sábado, 31 de março de 2012

Vi-te embebida em luzes e roupagens

Vi-te embebida em luzes e roupagens
Diversas do que sempre imaginei.
Pensara num momento nas miragens
Do quanto desejara e já sonhei.
Reflexos transmudando estas imagens
Permitem declarar o que não sei.
Programo no teu corpo mais viagens
E nelas finalmente eu saberei.
Distâncias, negações, ser ou não ser,
Somente o bem da vida me faz crer
Na fulgurante forma da paixão.
Refaço em cada verso uma promessa
Da boca escancarada sem ter pressa
Tocaiando e tramando em sedução...

Meu ser emudecido se escancara

Meu ser emudecido se escancara
E bebe em temporal o teu sorriso,
Esfirras e cachaça vida amara,
O mar não representa o paraíso.
Sem medo desta dor que desampara
Nas névoas da esperança perco o siso,
Pulsando a sensação em que fixara
O tempo necessário e mais preciso.
Espelhos refletindo o que se fez
Em mágicas palavras, foz e mar.
Vontade simplesmente de te amar
Mordendo a solidão, insensatez.
Coração arquejante já não bate,
A vida determina este arremate...

Vulcânica vontade de explodir

Vulcânica vontade de explodir
Em louco sentimento; vultos vejo
E bebo deste sonho a repartir
O quanto é meu e jaz tanto desejo
No gozo do prazer, a repetir
A noite ensandecida já prevejo.
E quero, tão somente prosseguir
Na busca do teu corpo louco ensejo....
Caminho pelas noites, negras sombras,
Noctâmbulo sem rumo, quero mais
Dos rastros que deixaste, sensuais,
Amor/imensidade, não me assombras.
No vértice dos sonhos, labirintos,
Vulcões em explosão estão extintos?

Quero te dizer, há tanto tempo

Quero te dizer, há tanto tempo
O quanto que tu trazes alegria
Se a vida é feita em puro contratempo
Tu tens dentro de ti esta magia
Que faz a gente estar sempre contente,
Pessoa soberana, um diamante,
Sabendo – ser feliz é tão urgente,
Mostras tal carisma num instante
Fazendo toda a gente perceber
O quanto é necessário para a vida
A sorte mais fantástica em prazer,
Por isso nesta data, enfim querida
Eu venho nos meus versos te louvar
E agradecer a Deus por te encontrar.

Percebo tua sombra em plena inquietude

Percebo tua sombra em plena inquietude
Circulando à solta em volta desta casa.
O quanto já morreu inglória juventude
É tanto quanto o fogo imenso que te abrasa.
Não tendo mais sequer a sombra da atitude,
O gesto em solidão, disfarça e não me apraza.
Querer que se perdeu além do que não pude
Retrata este regalo aonde a vida ocasa.
Insone em paraíso eu busco insensatez
Tragando gole a gole esgotos que deixaste.
Reféns do que sonhei, em lástimas se fez
O jogo sem vitória aonde eu me embrenhei.
Não quero neste amor ser tão somente um traste,
Tampouco com sarcasmo, imagino-me rei.

Palavra que traduza amor em amizade

Palavra que traduza amor em amizade
Restando em alegria um gozo em plenitude.
Sabendo ser feliz em total liberdade,
Trazendo o quanto quero assim, mais amiúde.
Não vejo tal palavra espelho da verdade,
Apenas um desejo a mais da juventude
Que cisma em misturar, sonho e realidade
Buscando quem talvez, com pena ainda ajude.
Sabendo desta missa um pouco mais que terço
Encontro esta criança em pleno e belo berço
Brincando de esperança, um lúdico desejo...
Mas creio na amizade e creio em teu amor.
Amante tempestade, um velho sonhador,
Ainda crê talvez, num último lampejo....

Florestas e fanfarras, gozos extremados

Florestas e fanfarras, gozos extremados
Olhos mais servis, querências e mortalhas,
Os dedos em tortura destroçados,
As mãos numa oração são quais navalhas.
A sorte vai lançada em outros dados,
Apenas sobrarão estas batalhas
Aonde os cortes foram malfadados
E os dias determinam velhas falhas.
Parturiente algoz, amor insano,
Fartura de tramóias, desengano,
Ruptura do que fomos, novo cisma.
Amanhã nada serei e quero assim,
Amor cortando fundo dentro em mim,
Certeza absoluta: cataclisma!

Parabolicamente vago ao léu,

Parabolicamente vago ao léu,
Em círculos diversos e concêntricos,
Riscando em temporal e fogaréu
Os dias serão sempre mais excêntricos.
Meus dendritos, axônios se conturbam
Ao ver a bunda imensa da morena.
Os olhos esfaimados me perturbam
E desejo sobre-humano já me acena.
Na cena preparada em minha mente,
Galopes e lençóis, mistura em fogo.
Depois do tudo, o nada novamente,
Repete sem querer o antigo jogo
Do pó que ao pó retorna novamente,
Matando no futuro o meu presente...

Na dor em genuflexo punida

Na dor em genuflexo punida
Algozes “semideuses” disfarçados,
Tomando as rédeas todas desta vida
Perpetuando assim os seus prelados.
De coisas que até Deus, eu sei, duvida,
Capazes são diabos desgraçados,
Verdade que omitindo, adormecida
Guardada pelos cães "ILUMINADOS.
Amar na plenitude do perdão,
Recebo do meu Mestre esta ambrosia,
Do néctar produzido em profusão
Produz cada pastor o amargo fel,
Vendido qual castigo a cada dia,
Um passaporte imundo para o CÉU...

Eu tenho uma alma

Eu tenho uma alma lésbica e vadia,
No sáfico desejo que me invade,
Fazendo de teu corpo a sacristia,
Bebendo deste fogo em tempestade.
Não quero tão somente a louca orgia,
Eu quero amar, decerto de verdade
Amor que se transborde a cada dia,
Trazendo depois disso, uma amizade
Que perenize o gozo de ser teu.
Sabendo desta orgástica ilusão,
Rondando firmemente o coração,
O dia finalmente renasceu
E trouxe o paladar amaro e santo
do amor que me entranhou qual por encanto.

Em ondas, peixes, mares e marés,

Em ondas, peixes, mares e marés,
Reféns da fria noite que não vinha,
Atando estes grilhões, cortando os pés,
O corte mais profundo sei que tinha.
Olhando tantas vezes de viés,
Mordazes os sorrisos da avezinha
Pousada no meu barco, no convés,
Migrantes esperanças de andorinha...
O tempo vai passando e nada muda,
Apenas a vontade sempre ajuda,
Porém se resumindo sempre em nada.
O barco tremulando em tempestade,
Nos olhos da andorinha, a claridade
Imita em perfeição uma alvorada...

Quem sabe se eu vislumbre depois disso

Quem sabe se eu vislumbre depois disso
Um último recanto, uma esperança.
A vida refará então seu viço,
Deixando para trás toda lembrança.
O verso que se fez já tão castiço
Agora em outra estrada enfim avança
O quanto que te quero e te cobiço
Fornalha onde alegria em festa dança.
Tua beleza imensa, um arquipélago,
Vagando uma procela sobre o pélago
Adentro em infinitos; Eldorados.
Os dias que virão serão marcados
Deixando alma sombria estupefata
Vitorioso amor, em serenata...

Não quero um só carinho se apoplético

Não quero um só carinho se apoplético
Tampouco estas palavras enigmáticas.
Amor se feito em tom quase profético
Trazendo servidões quase emblemáticas.
Um sentimento atroz e tão patético
Deixando minhas pernas sempre estáticas
Meu verso se tornando até caquético
Na busca por melhores, novas práticas.
Na fúria das paixões, sei amazônicas,
As horas vão passando catatônicas
E os dias se perdendo em outro cântico.
Quem dera se pudessem mais harmônicas
Deixando bem distantes as afônicas
Loucuras deste ser sempre romântico...

Se tens os teus motivos pra penar

Se tens os teus motivos pra penar,
Perdoe, mas não faça disso um mote
Que leve a tua vida a se entregar
Além do que já cabe neste pote.
Amor se mostra os dentes, faz sangrar
Serpente que prepara sempre o bote
E morde, bem profundo e devagar,
Não deixa nem sequer algum rebote.
Entregue a tal suplício, minha amiga,
A morte talvez seja a solução
Quem tanto se deseja e desabriga
Não tem e nem merece mais perdão.
A vida se desnuda em claridade
E traz como um antídoto, a amizade...

Entranha por meus olhos, rasga o peito,

Entranha por meus olhos, rasga o peito,
Adentra nos momentos mais fortuitos,
Deveras se permite por direito
A conhecer do sonho seus pertuitos.
Satisfazendo torna insatisfeito
Em cortes tão profundos e gratuitos
Amor conhece já qualquer defeito
E vence assim mostrando os seus intuitos.
Vencido pela seta do moleque
Não tendo outra saída sigo assim,
Das dores e prazeres todo o leque
Baderna vão fazendo dentro em mim.
Na lágrima que o tempo nunca seque
Certeza: flor/espinho em meu jardim.

Amor uma atração fenomenal

Amor uma atração fenomenal
Que atravessando o mar nos aproxima,
Envolve o coração em santa estima,
No canto que nos beija, sensual.
Amor traz a esperança como aval.
Jamais permita assim que alguém reprima
Esta emoção sincera que nos prima,
No mar de amor que chega a Portugal.
Nas ondas do oceano, em alva areia,
Encontro a silhueta da sereia
Mais bela que encontrei. Meu cais, meu porto,
Da América, esse barco coração
Aponta tão feliz a direção
Que leve para a praia, aí no Porto...

Se tanto quanto pensas fui incerto

Se tanto quanto pensas fui incerto
Em passos que trouxeram medo e frio,
Às vezes não entendes porque rio,
Se em tudo o que pretendo assim, desperto.
A vida nos causando desconcerto
Nos leva em correnteza à frágil rio.
No amor que eternamente é desafio.
Mas saiba que encontrei, em ti, acerto.
Contigo vou aos céus logo, voando,
Num sentimento nobre e tão perfeito.
Que traz felicidade sem ter hora.
Sem importar por que, talvez ou quando.
Amor que tanto sinto é insuspeito,
Minha alma vive em ti, e se decora...

Amores do passado no presente

Amores do passado no presente
Refazem esperanças benfazejas.
Por mais que tanto tempo esteja ausente
A boca ainda a mesma que desejas.
Amar-te, com certeza, novamente,
No céu que em brilho farto inda azulejas.
O bem querer se faz eternamente
Nos gozos onde em festa relampejas.
Assim pensei querida, ao te encontrar,
Porém tu desmentiste as previsões,
Envolta por carinhos, tentações,
Não queres mais me beijo. O que falar?
Pois amor do passado sem prazer,
Não pode; no presente reviver...

No vértice de um sonho

No vértice de um sonho, qual vidente
Que busca com palavras bom futuro,
Premissas de vontade mais urgente
Embranquecendo um dia mais escuro.
Teu braço me envolvendo mansamente
Vertendo cada verso com apuro.
Tu sabes quanto amor meu peito sente,
Eu te amo sem limites, te asseguro.
O vinho que me dás em cada beijo
Inebriante forma de querer.
Além de toda glória que eu almejo
Num ato de ternura, posso ver,
A sorte desejada em seu traquejo,
Num aconchego manso, o meu prazer...

No vértice de um sonho

No vértice de um sonho, qual vidente
Que busca com palavras bom futuro,
Premissas de vontade mais urgente
Embranquecendo um dia mais escuro.
Teu braço me envolvendo mansamente
Vertendo cada verso com apuro.
Tu sabes quanto amor meu peito sente,
Eu te amo sem limites, te asseguro.
O vinho que me dás em cada beijo
Inebriante forma de querer.
Além de toda glória que eu almejo
Num ato de ternura, posso ver,
A sorte desejada em seu traquejo,
Num aconchego manso, o meu prazer...

Há tanto que se busca em segurança

Há tanto que se busca em segurança
Palavras se transformam em adagas,
Enquanto em noite clara a vida avança
Ternuras prazerosas tu afagas.
Amor quando se faz em temperança
As nossas horas passam calmas, magas.
Porém quando em batalha, seta e lança,
Os olhos nos devoram feito dragas.
Alento que encontrara ao desespero,
Trazendo para a vida outro tempero
Permite que se fale em liberdade
Num canto que se fez tão diferente
Tocando o coração, embala a gente,
Na força mais perene da amizade...

Molambo de minha alma andando pelos becos

Molambo de minha alma andando pelos becos
Rosnando em cada esquina, investe contra todos.
Movida ao nada tenho; apenas traz engodos.
Em outras almas busca a ressonância em ecos.
Andando sem destino, entre bares, botecos
Minha alma se embriaga e nunca tomo modos!
Depois numa sarjeta esfrega-se nos lodos
Jogada em algum canto, uma alma em cacarecos!
Alma destrambelha e bebe da saudade
Recebe em fogaréu o vento da lembrança
Que queima devagar e aborta uma esperança.
Depois de ter caído em festa, gozo e dança,
Minha alma inda persegue alguma claridade
Posso contar então com a tua amizade?

O amor jamais será tema enfadonho

O amor jamais será tema enfadonho
Enquanto resistir felicidade.
Quem mata sem juízo, todo o sonho
Não vê em pleno dia, a claridade.
Se em versos delicados sempre ponho
Sentimentos de amor e de amizade
Permito-me um momento mais risonho
Na luta pela paz e liberdade.
Amar não é piegas não, querida,
É ser bem mais sublime, atar-se a Deus,
Cultivar um jardim em nossa vida.
Por isso é que te digo e não me canso
Esqueça, assim te peço, um vago adeus,
Deixando que este amor te invada, manso.

Minhas noites seriam mais insanas,

Minhas noites seriam mais insanas,
Em turbulência giram meus sentidos.
As mãos que te carregam são profanas,
As noites que vivemos? Nos olvidos...
Perdidas, minhas lutas... Já te enganas,
Nos portais tristes, álgicos, colhidos...
Sempre me restariam as baganas.
Amantes sentimentos esculpidos...
No azimute, no zênite, no espaço...
Nas alvas tumulares da manhã;
Descansarei sedento o meu cansaço.
Jamais desistirei dessa cunhã,
Adormecida, lassa no meu braço...
Amada desde sempre, cunhantã!

A dor que me procura sempre estava

A dor que me procura sempre estava
Escondida na boca que eu beijei.
Sentinela perdido me enlutava
Das saudades deixadas me entranhei...
O tempo levará toda essa lei
Que não permite sonhos nem os lava...
Nos vulcânicos dias me encontrei,
Escorrem pelos olhos calor, lava...
A despedida feita neste portal,
A amargura da vida, velho sal...
Os restos das fronteiras que não vi.
Os amores fatais que, sei, perdi...
Todas rosas mais belas do rosal.
As flores dos amores que esqueci...

Nas noites que passamos; soluçantes

Nas noites que passamos; soluçantes
As cordas do meu pinho te espreitavam.
As vozes que encantavam dois amantes...
Distante das cadeiras nem chegavam...
Palavras que tentamos, elegantes..
Fruteiras e morteiros misturavam...
As noites que tentamos delirantes
Em luzes diferentes dispersavam...
Estrela que perdi, numa esplanada,
Vagueia poesia pelos bosques
invade estes botecos e quiosques.
As fotos amarelas dizem nada...
Amor que se encantou em almanaques
As fantasias tolas usam fraques...

Corro a te encontrar, triste como o vento...

Corro a te encontrar, triste como o vento...
As tortas caminhadas, céu de prata.
Perfazem meu telúrico lamento...
As flores se perderam. Leda mata...
No pranto prosseguindo o novo invento,
As várias compleições dessa cascata.
Não quero saber pátria nem apascento...
Não tenho mais sustento nem bravata...
Todo meu canto, faca, enxada e foice,
Perdido navegante sem ter praia.
As hóstias enganadas; tudo foi-se,
Restou tal solidão que já se espraia.
Venha depressa ouvir o trem chegando,
Corro a te encontrar, estou te amando..

As cinzas que emanavam dos meus dias

As cinzas que emanavam dos meus dias,
Criando tempestades sem descanso.
As rondas que traziam fantasias
Meu rio procurando o seu remanso...
Nas farpas que me deste, ventanias
Os píncaros sublimes não alcanço.
Não quero mais Renatas nem Marias...
Apenas restos sobram, então danço!
As minhas diamantinas alvoradas
Mentiram semelhanças e defeitos.
Carruagens divinas são levadas
Pelos corcéis velozes... Seus feitos
Espelharam nas lendas reis e fadas...
Amores pareciam ser perfeitos...

Nas curvas, o trenzinho vai sumindo..

Nas curvas, o trenzinho vai sumindo..
Deixando para trás antiga história...
Um futuro feliz, um sonho lindo?
Paisagens destruídas na memória
Na fumaça distante se esvaindo
Os sonhos tristes desta luta inglória.
Quem nunca pensaria, vai partindo...
Dor e tristeza; ausência meritória.
As mortes, velas, lagos e perdões...
As luas, castos vultos, restos, trevas...
As multidões, parcerias e levas.
Os apitos desunem corações...
Ao mesmo tempo trazem liberdade
no apito deste trem, uma amizade.

Eu espero os delírios tresloucados

Eu espero os delírios tresloucados
Dos noturnos flagelos. Noite escorre
Pelos dedos... Ouvindo os gritos dados,
O medo tão somente me percorre.
Penso nos meus tormentos desgraçados!
Esperança insensata, porque morre?
Uns restos de tentáculos alados,
Meus pesadelos, nada me socorre!
Rebeliões gigantes, amazônicas...
Centelhas deflagradas dos meus sonhos
Fulguram paralíticas, atônicas...
Nesses redemoinhos mais medonhos,
Os meus delírios, chagas, mais risonhos,
Amor em explosão, bombas atômicas!

A morte me sorria, linda, loura...

A morte me sorria, linda, loura...
Estava angustiado à sua espera!
Meu tempo de viver cedo se estoura,
Não quero perceber sequer a fera...,
Esperava-te, morte redentora!
Perambulava à beira da cratera,
Vulcânica cratera, salvadora!
Da vida, chave d’ouro que tempera...
Nas minhas derrocadas, das batalhas,
Foste esperança trágica vitória!
Repousar meus defeitos, minhas falhas,
Na tua boca amiga, minha glória!
A morte, companheira mais fiel,
Vem, fechando as porteiras do bordel!

Percorrendo teus vértices

Percorrendo teus vértices, natura,
Encontrei as tais sombras que perdi!
Reparei criador e criatura,
No mesmo instante, morte conheci!
Quem fingia viver doce candura,
Lambia-me, dizendo: Estou aqui!
Serpente disfarçada de brandura.
Em fatais sortilégios eu caí.
Agora, agonizante caminheiro,
As cruzes que deixaste me penetram!
As facas que jamais pensei adentram,
Deixando suas marcas e remendas...
Quem sempre parecera verdadeiro.
No fundo não passou de simples lendas!

A decadência bate em minha porta...

A decadência bate em minha porta...
Não me restando luzes, ando cego.
Minha esperança luta, mas vai morta.
As dores do passado inda carrego.
Os tempos já são outros... Quem se importa?
As mãos tão calejadas. eu me entrego.
O resto que desaba, sangra, corta...
As lutas que perdi, embalde, nego!
A decadência serve-se do resto,
Não tenho a lucidez para enfrentar
A morte. Companheira a quem empresto
O que sobrou dos raios do luar!
A mão vai descrevendo em simples gesto
a sombra do que fora tanto amar...

Heterônimos trago para amor.

Heterônimos trago para amor.
Um sonho sem juízo e sem sentido.
Arrebata e destrói, mas tentador,
Traz tanta alegria; não duvido.
Amor é sensação do quase ser
Não sendo e tão somente nos engana.
Vibrando em agonia de um prazer
É força que agiganta, soberana.
Amor é ter sagrado o que é profano
Beber incandescente fogaréu
No trôpego fulgor, o ser humano,
Amando se percebe em pleno céu.
Qual Ícaro, desaba num momento,
Amar é reluzir em sofrimento.

Moleque tão travesso nas calçadas

Moleque tão travesso nas calçadas
Olhando as pernas belas que passavam.
Desejos e vontades alcançadas
Nas noites que gentis se enluaravam.
Rasgando destemido, estas estradas,
As ruas sem limites se mostravam,
As carnes nas janelas desnudadas
Segredos infalíveis se contavam.
Namoros escondidos no jardim,
As ruas eram feitas de balão.
O mundo era pequeno para mim,
Tão grande, com certeza, o coração.
Agora a vida vem chegando ao fim,
Traz-me este gosto bom: recordação...

Na força que me faz um sonhador

Na força que me faz um sonhador
Não temo nem tempesta malfazeja.
A cada novo verso, o trovador
Moldura o que mais quer, o que deseja.
Meus versos vão pingando sem temor
Falando de um amor que já se almeja.
Sou simples e por ser um cantador
A lua enamorada já me beija.
Quem tem uma esperança companheira
Percebe que esta curva já tem fim.
A pedra se mostrando corriqueira
Permite que se salte, calmamente.
A rosa que plantei no meu jardim,
De espinhos se despindo totalmente.

Há tempos que eu desejo, um dia estar contigo

Há tempos que eu desejo, um dia estar contigo
E ter a companhia amável deste vento.
A permissão que traz este sentido ambíguo
Dizendo sim e não, aumenta o meu tormento.
Não sei se posso ver em ti um grande amigo,
Às vezes vem depressa em outras vem tão lento.
O tempo não retenho, e nem mesmo persigo-o
Nos rastros desta luz, imerso o pensamento.
Nas mãos que trazem flor; pedras e espinhos,
Vertiginoso salto invade um precipício
Avinagrando sempre os delicados vinhos.
Porém se necessário, um novo e claro ofício
Pairando em mansidão, sorriso satisfeito,
Nos braços da amizade, emerges em meu leito.

O dia se esgueirando atravessa as veredas

O dia se esgueirando atravessa as veredas
Trazendo no sol-pôr matizes mais diversas,
Ao mesmo tempo, amada em sendas que enveredas
As chamas da esperança; acabam-se, dispersas...
Cobertas nesta cama, em raríssimas sedas
Na treva deste amor as horas são perversas
Rebanho constelar vagando em alamedas
De sonhos e luar, as ilusões que versas.
Adormecido sonho, espera pelo bote
Que possa permitir; quem sabe uma ventura.
O gozo em sofrimento, estrada, rumo e mote
Inunda o rio em foz e salga-se no mar,
Na espreita por; talvez uma última ternura,
A amargura realça o doce bem de amar...

Vencida pela força soberana

Vencida pela força soberana,
Entrega-se sem sisos a Razão
Causando uma total ebulição
Avança sobre a natureza humana.
Quem sabe e quem conhece não se engana
Estende, com juízo, a sua mão,
Sabendo que esta luta foi em vão,
Santa emoção por certo já se ufana.
Guardando o teu carinho na memória
Além do que pudesse ter sentido,
Amor se faz potente em grande glória,
Sou servo deste amor, estou vencido
E disso há muito tempo percebido
Eu comemoro sempre esta vitória.

Nas alvoradas, festas multicores

Nas alvoradas, festas multicores,
Convidam para a nossa caminhada,
Passando pelos campos, pelas flores,
Assim começa, amor nossa jornada.
Irei contigo, assim, para onde fores,
A minha vida em ti vai ancorada...
Estrela vespertina nos guiando,
O cheiro do café , fogão à lenha..
Poeira desta estrada, levantando;
Amor já nos conhece, cofre e senha,
Nos braços deste vale mergulhando,
Horizonte nos chama, amada venha....
Gaúcha te roubei para as Gerais,
Não sairás das Minas nunca mais...

Embebedo-me deste espetacular vinho

Embebedo-me deste espetacular vinho
Na lucidez completa insanamente eu vou
Tragando gole a gole o que se fez espinho
Ausências contemplando, entrego-me ao quem sou.
No verdejante olhar o rumo em descaminho,
A carne em frenesi, aos poucos demonstrou
O risco que se corre um louco passarinho
Que para bem distante insano, debandou.
A lua vai se abrindo e neste abrir se despe
Embrenha um arvoredo e faz-se libertária
Na imensidão do mar que em ondas já se encrespe
Perigos de naufrágio, o quanto inda bem sei
Da sensação audaz, intensa e temerária
No amor que conhecia e louco despenquei.

Felicidade é ter o teu amor

Felicidade é ter o teu amor
Dançando neste vento sem demora.
No orvalho que beijando a bela flor
Já sabe que o melhor é sempre agora.
Vibrando em teu desejo sem pudor
Nem tramas que nos façam ir embora.
Tomando nosso corpo com vigor,
Mal importa se a chuva cai lá fora.
Felicidade é viva no prazer
Que logo nos domina com ternura
Gostoso sentimento de viver
Sem ter sequer mais medo nem vergonha.
Tornando a nossa carne sempre pura,
Na força e na vontade com que sonha...

Amor é simplesmente combustível

Amor é simplesmente combustível
De quem sofreu demais e quer mudança.
Viver impulso raro e tão incrível
Que a vida, num segundo sempre alcança
Nos braços deste amor, que é invencível
Quando encontrando noutro, uma aliança.
Transformação divina e mais visível
Criando uma ventura em esperança.
Achara que jamais fosse feliz,
Por isso uma tristeza me banhava.
Por tudo que sonhei, pelo que fiz,
E o nada que sem paz, eu encontrava,
Somente meu passado, em cicatriz,
Queimando no meu peito feito lava...

Amor é simplesmente combustível

Amor é simplesmente combustível
De quem sofreu demais e quer mudança.
Viver impulso raro e tão incrível
Que a vida, num segundo sempre alcança
Nos braços deste amor, que é invencível
Quando encontrando noutro, uma aliança.
Transformação divina e mais visível
Criando uma ventura em esperança.
Achara que jamais fosse feliz,
Por isso uma tristeza me banhava.
Por tudo que sonhei, pelo que fiz,
E o nada que sem paz, eu encontrava,
Somente meu passado, em cicatriz,
Queimando no meu peito feito lava...

Quem dera se tivéssemos na vida

Quem dera se tivéssemos na vida
Toda uma certeza que trouxesse
Distante da tristeza em despedida
Uma alegria feita em bela prece.
Assim nós poderíamos; querida
Saber desta beleza em que se tece
Planície calmamente concebida
Na qual nossa esperança robustece.
Meu verso te procura; companheira,
Em meio a tempestades e terrores.
A minha paz se mostra passageira
Distante dos teus braços, minha amiga.
Tu trazes no teu peito tais pendores
fazendo com que a vida em paz prossiga...

Desejo neste teu aniversário

Desejo neste teu aniversário
Felicidade plena em mansa paz.
Do mundo que se mostra temerário
Espero que consigas ser capaz
De ter amor, que é sempre necessário,
E quando em perfeição nos satisfaz.
Um dia a dia calmo e solidário
Trazendo a imensidão em sonho audaz.
Presente em tua vida uma alegria
Que viva, já permite um sonho brando.
A sorte renascendo a cada dia
E os lumes da esperança decorando
O céu com harmonia em azulejo,
É tudo, minha amiga que eu desejo!

Na delícia divina deste amor

Na delícia divina deste amor,
Que expõe nossos desejos insensatos.
Na noite desta entrega sem pudor
Tomamos de nós mesmos, cristais, pratos...
Sorvendo de teu corpo, tal calor
Que inunde calmamente estes regatos,
Na profusão divina em tentador
Delírio que nos toma em todos atos...
Deste mel que se escorre em tua boca
Inebriar-me até não poder mais.
Na chuva alucinante, tesa e louca,
Rolando sem juízo nos lençóis.
Amor gostoso assim, sempre demais,
Que faz nascer na noite dez mil sóis...

Na delícia divina deste amor

Na delícia divina deste amor,
Que expõe nossos desejos insensatos.
Na noite desta entrega sem pudor
Tomamos de nós mesmos, cristais, pratos...
Sorvendo de teu corpo, tal calor
Que inunde calmamente estes regatos,
Na profusão divina em tentador
Delírio que nos toma em todos atos...
Deste mel que se escorre em tua boca
Inebriar-me até não poder mais.
Na chuva alucinante, tesa e louca,
Rolando sem juízo nos lençóis.
Amor gostoso assim, sempre demais,
Que faz nascer na noite dez mil sóis...

Andando par a par com a emoção

Andando par a par com a emoção
Almejo um canto livre que permita
À vida a glória plena na canção
Ao lapidar amor, rara pepita.
Acordes de insensato coração
Em som que uma alegria já repita
Causando a tão sublime sensação
Do brilho que um olhar manso reflita.
Caminho libertário feito em glória
Nos louros benfazejos da vitória
Um rastro de beleza e claridade.
Pois Deus, em Sua imagem soberana
Ao vir aqui, conosco em forma humana
Ensinou-nos amar em amizade...

Desejo nos invade sem demora

Desejo nos invade sem demora
Na fúria destemida e sem pudores.
Querendo o teu amor a qualquer hora
Vertendo em nossos corpos os suores,
No céu que em brancas nuvens se decora,
Reféns de nossos loucos estertores,
A fome de te ter tão logo aflora
Bebendo de teus mares tentadores...
Não deixo de querer cada nascente
Vibrante dos desejos mais incríveis.
No gosto de teu lábio rubro e quente
Calores, arrepios e gemidos,
Nos toques sensuais, imprevisíveis,
Sensibilizar todos os sentidos...

Falasse na falseta que cometo

Falasse na falseta que cometo
Ao crer poder nas mãos algum segundo
Diverso do que possa mais profundo
E tento novamente outro soneto,

E sei que no final nada prometo,
Bebendo o coração mais vagabundo
E livro o que se teima noutro mundo
Enquanto neste vago me arremeto,

O fim se aproximando e nada vejo,
Sequer o quanto possa a cada ensejo
Desejos desenhados no vazio,

Sentindo em tal desfecho o que não vem
O mundo se deslinda em tal desdém
Que o quanto ainda resta é desvario...

Loures

Quem me dera cantar esta alegria

Quem me dera cantar esta alegria
Que trouxeste o mundo noutro engano
E se tento e novamente enfim me dano
Decerto pouco tempo inda teria,

Que faço se num traço em poesia
Entrando de repente pelo cano,
Vagando sem saber do velho plano
Que o tanto que me resta ainda urdia,

Não posso acreditar no que me dizes,
Os dias entre quedas e deslizes
As sendas mais diversas procurasse,

E após a solidão que não mais cessa
A sorte desfigura essa promessa
E tudo não passasse de outro impasse...

Loures

Olhando para os olhos do planeta

Olhando para os olhos do planeta
Eu vejo refletida uma injustiça.
Amor já se perdeu em rumo e seta,
Sobrando tão somente esta cobiça.
Há tempos quando um rastro de cometa
Mostrou a toda gente a paz noviça,
Um Deus se transformando em um poeta
Nasceu em plena areia movediça.
Na data deste nascimento nobre
Vendida a peso de ouro se descobre
O quanto não souberam Te entender.
Um velho em barbas brancas e risonho,
Comercializando assim Teu sonho
Já pôs Tua missão a se perder...

O povo pelas ruas, esfaimado

O povo pelas ruas, esfaimado
Não sabe na verdade discernir
O bem que se mostrara no passado
Numa presença bela a se investir
De todo este poder imaculado,
Mostrando o quanto é belo repartir.
Cordeiro entregue a lobo desgraçado
Morrendo pra de novo ressurgir
Depois de tanto tempo o belo Rei
Exposto nas vitrines natalinas,
Numa inclemente, dura e triste lei
Servindo como fonte de riqueza;
Aos olhos dos meninos e meninas
Vendido no comércio. QUE TORPEZA!

Tal como evolução do pleno amor

Tal como evolução do pleno amor,
Uma amizade é sempre bem mais forte,
Mostrando-se um rochedo encantador
Não cede a qualquer ferida ou corte.
Um sentimento nobre e redentor
Suplanta simplesmente dor e morte.
Na mão que nos carinha com calor
Valor que nos indica paz e sorte.
Bendita honra poder ser teu amigo,
Tecer em plena vida a eternidade.
Nos braços de quem amo, assim prossigo ,
Na meiga sensação de liberdade.
Querida, é necessário e assim te digo,
Louvemos o Bom Deus com amizade....

Desenho no teu corpo mil imagens

Desenho no teu corpo mil imagens
Sobre esta tela rara, bela e nua...
Persisto como visse em tais miragens
Formatos tão brilhantes, plena lua..
São barcos, mares, lindas ancoragens,
No porto em que meu sonho já flutua....
Nos montes, fontes, ruas e caminhos,
São vales, são montanhas, depressões...
Os dedos com as tintas buscam ninhos,
Matizes delicados, turbilhões...
Com beijos, aquarelas e carinhos,
Prazeres, arrepios, furacões...
Depois, a bela fonte em água pura
Bebendo desta tela... uma loucura...

Amiga; que me dera se assim fosse,

Amiga; que me dera se assim fosse,
O fogo que se foi não queima mais.
Quebrada esta compota acaba o doce
Amor que já se foi, volta jamais.
O vento que alegria, um dia trouxe
Perdido noutros cantos tão distais,
Navio de esperança que afundou-se;
Um náufrago distante de outro cais...
Somente a correnteza que me leva
À morte com seu passo que é veloz,
Restando a solidão, amarga treva.
Um rio vai secando antes da foz.
A morte, ao crocitar, inda me enleva
Qual companheira amada, minha algoz...

Passeio meus desejos pelas ruas

Passeio meus desejos pelas ruas
Onde desfilas; bela criatura.
Tuas pernas delicadas seminuas,
Formando uma delícia, uma loucura.
Percebendo querida que flutuas,
Envolto em cada passo, com ternura,
Quem dera fosse o sol onde tu suas,
Sorvendo tua pele com candura...
Tocando tuas coxas sob a saia,
Vestindo tua pele, insensatez.
Sentir a tua sanha que se espraia,
Vencendo assim a minha timidez.
Expondo meu desejo neste instante
Contigo a vida inteira, amada amante..

Um coração mineiro desce o rio

Um coração mineiro desce o rio
E vai para as montanhas, segue a serra.
Calor depois remonta a tanto frio,
Abrigo necessário. Nele encerra
O que sonhara ser quase que estio,
Vasculha o mar distante, ronda a terra.
Da prenda mais bonita, que se enfoca,
O coração sem rumo se bronzeia.
Das terras capixabas, quase poca,
Nos mares cearenses, se incendeia,
Gaúcha com sotaque carioca,
Trazendo o minuano em lua cheia...
Amor é bicho sempre serelepe,
Espera qualquer dia que eu me estrepe...

Saudade vem trazendo este desejo

Saudade vem trazendo este desejo
Do beijo e do carinho necessário
Amor já vai cumprindo itinerário
Nesta estação querida que prevejo;
Morena; a sensação do todo beijo
Que é dado sem motivo e sem horário
Fazendo ressoar um campanário,
O coração batendo numa trovejo.
Que coisa mais gostosa que o amor tem,
Não deixa ficar pedra sobre pedra,
Homem apaixonado nunca medra;
Tampouco, te garanto perde o trem.
Por isso estou chegando e sou ligeiro
Pedindo o teu carinho, dê-me um cheiro

Eu tenho aqui comigo anseios e vontades

Eu tenho aqui comigo anseios e vontades
Desejo coibido e sonho sem destino.
Poemas que não fiz; ausentes claridades,
Um velho que inda teima em parecer menino.
O risco que não veio; o gozo em desatino,
Alameda queimada antigas veleidades.
Acácias no passado, um gosto matutino
Do tempo que se foi sem solidariedades.
Da boca não beijada, amigo que não tive,
Lugar que não conheço e sei que lá estive
Ternura apodrecida em falsas emoções.
Carrego tanto peso! Andando em contrabando
Meu rumo que padeço; aos poucos já desando
Necessárias serão estas revoluções?

O resto que me sobra por herança

O resto que me sobra por herança
Disputo com os cães e com os gatos
Entulhos vão enchendo nossa pança
Jogados nos esgotos, pátios, matos.
A morte talvez seja uma esperança
Rasgando os imbecis e maus contratos
Fogueira de ilusões, amores fartos,
Voracidade insana já se avança.
Mordazes os meus versos? Nada disso.
Apenas o retrato mais fiel
Do quanto amor perdeu beleza e viço,
O sexo inda sacia e reproduz
Em milhares iguais soltos ao léu
Trazendo em suas costas, mesma cruz...

Na terna sedução destes teus versos,

Na terna sedução destes teus versos,
Um acalento sinto meu amor.
No fogo que nos toma, tentador,
Os sentimentos puros e diversos.
Meus dias se passavam tão dispersos
Distante de teu corpo. Teu calor
Tomando minha vida a recompor
Os meus perdidos sonhos, universos.
Vieste com clarão de novo dia
Na entrega sensual de cada instante.
Numa explosão de gozo e fantasia,
Permita que eu prossiga teu amante.
No sonho que tivemos, te dizia
Do amor que nos cativa, delirante...

Minha vida desaba em dura tempestade,

Minha vida desaba em dura tempestade,
Apenas restarão sombrios rastros.
Os desertos herdei; e em vaga claridade
Percorro sem destino espaços, medos e astros.
Quem teve tão somente as masmorras, os claustros
Já sabe quão distante está felicidade...
Dos sonhos de marfim, de mármore, alabastros
Não resta sequer sombra. Eis a pura verdade...
Escombros que te mostro em dura caminhada
Retratos mais fiéis daquilo que inda resta.
Minha alma em pura cinza observa a derrocada
Do nada me embebedo e sigo sendo servo
Do amor que tanto eu quis e morre sem ter festa
Uma lembrança tua é tudo o que eu conservo...

Um anjo branco voa e vai solto no espaço

Um anjo branco voa e vai solto no espaço
Apascentando assim a dura tempestade
Ao acolher meu brado, acalma cada passo
Que dou na busca atroz atrás da liberdade.
A vida vem cortante e aperta sempre o laço
Aborta num instante e o nada que me invade
Não deixa nem resquício e nem sequer um traço
Que possa permitir alçar felicidade...
Porém ao ver que esse anjo – encantadora imagem,
Sorri e me apascenta, em um momento breve,
Embora não perceba a verdade ou miragem,
Que minha alma serene e possa desfrutar
De um dia mais tranqüilo. Um vôo assim tão leve,
Entranha uma esperança, aos poucos... devagar...

Na rosa que perfuma a terra em um segundo

Na rosa que perfuma a terra em um segundo
O brilho feito em glória expressa o colibri
Que voa em liberdade, alçando qualquer mundo,
Não pára um só instante, e vai daqui pra ali.
A rosa em seu olor, com orgulho profundo
Reinando no jardim, jamais saiu daqui.
O passarinho segue o sonho vagamundo
E vendo a rosa altiva, o pássaro sorri.
Ao ver o tal encontro eu lembro-me, querida
Do quanto é necessário, amor em nossa vida.
Amor que seja sempre, igualitário e manso.
Tal qual o cutelinho, um coração liberto
Embora enamorado, em rumo mais incerto,
A liberdade; amada, eternamente alcanço!

Desejo que este amor invada o coração

Desejo que este amor invada o coração
E marque carinhoso, em cicatriz risonha
Deixando para trás qualquer desilusão
E a glória- ser feliz - nos teus braços se ponha,
Desejo que o sorriso, em mansa sensação
Afaste do caminho a dor fria e medonha
Desejo, minha amiga, o lume do perdão
Que ensina ao caminheiro o rumo em que se sonha.
Que a vida te proteja ou sempre te alivie
Que o mundo a cada dia ensine a ser feliz
Que mesmo num inverno o tempo sempre estie
Que saibas enfrentar o riso e a tempestade,
Que o manto da verdade afaste a falsidade
Desejo, finalmente, a ti, tudo o que eu quis...

Amiga, a vida mostra a cada novo dia

Amiga, a vida mostra a cada novo dia
O quanto és importante, embora sejas frágil.
O riso permanente expressando alegria
Pensamento liberto impedindo o naufrágio
Do barco da esperança, estrela que luzia
Na noite mais escura. A resposta sempre ágil
Permite que refaça o rumo em noite fria.
Depois da tempestade, a bonança do adágio.
Aprenda que a velhice é necessária, amiga,
Porém nunca envelheça a tua alma, querida.
Nem envileça. Em ti, mocidade se abriga
E busca o teu apoio, uma orientação.
Na morte se refaz e se preserva a vida.
Paute-a em amor, amizade e perdão!

Amada, ao descobrir em ti esta tristeza

Amada, ao descobrir em ti esta tristeza
Inerente a quem ama enfim eu percebi
Toda a profundidade imensa da beleza
Que agora, finalmente encontro, plena em ti.
O sofrimento gera expoente grandeza
E nele amadurece o bem que descobri
Bem maior que pensara. Enfrentar correnteza
Sabendo do perigo existente, eu te vi.
Das mágoas, o sorriso expressará vitória,
Assim ao aprender a ser mais tolerante
A vida se fará em plenitude e glória.
O amor nos ensinando em dor, perdão e riso
Mostrando o quanto a vida é sempre assim, mutante,
O nosso amor permite um passo mais preciso.

Amar é poder ver semente germinando

Amar é poder ver semente germinando
Em solo outrora duro; arado com carinho.
É sempre caminhar olhando e vislumbrando
Qual o melhor lugar para fazer teu ninho.
Sorrir da tempestade e nela maturando
As frutas do amanhã plantadas no caminho.
Jamais se lamentar do que não veio quando,
A manhã nascerá e colherás teu linho.
Mas não se apegue muito ao bendito dinheiro,
Ele ajuda, decerto, embora nada valha
Tu vencerás com ele uma ou outra batalha.
A guerra só se vence em plena honestidade,
Pois sendo sempre assim, sincero e verdadeiro
No amor encontrarás, enfim, felicidade!

Amor atemporal, eterno rei

Amor atemporal, eterno rei,
Não tem sequer medidas nem limites.
Amada, em teu carinho eu me encontrei
E peço, por favor, nisso acredites.
O rumo que por tempos procurei,
Depois de tantos erros e palpites
Por tanto que no mundo eu vasculhei,
Por isso é que te peço, amor, me fites
E diga com teus olhos, belos sóis,
Aquilo que, decerto tanto eu quis.
No mar em que vivia, sem faróis,
Distante do que sempre desejara.
Contigo, minha amada, estou feliz
Por essa sensação divina e rara

Embora te pareça brincadeira,

Embora te pareça brincadeira,
Amor que trago assim é mais sincero,
Durante minha vida quase inteira
Amor só se mostrara triste e fero.
Depois de ter amor como bandeira,
Somente um grande amor é o que mais quero.
Estrela radiante em luz primeira
É tudo o que preciso e tanto espero...
Amada, não percebo esta ironia
Pois sei o quanto estás bem mais feliz
Vivendo em cada dia esta alegria
De ser a companheira mais constante
Do amor, que nos faz sempre um aprendiz;
Da vida que nos toma por amante...

Não temo mais a morte e nem a dor

Não temo mais a morte e nem a dor,
Singrando meu caminho mais sereno.
Meu mundo se mostrando encantador,
Meu dia vai passando mais ameno.
Quem fora simplesmente um trovador
Bebendo desta boca tal veneno
Que encanta e me deixando num torpor
Divino, me mostrando amor tão pleno
Percebe toda a sorte desta vida,
Num verso mais profundo e assim profano.
Tu és a minha sorte decidida
Num canto de tão doce, soberano.
Agora que encontrei uma saída,
Caminho sem temores, sem engano...

Desejo nos invade sem demora

Desejo nos invade sem demora
Na fúria destemida e sem pudores.
Querendo o teu amor a qualquer hora
Vertendo em nossos corpos os suores,
No céu que em brancas nuvens se decora,
Reféns de nossos loucos estertores,
A fome de te ter tão logo aflora
Bebendo de teus mares tentadores...
Não deixo de querer cada nascente
Vibrante dos desejos mais incríveis.
No gosto de teu lábio rubro e quente
Calores, arrepios e gemidos,
Nos toques sensuais, imprevisíveis,
Sensibilizar todos os sentidos...

Um canto que se faz em puro amor

Um canto que se faz em puro amor
Enreda o pensamento em mil encantos.
Distante deste mundo em que o torpor
Nos toma sem juízos, sem espantos...
Não canso de tocar teu pensamento
Nem mesmo de seguir amor em paz.
Teu brilho se espalhando, em firmamento,
Estrela que alegria já me traz.
Pra sempre quero ter-te mensageira
Do sonho em que se faz a liberdade.
Deitar-me do teu lado, em tua beira,
Amar-te até saber saciedade...
Sabendo ser teu braço o meu conforto,
Amor que é vivo cais, meu santo porto..

Eu sinto cada beijo incrustado na pele

Eu sinto cada beijo incrustado na pele
Incandescentemente o corpo em fogaréu
Ao máximo prazer a vontade compele
Abrindo num momento o caminho pro céu.
Permita que meu rumo ao teu; amor atrele
E guie cada passo em sonho mais fiel
Que toda uma esperança assim já revele
Na ardente sensação da vida feita em mel.
Nos versos que eu te faço, um símbolo de glória
Rondando a minha vida, altera a minha história
E trama um infinito em lábios sequiosos
Sabendo deste amor, dias maravilhosos
Em mágica palavra – amor – a sorte alcança
A força sem igual da vida em esperança.

Estrela que me guia, amor profundo

Estrela que me guia, amor profundo,
Que busco pelos céus de uma alegria.
Vagando o coração tão vagabundo
Estrela que sonhei em fantasia.
Bebendo desta boca um giramundo
Encontra tanta paz que bem queria,
Não deixo de te amar um só segundo
Razão maravilhosa do meu dia.
estrela que me trouxe uma esperança
de um dia, finalmente ser feliz.
convida para a festa, imensa dança
um gosto delicado de maçã
amor que, sem pecados, ontem fiz
encharca de prazer cada manhã...

Há tempos que eu desejo te dizer

Há tempos que eu desejo te dizer
Do quanto sou feliz querida amiga
Somente pelo fato de poder
Ter a certeza clara que se abriga
No coração mostrando este prazer
De uma ternura rara e tão antiga.
No teu aniversário eu posso crer
Que toda essa alegria assim prossiga.
Comemorar o teu aniversário,
Decerto além de bom e necessário
Permite na verdade em oração
Dizer quanto o Bom Deus se fez presente,
Mudando a nossa história, de repente,
Expondo em alegria, o coração...

O pobre carpinteiro sobrevive

O pobre carpinteiro sobrevive
Em todas as misérias, injustiças.
O poder que corrompe sempre vive
Matando dia a dia em vis cobiças.
Aqueles que o venderam continuam
Na pútrida jornada, sem descanso.
Vestidos de senhores sempre atuam
Imolam o cordeiro por ser manso.
Nos governos, igrejas, nas empresas,
Cuspindo em cada filho teu, meu Pai;
Qual fera que mordendo suas presas,
Numa tocaia eterna sempre trai.
Exposto em cada esquina sem perdão,
Vendido como carne em podridão...

Amiga tua voz calou bem fundo

Amiga tua voz calou bem fundo
Dentro do meu peito sem alento.
Um sentimento belo e tão profundo
Vibrou no coração neste momento.
Vagando do teu lado me aprofundo
Dou asas ao liberto pensamento...
E quero que tu venhas nesta estrada
De sorte que não tenhas mais segredos,
Refaça nossa vida em alvorada,
Distante dos antigos, maus enredos,
A vida que se mostra anunciada
Se faz em fantasia, mata os medos...
Amiga vem comigo pr'esta estrela
Que feita de teus olhos; como é bela!

Eu estarei aqui a te esperar

Eu estarei aqui a te esperar,
O tempo se arrastando sem te ver
Bem sei que vens de longe, de além mar,
São milhas, tanto mar a percorrer...
Pretendo tanta coisa te falar...
Vem logo, tenho tanto pra dizer...
Poder tocar teus olhos, tua pele,
Poder beijar teus lábios sedutores;
Sentir tanto desejo que me impele
Beber de tua fonte, meus amores.
Que a vida seja sempre o bem que atrele
Meu mundo nos teus braços sedutores...
Espero que tu venhas, minha amada,
A vida sem te ter, não vale nada...

Eu quero além do mar de uma amizade

Eu quero além do mar de uma amizade,
Estar ao lado teu a cada dia.
Compartilhar assim felicidade
Mostrando ao mundo inteiro esta alegria
De ter a moça bela que sonhara
Há tempos do meu lado, companheira
A jóia mais gentil, perla tão rara
Trazendo uma harmonia verdadeira
Fazendo de meu canto, uma oração
À luz desta amizade dedicada,
Palavra que demonstra esta emoção
A cada novo dia demonstrada.
Amada amiga, venha neste instante
Seguir por esta estrada deslumbrante!

Meu coração sofredor

Meu coração sofredor
Procurando o teu carinho,
Quê que faço sem amor,
Eu não quero estar sozinho...
Vivendo sem ter calor
Tão triste no meu cantinho,
Te carrego aonde eu for
Qualquer que seja o caminho.
O botão da laranjeira
Tá abertinho todo branco.
Meu amor, a vida inteira,
Eu plantei neste jardim,
Teu sorriso, todo franco,
Traz perfume de jasmim...

Quem dera se eu pudesse traduzir

Quem dera se eu pudesse traduzir
Em versos a emoção que me tomou
Ao ler esta beleza a refletir
Uma alma que decerto iluminou
Os passos deste pobre trovador
Que tenta e mal disfarça a tentativa
De ser tal qual o velho cantador
Que no Nordeste fez-se patativa.
Um simples repentista não merece
Palavras tão sublimes de um poeta.
Eu venho agradecer, amigo, em prece
À tua alma divina e tão repleta
De doce poesia alvissareira
Dos Reis um sonetista de primeira!

PARA O GRANDE AMIGO E SONETISTA GONÇALVES
REIS

Eu quero te sentir aqui comigo

Eu quero te sentir aqui comigo,
Roçando a minha pele em tua pele,
Fazendo de teu corpo o meu abrigo,
Ao fogo deste jogo me compele
Desejo de te ter assim desnuda,
Aberta em flores belas, num buquê
Que a fome do prazer já nos acuda
E venha sem sequer saber por que...
Tocando bem de leve os belos seios,
Sentindo em teu aroma, o ferormônio
Sem medos ou pudores meus anseios
Procuram tempestade em pandemônio
Nas tramas entre coxas e colchões
A noite desfiando tentações...

A força em esperança se renova

A força em esperança se renova
Fulgura em cada verso, revela o sonho.
Supera qualquer dura e triste prova
Garante este porvir bem mais risonho.
Barreiras e ressaltos superados
Com calma e com total serenidade;
Os raios matinais ensolarados,
Permitem nos pensar eternidade.
Tu sabes como é dura a caminhada
Daqueles que viveram por amor.
Degraus que justificam esta escada
Numa escalada firme e sem temor.
Na busca deste sonho mais preciso,
A porta procurada: o paraíso...

Amar a cada dia, sem dar tréguas

Amar a cada dia, sem dar tréguas
Ao mal que sempre assola em desamor.
Um sonho a percorrer distantes léguas
Que contagia sempre, sedutor..
Felicidade é feita em harmonia
E jóia reluzente, perla bela.
Um canto que se faz em sintonia,
Em uníssona voz, coral, capela...
Eu sei o quanto é forte o teu cantar,
Eu sei o quanto é bela tua luta.
Por isso, para sempre eu hei de amar,
Quem cala não consente, só escuta
O nosso amor se torna mais potente
E a cada novo dia é mais urgente..

Tua presença bela, maravilha,

Tua presença bela, maravilha,
Desfila em plena praia, quase nua...
No paraíso divino desta ilha
A deusa que caminha e já flutua
Transborda de beleza enquanto brilha
Transporta para a terra a clara lua...
Vivendo esta paixão o tempo inteiro
Tomando tua boca gota a gota,
Persigo o teu caminho, rastro e cheiro,
Amor que se promete além da cota...
Estou a te esperar faz tanto tempo,
Morena que encontrei em ilha bela
Que a vida não nos traga contratempo,
Do mar e do meu céu, pra sempre estrela...

A mesa posta, a cama bagunçada

A mesa posta, a cama bagunçada
Depois de tanto amor, minha querida
Manhã sempre contigo ensolarada,
Tu és a claridade em minha vida.
O medo de depois não haver nada
Se perda nesta luz bem concebida
Do amor que é nosso pão e nosso vinho
Afeto que nos leva à salvação.
De novo, meu amor, vem de mansinho
Que a vida se renova em emoção.
Desejo teu prazer e teu carinho
Regados por amor, por atenção..
Não deixe que se perca mais a sorte
Do amor que a cada dia é bem mais forte...

Às vezes penso que um dia,

Às vezes penso que um dia,
Gostaste de mim, querida.
Eu não sei se é fantasia
Dessa minha alma, iludida...
Eu só sei que te queria...
Eu daria minha vida...
Cada vez mais, todo dia.
Minha voz entorpecida
Gritava, ao mundo esse amor.
Mas eu sei que tudo passa...
Pouca coisa tem valor...
Agora, nada restou...
Senão cigarro e fumaça...
Mostrando bem o que sou.

Meu amor quando suspiro

Meu amor quando suspiro
Tô pensando no teu bem,
Coração no conta-giro
Que velocidade tem!
Se teu amor eu respiro,
Não penso mais em ninguém,
A coisa que eu mais prefiro
É quando, de noite vem,
Com sede me querer,
Com vontade de ficar,
Meu amor, meu bem querer,
Eu não canso de cantar
Venha cá, me dá prazer,
Eu preciso suspirar...

Meu amor, isso é mentira

Meu amor, isso é mentira
Dessa gente fofoqueira,
Eu não danço mais catira
E nem pulo mais fogueira.
Senão a cabeça pira
Não agüento mais besteira,
A terra é bola que gira
Toda a vida, a vida inteira.
Eu não saí com Maria
Nem tampouco com Joana,
Vem prá que a noite esfria,
Vai pegar um resfriado,
O meu peito não te engana,
Ele vive apaixonado!

Ó Musa inspiradora dos meus versos

Ó Musa inspiradora dos meus versos
Amiga e companheira magistral.
Trazendo para mim sonhos diversos,
Faz toda a vida ser fenomenal.
Tramamos, pois os novos universos
De dor, de fantasia sensual...
É bom poder ouvir o teu cantar
Amiga poetisa de talento.
A voz que vem chegando do teu mar,
O cheiro, teu perfume, traz o vento.
Assim como é gostoso navegar
Contigo, sem parar nenhum momento...
Na mágica dos sons e das palavras,
Querida, cultivamos nossas lavras...

Desejo, minha amiga; amor, felicidade

Desejo, minha amiga; amor, felicidade
Uma imensa alegria a cada novo dia.
Que tenhas finalmente a plena liberdade,
Um mundo mais sincero em total harmonia.
Que amor já represente a paz, tranqüilidade
Mostrando que o caminho é feito em sintonia,
Tocada pela força imensa da verdade
Que tenhas finalmente a viva fantasia...
No teu aniversário eu posso te dizer
Do quanto é necessário à vida o bom prazer.
E ter numa amizade a glória mais serena
De quem sabe a vitória a cada dia erguida
Mudando num momento o rumo em nossa vida.
Felicidade então, decerto já se acena...

Querida, tanto amor, estrada aberta

Querida, tanto amor, estrada aberta
Ao verso que te busca sem descanso
O peito retumbando em novo alerta
Teus olhos bem mais perto, sempre alcanço
A vida do teu lado se completa,
Meu mundo se transforma num remanso...
Eu quero estar contigo sem demora,
Perder-me nos teus braços sedutores,
Tu és da minha vida já senhora
Por ti eu sempre faço meus louvores
A glória de ser teu bem cedo aflora
E mostra meu canteiro em raras flores...
Espero caminhar eternamente
Contigo, minha sorte, estou contente..

Te ter comigo sempre junto a mim,

Te ter comigo sempre junto a mim,
É ter uma certeza gloriosa
De um mundo mais sincero. Sendo assim
Te espero minha bela rubra rosa
Pra sempre perfumando o meu jardim
Com tua força eterna e maviosa..
Te digo, minha amada, com clareza
Que tudo que eu mais quero é ser feliz;
Por isso meu amor, tenha certeza ,
Pois, já que tu és tudo o que eu mais quis,
Teu passo que me mostra tal leveza
Que sempre me encantou e peço bis.
Tu tens este perfume inebriante
Que traz felicidade a cada instante...

Brincando nas estrelas; pular corda

Brincando nas estrelas; pular corda
No arco íris depois de tantas chuvas
A vida da menina assim transborda
Correndo atrás da nuvem de saúvas
Meu coração ao vê-la se recorda,
Quintal garapa, cana, vinhos, uvas...
Um tempo que refaz-se. Vida boa..
Morena teus mistérios e segredos
Relembram chuva fina, uma garoa
Do tempo em que viver trazia medos,
Curados por café, carinho e broa.
A vida me levou, outros enredos...
Mas ver tua emoção, tuas magias,
Me diz: tu és feliz e bem sabias...

Seduz-me com teus olhos, lábios, pernas;

Seduz-me com teus olhos, lábios, pernas;
Carinhos e promessas sem ter fim.
As nossas noites quentes são eternas,
Tu és o meu amor que sei enfim.
Sorrisos e procuras sempre ternas
Do amor que renasceu dentro de mim...
Palavras são bem poucas pra dizer
Tudo o que sinto. Sou abençoado.
Só quero, minha amada, sempre ter
Tua presença amiga, aqui do lado.
Tomando do teu corpo este prazer
De estar feliz assim, apaixonado...
Amada, como é bom saber de ti,
O sonho mais bonito que vivi...

Felicidade estampa em nossa face

Felicidade estampa em nossa face
Retrato da alegria sem final.
Já não usamos mais nenhum disfarce
Vivemos pelo amor que é sem igual.
Permite que o futuro sempre trace
O rumo mais perfeito, divinal...
Recebo teu afeto em alegria,
Meus olhos são somente para ti.
Louvemos nosso amor em poesia
Pois tudo o que sonhei encontro ali
No verso que me encharca em fantasia,
Diverso do universo que perdi...
Beijar a tua boca, meu desejo,
Na lembrança gostosa deste beijo...

Felicidade é tudo o que eu sonhara

Felicidade é tudo o que eu sonhara
Na busca por um sonho mais fecundo,
Sentir uma alegria que é tão rara
Tornando-nos mais fortes neste mundo.
Amada, nossa glória se encontrara
Na paz que amor nos traz, cada segundo.
Na sensação divina, posto cara,
Na qual eu já me perco e enfim me inundo.
Na chama deste amor feito em pureza
Aurora em nossa vida, brilho farto.
Sentindo em teu perfume esta leveza
Eu quero estar contigo a vida inteira,
Assim meu sofrimento já descarto
E sei que eternidade é companheira...

A paz em que se fez amor maior

A paz em que se fez amor maior
Sem par e sem limites, tão intenso.
Teu corpo vasculhei e sei de cor
Somente em ti, querida sempre penso.
Na glória de ser teu, felicidade,
O sol que forte brilha na manhã,
Falando deste amor/sinceridade
Percebo esta alegria em doce afã;
Além de todo amor, a paz domina
E faz de cada dia uma esperança.
Viver a nossa história, minha sina
Trazendo para a vida esta festança
Que faz de cada noite um claro rito
De amor além dos mares, infinito...

Minha alma; pela dor percebo foi eleita

Minha alma; pela dor percebo foi eleita
Tocada pelo vento em fria tempestade,
Quem teve uma esperança em lástimas se deita
Refém da fantasia, escravo da saudade.
Do vago que carrega a dor já se deleita
E mata em nascedouro alguma claridade.
A vida se mostrando assim, insatisfeita
Aborta o que seria, enfim, felicidade...
Quem dera se eu pudesse ao menos ter alguém
Que me quisesse sempre em amor mais profundo
Ao menos poderia em sonho ser feliz.
Porém a noite cai, e nela sem ninguém
Vagando sem destino em busca de outro mundo
Que ao menos já permita alguma cicatriz...

Tantas vezes andei no mundo, em vão, perdido

Tantas vezes andei no mundo, em vão, perdido
Não tendo nem sequer ao menos algum norte.
A vida em descaminho, amarga e dura sorte
Meu verso condenado a ser tão dolorido...
Quem dera se eu tivesse ao menos um sentido
Não buscaria assim, a solução na morte...
Recebo em vento frio o passo decidido
Aprofundando mais o doloroso corte.
O tempo vai passando e quase ninguém vê
A lágrima rolando, aguando este canteiro
Adubo de agonia aos cravos, tristes lírios...
Na morte anunciada, eu sinto ninguém crê
No quanto é doloroso amor que trapaceiro
Deixando em sua herança, ardumes e martírios..

Amiga e companheira estás de volta aqui!

Amiga e companheira estás de volta aqui!
Há tanto que eu pensara: Ah! Se esqueceu de mim...
Cansando de lutar, por vezes me perdi
Penando, o lavrador arando o seu jardim.
Porém até jurava- eu me livrei de ti!
Mas nada, ei-la gigante em fúria sem ter fim
Rondando novamente, aguando o que vivi...
Ao vê-la de tocaia o mundo cai enfim...
Embora tão tranqüila, o riso em ironia
O bote preparado a boca escancarada,
Matando o ancoradouro, estraga a fantasia...
Te peço: vá-se embora antes do sol se por,
Talvez inda consiga em noite enluarada
Algum sorriso breve. Amada amiga... dor.

Quem dera não tivesse a sombra da emoção

Quem dera não tivesse a sombra da emoção
Arrasta em desafio e mata o sentimento.
A força inconseqüente invade o coração
E mata devagar, num fogo firme e lento...
Sonhara estar distante. Um mero pensamento...
Durante a tempestade, a chama da paixão
O gozo da saudade, o medo em explosão...
Meu mundo desabando apenas num momento.
Inútil este alento em forma de mil versos,
Os olhos vendavais se fazem mais dispersos...
O quanto nada tenho é tudo o que pressinto
Terei depois de tudo, o chão deveras duro.
Meu canto se perdendo, o gozo deste impuro
Tormento que em verdade explana amor que sinto...

Cismando em solidão, procurando outras eras

Cismando em solidão, procurando outras eras
Aonde a poesia amiga e tão querida
Cantava em harmonia as plenas primaveras.
Agora tão somente é noite dolorida...
As horas vão passando em lágrimas severas
A sorte já se foi, de mim tão esquecida
Mostrando em ironia, as garras; duras feras
Matando o que restou de luz em minha vida...
Pensando no que fui; o olhar perdido e vago
Apenas o vazio, estende-se em afago
E a fome de esperança esgota o meu jardim...
Num último suspiro, eu vejo um brilho antigo
Chegando devagar, e num olhar amigo
Percebo renascer a luz dentro de mim...

Imagem refletindo a silhueta esguia

Imagem refletindo a silhueta esguia
Irradiada ao brilho intenso do luar.
Em névoa delicada, explode em fantasia
E aos poucos me invadindo, entranha devagar.
Cansado de vagar, viver sem alegria
Procuro pelo amor que encharque o meu sonhar
E mostre em riso franco, a vida em poesia
Que me permita, enfim, saber do bem de amar...
Andara já descrente- ausência deste alguém
Que em noite enluarada- agora, eu sinto, vem...
A solidão, percebo, em lástimas morreu.
O fim do sofrimento aporta mansamente
E tudo se transforma. O outrora penitente
Viaja em liberdade ao sonho teu e meu...

Não quero nem saber se já me alcança

Não quero nem saber se já me alcança
O frio que promete um duro inverno,
Contigo me esmerei em tanta dança
Mostrando este futuro bem mais terno.
Nos passos em que bailo uma esperança
De amor que desejara ser eterno....
Andando em corda bamba a vida inteira
Tu sabes todo o bem que em ti mais quero.
Dançando logo um samba em gafieira
Convido-te depois para o bolero.
O frio desta forma, uma besteira,
O tempo que perdemos? Recupero!
Não deixo meu amor assim tão só,
Mineiro em contradança? Só forró!

Seguindo o rumo certo da paixão

Seguindo o rumo certo da paixão,
Sem medo de desvios no caminho.
Amar é sempre assim, uma emoção
Que toma todo o peito de mansinho...
Tu és morena plena em sedução,
Meu sonho, um beija flor, um passarinho...
Vencer assim, distâncias e barreiras,
Voar para, contigo, ser feliz...
As flechas desferidas são certeiras
Amor quer sempre mais e pede bis.
Te quero, não me esqueço de teus olhos,
Nem mesmo de teu corpo sedutor...
A vida nos promete tantos molhos
De uma alegria imensa, minha flor...

Que dera um cavaleiro enluarado

Que dera um cavaleiro enluarado
Entrasse em teu castelo, com certeza
Amor que sempre fora bem guardado
Darias com desejo em sobremesa
Aos dias em que sempre transtornado
Buscou amada glória na princesa
Das terras encantadas, bem querer,
Depois de tanta estrada, tantas chuvas,
Nas sendas tão difíceis de saber
Em tantas armadilhas, urzes, curvas
Deitar em teu dossel, o meu prazer.
Beijar as tuas mãos, tirar as luvas
E ser assim amado companheiro,
Desta princesa bela, o cavaleiro...

“Não sou canalha em querer teu querer...”

“Não sou canalha em querer teu querer...”
Apenas te desejo e nada mais.
Amor quando se faz ao bel prazer
Invade totalmente qualquer cais.
Permita tão somente, conceber
Em toques mais sutis e sensuais
Amar, querida eu posso perceber
Traduz mil sentimentos, naturais...
Amor nunca precisa de disputa.
Não faça disso um campo de batalha
Amar não pode ser jamais ofensa.
Perdoe se eu te adoro. Vê se pensa
Não quero desfraldar nenhuma luta,
Apenas por te amar, serei canalha?

Amiga, me desculpe se me calo

Amiga, me desculpe se me calo
Diante deste mal que te domina.
Não sabes, mas agora aqui te falo.
Querida, desde os tempos de menina,
Ao ver-te, coração sofrendo abalo,
Tua presença sempre me alucina...
Queria que soubesses disso agora,
Pois guardo dentro em mim este segredo.
A solidão terrível que se aflora
Termina se quiseres bem mais cedo,
Escute este infeliz que já te adora,
Embora tanto tempo teve medo
De gritar bem mais forte o quanto quer,
Amiga, venha ser minha mulher!

“O amor é paciente e generoso”

“O amor é paciente e generoso”,
E sabe quanto vale cada espera
Amor se mostra um sonho fabuloso
Trazendo eternidade à primavera.
De tudo o que pensara, mavioso
Caminho que moldando regenera
E faz de cada dia mais ditoso,
Acalma em mansidão a dura fera...
Amar é permitir que a vida venha
E traga tanto o fogo quanto a lenha
Sabendo desfrutar cada segundo
Amor que nos liberta, nos cativa
Uma alma enamorada segue altiva
E ganha, sem temores todo o mundo...

Coração alvinegro tão sofrido

Coração alvinegro tão sofrido
Lembrando de outras dores do passado,
Durante tanto tempo condoído,
Pesando aqui do lado e magoado.
Por mais de duas décadas sem nada,
Sem ter sequer a comemoração
De um título, minha alma maltratada
Caindo pra segunda divisão...
A vida tantas vezes vem cobrando
Os erros do passado, companheiro.
Mas logo te verei recuperando
O rumo que perdeste por inteiro...
Banhando o coração pleno de glória,
Mudando com vigor a triste história

Sentir tua presença apaixonante

Sentir tua presença apaixonante
É ser feliz por certo, a vida inteira
Tu és a minha jóia um diamante
Que Deus me deu em glória derradeira,
Saber que para sempre teu amante
É mais do que mereço. Amor me queira
Em cada novo dia que nascer,
Em cada nova história no porvir,
Depois de tanto tempo padecer
A minha voz cansada de pedir,
Encontro o fabuloso amanhecer
E sei que isto ninguém vai impedir..
Tu és o meu destino, minha sina,
Morena venha ser minha menina...

Bem sei do sofrimento que te toma

Bem sei do sofrimento que te toma,
Amiga sempre é bom ter um alguém
Que junto com a gente sempre soma
E ajuda a superar quando a dor vem.
Às vezes nos achamos em redoma,
Sozinhos neste mundo sem ninguém...
Mas a presença forte da amizade
Nos traz uma esperança mais feliz.
Permite que se veja a claridade,
E o mundo que sonhamos, que se quis.
Não sofras estarei em realidade
Contigo pra sanar a cicatriz
Da dor que te devora sem dar tréguas,
Mesmo que esteja agora a tantas léguas...

Quero te ter agora em chama e brasa

Quero te ter agora em chama e brasa,
Unir nossos desejos sem demora,
Desfrute do meu corpo, tua casa,
A minha pele em ti já se decora
Insana tatuagem nos abrasa
Te quero em minha cama. Vem agora!
Tomando nossos corpos por reféns
Deste prazer voraz, insensatez.
Há tempos te chamei, que bom que vens,
Saber de teus caminhos, um por vez.
Na lúbrica vontade, tantos bens,
Não quero nem saber de lucidez...
Fazer amor contigo a noite inteira
Ardendo em nosso quarto, esta fogueira...

Pensamento galopa em liberdade

Pensamento galopa em liberdade
Entre mares, espaços céus e sons..
Em busca de alimento, claridade
Encontra em teu olhar os magos tons
Além do que pudera a realidade.
Amar é descobrir os vários dons
Das asas e dos sonhos que extasiam,
Trazendo tanta vida aos caminheiros.
Alados; nossos dias nos saciam
Refletem seus matizes verdadeiros...
E no caleidoscópio deste astral,
Mãos dadas, nós iremos sem receios
Ao êxtase divino e sem igual,
Atados pelos nossos devaneios...

No pomar dos desejos, bela fruta

No pomar dos desejos, bela fruta
Amada que se faz doce e tão terna.
Colheita que se pega e se desfruta;
Tristeza, com certeza, muda hiberna.
Na boca o vivo mel, cana caiana,
Nos seios, belas formas da romã.
Do jambo, a pele, a tez que já se ufana
As formas delicadas da maçã.
Assim como um sanhaço mata a fome
Em meio a tais delícias, não se cansa,
A vida o tempo inteiro se consome
Neste banquete imenso, nossa dança.
Contigo, meu amor, fruta gostosa;
Colheita se mostrando maviosa...

Por Deus o nosso amor foi contemplado

Por Deus o nosso amor foi contemplado,
A sina que nos une é muito forte.
Caminho sorridente do teu lado.
Contigo reconheço, tenho um norte.
Os olhos impregnados de futuro,
As mãos cultivam frutos condizentes,
Nosso ar vai se tornando bem mais puro,
Acalmam-se panteras e serpentes...
Vagamos por espaços bem mais leves;
Em mares mais serenos, calma areia
Eu peço que jamais retornem neves
Que calem este sol que nos clareia
E vamos, mãos atadas, destemor...
Vivendo na magia deste amor...

Querida, como é bom saber que existes

Querida, como é bom saber que existes
Tu és a redenção destes meus versos.
Às vezes te parecem bem mais tristes
Mas vivem em distintos universos.
Eu quero o teu sorriso e teu afago,
O teu carinho imenso, o teu sossego.
Na placidez serena deste lago,
Tu sabes como em ti eu tenho apego.
Deitar-me no teu colo, um horizonte
Vislumbro com total felicidade.
Bebendo calmamente nossa fonte
Que traz assim eterna mocidade...
Estar assim contigo, minha amiga,
Garante que esperança em mim, prossiga..

Procuro-te nas ruas e nos bares

Minhas mãos estão cansadas,
De procurar por carinho.
Perdido nas madrugadas,
Vou andando assim sozinho...

Procuro-te nas ruas e nos bares,
E nada de saber onde encontrar
Vestígios que deixaste ao lá passares
Nem sombra nem noticias, volto ao lar
Que foi um dia nosso como altares
Onde amor se entregava no luar,
Forrando nossa cama em constelares
Sonhos de poder sempre te adorar.
As mãos procuram em vão o teu carinho.
Distante de meu mundo onde andarás?
Cansado de viver aqui sozinho
Talvez alguma vez tu pensarás
Naquele que perdeu o seu caminho,
E assim, quem sabe, amor tu voltarás!

Bêbado dos teus olhos, louco amor

O amor entra pros olhos,
vai pro peito direitinho.
Amor embebeda a gente
como cachaça com vinho.


Bêbado dos teus olhos, louco amor
Que toca e me alucina, me inebria;
Trazendo a sensação deste torpor
Que ao mesmo tempo dói em alegria.
Amor que não permite recompor
O mundo que, bem antes, eu vivia.
Transgride, me domina e traz temor,
Clareia e me promete novo dia.
Amor, cachaça boa, embriagante;
Que como o vinho sempre amadurece
E torna nossa vida deslumbrante.
Bebendo amor em taça de cristal,
Mostra o valor imenso de uma prece
Louvada neste templo sensual...

Perguntas-me querida, por que fujo

Perguntas-me querida, por que fujo
Quando vens falar de casamento.
Desculpe mas entenda, o dito cujo
Só traz recordações de um mau momento.
Depois de procurar como um sabujo
Um bem com todo amor e sentimento;
Num jogo tão cruel, por vezes sujo,
A vida se tornou um sofrimento.
Aquela criatura que eu pensava
Que fosse companheira e tão amiga;
Aos poucos de tristezas me inundava
Trazendo em nosso estio, o frio inverno.
Agora depois disso tudo, diga:
Tu queres reviver aquele inferno?

A vida sem paixão, passa vazia...

A vida sem paixão, passa vazia...
Amar além, lutar pelo desejo.
Não temo mais a dura ventania
Quando quero encontrar o que prevejo.
Por mais que a noite surja só e fria,
Não quero mais limites no que vejo.
Rasgando meus temores, sei que um dia
Terei o que mais quero, sem ter pejo.
As marcas em meu corpo servirão
De troféus conquistados em batalhas.
Levando a minha vida com tesão
Trarei o meu destino em minhas mãos,
Mesmo no corte fundo das navalhas,
Até se estes meus sonhos forem vãos.

Na louca embriaguez de teu perfume

Na louca embriaguez de teu perfume
Que inalo cada vez que nos tocamos
Nos ápices tocando, vou ao cume
Roçando as cordilheiras. Nos amamos...
Atravessando os vales de costume
Chegando ao mar, num êxtase sangramos...
Esqueça minha amada, o teu ciúme
Se lembre quando juntos, levitamos...
Ausência de teu cheiro me sufoca,
Vontade de te ter pra sempre aqui
O vento tão suave que te toca
É o mesmo que me trouxe até teus braços.
Sem teu cantar, querida me perdi.
Meus olhos vão ficando cegos, baços.

Apaixonadamente quando beijo

Apaixonadamente quando beijo
A boca delicada de quem amo,
Demonstro quão é grande o meu desejo;
Amor nos escraviza; um querido amo.
Nos olhos; tanto brilho que me vejo
No espelho deste olhar. E nisso chamo
À festa prometida por um beijo
Que sempre desejei e tanto clamo.
As bocas que se tocam se entrelaçam
E buscam, tocam céu; corpo e delírio.
Nossos corpos tão próximos se caçam
As pernas se misturam nesta dança
Que faz deste desejo um bom martírio,
E o Nirvana, depois; a gente alcança...

Não te amo por que és bela; o tempo passa

Não te amo por que és bela; o tempo passa
E toma o que a natura te entregou.
O corpo é simplesmente uma carcaça
Que a maviosa tela emoldurou.
O dia vai passando e não disfarça
Mas o fundamental ele deixou.
A corda principal nunca se esgarça
Foi ela, meu amor; que nos atou.
Não amo-te também pelo prazer
Que sempre se arrefeça com o tempo.
Depois de tudo, amor para viver
Precisa de algo além que uma emoção.
Vencendo toda dor e contratempo,
Eu te amo. Não precisa explicação!

Bem sei que nunca mais terei teus braços,

Sentindo esse teu desdém,
Minha alma, mesmo arrasada,
Suplica: Queira-me bem,
Pois isto não custa nada...

Bem sei que nunca mais terei teus braços,
A dor que te causei não tem remédio...
Meus erros foram tantos e tão crassos
Desculpe se eu insisto em meu assédio.
Errante, pela vida, perco os passos,
E sei que estás cansada. Sou um tédio...
Mas quero que tu saibas destes laços.
Amor, o que será que mais impede-o?
As falhas cometidas? Meus enganos?
Ausência de teus lábios me matando...
Meus gritos solitários, desumanos...
Bem sei que não me queres, mas; porém,
Eu peço, com minha alma suplicando,
Me queira, pelo menos, algum bem...
Marcos Coutinho Loures
Marcos Loures

Aos olhos tão distantes do luar

Aos olhos tão distantes do luar
Deitando sobre a relva, enlanguescido.
Converso com estrelas e ganho ar
Voando sobre o sonho, decidido...
Talvez a minha sina; hei de encontrar
Nas ilusões do beijo prometido,
Nas gotas do sereno... Flutuar
Por sobre todo o mundo... Convencido
Do bem que um amor nos traz; pura alegria
Rompendo a madrugada em belo sonho.
Viver da mocidade, a fantasia
Que mostra num sorriso benfazejo
Um paraíso imenso e tão risonho
Que é feito de emoção e de desejo...

Todo amor que guardei só pra te dar

Todo amor que guardei só pra te dar
Não foi bastante, enfim, pr’a convencer
Que a gente está na vida para amar
Trazendo uma certeza de saber
Que tudo que vivemos vai passar
Somente amor irá sobreviver
No vento da esperança; no luar,
No dia tão gostoso de viver.
Dei-te meu coração, não o quiseste
Deite aqui do meu lado... Não vieste.
Eu quero, mesmo assim, que estejas bem...
Com quem tu escolheste ser feliz.
Embora nosso amor fosse o que eu quis.
Depois que a noite cai? O dia vem...

Jamais eu te esqueci, meu grande amor.

Jamais eu te esqueci, meu grande amor.
Tantas vezes chamei pelo teu nome
E nada...Tão somente; morta a flor,
O frio dentro da alma me consome...
Tentei deixei de amar. Que dissabor!
Nada mais faz que a vida eu já retome,
Imerso neste charco, em viva dor;
A solidão devora, a paz já some...
Mas sei que esta saudade me alimenta
De toda uma esperança sem sentido.
A tua voz distante representa
Um elo terminal em minha vida.
Sem ela com certeza, assim perdido,
Teria toda a sorte, decidida...

Estrada cujo norte às vezes nós perdemos

Estrada cujo norte às vezes nós perdemos
Trazendo algum lugar por onde não passei,
Um mundo bem diverso, ao qual não alcancei
Mostra-nos, minha amiga; o quanto não sabemos.
Nas curvas do caminho, o pouco que inda sei
Permite que se tente em busca de outros remos,
Mas mesmo assim; perceba o quase nada temos.
Fazenda da amizade a nossa norma e lei
Quem sabe, companheira, o dia virá manso.
No quanto que desejo o quanto não alcanço.
O quanto que pretendo, ouvindo o mesmo não.
Porém conto contigo, amiga verdadeira,
No braço que se estende; o rumo e a direção.
Deixando para trás a sorte trapaceira...

Um dia, enfim, sonhei com calmo porto

Um dia, enfim, sonhei com calmo porto
Depois de tanto tempo andando a esmo.
Destino tão vazio e quase morto,
O dia repetido, sempre o mesmo,
Achando que esperança me esquecera;
Teus olhos reluzindo sobre mim,
No brilho e no vigor da primavera
Encontro depois disso, amor enfim,
E sigo meu caminho sem ter medo
Sabendo que em teus braços tenho a sorte.
Viver felicidade é um segredo
Que faz a gente sempre ser mais forte.
Por isso, meu amor, nunca me esqueço
Do amor que tu me deste e não mereço...

Viemos das entranhas das Gerais

Viemos das entranhas das Gerais
No sangue violeiro uma esperança
Que adentrando profundo não sai mais,
No rosto que se queima força e dança,
Na busca da igualdade em santa paz,
Na broa com café, sapê, lembrança.
Viemos dos católicos batismos,
Dos dízimos, folias, reis, congadas.
Dos ricos e dos pobres, seus abismos,
Das cores matinais nas alvoradas,
Viemos deste sonho em liberdade
Do mesmo inconfidente do passado,
Do amor que resplandece em amizade,
Do sonho que merece ser sonhado.

Amor que se fez puro e enfeitiçou

Amor que se fez puro e enfeitiçou,
Gerando toda sorte de protestos.
Aos poucos nosso amor se agigantou
Em versos, em desejos, rumos gestos.
Por isso não se importe mais com isso,
A sorte está lançada, e venceremos.
Jardim que semeamos ganha viço
E juntos, neste amor, nós viveremos...
Que a vida nos sorria sem demora,
Quem sabe reconhece a vida boa
Que temos, não importa em qualquer hora
A tempestade vira uma garoa
A chuva já dispersa esse calor.
O sol que está nascendo? Encantador!

As mágoas; coleciono. E os dias desgraçados

As mágoas; coleciono. E os dias desgraçados
Arrastam-se por fim. Um sonho que eu tivera
De um mundo mais feliz, gozos abençoados
Morrendo pouco a pouco, impedem primavera.
Distante do que eu quis – a vida é dura fera
Quem dera se tivesse um rumo em novos fados.
Porém de nada vale angústia desta espera
Jamais irei saber de novos, belos prados...
Em lástimas traduzo o quanto que te quis.
O quanto que lutara, e nunca fui feliz...
Vagando pelo mundo, ausência de esperança.
A dor por companhia, um resto de ilusão
A noite chega fria e traz em solidão
O espelho de minha alma: apenas a lembrança...

Na casa de sopapo o cheiro do café

Na casa de sopapo o cheiro do café
Entrando na janela, a brisa da manhã
A roupa no varal, na missa, reza e fé.
E logo recomeça o mesmo e duro afã.
O galo que cantava encontra já de pé
A moça debruçada ao sol dum amanhã
O velho namorando um gole de rapé
Já sabe sem pecado, o gosto da maçã.
Na foto da parede, antigos moradores,
Amarelado sonho em prazeres e dores.
A moça coça a coxa, a saia levantada
O velho num olhar percebe a bela cena.
Lembrando da senhora em foto amarelada
Na coxa desta moça, o passado inda acena

Amor em amizade é pura paranoia

Amor em amizade é pura paranoia
Ao mesmo tempo goza e depois nos consola.
Esfrega o sentimento e vende a rara joia
Depois virando amor, já vai pisar na bola.
A força da amizade – igual a uma sequoia
No amor a dor presume e logo o corpo esfola.
Roubando quem acuda e joga enfim a boia,
Em amizade, amor, é beijo de pistola.
Já sei do teu segredo e sabes meu também
A tempestade chega e mostra quando alguém
Sem rumo e sem parada, espólio de si mesmo
Andando sem destino, encontra este vazio.
Na fantasia morro, e nela eu já me crio
Sem ter palavra amiga, eu ando agora a esmo...

Veneno que nos toma por inteiro

Veneno que nos toma por inteiro
Numa ébria sensação de bom torpor.
O amor, agora vês, é feiticeiro
E toma nosso corpo sem pudor.
Eu quero ser teu par e companheiro,
Estar junto contigo, ao teu dispor...
Fazendo do prazer canção e sorte,
Bebendo da saliva, doce mel,
Saudade latejando, fino corte.
Deitando em tua cama, tiro o véu;
Aos poucos, cavalgando, mato a morte
E chego bem mais perto, amor, do céu...
Veneno que bebemos ao amarmos,
No cálice dos corpos, ao brindarmos..

Brincarmos nestes campos delicados

Brincarmos nestes campos delicados,
Em meio a tentações e mil segredos.
Os olhos sem malícia misturados
Buscando desvendar tantos enredos
Que fazem dos meninos dedicados
Promessas de desejos e degredos...
Aos poucos, te tocando, a boca pede
A boca que me dê lábios tão quentes,
Retrato desenhado na parede,
Os corpos se procuram tão urgentes,
Menina receosa logo cede
E as tarde vão passando, são mais quentes...
No gosto da maçã, tão sem juízo,
Meninos descobrindo o paraíso...

Dê-me teu prazer, amor e gozo.

Dê-me teu prazer, amor e gozo.
Eu quero este mergulho sem vergonhas,
Meu corpo não mais vive temeroso
Sabendo que comigo sempre sonhas...
Desejo teu delírio e no antegozo
Pressinto nossas noites mais risonhas,
Teu amor me deixou muito orgulhoso
Agora travesseiros perdem fronhas!
E quero te trazer tantas delícias,
Abrir com chave mestra este teu cofre.
Não somos só poemas. Nem fictícias
Palavras que esse vento leva, vão...
Amor quando é gostoso, a gente sofre,
Mas vale todo o fogo da emoção.

Depois de saciada nossa sede

Depois de saciada nossa sede;
Exaustos, descansamos mais um pouco,
Na cama, numa esteira ou numa rede...
Recomeçar depois, amor tão louco
Que faz da fantasia a realidade,
Que torna uma alegria nosso mote.
Do amor que a gente vive de verdade
Entorno todo o mel, lambuzo o pote
E somos caminheiros incansáveis
Em buscas das diversas sensações
Delícias são demais! Intermináveis!
Explodem nas vontades, nas paixões...
Devoras, fera insana e me inebrias...
Nas noites, nas manhãs, todos os dias...

Um negro véu recobre a noite mais sombria

Um negro véu recobre a noite mais sombria
Mudando com certeza o rumo desta lua,
Ao medo da batalha, aos poucos já recua
E foge em desespero esperando outro dia
Que sei que não virá nem tampouco viria
Sabendo da mortalha aonde ela flutua.
O palco onde esta atriz em morbidez atua.
Nos olhos de quem vê amor vira sangria.
No hálito desta fera o bafejo cruel
Da crua morbidez, mortalhas, fogaréu...
Lua que se faz vaga, inconstância venal
Uma alma feminina em instabilidade.
No brilho mais fugaz quer a felicidade
Atada ao seu desejo, atroz e sensual...

Arranco esta emoção e esmago o velho peito

Arranco esta emoção e esmago o velho peito,
Matando o que restou de um louco sentimento.
Quem tanto se entregou, agora vai sem jeito
Depois da tempestade apenas manso vento
Tomando qual posseiro, inteiro o pensamento.
Qual fosse um viajante a cada curva espreito,
Aguardo, tocaiando, um novo e bom momento
Aonde em salto livre, invada o parapeito
E sinto, finalmente, o gozo libertário
Que faz do amor sereno apenas ilusão.
Não quero esta palavra algoz de um coração.
Arrancando de mim o cruel adversário
Meu verso se faz forte e até mesmo mais duro
Ao despolinizar, tornando-me, enfim, puro...

Num aguilhão feroz a vida se faz alvo

Num aguilhão feroz a vida se faz alvo
Dos risos que não dou, tampouco procurava.
Andando sem caminho é que me encontro a salvo
Sem mares ou montanha, apenas fogo e lava.
Meu sonho em largo monte, estranho e quase calvo
Malditas ilusões nas quais eu me lavava
No grito que não nego, agora eu já me salvo
Enquanto ao mesmo tempo o nada me encontrava
E me salgo nessa alga algoz sargaço meu
O nada que eu buscara em mim mesmo morreu.
Apenas restará de certo, esta amizade.
Nos olhos feitos jade, o brilho sertanejo
Espalhando alegria e sei mesmo o verdejo
Que possa resumir; enfim: felicidade!

Imensas catedrais distantes dos meus sonhos

Imensas catedrais distantes dos meus sonhos
Intensos vendavais resumem serenatas.
Às vezes me esquecendo o quanto são medonhos
Os dias em que durmo além das luas pratas.
Por vezes sei o quanto em meus versos bisonhos
Os rios negam mar, porejam nas cascatas
Enfronho o meu desejo ao passo em que, risonhos,
De cálices desfruto ouvindo tais sonatas
Emergidas do nada, alcançando os ouvidos,
E traduzindo o quanto em nada eu me criei.
Nos gládios deste sonho, o barco naufragado
O passo já previsto, os olhos nos olvidos
Deixando para trás o que pensara lei.
Amiga; por semente, o vaso já quebrado

A glória que se faz um pouco a cada dia

A glória que se faz um pouco a cada dia
Explode nesta data, alvissareira e bela
Aonde o coração transborda em alegria
E todo o grande amor, por ti já se revela.
Querida, Deus demonstra o quanto propicia
Ao homem, ser ingrato; empresta nau e vela
Trazendo em boa sorte a chama que luzia
E o destino da gente, alvissareiro, sela.
No teu aniversário eu quero te dizer
Do quanto é necessário à vida o bom prazer
De termos lado a lado, alguém que nos permita
Um sonho tão bonito, à luz da liberdade
Que possa enfim nos dar total felicidade.
Mudando em paz imensa história e sina escrita...

Amor em plenilúnio- o gozo da crisálida

Amor em plenilúnio- o gozo da crisálida
Que quando se transforma: esbelta borboleta
Deixando para trás a vida outrora pálida
Respira a plenitude e faz que se cometa
Um ato transparente em forma rara e cálida
Em sua magnitude, o sonho de um poeta
Tornando uma esperança, assim, deveras válida
Beleza que se expressa impávida e completa.
Noctâmbulo disfarce em lua derramado,
Amor é feito assim, crisálida de fato
Sobeja majestade, o meu jardim em flores.
Vivendo essa alegria, andando lado a lado,
Guardando no meu peito o mais belo retrato:
Da larva original: uma explosão de cores!

Transcendental desejo, o ramo destas flores

Transcendental desejo, o ramo destas flores
Na tóxica ilusão, um riso se permite.
Não tendo mais caminho aguardo teus olores
E o medo não se mostra, embora tanto grite.
Não quero te seguir nem mesmo aonde fores
Nem tanto o quanto quis, nem fogo que me agite
Apenas não suporto o manto feito em dores
Que corte mais profano, e vença este palpite.
Olhando para outrora; eu vejo um arvoredo
Vencido pelo fogo, apenas troncos velhos.
E nele mal reparo, o quanto dos espelhos
Centelhas do que fui, e morri desde cedo.
Mas amo tolamente a quem nunca me quis.
E incrível que pareça. Assim eu sou feliz!

Rascunhos do que sou - apenas um abjeto

Rascunhos do que sou - apenas um abjeto
Sonhador expondo os olhos na vidraça.
Um torporosamente e inútil vago inseto
Andando pela casa, um tolo passo traça.
No amor- este insensato- o meu verso incorreto
Um dia morrerá na vida que esfumaça
No engodo digerido, a sensação do feto
Abortado (indefeso) e mostrado na praça.
Meu canto heterogêneo impede que eu prossiga
Com alguma firmeza. Escusas eu te peço
Por ser assim, fugaz. Uma emoção antiga
Grifada há tanto tempo em letras garrafais
Indica o descaminho onde cada tropeço
Será mostrado, enfim, em meus versos boçais...

Quem dera se ela fosse a mesma o tempo inteiro

Quem dera se ela fosse a mesma o tempo inteiro
A moça faz a festa e deixa por promessa
Um riso que eu bem sei jamais foi verdadeiro,
O quanto que eu errei meu bem já me confessa
Não tendo, na verdade, a tinta no tinteiro
Depois de certo tempo eu não tendo mais pressa
Não quero mais sentir da moça nem o cheiro.
A marca que deixou, doeu demais, à beça.
Amor não tendo tédio é sempre mais gostoso,
Porém se é feito em farpa, amor é perigoso,
Morrendo em nascedouro, esquece-se do encanto.
Desembestei o sonho em busca da morena.
No fundo não queria. Eu sei, não vale à pena;
Mas finjo que inda gosto; embora eu goste tanto

Morena ao molho pardo, um gosto genial.

Morena ao molho pardo, um gosto genial.
Depois de certo tempo, eu sei que isto fascina,
A boca desejada, o ciclo menstrual
Não tendo na verdade, alguém que me domina
Mergulho no teu corpo a trama sensual
E bebo gota a gota, o jeito da menina
Que traz no paraíso um gosto especial
Na rubra serventia, o quanto determina...
Não deixo de querer tampouco de buscar
O nosso bel prazer em lua, céu e mar,
Mas vejo que esta lua, a deusa avermelhada
Deitando bela e nua envolta nos lençóis,
Na flama que irradia, uma explosões de sóis,
Tornando a nossa noite, assim, ruborizada...

Primícias deste enredo em dom partenogênico

Primícias deste enredo em dom partenogênico
Amor em Mar del Plata em argentina lua.
Na súbita emoção, dispara o pobre frênico
Taquipnéia ao te ver qual deusa seminua.
Num jogo sensual, embora seja cênico
A marca da pantera exposta em carne crua,
Embebedando o gozo em amor ecumênico
Dispara num orgasmo e assim, logo flutua.
Tetânica paixão, convulsa traz em trismo
A força que compele, atraindo ao abismo
Dois corpos que se dão em atos insensatos.
Hercúlea tentação, catódios com anódios
Deixando para trás, os mais algozes ódios
Depois do lero-lero, eu a levo pros matos...

Vetustas ilusões argúcias de amoníaco.

Vetustas ilusões argúcias de amoníaco.
Na cárpica loucura o gesto embalsamado.
Estrídulo revolto em mar que demoníaco
Depois de cada jogo adentra este alambrado.
Não quero ser vestal nem mesmo hipocondríaco
Afônica vontade em gozo retumbado
Agônico prazer de um bom afrodisíaco...
Trazendo num esgar amor enquarquilhado...
Dizia do teu ar esquálida figura
Na erétil sensação do orgástico desejo.
Na lúbrica fornalha aqueço com bravura
E deixo que se esgote esta salinidade,
Vem logo bem sacana, aguardo cada beijo
Que a noite é toda nossa e o gozo é de verdade...

Beijar a tua boca, a mais sedenta delas,

Beijar a tua boca, a mais sedenta delas,
Eu sei que ficas rouca ao gritar palavrões
No quanto que me dás, assim já me revelas
O quanto se consegue em doces tentações.
Não quero mais repúdio e nem tampouco velas
Acenda esta fornalha e veja aos borbotões
Chegando na umidade aonde as tramas selas
Selando lado a lado o gozo das paixões...
Na parte que me cabe enteso minha armada,
Na parte que te cabe as ancas e os quadris
Mexendo sem descanso a ponte está molhada
E quer uma avalanche em lanches e jantares.
Estrelas vão passando. Estou bem mais feliz,
Voando deste jeito eu já verei Antares...

Há momentos na vida em que eu assim pergunto

Há momentos na vida em que eu assim pergunto
Se o gozo é pertinente ao amor em conjunto.
Prazer quando inerente é sempre um bom motivo
Que nos permite sempre embrenhar nos altares
Aonde se mistura o fino dos jantares
Banquete pelo qual eu gozo e sobrevivo...
Eu sei que o paladar pode ser meio estranho
Mas mal a noite acaba e começa a cobiça
O coração dispara andando quase fanho
E vê depois de tudo, o quanto a vida viça
O cheiro é nauseabundo e dele já me entranho,
Há gente que prefere até comer cortiça
Porém o que fazer, se eu tenho o mal tamanho
De preferir, querida, um prato de carniça?

Declaração de amor que faço a ti, ó bela.

Declaração de amor que faço a ti, ó bela.
Permite que se entenda a luz desta manhã
Que ao coração amante, em lumes se revela,
Mostrando à vida em sonho, a força de um Titã.
As vidas prosseguindo em senda paralela
No gozo mais fecundo, o nosso louco afã
Tua beleza expressa a graça da gazela,
Joguemos nesta noite o logro da maçã.
Fazendo para ti, meus versos em soneto,
Queimando em tentação, centelhas num graveto
Incendiando a casa um fogo sem igual.
No passo que persigo, encontro os teus sinais
Pegadas que encontrei, caminhos magistrais
No corpo desta fera, a bela sensual...

Desfilas nesta noite uma constelação

Desfilas nesta noite uma constelação
Desnuda em minha cama – estrelas derramadas,
Permitem que se tenha em cores, explosão.
Debaixo dos lençóis as chamas deflagradas
Explodem em desejo, a fome da paixão
Rendido a tal insânia eu rolo mil escadas
Tropeço no infinito e caio em tentação
Bebendo gota a gata em gozos e tragadas...
A fada já faz cena em arroubos sutis,
Fagulhas acionando incêndios sensuais
Posseiro deste enredo, eu sinto-me feliz
Arrombo uma porteira, invado o matagal,
Na sanha que se mostra, eu quero sempre mais,
Tocando e descobrindo este teu mapa. Astral...

Bem sei que terminamos nosso caso...

Vírgulas da minha vida,
Ponto final da paixão,
Dois pontos: a despedida.
Meu amor; exclamação!


Bem sei que terminamos nosso caso...
A vida continua mesmo assim,
Sem medos ou temores, findo o prazo
Renovo todo amor que existe em mim.
Depois da tempestade, nesse ocaso,
Não tinha solução. Melhor o fim
Do que viver sangrando. Lago raso
Na seca já morreu; te digo: enfim!
Apenas o que sobra é uma certeza
De que nada que vivemos foi à toa.
E fora do castelo, uma princesa
Precisa de mais sorte e lealdade,
Não quero te dizer que a vida é boa,
Mas peço, por favor, sem ter saudade...

Amada, como espero esse momento

Amada, como espero esse momento
com tal felicidade no meu peito.
Entrego todo amor e sentimento
pois sei que ser feliz é meu direito.
Não quero mais do fel, tormento
nem quero mais seguir insatisfeito.
Teu nome vem chegando pelo vento,
tocando o coração. Amor,aceito
o teu carinho, sempre redentor,
é lume que me guia pela vida.
Destrói o que se fora triste dor;
refaz minha esperança dia a dia,
por isso é contigo amor, querida,
pretendo me entregar à fantasia.

Quem dera se eu pudesse prosseguir

Quem dera se eu pudesse prosseguir
Ao lado da morena mais formosa
Que um dia conheci. Mas é pedir
Demais à minha sorte caprichosa!
Tu és além do que posso sentir
Perfume delicado em rara rosa.
O vento da promessa me diz tudo,
Chegou o meu final da primavera.
No canto da esperança não me iludo
A vida se passou sem ter espera.
Um coração tão velho fica mudo,
Aguarda o meu final. Ah! Quem me dera!
Minha alma também saiba; é toda tua...
Meu pensamento livre inda flutua....

Saudades de te ter aqui comigo

Saudades de te ter aqui comigo,
Sentir a tua boca junto à minha.
Às vezes quero crer, mas não consigo
Que faço tão distante? O tempo vinha
Sem ter tua presença, meu abrigo.
Saudade no meu peito quando aninha,
Lembro-me, cada beijo que te dei,
Suspiros tão profundos; noites vãs,
Por ruas mais escuras eu vaguei
Na espera de outros sóis, outras manhãs.
Agora finalmente te encontrei
As horas não serão jamais malsãs.
E quero que tu saibas disso, amada
A vida sem te ter é quase um nada...

Flor do meu sonho, bela mensageira,

Flor do meu sonho, bela mensageira,
Aberta nas noturnas fantasias...
Acorda tanto amor, és verdadeira
Fada! No teu perfume me extasias!
Mergulho em teu prazer qual cachoeira,
Mudando num segundo duros dias,
Segredos que me contas, companheira,
São mágicas ternuras, alegrias...
Meu sonho quis conter esse jardim,
Das rosas, monsenhores e camélias...
Quem dera nunca mais tivesse fim...
As flores que mergulhas no meu sonho,
Estrelitzas, begônias e bromélias,
O jardim dos amores que componho...

Falando em pensamento meu amigo

Falando em pensamento meu amigo
Por tantas vezes, fugirei de ti...
Acumulando sem querer, comigo;
As horas tristes que sequer vivi...
Pensei poder, te revelar o abrigo,
Onde procuro me esconder, mas vi
Teus olhos tomam toda a casa aqui.
Me perseguindo mas, audaz, prossigo...
Meu pensamento, tal quimera viva,
És, no meu porto mais seguro, estiva
E cais, jamais eu poderei fugir...
Pensando assim, já procurei meu mundo,
Mas, vens depressa, machucando fundo;
A paz espero, não consigo agir...

Assim como este canto redentor

Assim como este canto redentor
Que faz de nossos dias novo sonho,
Vibrando no meu peito tanto amor
Além de todo mar que te proponho,
Sorriso tão gostoso e sedutor
De um mundo mais feliz e mais risonho;
Sentindo o teu carinho apaixonante,
Sentindo tua boca perfumada,
Não deixo de te amar a cada instante,
Tu és em minha vida uma alvorada
Que traz em forte sol tão radiante
A vida que eu queria, minha amada...
Contigo, nova vida se apresenta
No amor que a cada dia mais aumenta...

A noite que me trouxe teu olhar

A noite que me trouxe teu olhar,
Já partiu sem sequer dizer adeus,
Saudade fez adeus dos olhos meus,
Não quero enfim morrer de tanto amar
Cansado de esperanças esperar
Jogado sob as trevas, negros breus
Quem não acreditava, olhos ateus;
Pudesse um dia; cego, procurar,
Pelas vielas; luzes mais audazes,
Quem sempre deparou-se com mordazes
Pesadelos, buscando pela paz;
E agora, quando achava-me capaz,
De saber finalmente amor sereno,
A vida me inocula o seu veneno...

Talvez inda pudesse te dizer

Talvez inda pudesse te dizer
Da sensação cruel de uma saudade.
Falar que sem amor, melhor morrer.
Viver sem ter ao menos claridade.
Jamais eu saberia quem há de
Informar a esse louco sem por que
Em que canto, em que rua da cidade
Em que tempo ele soube te perder.
Palavras são terríveis e nefastas
Agora que meu sonho eu já perdi.
Quanto mais procuro, mais te afastas;
Felicidade? Eu creio que esqueci.
Ao menos se quisesses me escutar...
Porém não há mais nada pra falar...

Amor; por certo um mote delicado

Amor; por certo um mote delicado
Criando uma corrente benfazeja.
Verdejando esperança em raro prado
É mais do que se pensa e se deseja.
Se vivo por amar, amor foi dado
A quem a boa sorte sempre beija.
Por mais que a vida traga insensatez
E faça do meu dia amargo e frio,
Uma alegria sopra e assim, talvez;
Meu mundo não se torne tão vazio.
Amor jamais permite pequenez
Clareia um sentimento mais sombrio...
É bom te ter por perto me aquecendo,
Em cada verso teu vou renascendo..

Quero alimentar-me de ti! SOL FIGUEIRED0 e marcos loures

Quero alimentar-me de ti! SOL FIGUEIRED0 e marcos loures

Amor, a cada novo amanhecer,
Quero alimentar-me de ti,
Extasiar todo o meu viver,
Calor contigo, reparti!

Tu estás sempre em meu ser,
Minha paz sem ti já perdi,
Iluminas meu adormecer...
Que só contigo eu vivi!

Amanheces em mim a cada dia,
Trazendo amor em euforia,
Amando-me intensamente...

Alimento-me de tua alegria,
Se estou em tua companhia...
A fome, sacio plenamente!

© SOL Figueiredo

Matando a minha sede, a minha fome
No doce desenhar de cada instante
E quanto deste encanto se garante
No amor que a cada dia nos consome,

O sonho quando tome cerque e dome
Permite que se veja doravante
Momento sem igual, pois deslumbrante,
E nisto força enfim se some

E multiplique o gozo sem igual
Do quanto possa além fenomenal
Caminho que concebo junto a ti,

E sei que te encontrando, com certeza,
A vida se moldando em tal beleza
Traduz todo este anseio que eu pedi.