita.

19373

A tua voz mais meiga mesmo falsa
A sorte não traria outra desculpa
E quando a realidade em vão se esculpa
A luta na verdade não me calça
Esbarro nos meus erros e se tento
Vencer a luta sinto ao fim do jogo
O quanto imaginara em tolo rogo
E o passo não presume o pensamento,
Acordo sem sentidos nem razão
O prazo determina a validade
Do amor que não conhece a liberdade
Nem mesmo se aproxima além do não,
Escolho cada passo e vejo ao fim,
O quanto trago morto dentro em mim.

19374

Não canso de querer quem não me quis,
E sei do sofrimento que isto causa
A vida se desenha a cada pausa
E nisto gera a imensa cicatriz,
O peso na verdade contradiga
O passo sem sentido rumo ao nada,
Ainda quando vejo degradada
A imagem com certeza mais antiga,
Ocasionando enfim a despedida
O prazo delimita o fim de tudo
E quando no final, eu me amiúdo
A morte pouco a pouco dilapida,
Resplandecendo em nós a lua morta
Apenas a saudade em mim se aporta.

19375

Tu sabes que sou teu e isso me basta,
O canto não condiz com a verdade
Ainda quando o mundo se degrade
Meu passo do teu rumo em vão se afasta,
Imagem tantas vezes mais nefasta
A sorte nega sempre a liberdade
E o medo traz no fundo esta saudade
E nisto o quanto posso não me arrasta,
Vestindo a fantasia de poeta
A morte a cada dia se completa
E gesta a etérea luz que tanto quero,
No fundo sei que nada mais virá
E o todo desenhando desde já
É todo o meu porvir, dorido e austero.

19376

Que vivo por amor o quanto pude
Sentindo esta ilusão sem mais sentido
E o quanto sigo em paz ou resolvido
Deveras não pudesse sendo rude,
Ainda que tentasse ou nada mude
O corte noutro engodo resumido,
O tempo na verdade dilapido
E o manto se mostrara em atitude,
Espero cada curva do caminho
E quando no final ainda alinho
Meu passo com o teu, não resta nada,
Senão a mesma face em medo e tédio
E o quanto da esperança nega assédio
Traduz a sorte nunca desejada.

19377

Tu és o meu oásis, a miragem
Que em plenos areais pudesse ver
Ainda quando muito amanhecer
No meio do cenário em tal visagem,
A sorte se desenha na viagem
Que faço sem defesas por meu ser
E posso no final reconhecer
Aonde se escondera a paisagem,
Reparo cada estrela e sei que nada
Da vida me traria a mesma estrada
Da qual já nem me lembro nem o quis.
Produzo cada verso de tal forma
Que a vida na verdade não informa
Gestando tão somente a cicatriz.

19378

Encontro em meu deserto a tua face
E vejo quanto pude te perder,
Ainda quando tento me esquecer
A sorte noutro rumo se mostrasse,
Vagando sem sentido, tento e passe
A morte a cada instante a recolher,
O todo que restaura cada ser
E nisto outro cenário já moldasse.
Apresentar errático momento
E nisto cada instante eu sei que tento
Vestindo a melhor sorte, ou mesmo o nada,
A porta não se abrindo, o cadeado,
O tempo aonde inútil tento e brado
A voz já sem sentido e até cansada.


19379

No sonho mavioso renegado
O corte se desenha e mata quem
Pudesse na verdade e nada tem
Senão cada momento onde me invado
Do medo ou mesmo até do meu passado
Regido pelo amor de um novo alguém
E sei do quanto possa e me convém
Gestando o que se fez abandonado.
Restauro cada passo rumo ao nada
E vejo a minha sorte destroçada
Audácias são comuns ao sonhador,
E nada do que possa com certeza
Gerando a cada queda a nova presa
Intacta realidade em desamor.


19380

Teus olhos, diamantes falsos, ledo
Sentido do que fora uma esperança
A vida no final já nada alcança
Destarte solitário e em vão procedo,
Ainda que pudesse desde cedo
Ousar noutro caminho em confiança
A morte na verdade se afiança
E gera o que pudera sem segredo,
Recados da alegria não mais ouço
Apenas entranhando o calabouço
Mortalhas tão diversas e banais,
Assim ao mergulhar neste horizonte
A vida noutro rumo já me aponte
Traçando estes caminhos desiguais.


19381


Nas vezes em que sinto um manso vento
Ou mesmo a calmaria, nada vês
E o tanto que pudera sem porquês
No fim transforma a dor em desalento,
Aprendo com o medo e o sofrimento
E o canto sem sentido não mais crês
E sinto o quanto pude sem talvez
Ousar noutro cenário aonde eu tento,
Crivando de esperança o solo atroz
Ninguém mais calaria minha voz
E o verso qual bandeira desfraldada
A marca das unhadas da pantera
A vida a cada passo degenera
E traça este vazio aonde enfada.

19382


Na beira de um regato o coração
Jogado sobre as pedras, tão somente
E quantas vezes busque ou mesmo invente
A sorte na soberba direção,
Os dias com certeza me trarão
Dos sonhos mais felizes a semente
E nisto quanto mais já se apresente
A vida não permite outra estação.
Resumos de momentos mais audazes
E neles com certeza nada trazes
Senão as velhas curvas do caminho,
E sei que após o nada não resumo
Meu mundo no que possa em novo prumo
E sigo sem defesas, mais sozinho.

19383

Chamei-te para vir e não vieste
O tempo não perdoa quem se nega
A crer nesta ilusão que mesmo cega
Presume alguma luz além, celeste,
O todo no vazio se reveste
E bebo a solidão que já se entrega
A sorte desdenhosa não navega
No tempo quando atroz árido e agreste.
Esparsas noites dizem da esperança
Que quando no final jamais alcança
O preço que se cobra dia a dia,
Apresentando sempre este horizonte
Sem nada que deveras inda aponte
A sorte com terror a merecia.

19384

Agora já cansei desta batalha
Aonde no final não resta nada,
A sorte noutra face alvoroçada
Enquanto a solidão feroz se espalha,
No corte mais profundo da navalha
A morte noutro engodo desenhada
E a frágil solução imaginada
Amor é feito fogo em leda palha,
Incandescente sol que não viria
A lua se mostrara mais sombria
Manhãs já não concebo e sigo alheio,
O todo sem proveito, o fim de caso
E o tempo na verdade não aprazo
Enquanto os descaminhos eu rodeio.


19385

Será que enfim mereço alguma paz?
Já não consigo mais ver a alegria
Aonde o meu caminho não teria
Sequer o que a saudade ainda traz,
O rumo se aproxima e nada faz
Adentro sem defesas a agonia
E o preço que deveras pagaria
No fundo a dor se fez mais contumaz.
Segredos e verdades são distantes
Dos dias quando muito me garantes
Luzeiros entre pedras e cascatas
Repare cada estrela e veja bem
O todo que a saudade não convém
E nisto a todo engano me arrebatas.


19386

Nas noites bem mais claras do sertão
Os medos mais comuns do sonhador
O preço a se pagar tramando a dor
E os dias noutro rumo me trarão
Apenas a verdade e imprecisão
Aonde imaginara algum louvor
Espere cada curva e; por favor,
Aguarde no final a decisão.
Os dias repetindo os mais banais
Caminhos não presumem catedrais
Altares se dourando hipocrisia,
De todo caminhar nada mais vejo
Sequer este cenário mais sobejo
Enquanto o meu passado morreria.


19387


Eu busco nos teus braços o seguro
Caminho que pudesse e nunca veio,
Amor já não seria o meu esteio
Ainda quando nada em vão procuro,
O solo se desenha árido e duro,
O tanto que tentara sem receio
Apenas desenhando o velho veio
E o mundo se aproxima mais escuro,
Energizando a sorte que pudesse
Tramar com alegria e até finesse
O rumo desairoso de quem tenta
Versar caminhos tantos da esperança
E mesmo quando a vida ao vão se lança
A imagem mais atroz dita a tormenta.


19388


Mas nada... Nem sei mais se existe porto
O canto se desenha em tom menor
Ainda quando exposto ao vão suor
Já não pudera mais qualquer conforto,
Meu canto sem destino semimorto
Cenário que concebo e sei de cor,
Meu mundo poderia ser melhor,
Não fosse esta esperança em ledo aborto,
Rescaldos de momentos temerários
Os sonhos são dos sonhos os corsários
E os erros se repetem cada dia,
Não vejo mais a sombra do que fora,
A vida tantas vezes sonhadora
Já nada mais deveras me traria.


19389
Que faço sem teu braço nem apoio?
O mundo se desenha em tempestade
O quanto em poesia desagrade
Gerando no vazio apenas joio,

E quando na verdade me reparo
E vejo especular cenário frio,
Ainda que deveras desafio
O mundo sonegando este anteparo,

Crivando em dores tantas meu caminho
Expresso a solidão a cada instante
E o nada na verdade se garante
Deixando o meu cenário mais daninho

Pudesse acreditar na redenção,
Mas sei que após o todo vem o não.

19390

Viver sem teu afeto nem ajuda
A morte não transcende ao quanto quis
E o verso de um etéreo chamariz
Gerando a velha sorte mais miúda,
O rastro que persigo não acuda
Quem tanto noutro rumo já me fiz,
E o frágil caminheiro pede bis
Sabendo do não ser que em vão iluda.
E o cântico promessa de um futuro
Aonde com ternura eu me afiguro
E a queda se anuncia a cada passo,
Depois de certo tempo o quanto vira
No fundo se transforma em tal mentira
E amor já se mostrasse enfim escasso.


19391

Saber que sempre irei após o tanto
Tentar a solução que não veria
E sinto mais distante a fantasia
Aonde o meu caminho não garanto,
O rumo se desenha em desencanto
E a morte desejada em agonia,
A sorte delicada não viria
Nem mesmo o meu caminho em novo canto,
O mundo não presume a liberdade
E quanto mais decerto o sonho brade
O nada se adivinha após o caos,
E o rumo se perdendo sem sentido
O peso noutro tempo presumido
E os dias com certeza sempre maus.

19392


Meu canto sem descanso nem proveito
O tanto quanto pude e nada vinha
A vida não seria tão daninha
Nem mesmo algum alento é meu direito
O risco de sonhar, imenso pleito
A solidão bem sei somente é minha,
Acordo e me percebo em vã, mesquinha
Verdade aonde o todo sempre aceito,
Ao escapar do bote, da tocaia
O todo com certeza não atraia
Sequer o que pudesse ser diverso,
Fragilizado passo rumo ao vago,
Ainda quando possa e ali me alago
Apenas sem certeza desconverso.


19393

Sozinho nunca faz felicidade
De quem já não pudera acreditar
Nas duras ilusões de algum lugar
Enquanto a sorte nega ou mesmo evade,
O todo quando pude além da grade,
O rústico momento a se mostrar
Restando dentro da alma o caminhar
E o medo sonegando a liberdade,
Esclarecendo o passo nada vejo
Sequer o quanto pude e neste ensejo
O caos se aproximando num instante,
O fim da fantasia gera a morte
E o todo na verdade não comporte
Nem mesmo o que esperança ora garante.


19394

Preciso de teu corpo e tua mente
No rastro dos meus sonhos, eu persigo
Ainda nos teus braços meu abrigo
Embora sei que a vida tanto mente,
Não tendo outro caminho, de repente
O marco se desenha em tal perigo
E o corte original, bem sei antigo
O manto se aproxima mais demente.
Açoitas com ternura cada passo
E quando me imagino nada traço
Sequer o que pudesse e nunca veio,
A vida se mostrando em alvoroço
O todo se transcorre em medo e fosso
Amor prossegue aquém ou mesmo alheio.


19395

Espero... Venha logo... Mesmo quando
A vida não pudesse me trazer
Algum resquício vago de prazer
E o todo noutro engodo se moldando,
Ainda que pudesse em contrabando
Meu mundo na verdade pude ver
Ainda sem saber o que é poder
O dia noutro rumo desenhando,
A sorte traiçoeira dita o fim
E o passo desdenhoso traz em mim
O canto se permite sem sentido
E o medo noutro passo resumido
Transforma o meu caminho e do jardim
Apenas o meu sonho vai florido.

19396

Querida, a bela rosa não traduz
A pura primavera que eu queria,
A sorte muitas vezes mais sombria
O mundo se aproxima em leda luz,
Ao quanto poderia e não fiz jus
O manto sem sentido e a poesia
A morte sem saber desta agonia
Expressa o meu caminho em medo e cruz,
Cabelos soltos, vento em profusão,
As horas mais felizes me trarão
Apenas o que eu quero e mesmo tento,
O rumo se aproxima do final,
O sonho se desenha noutro astral
E o canto se presume em vão tormento.


19397

Guardada para quando não viria
Sequer a noite em nós ou mesmo o sonho,
Ainda que eu pudesse em novo dia,
O todo quanto quis já não componho
E sei do meu cenário enquanto o ponho
Nas ânsias mais atrozes, na agonia
Amor já não se fez nova utopia
E nisto sei do quanto sou bisonho.
Guaridas são defesas? Nada disso,
O sonho se é por vezes movediço
Não deixa qualquer rastro nem pegada,
Alastro os meus caminhos pelo vago
E quando no final a morte afago,
Presumo a mesma voz já degradada.

19398

Em todo grande amor que inda trouxesse
A vida não pudera ser além
Do sonho que em verdade não mais vem
Matando no princípio esta benesse,
Restauro cada passo e não se esquece
Da sorte desairosa de um refém
E nisto a poesia me convém
Reinando sobre a vida em leda prece,
Assenta-se a poeira da esperança
E o mundo no vazio já se lança
Apresentando apenas solidão,
A luta não se cansa e mesmo assim
O todo se apresenta em ledo fim
Marcando com terror a imprevisão.

29399

Buscando o teu sorriso eu lacrimejo
E sei dos meus tormentos contumazes
E quando no final já nada trazes
Matando a minha sorte a cada ensejo,
O rumo se desenha em azulejo
A vida renovando suas fases
E o peso do passado em tons mordazes
Traçando cada dia em seu desejo.
Olhando para trás já nada sinto
Nem mesmo o que inda dita o velho instinto
Hedônico caminho se perdendo
E o fardo se acumula a cada passo,
E quando na verdade o nada eu traço,
Resulto do total mero remendo.

19400

Vivendo esta emoção e sendo aquém
Do quanto poderia e não soubera
Ainda quando a vida dita a fera
Amor já não traduz e nada vem,
Somente o que pudesse e não convém
Matando dentro em nós cada quimera
A porta se apresenta e quando espera
Dos sonhos sou apenas o refém,
Alhures vejo o brilho de outra lua
Que envolta no passado ora flutua
Cultua esta emoção em nova renda
E o prazo se apresenta sem sentido,
Ainda que pudesse não me olvido
Do amor desenho amargo da contenda.