sexta-feira, 13 de abril de 2018

NAUFRÁGIO

A dor que impera e trama em tal fastio
A sórdida expressão que nos devora,
Pousando sem sentido e sem demora,
Apenas o que resta, desafio.

E tento transmudar o velho rio
Enquanto a solidão tanto me açora
Traçando a própria fera onde se aflora
Etérea sensação de eterno estio.

Avassalando esta alma, uma senzala,
Que tanto poderia e nada escala
Escarpas entre tétricas procelas,
E o barco se condena ao vil naufrágio,

E as velas carcomidas que revelas
Expressam entre as rocas o meu fim,
Neste caminho torpe um vão presságio,
Silenciando o quanto resta em mim...


MARCOS LOURES

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