sexta-feira, 17 de outubro de 2014

VADA


Bagunça o meu coreto esta vadia
Que quando beija, cospe e vai sorrindo,
Se eu peço que me esquente, ela me esfria
Se eu quebro a minha cara; diz: - Que lindo!

Um espinho cravado na garganta,
Um tapa que estalou na minha face,
A sorte quando chega, a vada espanta,
E vive se escondendo num disfarce

De meiga donzelinha, moça pura.
Quem vê a sua cara de menina,
Não imagina a sina que tortura,
Que lambe, faz amor, e me domina.

No sim e não disfarço a dura luta,
Rainha da sandice, deusa e puta...

MARCOS LOURES

BÊBADA DE SOL


Quando te vi depois de uma balada,
Tão bêbada de sol e de esperança.
Chegando desigual trouxe alvorada
Em réstias e luzeiros, que festança!

Um resto com a face deformada
Encontra seu espelho. A vida avança
No rosto da mulher desfigurada
Moldada dos pavores na lembrança.

Querendo descansar e tão somente
Fazer do quase nada algo que preste,
Assim eu te encontrei, podre semente

Que tem no meu amor, fértil terreno,
Da merda que nós somos, que se infeste
Amor dos excluídos, forte e pleno.



MARCOS LOURES

ESPALHANDO ESMERALDAS


Ao me perder em vagos pensamentos,
Bem longe do que um dia fora festa,
Tomado por estranhos sentimentos,
Do que já fui, querida, nada resta.

Os olhos se queimando, os meus rebentos
Que a vida já abortou – pois nada presta-
Procuro tão somente por unguentos
Que possam amainar esta tempesta.

Acelerando o sonho, viro a curva
E aguardo a redenção que feita em chuva
Trará para a lavoura a floração.

Nos braços de uma nova companheira,
Que possa ser, quem sabe, a derradeira,
Espalhando esmeraldas no sertão...



MARCOS LOURES

GUERRA CIVIL ANUNCIADA

Tucanolândia - capítulo 17 - De fazendas e invasões

 

Estávamos no ano de 2002. No reino da Tucanolândia, havia uma desigualdade social gigantesca e os conflitos agrários se tornavam repetitivos e cada vez mais agressivos.
Tínhamos tido episódios de massacres e mortes, desde os tempos mais primordiais da História do Reino.
A grilagem de terras por um lado e as invasões de propriedades se tornaram assunto de dia-a-dia, sendo que a Reforma Agrária prometida nunca vinha de forma a contentar nenhuma das partes envolvidas.
A partir dos movimentos de base da Igreja Católica, a Pastoral da Terra, surgiu um movimento coordenado de ação para a tentativa de execução da Reforma Agrária, o MST.
Como era de se esperar, as punições aos grileiros eram extremamente raras, e as terras griladas, na maioria das vezes, passaram a pertencer, oficialmente e extra-oficialmente, aos poderosos invasores.
No mês de março de 2002, o MST invadiu uma propriedade particular do Rei Dom Fernando Henrique Caudaloso.
Pela Constituição, os bens privados não poderiam ser tratados como bem público e, pelo que me consta, a propriedade do cidadão Fernando Henrique Caudaloso não era e nunca seria um Bem público, pois se fosse, com certeza, ele teria privatizado-a ou, pelo menos tentado...
Mas, esquecendo-se da Constituição, Dom Fernando, convocou o Exército para efetuar a desapropriação.
Topete primeiro que, naquela altura do campeonato, era o Governador da Província das Gerais, e já estava de relações cortadas com Dom Fernando, motivada pelo que acusava de ser “apropriação indébita” do seu plano econômico, o Real, não gostou muito disso não.
A utilização de tropas federais para a defesa de propriedade privada era um abuso de autoridade inconteste, o que levou à reação da oposição, a quem Dom Fernando acusava de ser a mentora de tal invasão.
Depois de muito disse me disse, com ameaças, inclusive, da utilização da policia militar pelo Governador Topete primeiro, a situação foi superada.
Mas, para muita gente, ficou a impressão de que, para Dom Fernando Henrique, todo o país era propriedade sua, onde poderia fazer o que bem entendesse.
Fato esse comprovado pela venda “a toque de caixa e a preço de banana”, dos bens públicos, ou seja de Don Fernando...

MARCOS LOURES

O AMOR QUE A GENTE FEZ


O dia prometido, na manhã
Que traz em sangramento, o novo dia,
Deixando uma palavra solta e vã
Causando em nosso amor, hemorragia.

A sorte se fazendo bem malsã
Transporta a tempestade em agonia,
Quem dera se a esperança guardiã
Mostrasse sua face em harmonia.

Ao ver o teu sorriso desdenhoso,
Eu lembro-me do beijo feito em gozo,
Agora desfilando em outra tez

Pressinto que não tenho quase nada,
Quem dera ressurgisse na alvorada
O amor que bem distante, a gente fez...


MARCOS LOURES

FOGO INTENSO

Cuspindo a labareda, fogo intenso.
Paixão desarvorando faz a festa,
Vereda percorrida, sol imenso,
Gestando a vida nova na floresta

Do peito que se embarga, quente e denso,
Num ar que sem limites tudo empesta,
O passo caminheiro, segue tenso,
Sabendo do que o tem e do que resta.

A morte chegará mais cedo ou tarde,
Porém a prata cai em lua cheia,
Na labareda fátua que incendeia

Deixando o peito amante em puro alarde,
Nas asas afiadas da incerteza,
Amor sem ter aviso e nem defesa.


MARCOS LOURES

O NOSSO AMOR

Querida; o nosso amor, puro naufrágio
Que em água nos lavou, abençoando.
Um bote da esperança saltando ágil,
Refaz em vento forte alvoroçando,

Por mais que consideres ser bem frágil,
Viver tem seu porque, por isso quando
A vida te cobrar em dor seu ágio,
Repare que isto vai, logo passando

As mágoas noutras águas vão pro mar
Distante destas lágrimas que caem,
Por mais que as ilusões decerto traem

Valeu a pena apenas por sonhar,
Um aguaceiro imenso limpa o couro,
E cobre amor, banhando o gozo em ouro...


MARCOS LOURES


DISK DENÚNCIA - OS MÉDICOS MERECIAM? FRANCAMENTE... NÃO SEI

Disk denúncia – a grande sacada.



Além do que vimos no capítulo anterior, tivemos outra situação genialmente bolada pelo Ministro Joseph Mountain.
Como complemento á tática muito bem empreendida contra os Hospitais, Joseph resolveu achar mais um grande culpado pela situação em que se encontrava a saúde do reino.
Com o sucateamento da tabela do SUS, congelada por vários anos, para consultas e procedimentos médicos, o que obriga os profissionais de saúde a acumularem vários empregos para manterem um certo padrão de vida, já que o preço do procedimento profissional era de dois reais e quarenta centavos, Mountain resolveu investigar a vida dos profissionais, ladrões e facínoras em potencial, com a artimanha de mandar cartas aos pacientes e solicitando que estes denunciassem os “bandidos” da máfia de branco.
Realmente, um profissional que trabalha com uma arma terrível como o bisturi, e se aproveita de que a vítima está anestesiada para causar graves e profundas lesões corporais, além de se utilizar de drogas capazes de matar, é um bandido em potencial. O fato de exercer essas ações para tentar salvar vidas é de somenos importância, apenas um pequeno detalhe.
Pois bem, partindo do pressuposto que os médicos eram as verdadeiras sanguessugas do erário público, capazes de, qual fossem morcegos hematófagos, sangrarem a exaustão o tão bem protegido e cuidado, dinheiro público, vemos que tinha suas razoes.
Pena que a idéia não prosperou, imaginemos um disk denúncia para professores que não dessem a nota que os pais imaginassem que seus filhos merecessem, um disk denúncia para advogados que não conseguissem ganhar causas, para jogadores de futebol que perdessem pênaltis, para donas de casa que deixassem queimar o arroz, para policiais que não prendessem o ladrão.
De Ministros que não conseguissem resolver os problemas ligados à sua pasta, de juizes de futebol que “roubassem” do meu time, de prostitutas que não dessem o prazer prometido, de maridos e mulheres que não funcionassem a contento, e por aí adiante...
Agora, a idéia mais fantástica seria um disk denúncia para políticos que não cumprissem os compromissos de campanha ou que inaugurassem obras inacabadas, que desviassem dinheiro público, que praticassem nepotismo, que contratassem funcionários sem concurso, baseados simplesmente em fatores eleitoreiros.
Políticos que se utilizassem de influência para ganhar licitações, para conseguir tirar presos da cadeia, de utilizarem veículos públicos para proveito próprio, etc...
É, acho que, nesse caso, as linhas disponíveis para o disk denúncia político, teriam teias de aranha, de tão poucas denúncias haveria...


MARCOS LOURES

BEIRANDO OS PRECIPÍCIOS DO CAMINHO

Colando grau na base da porrada,
Beirando os precipícios no caminho,
Vagando vagabundo pela estrada,
Piquei a mula logo bem cedinho

E varejei a sorte na beirada
Do podre lamaçal de ser sozinho.
A liberdade é sempre ensanguentada,
Rasgada pelas garras de um ancinho

Aberta a cova rasa onde a semente
Depois de bem aguada, brota e segue
Crescendo, frutifica em esperança.

Mas aprendi no alpendre da saudade,
Que ao lado de quem temos amizade,
A vida bem mais fácil, cedo avança...

MARCOS LOURES

QUEM TEM PADRINHO MORRE LADRÃO E IMPUNE

quem tem amigo, não morre pagão

 

Capo capixabaTestemunha diz que ex-PM matou sócio do Bingo Arpoador no Rio a mando de José Carlos Gratz
Dono de um império de jogatina e indiciado pela CPI do Narcotráfico, o presidente da Assembléia Legislativa do Espírito Santo, deputado José Carlos Gratz (PFL), está sendo acusado agora de ser o mandante do assassinato do empresário Albérgio Alexandre Araújo, sócio do Bingo Arpoador, em Copacabana, no Rio de Janeiro. As investigações conduzidas pelo delegado de homicídios do Rio, Paulo Passos, apontam como um dos pistoleiros o ex-PM José Renato Maia, integrante do DOI-Codi durante a ditadura e matador a serviço de banqueiros do jogo do bicho. Depois de contar em depoimento à Polícia Federal e ao Ministério Público que Gratz teria mandado matar Albérgio Araújo, a testemunha Geraldo Luiz Ribeiro de Almeida – empregado em Vitória de uma empresa do PM Josias Rodrigues de Oliveira, membro da Scuderie Le Cocq e segurança do deputado – também reconheceu José Renato como participante do Esquadrão da Morte capixaba. A polícia suspeita que a causa do assassinato esteja ligada à exploração das máquinas caça-níqueis por Albérgio no bingo. “O deputado José Carlos Gratz também é proprietário de todas as máquinas caça-níqueis existentes no Espírito Santo, e em cada cidade existe um dono de fachada”, acusou Geraldo de Almeida, que foi incluído pelo Ministério Público no programa federal de proteção à testemunha. “Conforme apuramos, Gratz controla várias casas de bingo como sócio oculto, sempre com contratos de gaveta”, reforça o chefe da Procuradoria da República no Espírito Santo, Ronaldo Albo
Em depoimento gravado e filmado pelos federais, Almeida descreveu como aconteceram 15 assassinatos no Espírito Santo a mando de Gratz e do coronel PM Walter Gomes Ferreira, apontado pela CPI do Narcotráfico como chefe do esquadrão da morte capixaba. Almeida diz também que integram a rede de jogatina de Gratz cinco bingos em São Paulo. No Rio de Janeiro, além da parceria com o banqueiro de bicho Capitão Guimarães, o deputado seria sócio do Bingo Arpoador – formalmente seu nome não aparece na relação dos 21 proprietários da empresa.
Poder paralelo – Mesmo com todas as denúncias, Gratz está aproveitando o enfraquecimento do governador José Ignácio, enrolado com as denúncias de corrupção no Estado, para ampliar sua força no governo. Na primeira semana de julho, ele emplacou Edgard Rocha Filho na presidência da recém-criada Loteria do Estado do Espírito Santo (Loteres). Na sexta-feira 13 de julho, o Diário Oficial do Espírito Santo publicou uma resolução do presidente da Loteres em que libera a instalação de máquinas caça-níqueis no Estado, apesar de elas serem proibidas em todo o território nacional por legislação federal. Na noite da quinta-feira 26, ISTOÉ ouviu o governador José Ignácio, que deixou o PSDB após intervenção do diretório nacional do partido no Estado que o ameaçava de expulsão. “Eu não sabia disso, estou abismado”, reagiu o governador. “Isso é uma loucura, foi feito à nossa revelia”, endossou o secretário da Fazenda, José Luiz Tovar, chefe de Rocha. Na sexta-feira 20, a resolução foi revogada. O episódio serve para mostrar que Gratz comanda um governo paralelo no Espírito Santo em que seus apadrinhados obedecem apenas a ele.
Gratz, no entanto, está enfrentando um cerrado cerco das instituições federais. A Caixa Econômica Federal, por exemplo, só autorizou o funcionamento do Bingo Camburi, em Vitória, depois que o deputado foi excluído da sociedade. O problema de ser dono oculto de um império é na hora de prestar contas à Receita Federal. O Fisco apurou que, nos últimos cinco anos, a evolução patrimonial de Gratz não bate com sua renda declarada. Além de ter sido multado, ele vai responder a processo por crime de improbidade administrativa. Como a situação de José Ignácio está cada vez mais complicada com a descoberta de que o caixa dois de sua campanha alimentava suas contas, o vice-governador, Celso Vasconcellos, poderia encomendar o terno da posse. Mas Vasconcellos – segundo avaliação de políticos capixabas de todas as tendências – não resistiria a investigações. O terceiro na linha sucessória no Espírito Santo é justamente Gratz. Por causa desse complicadíssimo imbróglio, o presidente Fernando Henrique Cardoso encomendou à Advocacia-Geral da União um estudo sobre as possibilidades de intervenção federal no Espírito Santo.

O deputado José Carlos Gratz (PFL), presidente da Assembléia Legislativa do Espírito Santo, foi à tribuna, na quarta-feira 1º, a pretexto de se defender da acusação da testemunha Geraldo Ribeiro de Almeida, que, em depoimento à Polícia Federal, o apontou como mandante do assassinato de um sócio do Bingo Arpoador, no Rio de Janeiro. Dono de um império de jogatina e indiciado pela CPI do Narcotráfico, Gratz distribuiu agressões ao chefe da Procuradoria da República no Espírito Santo, Ronaldo Albo, ao prefeito de Vitória, Luiz Paulo Veloso Lucas, e a ISTOÉ. Inspirado em He-Man, personagem de desenho animado, abusou de baboseiras, como “sou invencível” e “sou mais forte que a fortaleza”. Mas o capo perdeu a força por causa da implosão de seu grupo político: um dia depois, três deputados estaduais se desligaram do PFL. Foi um racha pragmático. Com o aval de Gratz, eles fecharam um acordo com o vice-governador Celso Vasconcelos (PSDB). Aderiram à proposta de impeachment do governador José Ignácio, envolvido em um esquema de propina. Mas Gratz passou uma rasteira na própria turma e se acertou com o governador em troca da colocação de apadrinhados na Secretaria de Educação e nas presidências do Banco de Desenvolvimento do Espírito Santo e da Loteria do Estado.
Fechada a barganha, Gratz mostrou serviço. Vetou a prorrogação dos trabalhos da CPI da Propina, o que fará com que a comissão encerre as apurações antes de receber o rastreamento dos cheques do caixa dois da campanha de José Ignácio em 1998. E escalou para a Comissão do Impeachment apenas deputados dispostos a salvar o governador. A sessão da Assembléia quase acaba em pancadaria e a aprovação da comissão foi adiada para a segunda-feira 6. Mesmo fazendo o jogo do governador, Gratz tem como plano B a conquista do governo, estendendo o impeachment ao vice-governador. “Aí a Assembléia elegeria o deputado Robson Neves”, diz a deputada Fática Couzi. Gratz e Neves dividem um escritório no Palácio do Café, em Vitória.
O cerco contra José Ignácio está se fechando. Seu cunhado, coordenador de campanha e ex-secretário de governo, Gentil Ruy Ferreira foi preso, a pedido do MP, na segunda-feira 30. Outro ex-caixa de campanha, Raimundo Benedito, está foragido. Com pena, a primeira-dama Maria Helena Ferreira, pivô das denúncias, usou um carro alugado pela Secretaria de Governo para visitar Gentil num quartel da PM.



Havia uma província, em Tucanolândia, governada por um aliado do Rei Dom Fernando Henrique Caudaloso, onde a máxima mais usada era a de que a “única coisa organizada em Santíssima Trindade era o crime”.
As reportagens feitas acima pela revista Isto É, demonstram a que ponto chegou o reinado de Dom Fernando Henrique Caudaloso.
Após estas denúncias comprovadas, e confirmadas, o resultado foi a não intervenção no Estado, o término do mandato pelo governador, e a certeza de que, no reinado de Dom Fernando, quem era amigo não ficava pagão...
O desligamento do Governador foi somente, como diz o povo da Tucanolândia, “prá inglês ver”; já que ele, a primeira dama e o genro, saíram todos impunes, felizes da vida...
Observem que o deputado “amigo” do Governador, era do mesmo partido que sempre apoiou Dom Fernando e que hoje apóia Dom Gerald Aidimim...

MARCOS LOURES

BEIJANDO A TUA BOCA

Beijando mansamente tua boca,
Mordendo devagar a tua orelha,
Roçando tua nuca em noite louca,
Acesa esta vontade... na centelha

Que abrasa neste incêndio dos sentidos,
Numa ardorosa cena em nossa cama,
À toda flamejantes as libidos
Os braços enveredam cada trama.

Desvendo teus segredos, te desnudo,
E tomo o teu prazer como destino.
Voluptuosamente; quero tudo,
Desde o princípio ao fim em desatino...

E penetrar com calma e com vontade
A porta que sonhei: felicidade!


MARCOS LOURES

NÓDOA


Amor é como nódoa que não sai
Por mais que a gente tenta, nos entranha,
Se eu bobear, fincou pé, nunca vai
Embora e deixa a vida entregue à sanha

Que assanha enquanto o nervo se contrai,
Cupim que ao derrubar uma montanha,
Se a gente num momento se distrai
A queda que se faz fica tamanha

Assim nada sustenta, e ruí depressa,
Azeda o dia a dia, traz jiló,
Depois não adianta nem compressa

A chaga se aprofunda numa escara,
Amor é sem limite e não tem dó,
Escarra enquanto lambe a minha cara...

MARCOS LOURES

FELIZ ANIVERSÁRIO


Brindemos, companheiros mais diletos
Ao nosso amigo/irmão que hoje completa
Mais um ano de vida. A nossa meta
Permite que sigamos rumos retos

Em busca dos prazeres prediletos
Que a vida nos mostrou. A sorte injeta
Em nossa caminhada, somos seta
Lançadas pelos braços mais corretos

De um Deus que demonstrando o seu carinho
Deixou pra nos livrar de pedra/espinho
Um anjo que em perfeita sincronia

Transforma uma tristeza em alegria,
Mostrando-se mais forte e solidário.
Ao anjo, pois, feliz aniversário!


MARCOS LOURES

DONA DOS MEUS DELÍRIOS

DONA DOS MEUS DELIRIOS


Mulher dos meus delírios e defeitos,
Espero teu carinho e tua glória.
Não sigo por caminhos mais perfeitos,
A dor que me consome, na memória.

O verde de teus olhos, mansos leitos,
As matas que carregam minha história.
Persigo, nas vontades, tantos pleitos.
A luta que travamos, peremptória...

Amada que não queixa nem ciúme,
Amada que feliz, permite sonho....
Não posso ter de ti qualquer queixume;

Encontro-te nos olhos desta fada
Futuro; nos teus braços, mais risonho.
És próspera mulher, meus sonhos, ADA!



MARCOS LOURES

NO ESCURINHO E SEM CINEMA

Tucanolândia - capítulo 15 - No escurinho é muito melhor...

 


Vivíamos o ano de 2001. Tucanolândia vivia, com seu rei, Fernando Henrique Caudaloso, famoso sociólogo e intelectual, o seu iluminismo cultural. Nunca, na história do reinado, houvera um homem mais culto, conhecedor profundo de vários idiomas, doutor honoris causa em diversas Universidades do mundo inteiro, até de Piriri do Norte, como falamos anteriormente.
Pois bem, o rei Fernando Henrique Caudaloso primeiro, por uma questão política, coisas de aliança, nomeou para o Ministério das Minas e Energia, um famoso senador, Joseph George, conhecido no mundo científico como um dos maiores conhecedores sobre energia e afins, no reinado da Tucanolândia.
Vários especialistas diziam que haveria necessidade de investimentos no setor de produção de energia. Mas, isso era coisa da oposição, como dizia o sábio Joseph George.
Além disso, o Fundo Monetário Internacional, co-mandatário do reino, tinha ordenado que se economizasse dinheiro, tornando esses investimentos proibitivos e proibidos.
Como bom cabrito não berra e, na hora que precisava de grana, o Rei Fernando corria para o Fundo e pegava mais e mais dinheiro para garantir a “governabilidade” do reinado, Dom Fernando não liberou a grana.
Também para que precisaria se o Ministro afirmava que não seria necessário?
Entretanto, não sei porque cargas d’água ou, mais precisamente, por falta d’água, a canoa virou, ou mais precisamente, afundou no barro, já que a fonte secou...
Então, como era de se esperar, começaram a haver episódios de blecaute, o que levou o reinado a uma situação desesperadora.
Afinal de contas, blecaute que o povo queria, infelizmente já tinha morrido, e fazia sucesso somente nos tempos de carnaval.
Mas, Dom Fernando não se fez de rogado não.
A culpa, obviamente foi transferida para São Pedro, senhor das águas e do tempo.
O pato, mais uma vez foi pago pelos súditos, que tiveram que economizar energia, num ato patriótico emocionante e digno.
Já as empresas que tinham comprado o sucateado sistema de distribuição de energia não podiam ficar no prejuízo.
Solução – aumentar as tarifas energéticas.
Quem paga – os súditos...
Obviamente, os leilões de venda das distribuidoras de energia foram colocados sob suspeita, já que o preço pago pelas compradoras era bem menor do que o de mercado.
Total da brincadeira de acende-apaga: 22 bilhões e meio de reais; pagos pelos súditos e transferidos para as empresas da área.
Somente para completar temos que observar o seguinte:
Joseph George ressurge hoje, como candidato a vice rei da chapa de Gerald Aidimin, para alegria de quem quiser comprar estatais a preço de banana, ainda temos algumas como a Petrobrás, a Eletrobrás, Furnas, entre outras...

MARCOS LOURES

O TOQUE DA PAIXÃO E DO DESEJO

O toque da paixão e do desejo
Boca e coração se misturando.
Na cama e sutileza deste beijo,
Um fogo angelical nos dominando...

Cada vez que mais te sinto, o bem prevejo
E quero que tu saibas me enlevando
Ao céu que se ilumina em azulejo,
Te quero desde já, sentir tocando

O céu de minha boca com a língua
O céu do meu amor com mansa fala,
Amor assim gostoso nunca míngua,

Vigora e revigora a cada canto,
Do quarto, porta aberta seio e sala,
Vibrando desejoso em teu encanto...

MARCOS LOURES

UMIDADES

Umidades trocadas, pele e sexo,
Enlaço-te em loucura, sem dar tréguas,
E o tempo vai passando sem ter nexo,
Viajo junto a ti bilhões de léguas...

Suave cheiro emanas, ferormônio,
E atiça-me com fúria desejosa,
A cama se transforma em pandemônio
E num momento insano, a gente goza.

E assim, noites afora, paraísos,
Serpentes e maçãs, mil tentações.
Os teus cabelos negros, belos, lisos,
Meus pelos encharcados, furacões.

Fornalha de um verão mais tropical
Em labaredas, sonho sensual...

MARCOS LOURES

GALOPE


Distante de teus braços... Onde estás?
Rastreio por teus passos, nada vejo.
Perdendo o meu juízo perco a paz,
A dor de tua ausência, eu antevejo...

Somente o vento frio, a chuva traz;
Recordo da delícia de teu beijo
Será que depois disso sou capaz?
Viver sempre ao teu lado... Meu desejo...

E sinto o teu perfume, tua mão...
Tocando minha pele, abro um sorriso...
Teu beijo sensual... A tentação...

E deito nos teus braços, me enovelo.
Em tua pele nua me matizo...
Seguro, no galope, o teu cabelo...


MARCOS LOURES

PORTEIRA ARROMBADA

Tucanolândia - capítulo 14 - depois de aberta a porteira, desmancha-se a fazenda.



Havia, em Tucanolândia, duas regiões distintas onde era enorme a necessidade de se estimular o desenvolvimento econômico regional, pois a disparidade entre essas regiões e o restante do reino era gigantesca.
Uma delas, a Região Norte, era marcada por uma dificuldade natural muito grande, pois a floresta equatorial, sendo a maior do mundo, era um obstáculo tanto ao desenvolvimento quanto ao próprio povoamento racional da região.
Marcada pelo desmatamento descontrolado e pela grilagem das terras, desde o governo ditatorial, quando os militares eram senhores absolutos do poder em Tucanolândia, havia sido criada uma entidade para estimular o crescimento e o desenvolvimento da região, a SUDAM.
Paralelamente a isso, tivemos a criação da SUDENE, outra entidade cujo objetivo era o de estimular o desenvolvimento da região nordeste do reino. Essa região era muito seca, com períodos de estiagem prolongados, marcada pela miséria e subdesenvolvimento.
Pois bem, ambas as entidades tinham objetivos nobres e funcionavam custeando empréstimos e investimentos em projetos para a criação de divisas e de empregos, dando a estabilidade necessária para o desenvolvimento regional.
A SUDAM emprestava dinheiro a juros abaixo do mercado para quem quisesse investir na região equatorial, e a SUDENE, subsidiava recursos para que estes investimentos fossem feitos na região Nordeste do reino.
Para se ter uma idéia da disparidade entre o resto do reino e essas regiões, a mortalidade infantil da região Nordeste e a expectativa de vida eram compatíveis com as dos países mais pobres da África e da Ásia.
Coisa triste de se ver e absurda num reino tão grande e, potencialmente, rico quanto o da Tucanolândia.
Mas, havia no reinado um tipo de sanguessuga que enojava até os piores vampiros da história, especializado em sugar sangue de anêmico e faminto.
Ao perceber que havia esse subsidio, essas sanguessugas tenebrosas começaram, sistematicamente, a pegar dinheiro emprestado para fazerem obras fantasmas ou que eram de porte muito inferior ao declarado.
Com a falsificação de documentos, inclusive a emissão de notas fiscais frias, obtiveram fortunas em empréstimos vergonhosos.
A quantia de dinheiro obtida através da SUDAM chegou a dois bilhões de reais, e através da SUDENE ultrapassou um bilhão e quatrocentos milhões de reais.
Isso devidamente denunciado, provocou uma reação inteligente e enérgica do Rei Fernando Henrique Caudaloso.
Ao invés de, como era de se esperar, tentar resgatar a quantia de dinheiro, pelo menos em parte, subtraída e punir os responsáveis, o Rei FECHOU AS SUPERINTENDÊNCIAS.
A atitude sensata do rei de, mesmo se tendo a percepção da utilidade e da necessidade de se criarem mecanismos para a proteção e estímulo ao desenvolvimento dessas regiões, fechar e acabar com as entidades, nos faz crer o quanto era inteligente e sagaz nosso rei.
A partir daquele dia; a porteira aberta, o gado fugindo, nosso querido mandatário mandou destruir a fazenda.
Quem comeu, comeu, quem mamou, mamou...
E o anêmico e faminto povo das regiões famélicas de Tucanolândia ficou a ver navios, ou o gaiola se preferir...


MARCOS LOURES

NÃO VÁS


Minha açucena, bela, porém álgica...
Nasceste em jardim fúnebre, nostálgico
A vida me ensinou, defesa antálgica,
Um coração tão frio fosse plástico...

Minha açucena, flor de minha vida...
Quem nasce em tal jardim, recende a dor...
De todas cercanias, esquecida,
A beleza sutil, mágica flor...

Açucena, serena companheira...
Não me deixes sozinho, eu tanto peço...
És brilho de esperança verdadeira...

És o que me restou desse universo!
Resplendes toda a luz, minha existência!
Açucena, não vás... Peço clemência!


MARCOS LOURES

DIREITA CAVIAR

Sejamos mais burgueses, minha amiga;
Vistamos nossa roupa de domingo
Lancemos nossa sorte em cada bingo,
Que um dia, com certeza ela respinga.

Que a vida sem mudança já prossiga
Goteira se fazendo pingo a pingo,
Se não vier a sorte então me vingo
E bebo no boteco, loura e pinga.

Bater cartão de ponto na chegada,
Fechando o relatório, fim de mês,
Salário vai minguando, mas que nada,

Razão deve ser dada pro freguês.
Depois, apago a luz, e vêm as crises,
A lipo, o silicone até varizes...


MARCOS LOURES

TUA IMAGEM

Preciso destilar a tua imagem,
Purificar a vida que deixamos
Distante do que fomos e pensamos
Apenas como fátua, uma miragem.

Limpando da memória, esta visagem,
Aparando, bem fundo, os podres ramos
Cortando as amarguras que enfrentamos,
Fazendo, na verdade, uma montagem

Para que possa, amada, ter mais forte
Tua lembrança viva em perfeição.
O perdão absoluto pós a morte

Não deixa que eu polua com detalhes
O amor que, na verdade, uma ilusão
Resiste aos cortes fundos, aos entalhes...



MARCOS LOURES

DE PAI PARA FILHO

Tucanolândia - capítulo 13 - NEGÓCIO DE PAI PARA FILHO...

 


O Rei Fernando Henrique Caudaloso queria ficar mais quatro anos à frente do Reinado da Tucanolândia, como vimos antes, e um dos principais fatores da sua boa popularidade entre os habitantes do Reino era o Plano Real, arquitetado pelo rei Topete Primeiro, seu antecessor.
O mundo passava por uma crise econômica e o Reinado Tucanolândia não era exceção. Para se manter a paridade entre o real e o dólar, carro chefe da campanha presidencial de Dom Fernando Henrique Caudaloso, seria necessário uma mágica econômica que custaria aos cofres públicos uma fortuna para manter o câmbio, artificialmente, em baixa.
Obviamente, isso custou ao Reinado uma verdadeira fortuna, arrancada das reservas nacionais. Isso, obviamente, não preocupava nosso narcisista Rei, para quem o que importava era manter o poder.
Até aí tudo bem, mas o que espantou a todos foi que, além de praticar essa mágica fantástica, assim que o câmbio foi corrigido, vários bancos e instituições financeiras, parece que o número cabalístico de vinte e quatro, obtiveram informações privilegiadas, o que permitiu que se comprasse dólar a um real e se vendesse pelo dobro do preço, poucos dias depois.
Negócio de pai para filho, sendo que quem pagou o pato foi o povo de Tucanolândia, mas isso pouco importa...
Tivemos também um caso muito interessante, havia dois bancos no reino da Tucanolândia, que tinham importância vital para a população do país:
Um deles, era o Marka e o outro se chamava FonteCindam, eram extremamente populares sendo que, nove em cada dez habitantes do reinado tinham suas economias aplicadas nestes bancos...
Pois bem, o Banco Central do Reino, injetou um bilhão e seiscentos milhões de reais nestas instituições financeiras tão importantes para a economia do povo, emprestando dinheiro a dólares com valores abaixo do mercado, lembrando-se que essa grana foi liberada em um só dia!
A desculpa é que se esses bancos quebrassem, a economia do Reinado ia para o buraco...
Interessante se dizer que, apesar do presentinho, os bancos faliram e o reino, por incrível que pareça, não.
Aliás, os milhões de súditos que nunca tinham ouvido falar nos tais bancos, inclusive esse que vos fala, só souberam do rombo depois.
Falando nisso, o presidente do Banco Central à época foi condenado, em primeira instância, a dez anos de cadeia.
O dono dos Bancos, um italiano chamado Salvatore, e não é da pátria não, se mandou para a Itália e nunca mais vai esquecer sua aventura em terras tropicais, nem ele nem seus descendentes que têm o futuro garantido graças à bondade do Rei Fernando Henrique Caudaloso e seus amáveis e receptivos súditos...
Em tempo, essa oposiçãozinha vagabunda não tem jeito não, pois imaginem que até falar que tinha um esqueminha de venda de informações privilegiadas dentro do Banco Central, havia...
Vê se pode!!


MARCOS LOURES

NO OCEANO DE ENCANTOS


Mergulho no oceano dos encantos,
Palácios e princesas, sei de cor.
Não temo nem as urzes, desencantos,
A vida me guardou seu bem maior!

Alvores e manhãs magas belezas,
Meu reino entre diversos, maravilha...
Searas de ternura e de riquezas,
Nos perfumes e cores, flores, tília...

Escuto estas cantigas nos umbrais,
A vida, com certeza, vale a pena.
A noite me promete festivais,

Prateando com a lua, toda a cena.
Deslindam-se loucuras imortais.
Na beleza tão pura de Açucena!



MARCOS LOURES

DOCES MATAS

Serenidade aplaca esta fadiga
Dos olhos tão cansados da mesmice.
De tudo o que em outra hora amor me disse
Apenas amizade se bendiga

Nos ventos que mostraram tão antiga
Vontade de saber qualquer tolice
Aguardo uma resposta que previsse
A sorte sem temor que desabriga.

Recebo os teus afetos, ombros, lábios,
E sinto que esqueci; dos alfarrábios,
Verdades que já foram mais exatas.

Querida, dos teus ombros quero a boca,
Da boca vou querendo seio e toca,
Quero adentrar, amiga, doces matas...


MARCOS LOURES

PALAVRA DE REI NÃO VOLTA ATRÁS

Tucanolândia - capítulo 12 - Vale o que está escrito

Uma das coisas que mais chamava a atenção no reinado de Fernando Henrique Caudaloso era o cumprimento da palavra dada, só comparável à máxima dos banqueiros do jogo do bicho: “vale o que está escrito”.
Todos sabem que, em Tucanolândia, uma das coisas mais honradas é o jogo do bicho. Se você ganhar a aposta, pode ter certeza de que ganhará o prêmio, nada mais certo que isso.
Falando em banqueiro, Fernando Henrique Caudaloso, inspirado nesse exemplo, fez um programa de salvação dos bancos, o famoso PROER (Programa de Estímulo à Reestruturação e ao Sistema Financeiro Nacional).
Este programa, de total interesse nacional, já que as economias do povo do reinado, principalmente as pequenas economias dos mais pobrezinhos, iam para as cadernetas de poupança, aplicações comuns no reino, estavam todas no sistema financeiro do país.
Em um ato de total desprendimento e amor à pátria, com o sentimento verdadeiramente cristão, Dom Fernando Henrique Caudaloso primeiro, pensando no bem estar do povo, principalmente dos mais pobres, resolveu ajudar os pobres banqueiros que estavam tendo prejuízos enormes no reinado.
Os bancos das províncias, todos estatais, deveriam ser privatizados, já que, como sabemos, o povo do reinado não estava preparado para administrar os seus bens e, embora os políticos locais fossem de uma integridade ímpar, era melhor sanear as dívidas desses bancos antes de vendê-los, com altos lucros, para a iniciativa privada.
Pois bem, tal ato de heroísmo custou aos cofres públicos, segundo Fernando Henrique Caudaloso, somente cerca de dez bilhões de reais, embora para os presidentes do Banco Central de Tucanolândia tenha sido um pouquinho mais, cerca de trinta bilhões e para alguns economistas do Cepal, um outro tanto, cerca de cento onze bilhões, coisinha pouca, já que representam somente pouco mais de onze por cento de todas as riquezas nacionais.
Mas a palavra de honra é mais importante que tudo, e isso não tem preço.
A oposição ao Rei Fernando Henrique Caudaloso, essa oposição sem nenhum patriotismo e sem honradez, somente pelo fato de que um dos parentes do Rei ser casado com uma herdeira de um dos bancos ajudados, o Nacional, acusou o pobre rei de favorecimento.
Com essa ação, as pobres economias do povo de Tucanolândia, principalmente as Cadernetas de Poupança foram salvas, num heróico ato do Amado Rei...


MARCOS LOURES

QUANDO TE VI


Quando te vi; bem menina,
Nunca eu poderia crer
Destino me desatina,
Sem ter nem vez nem por que,

Ao aprontar me destina
À sina do bem querer.
Na doce luz que fascina,
Teus olhos, puro prazer.

Menina-moça tão bela,
Do embrião virou sereia,
Agora arrasa, incendeia,

No meu céu rainha/estrela.
Nas cordas do violão
Acordou meu coração...



MARCOS LOURES

JÁ NÃO SACIA

A força deste beijo não sacia
A quem louco desejo explode em fogo,
Por mais que tanto amor eu sei que havia
Preciso muito além que um simples jogo.

Eu quero uma paixão cega e vadia,
Que venha derramar-se em desafogo,
No gozo abençoando o dia a dia,
Sem roupas e juízo. Venha logo

Que a chama não se aplaca só com sarro,
No banco da pracinha, mato ou carro,
Eu quero intensidade sem frescura,

Não traga mais um álibi, querida,
Que a noite tem que ser bem resolvida,
Senão o amor padece na secura...


MARCOS LOURES

NOS GUIZOS DA ALEGRIA



Meu coração nos guizos da alegria

Se esbalda em tanto amor que te queria,

E mostras com sorriso toda a festa



que gesta um coração apaixonado,

num êxtase tão puro e delicado,

Entrando sutilmente pela fresta



Aberta por Cupido no meu peito.

Assim eu passo a vida, satisfeito,

Por ter o teu amor aqui comigo.



Não temo mais o frio desta noite

Nem sei de uma tristeza, vil açoite

Que corta e nos infesta e traz perigo...



Amor reinando sempre em nosso caso,

Impede que ressurja num ocaso

A dor que fora minha companheira.



Cupido com seu arco em boa mira

Me vendo tão sozinho cedo atira

A seta mais veloz e tão certeira...



Entraste pela fenda, de mansinho,

Com beijos tão gostosos, com carinho

Aos poucos me entornaste amor demais...



E vejo como é bom tal sentimento,

Não quero te deixar um só momento,

Não deixe de me amar,amor, jamais...


MARCOS LOURES

NÃO FUI EU!!!!

Tucanolândia - capítulo 1

Por Marcos Loures

Eu assinei isso?

No reino da Tucanolândia, em 1998, a Presidência do Tribunal Regional do Trabalho do Estado de São Justo, achando que o prédio em que estava lotado era pequeno, resolveu construir um novo, grande e moderno.Como se sabe, a justiça trabalhista sempre foi um dos maiores orgulhos do reino, com uma justiça ágil e competente.O trabalho escravo, de há muito tinha sido erradicado do reinado, sendo extremamente raro um caso em que o trabalhador não tivesse as garantias trabalhistas.O presidente do Tribunal, tinha tido a brilhante idéia de fazer essa mudança e, ao contrário do seu homônimo mais conhecido por Papai Noel, resolveu “cobrar” pelos direitos autorais, afinal ninguém é de ferro e uma obra de tamanha importância e relevo não era, assim corriqueira.Pois bem, os royalties ficaram somente em cento e sessenta e nove milhões de reais, coisa bem pouca para um reino tão rico quanto o de Tucanolândia.Claro que uma ação assim não seria isolada, teria que ter tido o apoio de outros cidadãos influentes no reinado.Um deles, senador eleito pela capital do reinado, Tucanolandópolis, teve seu nome firmemente associado ao delito.No escândalo que se deu, não houve jeito, cassaram o senador e prenderam o juiz.Coisa rara àquela época, tivemos a punição dos dois.O problema é que, a obra tinha sido analisada e condenada pelo Tribunal de Contas do Reinado.E, para que fosse aprovada, tinha que passar pelo clivo do Rei Fernando Henrique Caudaloso Primeiro. Esse, como um dos maiores intelectuais do reino, surpreendentemente afirmou, num ato de auto crítica, que NÃO TINHA LIDO O QUE TINHA ASSINADO!Depois, um dos analistas mais conhecidos do reino, justificando o fato, afirmou que era compreensível que um homem como aquele, doutor honoris causa de várias Universidades Européias e Nacionais, como a Faculdade de Ciências Ocultas e Letras Apagadas de Piriri do Norte, uma província famosa de Tucanolândia, estava genialmente distraído...Uma outra coisa interessante ocorreu no julgamento do Senador de Tucanópolis: havia um painel, aparentemente inviolável, de votação; mas, dois senadores curiosos e amigos da turma que programara, eletronicamente, o painel de votação, tiveram acesso à lista de votação, afirmando que sabiam quem votou contra ou a favor da cassação do Senador.O interessante é que um deles, um baiano famoso, Toninho Bondadeza, disse que uma das maiores adversárias do Governo, uma senadora famosa da oposição, tinha votado CONTRA a cassação do senador.Depois disso, ambos renunciaram para não serem cassados, coisa em que foram imitados anos depois por outros políticos.Ah, em tempo, um dos maiores críticos da atitude desses parlamentares foi Patrick “Olha a faca”, neto de Toninho Bondadeza...

CANSEI DA CONTRAMÃO


Cansei da contramão, quero ir em frente,
Não vou mais babar ovo da donzela
Que mostra com sorriso garra e dente
E finge que não falo assim, para ela.

Balango muito beiço, de repente,
Mas nada de fazer uma esparrela,
Esperneando muito, não se sente,
Porém eu vou vazar, senão pau mela

E fico sem ninguém, sozinho, à míngua,
Secando minha boca, queimo a língua
E nada de fazer o que Deus manda,

A maionese estraga se desanda
A calça vai furada nos fundilhos
E a moça fecha as pernas, trava os trilhos...


MARCOS LOURES

IMORTAL AMOR

O mundo me detesta, disso eu sei.
Não tenho nem promessas nem esperas...
O rastro das tristezas que causei,
Me levam aos caminhos das quimeras...

Nos prados das saudades fui o rei.
Vencido por batalhas, priscas eras.
Desgraças que, por certo, te causei,
As dores atacando, duras feras.

Agora me perdoes se és capaz.
O mundo não deseja tal falácia...
Eu quero teu amor, preciso paz.

A vida se demora mas, audaz,
Sabendo-me mortal, eu sou tenaz,
Amor é imortal, por ti Acácia


MARCOS LOURES

DE COMO COBRAR DE QUEM NÃO PAGUEI... MÁGICAS DO PASSADO

Tucanolândia capítulo 9 - de como não transferir verbas e transferir a culpa


No reinado da Tucanolândia, o sistema de saúde passava por um momento ímpar: com o plano real, um plano econômico muito bem feito pelo Rei Topete primeiro, a inflação estava quase que totalmente zerada.
Mas, o real que estava equivalendo-se, no início, ao dólar, teve uma desvalorização de mais de cinqüenta por cento, sendo que o salário mínimo tinha tido um crescimento parecido. Tudo em Tucanolândia aumentava de preço, menos a tabela do SUS.
Esta estava congelada desde o início do plano real, embora a inflação e os custos de manutenção dos hospitais aumentavam a cada dia.
Joseph Mountain, em uma brilhante jogada de mídia, ao invés de aumentar a remuneração, tanto de médicos quanto dos prestadores de serviço, teve uma brilhante idéia.
Esquivando-se da responsabilidade sobre a piora da situação da saúde pública, imaginou uma jogada genial:
Passou a ranquear os hospitais, conforme pesquisa feita com os pacientes.
Estes, longe da realidade que afligia os hospitais, passaram a ter a percepção de que, quem era responsável pela má qualidade não era o Ministério da Saúde que, na verdade, estrangulava economicamente os prestadores de serviço, mas sim estes, os estrangulados...
Com essa fantástica jogada de Marketing, vimos os profissionais de saúde expostos a uma cruel “realidade”.
Eram eles, e somente eles, os culpados pelos maus serviços prestados.
Em última análise, tivemos uma situação extremamente “confortável” para quem atuava, inclusive este que vos fala, na saúde pública ou credenciada.
A remuneração de uma consulta médica, passou de dois reais e quarenta centavo, num salário mínimo de sessenta e oito reais, para dois reais e quarenta centavos num salário de mais de cem.
Desta forma, extremamente inteligente, Joseph Mountain passou para a população que os médicos e hospitais eram os verdadeiros culpados de faltarem medicamentos, e condições de atendimento.
Essa foi mais uma genial jogada de marketing político de Joseph, idéia que nem os marqueteiros mais geniais poderiam sacar.
Em tempo, os hospitais mais ricos, aqueles que não dependiam do SUS, passaram a ter propaganda gratuita do Ministério da Saúde; já os mais pobres, cuja renda era quase estritamente oriunda do SUS, foram os verdadeiros vilões da má gerência da saúde pública.

MARCOS LOURES

ESPARRAMANDO ESTRELAS

ESPARRAMANDO ESTRELAS

Mergulho no teu corpo e sou sincero,
Não temo uma incerteza, nenhum mal.
Amor que não machuca? Não o quero,
Entranho no teu pélago abissal.

Escracho os meus sentidos; vivo e, fero,
Das cordilheiras faço o meu bornal,
Patamares longínquos onde espero
O precipício insano, desigual.

Não teimo, pouco temo e assim me crio,
Frutas maduras, gozos e pomares,
Na cama onde desfruto tetas, cio,

Talheres que permitem bons jantares.
Morena. Vem, aqueça que está frio,
Esparramando estrelas e luares...


MARCOS LOURES

ACÁCIAS - com estrambote

Recordo-me; criança temerária,
Acácias no jardim da minha casa...
A dor dessa saudade; vem, arrasa
Quem fora, um dia, vida libertária.

A saudade voando, procelária,
Me traz a sensação cruel da brasa;
O trem da juventude, já s’atrasa,
Deixando tão somente essa cor vária.

Nas flores tão singelas dessa acácia,
Seus cachos amarelos, na fáscia
Dos sentimentos, cortam, fundo talho...

Quem soube de meus dias, já se vai.
A tarde d’existência, triste, cai...
Sobrando do meu mundo, um só retalho...

(Saudades das acácias que perdi,
Quando era tão feliz, por ser criança,
As acácias não saem da lembrança;
São marcas desse tempo que vivi!)



MARCOS LOURES

MISTURANDO ACM E FCM INÉRCIO COLLOR DE MELLO OU SEJA O GENÉRICO DO DEMo

Tucanolândia - capítulo 8

Por Marcos Loures

Bom para otário, genericamente falando... 

Havia no reino da tucanolândia, uma verdadeira máfia formada por alguns laboratórios ligados principalmente a produção de medicamentos de fundo de quintal, remédios similares aos produzidos por grandes laboratórios. Tinham um custo de produção menor, sem investimentos em pesquisas e qualidade na produção.Esses medicamentos apresentavam uma característica de comercialização ímpar.Eram chamados de “bonificados”, pois a venda destes produtos para as farmácias era associada ao fornecimento de vantagens para os donos destes estabelecimentos comerciais.Na gíria farmacêutica, esses produtos bonificados eram chamados de BOs ou seja “bons para otários”.Por exemplo, se você vendesse um BO, ganhava outro de brinde, ou tinha descontos gigantescos na compra de outro tipo de produto do mesmo laboratório, tipo “antigripais”, “pastilhas para garganta”, remédios para o “fígado”, etc.Como para Joseph Mountain, famoso ministro da saúde de Tucanolândia, o que importava era a propaganda a qualquer custo fazendo um lobby tão perfeito e com uma exploração midiática muito bem feita que lhe deu até premiação no exterior, bem merecida como estamos vendo, este resolveu fazer do limão, a limonada.Como o nome “bom para otário” ficaria muito pesado e, buscando uma forma genérica que desse bom resultado, teve a brilhante idéia de criar os Genéricos, nada mais nada menos do que os BOs disfarçados...A base de bajulação e puxação de saco do governo da Tucanolândia, formada, em sua maioria por quem teve acesso direta ou indiretamente às benesses do Governo Fernando Henrique Caudaloso nas privatizações “heróicas” que, segundo alguns boçais “salvaram” o país e livraram o povo da “difícil” carga de possuir bens de consumo ou de serviços, já que para a mentecapta gente que assim pensa, o Estado não pode possuir nada, sendo mais difícil entender que uma empresa bem administrada pode dar lucro, sendo ou não estatal, mas isso é outro assunto; voltemos aos “Genéricos”.Pois bem, a partir de atitudes como essa, Joseph passou a se considerar “The best”.E a base de bajulação aplaudiu mais esse ato genial – oficializar o ‘Bom para otário” como se fosse uma grande idéia.os laboratórios de fundo de quintal se assanharam tanto que passaram a comandar as listas de lucratividade no setor.Ah, sem esquecer-se de que, nunca na história do reino, se falsificou tantos medicamentos como naquele tempo...

GURIA

Guria; tanto quero o teu querer
Estar entre teus braços: ser feliz!
Tomando todo o corpo em tal prazer
Da vida que sonhei e sempre quis.

Tu és deveras guapa, minha sina...
Carrego nosso amor dentro do peito
Tua presença sempre me ilumina
Deixando o meu cantar mais satisfeito.

Meu coração em festa te esperando
Nos altos das montanhas, peito aberto.
Tu sabes quanto estou me enamorando
Da flor que já nasceu em meu deserto.

Aguardo este teu canto, amor pampeiro
Que invade o coração deste mineiro...

MARCOS LOURES

NUA

NUA

Deitada sob a lua, nua em pelo,
Coberta pelos raios desta lua,
Ao vê-la não resisto ao teu apelo
E a saga de querer-te continua...

Te beijo, delicado e desejoso,
Meus lábios percorrendo teus caminhos
Até te conhecer, voluptuoso
Sorvendo cada toque, mil carinhos...

Na areia, sob a lua, sob o sol,
Coberta por meu corpo, alas abertas,
Eu sou teu mensageiro, o teu lençol

E trago mil prazeres, não se espante.
As nossas peles nuas, descobertas,
Entornam-se em delírios, neste instante...


MARCOS LOURES

OS RESTOS QUE ME AINDA SOBRAM

Qual pútrido canino que rasteja
Atrás de sua dona, rua abaixo.
Às vezes meu amor, eu também acho
Que é desta forma imunda que deseja

Lambendo a bota suja, mas sobeja
Eu vago sem destino, então me agacho
Em busca do que resta, mesmo um facho
Da lua aonde finges sertaneja.

Um verme talvez fosse mais presente,
Ao menos poderia ser malvisto.
Não sabes na verdade, nem se existo,

Apenas me quiseste na corrente,
Porém mesmo este cão quer na verdade,
Um resto de comida: a liberdade...

MARCOS LOURES

UMA AVE DENGOSA

Tucanolândia - capítulo 7 - Do dengo e da cólera
Sobre as economias feitas por um economista, num setor insignificante



Um dos principais nomes do reinado de Fernando Henrique Caudaloso era o do seu genial ministro da saúde Joseph Mountain; famoso economista que, quando criança, se apaixonara pelo Almanaque do Biotônico Scott, conhecidíssimo em Tucanolândia como um dos maiores compêndios de medicina popular.
Joseph tanto lera o dito almanaque que se considerava um expert em saúde.
Pena que o vestibular para medicina era mais difícil, por isso se tornara economista.
Grande perda para a saúde de Tucanolândia, que já contava com vários grandes especialistas, como Toninho Bondadeza e Geraldo Aidimin, cujos trabalhos publicados no mundo inteiro, enchiam de orgulho a ciência do reinado.
Mountain pode demonstrar sua sapiência sobre o assunto no programa de televisão Show do Mouse, conhecido apresentador de TV que tinha como ponto forte a assistência social, distribuindo testes de paternidade para a população mais carente, ao responder sobre a epidemia “da” cólera e sobre “o” diabetes, sugerindo que se fervesse a água a sessenta graus.
Mouse tentando corrigi-lo disse que a água fervia a noventa graus, ao que, dentro de toda a sua capacidade, Mountain respondeu que “quem fervia a noventa graus era o ângulo reto”.
O reino da Tucanolândia estava passando por turbulências econômicas, quando o rei Fernando Henrique Caudaloso resolveu cortar os empréstimos às estatais e autarquias responsáveis pelo saneamento básico; pois tinha, como vimos anteriormente, um salutar apreço pelo dinheiro público.
As estatais, como vimos, somente serviam para atrapalhar, então era melhor sucateá-las, reformá-las e, depois, vender. Esse jeito de governar já tinha surtido efeito nos casos da Telefonia e da produção mineral, porque não iria dar certo na saúde?
Mountain aplaudiu a medida, sábia medida.
Mas, como Deus era tucanolandês, mas estava de folga naqueles dias, não é que, por falta de saneamento, começaram a aparecer várias epidemias no reinado. Até doenças como o Tifo e o Cólera que estavam desaparecidas de há muito ressurgiram...
A dengue, explicada depois ao Ministro Joseph que não significava preguiça, mas uma doença causada pela picada de inseto, assim como a leishmaniose visceral, começou a ter alguns casos notificados.
Joseph, querendo saber mais sobre a doença e esclarecer à população sobre quem era ou o que era o dengo – dengo não! Dengue!, resolveu iniciar uma campanha de esclarecimento.
Pois bem, o caso era de esclarecimento mas, como diria Osvaldo Cruz, também de ação direta, com agentes esclarecendo e atuando com a população.
Mas, Joseph, confiante que o povo lia também o Biotônico Scott, como “só” tinha 85 milhões de reais, gastou 82 com a propaganda e três com os agentes.
Propaganda muita, ação pouca, moral da história: somente num dos estados do reino da Tucanolândia, tivemos em quatro meses, duzentos mil casos com “apenas” sessenta e três mortes.
Ah, em tempo, depois de algum tempo, o rei Fernando Henrique Caudaloso amante da medicina preventiva, como vimos acima, resolveu investir num programa cubano de saúde pública, maravilhoso, mas feito de maneira digamos, um pouco eleitoreira, mas isso é outra história.
Quanto a Joseph, falaremos dele mais tarde, mas isso são outros quinhentos...

MARCOS LOURES