sábado, 10 de julho de 2010

41101 ATÉ 41200

901

É duro acreditar em tal benesse
Que possa ainda um dia emoldurar
Nos olhos de quem busca o bem de amar
E o passo no vazio o tempo esquece,
O quanto pude além e não se tece
Jamais a vida trama outro lugar
E nesta dura estrada a divagar
O rumo num momento se esvaece.
Aprendo com a queda, mas bem sei
O quanto é necessária a nova grei
Que possa permitir algum alento,
No amor onde deveras me entregara
A solidão procria em dor e escara
E apenas o vazio; em mim, fomento.

902


Presumo ao fim de tudo alguma luz,
Mas sei quanto impossível ter certezas
E quando além dos olhos fortalezas
Apenas o vazio reproduz
E a fonte que pensara e nela eu pus
O canto mais audaz, raras destrezas
As sortes não seriam mais ilesas
Do amor somente agora vejo a cruz,
Teu corpo antes desnudo no meu quarto
Um sonho que deveras já me aparto
E sinto a solidão em tom feroz,
Quem sabe noutra vida ou noutro instante
O tanto que se fora se adiante
E mude a direção em nova foz.

903


O cheiro delicado de quem ama
A sorte mais sedenta de esperança,
O quanto no vazio ora se lança
E tenta até domar a insana chama,
O coração deveras já reclama
Ausência do que fora em confiança
E vendo a cada dia esta mudança
Esquece o que traçara em rara trama
Opacas luzes beijo em noite inglória
E tudo o que me resta na memória
Apenas saciando um vão fastio,
No amor que tantas vezes quis comigo
Somente se desenha o desabrigo
Perpetuando assim um duro estio.

904


Amante tresloucado e sem limites
Do tanto que pudera em juventude
A vida num instante tudo mude
E além de qualquer brilho agora omites
Embora destes sonhos necessites
O amor que se fizera em amiúde
Desenho perde o senso e não ilude
Matando as horas vagas e infinitas.
Resumos de um passado em tom feroz
Agora a seca adentra a minha foz
E o manto já puído nada traz
Bisonho este velhusco camarada
Perdendo o vendaval, tenta em lufada
O canto mais audaz, porém mordaz;


905


Espelhos d’água mostram esta face
E nela este Narciso desdentado
Agora noutro rumo maltratado
A cada nova ausência se desgrace,
O risco na verdade ainda trace
Apenas o terror, ledo legado,
Invés do pleno amor, um triste enfado
E nele a solidão deveras grasse,
Amante em ilusões, somente ausente
Marcando com terror o que inda sente
No pejo dissemina esta mentira
E aos sonhos mais felizes, porém mortos
Destroços devorando velhos portos
O barco no vazio então se atira.


906


Ascendo ao meu caminho em tom sombrio
E amor que tanto quis já não responde
O mundo na verdade tudo esconde
E gera tão somente o medo e o frio,
O quando ainda posso aqui desfio
E sem saber deveras nem por onde
Ainda que outro rumo; a vida sonde
Do labirinto perco o senso e o fio,
Do salutar desejo em mocidade
Agora ao mesmo tempo se degrade
E trace com terror o que é real,
O tanto se perdera em vã fumaça
Amor quando demais e o tempo passa
Resulta neste fado em tom venal.


907


Alheio às esperança que inda trago
O marco se transforma em cicatriz
O quanto na verdade já desfiz
E nega da alegria um mero afago,
A messe se transforma em duro estrago
O tanto que pensara ser feliz,
A vida agora eu vejo por um triz
Dos medos e receios eu me alago,
Num último gorjeio, a noite cessa
E mata o que pudera ser promessa
Deixando em desalento o tolo amante
A boca desdentada te apavora
A vida aos poucos perco; e vai embora
Cenário em tom sombrio e degradante.

908

Meus versos derradeiros não seriam
Aqueles costumeiros de ilusões
Ausentes nos meus dias erupções
As noites solitárias tanto esfriam
Somente os dissabores ora guiam
Marcando em discrepância as emoções
Invernos destroçando alguns verões
A pele como esta alma já se estriam.
Esgoto em vida alheio ao sonho agora
Mortalha invés de messe me decora
E o canto na verdade em tom agônico
Aonde quis um dia quase hedônico
Apenas se percebe mera farsa
E a vida a cada instante mais se esgarça.

909

Velhusco companheiro em voz sombria
Sarjetas de minha alma ora freqüento
E quando ainda sinto ao longe um vento
A noite na verdade já se esfria,
O canto se transforma em agonia
E assim deveras morto me apresento
O corpo que pensara mais sedento
Adentra esta seara e a vê vazia
Entregue aos dissabores nada mais
Os dias repetidos e venais,
Caricatura apenas do que há tanto
Sonhara com delírios e desejos
Agora nem sequer meros lampejos
Restando ao caminheiro o desencanto.

910


Do amor que fora o mote predileto
De quem se fez poeta e sonhador,
Um mero repentista, um trovador
Buscando a qualquer preço algum afeto
Apenas no vazio eu me completo
E bebo a cada passo o dissabor
Regido pelas ânsias de um amor
O aborto se transcende ao próprio feto
Embrionário sonho se negara
E gero enorme chaga, funda escara
No peito onde se quis bem mais outrora
A sede de viver? Agora esqueço
O amor se desenhou mero adereço
E a solidão atroz hoje devora.


910


Do amor que fora o mote predileto
De quem se fez poeta e sonhador,
Um mero repentista, um trovador
Buscando a qualquer preço algum afeto
Apenas no vazio eu me completo
E bebo a cada passo o dissabor
Regido pelas ânsias de um amor
O aborto se transcende ao próprio feto
Embrionário sonho se negara
E gero enorme chaga, funda escara
No peito onde se quis bem mais outrora
A sede de viver? Agora esqueço
O amor se desenhou mero adereço
E a solidão atroz hoje devora.

911



Perdendo o meu caminho vida afora
Durante tantas vezes vi no amor
A imagem de um supremo redentor
No qual a minha sorte mesmo ancora,
O tempo me provou e sem demora
O quanto se apresenta em dissabor
Nos ermos deste falso salvador
Hermético caminho nada aflora
Somente a solidão e neste intento
Apenas da ilusão eu me alimento
E sigo os rastros deste que seduz
E deixa qual falena imersa em luz
O peito de quem sonha; um vão poeta.
A vida no vazio se completa?


912

Um dia me ensinaste que a ventura
Da vida consistia em ter alguém
E quando a realidade toca e vem
Negando na verdade esta procura
A história lentamente me tortura
Do nada a cada instante sou refém,
A morte se aproxima e com desdém
A cada nova ausência se afigura,
Viver as ilusões de um falso amor
E crer na imagem torpe de quem tanto
Gerara num momento um raro encanto
Depois de estar envolto em tal torpor
Sentir no amor que tanto se queria
A reles, sem valor, bijuteria.

913


O quanto desta vida fora meu
E agora não se vê sequer a sombra,
Realidade doma e tanto assombra
Quem; rumo sem timão, no mar perdeu.
O manto quanto a messe descoseu
A noite na verdade não alfombra
De pedras e de espinhos minha alfombra
Abismo se traveste em apogeu.
E a queda anunciada há tantos anos
Em meio aos mais terríveis desenganos
No amor que se perdendo me levou
A angústia toma então este cenário,
Brumosa realidade em temerário
Caminho, o que decerto aqui restou.


914


Nos ermos deste velho coração,
A sorte em discordância dita o rumo
E quando pouco a pouco em vão me esfumo
O barco em infeliz navegação
Sabendo das procelas que virão
Já não conhece mais nem leme ou prumo,
Deveras da existência ausente sumo
Jogado sobre o solo, podre grão.
O amor que tantas vezes é sublime
E gera a fantasia que redime,
No entanto ao se esconder marcando em fogo
Tatua a minha pele em cicatrizes
E quando cada sonho tu desdizes
Percebo quão inútil prece e rogo.

915


Ocasionando a queda de quem tanto
Sonhara com palavras mais gentis
Distante do que um dia tanto quis
A vida se transforma em puro espanto,
E o mundo a cada dia em vil quebranto
Deixando sua marca, o céu é gris
Quem fora tão somente um aprendiz
Agora em desamor renega o canto,
E jaz entre espinheiros, pedregulhos,
Ausente uma esperança e sem mergulhos
Nos antros deste sonho, uma alma vaga
Invés da mão que tanto acaricia
O olhar em face amarga e mais sombria,
Trazendo traiçoeira a fina adaga.


916


Recluso dentro em mim em nada eu falo,
Apenas me escondendo da verdade
Aos poucos em total insanidade
Dos sonhos de um passado em vão, vassalo;
Ao ver o dia a dia então me calo,
E sinto quão amarga a realidade
Apenas o vazio que me invade
Pudesse num instante contorná-lo.
Mas sei quanto é cruel o dia a dia
E nada mais em mim eu cerziria
Senão esta mortalha em tom funéreo
O amor que um dia fora fonte e mina
Agora ao fim da história determina
Com a frieza imensa de um minério.

917

Percebo a minha vida se esvaindo
Na ausência de quem possa ter além
Do olhar endurecido num desdém
Quem sabe algum desejo mesmo findo,
O corte deste sonho eu já deslindo
E sei quando a verdade toma e vem
Do amor outrora mero e vão refém
Agora um passageiro se esvaindo
Nas brumas entre as trevas da existência
A cada novo dia a penitência
Transforma uma lembrança em vil galé
Há tanto já perdera o rumo e sei
Do quanto se tornara escusa a grei
Renego neste instante a própria fé.


918


Das plagas mais distantes ao vazio
O rumo em desolada tez eu vejo
E quando a cada instante noutro ensejo
Presumo o que me resta: o desvario,
Por vezes tão ingênuo eu desafio
Os ermos de um temível vão desejo
A morte que ora anseio e mais desejo
Talvez suavize em paz o torpe rio
Quem fez do amor um sonho e se perdeu
Pensando ter um mundo até só seu
No fundo nada leva, resta só,
Reduzo a cada passo em exclusão
O tempo que me resta e a solidão
Transforma a minha estrada em ledo pó.


919


Perdido e sem saber se existe ao fundo
Um túnel, mesmo luz quiçá um norte,
Caminho e já desfaço este suporte
Enquanto no vazio em me aprofundo,
Das dores e temores quando inundo
Esta alma sem ter sonho que a conforte
Desdéns desenham tétrica esta sorte
Um velho coração tão vagabundo
Alheio e sem ninguém, no amor inglório
Lunático terrível, merencório
Jamais percebe amor nem mesmo o roça,
O quanto no passado se fez sonho
E agora caricato e até bisonho,
Um histrião exposto ao riso e à troça.


920


Jazigo dos amores, tumular,
Esgoto em tez tão tétrica; vazio
O quanto ainda tento e desafio
Deixando mais distante algum lugar,
Um pária pela noite a trafegar
Singrando as ilusões em duro estio,
O corpo se estraçalha e no sombrio
Delírio nada resta, nem sonhar.
Amar e ter a paz que assim condiga
No cômodo caminho em voz amiga,
Um sonho tão comum e mais freqüente,
Mas quando a vida toma novo rumo
E aos poucos sem sentido já me esfumo
Apenas a mortalha se apresente.


920


Jazigo dos amores, tumular,
Esgoto em tez tão tétrica; vazio
O quanto ainda tento e desafio
Deixando mais distante algum lugar,
Um pária pela noite a trafegar
Singrando as ilusões em duro estio,
O corpo se estraçalha e no sombrio
Delírio nada resta, nem sonhar.
Amar e ter a paz que assim condiga
No cômodo caminho em voz amiga,
Um sonho tão comum e mais freqüente,
Mas quando a vida toma novo rumo
E aos poucos sem sentido já me esfumo
Apenas a mortalha se apresente.

921


Num gélido caminho a vida traça
O passo de quem tanto quis alguém
E agora a solidão imensa vem
Tomando num instante a dita lassa,
E o sonho no vazio se esfumaça
O risco de sonhar? Mero desdém
A morte se aproxima e nela tem
O aspecto salvador da torpe traça,
Puindo pouco a pouco esta esperança,
Ao nada o que me resta já me lança
E trama no vazio o meu porvir,
Amante da ilusão e somente isto
Agora no final, enfim desisto
E sinto o meu caminho se esvair.

922


A lividez de um sonho se mostrando
Na face desdenhada de quem tanto
Buscara pelo menos ledo encanto
Quiçá um novo dia até mais brando,
Mas tudo se transforma desde quando
A vida noutro rumo ora garanto
E cada vez deveras mais me espanto
O todo que sonhara desabando,
Do amor, sequer a sombra, nada levo
O quanto imaginara inda longevo
Caminho em flóreo rito se desfaz,
Apenas se denota em vaga ermida
O que inda fora outrora mera vida,
E agora um velho espectro vil; mordaz.


923


A neve tão precoce adentra o olhar
De quem agrisalhado pela vida
Em pleno outono vê a despedida
Num invernal e duro caminhar,
Apenas poderia imaginar
Quem sabe no final, mera saída,
Porém a cada instante a despedida
Rondando a minha vida e a me tomar.
Egrégio da ilusão, um trovador
Nas ânsias mais audazes deste amor
Perdera qualquer rumo e sem seu cais,
Esgota pouco a pouco o que inda resta
Em tez amarga fria, vã funesta
E sorve sem rancor seus funerais.


924


Eclode da crisálida o vazio,
Aborto onde se fez apenas isso,
Um chão em lamaçal e movediço
A sorte se perdendo a cada fio,
O corpo em solidão no olhar esguio
O canto se transforma e sem o viço
Apenas resta em mim este amor mortiço
Mirando de soslaio, ressabio.
Carcaça da esperança carcomida
Nos ermos de um medonho sonho sigo
Não tendo no final o amor amigo
A porta se cerrando; tudo acida,
Esparsa voz ao vento sem resposta
Minha alma a cada instante; decomposta.


925


Paixão que se renega e já desfaz
Um reino imaginário, hoje avassala
E toma sem pensar o quarto e a sala,
A imagem dolorosa e mais tenaz,
Infaustos, Fausto serve a Satanás
O coração aos poucos nada fala
A solução a ferro, fogo e bala
Assim quem sabe possa haver a paz?
Do amor que não viera e não redime,
Este ar se escasseando trama o crime
E o gozo da mortalha se aproxima,
A serpe se afigura em solidão,
O passo se repete e sempre em vão,
Eternizando em mim o invernal clima.

926


Vulcânica erupção das ilusões,
Resgates deste sonho juvenil,
O sonho num instante em vão reviu
O quanto a vida nega e decompões.
Num execrável mundo em tais senões
Aonde quis um passo mais sutil,
Quem sabe o caminhar manso e gentil
Mudando com certeza as estações.
O amor que talvez fosse um porto, um cais
Agora se ausentando e nunca mais
Verei ancoradouro mais seguro,
Vacante coração em face escusa
A sorte se inda existe já não cruza
Caminhos onde a paz; quero e procuro.

927


O amor se traduzira indiferença
E o quanto pude crer já não se sente
Apenas solidão que impertinente
Renega qualquer sonho e mata a crença
Aquém do que deveras uma alma pensa
O sonho se esvaindo de repente,
O manto se transforma e um penitente
Vagando pela noite escura e densa.
Ocasos da esperança; nada vejo,
Somente o sofrimento a cada ensejo
Reinando sem defesas sobre tudo,
E quando em sonho apenas me transformo
No vago e inconsistente já deformo
E sigo sem razões, e assim me iludo.

928


Perpasso o meu olhar neste horizonte
E vejo a mesma tez amarga e vã
E busco qualquer luz noutra manhã
E nada além da bruma ora se aponte
O amor que poderia ser a fonte
Quem sabe noutro tempo em raro afã,
Porém a vida segue e tão malsã
Negando ao caminheiro a mera ponte,
Resumos de uma vida sem promessas
E nela com teus ermos me endereças
À sórdida loucura de quem tenta
Vencer esta explosão com calmaria
E o manto em turvas cenas se cerzia
Funesto caminhar em tez sangrenta.


929


Negando uma esperança a quem porfia
O mundo muitas vezes, mais ingrato
Transforma num escuso o bom retrato
E o canto na verdade em ironia,
O quanto resta em dor e hipocrisia
Aonde quis a paz de algum regato
O mar inunda tudo e enfim desato
O passo em tons doridos de agonia,
Mas quando o amor se faz talvez consiga
Gerar outra impressão bem mais amiga
E terminar o infausto do andarilho
Que tanto procurara simplesmente
A paz e sem ter nada a morte sente
No rumo em contra-senso onde palmilho.


930


O fato de sonhar já não cabia
Em quem se fez mortalha e nada mais,
Os olhos seguem ledos temporais
E a noite se promete mais sombria,
Velhusco coração empedernido
O frágil trovador em plenas rugas
E o quanto ainda havia vens e sugas
Tornando o meu caminho sem sentido,
Esgarço em tons nefastos, mas quem sabe
Um dia pelo menos a mortalha
Que aos poucos se prepara e em mim se espalha
A torpe hipocrisia enfim se acabe,
E reste apenas nada do que fora,
Uma alma tantas vezes sonhadora...


931




Não quero dedicar
Somente o verso triste
Sabendo que inda existe
Ao longe algum luar
Aonde me entregar
No sonho que persiste
E sigo além e em riste
Talvez a divagar,
Mas sinto esta promessa
Do amor que se endereça
Ao passo mais além
E volto a ter a fé
No quanto ser quem é
O amor que ainda vem.


932


Buscando sem ter bases
Apenas por saber
Do quanto possa ter
Ainda se te atrases
A vida em novas fases
E nisto algum prazer
Depois do anoitecer
A lua tu me trazes,
Resulto deste sonho
E nisto me proponho
Bem mais do que ao infausto
Já não quero o vazio
Se amor é desafio
Jamais foi holocausto.

933



Vivendo o que pensava
Durante tantos anos,
Em medos desenganos
O mundo em fúria e lava,
Agora já notava
O brilho em soberanos
Desejos nestes planos
Aonde escancarava
A sorte mais tranquila
Aonde o sol desfila
E gera esta alvorada
Razão para esperança?
Nascer esta criança
Há tanto; desejada.


934


Desejo que forjara
No coração sutil
E quando ali se viu
A vida bem mais clara
A sorte audaz e cara
O corte outrora vil
Agora em tom gentil
O amor já nos prepara
E traça em alegria
O quanto em novo dia
Pudesse dar certeza
De um farto e lauto insumo
Que agora em paz consumo
E toma a minha mesa.

935

Não quero te falar
Das tantas inverdades
Guardadas nas saudades
Sem sol e sem luar,
Restando a divagar
No quanto ainda agrades
Diversas realidades
Ou mesmo o navegar
Por mares tão diversos
E neles os meus versos
No amor encontram cais,
E deixo esta vertente
Do sonho que inclemente
Não quero nunca mais.

936


A vida sem você
Não tendo mais sentido
O amor em ledo olvido
O sonho não se vê
E tento algum por que
Embora resolvido
E em versos redimido
No amor o sonho crê.
E dessedenta então
Mudando a direção
Do vento dentro em mim,
Marcando com sorrisos
Os dias imprecisos,
Ausente um torpe fim.



937


Eu quero poder ser
Além do companheiro
Talvez o derradeiro
Num raro e bom prazer
Um cúmplice e querer
O tanto do canteiro
Que mostre o verdadeiro
Caminho a se vencer,
Em ti e neste tanto
Enquanto a dor espanto
Imerso em consonante
Desejo rumo além
No amor que nos contém
E penso a cada instante.


938

Que trama cada sonho
No sonho refletido
E nisto concebido
Um ar bem mais risonho
No tanto que me ponho
O mar constituído
Nas tramas presumido
Um canto onde proponho
Além de meramente
O quanto já se sente
Deveras muito mais,
Numa constante luz
Em ti se reproduz
A própria essência, o cais.

939


Dormindo do seu lado
Em sonhos tão diversos,
Porém os meus imersos
Nos teus, num desejado
Desenho já traçado
Além dos universos
Jamais sendo dispersos,
Um rumo pareado,
Cerzindo esta união
E nela se verão
Caminhos tão iguais
Embora em liberdade
O amor tanto me agrade
Em almas geminais.

940

Eu quero seu perfume
Roçando a minha pele
No todo que se atrele
Além do quanto rume
Meu passo em tanto ardume
Deveras me compele
E nisto se revele
A sorte em mesmo lume,
Vestindo a tua tez
O quanto já se fez
É pouco e quero além
Se um dia em despedia
Além da própria vida
O amor inda nos tem.

941



Na doce maciez
Do sonho em que me entranho
A cada passo um ganho
E nisto também vês
O olhar em lucidez
O rito outrora em lanho
Agora em bem tamanho
Além do que mais crês,
Cerzindo em ti minha alma
Uníssona, me acalma
E traz felicidade
O porto além do porto
E mesmo após já morto
O amor ainda invade.


942

Os dedos conhecendo
Caminhos já sabidos
E tanto percorridos
Num rumo que estupendo
Aos poucos vou revendo
E quando resumidos
Em todos os sentidos
O amor nos comovendo,
O pranto, o medo o orgasmo
O olhar sedento e pasmo
O risco; eu já não vejo
E quando além desejo
E nunca mais me privo
Do amor amo e cativo.


943

Invadem sua pele
Suores e rubores
Vagando sem temores
No quanto já se atrele
E assim amor nos sele
E leve aonde fores
Cerzindo em novas cores
O manto em que revele
Esta absoluta sorte
E nela se comporte
Além dos próprios seres
Imersos neste instante
Bem mais que um diamante
Se assim tu o perceberes.

944


Eu quero ser esta ave
Liberta em migração
E nesta imensidão
A vida sem entrave
O quanto nada agrave
Nem mesmo mostrarão
Os dias, solidão,
No coração a nave
Que possa além do mar
Deveras nos levar
Num mesmo e bom desenho,
No amor que nos guiasse
A vida sem impasse
É tudo o que eu contenho.


945


Adentra nessas matas
O sonho bandeirante
E sente a cada instante
Aonde me arrebatas
As sortes em cascatas
Vibrando delirante
Caminho onde adiante
O passo onde reatas
O rumo em mesma face
Por onde que eu grasse
Contigo ali eu vou
Um servo? Não, nem amo,
Do árbol diverso ramo
Que amor em paz gerou.

946

O canto que em meu canto
Ecoa e se renova
Coloca sempre à prova
O passo que adianto
Tentando além do tanto
A lua sempre nova,
Vagando em cada trova
E nela não me espanto
Com medos sem sentido,
O amor reproduzido
Na própria natureza
Uma iguaria rara
Que a vida nos prepara
E serve em lauta mesa.


947

A mando dessas mãos
O coração vagueia
E bebe enquanto anseia
Além dos tantos vãos
Após diversos nãos
Percebe na sereia
A lua agora cheia
Ciganos artesãos
Delírios de um poeta
Que em ti já se completa
E sorve todo o mel
Do amor onde bendiga
A sorte imensa e amiga
Num argentino céu.

948


Sabendo cada canto
Aonde poderia
Além da fantasia
Traçar o seu recanto,
O amor quando garanto
Invade a noite fria
E traz esta ardentia
Na qual eu quero tanto
A frágua que incendeia
Deitando em plena areia
Cevando este caminho
Seara majestosa
Enquanto a vida goza
De Deus eu me avizinho.


949



Penetra, mansamente
Os ermos vãos e furnas,
As ânsias que diuturnas
Dominam cada mente,
O amor jamais desmente
E trama em mais soturnas
Loucuras onde enfurnas
E bebes plenamente.
Perambulando em ti
O quanto eu me embebi
Do sonho, na verdade
Transcende ao próprio amor
E faz nascer a flor
No pólen saciedade.

950

Amada que te quero
Além da própria vida
A sorte presumida
Num tempo menos fero,
O quanto sendo assim
Bem mais do que pudera
Eterna primavera
Em mágico jardim,
Resumos de promessas
Enquanto no passado
O sonho acalentado
Agora em paz, professas,
Ascendo ao mais superno
E chego além do eterno.



950

Amada que te quero
Além da própria vida
A sorte presumida
Num tempo menos fero,
O quanto sendo assim
Bem mais do que pudera
Eterna primavera
Em mágico jardim,
Resumos de promessas
Enquanto no passado
O sonho acalentado
Agora em paz, professas,
Ascendo ao mais superno
E chego além do eterno.

951


Fazendo dos meus dias
Além do que pensara
Tomando esta seara
Aonde mais querias
Vencer as agonias
No encanto onde se ampara
A vida e se prepara
Colheita em alegrias
Assisto ao quanto pude
Viver em plenitude
Na imensa cordilheira
Andina maravilha
A sorte agora trilha
E bebe a vida inteira.

952


No amor de quase tudo
O quanto em liberdade
Alçando enquanto invade
O canto e não me iludo,
O sonho e nele eu mudo
O rumo e a realidade
Campônio na cidade
Por vezes quase mudo,
Hermético? Nem tanto
Apenas eu me espanto
Com toda a imensidão,
Do amor que rege a vida
E dita a despedida
Marcando esta estação.

953



Que acalma e já delira
A dádiva divina
E nela me fascina
A sorte onde se atira,
O quanto ouvindo a lira
Poética e ladina
A tez alabastrina
A vida noutra mira.
Ascendo aos meus encantos
E busco pelos cantos
Lavrar com meu rastelo
O mundo onde pudesse
Quem sabe esta benesse
E tento ou já revelo.

954


Não sabes quem eu sou?
Também que importaria...
Apenas trago o dia
Ou bebo o que restou,
Resumo onde passou
A sorte em agonia
Ou tanto poderia
Negar e se inda vou,
O coração cigano
Deveras se eu me dano
O corte é todo meu,
Amor já não concebe
Sequer domina a sebe
Aonde se escondeu?

955


Os sonhos que me dás
Na lua sertaneja
Que tanto mais deseja
Além da mera paz,
O passo mais audaz
Na frágua que se enseja
O coração troveja
E assim se satisfaz,
Cavalgo em noite imensa
Tropéis no quanto pensa
E reina em meu castelo
A dama em verso e sonho,
Em púrpura componho
E em nada enfim revelo.

956


Os erros que talvez
Já nada me disseram
Ou mesmo desesperam
E matam onde vês
O corpo e já se finda
Além desta memória
O quanto quis em glória
E nada veio ainda
Somente a lua e trama
Na noite o que este dia
Jamais demonstraria
Em tênue e frágil chama,
Amar e ter no olhar
Inteiro o céu e o mar.

957


Esperam minha amada
As fases desta lua
Deitando imersa e nua
Nos ermos desta estrada,
A noite iluminada
O sonho em ti cultua
A deusa que flutua
E segue em madrugada
Galopa esta esperança
Aonde ao longe alcança
Estrelas em tropel,
E o tanto que pudera
No amor além da espera
Domar o próprio céu.


958


Namoro, na verdade,
O tanto da ilusão
Aonde o coração
Aos poucos já degrade
E o quanto disto invade
Cerzindo a negação
Marcando com senão
Ausente claridade,
Medonha face exposta
No olhar de quem se gosta
O amor por vezes traça
O rumo em desvario
E sigo neste rio
Em dor, em riso e em Graça.

959


Se bem que sempre expus
A minha face enquanto
Aos poucos me adianto
E tento ver a luz,
Cenário que produz
Ainda além tal manto
Alpendre onde eu me espanto
No corte em contraluz,
Amor amortalhado
Já não traduz mais nada,
As ânsias do pecado,
O risco que se assume,
A noite antes nublada
A lua sobre o cume...


960


Andando por poemas
Aonde pude outrora
Falar do que devora
Romper velhas algemas,
A sorte dita emblemas
O medo desancora
O amor já foi embora
E leva além seus lemas.
Olhando para trás
O quanto ainda traz
Da noite dentro em mim,
Versando sobre o vago
Em ânsias eu me alago
Regando este jardim.


961


A lua redentora
Depois da tempestade
Surgindo enquanto invade
Esta alma sonhadora
A vida sempre fora
Além da realidade
E nem sequer saudade
Em tez dominadora
Ainda se percebe
Na ausência desta sebe
Porquanto enfim vieste
Tornando mais suave
O coração esta ave
Num canto rude e agreste.


962


A minha namorada
Vestida de promessa
Aos poucos me professa
A sorte anunciada
E trama outra jornada
Enquanto recomeça
Sem medo ou mesmo pressa
A vida em mansa estrada,
Lavrando assim meu solo,
Se às vezes eu me assolo
No fundo vou tranqüilo
Vagando em claridade
Nem nuvem mais invade
O campo onde desfilo.

963


Se esconde por detrás
Do monte, a lua imensa
E nisto se convença
A vida em tom audaz
Que tanto já se faz
O quanto recompensa
E logo não compensa
E volto à dor tenaz.
Mas quando em ti estou
O tanto que raiou
Da argêntea maravilha
Presume nova senda,
E o tempo em luz se estenda
Na lua que polvilha.


964

Amor de um sertanejo
Mineiro coração
Não quer mais solidão
Apenas o desejo
Do sonho aonde eu vejo
O tempo em viração
E adentro o meu sertão
Nascente onde trovejo
Em verso e serenata
A sorte mesmo ingrata
Trazendo na tapera
A moça mais bonita
Meu sonho se permita
Viver em primavera.


965

Viola ponteando
O peito se apaixona
E nada mais se adona
Do canto demarcado,
O sonho abençoado
A sorte é minha dona
E nada me abandona
Nem mesmo o meu passado,
Vestindo a fantasia
De quem já poderia
Em lua e em belo sol
Trazendo em poesia
O amor que mais queria
Da vida, o meu farol.


966


Liberto coração
Penetra qualquer mata
E segue sem bravata
A lua é direção
E nela desde então
O quanto me retrata
Na fonte em serenata
A voz desta canção
Ouvindo o sabiá
O amor me mostrará
O encanto mais sutil,
E assim nos ermos da alma
A vida já se acalma
No sonho onde se viu.

967

A vida sem cabresto
Em liberdade agora
No sol que se demora
O amor em cada gesto
Aprumo e agora empresto
A voz ao que se aflora
Do peito sem ter hora
E o gozo em paz; atesto
Morena mais faceira
A sorte que te queira
Também vai me querer?
Nas ruas da cidade
Apenas a saudade
Eu pude conhecer...


968

Bebendo este aguardente
Que tanto me inebria
O amor em noite fria
Quem sabe se apresente
E mude totalmente
A vida tão vazia
Que nunca poderia
Traçar esta nascente,
A mina já secando
A seca destroçando
Inteira a minha lavra
O amor que já se foi
Rumino feito um boi
Dos sonhos? Nem palavra...

969


A lua tece em teias
Diversa maravilha
Amor tomando a trilha
Enquanto me incendeias
Trazendo sempre cheias
As luas onde brilha
A sorte em armadilha
Que tanto tu receias,
E tento esta ciranda
A moça na varanda
O coração dispara
O tempo passa e nada
Apenas desejada
A noite imensa e clara.


970

Carrego no bornal
Estrelas onde pude
Viver a juventude
E agora muito mal
Resumo o meu passado
No canto mais cruel
E bebo deste fel
Do amor abandonado,
Pressinto o fim da estrada
E tento ainda ver
Além no amanhecer
E sei que não há nada
Somente a velha sombra
Do amor que tanto assombra.


971

Mergulho no riacho
Em noite enluarada
Quem sabe a desejada
Estrela enfim eu acho,
A lua em cada facho
Permite iluminada
Além da própria estrada
Tocando cada cacho
Cabelos da morena
Que ao longe a vida acena
E traz esta esperança,
Porém luar se esconde
E amor já nem sei onde
Ainda a vista alcança?

972

Preparo com o arado
O solo pro plantio
O amor eu desafio
E bebo o abandonado
Caminho desolado
E sei que é pleno estio
E tento além do rio
Um novo e manso prado,
Quem dera se pudesse
A vida se tropece
Nos passos de quem tenta,
Mas sei que nada disto
Existe e se eu insisto
Desdita é mais sedenta.


973


O coração ponteia
As cordas da viola
E bebe desta esmola
Na lua sempre cheia
O amor quando rodeia
E traz noutra sacola
A estrela e não decola,
Do nada se recheia
Uma alma abandonada
Nos vagos do sertão
E assim meu coração
Seguindo a mesma estrada
Não vendo quase nada
Nem rumo ou direção,
Procura a sua amada...

974


Um repentista apenas
Um trovador que sonha
E traz sempre risonha
Uma alma e nas pequenas
E poucas, raras cenas
Ainda se proponha
A ter o que componha
E logo me envenenas
A vida é mesmo assim
Começo, meio e fim
E nada repetindo,
O amor que tanto eu quis
Nem mesmo por um triz,
Meu tempo já partindo...


975

Morena cobiçada
A moça sabe bem
Do amor quando ele vem
E muda de calçada,
A noite abençoada
O gosto de outro alguém,
Mas quando este desdém
Deixando desolada
Uma alma dolorida
Cansada de lutar
Nem mesmo este luar
Transforma a minha vida
E o canto sem destino
Causando o desatino.

976


Perdoa se eu chorar
A vida é mesmo assim,
Não tendo mais jardim
Não quero cultivar
Sequer saber luar
O tempo chega ao fim
Voltando de onde vim
Não tendo mais lugar,
O amor que não me quis
O sonho mais feliz,
Apenas pesadelos,
Pudesse da morena
Tocar boca pequena,
Mexer nos seus cabelos...


977

Sabiá na janela
Chamando para ver
O claro amanhecer
Que amor tanto revela
E penso sempre nela
E nisto o meu prazer
De tanto bem querer
Cavalo arreio e sela
Galopo no infinito
Do amor que necessito
Até pra própria vida
Pudesse sabiá
Mostrar onde estará
A sorte prometida...


978


Meu verso enamorado
Não cansa de chamar
Quem tanto quis amar
Agora pro meu lado
Mineiro apaixonado
Olhando pro luar
E neste desejar
O tempo enluarado,
O mar que não conheço
Amor seu endereço
Jamais também eu vi,
E quando imaginava
Uma onda forte e brava
Levou você daqui.


979


Um trovador que canta
Pensando na morena
Que longe nem acena
O tempo desencanta,
E a sorte que eu quis tanta
Apenas me envenena
Viola já se empena
A vida então se espanta
E nada mais consola
Nem mesmo esta viola
Guardada dentro em mim,
Ponteio uma saudade
A noite vem e invade
Estio no jardim.


980

Telhado de sapé
O olhar sem horizonte
Nem mesmo a velha ponte
Agora resta em pé,
O quanto tive em fé,
Mas seca a minha fonte,
Apenas medo aponte
Buscando tanto e até...
Deitando sob a lua
O sonho já flutua
E bebe cada estrela,
Aonde se escondeu
Se amor jamais foi meu
Como é que posso vê-la?


981

Eu amo e na verdade
O tempo não produz
Nem mais a velha luz
A dor agora invade
E diz desta saudade
Do tempo onde não pus
O sonho em medo e cruz,
Cadê felicidade?
Em cada trova eu tento
Falar no pensamento
De quem jamais eu vi,
O amor não tem escolha
E logo se recolha
Aonde eu me perdi.

982


Fazendo da esperança
A cama aonde eu deito,
Quem sabe sendo aceito
No fim por quem avança
E sabe a confiança
Do amor que insatisfeito
Procura qualquer jeito
De ter esta aliança,
O medo em meu olhar
A noite sem luar
O sonho se perdendo,
A vida terminando
O coração em bando
A morte corroendo...

983

Devora uma paixão
Os ermos de minha alma
E nada mais acalma
Nem mesmo mostrarão
Olhares, direção
O tempo gera o trauma
Ainda tento em calma,
Mas vivo em erupção,
Restando do passado
O sonho desdenhado
O passo rumo ao nada,
Amar e ter em mente
O quanto se apresente
Em voz já destoada.


984

Hercúlea fantasia dita a messe
De quem se fez além de mero sonho,
No quanto em tal desenho eu me componho
E a vida na verdade já me esquece,
O passo rumo ao nada e a vida tece
O olhar agora tétrico e medonho,
Nas sendas do vazio ora me enfronho
E o rumo se inda existe não confesse.
Heréticas manhãs em turbulência
O amor ao renegar a florescência
Aborta a própria vida, estéril campo
Na fátua fantasia um ermo apenas
Ao longe em voz sombria tu me acenas
Estrela na verdade um pirilampo...


985

Egresso de outras eras; sigo em vão
Restando em labirintos meu caminho
Um Minotauro aguarda mais mesquinho
Nem Ariadne traz a solução
Os ermos de minha alma, solidão,
O parto renegado e vou sozinho
Fugazes esperanças, ledo ninho,
Apenas os restolhos sobrarão
Aonde houvera vida, vejo escombros
A sorte pesa e lanha sobre os ombros
De quem busca somente alguma paz.
Onírico cantor ensandecido,
O amor se perfazendo em vago olvido,
O sonho tão somente, um incapaz.


986


Amor nobre mosaico em tons diversos
Em multiforme face se desnuda
No quanto muitas vezes nos ajuda
Ou mesmo em tais infernos vãos imersos,
E tendo em si assim os universos
Por onde a fantasia nos acuda
Ao mesmo tempo poda e gera a muda
Os polens pelos céus seguem dispersos,
Ao aspergir sublime maravilha
Às vezes o temor também polvilha
E traz dicotomias inerentes,
No farto e no tão pouco nos redime,
Erótico caminho, um deus sublime
Aonde a divindade enfim pressentes.


987


Falar do amor em suas faces várias
Tentando desnudar este menino
Se tantas vezes nele eu me alucino
Em noites doloridas, solitárias.
Porém noutras diversas, solidárias,
O rito se mostrando cristalino
E neste verdejar esmeraldino
As ondas inclementes, temerárias,
Esgota-se em si mesmo o tal do amor,
E nele vejo sempre grã sabor
Perpetuando a vida sobre a Terra,
Nefasto e muitas vezes redentor,
No verso este lamento ou meu louvor,
A vida em mil facetas ele encerra.


988


Dos ermos de um grotão ao mais sublime
Castelo em ouro feito; rege o amor
E neste mesmo ser que é multicor
A vida muitas vezes se redime,
Mas quando em turbulência gera o crime
E traz no olhar desdém medo e rancor
Um fato que em si mesmo é provedor
Além do quanto a vida ainda estime.
Esgarça-se e deveras regenera
O amor é caça, presa, dono e fera
Um déspota voraz, um libertário.
E tento discernir neste mosaico
Caleidoscópio em ar claro ou prosaico
Um mal raro e sobejo, e necessário...

989


Na faca, no punhal, unhas e dentes
Nos lábios e carinhos, nos domina
E quando muitas vezes me alucina
Amor ditando em si; clarividentes
Momentos onde nunca transparentes
Esboça e já renega qualquer mina,
A fúria que deveras determina
O quanto aonde e o tanto que inda sentes,
Eclético fantoche, este bufão,
Um tanto em ironia, ou precisão,
Resume uma existência ou a renega
Soberba divindade além do Olimpo
Caminho em discordância turvo ou limpo
Essência que nos guia, embora cega.


990

Presume-se no amor a redenção,
Mas quando se transforma em dor e farpa
Gestando este penhasco, dura escarpa
Impede o que se quis navegação,
Por outras vezes dita sua norma
E traça em benfazeja caminhada
Na flórea maravilha de uma estrada
O amor tanto destrói quanto reforma,
Espúrio e ao mesmo tempo tão magnífico
Edênico ou hedônico é capaz
De provocar a guerra e sela a paz,
Não tendo em sua essência um ar pacífico,
Desnuda enquanto cobre em pedraria
E dana ao mesmo instante além nos guia.


991

Apaziguando enquanto se porfia
No fio da navalha, a mansidão,
O amor em seu sutil diapasão
Gerando ou destroçando uma harmonia,
E nele se pressente a sinfonia
Tramada pelas cordas, coração,
Por vezes ao cevar em duro chão
Florada sem igual já colheria.
Resumos de promessas e mentiras
Verdades contrafeitas, relativas
Imagens adoradas e cativas
Um prisma iridescente, na verdade
É feito em divindade demoníaca
A fonte desejosa e afrodisíaca
Que em tal torrente inusitada nos invade.


992


Usando da palavra, meu cinzel
Em alabastro vário tento aqui
Compor o que talvez não percebi
Num rumo convergente inferno e Céu
Ousando na esperança este corcel
Singrando o que jamais eu conheci
Chegando num instante ou não a ti,
O tempo se desnuda bom, cruel.
A marca em cicatriz de um desamor,
Sorriso imaginário de quem ama,
E vence ou mesmo perde, mas na trama
Não teme e se mostrando ao seu dispor
Imagem e semelhança de um bom Deus;
Mas sabe ser satânico no adeus.


993

Movendo a própria vida desde quando
O gênese se fez de qualquer forma,
O amor um ser mutante que transforma
E segue pela vida transmudando,
Cenário às vezes calmo suave e brando
Enquanto a convergência dita a norma,
Mas quando em discrepância se deforma
E o todo num instante desabando.
Motivo de diversas desventuras
Ao mesmo tempo trama em mais seguras
Paisagens a beleza em primavera,
No outono do viver, eu me concedo
Ao procurar na essência este segredo
Que a cada geração se regenera.


994


Aprendo a cada instante ao ver além
Do quanto caberia no horizonte
Se amor é na verdade início e fonte
Do todo que o universo em si contém
Por vezes num olhar, duro desdém
Ou noutra face; a luz que em paz aponte
Da Terra ao mais etéreo, sendo a ponte
Trazendo no seu bojo o mal e o bem,
Atrelo-me aos seus vários caminhares
E quando perceberes e notares
Envolta pelas teias do menino
Erótico desejo em frenesi
Tentáculo diverso, eu me prendi
E neste emaranhado me alucino.

995


Dos ermos solitários, das ermidas
Aos antros, lupanares, meretrizes
O amor entre os seus tons, vários matizes
Comanda e dita o rumo de tais vidas,
No quanto necessitas e duvidas
Esparsas violentas, loucas crises
E logo após em sonhos contradizes
E ao útero materno já regridas.
Na paz e na mortalha reina em glória
No quanto traz a vida em sua história
O amor nos transformando por inteiro
Um déspota gentil, um ente à parte
Enquanto acumulando já reparte,
Mas sempre com seu ar mais traiçoeiro.


996


Ausento-me de ter um julgamento
Apenas retratista em miopia,
O amor perfeito eu sei ser utopia,
Mas sei também do imenso envolvimento
E nesta essência rara eu me alimento
O quanto a cada instante ele me guia,
E gera a solitária fantasia
Tomando ora de assalto o pensamento.
Apraza-me e também já desespera
Beleza traiçoeira da pantera,
Neste risco inerente eu me sacio.
E tento a cada verso desenhar
As várias faces loucas de um amar
Na turbulência plácida do rio.


997


No granular da vida desde o início
O amor gerando além a eternidade,
E traz a dor em plena liberdade
Deste apogeu ao vasto precipício,
O amor é na verdade um santo vício
Que traça a mais sublime insanidade,
Gestando e já parindo a claridade
Também na turva face um santo ofício.
Escravizando ao tempo em que liberta,
O vândalo, este pária sem juízo,
Condena ao terrível Paraíso
Enquanto me alimenta já deserta,
Oásis neste mundo em tez sombria,
Ao mesmo tempo em luz, dor e agonia.


998


Dos bíblicos caminhos ao futuro
Metamorfoses várias presumidas
Mutantes emoções ditando vidas
No porto em ruínas tento o mais seguro
Enquanto nesta estância eu me perduro
Somente não suporto tais ermidas,
Gestando em tons diversos, resumidas
Histórias ultrapassam qualquer muro.
Imenso e sedutor deus e demônio
Domínio da razão e em puro hormônio
Escravo que fascina e nos cativa,
À sombra deste ser onipresente
O quanto se reluta e não se sente
Uma alma para o eterno sobreviva.





999

No canto mais audaz ao mais sombrio,
Restaurações diversas de um momento
Aonde se percebe em desalento
Futuro como um nobre desafio,
Do labirinto às perco o fio
Saída para tal? Não alimento,
Tampouco vejo ali este incremento
Que possa garantir colheita, estio.
Esbarro nos seus ermos e me vejo
A mera conseqüência de um desejo
Gerando; do desejo, outro viver
Eternizando assim a nossa história
O amor em sua luz farta vanglória
Onisciente sabe o seu poder.


1000


Completo mil sonetos sobre amor,
E sei que no final pouco aprendi
Do todo se esbocei retrato aqui
Eu na verdade um vão contemplador,
Por mais que tanto sinta o seu sabor
O quanto nesta vida consegui
Tentando conceber mal percebi
Deveras seu real, farto valor.
E tenho uma certeza ao terminar
Somente nada sei e ao caminhar
Por entre labirintos sem saídas
Jamais eu poderia traduzir
Nem mesmo se o bom Pai já permitir
Que eu viva muito além de cem mil vidas.

41009 até 41100

810

Voltando da Praia...

Nem estava sol,
Só um mormaço que adentrava
De mansinho e passeava,
Instalando-se...
Entre mergulhos e
Deitadas,
Perdi a noção do tempo,
Quando percebi
Estava abrasada;
Em casa,
Um banho morno,
Esponja macia a
Passear com suavidade por
Meu bronzeado e quente corpo;
Óleo essencial
Acariciando, lentamente,
Minha pele quente de absorção morena;
Olhos fechados,
Coração pulsante,
Mente imaginativa,
Pensamento fixo,
Sorriso,
Nenhum siso;
Joguei-me na cama,
De bruços,
Molhada, atordoada,
Esperando você;
Seus doces e indecentes sussurros
Já faziam cócegas,
Senti tua respiração arfante,
Teu corpo vibrante,
Teu gotejar extasiante;
Fizemos amor e sexo,
Simbiose santa e profana,
Plana-convexa,
Desejo reflexo a
Derramar toda gana!
REGINA COSTA


Desejos saciados entre nós
No quanto tanto amor se produzia
E nesta tarde imerso em fantasia
Ousamos na verdade em mesma voz,
O quanto o sonho fora mais feroz
Numa ânsia sem igual revelaria
O gozo anunciado onde teria
Uníssono delírio em clara foz.
Depois de um sol dourando nossa pele,
A lua mais sedenta se revele
Num argentino bronze iridescente,
E assim ao saciarmos nossa fome,
O amor que nos redime e nos consome,
Deveras com ternura se apresente...


811


Dedos Molhados...
Sorvendo,
Saboreando,
Vertendo
Teu sabor em mim!
REGINA COSTA

Sentir o teu sabor delicioso
E ter neste rocio a divindade
Exposta até real saciedade
Superna maravilha feita em gozo,
Num ato que se molde majestoso
A fúria nos treslouca e nos invade
Traçando em nós enfim felicidade
Redime de um passado pedregoso.
O farto desvendar em rara senda
No amor que tantas vezes nos atenda
Sem freios nem pudores, só por ser.
Assim ao desvendar os teus segredos
Os lábios entre sonda, olhos, dedos,
O consonante espasmo diz prazer.


812


Se eu venço e não convenço
Talvez mesmo pudesse
No tanto que se tece
Saber de outro adereço
No amor quando ofereço
Eu vivo tal benesse
E nela já se esquece
Até de algum tropeço,
A vida em atropelos
Diversos os seus zelos
Apelos são comuns,
Mas quando amor invade
Dos ermos da saudade
Só restam, pois alguns.

813


E sabes que nas sebes
Porquanto eu me daria
E nesta fantasia
Além do que percebes
Eu rumo e já me embebes
De toda esta alegria
Gerando uma utopia
Além do que percebes.
O vasto amor em nós
Tomando a mesma foz
Permite esta afluência
De mágico louvor
E neste raro amor,
Bendigo uma imprudência.


814


O vasto do universo
Em nós representado
Traçando lado a lado
Em cada novo verso
Por onde eu me disperso
Ou mesmo no alentado
Caminho desenhado
No qual prossigo imerso,
Resulto deste fato
E nele amor resgato
Sem medo e sem pudores,
Singrando este oceano
Num ar que é soberano
Por onde quer e fores.

815


Em tramas que teimamos
Armando em passo lento
O cândido momento
Aonde desfrutamos
E destes mesmos sonhos
Deveras costumeiros
Nós somos jardineiros
E nisto mais risonhos
Cevamos com cuidado
Inteiro o roseiral
Num ato em ritual
Preparamos legado
Que possa até servir
Quem sabe, de elixir.


816


Não minto se te sinto
E quero sempre mais
Momentos divinais
Aonde além do instinto
Em ti eu já pressinto
Diversos rituais
E neles vendavais
Ou mais um raro absinto
Sorvido em goles fartos
Além dos sonhos, quartos
Adentro esta varanda
Na lua que te toca
A fúria se provoca
Na orgástica demanda.


817


Absinto me embriaga
Dos lábios de quem ama
A sorte em mesma trama
E sabe a antiga chaga,
Ao menos quando afaga
Produz na nossa cama
Uma erupção que clama
Além da mera, vaga.
O rito sensual
O amor consensual
O risco não se vê
Apenas esta entrega
Aonde se navega
Sem nem saber por que.


818


Navego tantas noites
Nos ermos do infinito
No amor que eu acredito
E nele tu me acoites
Vagando sem destino
Nas tramas de teus laços
Ausentes os cansaços
A ti me determino
Sem mais defesa alguma
Em rara imensidão,
E sei que desde então
A vida se acostuma
Ao gozo insaciável
Além do imaginável.


819


Em plena tempestade
O quanto poderia
O mundo em agonia
Gerar a falsidade,
Mas quando amor invade
E traça a alegoria
O quanto se daria
Traduz em claridade,
Afeto multiplica
E nada mais se explica
Somente por quem és
Amor nega a vergasta
A dor assim se afasta
Jamais prevê revés.

820

Magoas se me negas
Os quanto desejares
E se logo notares
Seguindo sempre às cegas
São várias as entregas
Em tantos bons lugares
E nelas se somares
Sobejas tais adegas,
O quanto me sacias
Nas noites, plenos dias
A todo instante eu vejo
O amor que se aflora
E assim e desde agora
No afã deste desejo.


821


Amores nestas telas
Pintadas pelo sonho
Aonde eu me proponho
E sei também te atrelas
No quanto são tão belas
As noites que componho
No vértice eu te ponho
Enquanto me revelas
Supernas maravilhas
E nelas tanto brilhas
Luar em minha cama,
Bebendo desta frágua
O amor logo deságua
E aumenta cada chama.

822


Os rios e cascatas
O mar em nós se vendo
O quanto em estupendo
Caminho me arrebatas
As noites insensatas
O tempo percebendo
O todo nos bebendo
Os lábios são fragatas
E todo cais além
Deveras já contém
Tesouro inigualável,
Amor incendiário
E sendo assim diário
O mundo é mais potável.

823


Nas mágoas do passado
Sedenta noite atroz,
Mas quando amor em nós
O todo transformado
O sonho adivinhado
O rumo mais veloz
Traduz em laços, nós
O fado desenhado,
Nas pernas, entrelaces
O amor tendo mil faces
E nelas eu me espelho
Contigo quero o encanto
E neste tanto espanto
Qualquer siso e conselho.


824


No mármore que amor
Com seu cinzel superno
Ditando o rumo eterno
E nele o bom sabor
Alabastrino albor
E quando em ti me interno
Ausente algum inverno
Sobejo este calor,
Incrédulos passeios
Sem pejos nem receios
Vagando por espaços
Diversos até que
O sol ao longe vê
Dois corpos nus e lassos.


825


O gosto inebriante
Da boca desejada
Selando cada estada
E nela se adiante
O passo em deslumbrante
Cenário; onde traçada
A sorte em tal laçada
Lapida um diamante,
Vagando sem destino
Em ti eu não domino
O quanto sou mais teu,
E o vasto deste fato
E nele ora constato
Amor que se verteu.


826


Aquele que escapar
Das tramas mais audazes
Que amor sempre em tais fases
Permite qual luar
E neste navegar
Os sonhos que me trazes
E neles os tenazes
Momentos a vagar
Galgando além do cume
O quanto se acostume
Em lume sem igual,
O verdejante prado
Agora anunciado
Em rito sensual.


827


Embrenha seu futuro
O amor em luz intensa
E sabe o que compensa
O tanto outrora escuro
Caminho onde asseguro
A vida não mais pensa
E vendo a diferença
Em ti eu já perduro,
Procuro este detalhe
E nada que atrapalhe
A insânia mais sutil,
A desejosa senda
Aonde amor se estenda
Além do que previu.



828


Fugindo deste inferno
Aonde outrora fora
Uma alma sonhadora
Agora em duro inverno,
Mas quando amor é terno
E gera a tentadora
Figura redentora
Ali eu já me interno
E externo em cada verso
O quanto nele imerso
Ascendo ao Paraíso
Não tendo outro caminho
O amor gestando o ninho
Não tem sequer juízo.


829


Aguarda bem mais calmo
Depois de satisfeito
O amor em claro leito
Gerando o mesmo salmo
E nele me detenho
Vencido pela messe
Aonde se obedece
O rumo em raro empenho,
Vagando vez em quando
Por mares mais distantes
Percebo os fascinantes
Desenhos se moldando
No corpo desta diva
Da qual a alma é cativa.

830


Amor que me parece
Além da face exposta
Sabendo esta resposta
E nela verte em prece
O quanto se obedece
À vida a ser proposta
E quando a gente gosta
A lida em paz se tece.
E resolutamente
Não tendo em minha mente
Nem dúvida sequer,
Eu quero e tão somente
O amor que se apresente
Na sílfide/mulher.


831


Cortante ao mesmo tempo
Em que nos cicatriza
Amor é fúria e brisa
É paz em contratempo
E violentamente
Não deixa sobrar nada
Esta alma destroçada
Que nele se alimente
Perpetuando o gozo
Também a dor imensa
Enquanto em amor pensa
Já sabe o caprichoso
Caminho desenhado
Num louco e doce fado.

832


Das luas em que bebe
Cenário iridescente
O amor onde apresente
Domina inteira a sebe,
E logo se percebe
Em ti a tal nascente
Por onde se apresente
O quanto se concebe
A messe incomparável
E nela insaciável
Desenho se transcende
Ao farto deste instante
Aonde se agigante
E além o amor se estende.


833

Amor que tanto apruma
Enquanto me atormenta
E gera esta sangrenta
Manhã por onde esfuma
A sorte se inda alguma
Deveras se apresenta
No quanto dessedenta
Também nos acostuma,
Assim num vício imenso
O quanto em amor penso
Não deixa mais espaço
Sequer para uma prece
Enquanto assim se tece
Caminho onde perfaço.


834

Herméticos meus versos?
Jamais, pois na verdade
Porquanto o sonho brade
E nele vão submersos
Os vários universos
Da tal felicidade
Assim a liberdade
Em ares mais dispersos,
E quando entranha em mim
A fúria já sem fim
Do amor sem ter limites,
Assídua maravilha
E nela esta armadilha
Além do que ora fites.


835


Talvez de amor não faça
O rumo se eu pudera,
Mas como se esta fera
O passo logo embaça
E ruge em plena graça
Qual fosse primavera
E logo destempera
E toma toda a praça
Imensa barricada
Minha alma desarmada
Já não consegue mais
Deter a inundação
Imensa em que a paixão
Transborda em temporais.


836


Amando com palavras
Sutis ou mesmo até
No quanto em rara fé
Deveras também lavras
E sabes deste solo
Um tanto em aridez
Aonde o amor se fez
E nisto me consolo,
Restando parte ou tanto
Do quase que se dera
Além de alguma espera
O amor eu te garanto
Não tendo mais fronteira
Em si por si se inteira.


837


Tampando a claridade
Não posso perceber
O amor a se tecer
E nem o quanto invade
Gerando à saciedade
O quanto quis prazer
Vibrando e só por ser
Gigante tempestade,
No farto deste empenho
O quanto eu já desenho
Em luz iridescente
O amor se traz além
E nada mais detém
Enquanto se apresente.


838


Agora, num minuto
O todo trasbordando
E sei que desde quando
O olhar já mais astuto
E assim nem se reluto
Eu posso adivinhando
O rumo desejando
Ou mesmo um passo bruto,
Amor por ser quem é
Trazendo esta galé
Algema e nos liberta
A porta do prazer
Transcende ao próprio ser
Estando agora aberta.


839

Amor quando é demais
Já não consigo além
Do quanto sou refém
Em ritos divinais,
Bebendo os desiguais
Caminhos que contém
O gozo quando vem
Momentos sensuais
Segredo à própria vida
A sorte presumida
No amor que ora me trazes,
E assim em passo firme
O sonho se confirme
Em noites mais audazes.


840

A solidão chegando
Depois de tantos anos
Assim puindo os panos
Em dia tão nefando
O amor outrora brando
Agora em novos danos
Em ritos desumanos
Deveras destroçando
O quanto ainda havia
Em clara fantasia
E agora já não vejo,
Quem sabe no futuro
Amor novo e asseguro
A paz no meu desejo.


841



Em prantos e torturas
Os sonhos mais mordazes
Os dias onde trazes
As tantas amarguras
E nisto e em tais misturas
A vida dita as fases
E nelas os audazes
Caminhos não figuras,
Expresso o verso então
Em árdua solidão,
Do amor sigo sedento,
Quem sabe, possa um dia
E nesta alegoria
O passo em paz sustento.



842


Não temo se caminho ao teu lado
Se da-me tua mão na tempestade
Não há sinal maior de amizade
Que a oferta destes versos, teu legado

Se faço do amor a minha lei
O teu trilhar é tudo que professo
Amigo, te adoro e confesso:
Feliz o dia que te encontrei.

Mesmo estando longe, eu te sigo
Em versos te acarinho e prossigo
Buscando sempre o amor e a alegria...

A Deus eu rogo que em nossa trilha
Vejamos na jornada, maravilhas
E sele este querer em poesia!


Helena Grecco


Amiga; o amor nos toma e nos conforta
A página virada do passado
Há tanto noutro instante desolado,
Trancara com certeza qualquer porta
E o sonho se vier o tempo aborta,
E dita a solidão como legado,
Mas quando novo amor acalentado
O risco na verdade pouco importa,
Jazendo sempre ao lado deste encanto
O quanto posso além eu te garanto
Não deixo que se cale a voz de quem
Sabendo deste raro alumbramento
No farto caminhar do amor eu tento
E sei que qualquer dia o brilho vem.


843

Sabendo o quanto amor
Pudesse adivinhar
Aonde e em que lugar
Qual rumo e seu sabor
Permite este labor
E nele o caminhar
Aonde desvendar
O canto redentor,
Desenho em mansidão
As horas que virão
E nelas a certeza
De um dia mais feliz
Assim a sorte diz
E doma a correnteza.


844


Na cama não há chama
Que possa saciar
Quem tanto quis amar
E logo em sonhos trama
O quanto já nos clama
O imenso de um luar
E nele flutuar
Distante de algum drama,
Resumo em verso e fado
O tanto desvendado
No sonho onde procuro
Vencer os meus temores
E nisto traço as cores
De um céu outrora escuro.


845


Noturnos os desejos
Que tomam nossos sonhos
E neles os risonhos
Caminhos são sobejos,
E tanto quanto possa
Vencer a solidão
Traçando a solução
Que seja também nossa
A fome se sacia
Na urgência de um querer
Aonde com prazer
Veja o romper do dia
Em laços bem mais fortes
Tu vens e me confortes.


846


Se adendos e barganhas
Gerassem novos fatos
Bem mais que tais ingratos
Caminhos, ledas sanhas
Aonde tu me ganhas
E secas os regatos
Traçando em novos atos
Longínquas vãs montanhas,
Erguendo o meu olhar
Pressinto no horizonte
No sol que já desponte
O duro caminhar,
Porém se amor é ponte
Aprendo a divagar.


847



Disfarço tantos erros
Nas tramas mais audazes
E sei que também trazes
Além destes desterros
Caminhos entre tantos
E sinto mais feliz
Encontrando o que eu quis
Imerso em teus encantos
Resido no que busco
E tento estar contigo
Sabendo ali o abrigo
Por mais até tão brusco
O mundo e nele entranho,
Porém no amor um ganho.


848



Manhã já vai raiada
Acordo nos teus braços
Agora em doces laços
Amor nessa florada.

Te beijo, tão feliz
Lá longe a dor de outrora
Certeza dessa aurora
Felicidade em bis.

Curada a cicatriz
Refeita essa promessa
O amor nos prega a peça
Contrário aos atos vís

Colore de alegria
A tua face, a minha
Sazona a nossa vinha
De novo, a poesia!


ANA MARIA GAZZANEO

O amor redime cada engano meu
E traça com carinho um novo passo
Ocupa totalmente cada espaço
Cenário sem igual que se verteu
Num átimo gerando este apogeu
Deixando para trás qualquer cansaço
E quando em teu caminho o meu eu faço
Meu sonho o teu sonho percorreu.
A sorte não se mostra em tormentosa
Paisagem na desdita em solidão,
E quando novos dias mostrarão
O quanto desta messe agora goza
Quem tanto fez do amor a poesia
E sabe o quanto o sonho nos sacia.


849


Meus Êxtases

Olhando o firmamento sou pequena
Tão pequenina que não me demito
De admirar sublime criação e fito
Estrelas em bilhões na grande arena

Toureira sem ter força e bem domada
Apenas soletrando a imensidão
Pobre de mim sem argumentação
Sorrir e sonha, e sonha acordada

Encontro o luar encanto sem ter luz
Recebe o amado, sol em claridade
E vive tão somente, assim, em balde

Olhando amores promessa e poesia
Nas madrugadas sol quando irradia
Nada reclama, e, nela amor eu pus

sogueira

O amor traçando além do quanto eu pude
Pensar e ter certeza quando um dia
Entrando nos meandros, poesia
Refiz a minha sorte em juventude
O quanto deste passo tanto ilude
E mesmo assim deveras se cerzia
Fortuna em noite clara ou tênue dia
Tramando noutro rumo uma atitude
Eu pus o meu caminho nos teus braços
E sei que são comuns os nossos passos
Gestando a maravilha que redime,
No tanto mais feliz eu pude ver
O amor gerando assim raro prazer
Sabendo ser decerto mais sublime.

850


Nos dentes que mergulham
Além da tênue pele,
O amor que nos compele
E neles se vasculham
Cenários mais diversos
E traçam outro fato
Aonde me retrato
Em cenas, claros versos,
Arcando com enganos
Ou mesmo em tal caminho
O tanto onde me aninho
Impede novos danos,
E assim no amor perfeito
Decerto me deleito.


851


Amar demais não custa
Nem mesmo poderia
Gerar a hipocrisia
Aonde a cena ajusta
O passo onde se incrusta
A sorte e a fantasia
E nisto eu poderia
Nesta medida justa
Sentir a suavidade
Do sonho quando invade
E traça a perfeição,
No todo ou mais um pouco
Se às vezes me treslouco,
Transbordo em emoção.


852


Embora vá rolando
Por vários descaminhos
Os dias mais mesquinhos
O céu em contrabando;
Porém no amor notando
Gerando nossos ninhos
Jamais serão sozinhos
Os tempos decorando
Com todo o privilégio
De um sonho raro e régio
Aonde se desfila
A lua em tons de prata
Amor quando arrebata
A noite é mais tranquila.



853


Aberto ao coração
De quem já me quiser
O tanto que se quer
E traça a solução
Dos ermos que virão
E sem medo sequer
Do gozo onde aprouver
Cerzindo este verão,
E nele se transcende
Ao quanto se desprende
Em glória o nosso dia,
O amor não mais se esgota
E toma logo a rota
Em mágica alquimia.


854


Aguardo, calmamente
Alquímica mistura
Aonde se assegura
A vida e se fomente
O amor que plenamente
Traduz farta ternura
E quando a vida cura
Um passo atroz, demente,
Resido neste tanto
E sei que me adianto
Enquanto houver nobreza
Do amor reinando sobre
O manto onde se cobre
Em glória a farta mesa.



855

Não temo a solidão
Nem mesmo os desvarios
E sei dos desafios
Das noites que virão
E tendo a solução
Traçando a foz dos rios
Aonde em frágeis fios
Ausente negação
O mundo se redima
E mude todo o clima
Trazendo até quem sabe
O rito mais sobejo
E nele já prevejo
O amor que não se acabe.


856


Embora eu te prefira
À própria vida minha,
O quanto já se alinha
Além desta mentira
A sorte em frágua e pira
Deveras se adivinha
E tanto ali continha
Se a Terra também gira
O manto desenhado
Traduz o enunciado
E traz neste contrato
O ritmo mais audaz
No farto amor se faz
E ali eu me retrato.


857


Segredo que te conto
De um fato mais constante
No amor onde agigante
A vida sem desconto
Aumento ponto a ponto
E chego doravante
Num mundo fascinante
Cenário agora pronto
Bendito este artesão
Com toda a precisão
Cerzindo a maravilha
Do amor quando perfeito
E nele me deleito
Quando a alma compartilha.



858


É feito da saudade
O amor que não sacia
E veste esta agonia
Aonde a morte brade
E gere esta ansiedade
E nela não havia
Senão a fantasia
Sem dar tranqüilidade,
Um novo amor; portanto
É porto onde garanto
Saudade não tem vez,
No quanto se perdera
Pavio inútil cera
Em nada se desfez.


859



A pele em minha pele
Transita e se pressente
O quanto mais dolente
Delírio nos compele
E nada mais se sele
Senão tal inclemente
Caminho onde se tente
O todo já revele,
O caos entranha em nós
Amor furioso algoz
Domina cada passo,
E assim em pleno espasmo
O mundo sem sarcasmo
Deveras quero e traço.

860


Derrubas com carinho
Gigante traiçoeiro
Regando este canteiro
Retiras cada espinho
E amor sem ser daninho
Transforma por inteiro
E traça o mensageiro
De um novo e raro ninho
Aonde se pressente
O quanto mais contente
Estou a todo instante
No qual amor vislumbra
E nega esta penumbra
Por ser tão radiante.


861


Não tenho mais segredos
Nem mesmo os quereria
Vagando em poesia
Diversos meus enredos
E tento embora ledos
Os rumos dia a dia,
E nada poderia
Traçar além dos medos,
O amor nos fortalece
E nele além da prece
Pressinto uma conversa
Com Deus que sempre versa
Num átimo ao cenário
Do amor tão necessário.


862


Portanto não precisa
Saber da indiferença
No quanto se convença
Da sorte mais concisa
E nela qualquer brisa
Transforma e traz a crença
Que tanto nos compensa
Enquanto ali matiza
Esta alma benfazeja
Por onde mais deseja
A sorte em redenção
Sabendo deste fato
No amor eu me retrato
E vejo a direção.

863


Depressa minha amada
Que a vida já se esvai
O pensamento trai
E nega alguma estrada
A quem se fez gentil
E tanto quis assim
Florada em seu jardim
E o canto não se ouviu,
O inverno se anuncia
E o tempo já transmuda
A sorte tão miúda
Agora em fantasia
Permite um mero instante.
Que seja deslumbrante!


864


A boca em minha boca,
O toque mais gostoso
Aonde em pleno gozo
O rumo já se toca
E sigo cada passo
Por onde poderia
Saber desta alegria
E nisto eu tanto faço
E beijo a primavera
Embora em invernal
Caminho pelo astral
No quanto amor tempera
E muda a própria face
Sobejo mundo trace.


865


Desnude-te de todos
Temores e verás
O amor quando ele é audaz
Supera os velhos lodos,
E sem saber de engodos
Transcende à própria paz
E tudo sempre traz
Diversos, vários modos
Porquanto em ti sacio
O coração vadio
E tanto aventureiro,
Mas quando em flórea senda
Assim logo se estenda
Além deste canteiro.


866

A lua nos convida
Em clara concordância
Gerando a consonância
Gerindo nossa vida,
A sorte percebida
E nela esta abundância
A cada nova estância
Refaço a já perdida
Vontade de lutar
E bebo do luar
Um fortalecedor
Cenário em plena prata
Assim a messe trata
Em festa o nosso amor.


867



A boca percorrendo
Cenário fascinante
E sabe doravante
Aonde em estupendo
Caminho irá vencendo
A dor e num instante
O todo se agigante
No mar que ora desvendo.
Resumo minha vida
Na sorte presumida
Nas tramas deste anseio
E sei do quanto posso
Vivendo amor que é nosso
Sem pejo e sem receio.


868


Acende nessa noite
O brilho em cada lume
Aonde me acostume
E vença o duro açoite
Aloco o pensamento
No corpo feminino
E quando me fascino
Bebendo me alimento
Das tramas e das senhas
Diversas sanhas nossas
E logo tu endossas
Caminho e nele venhas
Tramando esta promessa
Do amor que se confessa.


869


E venha sem temer
Não deixe pra depois
O quanto entre nós dois
Traduz pleno prazer,
O manto se faria
Em plena majestade
No quanto nos agrade
A sorte em fantasia
Gestando esta beleza
Gerando um novo mundo
E quando me aprofundo
Em farta correnteza
Desenho esta delícia
No anseio da carícia.


870

Aguardo simplesmente
Quem possa me dizer
Do amor em tal prazer
Que nada mais desmente
Outrora um ser descrente
Agora posso ver
O quanto do querer
Nos faz bem mais contente
Galgando a cordilheira
Aonde amor se inteira
E gera este infinito
Na imensa cordoalha
A sorte já se espalha
No amor que eu acredito.


871

Anoiteceu, vibra
Em mim esta vontade
Do amor que quando invade
Desfaz, desequilibra
O tempo toma a libra
E o resto na verdade
Vagando em realidade
Diversa já se dribla,
O corpo em tal cansaço
Num êxtase supremo
E assim em ti me algemo
E sigo e não desfaço
Caminho em verdejante
Delírio fascinante.


872


Que faz com que me perca
E tome outro sentido
O amor se percebido
Não teme qualquer cerca
E logo nos devora
Adentra este quintal
Na senda magistral
E sem saber nem hora
Resume em tal loucura
Paixão que se irradia
Além da fantasia
Deveras nos tortura,
Traçando assim magnífico
Nem sempre tão pacífico.

873


Avanço como um louco
E nada me detém
No amor sou qual refém,
Porém ainda é pouco
No quanto me treslouco
O rumo já convém
E sendo deste alguém
Se nada escuto, mouco,
Expresso em verso e canto
O quanto me adianto
E busco a redenção
Singrando este oceano
E mesmo se me dano
O amor toma o timão.


874


Colado junto a ti
Na noite em rara dança
Amor quando se lança
Além do que senti
Devora e sei que aqui
Audaz qualquer mudança
A sorte já balança
E nela eu me perdi,
E presa deste sonho
Por vezes tão medonho
Insaciavelmente
O mundo se transforma
E toma a vária forma
Aonde se fomente.


875


Te Beijando e também
Cerzindo o Paraíso
Num toque mais preciso
Vibrando em mesmo bem,
O amor quando contém
Já todo o meu juízo
E nele me matizo
Enquanto sou refém
Das ânsias e delírios
E sei destes martírios
E gozos adjacentes
No quanto te apresentes
E cevas este solo
Com prazer eu me imolo.

876


Suaves os carinhos
De quem se fez a fera
E nisto se tempera
A sorte em tais moinhos
Gerando outros caminhos
O todo não espera
E quando esta pantera
Prepara aqui seus ninhos
Espúria madrugada
A sorte em tal lufada
Não vê qualquer disfarce
E quando mais audaz
O amor se mostra e traz
O rumo onde me esgarce.


877


O gosto diz delícia
E nisto sou inteiro
Cerzindo o meu canteiro
Sem medo e sem notícia
Além desta carícia
Da qual sou timoneiro
Também aventureiro
Delírio em tal malícia
Premissas mais diversas
Aonde queres, versas
Gerando um novo sol,
E assim em raro encanto
Apenas helianto
Atrás deste farol.

878


Inventam num segundo
Desvios ou atalhos
E quando em tais retalhos
Deveras me aprofundo
Vagando em novo mundo
Por mais que sejam falhos
Os dias em frangalhos
Da messe eu já me inundo.
Arisco no passado
A presa que se entrega
E sabe quase cega
O rumo já traçado
Na plena fantasia
Além do que podia.


879


Amor me transportando
Além de qualquer cais
E nele muito mais
Que um simples contrabando
A sorte traz no bando
Dos sonhos magistrais
Momentos divinais
Entre outros transformando
O que se fora atrás
Apenas um tenaz
E louco aventureiro
Agora noutra face
O amor deveras trace
E nele assim me inteiro.

880


Arranca tua roupa
A fúria deste anseio
E toca cada seio
Deveras nada poupa
E cerzi com denodo
A messe mais sobeja
No quanto te deseja
E não encontro engodo
O risco não se faz
Nem mesmo se percebe
Assim em rara sebe
Meu passo é mais tenaz
Galgando ao infinito
Ao vasto eu me permito.


881


A noite te prometo
Sem medos nem pudores
E tanto aonde fores
Também eu me arremeto
E faço outro soneto
Usando tuas cores
Matizes sonhadores
Delírios que eu cometo,
Vagando em verso e sonho
Assim eu me proponho
Bem mais do que pensara
Num avassalador
Delírio feito amor
Domando esta seara.


882


Será da mais sublime
E rara maravilha
O mundo onde se trilha
E tudo nos redime
Jamais amor suprime
A luz que em nós rebrilha
A sorte se estribilha
Num quanto que se estime
O risco alentador
De um claro e raro amor
E nele esta certeza
De um novo alvorecer
Em tons de bel prazer
Dourada fortaleza.


883


Os sonhos que sonhamos
Os dias mais felizes
E neles tu me dizes
Da vida em vários ramos
Porquanto perfilamos
Diversas cicatrizes
Vencendo antigas crises
Deveras nos amamos,
E tendo esta divina
Beleza que fascina
E doma a fera em nós,
O ritmo alucinante
Que tanto se agigante
Aumenta em brado a voz.


884

Amor de tanto amor
Não mais cabendo em si
Sabendo o quanto ouvi
De um tempo sonhador
Vagando sem pudor
E nisto eu percebi
O quanto existe aqui
Do raro e bom valor,
Em esplendor a sorte
Deveras nos conforte
E gere este momento
Aonde com certeza
A vida sem surpresa
No amor tem seu sustento.


885

Amada quem me dera
Viver a plenitude
Do amor mais do que pude
Em cena tão sincera
Vencendo o que não gera
Além de uma atitude
Que tanto nos transmude
E molde a primavera,
Resumo em verso e canto
O quanto eu amo e encanto
O tempo mais audaz,
Assim amante sonho
No qual me recomponho
E a vida já se faz.


886


A noite que te trago
Imersa em claridade
Transcorre em liberdade
E dita cada afago
No tempo em que este mago
Amor tanto me invade
Gestando a claridade
E nela já me alago
Vestindo a mansidão
E tendo a sensação
Do quanto pude outrora
Vencer os descaminhos
E ter não mais espinhos
Aonde a vida aflora.


887


Os lábios se desejam
Na busca incontrolável
Amor insaciável
E nele se prevejam
Momentos onde a sorte
Transcorra em libertário
Caminho necessário
Que trace algum suporte
A quem se fez em paz
E agora quer além
Do quanto amor retém
E molda um passo audaz
Vagando a eternidade
Na imensa liberdade.


888


E nada do sofrer
Pudesse ser assim
O mundo dentro em mim
Transcende ao bem querer
E gesta com prazer
Fortuna em tal jardim
E trama até o fim
O quanto pude ver
E crer num mero instante
No fato que adiante
Bendiga a vida inteira
E cerzi com ternura
O quanto se assegura
Gerando a cordilheira.



889


Não deixe que essa noite
Não seja de prazeres
E torne nossos seres
Apenas em açoite
Permita que se acoite
Aqui estes quereres
Sabendo dos poderes
Do amor quando em pernoite
Debaixo dos lençóis
Trazendo assim os sóis
Em plena madrugada,
A lua embevecida
Mudando a minha vida
Gerando nova estrada.


890


Nos braços deste sonho
Jamais me libertar
E ter a cada altar
O mundo onde proponho
Deveras eu me enfronho
Nos ermos do luar
E sinto navegar
Em mim um ar risonho,
Resulto deste encanto
E se demais me espanto
Com toda esta delícia
A vida em tanta luz
Deveras reproduz
O sonho sem sevícia.


891


Amor quando de amor
Revive a velha chama
Deveras sempre trama
Em ar alentador
O quanto sonhador
Moldando além do drama
A força que reclama
Imenso este esplendor,
Resgato em ti promessas
E quando me confessas
Também somente minha
O pensamento vaga
E toca e já te afaga
E em ti voraz se aninha.


892


De tanto amor merece
O canto que se preza
A sorte não ilesa
E nela esta benesse
Que logo estabelece
O rumo onde se tesa
A vida e nada pesa
Nem mesmo se padece,
Do velho caminheiro
Agora um derradeiro
Alento em voz tranquila,
O quanto te bendigo
E quero em ti o abrigo
No amor que amor destila.

893


Saber que tu partiste
E nada mais deixaste
Senão velho desgaste
De um coração tão triste
E assim nada persiste
Sequer caminho ou haste
O rumo em tal contraste
Deveras não existe,
Esbarro no infinito
E quando eu acredito
Nas tramas mais felizes
O quanto tu desdizes
E negas este rumo
Em nada eu já me esfumo.


894


É quase que morrer
Na ausência deste encanto
E sei até, portanto
O fundo do meu ser
O quanto pude ver
E crer sem mais espanto
No amor em que adianto
O passo a se tecer,
Vestindo esta diversa
Beleza já se versa
Ao fato consumado
De um mundo mais feliz
E tanto quanto eu quis
Enfim vivo Eldorado.


895


Por isso não responda
E deixe que se leve
O amor em rumo breve
E nada mais se esconda
A sorte dita a sonda
E assim o tempo atreve
E tanto já se ceve
E enfrenta qualquer onda,
O risco não se vendo
No amor quando estupendo
Trazendo além do cais
Momentos onde eu posso
Vencer qualquer destroço
E ter sempre bem mais...


896

Acorda com carinho
O sonho em tom suave
A liberdade da ave
Cerzindo além seu ninho
E quando eu adivinho
O rumo e nego o entrave
O tanto não agrave
O manto mais daninho,
Espreito e na tocaia
Amor já não mais traia
Atraia tanta sorte
E assim se emoldurando
Em rumo claro e brando
No quanto me conforte.


897

E fique do meu lado
Apenas num instante
E assim já se adiante
O rumo ora traçado
E trame sem enfado
O passo fascinante
E sei que doravante
Será nosso legado,
Respaldos encontrando
No amor que sei mais brando
E nele sem terror,
Aprendo a ser tranqüilo
Enquanto aqui desfilo
Um mundo em esplendor.


898




A noite após a noite,
Já não comportaria
Sequer um novo dia
E assim aonde açoite
Promessa nos engoda
E o todo não traduz
O quanto em rara luz
A vida se acomoda
E gera outro cenário
Suave, mas nem tanto
E logo me adianto
Ao mar mais temerário
E sendo um timoneiro
Do amor aventureiro.



899

Desenho no teu corpo o meu já tatuado
Seguindo este caminho em tese mais perfeito
No quanto eu te procuro e sou por ti aceito
O mundo num cenário em paz, abençoado.
Risonho caminhar transmite ao meu legado
O sonho mais audaz e nele me deleito
Cerzindo esta esperança e sendo enfim aceito
O canto noutro instante; em ti vejo ecoado,
E assim em consonância a sorte se tecendo
A vida sem promessa e nela o dividendo
Sobejo em tom maior é tudo o que procuro
Vencer o descaminho em campo mais tranqüilo
Deveras a certeza e nela já desfilo
O porto que mais quero e sei ser tão seguro.

900

Amar e ter certeza; embora seja fato
Que todo grande amor deveras tenha um fim,
O rumo transportando a ti; presumo enfim
E neste caminhar deveras já reato
O quanto no passado o dia fora ingrato
Matando em aridez qualquer sombra em jardim,
O risco determina o sonho de onde eu vim
O amor em tal nobreza à mesa em raro prato,
Na trama mais audaz, em consonante espera
O todo se procura e a noite nos tempera
Com toda a garantia e nela se pressente
O amor sem mais medida enquanto dita a sorte
Traçando em tom maior o canto onde conforte
E gera muito além que um cenário clemente.

40912 até 41009

712

Nas águas mais profundas
Dos sonhos onde adentro
O amor quando no centro
E dele tu me inundas
Perpetuando a sorte
Que tanto nos conceda
E trace esta vereda
Aonde nos suporte
O canto em harmonia
A glória de se ver
A vida em bel prazer
No quanto poderia
Traçar quem sabe a luz
Na qual o amor reluz.

713


Abismos e penhascos
Que a vida nos prepara
Talvez não seja clara
Se é feita em medos, ascos,
Não quero crer fiascos
Aonde se escancara
A sorte semeara
Além de frágeis frascos,
O amor com consistência
Transforma em sua essência
A vida e nos conforta,
Abrindo mansamente
O olhar já se apresente
Além de qualquer porta.

714


Recebo sem temer
O vasto deste sonho
Aonde me componho
E posso me rever
Nas tramas do querer
Por vezes mais risonho
Caminho onde proponho
Um claro alvorecer,
Albores dentro em mim
Traçando este jardim
E nele se redime
A sorte com promessas
Aonde recomeças
Amor claro e sublime.

715


De todas essas dores
Que a vida nos trouxera
A imensa e vã quimera
E nela os dissabores
Além do que te opores
Ou mesmo a imensa fera
O tanto desespera
E muda as várias cores,
Amor quem sabe possa
Traçar a sorte e a nossa
Semente então granule
E gere novo tempo
Aonde; em paz contemplo
O medo que se anule.

716


Amando e ser amado
Num mar de imensidão
Gerando a solução
Deixando além nublado
Caminho desenhado
Na tola ingratidão
Certezas moldarão
Um novo e claro Fado,
As tramas deste anseio
No quanto além rodeio
Falena em volta à luz,
Cenário iridescente
O amor nos apresente
Enquanto nos seduz.


717


Amargo a solidão
De quem se fez e agora
O tempo já devora
O que fora estação
Resumo desde então
Na voz que já me ancora
O prazo sem demora
Das messes que virão
Cinzelando esta cena
Aonde amor serena
E torna mais suave
O passo em liberdade
De quem sabe a verdade
Num peito feito em ave.

718

Depois de tantas lutas
Em ênfase reparo
O tempo bem mais claro
E nele não relutas
E sabes das astutas
Loucuras e declaro
O quanto mais amparo
O passo em tais permutas,
Não vendo outro caminho
Senão amor, aninho
Meu canto eu teu regaço
E o tanto que talvez
Já não percebes, vês
No amor ora refaço.

719


Aguardo sem rancores
Os dias mais perfeitos
E sei que sendo aceitos
Os templos onde pores
O olhar e tendo assim
Certeza mais dileta
Do quanto nos repleta
Amor que sei sem fim,
Presumo novo dia
Porquanto no passado
O tempo amargurado
A tudo já regia,
Porém primaveril
Meu coração te viu.

720


Achego meu amor
E trago em tom suave
O quanto não se agrave
O passo em dissabor,
Concebo um raro albor
E nisto não se entrave
A sorte que desbrave
Rincão em vária cor,
Aprendo e já perplexo
Olhando o meu reflexo
No olhar que me sacia,
Resido no teu eu
O meu que se perdeu
Em rara fantasia.


721

E vindo deste cais
Saveiro da esperança
No mar quando se lança
Em meio aos temporais,
E sabe em divinais
Delírios o que alcança
E tendo a confiança
Em dias magistrais
Revelo em vela e barco
O quanto ora me abarco
Nas sendas tão melíferas
Fortunas que me trazes
Já não conhecem fases,
Deveras são prolíferas.

722


Vencido pelos ventos
Que tanto me açodaram
Os dias já passaram
Em tantos desalentos,
Mas quanto aos que virão
Eu vejo a face exposta
De quem sabe a resposta
E trama a direção
Por onde poderia
Seguir a vida inteira
E nega a traiçoeira
Noção de calmaria,
Amor quando eruptivo
Fazendo-me um cativo.


723


Que vale todo inverno
Nevascas/solidão
E nelas se farão
Bem mais que mero inferno,
Assim já não me externo
Na falsa divisão
E bebo desde então
O manso onde mais terno
Caminho se desvenda
E gera nesta senda
Cenário sem igual,
Meu canto em ressonância
O teu em concordância
No amor consensual.

724


Verás que nada mais
Do quanto desejaste
Transforma qualquer haste
E enfrenta os temporais,
Resumo em divinais
Delírios sem desgaste
O todo que notaste
Em dias informais,
Meus versos e teus passos
Deveras mesmos traços
Do amor que se espelhara
Na face mais gentil
Aonde se previu
A noite bela e rara.

725

Nos vales da saudade
O olhar tão carinhoso
De quem por pedregoso
Caminho não degrade,
Permite a saciedade
E nela um raro gozo
De um tempo majestoso
Que agora nos invade,
Amar e ter certeza
Do rio em correnteza
Macia e sem cascatas,
Assim a nossa vida,
Deveras presumida
Sem erros nem bravatas.


726

Sonho que, soberano
Transforma a minha vida
E quando além urdida
A sorte sem o dano
Porquanto se eu me engano
E perco esta saída
Amor em presumida
Verdade muda o plano,
Restaura e me permite
Além de algum limite
Seguir em plenitude,
No quanto se transcorra
Dos medos me socorra
Deveras tudo mude.

727

Durando minha vida
Promessa deste sonho
Aonde recomponho
A sorte já perdida,
Quem sabe e não duvida
Do quanto é mais risonho
O mundo onde proponho
Amor que dá guarida
A quem se fez sozinho
Durante o descaminho
Presume novo trilho
E nele me aprofundo
Vagando pelo mundo
Se amor eu compartilho.

728


Espero que vagueie
O coração além
Do quanto me contém
E nunca mais refreie
Vontade de seguir
Por onde se desvenda
O todo sem emenda
E gere este elixir
Que tanto abençoado
Presume a solução
E trama a direção
Do amor em manso Fado,
Resplandecente luz
Que farta nos seduz.

729


Em toda imensidão
Do amor que se promete
Ao quanto me arremete
Causa transformação
Ao som de um violão
O canto não repete
E assim aqui reflete
A vasta imensidão.
Não posso reprimir
Vontade de seguir
Além do quanto vejo,
O amor se presumindo
Num ato nobre e lindo
Num raro e caro ensejo.

730


Na grota das esperas
Ausência de alegria
E quando poderia
Imerso em meio às feras,
Mas logo regeneras
Caminho aonde havia
Além da fantasia
Sublimes primaveras,
Assídua maravilha
Por onde se polvilha
Um mágico perfume,
E nele e só por ser
Assim o meu prazer
Decerto ali se rume.

731


Revivo cada gota
Do mar que me trouxeste
Embora a vida agreste
Por vezes seja rota,
O canto nos transcende
E tudo se redime,
Num ato mais sublime
O amor agora estende
Seus braços benfazejos
E trama em raro apoio
A sorte deste arroio
Imerso em meus desejos,
Ao mar gigante foz
O brilho vivo em nós.

732

Que parco, sem saber,
Já fora o meu anseio,
Porém amor se veio
Transcende ao bom prazer
E dita em bem querer
O rumo sem rodeio,
Vagando em devaneio
No fundo do meu ser,
O mar que se aproxima
O tempo em manso clima
Cenário abençoado
E nele se presume
A vida em auge e cume
Um dia iluminado.

733

Desaba e já desanca
O mundo em ribanceira
A vida não se esgueira
E nisto boto banca,
O preço que se cobra
No tempo já perdido
E o passo resumido
No amor onde esta sobra
Traduz felicidade
Ou mesmo rumo em paz,
O quanto já se faz
E nada desagrade
A quem se dera tanto
E nisto ora me encanto.


734


Mostrando os velhos dentes
Pantera solidão
Transmite a sensação
Dos dias inclementes,
Mas logo após se tentes
Vencer sem aversão
Os dias te trarão
O amor que logo sentes
E vês assim o mundo
Deveras mais profundo
Em clara calmaria
O riso perpetua
E bebe inteira a lua
E nela se irradia.

735


A corda que prendia
Funâmbulo caminho
E quando ali me alinho
Gestando esta alegria
Que tanto permitia
Além do próprio vinho
Um tempo onde o daninho
Jamais recriaria.
Escuto a voz do vento
E quando ali eu tento
Seguir os passos teus,
Os dias sem adeus
O manto se traçando
No amor suave e brando.

736


As garras que me cravas
Sangrias prometidas
E nelas pressentidas
Além das duras lavas,
As sortes que desbravas
E geras novas vidas
Nas tantas repartidas
Aonde vira escravas
E agora libertário
Delírio necessário
Nos antros deste amor,
Que mexe assim comigo
E nele já persigo
O céu em pleno ardor.

737

Apenas nossas mágoas
Depuram o terror
Do farto desamor
Negando suas fráguas
E quando em turvas águas
O mundo em dissabor
Matando sem compor
Além de onde deságuas
Verás a tez sombria
Do amor que se perdia
Nas teias da ilusão,
Mas quando esta quimera
A sorte regenera
Ganhando a imensidão.


738



Eu vejo teu sorriso
No olhar já refletindo
Um dia onde deslindo
Decerto o Paraíso
E o passo mais preciso
Nem sempre quando o brindo
Ou mesmo ora se abrindo
Além do mero siso.
Loucura necessária
A quem a procelária
Atormentara tanto,
Vencer este quebranto
E ter novo futuro
No amor, eu te asseguro.


739


Nas horas que vivemos
Depois de tantos medos
Os dias velhos, ledos
E neles sem os remos,
Aos poucos percebemos
Deveras os segredos
E quando em tais enredos
Em dores envolvemos,
Quem sabe a sorte venha
E mude toda a senha
Permita que se encontre
Ou nada desencontre
No rumo onde presumo
O amor em raro sumo.


740


Todo contentamento
Transcorre em mar tranqüilo
Enquanto amor perfilo
E bebo o manso vento,
Deveras sempre atento
Ao quanto mais destilo
O mundo noutro estilo,
Em paz, agora eu tento.
Vencer os velhos danos
Mudando sempre os planos
E tendo a dimensão
Exata deste amor
E nele se propor
Sem medo ou divisão.


741



Embora não saibamos
Contar cada detalhe
Do amor quando se falhe
E nele torpes ramos
Deveras desfrutamos
A sorte em tal encalhe
E nada mais batalhe
Além do que buscamos,
A própria fantasia
Decerto não sacia
Exige muito além,
Assim ao se sentir
No amor mero porvir
A vida nunca vem.



742


A noite que se vai
Imersa em solidão
Aos poucos mostrarão
Olhares onde trai
A vida em tal vacância
Não sabe mais sequer
O gosto que se quer
Com toda esta distância
E nela se resume
O manto já puído
A sorte em tal ruído
Não vê mais rumo ou cume,
Porém amor refaça
O quanto rói tal traça.


743


Procuro a poesia
Nos ermos de minha alma
A sorte não me acalma
Enquanto não traria
O tanto que podia
E assim sem ver a palma
O quanto gera o trauma
E mata em agonia.
Mas tenho esta certeza
Do mundo onde a leveza
Presume um novo encanto,
E a cada canto sigo
O amor que sei amigo
E nele me agiganto.


744


Vencido pelas dores
De antigos e diversos
Caminhos onde imersos
Delírios matam flores,
Resumo em tais ardores
As ânsias dos meus versos
E sei quanto perversos
Os vários dissabores,
Amor já não se vendo
A vida sem adendo
Remendo da esperança,
Mas quando reavivo
O amor imperativo
Ao todo já nos lança.


745


Que mentem; mas não deixam
As sobras sobre a mesa
A vida em tal surpresa
E nela já se queixam
Quem tanto desejara
A sorte mais suave,
O peito feito em ave
Desvenda esta seara
E libertário sonha
Porquanto tanto quis
Um dia ser feliz
E a dita é tão medonha,
Amor que nos salvasse,
Apenas mero impasse...


746


Transportam nestas asas
Os sonhos mais audazes
E além sempre me trazes
O quanto ali abrasas
Vagando sobre as casas
A lua em suas fases
E nelas os tenazes
Delírios; não embasas.
Somente o grão não basta
Repare a senda gasta
E o solo em aridez,
Mas quando se adubando
No amor se preparando
Colheita plena vês.


747



Em vôos vou procurando
Um dia após a queda
O quanto já me seda
E torne agora brando
Caminho aonde quando
A sorte o rumo veda
No vago enfim se enreda
E trama um ar nefando.
Mas vejo; sobretudo
O amor e não me iludo,
Sacio esta vontade
De ter a claridade
E nesta liberdade
Aos poucos me transmudo.


748

Amor em ser cruel
Jamais traria a paz
E quando mais mordaz
Deveras nega o céu
E risca este papel
Mostrando ser tenaz
A dor que já nos traz
Decerto o rumo ao léu.
Insaciavelmente
O canto se apresente
Na busca pelo afeto,
Assim ao me mostrar
Além de qualquer mar,
No amar eu me completo.


749


Permite tantas lutas
A vida em dores fartas
E quando além tu partas
As ânsias sempre brutas
E nelas as astutas
Batutas; já descartas
E quando enfim repartas
Deveras as permutas
Presumem outro ganho
No amor que sei tamanho
Superna maravilha,
Cigano coração
Nas ânsias do verão
A lua em paz polvilha.

750


Querendo conquistar
Ao menos um recanto
Por certo se eu te canto
Teimando em procurar
Nos ermos do luar
Algum suave manto
E nele me agiganto
Cansado de lutar,
O risco além da queda
A sorte já se enreda
Nos passos rumo ao farto,
E quando em amor pleno
Decerto me sereno
E assim sobejo eu parto...

751


Mentindo transformando
Cenário mais perfeito
No quadro insatisfeito
Do amor em contrabando
O quanto já desando
E nada mais aceito
Sequer onde me deito,
O tempo em mim nevando,
Porém no inverno da alma
O amor que vem e acalma
Permite a primavera,
E assim depois do vago
Caminho em paz eu trago
E a sorte me tempera.



752



As celas que me prendem
Nos braços de quem ama
E sabe acesa a chama
Desejos já se estendem
E neles sem receio
Vagando em ar superno
Adentro um mundo terno
E nele agora eu creio
Distando do vazio
Aonde mergulhara
A sorte dura e amara
Agora em paz recrio,
E sorvo deste amor
Sem medo e sem pudor.


753


Estão nestas algemas
Marcadas no meu punho
O medo onde eu empunho
Vazios meus poemas,
Mas logo nada temas
No amor por testemunho
O corte em novo cunho
Presume mansos lemas,
Emblemas do meu sonho
Aonde recomponho
Meu passo rumo ao farto,
E bebo gota a gota
A vida, mesmo rota
Se amor ora reparto.


754


Amor caricatura
De um sofrimento intenso
E quando nele eu penso
O medo se afigura
A dita me tortura
E nisto me convenço
De um tempo amargo e tenso
Que ainda em vão perdura.
Quem sabe noutra face
A velha garatuja
Ainda torpe e suja
Deveras não mais grasse
E trace novo dia
Em paz e em harmonia.

755


Pergunto se talvez
Ainda exista a chance
Do amor que nos alcance
E nele se desfez
A dura insensatez
E neste bom nuance
E vida enfim me lance
No quanto em ti se fez.
Amar e ter certeza
Da farta e bela mesa
Esta iguaria em glória
Mudando num instante
Num ar mais radiante
A turva e tosca história.


756


Olhar que penetrante
Reinava sobre tudo
E quando além me iludo
No passo mais adiante
O risco se agigante
E o coração; já mudo
No quanto me transmudo
E nisto deslumbrante
Caminho se perfaça
A dor vire fumaça
E o medo ora não seja
O velho companheiro
Audaz e traiçoeiro
No amor que ora lampeja.


757


Resiste e não me leva
Além do quanto pude
A morta juventude
Cedendo à sombra e à treva
No quanto se é longeva
A dor e nada mude,
O amor sendo amiúde
Deveras muda a ceva,
E assim perpetuando
O sonho desde quando
Em mim se doura e doma
Multiplicando a sorte
Que tanto nos conforte
Além de mera soma.


758



Do riso que prometes
E nada faz cumprir
A sorte que há de vir
Jamais tu me arremetes,
São falsos os confetes
O mundo irá sentir
O quanto hei de pedir
E as cenas; já repetes.
O caso é que percalços
Gerando cadafalsos
Em farsa e discrepância
No amor que tanto eu quis
Agora por um triz
Somente em vã distância.


759


O mar mal navegado
O risco de sonhar
E ter além luar
O verso desolado,
Ao tempo sem legado
O corte a penetrar
Marcando devagar
O passo jamais dado.
Amar é ter quem sabe
Bem antes que se acabe
Um dia mais suave,
Assim quem dita o rumo
Deveras bebe o sumo
E também trama o entrave.


760


Porém se navegar
O quanto deste encanto
Buscando e nisto eu canto
Tentando desvendar
As teias do luar
Aonde se eu me espanto
Renego a sorte e o manto
E tento desnudar.
Promessas entre guizos
Diversos prejuízos
Em pleno desamor,
A sorte se esgueirando
O dia se nublando
Agrisalhada cor.


761


Depois de tantas noites
Cansado desta busca
A sorte sendo brusca
A mão ditando açoites
Sarjetas, botequim
O risco de sonhar
O medo a se aflorar
O tanto diz do fim,
Quem sabe noutra face
A vida poderia
E sendo até sombria
No amor ainda trace
O brilho mesmo frágil
O passo bem mais ágil.

762


Morrer deste prazer
É tudo o que eu queria
E nisto o dia a dia
Em frágil e vão lazer
Não deixa aparecer
Em mim a fantasia
E traça em harmonia
O quanto não faz crer
Cenário entorpecente
O amor quando se sente
Gestando um leve coma,
Assim proficuamente
O mundo ora descrente
Aos poucos já se doma.

763


É quase que morrer
Se ausência é percebida
Negando à própria vida
As ânsias do querer,
Vacância faz sofrer
E trava uma saída,
A porta soerguida
Jamais consigo ver.
Medonha face expondo
E nisto o amor eu sondo
Respondo ao vento atroz
Buscando dentro da alma
O sonho que me acalma
Domando a minha voz.

764


Porém se teu prazer
Já não mais saciado
Transcorre em tal legado
Vazios; passo a ver
E o canto a se perder
O vento noutro lado,
O corpo já fadado
Às tramas do sofrer.
Mas quando estás em mim
E vivo em ti, assim
O amor dita o reflexo
Do especular caminho
Aonde já me aninho
E sigo sem complexo.


765

A noite em tempestade
O vento toca a face
E assim tanto desgrace
O amor que se degrade,
Não deixo esta verdade
Ainda quando trace
Ou mesmo num impasse
Impeça a qualidade
Da vida que se quer
E nela sem sequer
Saber do alheamento,
Vencer os meus rancores
Viver em novas cores,
Deveras sempre tento.

766


Não faça desse amor
Apenas garatuja
A sorte sem a cuja
Beleza é dissabor
Presume sem rancor
Seguindo, esta sabuja
Às vezes torpe e suja
Caminho aonde eu for.
Porém se tão diverso
O rumo do universo
É feito em harmonia
Amor traça o ditame
E forte então se brame
Gestando a poesia.


767

Envolto em agonias
Os medos, desalentos
A vida em torpes ventos
Decerto já não vias
Cenário onde terias
Além dos sofrimentos
Dispersos pensamentos
Em noites mais sombrias,
Porém se amor se vê
A vida tem por que
E nesta face exposta
O quanto se garante
Do amor a cada instante
Já dita uma resposta.


768


Beleza que traduz
Iridescente sonho
Aonde me proponho
Além de mera luz
Jamais ao bem me opus
E nisto eu já reponho
Meu canto ora tristonho
Vagando em contraluz,
Amar e ter em mente
O quanto se alimente
Das fantasias quem
Conhece cada passo
Aonde agora grasso
E nele o amor retém.


769


E faz de sua dona
O coração escravo
Aonde já me entravo
E tudo se abandona
O quanto a vida clona
Também o medo e o cravo
Gerando o mar mais bravo
Deixando vir à tona
As tantas noites vagas
E nelas se divagas
Pensando noutro fato,
O amor te consumindo
Em ar suave e lindo,
Um tanto quanto ingrato.


770


Deveras do sofrer
Já não quero sinais,
E sei que muito mais
Preciso de um prazer
Que possa sempre ver
Em ares pontuais
Momentos divinais
E neles o lazer
De quem se fez outrora
O ser aonde ancora
Saveiro da esperança,
No mar onde me lanço
Apesar do balanço
Sem ranço o amor avança.


771


É vulcão que derrama
Incandescência farta
O amor quando reparta
E traz o quanto trama
Além da mera chama
A sorte se comparta
E nunca siga ou parta
Fugindo desta trama,
Assim ao ver além
O amor quando ele vem
Reinando sobre o sonho,
Encontro a plenitude
Mesmo que tanto ilude
O mar claro e medonho.


772

Não faça do que é belo
Apenas um enfeite
Amor quando se deite
Gerando algum castelo
No todo que revelo
Deveras sempre aceite
O todo de um deleite
No farto aonde atrelo
O passo sem desvio
E quando fantasio
Quem sabe um filho, um mar,
Ou mesmo em consonância
A vida nesta instância
Decifre o que é amar.

773


Verás que nada vem
De graça nesta vida,
O tanto da ferida
Que amor desvenda bem
Presume noutro alguém
A fonte e sem saída
Assim a despedida
Expressa onde não tem
Sequer o mero brilho
E nisto eu compartilho
Das ânsias deste sonho
Aonde me traduzo
Por vezes mais confuso,
Mas sempre amor; proponho.

774


Portanto nada tenho
Senão esta esperança
Que é como frágil lança
E nela sou ferrenho,
Pois tudo se eu contenho
Ao farto já me lança
E tento em aliança
O sacro desempenho,
Vagando noite afora,
Uma ânsia me devora
Do amor sem ter remédio,
Ausente traz o tédio,
Presente se anuncia
Em dor e poesia.


775


Nem quero converter
O passo em dor e queda
O amor quando envereda
As sendas do prazer
Por vezes faz sofrer
Ou mesmo o rumo seda,
Ou nega esta moeda
E traz o esvaecer
Evanescente sonho
Aonde me proponho
Em brumas, mas feliz.
Cenário multicor
Nas tramas de um amor,
O bem que tanto eu quis.


776


Amada; se afagamos
O sonho com palavras
E nestas tantas lavras
O mundo; desvendamos,
Sejamos mais audazes
E tentemos saber
Do todo de um prazer
Que assim também me trazes
E espalhas pela casa
Qual fosse uma ardentia
Gerando a fantasia
E nela tudo abrasa,
Efervescência em glória
O amor regendo a história.


777


Vivendo por demais
O quanto quis em verso,
Estando agora imerso
Nos sonhos magistrais
E neles divinais
Delírios; já disperso
E vago em universo
Caminhos siderais.
A flórea maravilha
Aonde amor palmilha
Transcende ao próprio ser,
E tantas vezes creio
No amor sem ter receio
Algum de até sofrer.


778


Prendemos a nossa alma
Nesta alma geminada
E assim na mesma estrada
O farto nos acalma,
Amar e ter certeza
Do quanto já se pode
Por mais que a dor açode
Vencer a correnteza
Destreza de quem tanto
Conhece o seu caminho,
Amor nunca é daninho
Se é feito em claro manto,
Desvenda os meus mistérios,
Porém sem ter critérios.


779

Em sonho por demais
Diverso do que um dia
Pensara em harmonia
Em plenos vendavais
Procuro sempre mais
Do quanto poderia
E sei da sincronia
Aonde em divinais
Desenhos; reproduz
A vida a própria luz
E dela já se emana
Um facho em amor tanto
E assim eu me adianto
À dor dura e profana.


780



Amar é ser feliz?
Às vezes penso em não,
Na turva direção
Diversa da que eu quis,
Mas sei ser aprendiz
A queda, uma lição
Momentos que virão
O amor se contradiz.
O raio redentor
Gerando o dissabor
E nisto a sorte é vária,
Porém quando é sincero
Transcende ao que mais quero
E mata a procelária.


781


Porém esqueça o lago
E veja a imensidão
Do mar em dimensão
Sobeja que te trago
E cada novo afago
Certezas se darão
Do amor em provisão
Sem medo nem estrago,
Resumos desta vida
No quanto é repartida
Multiplicando a luz,
Assim ao ser tão teu
Meu mundo se estendeu
Aonde o teu conduz.



782


Tantos dons repartidos
Em medos, dissabores
E neles quando fores
Terás em teus olvidos
Quais fossem diluídos
Os fartos desamores
Nos dias sonhadores
E neles vãos sentidos.
Resquícios de outras eras
Agora não esperas
Que tudo se repita,
Mas quando o sol vier
No amor desta mulher
Talvez falsa pepita...


783


Permita que deus Eros
Adentre teu caminho
E quando vou sozinhos
Sentidos torpes, feros
Os olhos procurando
A noite sem descanso
E quando além alcanço
Um novo olhar mais brando
Compartilhando luzes
Ou mesmo estas sombrias
E vagas fantasias
E nelas me conduzes,
O amor nos permitindo,
Um sonho audaz e infindo.


784


As ninfas vão decerto
Reinar sobre o meu sonho
No quanto me proponho,
Caminho sempre aberto
Se às vezes eu desperto
Em mar turvo e medonho,
Do nada recomponho
O sonho eu não deserto.
Mas quando a tarde cai
E nada, ninguém vem
Na ausência de algum bem
O amor agora trai
No leito solitário
Remanso temerário...


785


Amando quem quiser
O tempo não se ilude
O quanto mais eu pude
Anseio esta mulher
E quando ela vier
Renovo a juventude
E posso em atitude
Além de um vão qualquer
Seguir ao meu momento
Em ápice sonhado,
Neste apogeu meu Fado
Permite onde me alento,
Mas logo amor se esfuma
E ao nada o sonho ruma.

786


Onan em desespero
Durante tantos anos
O coração em danos
A vida em destempero,
Vagando sem destino
Alheio caminhar
Ausente algum luar
Ao que me determino?
No fardo que carrego
A sorte não se trama
E o sonho morre em chama
Esvaziando este ego
Matando num instante
Meu canto, um tolo amante.


787


Amando sob estrelas
Em noite clara e imensa
Amor se recompensa
Somente até por tê-las
E quando percebê-las
Em ti minha alma adensa
E bebe a fúria intensa
E em teu olhar sabê-las.
A lua em brônzea tez
O amor que já nos fez
Além do imaginário,
Risonho nauta eu sigo
O canto em teu abrigo
Encanto raro e vário.


788

Morfeu que nessa noite
Já não veio e deixando
O olhar ausente quando
Saudade dita o açoite
E nesta vaga adentro
O coração em luto,
E quando além reluto
E mesmo desconcentro
A vida em nova face
Apenas ilusória,
Um traço na memória
Aonde o sonho grasse,
Amor já não se aflora
E a noite então; demora...

789

Embora em Afrodite
O sonho de beleza
Em ti tenho a certeza
Além de algum limite
Do amor que necessite
A fúria em natureza
Cerzindo tal surpresa
E nela se acredite,
A sílfide perfeita
Comigo então se deita
Deleito-me deveras,
E tanto em teu fulgor
Searas deste amor
Com brilhos tu temperas.


790


Depois desta loucura
Não quero nem saber
Do manto onde tecer
A sorte em amargura,
O risco não perdura
Enquanto houver prazer,
Assim ao te saber
Além desta procura
Insanamente eu vivo
E sei de ti cativo
E nada nos separa,
Apraza-me alegria
Aonde se urdiria
A paz desta seara.


791


Em plena redenção
O quanto quis um dia
Amor não negaria
Nem mesmo a direção,
E sei que desde então
A vida em euforia
Dourando a fantasia
Em fráguas já virão
As luzes, fogaréus
Ganhando assim os céus
Galope de um corcel,
O sonho em tal tropel
Risonho e mavioso
Transpira ao próprio gozo.


792


Procura por Minerva
Durante a insensatez
No amor que agora vês
Minha alma sendo serva
O quanto não preserva
De alguma lucidez,
E assim cenário fez
E nada mais conserva
Prismático desejo
E nele também vejo
Iridescente espaço,
No olhar me seduzindo
O quanto sendo infindo
O rumo que em ti traço.


793


Encontra os belos seios
Da diva mais superna
Minha alma já se interna
Sem medos ou receios
E segue pelos veios
Da noite rara e terna
Ousando esta lanterna
E nela em devaneios
Galgando além do espaço
Seguindo o quanto traço
Em sonho e em fantasia,
O amor gerando amor,
Num claro e bom sabor
A sublime iguaria.

794


Em meio a tantas divas
Tu és a mais perfeita
Minha alma se deleita
Enquanto não me privas
De olhar em cenas vivas
Olimpo onde se deita
A sorte satisfeita
E nela em luzes crivas
A messe do andarilho
Que agora compartilho
Com farta divindade,
Qual Zeus enamorado
Com Juno do seu lado
Um Éden nos invade.

795

Encontro aqui do lado
Quem tanto quis um dia
E sei desta alegria
De um sonho desenhado
Há tanto e demonstrado
No quanto poderia
Vencer esta agonia
E ter anunciado
Caminho sem igual
Por onde magistral
Desenho se garante,
E tanto te querendo
Amor ora estupendo
Sobejo diamante.


796

Aquele que somente
Percebe a desvalia
Não mesmo poderia
Viver o que se sente
No amor onde alimente
Uma alma mais sombria,
E sendo dia a dia
A ceva permanente
Transcende na colheita
Ao quanto se deleita
Uma alma em luz e messe,
Assim neste cenário
Diverso e imaginário
O amor, a vida tece.


797


Nas asas deste amor
Alçando a liberdade
Não vendo qualquer grade
Nem mesmo algum rancor,
Resumo no sol-pôr
Beleza e intensidade
Que agora nos invade
Em pleno e bom calor,
No outono desta vida
A sorte presumida
Primaveril surpresa
Amor que temporão
Causa transformação
Além da Natureza.


798


Verá que encontrará
O olhar que já redima
Mudando todo o clima
Aqui ou mesmo lá
Aonde se perceba
O amor em raro brilho,
Assim quando palmilho
Diversa e vaga gleba
O tanto que se quer
Ou mesmo se imagina
A sorte cristalina
No corpo da mulher
Abençoadamente
O amor se mostra e sente.

799


A boca que mordendo
Em bote traiçoeiro
Transforma este canteiro
Apenas num remendo,
Não pode mais sequer
Sentir outro jardim
Marcando dentro em mim
E nisto o que vier
Deveras noutra face
Além da que se veja,
A sorte malfazeja
Decerto isto desgrace.
Mas tendo amor em paz,
O mundo se compraz.

800


Não mais que certas cruzes
Pesassem tanto assim,
E quando este jardim
Imerso em tantas urzes
Deveras inda cruzes
E traces o meu fim,
Matando tudo em mim,
Negando meras luzes,
Outono se invernando
O tempo mais nefando
Nevando dentro da alma,
Brumosa noite além,
Mas quando o amor contém
O mundo já se acalma.


801


Guardei do que desprezo
O gosto mais amargo
E quando a voz embargo
O tempo outrora ileso
Agora se maltrata
E gera esta faceta
Cruel que se prometa
Decerto mais ingrata,
Restando do meu sonho
Um vago esgar e nada
O quanto em alvorada
Tomada em ar medonho,
Porém se existe amor
Revivo o claro albor.


802


O vento que trazia
Um ar primaveril
Agora mais sutil
Já não diz alegria,
A morte não se adia,
O corte duro e vil
Aonde se previu
O fim em agonia,
Mas quando amor se vê
A vida tem por que
E assim já se transforma
E o que era duro inverno
Agora não externo,
Em flórea e rara forma.



803


Se avança rebentando
O que não mais contém
O amor sem ter desdém
Levando a vida em bando
E assim mesmo gerando
O quanto mais convém
E sigo seu refém
E enfim vou me entregando,
Amar dita a conquista
Além do que se avista
Gerando o imaginário,
Arcando com promessas
E nelas recomeças
Um mundo sem calvário.


804



Isento dos percursos
Doridos dos meus medos
A vida em seus enredos
Diversos os seus cursos
Ousando em tais recursos
Embora às vezes ledos
Vestir raros segredos
E neles são incursos
Os ritos mais audazes
E quando assim me trazes
Bendita luz e vens
Alheio aos vãos desdéns
No tanto aonde eu possa,
A vida agora é nossa.


805


Escrevo meu futuro
Nas tramas do teu porto,
Outrora semimorto
Agora em ti perduro
E sei o quanto escuro
O mundo em duro aborto,
Mas quando enfim absorto
Encontro o que procuro.
Acasos entre ocasos
A vida não tem prazos
E gera uma surpresa
Quem fora caçador
Nas ânsias de um amor,
Tornando mera presa.


806

Não presto; já me disse
A vida com seus termos
Ditando em mim meus ermos,
Porém pura tolice,
O quanto se é feliz
Depende deste fato
Aonde amor retrato
Desvendo o quanto eu fiz
Na busca inalcançável
De um porto mais seguro,
Porém eu me asseguro
No rumo palatável
Das tramas deste encanto
No amor eu me agiganto.



807


Ao gosto que roubamos
Dos néctares sobejos
E neles benfazejos
Caminhos nós traçamos
E sei sem termos amos
O quanto dos desejos
Diversos, sempre andejos
Agora desfrutamos.
Reinando sobre nós
O amor ditando a voz
E o gesto mais audaz,
Decerto em tal castelo,
Ao mundo eu me revelo,
Enfim em plena paz.


808


Sorvendo cada gota
Do todo quanto pude
Viver a magnitude
Mesmo quando alma é rota,
Não tendo outro cenário
Senão este que vejo
O amor quando o desejo
Deveras temerário
Resume em dor e gozo
O tanto quanto pude
E sei ser amiúde
Sofrido e majestoso,
Nesta dicotomia
A vida eu percebia...


809



A mando deste amor
Jamais eu cessaria
O canto em harmonia
E seja como for
Não tendo mais rancor
Nem mesmo a hipocrisia
Que tanto poderia
Gerar o dissabor,
Aberto o coração
Às tramas do verão
Verei enfim em ti
O quanto mais eu quis
E sendo então feliz,
No amor me concedi.