001
Decerto o criticar
Produz o quanto possa
Em senda atroz e em fossa
O nunca navegar,
Perfeito caminhar?
A vida não se apossa
E quando o sonho roça
Expressa o divagar,
Exemplos tão diversos
Reinando em universos
Em discordantes passos,
Ser dono da verdade?
Ausente claridade
Em dias vãos, e escassos.
2
Não queira que o caminho
Demonstre o seu desejo,
A vida a cada ensejo
Noutro lugar aninho
Por vezes mais sozinho,
Ou noutras não prevejo
Sequer este azulejo
Sequer um manso ninho,
A sordidez do fato
Aonde eu me retrato
Resgata a insana luta,
Mas sei quanto se deve
Vencer com passo breve
A fúria que se escuta.
3
Os dias não seriam
Iguais em consistência
Na vida onde a ciência
Traduz os que feriam,
Bebendo da esperança
Que nada mais produz
Senão a imensa luz
E nela o sonho avança,
Dos erros costumeiros
Futuro dita o traço
E quanto mais eu faço
Adentro estes canteiros,
Na mansa primavera
Que o peito em paz, espera.
4
Um erro justifica
O engano ou mesmo o lodo?
E quando sem denodo
A porta mortifica
Fechada sempre implica
Na marca de um engodo,
E tendo enfim meu todo
Não aceitando dica,
A rósea maravilha
Há tanto não mais trilha
Nem bebe a claridade,
E sei do que viria
Na forma em poesia
E o tempo em vão degrade...
5
Ferir quem não te fira
E mesmo te defenda
A sorte traz a venda,
Porém a vida gira,
E acesa ou não tal pira
A luta que se acenda
Moldando a velha lenda
A morte se prefira?
Jargões em falsos ritos
E dias mais bonitos
Ou mesmo em tempestades,
Do quanto se quisesse
Na fonte em rara messe,
Decerto agora evades.
6
Quem tanto faz juízo
Do passo de outro alguém
No fim vai sem ninguém
E neste prejuízo
O quanto em vão matizo
E sei que nada vem
Somente este desdém
Marcando por granizo,
Meu verso se emoldura
Na paz, numa brandura
Difícil, disto eu sei,
Mas quantas vezes, veja
A sorte como seja
Ou mesmo eu esperei...
7
Amor transe em carinho
Diverso do temor
Marcando com ardor
O passo mais daninho,
E sei do enorme espinho,
O corte e o dissabor
Dos olhos, refletor
Tocando de mansinho,
Mas tanto quanto pude
Vencer cada atitude
Nefasta em desafeto,
Nos ermos do não ser
Aprendendo a viver
Aos poucos me completo.
8
Corrija com exemplos,
Palavras? Leva o vento,
E quanto mais eu tento
Ainda sem os templos
Arranco dos meus olhos
Os dias que pudessem
Trazer onde se tecem
Além dos vis abrolhos,
Fenece uma esperança
Audácia em primavera
A vida sem espera
A luta sempre cansa,
Mas vale cada corte
No quanto em paz aporte.
9
Ajude quem caindo
Não sabe mais a rota
Deveras já se esgota
O quanto fora lindo,
O mundo se exprimindo
Na voz que sem a cota
Expressa a mais remota
Noção do agora findo,
Vestindo esta quimera
E nada mais se visse
Sequer qualquer tolice
Aonde o passo espera
A curva desta estrada
Há tanto abandonada...
10
Colaborar, portanto,
Labores concernentes
E nisto sempre tentes
O mundo em raro encanto,
E quantas vezes canto
Ousando em plenas mentes
Em dias mais urgentes
Pungente este quebranto,
Negando cada luz
Ao quanto se conduz
A morte e se permite,
Viver a plena sorte
Mesmo que venha o corte,
E a dor já sem limite...
11
Onipresente está
Quem tanto se procura
Em dor e desventura
No quanto moldará
A sorte e desde já
Na noite mais escura,
O porto ora assegura
Qual fosse algum maná,
As dores ensinando
O tempo mesmo infando
Prenunciando o sol,
Aprendo com a queda
E quando a vida enreda
No fim trama o farol.
12
O desamparo; é fato,
Jamais traduz vazio
E mesmo em desvario
Além; sorte eu constato,
E o tempo mesmo ingrato
Aceita o desafio
E desce, e enfrenta o rio,
E bebe este regato,
O mundo se anuncia
A cada fantasia
E sonho onde se vendo,
O prazo sem limite
O amor que se permite
Sem corte e sem remendo...
13
O Deus que cultivaste,
Já não importa o nome,
Nem mesmo quanto dome
Da sorte num contraste
Tramando em mãos tal haste
E quando a sorte some,
O verso em sonhos tome
Vencendo algum desgaste,
Pudesse ser assim,
O tempo não tem fim
E o sonho nos redime,
Amar e ter além
Do quanto inda se tem
É raro, mas sublime
14
Jamais estás sozinho,
Determinada luz
Ao quanto te conduz
Expressa o raro ninho,
E quanto mais sozinho
Vencido onde me pus,
No tanto em contraluz
Dos sonhos me avizinho,
E sei da divindade
Que tanto nos invade
E trama novo passo,
Meu mundo junto ao nosso
Enquanto em luz endosso
O encanto onde me faço.
15
As mágoas, com certeza
Não possam impedir
Sequer o que há de vir
Vencendo a correnteza
A luta sem surpresa
O mundo a presumir
O amor a repartir
Na senda quase ilesa,
Depois de tanto engano
Aos poucos se me dano
Espero a redenção
Embora saiba bem
Do quanto ora não vem,
Minha alma em tal porão...
16
O quanto dentro em ti
Sabendo por quem és
Rompantes no viés
Aonde percebi,
O tanto lá e aqui,
Vencendo algum revés
Sangrando pelos pés
O corte amanheci,
Mas sei que depois disto
Enquanto além insisto
A lei se faz presente,
No fundo sem remédio,
A vida vence o tédio
Amor raro consente...
17
Silente caminheiro
Ouvindo a mansa voz
Espera pela foz
E sabe o mensageiro
E neste derradeiro
Cenário dentro em nós
Ainda quando algoz
Meu canto não inteiro
E bebo desta sorte
Que possa em ledo norte
Tramar outro momento,
Mas sei do desalento
E nada mais conforte
O quanto audaz invento.
18
Vencer dificuldades
E crer noutro momento
Aonde o que ora tento
Aos poucos já degrades,
E mesmo em liberdades
Diversas, pensamento,
Marcando com tormento
Enquanto desagrades,
Matando cada sonho
E nada mais componho
Senão a mesma luta
Expressa em temporais
E nelas outras tais
Nefasta luz permuta...
19
Jamais estar sozinho
E ter a fé de um dia
Diverso que viria,
Trazer o manso ninho,
Mas sei que cada espinho
Ferindo sempre adia
Matando a poesia
Deixando este ar daninho,
Não pude e nem tentasse
Vencer qualquer impasse,
Apenas respirando,
E o vento se mostrando
De fato sem sossego
E assim em vão me apego...
20
E solitariamente
A sorte não transcorre
Senão no velho porre
Tomando a frágil mente,
E o pouco se desmente
E nada me socorre,
Vibrando o quanto ocorre
Do peso, impunemente,
Vertentes variadas
As noites malfadadas
Estrelas sob brumas,
E quando ainda vês
A dura insensatez
Além tu já te esfumas.
21
Jamais se imaginasse
Colheita mais diversa
E quando o sonho versa
Marcando este repasse
Do quanto demonstrasse
E nisto desconversa
A sorte mesmo imersa
Apenas transmudasse
E assim no tanto ou pouco
Meu canto o deste louco
Que apenas se veria
Vencido pelo medo,
Porém, quanto concedo
Expressa a fantasia.
22
O sofrimento traz
Nas mãos o que cevamos
E sei diversos ramos
Do dia mais mordaz
E quanto já se faz
Do tempo onde traçamos
Os olhos e bebamos
Ausência de uma paz;
Sementes desvalidas
As horas decididas
Nas tramas sem proveito,
E quando de tal forma
A vida nos deforma
A morte; em vão, aceito.
23
O quanto se alertando
Do dia que viria
Em rude fantasia
Ou mesmo em tempo brando
A sorte se mostrando
E nela não teria
Sequer leda agonia
Ou dia mesmo infando,
Ascendo ao que não veio
E sei do meu receio
Negando o quanto possa,
Vestindo o meu momento
E nele o quanto invento
Transforma a luta em nossa.
24
Um otimismo trace
Além do que pudera
Na bela primavera
Ou mesmo o que notasse
Cerzindo em cada face
O tempo sem espera
Pousando noutra esfera
O quanto denotasse,
Vencido pelo prazo
Aponto e já me abraso
E vendo o que viria,
Na vívida expressão
Marcando em sim e não
O todo em utopia.
25
Capacitando a sorte
Do todo ou mesmo ainda
Queimando o que deslinda
E mesmo nos suporte,
Vencendo o quanto corte
E de tal forma brinda
Com sangue o que já finda
Depois da própria morte
Negar o descaminho
E crer numa esperança
Aonde o nada lança
Semente de um mesquinho
Cenário aonde eu pude
Perder a juventude.
26
Felicidade; espero
Aonde não se visse
Além de tal tolice
De um mundo mesmo fero,
E quando degenero
O passo onde seguisse
Meu tempo que desdisse
O quanto o degenero
Bebendo o medo em goles
Diversos e sutis
No tempo onde se quis
E ao fim já não engoles
Sequer esta esperança
Marcada na lembrança
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