Amigos, perdoem-me, mas me cansei.
Não se trata de depressão, tampouco de solidão ou
qualquer coisa do gênero, apenas cansaço e a certeza do dever cumprido.
A vida sem razão é razão para o final da própria. E,
embora ainda trabalhe e irei manter meus compromissos, a minha já se foi.
Tentei lutar e buscar algum motivo, mas já não há nem “Minas
nem mar” apenas o inferno absoluto do oco, do vazio, da falta de sentido e de
perspectiva.
Simplesmente queria ser jogado nas águas do rio e
devolver à mãe natura o que foi me ofertado, mas minha podridão é tal que a vigilância
sanitária obriga o sepultamento dos restos para o banquete dos vermes, meus
eternos e etéreos companheiros.
Somente quero que não haja comunicação tampouco nenhuma
marca sobre a sepultura nem a hipocrisia de qualquer velório. Não se gasta vela
com defunto irrisório. Ainda que sepultado respirando, quando o ciclo se
completar somente desejo o incógnito, a absoluta certeza da incerteza do
túmulo, no mais simples e vil féretro, para o mais indigno cadáver.
Despeço-me com um último pedido de perdão. Pelo jamais
feito, pelo jamais concluído e, principalmente pelos inúmeros abortos que
carrego na alma.]
MARCOS LOURES
MARCOS LOURES
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