sexta-feira, 29 de março de 2013

AMÁLGAMA DOS SONHOS

AMÁLGAMA DOS SONHOS

A vida ano que vem, talvez quem sabe
Num quase que não tenho já faz tempo.
No passo de quem vai que não se acabe
A pedra no caminho é contratempo?

Bebido deste vinho, pás carrego
Cultivo o que não quis, fazer o quê?
Procuro pelo amor, porém sou cego,
O gozo de viver: diz-me- cadê?

Amálgama dos sonhos, sombras feitas
Batuca uma vontade de aguardente.
A lua te sarrando enquanto deitas
Cravando em minhas costas, unhas, dentes.

Acredito que possa, enfim, voar
Deitando meu tesão neste luar...

MARCOS LOURES

MIS BRUMOSAS NOCHES

Mis brumosas noches.
Hubiera solamente una salida
Envuelta en mis brumosas noches vanas,
En cuanto febrilmente se buscara
Las tantas protecciones y nada había
Semillas que los vientos derramaran
Los granos de otro Hado bien diverso,
Ahora se presumen en el nada,
Y nadie más podría ser aquel
A quien el pecho rudo se entregase,
Las sombras de una vida envuelta en dolores
¿Vencidos desafíos? ¡Volverán!
Los hilos veo rotos, y siquiera
La fuerza se rehace, ninguna luce.
Balazos entre dagas y recuerdos.
Satánica presencia del desespero,
Pero las flores brotarán en otra primavera,
Mismo que mis caminos helados ya no tienen otra suerte.
El todo renacerá, envuelta en lama y lodo,
Irónicamente beberé del avinagrado vino,
En el última farsa do que ha tanto se hiciera
Argentina claridad.
Gitana luna busca su hijo,
Mas, embarazado del nada, nadie tengo en mis manos,
Solamente soledad.
Mis nidos vacíos en la turbulencia de una estúpida existencia…
 
MARCOS LOURES

CALEIDOSCÓPIO

CALEIDOSCÓPIO

Calando sobre o quanto não sabia
Rugindo sobre o quase que perdi
Remorso colorindo a noite fria,
Vencido pelo quadro que esqueci

Rolando pela velha escadaria
Da casa que matei quando nasci.
Talvez inda me reste uma alegria
Despida em noite boa. Vem pra aqui.

Remédios para quê? Já basta o tédio.
Maldito este luar em seu assédio
No orgasmo que chamei, mas que não veio.

Problemas acumulo; mas sem seio;
Sem coxa de morena ou de mulata
Caleidoscópio cego me retrata...

MARCOS LOURES

ATTEMPTING TO BE HAPPY

ATTEMPTING TO BE HAPPY
Every morning I and fight
Trying to be happy, do what?
Just waiting for you,
I feel that this desire fades.
If a new dawn; clearer, crave,
My blank stare sees nothing.
Even still believes in hope.
The gray sky stole your tile.
Taking a walk unsuccessful,
I try in vain, and I get tired.
I wish if I had some backwater
Repeated image: the same thing.
A joy, sometimes, but random
At least the illusion is still free...
 
MARCOS LOURES

MULTIFACETÁRIO CORAÇÃO

MULTIFACETÁRIO CORAÇÃO

Um multifacetário coração
Amando em frases ocas, sem sentido,
Caminheiro sem par ou direção
Ditame deste sonho; já perdido.

Nas ocas, ocos, tocas, medos, vão.
O quanto que tentara; dividido
Nos ermos da palavra- solidão.
Toando o quanto tive – o sempre não.

Fazendas são distâncias ilusórias
Medalhas esquecidas na gaveta,
Retratos de outras luas merencórias

Corando o coração tão descuidado.
No abscesso da esperança, a dor/lanceta
Resume o que não tive e foi drenado...

MARCOS LOURES

SONHO

SONHO

O sonho; da ilusão rica roupagem,
Amante das bastardas emoções
Permite num momento esta miragem
Levando aos mais distantes dos rincões.

Às vezes recriando a personagem
Perdida entre tempestas e vulcões.
Reflete o que se foi em nova imagem,
Das ânsias mais diversas, criações.

Sonhando com o gozo que não tive
Saudades do que fora e já perdi,
A cada novo sonho se revive.

Distante da esperança; volto a ti,
E trago num instante o teu sorriso.
Nos sonhos meu inferno e paraíso...

MARCOS LOURES

A CADA NOVO DIA

A CADA NOVO DIA

A cada novo dia te esperando...
O trem da minha vida não descansa.
Não sei nem se suporto ou até quando
resistirá um resto de esperança.

Ouvindo o trem de ferro vir chegando
o meu olhar, destino, não alcança,
eu penso em tua voz já me chamando;
mas nada, nada e nada... Minha alma cansa.

Mas volta pra estação num novo dia,
refeito do vazio que encontrara.
Ó prenda, meu amor e fantasia;

quem dera se viesses neste trem.
Porém, vai novamente e nunca pára,
restando esta esperança que já vem...

MARCOS LOURES

TUA PELE DESEJADA

TUA PELE DESEJADA

Roçar a tua pele desejada
Beijar-te por inteiro, passo a passo,
Deitar-te em minha cama desnudada,
Vagando por teu corpo, cada espaço...
Até deixar-te inerte, saciada;
Provando de teu gozo, sem cansaço...

Sentindo tua carne tão gostosa,
Entrar em teus caminhos, sem juízo...
Volúpia de mulher maravilhosa,
Abrindo este portal do paraíso...
Na loba delicada, fera e rosa,
Imerso neste amor que mais preciso...

Vem logo, amor morena, uma delícia,
Tua presa deseja uma carícia...

MARCOS LOURES

IT IS HARD

IT IS HARD

As it is hard to see such misery
Exposed in the streets, around the world.
One word just, even a serious
Would be too little, I want to go deep.
Friends encountered in every part,
Brothers who are together in the fight against hunger.
I will, if possible, with my art,
Shouting what alone cannot.
Seeing so many times to recreate
The myths of the great battles,
I understand how much life fantasize,
Those who do not feel the knife cuts.
Friend you propose, in song,
Who knows, one minute of reflection...


MARCOS LOURES

NUEVO TIEMPO




NUEVO TIEMPO

Adonde se imagina el nuevo tiempo,
Trasciendo en sus diseños, libertad,
La vida se moldando en la unidad
Dejando en el pasado un contratiempo,

Las marcas de una historia aun sangrienta
Son duras cicatrices, yo lo sé,
Un majestoso canto lograré
La paz en horizonte, allá me alienta.

Tan solo poesía, tú me dices,
Pero el alma cultiva esa esperanza,
En paso más sublime el sueño avanza
En días que serán, quizás felices.

Mis versos que parecen mismo insanos
No sean en la verdad delirios vanos…


MARCOS LOURES

DISPERSAS ILUSIONES

Dispersas ilusiones.
En aire las dispersas ilusiones
Polinizando estériles floradas
Sin granaren.
Semillas abortadas, nada más.
El canto de un solitario ruiseñor
Buscando una hipotética hembra lejana,
Así en mis noches sin porvenires,
Las viejas melodías ya sin provecho
Echa una imagen desgastada por la vida
Los mismos descaminos presumidos.
Quitarme entre los espacios sin saber
Sidéreas esperanzas más allá.
Un satélite sin tener adonde orbitar,
Un meteoro, una explosión y al resto; nadie.
Una nave sin rumbo, sin destino,
Sucias manos temblando en vanas direcciones
Ecos de las cavas de mi ser,
En las hambrientas voluntades insaciables.
Ahora soy tan solo quien se ha ido
En medio a las dolorosas y sangrentas
Locuras de pasiones insaciables,
Insana pasajera del nada,
Hasta que el descanso traiga
El silencio eterno del vacío.

ALÉM DAS MERAS FARSAS

ALÉM DAS MERAS FARSAS

Querendo muito mais que meras farsas
Dos seres e dos passos mais audazes
E nisto a solidão que ora desfases
Expressa as duras horas mais esparsas,

Ousasse acreditar no quanto espera
A vida sem sentido ou meramente
A luta na verdade se pressente
E bebo a falsa sensação atroz e austera,

Na candidez de um sonho que não veio
Na solidez de um passo feito em vão
As horas tramam dias que trarão
Apenas o que tento ou devaneio,

Não sigo mais meus rastros, percebendo,
O todo noutro tom mesmo estupendo...

Marcos Loures

MÍ MAR

Mi mar…
Una mujer libre en busca de su mar,
Amar y tener en eso espejo de aguas
La inmensidad hundiéndose con los reflejos
De un sentimiento abarcado por ojos en horizontes
Claros, pero imposibles.
Mis discretos pasos por las calles,
Mis tesoros celosamente guardados
En la profundidad de las cavas de un intimo
Recuerdo de la muerta juventud.
Siglos y siglos en pocos segundos,
Luchas sin vitorias, implacable tiempo
Penetrando en mis defesas,
La carnicería y los finales del juego,
Desarrollo inevitable de lo que ha tanto
Pensara ser eterno.
Tiernas frases de un amor quedado entre las rocas
Adonde se quisiera un muelle, un puerto.
Espero, impasible, pero sé que no más venías.
Innúmeras locuras,
Inevitables desastres
Y las marcas en la cara.
Acumuladas por antiguas voluntades,
Tempestades…
Pero las ventanas abiertas aún quieren lo imposible,
Mismo sobre las cenizas y brasas de la realidad…
RITA DE CASSIA TIRADENTES REIS

A VIDA SEGUE EM PAZ

A VIDA SEGUE EM PAZ...

A senda onde a beleza se espalhara
Tornando magistral cada momento
E nela o que buscasse e ora fomento
Expressa a sensação da joia rara,

O passo contra a fúria das marés
E o verso adentra o quanto reste ou venha,
Na luta mais audaz mesmo ferrenha
Presumo o que ora sou e sei quem és,

Matando os meus espectros de um passado
Escuso e mesmo atroz, sigo liberto,
E quando vejo e enfim, a dor, deserto,
Encontro cada rastro desejado,

Apresentando além do que se expressa
A vida segue em paz, já vai sem pressa...

Loures

VAGA ESPERANÇA

VAGA ESPERANÇA

Amadurecimento em luta e enganos
Porquanto desejei novo caminho
E nas entranhas vagas se me alinho
O tempo dita velhos, rotos panos,

E o canto mais agudo e mais distante
Encontra tal resposta no que um dia
Marcasse com ternura o quanto havia
Embora quase nada amar garante,

Ocasionando a queda e simplesmente,
Jamais o temporal escusa enredos
Diversos dos que trago em meus segredos
Enquanto a solidão não se desmente,

Metáforas à parte nada resta
Senão vaga esperança em frágil fresta...

Loures

MESMICE


 MESMICE

Guardando na memória o que se fez
No tanto que jamais se repetisse
A vida se desenha em tal mesmice
Entranha cada verso, estupidez.

O marco adentra o quanto pude ver
E nada mais se tenta além do caos
Os dias evadindo seguem maus,
O mundo renegasse algum prazer,

Amanhecendo apenas o que outrora
Fizesse a diferença e nada trama
A luta se desdenha em fúria e chama
E o sonho que restara me apavora,

Não quero e nem pudera ser assim,
Amor já semeasse o néscio fim.

Loures

DIVINAS ESPERANÇAS

 DIVINAS ESPERANÇAS

Na chama que floresce em cada olhar
Divinas esperanças tramas, domas,
E sei do quanto a vida em suas somas
Nos sonhos faz amor multiplicar,

Os lábios da pantera, presas, garras,
As sendas mais audazes e ferinas,
E quando na verdade determinas,
Teus braços são decerto estas amarras

E o quanto me rendesse sem saída,
Nem mesmo presumindo qualquer lance
Enquanto a imensidão tomando avance
Há tanto esta fortuna decidida,

Não quero outra vertente, sou só teu,
Meu mundo em teu encanto se verteu,

Loures

VENCER AS ILUSÕES



VENCER AS ILUSÕES

Vencer as mais diversas ilusões
Mantendo os pés no chão, buscando a paz,
E quando a solidão em dor se faz,
Em ti encontrarás as soluções

Enquanto à tempestade rude, expões,
O passo se mostrando mesmo audaz
Deixar os desenganos para trás
Ousando acreditar noutros verões

Assim, na liberdade feita em luz,
Um novo amanhecer se reproduz
Grassando aonde outrora se fez treva.

A sorte passageira, na verdade,
Na força da sutil fraternidade
Ao mais sublime estágio nos eleva.

MARCOS LOURES

TANTO AMAR

TANTO AMAR!

Teus olhos de pupilas tão ardentes,
Colocam no caminho meus anseios...
São fontes tão constantes das nascentes
Que levam tanta luz aos meus receios.

Os dias, pés descalços, as montanhas,
Nostálgicas lembranças do passado...
O vento em teus cabelos, nossas sanhas,
Um canto que deixara abandonado...

O fundo pedregoso de minha alma,
Teus olhos vão cobrindo de esperanças.
Refazem meus desejos deste trauma,

Na amplitude do amor, refazem danças...
Brotando, no deserto secular,
As flores escondidas. Tanto Amar!

MARCOS LOURES

quinta-feira, 28 de março de 2013

EM PLENO AMANHECER

EM PLENO AMANHECER

Bêbado de saudades de você,
Nas madrugadas, fugas e senzala,
Buscando esse perfume pela sala,
O perfume que trouxe, sem querer,

A lembrança do tempo de viver,
Onde estava mil vezes numa gala
Me sentia feliz, minha alma embala,
Mas agora procuro em vão, cadê?

Aprendi com você, felicidade,
É possível viver na claridade.
Foi meu melhor tempo nessa vida,

Mas, bem cedo senti que, despedida,
É palavra cruel, mesmo sentida,
Em pleno amanhecer da mocidade..

VOLTAR? JAMAIS

VOLTAR? JAMAIS...

Se o São Francisco eu trago das Gerais,
Gaiolas entre margens tão distantes,
Meus olhos em teus olhos radiantes
Vontade de ficar. Voltar? Jamais...

Os dias sem te ver são tão iguais
As noites que puderam fascinantes
Agora nada trazem nos instantes
Aonde imaginei ser muito mais.

E resolutamente me aproximo,
Vencendo a solidão. Medo eu suprimo
E sigo até quem sabe ver a foz.

Ousando em cachoeiras e cascatas,
Enquanto noutra face me maltratas,
Encontro esta esperança viva em nós.

MARCOS LOURES

O SONHO

O SONHO

O sonho que me trouxe para ti
Expressa muito bem o quanto a quero,
Sabendo do momento mais sincero
Vivendo o quanto outrora já perdi,

Assim neste cenário eu percebi
O tanto que se verte e mesmo espero
O amor que com amor ora tempero,
Reinando sobre nós tal frenesi.

Restauro cada fase, mas prossigo
E sei do quanto possa se contigo,
E nada mais contém um sonhador,

Que traça seu caminho em desvario,
E a própria lucidez eu desafio
Em nome do que vejo ser amor.

MARCOS LOURES

DO COMEÇO ATÉ O FIM

DO COMEÇO ATÉ O FIM

Alegra do começo até o fim
O sentimento feito em emoção
E nisto novos sóis transformarão
Tomando com certeza tudo em mim.

O tempo noutro tempo dita enfim
Mudança que traduz outra estação,
Porém ao resistir, o coração
Refloresce com força este jardim.

Irrigo com sanguínea fantasia
Oxigenando o sonho que nos guia
Trazendo à própria vida este alimento.

E quando após a queda recomeço;
O passo sem temor; busco e confesso
E nesta sensação, raro fomento.

MARCOS LOURES

A CADA TEMPO

A CADA TEMPO

No tempo do meu sonhar,
Tempo que vai tão distante,
Procurando a todo instante,
Por tempo, espaço e lugar,
Acreditando passar,
A temporada da vida,
Numa luta divertida
No meio da tempestade,
Trazendo amor de verdade,
Sem ter lágrima sentida...

Tempo me traz essa brisa,
Onde o coqueiro balança.
Traz um guerreiro com lança;
A mão nesse mar que alisa,
O riso da Mona Lisa,
O medo de não prosseguir,
Meu tempo de tempo vir,
Nos contratempos sem medo,
A vida faz arremedo,
Do tempo que já perdi...

Não sei dessas temporadas,
Que a criança guardou,
No tempo que era d’amor,
Agora são massacradas,
Bandas da vida, guinadas,
Nas grinaldas me lancei,
Tanto tempo eu já passei,
Mas não me deixaste em paz,
Tanto tempo fui capaz,
De tentar o que não sei...

Versos trago sem tempo ter,
Tempo tenho pra sonhar,
Temporais para chegar,
Onde teimo me entreter,
Saberia sem saber.
Não vivo sem temporais,
Quero muito e tento mais,
Não sossego com tão pouco,
Tampouco gritando rouco,
Tempo, preciso demais...

Na curva da temporada,
Que passei lá nas Gerais,
Tempo templo até me traz,
O que julguei emperrada,
A sorte já vai danada,
A morte é mote sem fim,
Quero tempo para, enfim,
Firmar o meu pensamento,
Que transforma todo vento,
Tempo que pedi pra mim...

Meus cadernos tão antigos,
Me perco nas espirais,
Num jazigo, aonde jaz,
Os meus sonhos são castigos,
Tempo me aponta os perigos,
Curvando nesse meu lago,
Onde meu tempo eu afago,
Onde não tenho porque,
Quero já ver e vencer,
O meu tempo anda tão vago...

Teimoso sei não caço,
Rãs perdidas no brejo,
Amores lá d’Além Tejo,
Nas vilas perdi meu laço,
Vencendo enfim, meu cansaço,
Quero fazer o meu canto,
Trazendo com tempo encanto,
Nos vales quero profundos,
O melhor de tantos mundos,
Teve tempo pro meu pranto...

Um desejo trem gigante,
Que na vida tem tempero,
Fazer amor com esmero,
Pela vida radiante,
Estando só por instante,
Nos braços da minha amada,
Passando essa temporada,
Deixando o tempo prá trás,
Meu tempo de não ter paz,
Procurando nova estrada...

Tempo de ser mais feliz,
Tempo de ter esperança.
Tempo de ser tão criança.
Tempo que o tempo não diz,
Tempo de ser aprendiz...
Tempo de não ter mais medo,
Tempo de guardar segredo,
Tempo de se ter saudades,
Tempo de dizer verdades.
Tempo que faz meu enredo...

MARCOS LOURES

MELHOR SORTE

MELHOR SORTE

A vida não traria melhor sorte
A quem se desejasse após enredo
E quando na verdade o que concedo
Precede desde cedo o imenso corte,

E nada que pudesse neste aporte
Tramar o quanto seja meu segredo,
E visto que deveras já procedo
Não tento nem sequer o que conforte,

Meu passo se encaminha para o vão
E sei da mesma angústia em dimensão
Suprema numa extrema dor temível,

Numa avidez deveras mais sofrível
O quanto poderia ser incrível
Agora se transforma em negação.

MARCOS LOURES

AMARGA SOLIDÃO

AMARGA SOLIDÃO

Porquanto quis apenas novo rumo
E o nada se entranhasse sem defesas
As lutas envolvidas nas surpresas
Expressam o que tanto agora aprumo,

Da vida sem sentir o néctar, sumo,
E vivo entre cenários, vagas presas,
Mortalhas espalhadas sobre as mesas
E o canto noutro engodo ora consumo,

Resumo do que um dia fora meu
E o tempo noutro tanto se perdeu
Inusitadamente a mente inunda

E marca com terror o quanto sinta
Agrura mais diversa já não minta
Enquanto a solidão se faz profunda...

VALES E MONTANHAS

VALES E MONTANHAS

Andei distantes vales e montanhas
Nas sombras de um passado doloroso.
Sentindo uma agonia nas entranhas
Perdendo uma esperança, morto o gozo
A vida foi por sendas tão estranhas,
Sem ter um só momento mais gostoso.

Um deserto terrível parecia
Sem fim, somente areia em tempestade.
Calada toda a sorte e fantasia,
Distante de saber felicidade,
Meu tempo se passando em agonia,
Vivendo na cruel insaciedade.

Vieste redentora amada amante,
Meu mundo renasceu no mesmo instante

MARCOS LOURES

FALAR DE NOSSO AMOR

FALAR DE NOSSO AMOR

Falar de nosso amor é tão sublime
Que nada nos impede de cantar.
Se às vezes há quem nunca nos estime,
O rio não se cansa de passar...
Cantar o nosso amor nunca foi crime
O preço, minha amada, irei pagar

Com toda uma alegria no meu peito,
Pois sei quanto te quero e não me calo.
O mundo que se dane, insatisfeito,
Que toda uma tristeza de que falo
Em desamor por certo, contrafeito
Aquele que esperança foi pro ralo.

Te quero e cada vez desejo mais,
O teu doce sabor a vida traz...

MARCOS LOURES

CONTIGO

 CONTIGO

Contigo quero estar cada momento,
Queimando nossos corpos, fogo intenso
Desejo que se faz no pensamento,
Acalma o que se fora sempre tenso.

Tocar a tua pele, boca em brasa
Desfruta de teu corpo em ardentias.
Qual fora simplesmente minha casa,
Um reino de delícias e alegrias...

Suores vão molhando a nossa cama,
Salgando estes lençóis, tanto prazer.
Tomando nossa noite em plena chama,
Vontade de; contigo, refazer

Todo o caminho feito no desejo
Imenso e poderoso, nosso beijo...

MARCOS LOURES

O TEU OLHAR

 O TEU OLHAR

Sentindo o teu olhar tocando leve,
Teus dedos tão suaves no teclado,
Num momento feliz, embora breve,
Percebo o teu carinho aqui do lado;

Meu verso que é tão brusco não se atreve,
Mas bebe do perfume, extasiado,
E deixa calmamente que se enleve
Num sonho divinal, quase encantado...

Não sabes, mas... A vida me enterneces
Em cada novo verso que me emanas.
Tuas palavras soam como preces

Em redentora sorte que encontrei.
De tuas mãos macias, soberanas,
Apreendo o santo amor como uma lei.

MARCOS LOURES

MUNDO EM PAZ

Mundo em Paz

Os rios que correndo em afluência
Permitem novo tempo a se prever
E quanto mais se dera a conhecer
Maior do mar imenso a consistência,

A via se fazendo em consciência
Expressa o quanto possa em cada ser
Ousando no somar e no tecer
Marcando com firmeza esta ciência,

Portanto numa foz comum se vendo
Um mundo mais audaz, raro e estupendo,
Deixando horrendas sendas para trás,

Assim ao percorrer num só instante
O quanto se anuncia e se garante
Presume a perfeição de um mundo em paz...

Loures

ALGOZ

Algoz

Na sombria noite sem luar
O que inda me restara não valesse
O todo quanto possa e se tecesse
Nas tramas do que busque a navegar,

Ouvindo o quanto tente agora ousar,
O medo noutro enredo merecesse
O sonho que me inunda e parecesse
Algum farol restando em turvo mar,

Não quero esta esperança torpe e falsa
E quando a própria vida se descalça
E mostra a realidade mais atroz,

Meu barco já sem norte, leme e cais,
A vida se mostrando em terminais
Cenários, onde amor foi meu algoz.

Marcos Loures

NOUTRA FACE

Noutra Face


Não mais que meramente a mente dita
O quanto se desenha noutra face
E o tanto que se embrenha demonstrasse
A farsa quando trama a voz maldita,

Seria muito além desta infinita
Verdade quando o mundo em desenlace
Sabendo da incerteza ora traçasse
A sólida impressão feita desdita.

Não quero nem pudera ser assim,
A fonte já secando traz ao fim
Apenas o que acenas co’ironia,

E as marcas destas vãs arranhaduras
Enquanto pouco a pouco me torturas,
Nem mesmo outra expressão se mostraria...

Marcos Loures

NEGAÇÃO



NEGAÇÃO

Uma ambição que há tanto em vão cultivo,
Fazer da poesia um instrumento
Palavra se espalhando pelo vento,
Num sentimento manso, audaz e vivo,

Um canto que pudesse ser altivo,
Traçando outro cenário, outro momento,
E quando neste intento o quanto invento
Tornasse o desamor inofensivo.

Mas sei ser isso apenas ilusão,
O mundo se transforma em furacão
E o vento feito brisa se esqueceu.

Da luz que imaginasse resta o breu,
Aonde se quis nosso vejo o meu,
Reflexos de uma espúria negação...

MARCOS LOURES

APÓS UMA BORRASCA



APÓS UMA BORRASCA

Ao menos se eu pudesse conceber
Algum instante após uma borrasca,
Ou mesmo na invernal rude nevasca,
Que tanto pude agora conhecer,

A vida se mostrasse noutra face,
A farsa que, diária, vejo e sinto,
Moldasse outro momento e qual absinto
Inebriante mundo se moldasse,

Mas tendo tão somente este senão,
A luta desarvora e nada trago,
Somente o quanto pude sem afago,
Na derradeira e tétrica estação.

Inverna o coração e nada resta,
Somente, em noite atroz, noite funesta.

MARCOS LOURES