61
Fazendo os meus caminhos desvalidos
O tempo sonegando festa e gala
Raivosa a noite imensa em seus bramidos,
Num momento cruel, assim me abala,
Dos sonhos e caminhos percorridos,
A dor vai aumentando em alta escala,
Meus dias vão perdendo os seus sentidos,
À dor que me invadiu, nada se iguala.
Quem dera se eu pudesse – esperança.
Porém esta saudade é fina lança.
Um fogo que nos queima, mais ligeiro
Do amor que tanto quis e nada resta
A solidão temível, sorte gesta
Saudade me tomando por inteiro...
Marcos Loures
62
Fazendo o seu altar dentro de mim,
Saudade, mesmo atroz é tão querida,
Embora tantas vezes dolorida
Recorda cada dia de onde eu vim.
Do quanto que eu já tive; chega assim
E não deixa distante ou esquecida
A sombra da lembrança de outra vida
Tomando mansamente o meu jardim...
Imagem da mulher que em fantasia
Na silhueta bela e tão esguia
Guardada eternamente, jamais muda.
O quanto é necessário perceber
Nas rotas da saudade, este prazer
Miragem que em tortura, nos ajuda...
Marcos Loures
63
Fazendo novamente a tentativa
De ser bem mais feliz em triste vida.
Uma palavra mansa e mais altiva
Mostrando ser talvez nossa saída.
Que toda uma tristeza já nos priva
Da sorte que queríamos perdida...
Mas eis que nos teus braços, alma viva
Percebo esta amizade bem vivida.
Querendo adormecer o sofrimento
Exalto em cada verso o teu carinho.
Depois de percorrido duro vento
Encontro, minha amiga, face a face,
Um delicado e doce, tinto vinho,
Que ao menos esta dor já se disfarce...
64
Fazendo nossa cama de jornais,
Deitando mansamente sobre a relva,
Tramando nossos sonhos, quero mais,
Amor vai embrenhando nossa selva...
Amor vai emprenhando nosso sonho,
Amor vai empenhando essa palavra.
Amor se emaranhando mais risonho,
Amor elaborando cada lavra...
Amor se esparramando pelo mundo,
Amor se entrelaçando em nossos braços,
Amor se enveredando num segundo
Buscando em entrelinhas nossos laços...
Eu faço nosso amor sem embaraço,
Nas rendas e nos sonhos, nosso espaço
65
Fazendo nossa cama de jornais,
Deitando mansamente sobre a relva,
Tramando nossos sonhos, quero mais,
Amor vai embrenhando nossa selva...
Amor vai emprenhando nosso sonho,
Amor vai empenhando essa palavra.
Amor se emaranhando mais risonho,
Amor elaborando cada lavra...
Amor se esparramando pelo mundo,
Amor se entrelaçando em nossos braços,
Amor se enveredando num segundo
Buscando em entrelinhas nossos laços...
Eu faço nosso amor sem embaraço,
Nas rendas e nos sonhos, nosso espaço
66
Fazer-te dos meus cantos, galanteios,
Versando sobre a luz que nos permita
Saber de cada fonte a mais bonita,
Descendo o meu olhar sobre teus seios.
O quanto é suscetível cada anseio
Encontro a fantasia em tal pepita,
O amor quando demais que se repita
Deixando o sofrimento vão e alheio.
Retoques com buril nesta escultura
Aonde eu pude enfim saber da sorte,
Desejo que nos toca e nos depura
Eterna sensação de convergência,
Unindo com prazer no mesmo Norte
Uníssona canção, bela cadência...
67
Fazer os meus sonetos sem algemas,
Ariscos pensamentos; não detenho,
O gosto do prazer, ledo e ferrenho,
Pulula sobre os velhos, mortos temas.
A noite ao desfilar tais diademas,
Desnuda o paraíso de onde venho,
E sei que na verdade nada tenho,
Abortos sonegaram piracemas.
Eu vejo o meu retrato neste espelho
E sinto decomposta, a minha imagem.
Jamais escutarei qualquer conselho,
Postulo amanhecer que não virá,
Falar sem ter segredos, tais bobagens,
É tudo o que inda resta, desde já.
68
Fazer figuração em tua vida?
Perdoe, mas não posso te seguir,
A cada novo verso a despedida
Impede o coração de prosseguir.
Porém se eu vejo em ti, sinceridade
Eu quero mergulhar sem ter bloqueios
Sentindo este calor que agora invade
Roçar com meus desejos, belos seios...
Tocar a sinfonia dos desejos
Ouvindo cada acorde, mansamente,
Rondando o Paraíso sem ter pejos,
Imerso em teu carinho que envolvente
Permite uma visagem multicor,
Do plurifacetário e insano amor...
Marcos Loures
69
Fazer do nosso amor, delícia em gozo,
Numa explosão intensa, vendaval.
Amor que a gente faz, sempre gostoso,
Teu corpo delicado e sensual.
Recebo o teu querer voluptuoso
E peço, novamente tudo igual.
Num jogo tão audaz, tempestuoso,
Desejo a transbordar, voraz, carnal.
Numa explosão de luzes, chafarizes,
Sabemos quanto somos mais felizes
Deixando para trás qualquer marasmo.
Sou teu e me lambuzo em teu rocio,
Em toda esta loucura eu me vicio
Querendo essa delícia a cada orgasmo...
6970
Fazer do nosso amor uma utopia
Fantástica viagem pelo espaço
Moldando nossa vida em alegria
Eu busco, meu amor o teu abraço.
Acendes dentro em mim a fantasia
De um dia ter perfeito cada passo
No verso que fazemos, cantoria,
Cada palavra aumenta mais o laço
Que é sempre benfazejo e mais profundo,
Assim já descobrimos liberdade
Voando um sentimento pelo mundo
Nas ondas da esperança duradoura.
Quem vive em pleno amor; felicidade;
Conhece a perfeição em que se doura...
Marcos Loures
71
Fazer deste jazigo o meu escudo
Calando o coração que já se atreve
Estimo a tua face em alva neve
E sigo o teu caminho, nunca mudo.
Servil aos teus desejos, não me iludo,
O coração soturno não faz greve
Por mais que o sofrimento, sonho ceve
Mergulho nesta insânia e vou com tudo.
Contudo ainda teimas em não crer
No quanto é forte intenso o sentimento.
Senhora dos meus dias, meu alento
É quando desfilando o teu prazer,
Mesmo que desdenhosa me percebes,
Seguindo passo a passo em tuas sebes...
72
fazer de teu desejo
o meu desejo pleno,
roçando em cada beijo
tomando o teu veneno,
futuro assim prevejo
decerto mais ameno
no fogo em relampejo,
na chuva e no sereno.
Deitar em tua cama
complemente teu
meu mundo em tua chama,
fogueiras acendeu,
decifro cada trama
teu corpo é todo meu...
Marcos Loures
73
Fazer de nosso amor, uma amizade
Aonde o chão permita ter firmeza,
Trazendo deste amor fina beleza,
E da amizade a calma claridade.
Jamais te ocultarei qualquer verdade,
E em cada amanhecer, a sutileza
Sabendo dirimir qualquer tristeza
E ter acima disto, a lealdade.
Amada, minha amiga companheira,
Meus passos procurando amenizar
A dura caminhada à derradeira
Montanha que termos que enfrentar.
Que a morte, cordilheira inevitável,
Demonstre nosso amor, insuperável...
74
Fazer de cada noite uma tocaia
Aonde nós sejamos fera e caça,
Não deixe a saudade enfim nos traia,
Pois saiba que este fogo nos realça,
O vento da paixão levanta a saia
E mostra em coxas grossas o que se passa
Nas nossas aventuras. Na gandaia
Eu quero ter teu fogo, ser fumaça...
Amando em tal insânia, combustão,
Airosa tempestade sem aceros,
Desfazem-se pudores e vergonhas.
Entregas sem limite ou precaução
Profundos e profanos, quase feros
Os gozos com que eu sonho que tu sonhas...
Marcos Loures
75
Fazer da poesia uma cachaça
Enquanto o tempo passa na janela,
O encanto que teu verso me revela
E a vida pouco a pouco se esfumaça.
Mineiro coração deseja a praça
E a noite no sertão, sempre tão bela
Acende uma emoção, dourando a tela
O amor de um sonhador mantendo a graça.
Meu verso enferrujado e com artrose,
Por mais que a fantasia perca a dose
Ainda faz das suas, eu garanto...
Querido companheiro; serenatas,
Parecem aos neófitos bravatas
A lua se escondeu sob neon manto...
76
Fazer da poesia pão e mesa,
Sentir o vento forte que virá
Trazer com toda sorte, uma surpresa
Da vida que renasce desde já.
Os olhos de quem ama e não despreza
Faróis nos quais a glória brilhará,
Eu quero o teu carinho com destreza
Colheita que o amor transformará
Tornando o nosso canto bem mais leve,
O verso enamorado já se atreve
A ter em multicores um mosaico,
Por mais que os arabescos desenhaste,
Beleza faz com dor raro contraste,
Traduzes meu escrito em aramaico...
Marcos Loures
77
Fazer chover é tudo o que mais quero
Se a seca dos meus olhos não termina
A sorte de uma nova concubina
Permite o coração ficar mais fero.
Seria muito bom, sendo sincero
Que ainda resistisse fonte e mina,
Não quero ser jogado na latrina
Tampouco a morte em vida; ainda espero.
Legado que carrego dos meus pais,
Angustiosamente em vendavais
Tirar dos meus varais as velhas vestes.
Não posso me conter ao ver quão frágil
É quem se imaginando arisco ou ágil
Não traz sequer os sonhos que me destes...
78
Elefante de zoológico em Israel mata companheira esmagada
Fonte G1
Fazer amor! Uma arte, na verdade.
Mistura sutileza com carinho,
Proporcionando assim, felicidade
Do paraíso eu sei, melhor caminho.
Porém quando já traz brutalidade
Às vezes vai por outro, mal, caminho.
Ser gordo; no prazer duplicidade
Mas não dá pra mexer nenhum olhinho...
Eu sei por que pesei mais de cem quilos,
Agora estou até bem elegante
Já tenho até cintura bem marcada.
Não quero que sejamos, pois pupilos
Daquele carinhoso e doce amante
Que deixou companheira estraçalhada...
79
Fazendo uma alegria ser constante
Meu verso te procura vida afora.
Se a chuva vai caindo desde agora
O sol renascerá em novo instante.
Não tendo mais o riso de um farsante
O tempo que virá nos revigora
E mesmo sem a lua amor decora
A nossa madrugada inebriante.
O verso que dedico ao nosso amor,
Tocando com carinho e com vigor
As mãos que se procuram mansamente.
Assim que o dia aqueça nosso quarto
Ao encontrar meu corpo exposto e farto
Decerto irá brilhar mais plenamente.
Marcos Loures
6980
Fazendo toda a festa
Debaixo das cobertas
Vontade em que se atesta
As portas vão abertas.
Abarrotadamente
Não temos nem fastio
Deitando vorazmente
A sossegar o cio
Querendo sem descanso
As bocas prometidas.
No fogo em que eu avanço
Carícias permitidas.
Eu quero esta fogueira
Acesa a noite inteira...
Marcos Loures
81
Fazendo sons agudos pela casa,
Caminha a moça tola que não sabe
Que toda a poesia já não cabe
No rosto que a saudade quer e abrasa.
No quanto a vida às vezes se defasa
O sabre do passado antes que acabe
Faz toda a serventia que desabe
O vento que jamais, voraz, se atrasa.
No quanto amor se faz em desafeto,
O cheiro do perfume predileto
Ainda penetrando nas narinas...
Seria o que a sereia não será
A trama que este canto moldará
Das coxas tão roliças das meninas...
Marcos Loures
82
Fazendo rebrilhar um sonho bom
Depois da negra noite em minha vida,
Promessa de se ter em novo tom
Manhã tão benfazeja ressurgida.
Não sei o quanto tenho que sonhar
Tampouco quanto tenho que pedir,
O vento que chegando deste mar
Não pode na verdade me impedir
De ter um canto amigo e mais liberto
Vencendo as ventanias do passado.
O passo se promete ser decerto;
Mais firme; corajoso e delicado.
O coração outrora tão partido,
Nos laços da amizade, decidido!
83
Fazendo do vazio, a sorte e lei,
Não tenho mais motivos pra sonhar,
O tempo em que distante mergulhei
Secou completamente todo o mar.
Por mais que tantas vezes naveguei,
No fundo nada tenho pra contar,
Apenas esquecido, naufraguei,
Não tenho mais sequer onde buscar
Um último desejo, um dia manso.
Olhar para o passado, quando lanço
Demonstra este vazio extenuante.
Fazendo da ironia a minha lança,
Sem ter o que sonhar, sem ter lembrança,
Sarcástico o meu verso é mais constante.
Marcos Loures
84
Fazendo do vazio o meu colchão
Eu deito uma esperança que não veio,
Espalho em meus caminhos tal receio
Não vejo mais sequer a viração.
O canto se esqueceu lá no porão
Do barco que se fez em puro anseio.
O fogo da paixão; jamais ateio
Vivendo sem sequer ter subvenção.
À noite muitas vezes me demoro,
Olhando para o céu ao qual imploro
Apenas um caminho a se mostrar.
Porém o pensamento se desvia
E passa a noite inteira em fantasia,
Seguindo cada raio do luar.
Marcos Loures
85
Fazendo do teu modo, do teu jeito,
Tu trazes o meu peito todo em festa,
Eu vivo, na verdade satisfeito
Do quanto que inda tenho e o que me resta
Vivendo o que percebo é de direito,
Amor quanto em amor amores gesta.
Mecânicas palavras escondidas
Em trâmites diversos já percorro
As mãos que se mostraram decididas,
Prefaciando as luzes e o socorro
Mudando num momento as nossas vidas
Trazendo mil prazeres; gozo em jorro.
Nos morros da alegria, um alpinista,
Encontra a mais sublime e bela vista...
Marcos Loures
86
Fazendo do prazer, o nosso abrigo,
Encontro as feras todas que eu buscava,
Vivendo sem limites, vou contigo
Viagem que permite intensa lava.
Amor sem servidão pleno em delícias
Cativa enquanto fere em beijo e fogo,
Vulcânica explosão, loucas sevícias
Tomando num momento, o nosso jogo.
Sem rogos, sem temores, mas audaz.
Voracidade em fúria desmedida,
Do quanto é necessária calma e paz
Loucura transtornado a nossa vida.
As noites entre chamas são eternas,
Num turbilhão de braços, coxas, pernas.
Marcos Loures
87
Fazendo do meu verso contraponto
Estampo o coração com mágoa e riso
Enquanto na verdade não apronto
O muito em quase nada sintetizo.
Quebra cabeças, tolo, não remonto
Das dores e sorrisos, me imunizo
Só peço que tu faças um desconto,
Ladrilhos de minha alma aromatizo.
Inclusos, os meus sisos dão trabalho
Se eu falho ou se depois não me retalho
A culpa no final é sempre minha.
Meu verso sem juízo e sem perdão
De todas as loucuras, tradução
Nos braços da ilusão, se quer, se aninha...
Marcos Loures
88
Fazendo do meu peito, batucada;
Paixão desembestou ladeira abaixo...
Agora quê que faço minha amada,
Se meu caminho perco e não mais acho...
Riacho que me trouxe ao teu regato,
De fato já perdi, já foi embora...
Demora vou perder amor de fato,
No fato deste amor achar demora...
Agora se não faço mais um verso
Diverso deste tema que me entranha
Estranho se por fim ficar disperso
Te peço, meu amor, vida tamanha...
Tamanho deste amor? Não sei mais não,
Só sei que transbordou meu coração!
89
Fazendo do meu peito um turbilhão
Antigas mariposas vão libertas,
As horas e a paragens são incertas,
A luz vai demonstrando a direção.
Fartura que se foi traz negação,
Janelas com certeza estão abertas,
Porém quando do sonho tu desertas
Impedem realmente a solução.
Falenas nesta noite em luz tão vária
A cada nova senda temerária
Na sede que se faz sem água ou sumo,
Perdidas totalmente em vaga-lumes,
Nas tantas sensações, vários perfumes,
Levadas pela dor seguem sem rumo.
Marcos Loures
6990
Fazendo do meu canto um instrumento
Que dê algum prazer ou alegria,
Servindo pr’a quem canta de um alento
Trazendo pr’a quem ouve a fantasia.
Meu verso passa a ser um instrumento
Que traz dentro de si a sintonia
Perfeita e minimiza o sofrimento.
Num mundo que bem sei ser utopia
Por isso canto amor, louvo a amizade;
Meu canto talvez seja outro retrato
Diverso dessa dura realidade.
Desculpe, meu amigo, se isso traz
Distâncias entre o sonho e o triste fato.
À guerra eu preferi a santa paz...
91
Fazendo do canto
O meu mensageiro
Mergulhando inteiro
Sem temor ou pranto
Vou te amando tanto,
Sonho verdadeiro,
Onde me agiganto
Mote derradeiro.
Sorte desejada
Na bendita estrada
Que me leva ao mar.
Sem te ter, sou nada,
Ave machucada
Não pode voar...
92
Fazendo destes sonhos nossos ninhos
Recebo o teu perfume, bela flor.
Ao permitir assim os meus caminhos
Espalhas sobre todos, puro amor.
De todos os meus medos, descaminhos
Matando o coração de um sonhador.
Sentindo a mansidão de teus carinhos
Encontro um novo rumo, redentor.
Tu sabes quanto eu quero o teu querer
E disso faço o verso, encontro o mote.
Querendo um novo amor que assim me adote
Eu passo o tempo inteiro a conceber
Um sol que me irradie em força tanta
Nos laços deste amor que sempre encanta.
Marcos Loures
93
Fazendo deste sonho, regra e lei
Amor, tomando em luz, o pensamento.
Aos braços do luar eu me entreguei
Roubando a claridade do momento,
Estrelas neste espaço, eu procurei,
Poeira no meu peito, toma assento.
Depois que tantas vezes vasculhei
Encontro nos teus braços bom ungüento
Que cura a solidão, e traz em festa,
Amor que em emoção, amor se empresta
Num passo mais fecundo e tão conciso.
Vencendo toda a sorte de temores,
Estende; em nosso peito raras cores
Dizendo ser possível, paraíso.
Marcos Loures
94
Fazendo deste sonho azul celeste
O rito desta glória que me doma,
A vida se permite em rara soma
No anel feito brilhante que me deste
Que toda esta emoção, amor ateste
Quebrando da ilusão forte redoma,
Enquanto a poesia não retoma
Eu sigo este caminho em que se empreste
O riso mais suave e consistente
De todo amanhecer que se pressente
A benção que este sonho demonstrou.
Porém sem diamante nem cristal
O anel que tu me deste, magistral
Apenas frágil vidro, se quebrou...
95
Fazendo deste canto, raros sonhos,
Aonde possa estar queira ou não queira
Quem teme por caminhos mais risonhos
Perdendo-se me esquece, derradeira.
Os dias não se alegram, se bisonhos,
Vencer desesperança, companheira,
Matando tais fantasmas tão medonhos,
Trazendo uma amizade por bandeira.
Vencer a dor jamais foi muito fácil,
Ainda se mostrar mais calma e grácil
Embora estando no olho do tufão
Tarefa pra quem sabe que a verdade
Apóia-se em clamor numa amizade,
Que enfrenta com certeza, o furacão..
Marcos Loures
96
Fazendo deste amor um vencedor
Que enfrenta as madrugadas mais sombrias,
Tornando as minhas noites menos frias,
Entorna nos meus versos, teu calor.
Eu tento aqui dizer deste louvor
Que há tanto em bela senda; concebias,
Fomento de esperança e de alegrias,
Que venho, sem pudores te propor.
Nascendo no meu peito a rosa bela,
Tão fascinante lume se revela
Nas ânsias desejadas: minha glória.
Vertendo poesia ao caminhar,
Derrama em minha cama este luar
Na clara sensação de uma vitória...
97
Fazendo deste amor a contradança
Do verso que forjei em noite clara,
A mão que te procura sempre alcança
Estrela tão gentil, beleza rara.
Um coração bravio já se amansa
E a tempestade trágica enfim pára
Quando percebe a luz que agora avança
Curando em cicatriz profunda escara
Das dores que tivemos no passado
Logradas ao vazio no futuro.
Estando, meu amor, vivo ao teu lado
Eu deixo a solidão morrer sozinha,
Arar com tanto amor, mesmo em chão duro
Colheita proveitosa se avizinha...
Marcos Loures
98
Fazendo de teu corpo uma miragem
Distante do que sempre desejei.
Toando sem sentidos, uma viagem
Na busca do que tanto procurei.
Recebo de teus olhos a visagem
Que, incerto tantas vezes vasculhei.
Amar e não fazer mais a bobagem
De ser além daquilo que esperei.
Eu te amo, isso não nego, pois sou teu,
Tu és o bem que eu quis e me escolheu,
Amor assim, perfeito mas arisco,
Depois de tanto tempo não desisto.
Valendo assim correr qualquer um risco,
Te quero e nesse amor, pra sempre insisto...
99
Fazendo de teu corpo um louco altar
Que em tantas fantasias já desfruto.
Lambendo tua xana devagar,
Amor que a gente faz, sincero e puto.
Depois de te lamber à me fartar,
Meu dedo te tocando mais astuto,
No buraquinho em fogo, preparar
Caminho para o falo em riste, bruto.
Requebras, tão faminta os teus quadris,
Corcel qual garanhão, fico feliz
Batendo com carinho, divina anca,
Penetro até que o gozo venha em festa,
Depois de penetrar em cada fresta,
Inundo de prazer minha potranca...
7000
Fazendo da saudade ancoradouro,
Eu teimo em perseguir nosso passado,
O tempo muita vez alvoroçado,
Matando o que pensamos bem vindouro.
O fardo que carregas, teu tesouro,
Momento tantas vezes aguardado,
Ferrenhas emoções pesam do lado,
Ferindo mais profundo o sangradouro.
Versáteis sentimentos, riso e pranto,
Avançam sobre nós sem galhardia,
Enquanto a noite vaga se esvazia
Eu bebo a valsa feita em desencanto.
Legar o que me deste como herança
Saudade sem limites sempre avança...
1
Fazendo da palavra uma arma audaz
Não posso suportar tanta injustiça;
A cada amanhecer, a dura liça
Nos distancia sempre desta paz
Que tanto desejamos. Mão voraz
Roubando as esperanças nos atiça
Enquanto outra alma cega e sempre omissa,
Silenciosamente a morte traz.
A raça humana exposta à tal voragem,
Durante a mais temível estiagem
Procura na esperança o seu esterco
Permita-me Senhor ver a colheita
Que em luz e majestade sendo feita
Distante da tristeza em que me perco...
Marcos Loures
2
Fazendo da palavra uma arma a mais,
Ao mesmo tempo firo e cicatrizo
Enquanto os versos seguem sem deslizes
Encontro mansamente o porto, o cais.
Porém quando em tempestas tu me dizes,
Desfiro nas estrofes, vendavais.
Palavras de um poeta são atrizes
Às vezes acarinham, canibais...
Matando a minha sede simplesmente,
Neste egoísmo estúpido retrato,
Apenas o que passa em minha mente
E disso vou falando o tempo inteiro.
Se o laço que pretendo ato ou desato,
A culpa não é minha. É do tinteiro...
Marcos Loures
3
Fazendo da ilusão este aparato
Que enquanto nos domina, desacata.
Se o método poluo ou quebro o prato,
Veremos se inda existe virgem mata.
Origem dos meus temas, cada fato
É quando o vendaval vem e maltrata,
A moça empedernida; desbarato
Sabendo de antemão quanto é ingrata.
Calando não me importa mais calão.
Insuportável sempre a má versão
Tenho aversão aos versos que ora faço.
Pereço a cada dia, mais um pouco,
E quando no final sou tolo e louco
Não deixo no caminho qualquer traço.
4
Fazendo da esperança a companheira
Além de toda a sorte necessária.
Que a dor em nosso peito, temporária
Termine na paixão mais verdadeira.
Eu quero ter contigo, a vida inteira,
Mesmo que nossa sina procelária
Demonstre que emoção viva e sectária
Apresente-se às vezes feiticeira.
Apascento a fúria das tempestas,
Somando nossas forças, não teremos
Motivos pra negarmos belas festas,
Unidos navegamos, nossos remos,
Decerto ajudarão na travessia
Na busca deste amor em poesia...
5
Fazendo da esperança a companheira
Além de toda a sorte necessária.
Que a dor em nosso peito, temporária
Termine na paixão mais verdadeira.
Eu quero ter contigo, a vida inteira,
Mesmo que nossa sina procelária
Demonstre que emoção viva e sectária
Apresente-se às vezes feiticeira.
Apascento a fúria das tempestas,
Somando nossas forças, não teremos
Motivos pra negarmos belas festas,
Unidos navegamos, nossos remos,
Decerto ajudarão na travessia
Na busca deste amor em poesia...
Marcos Loures
6
Fazendo da emoção supremo andor.
Um novo amanhecer se predizia
Nos versos que hoje faço, meu amor,
Espero te dizer desta alegria
De ter nesta manhã, raro calor,
Que o corpo enamorado me irradia,
Dizendo nas palavras, deste ardor
Que toma meu desejo em sintonia.
Somemos nossos passos nesta estrada,
Decerto a vida irá iluminada
Toando esta harmonia em sentimento.
Eu quero a temperança deste sonho,
Meu barco nos teus passos, quando ponho,
Já sabe que terá ternura e alento...
Marcos Loures
7
Fazendo da amizade, rumo e norte;
Eu trago no meu peito um sonho claro
Legando cada dia, bem mais forte,
O canto em que me embalo e que declaro,
Cicatrizando assim, um duro corte,
Eu agradeço o braço, firme e caro,
De quem já se mostrou perfume raro,
Fazendo com que a dor, bem cedo aborte.
Valores que preservo: liberdade,
Carinho, puro amor, honestidade.
Eu sinto em teu olhar, querida amiga.
Por mais tão penosa seja estrada,
Não temo nesta vida, quase nada,
Sabendo que em teus braços, sorte abriga.
8
Fazendo da amargura o doce vinho
Estendo pelas ruas, meus resquícios
Jogado nas janelas, precipícios,
Esmago, virulento qualquer ninho.
Matando o libertário passarinho
Em meio à profusão de gozos, vícios
Amores que criei; os mais fictícios
Negaram o verdadeiro e bom carinho.
Os muros da esperança eu destruí,
O tempo de viver; cedo perdi
Felicidade nunca foi alçada
Apenas alcançada a solidão
Reajo quando tenho uma ilusão,
Mudando de caminho e de calçada.
Marcos Loures
9
Fazendo da alegria, porto e foz,
Não quero nem saber se a mula é manca,
Enquanto a poesia me desbanca
Eu tento me lembrar sempre de nós.
O pensamento voa e vai veloz,
Saudade em solidão, o peito espanca,
Sangria desatada nada estanca
Tristeza em noite fria é tão feroz.
Sem ágio eu pagarei a antiga dívida.
A face em desamor, pálida, lívida
Expressa o que hoje sinto sem teu bem.
Colado no teu corpo qual chiclete,
O amor que desejei não me compete,
Seguindo a minha vida sem ninguém...
Marcos Loures
10
Fazendo no meu verso estripulia
A moça não sossega um só segundo,
Se o peito sonhador é vagabundo,
Um novo amanhecer se fantasia
Nas prendas mais sublimes deste dia
Que enquanto vem disperso, eu me aprofundo
Vagando pelos céus, ganhando o mundo,
Ao final não trará mais alegria.
Mas quanto me vicia coxas, pernas,
Eu tento viajar palavras ternas
E nada do que faço satisfaz.
Se amando não convenço, o que fazer?
No quanto sempre dei sem receber
Após a tempestade terei paz?
Marcos Loures
11
Fazendo greve, a moça me perturba,
Na roupa transparente uma promessa,
Desejos vêm chegando numa turba,
Porém o meu martírio recomeça
Abrindo as suas pernas me convida
Depois fecha depressa e inda gargalha
Sabendo que perdi esta partida,
Espero a qualquer hora batalha...
Teu cheiro tão gostoso, tua pele,
Macia e delicada... Isso é maldade,
Enquanto esta vontade me compele,
A morena me deixa na saudade...
Venha para cá, pare de manha,
No empate, com certeza, ninguém ganha...
12
Fazendo em puro amor nossa linguagem
Que sempre transbordou em emoção,
Permita-nos, Bom Deus, esta viagem
Com toda mansidão do coração.
Que não se perca amor, qualquer bobagem,
É bela esta bagagem, U'a lição.
Estás aqui comigo o tempo inteiro,
Nos sonhos, nas palavras, no perfume.
O amor é nosso amigo e companheiro,
Caminheiro entre as urzes do ciúme.
Trazendo nos seus olhos tal luzeiro
Que chega em cordilheira ao alto cume.
Não temas a manhã que sempre vem,
Vivemos palmo a palmo o nosso bem...
13
Fazendo em minha pele, seus carinhos,
Saudade faz do gozo, desespero.
Vendendo uma esperança em armarinhos
Apenas o vazio por tempero.
Sonega-se alegria, amortalhando.
Cimitarras cortando a cada noite
Tristezas, no caminho, amealhando
Restando a solidão neste pernoite.
Acoita-se um sorriso de ironia,
Secando cedo a fonte, aborta arroio
Do vinho que em outrora eu me embebia
A vinha se transforma em ledo joio.
Comboios de serpentes já libertas
Enquanto o pensamento; não desertas...
Marcos Loures
14
Fazendo em alquimia uma explosão,
Temáticas diversas dizem nada.
A relação assim analisada
Permite tão somente a negação.
Amor quando nos infla qual balão
Promete a cada crise, a derrubada,
Na mata em que se deu nossa queimada
Ocorrerá desertificação.
Não que eu seja, amor, ecologista
Apenas por favor, vê se despista
E vamos prosseguindo, mesmo assim.
Estou apaixonado, não discuto,
Porém se amor não traz outro atributo,
Escuto a tua voz dentro de mim...
Marcos Loures
15
Fazendo dos meus versos um alerta
Que fale sobre a fome de esperança
Deixando nossa vida descoberta,
Uma amizade resta na lembrança
Do coração ingênuo da criança,
A força de um carinho já desperta
O quanto é tão sublime uma aliança,
Porteira que se encontre enfim aberta
Ao passo em que depois de certos anos
Os sonhos que já foram soberanos
Transforma-se em temível pesadelo
Por isso, meu amigo esteja certo
Ao florescer amor em vil deserto,
É importante a paz ao recebê-lo
Marcos Loures
16
Fazendo dos meus versos minhas lavras
Cultivo tanto amor... Não são somente
Jogadas ao vão vento, estas palavras.
Quem dera se brotasse essa semente...
Usando essa esperança como adubo,
Eu rego todo dia o meu canteiro,
Aos céus com esse canto, eu juro, subo,
E sei felicidade por inteiro.
Amada, não se esqueça que te quero,
Meu mundo não é vago sentimento.
Outra realidade; sei que espero
Trazida novamente pelo vento...
Minha alma em tua alma se completa,
Tu és no meu jardim, a predileta!
17
Fazendo dos abraços nossa rede
Dos sonhos e delícias bela sede,
Matando em tua boca a minha sede
Nos braços o carinho que me enrede.
Amor quando demais nada contém,
Não sabe de correntes nem galés.
Buscando em noite imensa por alguém
Olhando pra mim mesmo de viés
Eu vejo o teu retrato em minha face
Imagem refletindo corpo e alma
Amor que não permite mais impasse
Ao mesmo tempo açoda enquanto acalma.
Rompendo do pudor antigas grades,
Emplaco no teu corpo mil vontades
Marcos Loures
18
Faz a vida ser bonita
O sorriso do menino,
Fantasia se exercita
Num olhar do pequenino
Lapidar esta pepita
Necessita tanto tino,
Se quem ama delimita
Liberdade é seu destino
Não permita que a dureza
Suje esta alma cristalina.
Ser feliz é o que se preza
Crueldade desatina,
Sendo posta então à mesa
Prataria rica e fina...
19
Fatal o berimbau metalizado
Recado sempre dado em pouca corda
Enquanto a poesia não me acorda
Eu vivo sempre cheio, vou pesado.
Nascido balalaica seco o brado
Meu crime quer castigo e se recorda
Andando nos beirais, amor aborda
Meu corpo noutro tanto, desviado.
Achando todo axé repetitivo
Cultura nacional foi para o saco,
Decerto sendo velho eu sempre empaco
E mostro em teimosia porque vivo.
Pagode que conheço diz budista
Amor necessitando de analista...
Marcos Loures
20
Fascinas quando chegas de mansinho,
Iluminando o quarto, a sala, a casa...
Minha alma nada fala, mas carinho
Acende num minuto intensa brasa.
O amor que amadurece feito vinho,
Jamais derreterá; dos sonhos, a asa.
Embora o fogaréu invada o ninho,
E a chama do prazer assim, me abrasa.
Sentir o teu perfume inebriante,
Viver tão simplesmente, sem porquês
De toda a fantasia em que ora crês
Amor feito aguardente fascinante
Domina este cenário, faz a festa,
Delícia sem igual, então se gesta...
21
Fascinas com teus versos delicados,
Tais expressões deveras tão gentis,
Mudando em alegria, os velhos fados
Tornando os meus olhares menos vis.
Os passos no passado, malfadados
Apenas tatuagem, cicatriz,
Da sorte estão lançados novos dados,
Quem sabe poderei ser mais feliz?
As Graças renovando esta esperança
Espero, não cambiem de lugar.
Podendo mansamente te tocar,
Satisfação eterna, o amor alcança
Fazendo deste sonho, realidade,
Bradando aos céus que eu amo, de verdade...
Marcos Loures
22
Fascinado com brilhos do desejo
Neste albor mavioso que é a vida
Quando a noite cai, logo assim revejo
Juventude que há muito achei perdida.
Mocidade remoça um velho peito
Queimado nestas chamas da saudade,
Que aflora julgando ter direito
A viver, neste amor, felicidade!
Amar é mais que tudo, enfim, viver...
Frescor duma manhã anunciada,
É pleno de ternura se esquecer
De tudo que viveu, triste alvorada...
É ter essa certeza, estar altivo,
Poder gritar ao mundo que estou vivo!
23
Farturas de desejo em lua mansa
Soando em meus ouvidos, melodias.
O coração decerto sempre alcança
Matando as horas tristes, duras, frias.
O canto quando pleno de esperança
Permite que se raiem novos dias
Quem ama de verdade não se cansa
E busca as mais sublimes fantasias.
Menina que se fez doce mulher,
Eu quero o teu prazer e o que vier
Dos lábios mais gostosos que conheço.
A vida vai passando sem tropeço
Se eu tenho do meu lado quem eu quero,
Amor sem ter limites, mais sincero...
Marcos Loures
24
Fartura que me dás deliciosa.
No rabo mais gostoso que comi,
Buceta se mostrando generosa,
Desejo sem igual eu nunca vi.
Enquanto sobre mim, a puta goza,
A foda recomeça, adentro em ti.
A boca se mostrando mais gulosa,
O cu maravilhoso agora abri
Requebras os quadris louca e sedenta,
A xana depilada e molhadinha,
Depois em minha pica, vem e senta
Até que a porra invada a tua gruta.
Sorrindo vem lambendo a cabecinha,
Bebendo cada gota, deusa e puta...
Marcos Loures
7025
Fartura de esperança e de emoção
Coloco a fantasia em cada verso,
Não quero mais saber de andar disperso,
Encontro finalmente a direção
Cansado de enfrentar o mesmo não
Eu quero abrir o peito ao universo,
Nos braços de quem quero, vou imerso,
E a vida agora mostra a perfeição.
Depois de tanto tempo, sendo frágil,
Após colecionar queda e naufrágio,
Encontro o meu destino verdadeiro.
Singrando os oceanos da loucura
Percebo o fim de toda esta procura
Levando para a praia o meu saveiro.
Marcos Loures
26
Fartando-me dos sonhos mais audazes
Durante tantas noites procurei
Ouvindo o coração eu me encontrei,
Por mais que a vida trague tantas fases.
As asas tão velozes são capazes
Dos anjos me trazerem nesta grei
Maná delicioso que provei,
Com lábios mais famintos e vorazes
A solidão deveras execrável,
Moldara um paraíso inalcançável,
Porém quando vieste, outro final.
Arquétipos diversos conhecera,
Mas quando eu vi em ti a primavera
Do amor eu recebi completo aval...
Marcos Loures
27
Farsantes, tantos dias que passei
Distantes dos meus sonhos benfazejos
Constantes ilusões eu recriei
Amantes, que se foram sem ter beijos.
Instantes mais felizes desfrutei
Cortantes, as palavras e os desejos
Rompantes em teus braços velejei,
Mas antes de saber de tais ensejos
Venci todos os medos que trouxera
De um tempo em que jamais imaginara
Saber da renascida primavera
Que em cada novo dia transportara
Meus olhos para o longe. Quem me dera
Poder falar de ti, mulher tão rara...
28
Farsantes sensações vão adentrando
Permitem se antever o que virá,
Da sorte maltratada nascerá
O dia que queria se espalhando.
Imensa catedral que vez em quando
Encontro tanto aqui quanto acolá,
Resume o quanto o sol não brilhará,
Enquanto o céu de uma alma está nublando.
Os cacos; realinho em falsa espera,
Falácias iludindo a primavera,
Expressam seus sorrisos na tocaia.
A presa, sem noção da fria fera
Do nada, uma ilusão agora gera
Ao ver a fantasia em minissaia.
Marcos Loures
29
Farsantes os sorrisos que legaste
A quem se fez por vezes idiota,
O sol que em minha pele se desbota
Recebe do luar frio contraste.
O quanto tão distante navegaste
Estronda com vigor qualquer compota.
Perdendo esta noção esqueço a rota,
Exposto à erosão, vital desgaste.
De todos os resíduos que coleto,
Pereço sem saber sequer do afeto
Que possa receber assim, de alguém.
Usando o mais surrado paletó,
A quem se acostou a viver só,
Apenas a mortalha me cai bem.
Marcos Loures
30
Farsantes nauseabundos sentimentos,
Expressão da total insanidade.
Vertendo esta amargura, na verdade
Entranha no meu corpo vis tormentos.
Gargalho em ironia, desalentos,
Escarro sobre a falsa claridade,
Aborto o que pensei felicidade,
Uivantes sinfonias, meus lamentos.
Amar? É com sarcasmo que me dizes,
Que um dia nós seremos mais felizes.
Se eu sei que em tuas mãos trazes adagas.
Escondes no teu peito um aço frio,
Mergulho que prometes, no vazio,
Com tua falsidade, morde e afagas...
Marcos Loures
31
Farsante caminheiro nega o passo...
Os trapos que vesti já não me cabem!
As cordas do silêncio, meu compasso.
As hordas truculentas nada sabem.
Respeito teu carinho e teu cansaço.
Não quero essas montanhas que desabem
Sobre os restos mortais onde me esparso...
Pergunto muitas vezes, não sei quem!
Farsante companheiro me roubaste!
Bastardas tais sangrias não se curam...
As fardas esquecidas, velho traste,
Nas ruas estouvadas já se calam.
Carícias mais audazes se procuram
As balas meretrizes não me embalam...
Marcos Loures
32
Farrapos do que fui; o fogo queima
Deixando por resíduo um vão retrato,
Por mais que se emprestando a uma toleima
Tristeza quer comer no mesmo prato.
Das ânsias imagina a guloseima
Uma amizade vira desacato,
Sabendo desta antiga e mesma teima,
Nos mãos de uma amargura eu me debato.
Aguardo na esperança um bom causídico
Evitando talvez, jugo fatídico
Cansado de viver no amor qual réu.
Rompendo esses grilhões, aguardo a sesma,
Embora já sabendo ser a mesma
Guardada há tanto tempo em negro véu...
Marcos Loures
33
Faróis que me iluminam neste inverno
Os olhos delicados de quem amo.
Sorriso sempre amigo doce e terno
Trazendo o que desejo e mesmo clamo.
Assim imaginara o nosso caso
Mas quando a realidade nos tocou,
Mostrando a desventura feita ocaso
Dos sonhos, pesadelo, o que restou.
Agora que a poeira toma assento
Eu vejo quantos erros cometi.
Deixando bem mais solto o pensamento
Ainda creio ver sentada aqui
Aquela que se fez bela rainha
E um dia, novamente há de ser minha!
34
Faróis iluminando nossa vida
Tornando bem mais fácil esta andança
A fonte do prazer reproduzida
No olhar de quem se mostra em aliança
Vou bêbado de luz. Em ti a mina
Que tanto desejei o tempo inteiro,
O gozo em alegria que fascina
Encontra no teu corpo o travesseiro
No quanto eu sempre quis poder te ter
Traduzo cada verso que eu fizer.
O amor que nos concede este querer
Enfrenta a tempestade que vier.
Tua nudez caminha pela casa
Deixando como rastro, fogo e brasa.
Marcos Loures
35
Faremos redentores cada trilho
Que possa nos dizer felicidade.
O coração audaz de um andarilho
Não teme sentir dor, traz liberdade.
O parto que se fez em redenção
Já trouxe este rebento magistral.
Amor na mais sublime tentação
Espalha este desejo sem igual.
Agarro tuas mãos e vou à festa
De todos os sentidos, sem receios.
A blusa que se abrindo mostra em fresta
Delícia sensual de belos seios.
Na doce sedução destas romãs,
As luzes irradiam, cortesãs...
Marcos Loures
36
Farei amor contigo o tempo inteiro
Morena tão gostosa, minha amada.
O que sinto por ti é verdadeiro.
De dia, de noitinha e madrugada.
Eu quero sempre ter comigo o cheiro
Gostoso de mulher amorenada,
Teu corpo, com certeza, é feiticeiro
Assim a minha vida bem marcada.
Mas falo, vê se escuta, por favor,
São na verdade sim boas amigas.
Se falam quaisquer coisas, são intrigas.
Eu tenho só por ti imenso amor.
Agora, meu amor não quero brigas,
Estou aqui ao inteiro dispor...
37
Fardunços e jagunços de tocaia,
No quebra-pau rendendo algum trocado,
O corte do facão quando amolado,
Não deixa e nem permite que se saia.
A vida sem juízo que se traia
Sem ter nenhuma pena do coitado,
No pulso da esperança se cortado,
Me trouxe de lambuja rabo e saia.
Um companheiro morto, uma bobagem
Falada como fosse uma vantagem,
A dor que o tempo molda já me invade
E diz que não devia ser assim,
O mundo desabando dentro em mim,
Pagando o preço caro da amizade...
38
Fantástico luar, flores da eterna paz.
Na claridade imensa enorme caridade.
Um deus, na fantasia, esboça-se capaz
Na lua; bela, cheia, expressa a vaidade...
Nos seus clarões, amiga, eu sinto ser capaz
De ser muito mais forte. Envolto em claridade,
Na mágica torrente, imenso, sou audaz.
No brilho do luar, esconde-se a verdade!
Caminho pela rua, a lua é quem me guia,
Inflama-se qual chama amansa minhas dores...
A lua me transporta, em plena fantasia,
Enorme catedral, no pátio dos amores...
Ó lua companheira, amante tão vadia,
Em tua poesia, explodem tantas cores!
Marcos Loures
39
Fantástico delírio em explosão
O que sinto por ti já me domina,
Amor trazendo sempre a perfeição
De todo o meu caminho, fonte e mina.
Viver o que pudesse enfim me dar
Um riso bem mais franco e mais sincero
Assim que eu conheci, pude notar
O quanto que eu desejo e agora quero
Aquela que se fez enamorada,
Rainha dos castelos que eu criei.
Mulher em raro brilho, enluarada,
Fazendo-me sentir, deveras, rei.
Eu te amo, simplesmente e nada mais.
Em ti tenho a certeza deste cais...
Marcos Loures
40
Fantasmas que hoje trago, eu mesmo crio,
Resíduos do que fomos. Nada mais...
O tempo transtornado em vento e frio
Impede que se veja um ledo cais.
Felicidade, um gozo que eu adio
Ao vislumbrar ao longe os temporais.
Porém o coração sempre vadio
Não cansa de lutar. Isso? Jamais!
Assim mesmo em descrédito; eu batalho
Tentando renascer das mesmas cinzas.
As tarde se refazem grises, cinzas,
Mas sei que mesmo após a poda, o galho
Trará com força plena, um novo fruto
Não desistindo nunca, então eu luto...
Marcos Loures
41
Fantasma feito amor, decerto assombra,
Fazendo o coração virar sonâmbulo.
Do quanto que já fui nem resta sombra,
Vagando pelas ruas qual noctâmbulo.
Nas ânsias sem remanso e se descanso,
Petardos desferidos pelas dores,
Um sonho que virá eu te afianço
Talvez inda refaça velhas flores.
Satânicos prenúncios desta sanha,
Assanham meus sorrisos, volto à farra;
A boca desdentada ainda me apanha
E morde, lentamente, dente e garra.
Trazendo este cadáver no meu peito,
Eu rolo a noite inteira; insatisfeito...
Marcos Loures
42
Falta-me tempo. A vida espera nua.
Ao procurar pelo meu mundo lasso
Os meus sorrisos francos, carne crua,
Os dentes que se cravam no meu braço....
A cicatriz deixada continua...
Debalde procurei o meu cansaço,
Atriz já sem platéia não atua
Nem tudo que pedi, perdido, faço...
Me cansei de esperar a tua volta...
Navegarei todos os mares, vago...
Eu não posso aceitar essa revolta,
Nem quero destruir idades mortas...
As dívidas que fiz, por certo eu pago.
Por onde caminhei, tranquei as portas...
43
Fazendo da alegria um doce bar
Eu vejo o teu retrato no cristal,
O amor ao se expressar quer vendaval
E nada restará em seu lugar.
Vontade de fugir e de ficar,
Carpindo a fantasia em ritual.
A força mesmo vã, residual,
Permite neste sonho eu me embrenhar.
Por tantas vezes tendo o mesmo quase,
A vida se renova em cada fase,
Trazendo em fel, raríssimos licores.
Irmanados caminhos, companheira,
Na sorte que falsária é verdadeira,
Somamos nossos sonhos, sem temores.
44
Fazendo da alegria a sua lei
Eu tenho a recompensa deste amor,
Trazido por um sonho encantador,
De tanto que esperanças cultivei.
Sementes/fantasias espalhei
E delas recolhi; agricultor
O riso mais sincero a te propor,
Castelos que criaste, ser teu rei.
Arfante este caminho que nos doura,
Rainha que se faz, distante, moura
Aguarda um cavaleiro dos andantes,
Na ponte levadiça dos meus sonhos,
Vencendo os dias vagos e tristonhos,
As manhãs serão mais deslumbrantes
42
Fazendo a via sacra nos teus portos,
Farturas em orgásticas loucuras,
Esqueço dos meus sonhos, quais abortos
Nas pútridas vontades, minhas curas.
Meus ideais estão, faz tempo, mortos
Restando quase insanas amarguras.
Caminhos que percorro são tão tortos
Mas viva a sacanagem das procuras
Hedônicas, pilantras, satisfeitas,
Bagaços que se encontram nos botecos,
Os ritos necessitam velhos ecos,
Nas raves, nas boites, farto cio.
Os pobres se entupindo de maleitas
Colheita do meu sonho: vou vazio...
43
Fazendo a revisão destes meus dias
Que andei vestindo a roupa de poeta
Provendo a fantasia de sangrias
Minha alma se mostrou sempre incompleta.
Quem faz de uma ilusão caminho e meta,
Tu sabes muito bem, pois me dizias
Que quando a poesia se repleta
Encharca em descaminhos nossos dias.
Mereço alguma chance? Nem sei mais,
Meus versos tão comuns quanto usuais
Sem cântico ou sem cântaro que encharque
Dizendo da figura quase pândega
Não deixaram nem que eu passe da alfândega
Assim já não terei sequer o embarque..
44
Fazemos parte; eu sei, do mesmo sonho
Que em verso e fantasia reproduz
A doce sensação de eterna luz,
Legando à solidão um céu medonho.
Enquanto em alegrias eu componho
O quadro em que dois corpos semi-nus
Se tocam. Esta estrela me conduz
A um mundo, com certeza mais risonho.
Sorriso de menina, fêmea audaz,
Em mansa sedução me satisfaz,
Vivificando enfim a primavera
Que um dia, tão distante percebia
E agora, finalmente se recria
Nos braços da felina, doce fera..
45
Faz tempo que te quero e nem me notas
Meus dias sem te ver são tão vazios
Amor tão sem limite, sem ter cotas,
Trazendo para os sonhos tantos cios.
Mas nada do que faço já te atrai
Meu canto vai perdido sem resposta.
Eu te amo, mas a vida te distrai
E mal te vejo, nunca estás disposta
A ouvir os meus chamados desmedidos,
Às emoções que vivem quarentena
Quem dera se me desse, enfim, ouvidos
Viríamos viver intensamente,
Ao longe minha mão sempre te acena,
Talvez tu venhas logo, de repente...
46
Faz tempo que queria te dizer
De toda essa alegria que carrego
Num mundo tão difícil de viver,
Aos braços tão amigos eu me entrego
Sabendo que consigo, enfim, prever
Um mar bem mais tranqüilo onde navego.
Amigo como é bom poder cantar
Em versos, amizade mais sensata.
Que embora há tanto tempo sem falar
Percebe quanto é forte e não destrata
De quem vive distante sem negar
A força deste laço que nos ata...
Amigo, o nosso sonho, um relicário,
Renova-se no teu aniversário...
47
Faz tempo que não vejo o teu sorriso
Nem mesmo o teu perfume sinto mais.
Se o medo do futuro, eu exorciso,
Me ganhas todo dia e perco a paz.
Notícias que procuro pelas ruas,
Às vezes desconcertam e não falam,
Bem sei que nas mentiras continuas
E as dores do que fomos nunca calam...
Se telefono nunca me respondes,
Se toco a campainha não atendes.
Preciso descobrir onde te escondes
Por qual nova fogueira já te acendes.
Mas sei que esta saudade fora de hora
Um dia, com certeza, vai embora...
48
Faz tempo que não vejo alguma anágua,
Também não reconheço um galocha
A fossa traduzia alguma mágoa
A rosa que eu pensei não desabrocha
Cabrocha? Foi embora e não voltou.
Amores virtuais são um barato.
O beijo numa tela se trocou
Paixão se traduzindo em um retrato.
Canastras, canastrões são iguarias
Epístolas, pistolas dão recado.
Vernáculos diversos, novos dias
O resto vai ficando assim de lado.
O dia não permite mais estrelas,
Tua nudez, em vídeos me revelas...
Marcos Loures
49
Faz tempo que eu queria te dizer
De toda a sensação que se transmite
Nos olhos de quem sabe dar prazer
E sabe do amor já sem limite.
No teu aniversário eu te proponho
Decerto o coração em plena festa
Vivendo esta emoção, um belo sonho,
Certeza de que a vida sempre empresta
A quem deseja plena liberdade
O canto mais feliz, um mensageiro
Perfeito se mostrando em amizade
No amor que se anuncia, verdadeiro.
É sempre necessário te falar
Do quanto me ensinaste o que é amar...
7050
Falar do sentimento mais profundo
Plantando tantas flores no caminho,
Iluminando a paz de um novo mundo,
Transfunde uma alegria para o ninho,
Mudando humanidade num segundo,
Jamais me deixará cantar sozinho.
Em tal satisfação eu já me inundo
Trazendo para a vida, este carinho
De um mundo mais bonito e mais vibrante,
De versos mais sinceros e felizes,
Tomando nosso canto a cada instante,
Deixando para trás o sofrimento.
Quem sabe assim calamos guerras, crises,
E o mundo se refaça num momento....
51
Falar do quanto tenho e nada faço,
Seguir a falsa estrela que me ilude,
O amor que irá vazar o velho açude
Ganhando do vazio cada espaço.
Seria prosseguir mantendo o laço
Por mais que o tempo tente e ainda mude
Minha alma procurando o que me inunde
De tantas alegrias, sonhos traço.
Querências que deixei no meu passado,
Ardências entre chamas que apaguei,
Viver cada momento lado a lado
Daquela que, iludido e em vão busquei.
Seria muito bom, mas nada vejo,
Sepulto assim, os restos do desejo..
52
Falar do nosso amor, manso, insensato
Que ao mesmo tempo é rosa e carmesim.
No bem de nossa vida me retrato
E vivo teu amor imenso, em mim...
Na turbulência doce de um regato,
Numa loucura frágil, sinto assim,
Com toda uma emoção em cada fato
Que torna nossa vida amor sem fim.
Não quero mais perder um só segundo
Se quero me atracar em nosso cais,
De toda esta certeza que me inundo
Poder ser novamente uma criança
Que sabe o quanto amor é bom demais
E vive com os olhos na esperança...
Marcos Loures
53
Falar do nosso amor que me apascenta
Enquanto em fantasias me enlouquece.
Intensa sensação, tão violenta,
A calmaria aos poucos; ela tece.
Distância que deveras desalenta,
Pensando no momento em que regresse
Minha alma permanece então atenta
Olhar te procurando como em prece
Até que; ao pressentir tua presença
Recebendo de Deus a recompensa
O coração batendo em desvario
Percebe o teu perfume e, finalmente,
A vida se refaz completamente
Acende; da esperança, o seu pavio...
54
Falar do nosso amor quase inconstante
Que vaga pela noite qual falena,
Pois saibas que te quero a cada instante,
Minha alma com certeza sempre acena
Querendo te encontrar, da tua amante
Pois sabe meu amor, não é pequena...
Ao ver o teu olhar tão deslumbrante
Registro em pensamento a bela cena...
Mulher que emoldurei em minha vida,
Certeza de viver meu mundo em paz.
Não quero mais que a dor, em despedida
Te leve para sempre e me maltrate,
Sem teu amor, por certo, um incapaz
Coração sobrevive. Lento... bate...
55
Falar do nosso amor é repetir
Os versos que procuro pela vida.
A noite sem te ter cai dolorida
Estrela sem te ver não quer mais vir...
Então eu venho em preces te pedir
Que nunca mais me fale em despedida.
A morte sempre atenta e desmedida
Quem sabe, de repente, vai surgir?
Deixa-me em cada noite, vais aos céus
Levando em tuas mãos os alvos véus.
Em prantos minha noite continua...
Amada, minha deusa por que esfumas?
As noites tão distantes perdem plumas
Mas ganham no teu brilho, minha lua!
56
Falar do bem, do mal, do mais ou menos...
Do que restou dos beijos mentirosos...
Meus dias se passaram bem pequenos
Cobertos de fantasmas e de gozos,
Bebendo em cada amor, os seus venenos,
Meus olhos se formaram mais brilhosos...
Agora, vou ao nada, nado solto,
Em mar que te pariu e me cevou.
Procelas, celas, túmulo revolto,
O quase que eu não fui, o que restou.
No passo tão mal dado em que me escolto
Sou outro e já nem sinto o que ficou.
Falar do bom de um sentimento amigo
É quase se entregar, correr perigo...
57
Falar do aniversário de quem amo,
É sempre mais difícil, eu não nego.
Do arvoredo tão belo, cada ramo
É um sonho em que feliz, sempre navego.
Bendigo cada dia em que prossigo
Ao lado da mulher maravilhosa.
Que bom que sempre estás aqui comigo,
Tornando nossa vida luminosa.
Os filhos, os carinhos, os anseios.
Meus passos necessitam deste apoio.
Mulher que me tomando em devaneios
Tão rara, sobressai ao duro joio.
No maio em que completas mais um ano,
Te falo deste amor, sem ter engano...
MEUS PARABÉNS A MIM MESMO NESTE 24 DE MAIO POR MAIS UM ANIVERSÁRIO TEU
QUERIDA RITA DE CÁSSIA, MULHER MARAVILHOSA E MÃE FANTÁSTICA
58
Falar do amor que tanto procurei,
Momentos de paixão e galhardia,
Delírios de maná e de ambrosia,
No néctar que decerto beberei
A boca delicada que beijei
Da qual a vida trama e fantasia
Absinto sem igual, sonho inebria,
Que tanto, sem descanso, desejei.
Porém já não me queres. O que faço?
Soturnas ilusões ainda traço
E vejo ao fim do túnel, uma luz.
Quem sabe... A realidade então me acorda,
Rompida, sem conserto, assim a corda,
Saudada vai pesando como cruz...
59
Falar do amor que sinto em plenitude
Alvissareiro gozo em noite clara,
Amor que se faz forte em atitude
Trazendo para nós palavra cara,
Do quanto é necessário que se mude
O rumo que esta estrada já tomara
Vencendo a solidão em que amiúde
A vida em pequenez se transformara.
Agora me entranhando no teu cerne
Não temo que em minha alma ainda inverne,
Tampouco nesta vida seus marasmos,
Sabendo que te tenho junto a mim,
O mundo descoberto traz em fim
Um constelar caminho em mil orgasmos...
Marcos Loures
7060
Falar do amor que sinto e jamais nego
É algo que me dá prazer imenso.
Em ti, a cada dia, mais eu penso,
Nos braços deste mar – sonho- navego...
Sentindo cada gota do suor
Que escorre em tua pele bronzeada,
A lua, velha diva enamorada,
Conhece a bela tez, sabe de cor...
Num êxtase supremo, enlaçados,
Delírios e prazeres desfiados,
Marcados pela insânia venturosa...
Pecado é ter pudores idiotas,
E quando o gozo chega e abre as compotas
A noite é constelar: Maravilhosa!
61
Falar do amor imenso que dedico
Àquela que se fez estrela guia.
É muito além de toda a poesia,
Cenário sem igual, supremo, rico...
Perdoe se em meus versos eu claudico,
Por tantas emoções, minha alegria
Que a cada novo encanto se recria
Gritando a todo mundo: amor, eu fico.
E sigo pelas mágicas veredas
Aonde tu entranhas teu desejo,
Prazer estonteante; assim prevejo.
A glória deste amor; peço, concedas
Permita que eu te faça mais feliz,
Fazendo muito além do que já fiz...
62
Falar deste meu canto sem paragem
Nas margens deste mar que nunca veio.
Fazendo sem amo qualquer bobagem;
Vivendo tanto amor, vou sem receio...
Eu quero este perfume quando exalas,
Eu quero a sensação de liberdade,
Ouvindo o teu respiro quando falas,
Em tudo que tiver, felicidade...
Eu quero um só momento do teu lado.
Eu quero a vida inteira se puder.
De tanto que te amei,vou encantado,
Irei seguir teu rastro onde quiser.
Tu és o que sonhara em minha vida,
Vivendo tanto amor, assim, querida...
63
Falar deste desejo de amizade
Depois de estar desfeito; opaca bruma,
É como procurar a divindade
Num paladar sereno que acostuma
A quem se descobriu em majestade
E sabe que esta vida, nos perfuma
Em acalantos doces, liberdade
Para a qual quem conhece sempre ruma.
Meu peito dolorido e machucado
Esgarçado sem dó por um amor,
Gritando tresloucado em alto brado,
Na busca de um carinho acolhedor,
Amiga, me perdoe meu passado,
Recolha deste esterco a bela flor...
64
Falar desta saudade que inda trago
Pesando como cruz nas minhas costas,
Por mais que tu me dizes que inda gostas
Tristeza a cada dia, novo afago.
Se as dívidas que tenho, ainda pago,
Eu faço neste amor velhas apostas
O sol não vencerá estas encostas
Não quero a placidez de mansos lagos.
Tempestuosamente me entregando
Ao vento que trouxeste calmo e brando,
Quisera ser feliz; não consegui.
Palavras sem sentido; repetidas,
Tomando as direções de nossas matando,
Matando esta saudade que há de ti.
65
Falar desta mulher que me conquista
A cada novo dia, destemida,
Razão maior que trago em minha vida,
No carnaval dos sonhos, a passista.
Doutora, lavradora ou diarista,
Menina muitas vezes desnutrida,
Por mais que o dia-a-dia corte, agrida,
Mantém uma alma livre e otimista.
Não tendo neste mundo quem resista
À moça que desfila na Mangueira,
Cientista, poetisa ou costureira,
A bela professora comunista,
A fama se espalhou na Terra Inteira,
Mulher maravilhosa? A brasileira...
66
Falar desta amizade
Estrela que nos guia,
Trazendo a claridade
Que justifica o dia.
Eu quero, na verdade,
Bem mais do que sabia
Falar da liberdade
Que em sonho sempre via.
Serena minha vida,
Afaga meus cabelos,
Estrada mais comprida,
Enleva em seus novelos,
Meus dias; ilumina,
Mudando minha sina...
67
Falar dessa ingrata tempestade,
Cruel ansiedade corta fundo...
Não pude perceber ansiedade,
A corda arrebentada corta mundo...
Quem fora campesino, traz cidade.
Cicatriz que deixei neste profundo
Sonho que se traduz urbanidade...
Produto de total fervor imundo...
As fadas, floras, faunas, musas, santas...
As mudas, plantas, restos, fossas, frio...
Nada mais conseguiram, senão tantas
Mentiras. Coração se faz vadio,
Mas não consigo ter nem me omitir.
Pior de tudo está inda por vir....
Marcos Loures
68
Falar de uma esperança, amor e glória
Que mude destes ventos, direção
Fazendo de alegria, a nossa história
Toando dos prazeres a canção...
O amor que se espalhar na plantação
Trará tais maravilhas sem vanglória
Quem ceva com ternura cada grão
Conhece a cada dia, uma vitória.
Um brinde feito em taça cristalina
Com brilhos; moldurada sempre traz
O gosto que, suave, sendo audaz
Permite a sensação que nos domina
Do gozo de um amor pleno e sincero,
Que há tempos, calmamente, aguardo e espero
69
Falar de uma amizade é ser bendito,
Quem tem um grande amigo tem saveiro
Que cruza por mil mares. Mesmo aflito,
Sabe que terá um timoneiro.
Amizade nos leva ao infinito
Mesmo que o temor, tão verdadeiro,
Transtorne; um bom amigo cumpre o rito
De ser assim completo, por inteiro.
As horas tão difíceis, como as vagas
Presentes no oceano desta vida,
Amigo, sei o quanto tu me afagas
E torna meu futuro mais sereno.
Uma amizade é sempre tão querida
Pois torna- me mais forte, livre e pleno.
7070
Falar de tal amor que a gente sente
Com tanta mansidão, delicadeza.
Mostrando quanto amar se faz urgente
A quem quer, nessa vida, tal beleza
Que o faça ser feliz integralmente,
Seguindo da esperança a correnteza.
Os olhos perfumados deste amor
Ao verem que este canto não se cansa,
Mirando no futuro promissor
Que a vista de quem sonha sempre alcança
Mostrando quanto a vida tem valor,
Firmando amor e sorte em aliança.
Dois corpos que se sentem bem amados,
São fortes, não se vergam se acoitados...
71
Falar de nosso amor, querida eu posso,
Pois nele mergulhei em puro encanto,
Um sonho em liberdade, assim esboço,
Viver felicidade sem espanto.
Nos traços desta luz eu me remoço,
E de alegria, amada, aqui eu canto.
Além do que desejo e sei que posso
Eu te amo sempre mais, e tanto, tanto...
Cruzando na esperança de outros mares,
Encontro em cada espelho, os teus olhares...
Trazendo ao dia-a-dia, a confiança.
Depois de vagar cego pela rua,
O sonho em maravilha assim flutua
Meu canto te buscando já te alcança.
Marcos Loures
72
Falar de nosso amor é tão sublime
Que nada nos impede de cantar.
Se às vezes há quem nunca nos estime,
O rio não se cansa de passar...
Cantar o nosso amor nunca foi crime
O preço, minha amada, irei pagar
Com toda uma alegria no meu peito,
Pois sei quanto te quero e não me calo.
O mundo que se dane, insatisfeito,
Que toda uma tristeza de que falo
Em desamor por certo, contrafeito
Aquele que esperança foi pro ralo.
Te quero e cada vez desejo mais,
O teu doce sabor a vida traz...
Marcos Loures
73
Falar de amor liberto e sem correntes
Ao mesmo tempo atado nos teus braços,
São rios que misturam as torrentes
E dormem desfazendo velhos traços...
As tramas que concebo são as minhas
As minhas alegrias de viver
Viver como se fossem avezinhas
Avizinhas amor com tal sofrer...
Não faço destes versos os meus motes
Até por que não caço solidão.
Efeitos dos amores são rebotes,
Bobeia, infartando o coração...
Eu amo tanto amor que a vida tem,
Te quero bem aqui, morena, vem...
74
O que dizes não importa,
Mulher é como biscoito:
Sai um e , na mesma porta,
Em que saiu, vêm dezoito!
Falo-te querido camarada
Que a vida não é mesmo deste jeito.
No rosto da mulher enamorada
A vida tem o brilho mais perfeito.
Perdendo quem se ama, sobra nada,
O tempo vai passando, insatisfeito,
A noite despencando vem nublada
Por que Meu Deus? Amar é meu direito!
Desde que esta mulher partiu; amigo,
Foi tudo se acabando dentro em mim;
Morrendo em cada dia, sem abrigo.
Que faço; meu amigo, diz-me então!
Mulher a gente encontra, sei que sim,
Mas não a que nos pede o coração!
Marcos Coutinho Loures
Marcos Loures
75
Falei sobre teu nome com a bruxa
Que fez a previsão mais acertada,
A dor quando lateja e já repuxa,
Na perna que senti, foi amputada
É como uma saudade do que fui
Num tempo mais distante e sem sentido.
De tudo o que passamos já se intui
Que nada foi bem feito e resolvido.
Teu leito qual de rio seca o peito
Amante que te quis por toda a vida,
Vingando meu destino já desfeito
Eu agradeço a ti, minha querida,
O cálice salgado que me deste,
Do amor que prometeu ser inconteste...
76
Fale baixinho, eu peço por favor,
Senão este menino não descansa,
A noite inteira, saiba, trabalhou,
Futuro quem não corre, não alcança.
Na mão deste moleque uma aliança
Dourada no suor trabalhador,
O medo se afastando da lembrança,
Menino vai mostrando o seu valor.
O filho do lixão agora ensina
E a todos, com vontade já domina
Na faca, canivete ou no fuzil,
(A mão deste menino é mais gentil)
E sempre carinhoso, mata a fome,
Correndo; pois senão o bicho come,
E leva pro congresso do Brasil...
77
Falava desse amor á minha amada
Que nem sabia o quanto que eu amava
Sentado no beiral duma calçada
A lua testemunha nos calçava.
Temia pois tremia por inteiro.
Das pernas que tremulam, qual bandeira,
Meu Amor me mostrava, companheiro,
Quanto amar faz mudar a vida inteira.
Depois de tanto tempo sem dizer,
Que o medo nos tortura e enfraquece,
A mão de quem declara é só tremer,
Parece que se perde numa prece...
Aos poucos como quem pede perdão,
Amor, de tanto amor, declaro em vão...
78
Falas de mãe de mar e maremotos
Cães, reinados, falácias e princesas.
Momentos do passado tão remotos
E as fomes desfilando suas mesas
Não quero o quase tenho e não terei,
Tampouco a gargalhada de ironia
Daquele que vestindo império e rei
Fantasmas e correntes; busca e cria.
És o que teima, bocas e manhãs,
Risos, gritos, mercados e donzelas.
Os cortes prometidos nas maçãs,
No gosto adormecido que revelas
E teces os teus céus iridescentes
Com olhos tão famintos e descrentes...
79
Falar-te de sonetos e de rimas,
Parece ser inútil, companheira.
Se zombas de quem sabe e discriminas
Mostras uma ignorância verdadeira.
Não quero nem desejo t’as estimas.
Palavra tão ferina, uma besteira.
Desiludida sempre, quando afirmas,
A causa se demonstra assim, inteira.
Quem guarda tanto fel por estandarte
Maltrata quem não quis te magoar.
Atira sem saber, em qualquer parte,
Berrando, vocifera, sem motivos.
Difícil te entender e perdoar,
Soberba nos teus olhos mais altivos...
Marcos Loures
80
Falar que desta dor eu não me vingo,
Embora te disseste que não vinha,
Preparo meu sorriso de domingo
E mato esta tortura toda minha.
Se a noite que não veio se reclama,
Se o dia que sonhei não chegará.
Não vou ficar calado, de pijama,
Esperando o que vem, lado de lá.
Falar que neste mar eu não navego,
Falar que deste gosto nem sei mais,
Se a rosa que plantei eu não carrego
O resto que me trouxe foi jamais.
Mas sobra o teu sorriso, caro amigo,
No mundo que colhera joio e trigo.
81
Falar quanto desejo o teu carinho,
Deitado do teu lado, meu prazer.
Podendo totalmente te fazer
Gozar assim que esteja enfim sozinho
Contigo num recanto, nosso ninho,
Tocando esta nudez que quero ter,
Lambendo, te beijando, até verter
O mel que tanto quero, com jeitinho...
Sentir teus seios belos, minha boca,
Roçar teus pelos junto com meus lábios.
Deitar-te nos meus braços, voz tão rouca,
Gemidos e sussurros, noite inteira,
Nos dedos, olhos, mãos, que são mais sábios
Poder satisfazer-te, companheira...
82
Falar em versos soltos, da amizade
Que criva nosso peito em diamantes.
Bem antes de saber de uma saudade,
Palavras de um amigo são calmantes.
Ajudam na batalha dia-a-dia
Trazendo ao coração, imensa glória
De termos esperanças e alegria,
Mudando todo o rumo desta história
Se somos derrotados, nos ajudam,
Com toda uma certeza em tons gentis,
Amigos nas tempestas tudo mudam,
E deixam nosso mundo mais feliz,
No canto de amizade que propago,
A vida com certeza, traz afago...
83
Falar em nosso caso, nosso amor,
Dizer que nós vivemos ilusões,
Furtamos da esperança toda a cor,
Nossa alma esmeraldina, corações...
Eu sei que tantas vezes me ocultaste
A dor que no teu peito se calava,
Por isso meu amor, tu foste a haste
Que toda nossa vida sustentava...
Eu sou um sonhador, tu sabes bem,
Andando sempre a esmo, bebo ruas....
Nos bares, nas esquinas, sem ninguém,
As minhas fantasias quase nuas...
Por isso te agradeço, nos meus versos.
Meus sonhos e meus mundos tão dispersos....
84
Falar do sentimento que nos une,
Bater na mesma tecla o tempo inteiro,
A vida sendo ingrata tanto pune
Enquanto um bom prazer foge ligeiro.
Pudesse libertário coração
Sentir tua presença e ser feliz,
Viver desta cruel recordação
Que a dura realidade já desdiz.
Num átimo, meu último alarido,
O canto derradeiro que te faço,
Viver sem teu amor não faz sentido,
Vencido pelo medo e por cansaço,
Não tendo mais escolha, sigo só,
Das velhas ilusões, restando o pó...
85
Falando deste sonho de moleque
Que soube ser feliz por certo tempo.
A vida vai se abrindo em frágil leque
E nega, por instantes, passatempo.
Carrego no meu peito tal saudade
Das coisas que não fiz, nem mesmo quis.
Agora a noite impede a claridade,
Mas mesmo assim percebo ser feliz.
Por ter essa morena, amor demais,
Rainha dos meus dias de criança.
Amar é descobrir que a vida traz
Além de uma verdade em aliança
Um canto benfazejo de alegria,
Amor que se faz festa todo dia...
86
Falando do que outrora se fez mago,
O verso inusitado de quem ama,
Mudando de endereço, acesa chama
Legando muitas vezes outro afago,
Os erros que cometo, busco e drago,
Contratando os serviços da mucama
Que morde enquanto beija; serva e ama
Retendo esta avalanche que hoje trago.
Causando algum estrago no meu peito,
No verso que não faço me endireito
E risco o Paraíso dos meus sonhos.
Serões entre serpentes e dragões,
Malditas as heranças das paixões,
Criando sentimentos tão bisonhos...
87
Falando dos amores mais ardentes
Que sempre me trouxeram perdição
Agora que não tenho nem mais dentes
Amores que vieram? Solidão!
Mas tenho tanta sorte em minha vida,
Que mesmo assim depois de tanta dor
A noite que temia adormecida
Sem juras ou promessas de um amor;
Vazia como tudo o que vivera
Sem jamais ter sequer uma esperança
Que faça vir, enfim, a primavera,
Resquícios que ficaram na lembrança...
Depois de tantas noites tão tristonho,
Te encontro, meu amor, a vida em sonho...
88
Falar da santidade que se torna
Mulher em um momento mais sublime
Desta meiguice imensa que contorna
As dores nos mostrando o quanto estime
A vida que em seus braços sempre adorna
Numa alegria ou dor, mesmo no crime.
Falar desta mulher que além de tudo
Guerreira sem temor, no dia a dia,
Meu verso mais perfeito, não me iludo,
Jamais, e com certeza, bastaria.
Bastião de uma esperança verdadeira,
Incondicionalmente um ombro amigo.
Na vida, a mais perfeita companheira.
Certeza de carinho em santo abrigo.
89
falar das coisas todas que passamos,
dos astros em distâncias infinitas
do todo que em pedaços desfrutamos,
das horas com certeza mais bonitas
momentos em que luzes vislumbramos,
no quanto que te quero e acreditas
de todos os tesouros que encontramos
douradas emoções, raras pepitas.
falar de toda a sorte que nos toma,
do sentimento imenso que nos toca,
junção que é bem maior que simples soma,
de toda a maravilha em esplendor
da força que se ganha em farta troca,
é como se eu falasse enfim, do amor...
Marcos Loures
7090
Fabricas artimanhas, antas crias
Frangalhos que carrego são assim,
Matando com certeza as cercanias
Deixando sem defesa o meu jardim.
Enquanto me azucrinas, poesias
São restos que colhi dentro de mim,
As ondas quando voltam, tantos dias,
Retornam, movimento não tem fim.
Afim de ter a paz que se procura
A moça quer além desta ternura,
Acende esta fogueira, ceva amargo.
A boca se calando sem embargo,
O amor quando ao revés, esquece encargo
Pendura enfim a cruz, pela cintura...
Marcos Loures
91
Façamos ao desejo um belo brinde,
Pois ele nos brindou em gozo e festa,
No fogo do desejo se deslinde
Todo o fulgor a quem a sorte empresta
Orgásticas luxúrias satisfazem
E fazem desta vida, um novo acorde,
Aonde mil calores que se aprazem
Permitem que a vontade nos acorde
Convidam quais bacantes em delírio,
Ao louco despudor de cada entrega,
Um corpo tão sedento, sem martírio,
Tomando em tentação, amor se esfrega
Nas pernas, boca, coxas e nos seios,
Quem quer ser mais feliz; pra que receios?
Marcos Loures
92
Façamos deste amor belo e bendito
A força que nos move e nos redime.
Alçando nos teus braços o infinito,
Detrás desta cortina, seda e vime.
No canto deste amor, eu acredito
Palavra que me encanta em que se estime
Amor maior que existe. Solto o grito,
Liberto do temor que sempre oprime.
Plenamente encantado com teus versos
Eu sinto o teu perfume junto a mim
E sigo cada passo na procura
De quem apascentou dias perversos
Florindo em meu canteiro, meu jardim,
Regando com carinho e com ternura...
Marcos Loures
93
Façamos deste amor um algo mais
Que simples penetrar em mata escura.
Além de simples atos sensuais
É necessária sempre uma ternura.
Senão ao parecermos animais,
O amor vendo o vazio não perdura.
Desejos e vontades tão carnais,
Só servem quando a coisa fica dura.
Tampouco quero ter amor insosso,
Sem beijos nem carinhos no pescoço.
Platonismo não serve para nós.
Eu quero simplesmente amor amigo,
Que serve como apoio e como abrigo
Unindo em calmaria nossos nós...
Marcos Loures
94
Face a face com Deus dos desgraçados,
Atento a cada olhar deste infeliz,
Ousando debochar da cicatriz,
Das chagas nos seus pés já torturados.
Cadáver deste sonhos malogrados
A genealogia isso desdiz.
A podre criatura imbecil, gris;
Adora estes cenários mal pintados.
Vender cada pedaço que restar,
Expondo numa Igreja ou lupanar
Usando para tal, pincel e tinta,
Dourando o corpo frágil numa cruz,
A corja que te explora, bom Jesus,
Não a tua face assim, faminta...
Marcos Loures
95
Face conservadora do burguês
Que vende no atacado a hipocrisia.
Às vezes contamina a poesia
E fala com total desfaçatez,
Além do que esta corja sempre fez
A mente ultrapassada rodopia
E gira o tempo todo, numa orgia
Roubando o que restar de lucidez.
Macabras sanguessugas não se cansam
E quando os objetivos vis alcançam
Crocitam e gargalham; rapineiras,
Comprando a adolescência dos famintos,
O sexo em meio às cáries e os helmintos
Arrancam da esperança estas bandeiras...
96
Facetas de um mosaico tão diverso
Neste caleidoscópio multicor
Renova sua imagem, cada verso,
Do mundo um talentoso refletor.
De toda a magnitude do universo
Um sábio e sem igual observador,
Colhendo cada aspecto mais disperso,
Poeta que se sabe fingidor.
Seguido pelos vates sonhadores,
Rebanhos ele guarda no infinito,
Tocado por mais raros esplendores
Da estrela que surgiu lá em Lisboa
Fazendo da beleza quase um rito,
É multidão em forma de Pessoa...
Marcos Loures
97
Fagulhas espalhadas num palheiro
Nas tramas, velhos trâmites sem nexo.
Amortalhando o gozo corriqueiro
No jogo abençoado amor e sexo.
Incêndios espalhando este braseiro
Num simples desafio não indexo
E bebo deste corpo por inteiro
Tentando ter ao menos um reflexo
Que esconda as velhas rugas, meus esgares,
Partilhas onde ganhos são vulgares
Mas valem toda a vida, com certeza.
Na boca carcomida da saudade,
Rebordos seculares da vontade
Afloram num orgasmo em sutileza.
98
Falando dessa prenda que me dás
Solfejo melodias, nossos cantos,
Dedilho enquanto penso ser capaz
De ter em nossas mãos fartos encantos.
Urgindo esta vontade de poder
Seguir a mansa andança rumo ao céu
Revejo cada passo e passo a crer
No amor em roda-viva, carrossel.
Meu corpo em tua pele tatuado
Marcado como enorme cicatriz
Do quanto te desejo sempre ao lado
Concebo um tempo manso e mais feliz.
Orquestras com carinhos nova trama
Dos sonhos em que trazes, brasa e chama...
Marcos Loures
99
Falando desse amor assim tão belo
Que nesses pampas nunca ouvi igual,
No sonho em que me mostro e te revelo
Que a vida se mostrando natural
Impede que a tristeza em ser rastelo
Nos leve todo o brilho do quintal.
Quarando no varal, uma esperança
Regada com as chuvas do verão,
Não resta nem sequer uma lembrança
Do tempo em que passara rente ao chão,
Agora amar se faz uma aliança
Nas trovas de uma roda; chimarrão...
Pois tira um banco e senta venha, aqui,
A prenda mais bonita que já vi...
Marcos Loures
7100
Falando desse amor de todo dia
Novelas, vizinhança e futebol,
Mil dores disfarçadas da alegria
Cotidianamente o mesmo sol.
Cansado de matar a poesia,
Amor vai se fingindo girassol.
Na boca que beijou não beijaria
A noite mais escura sem farol.
Crianças desfilando pela casa,
Deitando no sofá domingo afora.
Chamusca bem mais fraca a forte brasa.
Segunda recomeça a ladainha
Felicidade chove, mas lá fora,
Aqui a noite segue tão sozinha...
101
Falando destas lágrimas que escorrem
No rosto da mulher que tanto amei.
São gotas orvalhares que socorrem
Aquela a quem, em versos, procurei...
Eu sinto que partiu que ela amara,
Deixando um grande hiato em sua vida.
Por mais que te quisera vida amara,
Não quero desfrutar desta ferida.
Amiga, não me esqueço que outros dias
Tu fostes importante para mim.
Não quero te cobrar as alegrias
Que, um dia, tu levaste; nem assim!
Envolto em tantos traumas, na verdade,
Querida em nós restou uma amizade...
02
Falando deste amor calmo e preciso.
Não quero me perder sem teu carinho,
Aguardo cada gota deste vinho
E bebo em calmaria o paraíso.
Amor que tocou fundo e sem aviso
Fez do meu peito agora, rumo e ninho,
Chegando toda noite de mansinho,
Eu dele quero sempre e até repriso.
Cevando a vida inteira, na colheita
A vida em harmonia quando é feita
Provoca a mais suave convulsão.
Eu quero recolher felicidades
E mesmo que inda venham tempestades,
Jamais em minha vida digo o não.
Marcos Loures
3
Falando deste amor em amizade
Que há muito nos domina e nos conduz.
Trazendo um novo sonho: liberdade,
É feito resplendor em plena luz.
Abrindo meus caminhos, vens comigo
Querida companheira predileta.
Em versos tão simplórios já te digo;
Minha alma vai contigo e se repleta
No sonho de alegria que virá
Depois de tanta dor que assim passamos.
Caminho de esperança, um Xangrilá
Sem cruzes, sem escravos e sem amos;
Num facho, minha amiga, de um farol,
O dia nascerá em pleno sol...
4
Falando deste amor
Que é fogo em pura chama,
Sem medo e sem pudor
Ardendo em nossa cama,
Carinho redentor
De quem cedo reclama
Um mundo encantador,
Que é feito pra quem ama...
Não vejo outra saída
Eu quero estar contigo,
Amor da minha vida,
Um sonho que persigo
Minha alma vai perdida,
Sem ter o teu abrigo..
Marcos Loures
5
Falando deste amor que é solução
E traz uma esperança em cada verso,
Do fogo que nos queima, frente e verso,
Na vida nos entorna uma emoção.
Andar no paraíso, pés no chão,
Um coração que andara tão disperso
Mudando da medalha, seu reverso,
Agora ardendo, cego de paixão...
Falar de nosso amor é ter, decerto,
Um rumo mais airoso para a vida.
Oásis que encontrei neste deserto
Prelúdios de esperança, sonho raro.
Nas duras caminhadas, meu amparo.
Do labirinto imenso é a saída!
6
Falando deste amor que quero tanto
E sempre se despede sem carinhos.
Meus olhos caminheiros que sozinhos
Aos poucos vão perdendo luz e encanto.
Distante dos meus sonhos, inda canto
Lamentos em canções. Ermos caminhos,
Ausência de ternura, burburinhos
Disfarçam sofrimento, calam pranto.
Mas tenho ao fim da vida o lenitivo
Nos passos entre as ruas e calçadas,
Colhendo estas estrelas malfadadas,
Ainda que cansado, eu sobrevivo,
Fazendo do meu céu o lupanar
Aonde tento, insano, o bem de amar...
7
Falando deste amor sem ter critério
Mentindo em cada verso, vero gozo.
No prédio de teu braço, um cemitério
Se mostra mais faminto e andrajoso
Nas roupas e trejeitos de outro império
Amor em marcha lenta é mais gostoso.
Agora, desse amor falando sério
Sou quase o que não veio de teimoso.
Mas tenho amor-perfeito no jardim,
E sempre-viva aguada no canteiro.
Das flores que plantaste dentro em mim,
A seca foi voraz, não sobrou quase.
Se falo deste modo mais certeiro
Amor veio por certo em outra fase.
8
Falando deste amor tão docemente
Em termos mais felizes, namorados.
Andando em liberdade, alcanço os Fados
E deixo que este sonho me avivente
Quem anda tão distante qual demente
Não sabe destes laços bem atados
Tampouco destes sonhos desfraldados
Que invadem seduzindo nossa mente.
Amar é ser feliz e ser honesto,
É ter solicitude, estando presto,
Voar sem ter as asas milagrosas.
Amar é ter engenho, saber arte,
Estar em pensamento em toda parte
Aonde recender olor de rosas...
9
Falando deste amor tão leviano
Que fez das suas tramas, meu degredo.
Achando que podia, soberano
Tomar já em tocaia o meu segredo,
Roubando a sensação de cada plano
Matando um coração deveras cedo,
Levando para a vida, o desengano
Criando em meu caminho o desenredo.
Falando deste amor que não tem senso
Rebenta em corredeira uma esperança
Fingindo ser amor maior, imenso;
Fez desabar o sonho que eu tivera
Levando em arranhão toda a lembrança
Mostrando sua garra, faca e fera.
7110
Falando deste bem, tanta ternura,
Mudando num momento, a minha vida,
O coração sedento já murmura
E encontra a paz que achara assim perdida.
Não temo nem a dor nem noite escura,
Cabeça pelas ruas, vai erguida.
Sabendo deste amor feito loucura,
Percebo, nos teus braços, a saída,
Pra todo o sofrimento, a minha cura.
A luta se mostrando enfim vencida,
Rasgando da tristeza uma moldura,
A sorte e alegria permitida
Vivendo o tempo inteiro do teu lado,
Meu sonho ao deus amor, já consagrado...
Marcos Loures
111
Falando da saudade que deforma
Os sonhos mais audazes que teria,
O tempo do passado sempre informa
Dizendo do que outrora inda cabia.
Tomando num segundo a antiga forma,
Às vezes com tristeza ou alegria
Realidade aos poucos se transforma,
Apenas tão somente fantasia...
Metade do que fui ficou por lá,
Porém outra metade chegará
Mudando a direção de cada vento.
Saudade, uma armadilha dos sentidos
Trazendo pães há tempo adormecidos
Suprema traição do pensamento...
7112
Falando assim baixinho
Do amor que me tomou,
Chegando de mansinho
Buscando aonde vou
Um pouco de carinho
Que a vida nos mostrou
Em cada verso intenso,
Amor que já desfio.
O tempo todo eu penso
Sem temer desafio
Pois sei, me recompenso,
No gozo e no arrepio...
Amada, que delícia
Sentir cada carícia..
7113
Falando tão somente de um amor
Que unindo nossas vidas em dueto,
Na terna sensação doce sabor,
Dançando a noite inteira um minueto
Fazendo da alegria feito um gueto
Aonde a poesia faz louvor,
Felicidade é mais que um amuleto
Um sonho além de tudo, encantador.
Usar cada palavra com esmero,
Vivendo em plenitude amor sincero,
Sem medo do amanhã. Sou teu agora.
A vida nos permite esta emoção,
No incêndio desejado da paixão
Amor feito uma lava explode, aflora...
Marcos Loures
114
Falando sério, nunca mais te quis.
Fugiste pelas vagas tempestades,
Cirandeiro esperei e fui feliz,
Nas pedras que brilhaste traz saudades.
Serena a namorada que me diz,
Carrega doce vento sem maldades.
No bosque onde moravas, por um triz,
A vida não me deixa novidades...
Dentro dele tem bosque tem um anjo.
Nas pedrinhas mandei já ladrilhar,
Nos desejos do andor, um novo arranjo...
Rua que, fosse minha era mais bela...
Nas estrelas que dei, tanto brilhar...
E todos meus amores foram dela...
Marcos Loures
115
Falando em solilóquio noite afora,
Eu teimo pelas ruas sem ninguém,
Apenas solidão me revigora
Trazendo o que se foi, e não mais vem.
É hora de partir, eu vou embora,
Vazio o coração, sem ser de outrem,
Teimando inda em bater, serve de escora,
Mas sabe maltratar, ele também...
Olhando num espelho, cada ruga,
Enquanto a vida amarga vem e suga
O que restou de um tempo... que não tive...
A par deste fantasma que caminha,
Uma esperança migra, esta andorinha
Distante dos meus olhos, sobrevive...
Marcos Loures
116
Falando em pensamento meu amigo
Por tantas vezes, fugirei de ti...
Acumulando sem querer, comigo;
As horas tristes que sequer vivi...
Pensei poder, te revelar o abrigo,
Onde procuro me esconder, mas vi
Teus olhos tomam toda a casa aqui.
Me perseguindo mas, audaz, prossigo...
Meu pensamento, tal quimera viva,
És, no meu porto mais seguro, estiva
E cais, jamais eu poderei fugir...
Pensando assim, já procurei meu mundo,
Mas, vens depressa, machucando fundo;
A paz espero, não consigo agir...
7117
Falando em amizade chego a Ti
Senhor dos meus caminhos, Deus amado.
Com alegria enorme eu percebi
Que estavas, companheiro do meu lado,
Na luz de uma esperança, eu vim aqui
Dizer do sentimento mais sagrado
Trazendo esta esperança que vivi
No encanto a cada dia abençoado
Deixado pelo Pai pra quem quisesse,
Um ato de real, divina prece
Trazendo à nossa vida com louvor
O encanto mais sublime em liberdade
Mostrando um novo mundo em amizade
Exemplo mais perfeito feito amor
Marcos Loures
18
Fugindo deste caos no coração
Depois de me perder em desamor,
Criando, novamente uma ilusão
Que refaça meu canto sonhador,
Na mata tão cerrada da saudade,
Imiscui-me inteiro sem saber,
Que a fonte do desejo e da vontade
Se encontra neste bosque do querer...
E dentro dele mora um anjo amigo
Que veio ao meu encontro e me salvou,
Amada, nos teus braços meu abrigo,
Minha alma, teu querer azulejou...
E agora que tenho, minha amada,
A estrada em minha vida, ladrilhada...
19
Fugindo deste amor que nego tanto
Embora sempre cante desolado,
Vivendo do que fora desencanto
As horas mais difíceis do passado.
Não sei se mais terei o que pretendo
Como se a tempestade me tomasse
A noite na minha alma escurecendo,
Tampouco me importando quem amasse.
Amor quando interesses superpostos
Invadem sem temer, o sentimento,
Os âmagos do amor ficando expostos,
Terminam brevemente em sofrimento...
Eu amo quem portanto não me chama
Nem clama pelo amor, ardente chama...
20
Fugindo desta treva que em passado
Tão próximo se ergueu em nosso caso,
Eu vejo que inda sigo deslumbrado
Mesmo tendo sentido, perto, o ocaso
De nosso sentimento que, marcado,
Por essas rachaduras, como um vaso,
Que jamais poderia ser colado
Se não fosse essa sorte, num acaso.
Bem sei que os erros todos foram meus
Ao dar mais importância ao que não tinha,
Beirando, uma loucura, um triste adeus,
Sentindo toda a fria solidão
Que perto, percebia que já vinha;
As garras entranhando o coração...
21
Futuro mais brilhante
Encontro na rainha
Que se fez importante,
Já sendo toda minha,
Não sou mais arrogante
Amor quando se aninha,
Te quer, dócil amante,
A mão que me acarinha.
Eu quero te encontrar,
Querida, bem amada,
Bebendo este luar,
Tomando a madrugada
É bom demais te amar,
Não quero, enfim, mais nada...
22
Futuro destemido, embora brando
Tristeza, bem distante não me humilha
Ao ver-te, num relance aqui passando,
Vestida para a festa, em maravilha,
O meu olhar faminto acompanhando
Os passos que tu davas- estrela brilha-
Sozinho, sem ninguém, imaginando,
Pudesse eternamente, em tua trilha
Seguir e ter teu corpo junto a mim,
Felicidade então; teria enfim
Traçando em perfeição glória e prazer.
Bebendo em tua boca tal magia,
Um tempo abençoado já se cria,
Tramando um belo e raro amanhecer.
Marcos Loures
23
Fustigo te provoco mas nem moves...
Os panos desta manga são chineses.
Nas trovas que te fiz, pena não troves...
Amores e prazeres são às vezes...
Nas noites que te beijo peço engovs.
Teclando essas saudades não desprezes...
Me sinto indefinido mas não choves...
Os campos sem as flores olhos neves...
Me decifro em teu par sem ser pacífico.
Não cabe testemunha em nosso caso...
Amores epidêmicos são tíficos.
Os cactus espinhosos minhas cruzes.
A vida se encaminha para o ocaso.
Sorrisos sem ser risos sem as luzes...
Marcos Loures
24
Fungada no cangote da morena
É coisa tão gostosa, sim senhor.
Se a gente toda noite faz amor,
A vida com certeza já se engrena.
Porém quando a saudade vem e acena
Mudando a direção, quero compor,
Um velho seresteiro e trovador
A música sincera e, em paz, serena...
Lugar qualquer jamais será comum,
No quarto, no motel ou no capim,
Não posso desprezar de jeito algum
A moça que desejo a cada dia,
Diabo disfarçado em querubim,
Não quero nem saber se isso vicia.
Marcos Loures
25
Funéreas tempestades vão embora
O quanto desejei e nada tinha,
Felicidade eu sei jamais foi minha,
Dos sonhos e quimeras, leda espora.
O quanto uma saudade rememora
O dia que em verdade nunca vinha,
Deitando sob o sol e sem sombrinha
O sol do meio dia me devora.
Do bronze que queria; queimadura,
Mas mesmo assim saudade cura,
Valendo cada dor que propicia.
Sem tempo de temer os temporais,
Se outrora desvendei segredo e cais.
Ao menos tive um pouco de alegria...
Marcos Loures
26
Funâmbulo palhaço, equilibrista
Preâmbulos esquece e logo insiste,
Quem dera fosse arguto, mas vai triste
E morre sem remédio e sem conquista.
A vida em estertores, nega a pista
Aonde este infeliz sempre persiste
Amor não é somente um velho chiste,
Não há contra esta força quem resista.
Num frêmito palpita e descompassa,
Em solilóquio perde toda a graça
E mata num instante de emoção.
Que faço deste louco passageiro,
Mergulha num momento e vai inteiro,
Estúpido fantasma: coração!
27
Fumando o meu cachimbo eu percebi
Quanto anti-social é o tabaco,
Na terra do vintém o currupaco
Descreve o que decerto nunca vi.
Tomando uma cachaça por aí,
Ninguém eu te garanto, enche o meu saco,
O velho sinuqueiro sabe o taco;
Depois o porre sai pelo xixi.
Fumar um baseado eu te garanto,
Causa menor tragédia; pois num canto
Ninguém perturba a paz do maconheiro.
Porém se eu fumo o meu, que é um careta,
Parece que fiz parte com o capeta;
E fumo escondidinho no banheiro...
28
Fumando meu cigarro, na fumaça
Espalho o que melhor eu sei de mim,
O tempo vai passando e sempre assim
A fome de viver não se rechaça.
Enquanto o vendaval vem e não passa
Expresso em cada flor de meu jardim
O aroma que encontrei na paz, enfim,
Num gesto mais amigo, amor me laça.
Quem dera se tivéssemos pelo ar
Caminhos estercados pra plantar
Trazendo bem mais puro o nosso céu.
Porém ao ver a fome se espalhando,
Os homens outros homens explorando,
Recebo o gosto amargo deste fel.
Marcos Loures
29
Fulguras em raríssimo esplendor
Esgueiras pelo quarto abrindo a porta.
Fartura em opulência, fina flor,
Ao mesmo tempo cura enquanto aborta.
Bebendo da esperança um bom licor
Noutro momento, lépida, recorta.
A solidão, aos poucos vem chegando
Na angústia a sensação de plenitude.
Pergunto; sem respostas, até quando
Não mudarás, querida, de atitude.
O vento da ilusão que fora brando,
Permite esta tempesta que me ilude.
Espreito uma alegria duradoura,
Apenas incerteza dura,e doura...
7130
Fulgurantes luzes que em abismo
Demonstram quão profundo é o sentimento.
Se à noite tantas vezes só, eu cismo,
Na espera de sentir um manso vento,
Percebo meu amor, que necessito
De todos os carinhos que me trazes.
Soltando minha voz pelo infinito,
Louvando o sentimento em tantas frases.
Palavras que tocando o coração,
São como redentoras, me aliviam.
Altares, catedrais da sedução
Que em doce sensação já principiam
Em vida escadaria para o céu.
Alçando, galopante qual corcel...
Marcos Loures
31
Fúlgidas presenças, opulência,
As tuas carnes tépidas conduzem
Aos templos fascinantes que seduzem,
Cenário se tomando em florescência.
Tetânicos tormentos da demência,
As horas que delírios reproduzem,
Torturas entre flamas que reluzem,
Insana e sedutora incoerência.
Serpenteias loucuras e fascínios,
Adentro teus recônditos domínios
E vibro em tentações trêmulo ardor.
Fatídicas manhãs testemunhando,
A convulsão que toma o vento brando,
Fomento insuperável deste Amor...
Marcos Loures
32
Fujo de mim, me encontro nos teus braços,
Que sabes, são meus portos, são meus cais.
Atados por potentes, fortes laços,
Distante dos teus braços, sou jamais...
Vagueio o pensamento por espaços
Vazios, sem saber se virás mais,
Mas quando te pressinto, e sigo os passos,
Percebo que viver é bom demais...
Amada não me deixe sem notícias,
Não posso mais seguir sem ti, sozinho,
Derrame uma avalanche de carícias,
Me afogue me cercando de carinho,
E vamos sempre avante sem perguntas,
Levando as nossas vidas, sempre juntas!
33
Fui zoilo deste amor que triste morre.
As portas se fecharam por detrás.
As horas que passei tudo socorre.
Quem quis amar, perdeu ternura e paz...
Perdoe este imbecil; que a noite forre
De pétalas teu mundo, fui falaz..
As flores que me deste, eu, num porre,
Despetalei ,cruel, vazio, audaz...
Não me desculpe pelas vãs traições,
Nem me escuse sofríveis brincadeiras.
As horas que zombei das ilusões,
Não voltam, nem refazem as bandeiras
Rotas que deixei, fétidas e impuras.
Só me deseje, então, noites escuras...
34 Fui feliz e não sabia
Se eu soubesse então, meu bem
Eu cantava todo dia
Este encanto que só tem
Quem descobre a poesia
Nos desejos de outro alguém
Mas agora uma saudade
Vai doendo devagar,
Tanto amor, felicidade
Que perdi, quero encontrar
Quando o frio, a noite invade,
Sigo os rastros do luar
Procurando a minha estrela,
Onde posso Deus, revê-la?
35
Fugiste... Nem deixaste tuas marcas...
Quando me ensolaravas, foste lépida...
Minha alma bronzeada quis as barcas.
A tarde que negavas, forte, tépida.
As horas de prazeres alçam vôo,
Fugiste... Me roubaste, Messalina!
Messianicamente te perdôo
Não quero me lembrar dessa menina!
Mas, quando a noite chega, velha chaga.
Reflexos desta sobre o mar...
Depressa o pensamento vem e estraga...
Os olhos recomeçam procurar...
Fugiste... Teus caminhos já não sei!
Meu Deus, onde se encontra quem amei?
Marcos Loures
36
Fugiste num cometa em noite escura,
Deixando a solidão por triste herança
Minha alma te procura e não te alcança,
Bebendo tão somente esta amargura.
Saudade maltratando me tortura,
Teu rosto emoldurado na lembrança
Quem dera se eu tivesse uma esperança,
Da doce temperança uma ternura.
Regresse! Tantas vezes te pedi,
Mas nunca me escutaste preferiste
Seguir outro cometa. Estou aqui,
Quem sabe refazendo antigo trilho
Ao ver meu coração deveras triste
Cometa espalhe enfim, o seu polvilho...
Marcos Loures
37
Fugindo duma noite tão sombria,
Deitado no teu corpo, salvador.
Lá fora, uma cortante ventania,
Aqui dentro sentindo o teu calor...
Quando os anjos aos quais tanto pedi
Remansos e descansos mais que acalentem,
Respostas encontrei estando aqui,
Nos seios e nos braços que me esquentem...
Amada, no teu colo, meu caminho.
Num turbilhão de sonhos e desejos.
Não quero sensação de torvelinho,
Eu quero mergulhar em tantos beijos...
Delírios que, implacáveis, não descansam.
Prazeres que meus olhos sempre alcançam...
38
Fugindo do que fora sem ter sido
Embora se quisesse tanto ter.
Amor que não vivi vai dividido
Espera qualquer dia vir a ser;
Não temo tais melindres e frescuras
De quem não quer amar se amor já tem.
Saltando meus amores das alturas
No fundo deste poço, sou ninguém.
Embora tanto te ame não te temo,
E tremo só de ver quando tu passas.
Me irrito e tantas vezes eu blasfemo
Se vejo teu amor e não me caças.
Embora saiba nunca me quiseras,
O meu amor por ti, entregue às feras...
39
Fugindo deste caso, a desventura
De não poder plantar novas sementes.
Florestas se misturam, meus repentes,
A mata que embrenhamos mais escura...
Procuro em cada porto, a dor futura,
Meus gritos dilaceram, são dementes...
Em cada dia, sombras diferentes,
Distanciam meus olhos desta cura...
Futuro preconiza podres ramos,
Nas árvores queimadas, sofrimento...
Por quanto tempo, lúbricos, amamos,
Amores são desejos reunidos...
Esperanças se perdem, soltas, vento...
Os quartos que dormimos, divididos...
7140
Forrando a minha noite em ironia
Estendo pelas ruas qual mendigo
Em súplica imbecil, caço um amigo
Que possa amenizar a tão sombria
Caminhada que faço em noite fria
Na busca quase inútil por abrigo.
Se eu tento e na verdade, eu não consigo,
Entendo o que ilusão já me dizia.
No cálice partida dos meus sonhos,
Os líquidos amargos e bisonhos
Perfazem com total satisfação
Retrato de quem segue insanamente
Vagante vagabundo, vil demente
Vencido pela força do tufão.
Marcos Loures
41
Fornalhas entreabertas, coxas pernas,
Tocando com meus lábios as virilhas,
Paixões que nos devoram, são eternas,
Promessas de loucuras, maravilhas.
Carícias fulgurantes e tão ternas,
Entrando em cada loca, tuas ilhas.
Distante dos teus olhos quando hibernas
A vida sem destino, noutras trilhas
Sentindo o meu prazer já latejando
Enquanto o teu em mim, se derramando.
No escambo que me deixa satisfeito.
A soma em que se dá já multiplica
E o gozo desfrutado agora explica:
Amar e ser feliz: sonho perfeito.
Marcos Loures
42
Formosos olhos buscam outros olhos
Que em sonhos se permitem espelhar,
Impedem que tragamos nos antolhos
Limites que me impeçam de te olhar...
Te vendo, nunca esqueço de dizer
Que o brilho destes olhos me domina.
Olhando o teu caminho posso ver
A luz que me irradia e me ilumina...
Nas cores que este céu já me irradia,
O véu das cachoeiras se rebrilha,
Descendo em cristalina sintonia,
Aos olhos representam maravilha...
Assim como teus olhos, meu amor,
Beleza irradiante, refletor...
43
Formiga no meu peito esta vontade
De dar um beijo audaz na moça bela.
Que enquanto seu desejo não revela
Esconde em lusco fusco a claridade.
Romper de seus pudores qualquer grade
Permite que navegue em solta vela,
Porém alguma algema inda se atrela
Negando o que se sonha em liberdade.
Sussurros e gemidos, arrepios.
Dos pássaros dos sonhos simples pios,
Momentos do passado, puros, pios
Não podem disfarçar carinhos, cios.
Os lábios da morena tão macios
Lascivos os requebros e assovios...
Marcos Loures
44
Formidável cenário atroz e lindo,
Numa expressão talvez contraditória
Moldando com certeza a minha história
Enquanto em pesadelos vou caindo.
No quanto em fantasia, amor eu brindo,
Já não suporto assim tanta vanglória
A lua avermelhada e merencória
Aos poucos no horizonte vem surgindo.
Medonhas formações anunciando
A chuva que virá e não mais tarda,
Meu passo vendo o zênite retarda
No quanto em amor cego, desabando
Da vida outrora um pálido histrião,
Ressurge como um tolo falastrão...
Marcos Loures
45
Formato em nosso sonho, um novo enredo
Na luta inesgotável, dia a dia,
A sorte não adia o seu segredo
O vento vem beijando em alegria.
Ferido passarinho sem ter asas,
Não sabe mais voar, restando aqui.
Amor reacendendo tantas brasas
Permite que eu me cure assim, em ti.
Concebo a cantoria em liberdade,
Espelho o teu sorriso em minha face,
Amor que sendo forte é de verdade,
No colo que se quer e que se abrace.
Cheirinho de café pela manhã,
A vida recomeça a cada afã...
Marcos Loures
46
Formata a solidão depois de tudo
Uma alma que se fez melancolia,
O peito que se hiberna e nunca estia
Rasgando este cetim, nega o veludo.
O grito lancinante e mais agudo
Percorre a madrugada, ausente e fria.
Uma ilusão ao sonho já se alia
Resulta no amanhã, vazio e mudo.
Assim tal qual a noite em pesadelo,
Embrenho o sentimento num novelo
Criado pela luz que desampara.
Expresso com vigor em cada verso
O gosto tão sutil, mesmo disperso,
Da boca que beijei em noite clara.
Marcos Loures
47
Formas originais, diversas fantasias.
Antigas expressões, refém do antigo.
Enquanto vastidões ainda crias,
O verso sem destino, desabrigo.
Ouvir do coração, as melodias,
Saber a cada curva, do perigo,
Espelhas quando espalhas alegrias,
Coletas cada lume que persigo.
Estranhas tempestades. Róseos céus.
Nos olhos de quem amo; fogaréus,
Afrontas e carícias, medo e riso.
Diluis tuas palavras, sentimento,
No fundo tenho um bom pressentimento,
Quem sabe da discórdia, o paraíso?
48
Formas do amor, longínquas esperanças!
Nas longilíneas mãos, tanto carinho.
Dolências delicadas, longas tranças
Descendo sobre um colo de alvo linho.
Visões de uma alegria sem igual,
Incensos que inebriam vaporosos,
As formas do prazer tão sensual
Promessas de delírios e de gozos...
Infinitos caminhos que percorro
Em cada nova noite radiante
Conheço cada vale, cada morro,
E vejo em ti destino deslumbrante...
Réquiem maravilhoso na alma pura
Embarco nestas formas, com ternura...
49
formando muito mais que dois inteiros;
amor nos multiplica em mais de cem.
Da força que decerto ele contém,
A proliferação toma os canteiros.
Desaguando oceanos nos ribeiros
Amor nos conduzindo sempre tem
Certeza de tramar no querer bem
Desejos entre furnas, bons mineiros.
Realces entre tons maravilhosos,
Verões nestes olhares invernosos
Transforma todo o gozo que se sente
Em bela catedral, divino altar
A cada novo sonho quero estar,
Entregue ao teu amor, completamente.
Marcos Loures
7150
Formada pelas chagas da saudade
Mortalha que me cobre em noite escura,
A mão de quem se deu em falsidade
Durante a vida inteira me procura
E rasga, num momento, uma esperança
Vendendo seus pedaços numa esquina.
O medo de sonhar, quando me alcança
Um pouco do que resta inda extermina.
Minando uma existência outrora em paz,
Fadando a minha senda ao desengano,
Farrapos do que fui; saudade traz,
Num ato em desvario, desumano.
A morte da alegria assim tecida,
Tomando todo o céu de minha vida.
Marcos Loures
51
Forjamos nossos sonhos benfazejos
A cada claridade que bebemos.
Forramos nossos corpos dos desejos
Que em segredos, guardamos e sabemos.
Incandescentes luzes, relampejos,
Mais que tudo na sede em que bebemos
Toda a maravilha em fartos beijos
O prêmio: ser feliz; receberemos...
Embora em aquarela, mil matizes,
A tela da existência foi borrada.
Agora que esquecemos cicatrizes,
Beleza se mostrando renovada,
Com tal suavidade em raro encanto.
Os sonhos nos trazendo um belo manto...
52
Forjada em tal riqueza, finas pratas,
Quem sabe de seus passos demonstrava
Prazeres de quem sabe serenatas,
E em plenitude intensa decorava,
Embora a placidez gere cascatas,
A força que ela sempre emoldurava
Sanava as sensações duras ingratas
Ao abortar vulcões, secando a lava.
Sabendo de seus laços, vida em ondas
Perfaz com segurança tantas rondas,
Atada com firmeza, uma amizade
Permite que se faça com afeto
O mundo mais sensato e assim dileto
Prenunciando então felicidade...
53
Foram tantos caminhos, coração,
Que perdi o meu rumo nessas trilhas...
Onde foram invernos, quis verão,
Quebraste tantas salas e mobílias...
Das noites que se passam sem perdão,
Perfumes olorosos, dama e tílias...
Acordes dissonantes, violão...
Amores me impediram armadilhas...
Valete que queria nova lei,
Nas cartas dos amores penso ás...
Nas damas que me entregas não sou rei.
Nas copas dos amores sou curinga...
Dos ouros, das espadas, peço paz...
Com paus armado meu amor se vinga...
Marcos Loures
54
Fomentos de emoção, as poesias
Expressam toda a dor/felicidade.
Diversos universos que tu crias
Inestimável sonho: liberdade.
O tempo é nosso algoz. As fantasias
Irrompem e arrebentam qualquer grade,
Verso em beleza imensa; propicias
A quem te lê; suprema claridade.
Ao longe, um trovador extasiado,
Espectro que, oriundo do passado
Recebe as maravilhas que geraste,
E tenta, inutilmente, te alcançar,
Seguindo cada raio do luar
Percebe, humildemente, este contraste...
55
Fomento da esperança, amor que empresta
À sorte de viver, valor fecundo.
Ao ter a sensação por um segundo
Bem sei que amar, querida, é o que nos resta.
Alçando esta vontade em nossa festa
Querendo conhecer um novo mundo,
Mergulho o sentimento mais profundo
E tudo leva a crer que a vida gesta
Em nossas emoções um novo trilho
De fartas alegrias e de encanto.
Tu sabes que eu te adoro e tanto, tanto,
Prevendo o teu carinho maravilho
Um gosto que jamais tive na vida,
Da sorte enfim, moldada e decidida.
Marcos Loures
56
Fugindo desta sombra eu te encontrei,
Andando pelas ruas sem aprumo...
Depressa para a luz, quando levei,
Achei que te daria novo rumo...
Contigo muitas vezes caminhei
Te dando da esperança todo o sumo,
Um canto mais feliz imaginei,
Até te dei minha alma... Não perfumo
As mãos mais em teu corpo, minha amada.
Pois foste como estrela decadente
No final da tarde, sobrou nada
Senão uma saudade negra, escura...
Pensei fazer-te assim, bem mais contente.
A tua ausência agora me tortura...
57
Fugidios, os teus passos
Não consigo acompanhar,
Se o amor estreita os laços,
Onde posso te encontrar?
Vou colhendo os meus pedaços
Que deixaste ao caminhar,
Se os sorrisos são escassos,
Que fazer, senão sonhar?
Há nos olhos de quem ama
A loucura feita em chama
Que incendeia toda a sebe.
Se esta sanha me maltrata,
A paixão cruel, ingrata
Da ilusão, teimosa bebe...
Marcos Loures
58
Fugias deste canto que te fiz
Com todos os encantos que me davas,
Falar que vou fazer-te mais feliz
Trazendo uma erupção ardendo em lavas...
Lentamente seguias sem saber
Que tudo que mais quero é te encontrar
Nos laços destes braços poder ter,
Certeza de sentir que é bom amar...
Mas presa te carrego e não te deixo,
Guardando meu amor em teu amor,
De tanto que te quero já me queixo
Do jogo que jogamos, tentador...
Brincamos escondidos, o segredo,
Também esconde-esconde é um brinquedo!!!!!!
59
Fuder tua buceta todo dia
Cheirosa, rapadinha, arregaçada,
Adoro nosso amor em putaria,
Mulher deliciosa e tão safada.
Teu cu, maravilhoso, apertadinho,
Aberto e tão sedento quer bem mais,
Coloco devagar e de mansinho,
Adoro te comer, meu bem, por trás.
Depois paga um boquete, assim tão puta,
Vadia, uma sacana, uma cachorra.
Depois de te comer gruta pós gruta
Encharco tua boca, minha porra.
E nessa fudelança que vicia,
Delícias de nós dois, divina orgia...
7160
Fuder a noite inteira. Maravilhas
Colhidas em momentos divinais.
As tramas mais ousadas, sensuais
Bebendo da umidade destas trilhas.
Comer o teu cuzinho, tua xana,
Metendo com vigor sem ter descanso,
Orgasmos sem igual, quando os alcanço
Eu vejo o teu sorriso tão sacana,
Da doce cortesã que sabe dar
Carinhos e delírios sem limites.
No amor que tanto quero que acredites
Eu vejo farta luz a derramar,
Vibrando de tesão, porras e méis
Estrelas vão rondando em carrosséis...
Marcos Loures
61
Fudendo tua boca devagar
Lambendo o teu grelinho bem tesudo
Entrando em tua xana e te provar,
Abrindo o teu cuzinho vou com tudo.
Na foda que tiramos, minha puta,
Eu quero que tu venhas bem safada,
Coloco dedo e língua em tua gruta
Sentindo tua pele arrepiada.
O rabo tão faminto, quer bem mais
Meu caralho não se cansa de fuder
Sabendo que tu gostas, dar atrás,
Desejo a noite inteira te comer.
Depois gozar querida em tua boca,
Lambuzar-te de porra, em cada toca.
62
Fuçando o meu nariz nos sonhos teus,
Eu vejo o meu retrato; o que fazer?
Se há tempos me disseste num adeus
Que o amor morreu sem lutos nem prazer.
Cupido este moleque feito deus
Espalha suas setas. Posso ver,
Dos versos mais audazes, quase ateus
No fim do túnel luz se esmorecer.
Parece que esta história se repete,
Por mais que no futuro se projete
O encanto que busquei e me negaste.
Audácia deste tolo, simplesmente?
Nababo coração teimoso mente
Tentando o teu amor, derradeira haste...
Marcos Loures
63
Fruteira repartida é vida mansa
Na dança não dançou mais minha gente
Meu verso vai surgindo num repente
E a morte se vier, já nem balança.
Convido-te querida, à contradança
Não trago no meu peito uma serpente,
Não tranço nem sequer cabelo e pente,
Maior que a cabeça, é sempre a pança.
Não pensa que me engana quem não ama
Amores são sensatas tempestades.
De tudo que já tive amor que vale
Subindo para o céu encara o vale
Nas taperas, sertões ou nas cidades?
De lenha ou gás; fogões? A mesma chama...
64
Fria noite, invernoso amanhecer.
As brumas dentro da alma me perseguem,
Se as névoas do que fomos, ermas, seguem,
Na pálida manhã eu custo a crer.
Obrigatoriedade de vencer
Por mais que as soluções já se soneguem,
Nem lágrimas que flores torpes reguem
Permitem meu canteiro florescer.
Errantes pensamentos alçam trevas,
E enquanto as urzes tantas cevas; nevas.
Angústias formatando este cenário
E ao longe o canto doce de um canário,
Latina cotovia traz a luz,
Que um sol mesmo que pálido, produz...
65
Freqüento as tempestades; disto gosto,
Não nego quanto é bom ser improvável;
Desnudo meus desejos, vou exposto
A cada novo verso mais palpável.
Embora tantas vezes com desgosto
Não seja, com certeza palatável,
O quanto que se mostra no meu rosto
Nem sempre é o que se canta, demonstrável.
Vagando entre as estrelas mais amigas,
Ronronas pela casa em liberdade,
Da vida derrubamos várias vigas.
Apenas por querer e nada mais,
Em alvoroço almoço a santidade
E traço em podridão um velho cais...
Marcos Loures
66
Frenéticos desejos nos tomando
Em tanta sedução, impetuoso,
Loucura assim querendo e desejando
Amor que a gente fez tão prazeroso.
Eu quero e nem pergunto onde e nem quando,
Apenas debruçar em cada gozo,
Depois sentir meu corpo se inundando
Do mel que tu me trazes, mais gostoso...
Unidos em total felicidade,
Marcados pelo fogo da paixão.
Descubro em cada porto, uma umidade
Nas ondas deste mar em tentação.
Na chama que nos queima e tudo invade,
Acendo noite e dia, o teu vulcão...
Marcos Loures
67
Foste minha sedenta companheira,
Cruzamos as estrelas e desertos...
Amar seria nossa audaz bandeira.
Caminhos que seguimos mais incertos...
Estás tão longe, amiga verdadeira,
Os nossos corações estão despertos,
Te busco nos altares, altaneira,
No fundo não seremos céus abertos...
Marcadas nossas cartas dão derrota,
Canoros canarinhos já não cantam,
A roupa que vestimos se amarrota.
Não podes ser rainha, nem princesa.
As ondas, nossos mares, se levantam,
Levitas nos meus sonhos, incerteza...
68
Foste esculpida em Carrara.
Estátua de maior brilho.
Teu mármore, pedra rara,
Decora todo esse trilho...
Quem me foi bela, foi cara,
Em teus olhos maravilho...
A vida não antepara
Prepara meu estribilho!
Quero-te flamenca dança
Na guitarra que solei
Nas mãos a breve criança...
Nos caminhos que criei.
Não te tiro da lembrança
Rainha aonde fui rei!
Marcos Loures
69
Fosse um fóssil seria imorredouro,
E, cáspite! Quem sabe mais feliz.
O peito se devora em sangradouro
Capaz de outro nascer pedindo bis.
Nos gizes espalhados, mau tesouro,
Ascetas entre as setas, cicatriz,
Ouvindo esta canção, chapéu e couro,
Retorno à juventude, diz Bee Gees.
O velho coração de um comunista
Que agora se percebe sem saída,
Demônio que matou; capitalista,
Quebrando o antigo muro de Berlim,
Também ao ver a rota assim perdida,
Plantou rosa vermelha em meu jardim..
7170
Fosforescente lume nega as trevas
Fulgura constelar sobre os lençóis,
Com brilho similar a vários sóis
Desejos sem igual, decerto cevas.
Nas ânsias da procura por atóis,
Nas glebas infindáveis já não nevas
Deixando bem distantes outras levas,
Brilhando intensamente quais faróis.
Redimes os meus medos ancestrais
Em fontes, sendas, rotas sensuais
Até que se permita um gozo pleno.
No orgástico furor, delito e fúria
Tomado pelo anseio, em tal luxúria
Destilas mel em forma de veneno...
Marcos Loures
71
Fortuitos sentimentos são ferozes
São facas que machucam com dois gumes.
As mãos que acariciam são velozes,
Amor que não se cuida, sem costumes...
Os cantos que não trazes perdem vozes
Meus dedos não procuram por estrumes
As ruas dos silêncios são atrozes
Nas noites dos meus sonhos cadê lumes?
Singelos meus defeitos são completos
Completam-se nos erros que não fiz.
Amores são meus pratos prediletos,
Embalde nesta vida sou feliz
Violas quando plangem serenata
De amores Elisângela é a nata!
72
Fortalecendo assim, os nossos remos,
Vencemos correntezas agressivas.
O quanto que decerto nós sabemos
Mantém as nossas luzes sempre vivas.
A sorte já lançada em novos dados,
Abarca estes destinos confluentes,
Os gozos destes sonhos desfraldados
Ensinam o que queres e pressentes.
Além da metafísica e dos anjos,
Arcanjos, querubins se transformando,
Cuidando dos antigos desarranjos,
Antídotos decerto inoculando.
Eu quero o sentimento mais perene,
Que a sorte de viver não me envenene...
Marcos Loures
73
Forrando minha estrada em paraíso
Florescem multicores esperanças.
Nos passos da amizade eu me matizo
E solto meus temores nestas danças
A vida não precisa mais de aviso
Portando nos olhares alianças,
Nos lábios mais sinceros os sorrisos,
Pureza que se encontra nas crianças.
Quem tem uma alma pura em transparência
Consegue perdoar e ter clemência
E encontra no perdão felicidade.
Assim ao se livrar do fardo triste
Concebe amor intenso que resiste
Nos seios divinais de uma amizade.
74
Forrando em alegria os meus bornais
Em plena sintonia nada temo.
Do quanto na amizade eu vejo mais
Distante manteremos medo e demo.
Na plenitude imensa deste sonho,
Meu canto não descansa e tanto busca
A luz que me ilumina em céu risonho
Nem mesmo uma ilusão ainda ofusca.
Jamais irei carpir desesperança
Tampouco irei sofrer inutilmente.
Quem sabe, quer, deseja sempre alcança
E o gozo da vitória assim pressente.
Ao ter; junto comigo, os passos teus
Não temo mais trevas, bebo os breus...
Marcos Loures
75
Flutuo em cada verso
Que fazes para mim.
Vagando no universo
Num canto que é sem fim
Outrora tão disperso
Agora segue assim,
Em asas, mais liberto
Sem medo, asas abertas,
Estando sempre perto
Mesmo em horas desertas,
Seguindo cada passo
Em flóreas caminhadas,
Teu corpo eu já devasso
Nas noites bem amadas...
Marcos Loures
76
Flutuas feito um anjo; um querubim,
A deusa desta rua, nua e bela,
Esqueço qualquer dor, qualquer mazela
E posso ser feliz, creio que sim...
Distante da tristeza de onde vim,
A fonte dos desejos se revela,
E quando em teu caminho, alma se atrela
Consigo imaginar o amor em mim...
Erguendo o meu olhar vejo que o sol
Tomando num instante este arrebol
Derrama suas luzes sobre nós.
Estás junto comigo e isto me traz
Um mundo renovado, em plena paz,
Matando o meu passado, duro e atroz...
77
Flutuas como um anjo quando sonhas
Deitada nos meus braços, noite clara.
Tornando as nossas tramas mais risonhas
Ao mesmo tempo apóia-se e me ampara.
Estrelas quais pequenos vaga-lumes
Cercando nossos corpos, teu sorriso,
Distante das tristezas e queixumes,
Um anjo que me leva ao Paraíso.
A vida do teu lado, um sonho imenso,
Deixando para trás quaisquer problemas,
Por sobre as tempestades e dilemas
Temores e rancores; logo venço;
Elevo-me aos espaços, vou liberto,
E deste sonho, amada, não desperto...
78
Flutua um sentimento em plena bruma,
Vagando pelas noites astro raro.
Nos mares se explodindo em branca espuma
Viver estando aberto ao céu mais claro.
Nesta evaporação dos fumos leves
Nas místicas lembranças doutras vidas.
Amores revividos morrem breves
Encontro minhas dores esquecidas.
Não posso mais pensar nas inclemências
Que portam as quimeras mais cruéis
Amar não é somar coincidências
Nem menos ver a vida de viés...
Eu sinto tanta urgência em te querer
Poder revigorar amor, prazer...
79
Florindo, no teu corpo, tal jardim
De flores ideais, tão aromáticas.
Sementes deste amor, as guardo em mim,
São todas por si mesmas, emblemáticas;
As mãos tão imortais das fantasias,
Nos sonhos resplandecem de verdade.
E dão um tal sentido às alegrias
Nos inundando enfim, felicidade...
Espaços que circundam o infinito
Dos braços da mulher que tanto almejo.
Vivendo a perfeição deste meu rito,
Sabendo quanto enfim eu te desejo.
Amada, como é bom poder sonhar,
Em tua plenitude, naufragar...
Marcos Loures
80
Florindo o meu caminho em raros molhos
Dourando em fantasias cada pleito
O bem do amor procuro nos teus olhos
E sinto abrir a porta do meu peito,
Janela sem tramela nem ferrolhos
O mundo que eu queria satisfeito
Matando no canteiro maus abrolhos,
Percebo uma esperança que em meu leito
Virá qual fosse estrela bela e guia,
Com toda a mansidão da poesia
Que a ti, minha querida, eu dediquei.
Sentindo a mais sublime sensação
Vivendo com delírio essa paixão
Decerto todo medo eu vencerei...
Marcos Loures
81
Florindo no teu corpo tal desejo
Que flamba meu amor em força e luz.
Errantes, os meus lábios, tanto beijo,
Em meio a tantos rumos me conduz.
Sem travas eu liberto as fantasias
E caço em alvas asas liberdade.
Velando pelas velhas noites frias
Alvejo em teu sonhar, serenidade...
Espaços antes turvos, cristalinos.
Teu corpo nos meus braços vai envolto.
Permite tais loucuras, desatinos,
O grito do prazer quase que solto.
Estrelas e desejos procurando
Nos cios, luas sóis se fecundando...
82
Florindo a primavera dentro em nós,
Jasmins, rosas vermelhas, buganvílias,
Entranham meus olhares, ouço a voz
Das áureas emoções em que tu trilhas
Por entre este canteiro feito em tílias.
Perfume que tu deixas logo após,
Envolvem meu jardim em maravilhas.
Quem dera se estivéssemos a sós.
Vertendo iridescências nos lençóis
Milhares de matizes destes sóis
Que tramam este amor primaveril;
Nas íris, nas retinas, nas pupilas,
Entranham tantas cores que destilas
No véu em que o desejo se vestiu...
Marcos Loures
83
Floriam os jardins sob o luar.
Reflexos prateados em nossa cama.
Em todos os carinhos navegar,
Em todas as vontades, viva chama...
Nas asas da paixão, eternidade,
Nos olhos da ilusão, amores claros.
Nas pernas, nossas danças, claridade,
Desejos tão complexos e tão raros...
Envolto por teus braços, vejo a lua;
Estrelas salpicando nosso chão,
Desenham tua pele bela e nua,
Transportam para o quarto uma amplidão.
Viajo com os lábios, as estrelas,
Abrindo o coração, irei contê-las!
84
Florestas e fanfarras, gozos extremados
Olhos mais servis, querências e mortalhas,
Os dedos em tortura destroçados,
As mãos numa oração são quais navalhas.
A sorte vai lançada em outros dados,
Apenas sobrarão estas batalhas
Aonde os cortes foram malfadados
E os dias determinam velhas falhas.
Parturiente algoz, amor insano,
Fartura de tramóias, desengano,
Ruptura do que fomos, novo cisma.
Amanhã nada serei e quero assim,
Amor cortando fundo dentro em mim,
Certeza absoluta: cataclisma!
Marcos Loures
85
Florescendo este jardim,
Que adubei com a esperança
Este amor chegando enfim,
Prometendo esta festança
A minha alma segue assim,
De alegrias ela dança,
Meu amor, meu querubim,
Dos espaços já me alcança
E promete viração
Corrigindo os meus pecados,
Pouco a pouca uma explosão
Nos teus braços deflagrada
Coração guarda os recados,
Mas não ouve quase nada...
Marcos Loures
86
Florescem sob a lua, teus encantos,
No teu corpo as marcas do prazer,
Cobrindo tua pele como mantos
Entranham cada parte do teu ser.
As loucas, transtornantes fantasias,
São tuas cicatrizes favoritas,
Espelham nossas doces sinfonias
Tocada pelas bocas tão benditas...
Os astros te observando tecem lumes
Nos céus qual pirilampos fluorescentes,
As flores se encharcando de perfume,
Se abrindo e se mostrando enlanguescentes...
Florescem novamente meus desejos,
E rendo-me aos teus sábios lábios, beijos...
87
Floresce no perfume que senti,
A lua que acendi enamorado,
Teu corpo de meus sonhos bem amado
Demonstra todo o gozo que previ
Vivendo toda a glória vejo em ti
O tempo em ouro pleno emoldurado,
O gozo de ser teu; nega o passado,
Desejos que pensara encontro aqui.
E tendo em meu caminho a rara estrela
A vida se tornando assim tão bela,
Jamais eu poderia me esquecer
De cada beijo dado em plenitude
Trazendo eternidade e juventude
Bradando com certeza o bem querer...
88
Flores no meu jardim esquecidas...
Jasmins e brancos lírios derradeiros,
Crisântemos e rosas ressequidas
Amores se perdendo, corriqueiros...
As rosas, violetas, dálias, lírios;
Não sabem quanto tempo eu procurei,
Passando meus amores nos martírios
Achando que podia, mergulhei...
Agora que o jardim, tão sem cuidado,
Em urzes, nos espinhos sequer flor,
Eu lembro desse amor novo, encantado,
Quem sabe possa ser o salvador?
Porém, ao ver distante o teu abraço,
Deitado em meu jardim, vem o cansaço...
89
Flores desabrochadas, primavera...
Nos jardins que cultivo belas rosas;
Esqueço meus tormentos. Quem me dera!
O canto desses pássaros... Formosas
Manhãs... Meu coração sossega a fera
Que sempre me mostrou as horrorosas
Garras. No meu recanto, essa quimera
Arranca pobres flores mais vistosas...
Persigo meus desejos, nada encontro...
Não deixo de tentar um novo dia...
Fina arte de viver, o desencontro...
As gotas deste orvalho, são cristais.
Quem sabe viverei esta utopia?
As flores no jardim, amor e paz...
Marcos Loures
7190
Flores desabrochadas com ternura
São flores mais macias, perfumadas,
Não temem enfrentar a noite escura
Pois sabem que as manhãs vêm orvalhadas...
Flores desabrochadas com carinho
São flores perfumadas sem temor.
Pois sabem que esse amor não vem sozinho
Trazendo o seu desejo sedutor...
Flores desabrochadas sem segredos
São flores tão bonitas bem cuidadas,
Não guardam na memória tantos medos,
Pois sabem que são flores bem amadas...
Por isso meu amor sou verdadeiro;
Quem dera se eu te fosse o jardineiro!
91
Florada num outono, temporã,
Trazendo à tarde cinza, a claridade.
Iridescente brilho da manhã
Que, sorrateiramente a noite invade.
Depois desta jornada tão malsã
Percebo, no final, felicidade.
Pensara a minha vida tola e vã,
E agora ao fim do túnel, liberdade...
Ouvir teu acalanto em voz macia,
Qual fora algum encanto. Em tal magia
Adormecer, pensando noutras eras
Aonde enfim pudesse desfrutar,
A rara fantasia, a me entornar
Estas inesperadas primaveras...
92
Flor do meu sonho, bela mensageira,
Aberta nas noturnas fantasias...
Acorda tanto amor, és verdadeira
Fada! No teu perfume me extasias!
Mergulho em teu prazer qual cachoeira,
Mudando num segundo duros dias,
Segredos que me contas, companheira,
São mágicas ternuras, alegrias...
Meu sonho quis conter esse jardim,
Das rosas, monsenhores e camélias...
Quem dera nunca mais tivesse fim...
As flores que mergulhas no meu sonho,
Estrelitzas, begônias e bromélias,
O jardim dos amores que componho...
Marcos Loures
93
Flor bela que espancada não sabia
Que toda flor tem sempre o seu espinho,
Às vezes maltratada, outra sombria,
Fugia toda noite de mansinho.
Deixando um coração em água fria
Amortalhado o sonho, bebo o vinho.
O quanto que não quero e nem queria,
Agora vou somente passarinho.
Teu corpo, minha amada, é meu alpiste
Com ele com certeza, cadê triste?
Pulando este alambrado faço o gol
Mergulho na metade que inda sou,
Fazendo do teu porto ancoradouro
Encontro a flor mais bela, meu tesouro...
94
Flechado por Cupido e sua seta,
Não tenho mais escolha, sou teu par.
Colheita que se faz sempre completa
Desfruto toda a glória do pomar
Cevado pelo amor que se completa
Nos olhos que se emprenham de luar.
Persigo a cada noite a estrela guia,
Deixando o sofrimento em outra esfera.
O mundo se fartando de alegria
Permite reviver a primavera
Matando com suave fantasia
A dor da solidão, temível fera.
Somando nossos sonhos, infinitos
Invadem em momentos mais bonitos...
Marcos Loures
95
Flechado pelas setas de Cupido,
Envolto na esperança mais sutil.
De tanto que sofrera, já me olvido,
Te sinto novamente, tão gentil...
Eu sei que degeneras numa fera
Se tantas regas nunca forem dadas,
Padeces das complexas quimeras,
As asas, muitas vezes, amputadas...
Mas quero me embrenhar nos teus cabelos,
Vivendo novamente tuas matas.
Talvez inda me venham pesadelos,
Com mãos suaves, sempre me arrebatas...
E morro, novamente em teu destino,
Amor que me domina, sou menino...
96
Flameja esta vontade de poder
Estar contigo, amada, a vida inteira.
Rainha sertaneja a companheira
Aonde encontro o sol que quero ter.
Refém deste desejo, passo a crer
Que a lua dos poetas, conselheira,
Deitou sobre teus braços, a fogueira
Que eterna e ternamente vem arder
Por sobre nossos corpos, noite e dia,
Forjando da esperança esta alquimia
Telúrica expressão de crença e gozo.
Esteio, doce arrimo de ilusões,
Abrindo com ternura os tais portões
Que levam ao futuro mavioso...
Marcos Loures
97
Flameja dentro em mim o teu encanto,
Espero a cada verso conduzir
A vida ao que desejo no porvir,
Roubando a fantasia em doce canto.
Se eu te amo, e na verdade eu sei que é tanto
O jeito é do teu lado prosseguir,
Deixando a poesia nos sentir
Vencendo em mansidão qualquer quebranto.
E trago finalmente o meu sorriso
Patético de quem se enamorando
Aguarda um tempo calmo, suave e brando,
Que trazes num poema, como aviso
Dizendo do futuro benfazejo
Que é tudo, meu amor, o que desejo!
98
Flagelas essa mão que não consolas...
As vivas mãos suaves, aves plenas...
Nas pássaras alvíssaras esmolas...
As vivas mãos nas naves sorvem penas...
Retornas de teus tornos, traz estolas...
As mãos consagradoras, não acenas.
As pistas, teus alpistes são pistolas,
Nos solos tuas solas tudo assolas...
Flagelas essa mão que acaricia,
Cospes no prato sujo que comeste...
Não temo tuas noites... És vazia...
Morreste desde o dia em que nasceste!
Meu mundo, num segundo tudo muda...
Não quero teu conselho nem ajuda!
Marcos Loures
99
Fizeste do meu peito uma peneira
Mentiras disparadas, setas tantas
Quem fez de uma esperança uma bandeira
Perdeu-se por debaixo destas mantas
Que usaste por disfarce, guerrilheira
Que ao mesmo tempo adula até me encantas;
Mas mal percebo foges tão ligeira
E o nobre sentimento, cedo espantas.
Queria ser teu par, ter alegrias,
A vida me negou tais regalias
Deixando este silêncio, este vazio.
E assim, ao perceber que foste embora,
Estúpido, meu peito ainda chora,
E um belo amanhecer, eu fantasio...
7200
Fiz uma casa branca lá na serra
Prá móde nóis podê ansim morar,
Distante da cidade, tanta terra
É percizo com força caminhar.
Porém o bom cabrito nunca berra
Pensei, aqui comigo, vai voltar
Mas quando uma vontade já se emperra
Ninguém vai conseguir modificar.
Esta casinha branca, abandonada
Depressa começou, em tanta teia
Ficar como uma marca nesta estrada
Da terra e da poeira, tão vermeia
De branco não tem nada mais, senhor,
Matando de anemia, o meu amor...
1
Fomentas nos meus antros cerebrais
Distintas ilusões sobre o futuro
Às vezes simplificas os banais
Tormentos que me tornam bem mais duro;
Por outras deturpando os mais boçais
Medos, onde sempre me emolduro.
Meus dias, quando negros, temerários,
Encharcam a minha alma, podre lama.
Os rogos que me trazes, tão sectários
Invadem ilusões em cada trama.
Desejos que predizes, mercenários,
Açodam minha boca em negra chama.
Minha alma em tão sutil putrefação
Aguarda depois disso, a solidão...
Marcos Loures
2
Folheando teu livro da existência
Encontro tantas páginas em branco.
Bem sei que não é simples coincidência
Tais páginas; do meu, também arranco...
São folhas de saudade e de tristeza,
Jogadas desde há muito na lixeira.
Amor que nos redime, fortaleza,
Paixão que nos devora, verdadeira...
Eu quero cada toque dos teus lábios
Eu quero a profusão de uma loucura,
Carinhos mais audazes e tão sábios,
Ternura recheada de torturas...
Tua boca beijar, tão flamejante,
Vivendo nosso amor, irradiante...
3
Folguedos e delírios, passos largos;
Festejos, labaredas e resenhas.
Distante de outros dias tão amargos,
Percorro devagar, encontro as senhas
E peço que queimando em chamas, lenhas,
Possamos nos beber em longos tragos,
Desejo num instante que tu venhas
E encharque de prazer, divinos lagos.
Estar dentro de ti, desnuda e bela,
Tocar as tuas bocas, todas, nuas.
Até que com loucuras, viva estrela
Derrame-se na cama, reluzente.
Sentindo que em torpor mago, flutuas,
Em suspiros orgásticos, gemente...
4
Folguedos de criança em plena tarde,
Volúpias desejosas sem juízo,
Ao mesmo tempo soprando quando arde
Já traz na boca o gozo mais preciso.
Uma algazarra insana, bem moleca,
Promete em mil carinhos, tais delícias,
A saia se levanta... e tão sapeca,
Sorri quase em deboche, com malícias.
Assim ao passear as minhas mãos,
Encontro os seios duros, sequiosos,
Penetro devagar, encontro os vãos,
Aonde os jogos ficam mais gostosos,
Risadas e gemidos se misturam,
Sem nexo, nossos sexos se procuram...
Marcos Loures
5
Folguedos de criança em plena tarde,
Volúpias desejosas sem juízo,
Ao mesmo tempo soprando quando arde
Já traz na boca o gozo mais preciso.
Uma algazarra insana, bem moleca,
Promete em mil carinhos, tais delícias,
A saia se levanta... e tão sapeca,
Sorri quase em deboche, com malícias.
Assim ao passear as minhas mãos,
Encontro os seios duros, sequiosos,
Penetro devagar, encontro os vãos,
Aonde os jogos ficam mais gostosos,
Risadas e gemidos se misturam,
Sem nexo, nossos sexos se procuram...
Marcos Loures
6
Fogueiras de emoções, desejo e acendo
Um velho trovador tem seus macetes,
Meus erros; reconheço e os revendo
Eu rasgo a fantasia, e os meus coletes
Confetes espalhados na avenida
Resíduos da ilusão de um carnaval
A sorte muitas vezes distraída,
Entorna a fantasia no bornal.
No aval da vida em lágrimas eu traço
O meu futuro, agora com firmeza.
Seguindo a poesia passo a passo,
De todo o sentimento eu ponho a mesa.
Amor que se mostrando descoberto,
Permite que eu mantenha o peito aberto.
7
Fogo brando que ardendo, me consome,
Refletindo em teu rosto, calor, lume...
Amor que devorando mata a fome
De tantas ilusões e de ciúme...
Acesas nossas brasas nestas chamas,
Acesos nossos sonhos nas carícias.
Ardendo nossas brasas, nossas camas,
Nesta fornalha louca de delícias...
Sou tão ditoso, tenho o teu calor...
Que em febre fantástica já ferve
Nas tramas e desejos deste amor.
Que sendo assim servido, sempre serve.
Amor que me enredando, forja a teia.
E; fogo inimitável, me incendeia...
8
Fogaréu dentro de mim,
Acendido por carinho
Da mulher que vejo enfim,
Clarear o meu caminho.
Tua boca carmesim,
No teu corpo eu já me aninho,
Da paixão este estopim
Explosão sem burburinho.
Vago a noite procurando
O teu corpo junto ao meu,
O meu sonho outrora brando
Se transforma em tempestade,
Pois coração conheceu
Este amor que é de verdade!
Marcos Loures
9
Fogão a lenha assando milho e broa,
Viola ponteando na varanda,
O coração matreiro já desanda
Sabendo que esta vida é muito boa.
Se a voz do meu passado inda ressoa,
O peito se carrega e ando de banda,
Morena que sonhara na ciranda
Antigo marinheiro não enjoa
Aprende com peixinhos a nadar,
Mineiro imaginou como é o mar
Lagoa que se perde no horizonte.
A mãe já me chamando para casa,
O tempo é tão ligeiro e não se atrasa
Por mais que a fantasia, tola, apronte...
7210
Ferrenhas ilusões, dura lembrança;
Invadem os meus dias sem descanso.
O sonho vai distante, não alcanço
E espero tão somente uma mudança
Que faça do amor em contradança
Apenas um regato bem mais manso.
Aos braços da ilusão, quando me lanço
Espreito na verdade uma esperança.
As nuvens que prometem furacão,
Enegrecendo assim todo o meu céu,
No fundo só riscaram a amplidão
Do turbilhão gigante, nada sobra,
O barco em calmaria se soçobra
Demonstra o vento às vezes disfarçado.
Marcos Loures
11
Feriste um coração sem perceber.
São várias cicatrizes que deixaste.
Reclamas inocência, quero crer,
E tentas me falar sobre desgaste.
Eu sei que tanto tempo assim maltrata
Eu sei que a própria vida, amor consome.
Mas deixa uma saudade que arrebata,
Depois de certo tempo, tudo some...
Não deixe que isto ocorra, minha amada;
Te quero bem além do simples beijo.
Seguirmos assim juntos, mesma estrada,
Vivendo e desfrutando um só desejo...
A luz no fim do túnel nos acena;
Amor, a nossa luta vale a pena!
12
Ferina sorte engloba o dia a dia,
Naufrago em corredeiras, enxurradas.
As cartas que já foram bem marcadas
Impedem qualquer luz ou fantasia.
Felicidade há tempos tanto urgia
Nas cordas da ilusão mãos amarradas,
Entregue aos desafios, das espadas
Apenas os carinhos da sangria.
Terríveis pensamentos, tresloucado,
Esqueço na parede o teu retrato
Refém do que vivemos no passado,
Não posso mais tentar navegação.
Sem timoneiro, vou sem direção,
Inutilmente; as cordas não desato...
Marcos Loures
13
Ferido sem ter cura por teu beijo,
Que, em seta, flecha e lança transformaste,
Depois de tanto amor que transbordaste
O mar tão furioso do desejo.
Amada, quem me dera num versejo
Fazer de teus amores a bela haste
Que mantendo meus pés não desabaste
Meus sonhos venturosos. Não fraquejo.
Se nada que fizeste fosse tanto
Que entretanto te cobro a cada dia.
Amando vou a mando desse encanto
Que encontro em tão constante formosura
Mostrando minha plena alegoria,
Sorriso, por te ter, uma ventura!
Marcos Loures
14
Ferido por Cupido, num vacilo,
A flecha bem de perto ele atirou,
Contágio sempre feito por bacilo
Amor de tanto amor já me pegou...
Vacina que deixei lá na gaveta
Achando minha idade protegia.
Agora esse menino com a seta
Mirando no meu peito a fantasia...
Doente dessa praga quero cura
Mas vejo que não tenho mais remédio
Achando triste cada noite escura
Vivendo em teu prazer sem ter mais tédio...
Porém logo percebo, estou neurótico.
Solução? Vou tomar antibiótico!
15
Ferida que causaste minha amada
Do nada que surgiu tão de repente
Engano meu passado com guinada
Ufano de viver tão displicente
Se sinto o que tu sentes somos par
Se queres tuas asas alma e anjo
Nos ventos e nos vórtices voar.
Artífice, difícil tal arranjo...
De termos tantos termos violados
As pazes incapazes gelo e selo,
Saber doce sabor amores dados.
Vencido por quem sabe convencê-lo
Amor não morre mais inutilmente
Apenas ameniza o fogo ardente...
16
Fera dissimulada esconde garras,
Profundas e ferozes tais tenazes.
Fingindo-se cativa, rompe amarras,
As noites e sonhares, mais audazes...
Conhece o paladar das alcaparras
Embora se desmanche, nega pazes,
Delira com acordes de guitarras
Transmuda-se completa em várias fases.
As presas nas tocaias, indefesas,
Hipnotizam, os olhos da pantera..
No brilho de seu couro, mil belezas,
Nos laços dos seus sonhos são atadas,
Mal sabem da grandeza que há na fera!
As unhas escondidas, ‘stão cortadas?
Marcos Loures
17
Feliz, a cada dia mais eu penso
Na força soberana deste amor,
No qual trazendo um sonho tão imenso,
Eu vejo em minha vida a rara flor
Nascida num jardim tão belo e imenso,
Perfume tanta vez encantador,
Tornando o dia-a-dia menos tenso,
Aguando de esperança um sonhador.
Tocado pelas mãos da poesia,
Caminho mais liberto em glória plena.
A vida em teus braços já me acena
Tramando a mais perfeita fantasia.
Sentindo o teu perfume junto a mim,
Percebo renovado este jardim...
Marcos Loures
18
Feliz também estou por ter certeza
De ter o teu amor só para mim.
Seguindo calmamente a correnteza
Vivemos neste encanto sem ter fim.
Teu verso que me fazes com destreza
É feito com ternura e sendo assim
Amor que nos arrasta pondo a mesa
Deixando este cenário, leve, clean..
Nas cinzas dos cigarros, quando eu fumo
Eu vejo em espirais a tua imagem,
Tomando tua boca, em mel e sumo
Amor mais que perfeito se promete
Felicidade enfim não é miragem
E em cada novo verso se repete...
Marcos Loures
19
Feliz por ter estrelas no meu peito,
As cordas açoitadas pelo vento.
Espero que te encontre, é meu direito,
Ao menos que só seja num momento...
Assombros desta vida sem destino,
Embora tantos sonhos mais dispersos,
Eu quero um novo tempo cristalino,
Por isso te dedico tantos versos...
Enredos deste canto em que mergulho,
Nas horas mais sutis, nada mais tenho...
Escuto tão somente esse marulho,
Nos mares dos amores que me embrenho...
Não posso mais tentar sobreviver,
Nas ondas deste mar, irei morrer!
20
Feliz por nosso amor, canto e desejo.
Sou mais do que pensara ser um dia.
Um novo tempo em luz, amor, prevejo;
No brilho deste sol calor e guia.
Já me dissera um dia, um realejo
Que a sorte em minha vida, mudaria.
Sentindo o teu carinho, um relampejo
Riscou todo o meu céu em fantasia
Meu incontido verso te alcançando
Alçando meu futuro no teu braço
Nos passos flutuando, em ti valsando
Na noite que, Deus queira, nunca acabe,
Meu riso que antes fora tão esparso
Numa alegria explode e já não cabe...
Marcos Loures
21
Feliz em me afogar- cumplicidade-
Fartando-me do gozo que inerente
É tudo o que este peito tolo sente
Mudando de matiz, tonalidade.
A velha correnteza que me invade
Deixando o tempo agora bem mais quente,
De todos os desejos que mormente
O gosto não completa à saciedade...
Escritos em papiros, meus motivos,
Encalhando-se em tímidos atóis
Usando com meiguice teus faróis
Serão menos ferozes ou altivos
Desde o mecônio à morte propalada
Quem dera se maior, a minha estada...
22 Feliz de quem sofreu por tanto amor,
Em meio a tanto brilho teve luz.
Sabendo que no fim muito calor
Também certa ferida assim produz.
Não falo em compaixão nem em saudades
Apenas nos enganos e mentiras
Agruras de quem viu felicidades
Depois de certo tempo em tantas tiras.
Porém quem nunca amor teve cuidados,
Sozinho mesmo aos trancos e barrancos
Deixou os sentimentos mais calados
Nas noites e nos dias todos brancos
Promessas que escutara a vida inteira,
Vazios sem resposta e companheira.
Sozinho prosseguindo sua rota,
Mais nada, solidão a esmo brota...
23
Feliz de quem encontra o par perfeito,
Dançar à noite em plena fantasia.
Agreste solidão toma o meu peito,
A boca carmesim diz da sangria.
Se às vezes em loucuras me deleito
Não penso no raiar de um belo dia,
No fundo sem destino, insatisfeito;
Percurso se perdendo, noite fria.
A vida, esta gangorra interminável,
Socorre, mas depressa nega ajuda.
A lua, bela fêmea, se transmuda
E deixa um rastro insano, inalcançável.
Na ponta deste velho canivete,
A história novamente se repete.
Marcos Loures
24
Feliz de quem consegue ter amor
Que traga uma alegria verdadeira.
Mostrando quanto é bom ter este ardor
E a sorte benfazeja e corriqueira
Espero ser de ti merecedor
Sentarmos bem defronte a uma lareira,
O frio transformado em tal calor
Que traga nossa sorte alvissareira.
Encontro em cada verso que me fazes
Motivos para sempre andar contente.
Amor que se permite crises, fases
Mas no final se mostra um vencedor.
Meu coração, tu sabes, sempre sente
Vontade de viver eterno amor...
Marcos Loures
25
Feliz de quem consegue perceber
Além da fantasia, o ser real
Que existe e me permite bem ou mal,
Falar desta esperança de poder
Seguir a senda rara do prazer
Bem mais do que um momento casual,
Abraço tão gostoso, magistral
Estrelas que aprendi a recolher
Amar-te é ser feliz, tenho a certeza.
Em ti encontro a paz feita em grandeza,
Leveza em cada passo desta andança
Numa busca incansável pelo sol,
Que trague para todo este arrebol
Os lumes mais sublimes da esperança...
Marcos Loures
26
Feliz ao lado teu, sei que serei,
Amada nos teus braços, meu abrigo.
Um sentimento nobre traz contigo
E nele meu amor; me abrigarei...
Além de todo o amor que imaginei,
Teus braços são o sonho que persigo,
Com eles sem temor, sempre prossigo
Num aconchego ameno que sonhei...
Tu és a companheira que eu queria,
Amiga, amante, amada, belo sol
Que invade com teus raios todo dia.
E faz da poesia nossa luta,
Guiando cada passo, meu farol,
No canto mais ardente que se escuta...
27
Feliz aniversário, companheiro,
Poeta de fantástico talento,
Eu aproveito, agora, este momento
E sendo mais sincero e verdadeiro
Fazendo do soneto, o mensageiro,
Numa expressão maior do sentimento
Espalho o meu louvor ao pleno vento
E espero que te alcance, assim ligeiro.
Tu és um defensor da poesia
E escreves com perfeita galhardia
Criando tantas páginas de luz.
Um mero trovador ousa louvar
Beleza inigualável do sem par
Bardo que ao cantar, tanto seduz...
28
Feliz aniversário minha amiga
Que Deus proteja sempre cada passo
Em toda esta esperança que se abriga
Decerto na pureza de teu braço.
Vencendo a tempestade tão antiga
Criando eternidade em cada laço,
Que a vida sempre em paz, assim prossiga,
Deixando para trás qualquer cansaço.
Eu quero neste dia te dizer
Do quão enorme e farto é meu prazer
De ter tua amizade soberana.
Amor quando demais a alma decora,
E com toda a certeza comemora
Presente nesta data que engalana...
29
Feliz aniversário é o que eu desejo
A quem sempre se mostra tão amiga.
O melhor dos melhores já prevejo
Pra quem a cada dia nos abriga
Que tudo o que tu queres se consiga
Sem medo de tempesta e relampejo
Que a vida em santa paz sempre prossiga
São estes os meus votos. Neles vejo
Um dia mavioso que virá
Na festa tão gostosa que faremos
Para homenagear quem adoramos.
Eternamente sei que brilhará
Estrela que em ti sempre percebemos
Por isso, então felizes nós estamos...
30
Feliz aniversário companheiro
Desejo-te um futuro promissor
Pois quem iluminou o mundo inteiro
Merece com certeza todo amor.
Num dia bem melhor que uma fortuna
Atinja teu caminho, sem demora.
Mas prazer com trabalho coaduna?
Quem sabe meu desejo faça agora
De ti um homem rico e respeitado
Não digo que serás mais bem amado,
Apenas a riqueza sorrirá.
Quem sabe Deus bondoso te dará
Enriquecendo o forte e belo gado,
Poder de Senador ou Deputado.
31
Felina se espalhando no colchão
Nas garras e nos dentes, beijo e corte,
Eu quero em minha pele, o arranhão
Da dor que meu prazer farto, suporte.
A fera se mostrando em tentação,
Prenunciando em rito, gozo e morte,
Mudando num segundo a direção
Dos ventos, radiante e rara sorte.
Entregue aos teus desejos, teus fascínios,
Eu faço parte, agora, dos domínios
Hipnotizante olhar agateado...
Roçando com teus pelos, me arrepias,
E sinto transbordarem fantasias
Nos gozos desta gata, extasiado...
Marcos Loures
32
Felicidade vem e aromatiza
Depois da longa espera que tivemos,
Do quanto em alegria nós bebemos,
A sorte com carinhos sempre frisa.
A voz que determina é mais concisa
E nela todo o sonho em que podemos
Seguir a nossa vida; pois contemos
O brilho em que esse amor se somatiza.
Helênica beleza do teu rosto
Deixando o sentimento assim exposto
Numa expressão de luz maravilhosa.
Uma espera feliz se torna, enfim,
Realidade em sedas e cetim.
A vida passa a ser deliciosa...
Marcos Loures
33
Felicidade trama todo dia,
Nos olhos de quem sonha com manhã
A noite que na tarde prenuncia
Se busca neste brusco e duro afã.
Abrindo teus caminhos sem ter dó,
Verás como são fáceis as estradas
Não tenhas alergias nem ao pó,
As alegrias nunca são contadas...
Mas faça que se encante o coração
Com luzes mais suaves, não ofuscam,
Viver é conceber sempre o perdão,
Amigos se procuram e se buscam...
Não deixe de cantar uma alegria,
Que a vida se renova todo dia!
34
Felicidade sendo natural
Meu rio vai seguindo calmamente
Levado pelas mãos desta corrente
Desaba numa foz fenomenal.
O sonho que se fez meu ritual
Percebe o quanto quero andar contente
Tomando a direção, já se pressente
Um dia em harmonia, sem igual.
Não quero mais sentir a solidão
Batendo em minha porta, a noite inteira.
Vencendo a ventania, abro o portão
O tempo vai mudando suas cores,
Atando em meus caminhos os amores
A noite vem surgindo alvissareira...
Marcos Loures
35
Fincando o canivete, num segundo,
A moça que eu amei fez a tocaia,
No vento que levanta a sua saia
Desejo se tornou bem mais profundo.
Porém nas cercanias deste mundo,
Não tendo mais saídas, volto à praia
Das ondas recebendo o riso em vaia
O cheiro passa a ser nauseabundo.
Ficasse no sertão, eu te garanto,
A lua me cobrindo com seu manto,
Violas, serenatas, tantos casos,
Quem sabe inda teria uma esperança
Do jogo; eu reverter, nesta aliança,
Trazendo a luz intensa nos ocasos.
36
Finas mãos fartos balões soltos, partos...
Fortes dentes ferozes noites, farpas...
Músicas mensageiras seios fartos...
Nos acordes guarânias, sons e harpas...
Cavaleiro insensível negras carpas
Aspas castas petúnias nos meus quartos
Dardos soltos, segredos nas escarpas...
Subindo essas paredes seus lagartos...
Nos céus que te omiti nada encontrava...
Nos templos preciosos, tempo passa...
Solidão dissolvendo, cadeados...
Passeio nos teus olhos, viva lava.
Nos anéis de Saturno, viva a caça...
Na viva melodia, jogo os dados!
Marcos Loures
37
Final apoteótico, eu prevejo,
Depois de tanta insânia e solidão.
Olhando o meu passado, num lampejo,
Encontro tão somente a negação.
Vestindo esta esperança já desejo
Um dia em mais perfeita redenção.
Embora, do passado eu tenha pejo,
Aguardo nos teus braços, solução.
Somando o que tivemos – dores, mágoas,
Nas turvas, violentas, fortes águas,
Cascatas, corredeiras, e tufões,
Eu sinto que depois de tantos medos,
Juntinhos, desvendamos os segredos,
Libertos pelos fogos das paixões...
Marcos Loures
38
Filtrando estas palavras que disseste
Resumo nossa história mal contada,
Do quanto desejei não restou nada,
O amor sem ter juízo vira peste...
O solo em aridez, cruel e agreste,
Aguardo inutilmente uma invernada,
A mão do lavrador já tão cansada
Recolhe este sombrio que me deste.
Procuro desatar antigos nós,
E sei que só terei o fim após,
Mas teimo e ainda te busco ao fim do dia...
Mergulho no areal deste deserto,
O rumo que encontrei é tão incerto,
E a noite se aproxima escura e fria...
39
Filho desta lunar expectativa...
Deixando o triste gosto do não tido.
Cantando sertaneja patativa,
O mundo não me coube, vou contido...
Longínquas esperanças, voz cativa.
O livro que me negas nunca lido.
Nas prateleiras, guardas carne viva
Resgatas ansiedades, dividido...
Chorei por esta noite sem te ter...
Pensei nos beijos dados nas escadas...
Escondidos, formando sem saber
O que me prometiam madrugadas,
O que não me deixaram prosseguir.
O filho que não tive, a te pedir....
Marcos Loures
40
Figura amarga e sórdida que vaga
Por entre os meus espectros, vida afora.
A faca que me corta sem demora,
Enquanto com sarcasmo ainda afaga.
A bocarra esfaimada tudo draga,
Depois, contemporiza e condecora
Ao mesmo tempo beija e me devora,
Perfura os meus desejos, vil adaga.
Aprofundando o corte, dilacera;
Nas garras e nas presas besta fera
Que tanto acaricia e já corrói.
Mansa caricatura, em vão reflexo,
Espelho que denota quão complexo
O olhar dentro de mim que me destrói...
41
Fiei-me no traçado que legaste
Aos olhos que seguiram os teus passos.
Amor que não se erguia nem guindaste
Consegue te elevar aos meus espaços...
Mas quero teu amor do mesmo jeito
Sem asas e sem sonhos terra a terra...
Amor eu sempre soube insatisfeito
Mas sempre tá ligado ao fio terra...
As asas que proponho são reais
Nos sonhos que tu tramas, liberdade,
Mas sei que liberdade em ti, jamais.
És crua e tão sensata na verdade...
Teu canto tem beleza como o quê,
No fundo te procuro mas cadê?
42
Ficando como brinde só as trevas
Depois da tempestade, sem bonança
A vida preparando uma vingança
Do jeito que tu sonhas logo nevas.
Não quero nem dizer que ainda devas
Beber alguma gota de esperança,
Mas volte num momento a ser criança
Quem sabe da alegria faças cevas.
Não quero me perder de quem achou
O mapa em que o tesouro se mostrou,
Em luzes mais divinas, magistrais.
De tanto que procura, mas não vê,
Perdendo o que encontrou vai sem por que
Até só encontrar o nunca mais.
Marcos Loures
43
Festa vai começar nesse terreiro,
Com o canto feliz da mocidade,
Orgulho batuqueiro brasileiro,
Disparando no peito, na verdade...
A cachaça que eu bebo com vontade,
Nosso churrasco assando no braseiro,
Tanta porrada traga essa saudade,
O sorriso cai falso, e verdadeiro...
Nossa vida tá dura, que me importa?
Patrão me despediu, quero beber...
Tristeza vai ficar, lado de fora...
Eu quero rosetar, nem sei por que...
Quero festa, senão eu vou embora...
É tudo que preciso pra viver...
44
Festa no coração de quem te adora,
Juntos comemoramos nesta data
Presença benfazeja e sei tão grata
De quem a nossa vida assim decora.
Meu verso num momento já se aflora
E mostra esta alegria que arrebata,
Num sentimento nobre que nos ata,
Eu te desejo amor, querida, agora.
No teu aniversário a festa é nossa,
Por termos conhecido uma pessoa,
Cuja alma transparente não destoa
Da bela criatura que assim possa
Viver felicidade em plenitude,
Num ano de riquezas e saúde...
45
Felicidade imensa já se aguarda
Depois da triste curva do caminho,
A dor que tantas vezes nos retarda
Esquece-se na paz em que me aninho.
Deitando no teu colo o meu desejo,
Asperges sobre mim a tempestade
O quanto que ao teu lado assim prevejo
Um mundo com sublime liberdade.
Teu corpo, uma divina catedral
Erguida em homenagem ao prazer
No amor que se faz louco ritual,
O fogo feito em lava a se verter
Vulcânica explosão, lírico sonho,
No formidável mar meu barco eu ponho...
46
Felicidade imensa em amor, digo;
Bebendo deste gozo, nosso gim,
Vontade de poder estar contigo,
E ter o teu carinho junto a mim,
O sonho mais gostoso que eu persigo
Encontro tão somente no jardim
Aonde um jardineiro busca abrigo
E sabe que é feliz – amor sem fim,
Perfume uma esperança no meu peito,
Cevada em bela flor – amor perfeito.
Na sorte desta senda eu entranhei
Meus passos com volúpia e com desejo,
Amor que é muito além de um relampejo,
Decerto se fazendo nossa lei...
Marcos Loures
47
Felicidade imensa assim se espalha
Tomando toda a terra, num segundo,
Amor que se promete invade o mundo
Enfrenta o fino corte da navalha.
A dor tão carniceira, velha gralha
Tocando o coração de um giramundo
Pesando em minhas costas tal cangalha
Causando um mal enorme e mais profundo
Rondando a noite inteira, numa espreita
Enquanto a lua frágil já se deita
Tocaias preparando em noite imensa.
Ao ver tal reboliço amor me chama,
Apascentando assim a dura trama
Derrama em mil prazeres, recompensa...
Marcos Loures
48
Felicidade foge, totalmente;
Deixando em seu lugar, saudade imensa.
Quem tem como esperança a recompensa,
Recebe por herança a vil corrente.
Por mais que tantas vezes inda tente,
Apenas num sorriso, sempre pensa,
A noite em amargura segue tensa,
Persisto como um tolo penitente.
Palavra lusitana, nega a soma,
Desta idiossincrasia do idioma
Eu sinto o meu destino já traçado.
A marca desta amarga nostalgia
Cravada no meu corpo a cada dia,
Impede o alvorecer iluminado...
Marcos Loures
49
Felicidade eu sei
Nos braços deste amor,
Bem mais do que pensei.
Um sonho encantador
De ser amor a lei
Regando cada flor
Que encontro no jardim
De todas as vontades,
Aguando dentro em mim,
No seio das verdades,
Trazendo num festim
Nossas saciedades...
Contigo eu irei ver
O sonho renascer...
50
Felicidade estampa em nossa face
Retrato da alegria sem final.
Já não usamos mais nenhum disfarce
Vivemos pelo amor que é sem igual.
Permite que o futuro sempre trace
O rumo mais perfeito, divinal...
Recebo teu afeto em alegria,
Meus olhos são somente para ti.
Louvemos nosso amor em poesia
Pois tudo o que sonhei encontro ali
No verso que me encharca em fantasia,
Diverso do universo que perdi...
Beijar a tua boca, meu desejo,
Na lembrança gostosa deste beijo...
51
Felicidade está
Em cada novo dia,
Trazendo para cá,
Amor que se queria,
Devagar chegará
Tomando com magia
O mundo brilhará
Vestido de alegria.
No sol desta manhã
Felicidade vem,
No gosto da maçã
No amor que sempre tem
Que vive neste afã
De espalhar sempre o bem...
52
Felicidade é tudo o que se quer!
Certeza; eu tenho disso e não discuto,
Nos braços carinhosos da mulher
A calma que apascenta um fero bruto.
O regozijo imenso que se dá
Vencendo hostilidades inerentes
Querendo e conseguindo desde já
Além do que pensaras ou pressentes.
Presentes em meus dias corriqueiros,
Estradas vicinais vão se estreitando
Nos olhos destes mansos mensageiros
O mundo sem angústia nos cercando.
Em plena sensação de uma harmonia
Eu louvo o nosso amor em cantoria..
Marcos Loures
53
Felicidade enfim se conheceu
Depois de termos tido nosso inverno,
A luz negando a treva cala o breu,
Amor agora manso se faz terno.
Eu peço-te perdão pelos meus erros,
Enganos cometidos no passado.
Não quero mais saber destes desterros,
O dia se anuncia iluminado.
Saber pedir perdão e prosseguir
Às vezes é difícil, eu reconheço,
Porém se a solidão se faz sentir,
Refaço-me depois deste tropeço.
Convido-te, querida, para a festa
Bonança que se dá; pós a tempesta...
54
Felicidade é tudo o que eu sonhara
Na busca por um sonho mais fecundo,
Sentir uma alegria que é tão rara
Tornando-nos mais fortes neste mundo.
Amada, nossa glória se encontrara
Na paz que amor nos traz, cada segundo.
Na sensação divina, posto cara,
Na qual eu já me perco e enfim me inundo.
Na chama deste amor feito em pureza
Aurora em nossa vida, brilho farto.
Sentindo em teu perfume esta leveza
Eu quero estar contigo a vida inteira,
Assim meu sofrimento já descarto
E sei que eternidade é companheira...
Marcos Loures
55
Felicidade é ter o teu amor
Dançando neste vento sem demora.
No orvalho que beijando a bela flor
Já sabe que o melhor é sempre agora.
Vibrando em teu desejo sem pudor
Nem tramas que nos façam ir embora.
Tomando nosso corpo com vigor,
Mal importa se a chuva cai lá fora.
Felicidade é viva no prazer
Que logo nos domina com ternura
Gostoso sentimento de viver
Sem ter sequer mais medo nem vergonha.
Tornando a nossa carne sempre pura,
Na força e na vontade com que sonha...
56
Felicidade é jóia sempre rara;
Disso eu sabia há tempos; eu garanto.
Converto uma tristeza em puro encanto,
A vida passa a ser tão bela e cara.
O coração teimoso inda dispara
Ao ver tua presença em cada canto
Da casa que distante, imaginara
Um templo ao temível desencanto.
Um dia, amanhecendo em negras nuvens,
Percebo olhar tristonho que tu tens
Moldando em negação doridas trevas.
E sinto quanto a vida é mais cruel,
Ao desabar em chuva, perco o céu,
Do nada que trouxeste; tudo levas.
Marcos Loures
57
Felicidade é feita na bonança
De se fazer feliz a quem se gosta,
Palavra carinhosa de esperança
Na qual quem desejamos sempre aposta.
Somemos nossas forças pra vitória
Que um dia chegará, tenha a certeza,
Numa alegria imensa, vem a glória
De ter depois de tudo, a realeza
De ser amigo e ter o peito aberto,
Não demonstrando nunca que a aflição
Deixou o coração quase deserto,
Matando em nascedouro esta emoção.
Amiga, sou feliz por poder crer
Que trago para ti, riso e prazer.
58
Felicidade é feita a cada dia
Edificando um sonho em plena luz.
Ao píncaro sublime nos conduz
Moldada em tanta paz, pura alegria.
Distante da maldade, a poesia
Aos poucos, lentamente reproduz
Calando a dor que pesa feito cruz
Permite finalmente esta magia
Ao ser feliz, querida não renegue
O sonho da amizade em plenitude.
Quem sabe, com certeza já consegue
Bastando tão somente uma atitude
Que traga a liberdade como meta,
No amor se ter medidas se completa!
Marcos Loures
59
Felicidade assim, em alma aberta
Adentra pela porta e faz a festa.
Amor vai arrombando qualquer fresta
Trazendo uma palavra sempre certa.
A solidão vazia, nos deserta
Somente a fantasia plena resta,
Sorriso benfazejo nos atesta
O quanto amor intenso nos liberta.
Encontro no teu corpo esta pepita
E dela o meu tesouro cristalino.
Aos olhos deste amor já me declino
Declaro todo bem que se acredita
Forrar a nossa vida em ouro puro,
Tramando um dia a dia com apuro...
Marcos Loures
60
Felatio, cunilíngua a noite segue
Envoltos na total sublimação,
Nas epidermes juntas, não se negue
O quanto é necessária esta explosão.
Aos poucos mansamente se consegue
Trazer uma alegria, inundação.
Sem tréguas, egos, órgãos, confusão
No solta, bebe, toma, coma e pegue,
Atados dois caminham mesmo tom.
No gozo em delicadas convulsões
Prazeres se misturam, sacro dom
De eternizar um átimo no orgasmo,
Quem dera se pudesse, sem marasmo,
Num priapismo eterno, estas paixões...
Marcos Loures
61
Feitiços do luar em noite bela
Estrelas salpicadas neste céu,
A rara porcelana sobre o véu,
Suave poesia se revela.
Intermitente brilho; cada vela
Compondo sutilmente seu papel
Ingênuo coração vagando ao léu
Tecelã fantasia pinta a tela
Derramam-se deveras maravilhas,
O amor vai preparando as armadilhas
Aonde sem defesas; presa, sou.
E a mágica fantástica da vida
Refaz-se multiforme e colorida
Guiada pelo amor que nos tomou...
62
Fecundo com as lágrimas o solo
Aonde surgirão as belas flores.
No colo desta serra me consolo
Fugindo dos terríveis dissabores.
Às duras penas tento e me controlo
Quem dera reviver velhos amores,
Se em pensamento, às vezes eu me imolo
Ainda creio haver novos alvores.
Recordo de teus lábios, de teus beijos,
A solidão aumenta os meus desejos.
Um dia tu virás... Leda esperança.
Olhando para as flores do canteiro
Eu sinto o quanto amor foi verdadeiro,
E a vida nesta espera, amarga, avança....
Marcos Loures
63
Fecundamos sonhos com tal força
Que assim povoaremos de esperança
Planeta que perdido inda se esforça
E busca um bom motivo em outra dança.
Viemos deste sêmen que nos trouxe
Poder de gestação em veros ritos,
Nos filhos deste amor, que é manso e doce,
Os olhos verdejantes, tão bonitos.
As mãos que calejadas são benditas,
Marcadas pela Terra nas entranhas.
Granando nas distantes negras criptas
Irmanam cada gesto em harmonia.
Na glória do porvir luzes tamanhas
Que possam reflorir no dia a dia...
Marcos Loures
64
Feche os olhos querida, pois desejos
Rodam na nossa noite, nosso encanto.
Feche esta janela, nossos beijos
Não querem testemunhas. Somos tanto...
Tanto quanto retinas podem ver.
Tanto quanto podemos pressentir.
Tanto quanto podemos receber
Tanto quanto queremos nos sentir...
Feche os olhos amada, e as janelas...
As portas abertas querem paz.
Estrelas vão girando; nuas, belas...
Sabendo do que amor se faz capaz...
Tanto quanto te quero, nos queremos.
Tanto quanto queremos, nós podemos...
65
Fechaste em segurança o nosso cofre,
Sem paradeiro amor busca um descanso,
Cansado do perfume feito enxofre
No colo de outra moça fico manso.
Tomaste minha vida assim de chofre,
Negando no final qualquer remanso.
Quem vive amor demais, no final sofre,
Mas bêbado de ti, ainda tranço.
As chaves; escondeste, é teu mistério,
O amor quando se torna um caso sério
Não sabe nem critério e vai sem norma.
O espelho que quebraste com um soco,
Deixando a gente sempre num sufoco
Sem foco, a nossa face ele deforma...
Marcos Loures
66
Fechando os olhos vejo a tua imagem
Deitando belas cores sobre mim
Num brilho interminável que, sem fim,
Resplandecente muda esta paisagem.
O rosto iluminado, uma miragem
Que guardo com certeza, pois enfim
Recende à magnitude de um jardim
Mudando desde agora a fria aragem.
E tendo o teu calor junto comigo
Não posso mais temer o duro inverno,
No olhar tão benfazejo, um gozo terno
Do amor que se mostrando tão amigo
Expressa com doçura este universo
Ao qual dedico agora cada verso...
67
Fechando os olhos chego de repente
A quem tanto desejo e se afastou,
Colhendo em cada escombro o que restou,
Mergulho no teu rastro, inutilmente,
O que tanto sonhei, frequentemente
Foi simples ilusão, nada mudou,
Somente a solidão, vida granou,
Agreste coração, medo pressente.
Querência de poeta é fantasia,
Do tudo que tão pouco concebia
O pó da estrada marca a caminhada,
E o beijo da mulher por mim amada
Servindo de sutil inspiração
Dedilha por si só meu coração...
68
Fechando esta fronteira vira hospício,
Cobrindo com bandeira, picadeiro.
A gente rodeando o precipício
Mergulha sem querer neste puteiro.
Por osso de função mesmo de ofício
Procuro alguma agulha no palheiro
Conserto se tornando então fictício
O jeito é gambiarra, companheiro.
O povo se pintando de palhaço
Apenas espelhando este Congresso
Procuro a solução, mas sem espaço
O verso se tornou desnecessário
Sem ter o que falar, eu te confesso
Vou desejando um bom aniversário...
Marcos Loures
69
Febril, num turbilhão, em seus volteios,
Tocando minha mão suavemente,
Na intumescência bela de teus seios,
À boca se permitem, alvos, quentes.
Quadris vão prometendo bamboleios
Em tantos devaneios, mais urgentes.
Prazeres se transformam em incúrias,
O corpo desejado logo açodo,
Envolto em mil pecados, em luxúrias,
Retorce-se em delírios como um todo.
Os lábios transbordando loucas fúrias
Bebendo em fina taça todo o lodo.
E assim na nossa dança sensual
A noite vai passando, colossal!
7270
Febre ardendo... Saudades... Solidão.
Tua distância trama tantas dores.
Mas, porque te esqueceste do perdão?
Opacos; em teus olhos morrem cores.
Angústia se tornando meu refrão.
Não posso compreender. Cadê as flores
Que cismamos plantar noutro verão?
Morreram em tristezas, dissabores
O palco desta vida, peça pobre,
Num melodrama trágico termina...
Amar é, na verdade ser mais nobre.
O céu já se recobre, negros nimbos...
A vida sem esperas, determina:
Cada qual viverá seus próprios limbos...
71
Felicidade plena se extravasa
No encanto que eu bem sei desde começo,
Desfruto de teu corpo, minha casa,
Olores mais diversos reconheço,
A pele se acendendo em fina brasa,
Tocado pelo amor viro do avesso,
Na sílfide divina que me abrasa,
Amor além de tudo o que mereço,
Tu és minha mulher, sou teu também,
Na noite delicada de meu bem
Momento em fantasia tão diverso
Do tempo em que pensara nada ter.
Agora que encontrei o teu prazer
Nos braços deste sonho, sigo imerso.
Marcos Loures
7272
Felicidade plena é um direito
Do qual não abro mão. Por ela eu luto
No amor um sonho sendo satisfeito
Permite que se veja num minuto
O quanto em nossa vida se deu jeito.
Quem sabe num amor ser mais astuto
Entrega-se ao poder que dito e feito
Sonega a solidão, impede o luto.
Assim um passageiro vai liberto,
Trazendo o seu caminho sempre aberto
Chegado aonde amores se tocavam.
Alados pensamentos, liberdade
Na busca pela eterna claridade
Meus sonhos mais distantes me levavam.
Marcos Loures
7273
Felicidade intensa se irradia
Dos olhos desta deusa em perfeição
O amor que se transborda em sintonia
Causando em nosso peito comoção
Permite me dizer desta alegria
Que toma num momento o coração,
O quanto te desejo cada dia
Explica todo o fogo da paixão.
Ardentes nossas tramas noite afora,
Metáforas nos trazem o infinito,
Olhando o meu passado tão aflito
A sorte de ser teu me revigora
E dá toda a certeza que eu buscava
Do amor que tantas vezes procurava...
Marcos Loures
7274
Felicidade imensa, amor nos traz
Forrando em pétalas estrada e rumo
O quanto procurei a vida em paz
Tomando desta sorte todo o sumo,
Aprumo o meu olhar, vejo horizontes,
Verões em fantasias deslumbrantes
O mel de tua boca, raras fontes
Em gozos e delícias provocantes.
Servindo a que nos serve, assim prossigo
Caminho entre crisântemos, jasmins,
Vibrando nosso amor irei contigo
Vencer imensidões, saber jardins,
Distante de procela ou terremoto,
O tempo em sofrimento é tão remoto.
7275
Felicidade imensa se assenhora
Do peito de quem busca amor sincero,
De tudo o que eu desejo desde agora
Eu tenho, tendo amor, o que mais quero.
Estendo minhas mãos, convido à dança
Harmoniosamente passo a passo,
A glória mais suprema em temperança
Permite ao manso amor maior espaço.
Qual lua que ilumina em vária fase
No amor evoluções são percebidas,
Mantendo com firmeza a mesma base
As tramas são deveras concebidas
Selando o meu destino com firmeza
Amor não teme mais a correnteza.
7276
Felicidade imensa que se encerra
Nos olhos andarilhos de quem sonha,
Na luz que em fartos brilhos é risonha
A mão da solidão já não desterra
Mergulho nos mistérios desta Terra
Às vezes magistral outras medonha,
Ao mesmo tempo lúdica e tristonha,
Enquanto tenta a paz, professa a guerra.
Seria bem melhor quando altruísta
Sentisse a mão mais forte de um artista
Que canta com seus versos a vingança.
Mas teimo noutra sanha e sou romântico
Fazendo com doçura cada cântico
Mantendo acesa a chama da esperança!
77
Guardei a fotografia
Numa gaveta do passado
Passei toda fantasia
Esquecido aqui, do lado
Meu canário meio dia
Nunca mais foi retocado
Esqueci a poesia
Naquele velho sobrado
Na rua da solidão
No beco desesperado
Nas portas dessa paixão
No sertão enluarado
O resto deixo de lado
Estraçalha o coração!
Marcos Loures
78
Guardaste nosso amor, numa boceta,
Os medos se travaram, não fugiram,
As noites prometidas num cometa,
Partiram e jamais se dividiram...
Amor que me maltrata, de veneta,
Os cantos que misturas, me invadiram...
Não há nem solidão que se cometa...
Os beijos que trocamos, se impediram...
Guardaste nosso amor, Ó vil Pandora,
Abocetaste sonhos e desejos...
Respeite, tão somente quem te adora,
Quem sonha, delirante com teus beijos...
A noite está chuvosa, triste chora...
As melodias, tontas, sem arpejos...
Marcos Loures
79
Guardando o teu sorriso, minha irmã,
No vento que beijou-me mansamente
Com toda a claridade da manhã
Levada pela tarde totalmente...
A vida muitas vezes segue vã
Por mais que a gente lute, que se tente,
Por mais que seja a noite temporã,
Jamais a manhã chega novamente.
Amei demais, amores variados,
Com força e com loucura, hemorragias...
O fogo que queimou antigos prados
Deixou o teu sorriso na memória.
Agora a noite toma as cercanias
O amor bateu de novo... A velha história...
80
Guardando nosso amor dentro do peito
Traduzo uma esperança em ser feliz.
Amar é muito além do que mais quis,
Viver a vida inteira satisfeito.
Saber que um grande amor é meu direito,
Depois de sofrimento e cicatriz,
Não temo mais a vida por um triz,
Eu quero pela sorte ser aceito.
Gerando um novo dia, paz e glória.
Depois de vegetar em solidão.
A mão de quem desejo muda a história
E abrindo meu futuro me faz ver
Que o mundo sem os traços da paixão,
É duro e tão difícil de viver...
81
Guardando nos meus olhos o teu brilho,
Refaço cada passo que trilhamos.
Amor que em nossos cantos entranhamos
Fazendo da esperança um estribilho.
Cavalo da ilusão, agora encilho
E busco da alegria velhos ramos,
Ao mesmo tempo, audazes; nos tornamos
Os dedos na emoção, vou e engatilho.
Porém quando em teus versos eu me perco,
Encontro a fantasia, raro esterco
Que trama a granação de um novo dia.
Vivendo a mais sublime poesia,
De todas as belezas eu me acerco
Contendo, das tristezas, a sangria...
Marcos Loures
82
Guardando na retina cada imagem
Que pude decifrar de nosso amor.
Diversa e soberana paisagem
Mudando a cada instante, tom e cor.
O encanto cambiando de roupagem,
Encontra nos teu corpo tal calor
Que pode transbordar o mar e a margem,
Inundação tornada num torpor.
Chegar ao Paraíso neste zoom,
Roubado de teus olhos maviosos,
Focando diamantes lapidados
Não quero te perder de jeito algum,
Caminhos sem te ter são pedregosos,
Enigmas ao teu lado, decifrados...
83
Guardando na retina a velha imagem
Que sempre repeti, café com pão,
Decifro a maravilha da paisagem
Fazendo do estribilho o meu refrão.
A boca dessedenta uma miragem
E tenta, novamente a brotação,
Porém ao reparar na mesma aragem,
Renasce, sempre o mesmo, antigo grão.
Embarco neste cais, que é sempre assim,
Naufrágio nos teus braços, noite após,
Cotidianamente laço os nós
Percorro esta rotina que sem fim
Não deixa sequer margem pra mudança,
Incrusto o solilóquio da lembrança...
Marcos Loures
84
Guardando na guaiaca o gosto e o cheiro
Daquela que se deu em fogo ardente,
Acendo a cada noite o fogareiro
Vislumbro um paraíso de repente.
Das peles que se buscam e se querem,
Os corpos que se invadem na procura
Riqueza sem limites já se auferem
Cobrindo a nossa noite de ternura.
Estendo a nossa rede na varanda
Tocado pela lua sertaneja
Dançando em mesmo tom nossa ciranda,
O quanto que se quer amor deseja.
Assim na serenata que enlanguesce
A cada anoitecer a mesma prece...
85
Guardando meus segredos neste instante
Em que te pressentindo tão serena,
Aguardo nos teus braços, minha amante,
Que a vida se transcorra mais amena.
Amando quem se mostra assim constante,
Minha paz tão sonhada já se acena
Cansada de viver, por certo, errante.
Promessa de encontrar a vida plena.
Dura mão do destino é implacável
Trazendo quase sempre uma desdita,
Porém uma certeza mais amável,
Invade minha vida sem saudade,
Mostrando que essa paz tão infinita
Habita o coração, felicidade!
Marcos Loures
86
Guardando dentro em mim a tua imagem,
Retrato de um passado em que julguei
Felicidade além de uma miragem,
E tolo, sem defesas mergulhei.
Porém amar jamais será bobagem,
É tudo o deveras procurei,
Fazendo da esperança, uma estalagem,
Tornando bem mais plácida a gris grei.
Tentei ludibriar a solidão,
Mas sei que ela conhece cada canto
Do velho coração que, em desencanto,
Há tempos traz a marca deste arpão,
Destilo da ilusão, amaro fluido
E trago as recompensas de um descuido...
87
Guardados na gaveta do vazio
Criado pelo vago em que não cri,
Sobre o criado mudo, mudo o cio
Das flores que apodreço lá e aqui.
Rolando o tempo feito um carrossel,
A vida preparando o xeque-mate
Mudando o que devia; rasga o véu
E a cobra no seu bote, um arremate.
Era bela; somente isso me importa
Se a porta se faz suja ou se porteira
Mergulho desde a velha ribanceira
E a moça se perdeu na noite torta
Porém vive comigo em algum canto,
Jogada na gaveta em desencanto...
88
Guardado qual segredo dentro em mim,
A história deste beijo que roubei
Da flor, a mais cheirosa do jardim,
Que há tanto, com carinhos, cultivei.
De ti, ó prenda bela trago assim,
O gosto que jamais esquecerei,
Vivendo tão somente pra no fim
Dizer que finalmente agora eu sei
Do doce paladar de cada beijo,
Na guapa maravilha que desejo,
Trazendo na guaiaca esta lembrança
Nos pampas, meu cavalo segue arisco
Traçando nas coxilhas com um risco,
Caminho que me leve com pujança...
Marcos Loures
89
Guardado por aqueles que não amam;
Aquele cuja vida foi sem ser,
Quem nunca mais cantou não pode ler,
Mentiras verdadeiras já reclamam...
Em plena madrugada vozes chamam,
Amores que não pude conhecer,
Os sonhos que eu não soube conceber.
Meus pensamentos voam, tudo tramam...
Não quero mais saber de antigas dores,
Bem querer transgredido nega cores
No semblante, reflexos semelhantes
Aos que bem tarde foram tão constantes,
No mais resplandecente dos instantes,
Guardado num cruel vaso de flores...
90
Guardado em tristes claustros, meu amor;
Em busca dos caminhos da verdade.
Tempera com saudades e pavor
A frieza da amarga austeridade.
Pretendo que sementes refloresçam
Nos jardins esquecidos do meu peito.
E novas aventuras aconteçam,
Amar é meu destino e meu direito.
Minha alma tumular já quer as asas,
Voando para os braços que sonhei.
Nas noites mais sonhadas, tantas brasas,
Guardadas desde os tempos que te amei...
Espero tua volta, em meu jardim;
Perfumes desta rosa, dentro em mim...
91
Guardado em catedrais que sei imensas,
Um coração se faz em duras datas,
Na vívida lembrança de outras crenças,
Nas hostes doloridas, velhas matas,
As sensações passadas, mais intensas,
No aluvião das dores insensatas...
Focado por mistérios sensuais,
De tempos que se foram, seus enganos.
No olhar vazio, mares abissais
Negando a novidade de outros planos.
Os dias que se foram, nunca mais,
Regendo o seu futuro, soberanos...
Que faço se este amor, um temporão,
Infausta novamente, o coração?
92
Guardado dentro em ti, qual tatuado
e feito cicatriz no peito teu.
Andando devagar, meio de lado,
carrego o nosso amor, dentro do meu.
Nós somos feito sonhos e verdades,
vivemos dia a dia em beijo e riso,
rondando em poesia, claridades,
trazemos dentro em nós o paraíso.
Eu sigo transformado em puro amor,
resíduos de tristezas, esqueci.
Singrando mar imenso, ao teu dispor,
a força de viver encontro em ti.
Tu és a redenção, a paz sincera,
a vida numa eterna primavera!
Marcos Loures
93
Guinada da saudade, faz doer...
Não quero nem saber de ter saudade.
Saudade muitas vezes, faz morrer,
Saudade faz estrago, de verdade...
A saudade traduz verbo sofrer,
Conheci tal saudade, tenra idade...
Tenho tanta saudade de você,
Saudade dos seus olhos, claridade...
No que saudade mata, sei de cor.
As luas da saudade me torturam,
Saudade desse amor, meu bem maior,
Saudade da saudade que não tenho,
Os olhos da saudade acompanharam
Meus olhos desde sempre de onde venho.
84
Guiando nossas vidas num lampejo
O pensamento invade e num segundo
Formata toda a forma de desejo
Levando a sensação de um novo mundo.
Recebo o teu carinho a cada dia
Com toda uma emoção que nunca cessa.
Sangrando em nosso canto a poesia
Expressa toda a forma de promessa.
Revolve os sentimentos, trama o gozo
Encanta enquanto traça em nova senda
Um mundo com certeza mavioso,
Segredos da alegria, amor desvenda.
E saiba, neste sonho belo, intenso,
Apaixonadamente eu sempre penso...
Marcos Loures
95
Guia dos meus desejos, feiticeiro;
Amor me transformando em vencedor.
Tomando meu destino por inteiro,
Abraça-me em seus raios, sedutor.
Quem tem um sentimento verdadeiro
Já sabe quanto em glória a se compor
Se faz do dia a dia corriqueiro,
Um mundo mais sereno e com vigor.
Querida, como é bom poder saber
Que em cada novo dia o sol renasce
Revigorando assim nosso prazer.
Tu és, tenha a certeza, o meu caminho,
A vida se mostrando em outra face
De pétalas de rosa, onde me aninho...
96
Guardou essa semente para mim
O jardineiro eterno da emoção,
Florindo a fantasia em meu jardim,
Recolho a mais diversa plantação.
Perfume inebriante do jasmim,
A flor de lis, crisântemo em botão
A rosa delicada e carmesim,
A dália na sublime floração,
Gerânios, violetas, lírios... cores
Matizes aquarelas, arabescos,
Amores emolduram-se em afrescos
Em tal diversidade, os meus louvores,
Rendida a tal beleza, mesmo a fera
Entrega-se ao delírio em primavera...
97
Gritando em nosso amor, eterno sim,
Amor que se faz raro e verdadeiro
Sentindo o teu perfume junto a mim
Eu tenho a sensação do jardineiro
Que cuida com carinho do jasmim,
E da rosa mais bela em seu canteiro.
Teu amor inebria, amor sem fim,
Pra sempre vou levar o doce cheiro
Do corpo mais gostoso que provei,
Da rosa que em amores, cultivei
Vencendo a seca amarga, fria e tensa.
Nas bênçãos tão sublimes deste sonho,
Eternidade agora eu te proponho
Na chama sem limites, luz intensa...
Marcos Loures
98
Gravada em minha pele, cicatriz
Tua presença amada e mais constante
Permite que eu me mostre tão feliz
E siga minha vida radiante.
Que toda esta alegria se agigante
E faça da emoção que tanto eu quis
Um sonho que deveras já me encante
É tudo o que mais quero e o verso diz.
Do amor que nos guiando traz a luz,
E nela um brilho forte e derradeiro.
Meu verso esta emoção já reproduz
E toca num instante, o mundo inteiro.
Sementes que espalhamos, poesia
Já frutificarão farta alegria...
99
Gravada dentro da alma tua imagem,
Retrata todo amor que desejei
Fazendo do meu peito uma estalagem,
Tornando a esperança a sua grei
O bem que dominando a paisagem
Espalha o vento manso que sonhei,
O amor que a gente quer traz a mensagem
Mostrando esta certeza como lei
De ter uma alegria a cada dia,
No encanto que nos toma, tal magia
Expressa um raro brilho no horizonte.
A luz desta manhã ensolarada
Trazendo o belo olhar de minha amada,
Que é da felicidade a maior fonte...
7300
Granizo que caiu em ciano céu,
Surpresa prometida a cada dia.
O medo se transforma em agonia,
A noite se rebela e muda o véu.
Do quanto que já fui, outrora incréu,
O quase vai tomando a poesia,
Não tendo mais porquês a vida cria
Em plena liberdade, outro corcel.
Um Ícaro que perde a sensatez,
Misteriosamente hipnotizado.
Não posso mais ficar aqui calado,
Sentindo o quanto bem amor me fez,
Depois ao entornar sua maldade,
Provoca a mais total disparidade...
Marcos Loures
1
Graníticas verdades, naturezas...
As tramas que forjaste veras redes...
Ascendo a tentadoras, vãs, belezas
Matando nos teus lábios tantas sedes...
As íngremes montanhas, incertezas,
São minhas companheiras, penedias...
Quem sempre se investira de proezas,
Agora representa aves vadias.
Não sabe mais colher o que plantou,
Espinhos e vergões machucam tanto...
Entranhas as mentiras que contou,
Parado, não procuro mais teu colo.
Amor que travestindo-se de santo,
Mergulha das montanhas rumo ao solo...
Marcos Loures
2
Granando todo dia, intenso amor
Colheita garantida em alegrias,
Um bom e verdadeiro agricultor
Já sabe, o que em carinhos me dizias.
Cevando com fervor este canteiro
Não temo as intempéries. Sigo em frente
As mãos de um delicado jardineiro
Prometem maravilhas, de repente
Assim sabendo disso eu sempre tento
Viver cada momento em plena glória
Protejo contra a chuva, encaro o vento
Sabendo que terei farta vitória
Regando com ternuras e esplendores,
Recolhendo no canteiro as belas flores.
3
Gracejos e desejos misturados
Atando os olhos teus com velhos meus.
Não vejo nem sombreio, sei do adeus
Aguando em esperança tolos Fados,
Os dentes da pantera em mim cravados
Aguados pelos medos todos teus
Ancoro meus momentos nestes breus
Roubando da ilusão pobres recados.
Arcando com meus erros e promessas
Deveras sou assim, quase ninguém.
A mando deste amor que nunca vem
Enquanto o desencanto me confessas
Sacrílego, no altar das fantasias
Eu sei que tu jamais, aqui virias...
Marcos Loures
4
Gracejos desta sorte tão irônica
Mudando todo o curso de uma vida.
Quem dera se pudesse ser harmônica
A velha sinfonia mal parida.
A corja ao caminhar vã e histriônica,
Vacilante e sem rumo, vai perdida,
Esperança se encontra ali, agônica
A morte não a pega distraída.
Na ponta do punhal ou do fuzil,
O riso desta Pátria Mãe gentil
Debruça as samambaias na varanda.
Girando, enluarada, nunca pára,
E a sorte se mostrando bem mais rara
Enquanto desafina, traz demanda...
Marcos Loures
5
Gozar total prazer do sofrimento,
Enaltecendo a dor que ora me ronda,
Ao termo anunciado, sem lamento,
O barco soçobrando, mares sonda.
A vida se fartando num momento
Voltando e revoltando como uma onda.
Arquétipos de sonhos, desabrigos,
Arvoro-me a ser teu, felicidade.
Inverno destruindo campos, trigos,
A par dos descaminhos, falsidade.
Crivado em frágeis pedras eu prossigo,
Audacioso passo em liberdade.
Afásica emoção que me assombrando,
Avança sobre o inferno em fogo brando..
6
Gozando essa ventura magistral,
De ser teu companheiro e ser teu par,
Da fonte inesgotável quero estar
Ao lado e ser por isso, triunfal.
Decerto um ser sublime e divinal
Pôde em perfeição rara , transformar
Transportando do Céu feito luar
O brilho em maravilha sem igual.
A mãe, amante, amiga e camarada,
Decerto eu não te canto neste dia,
É pouco, na verdade, quase nada.
Pois para quem nos traz a vida e o gozo,
A vida inteira, enfim não bastaria,
Para cantar um ser tão fabuloso...
Marcos Loures
7
Gotículas de lágrimas esquecidas,
A gente não quer mais saber da dor.
Juntando com desejos nossas vidas
Germina em esperança cada flor.
Por mais que tão difíceis nossas lidas
À noite se entregando em tanto amor,
Angústias já não são nem mais sentidas,
No céu outrora escuro, luz e cor.
No dia que amanhece, um sol que crio,
Beijando com desejos o rocio,
Diamantina imagem, sem igual.
Olhando de soslaio, em puro encanto,
Por sobre este jardim, em todo canto,
Gotículas que eu vejo. De cristal...
Marcos Loures
8
Gotas de chuva caem dos teus olhos
Amiga sei que a vida nos maltrata,
Jardins sendo tomados por abrolhos
Um rio que se seca, sem cascata.
Viseira que nos turva qual antolhos,
Queimada destruindo toda a mata.
Os males invadindo, vários, molhos,
Somente uma amizade nos resgata
E mostra alvorecer em cada gesto,
Por mais que seja dura a nossa vida,
Sentido no que vivo sempre empresto;
Rebento o cadeado da clausura
Tomando tuas mãos, nossa saída,
Com toda magnitude da ternura...
9
Gostosos, protetores, dos teus braços;
Carinhosos desejos; entrelaces.
Cometas espalhando nos teus passos
Por onde em maravilhas; lumes grasses.
Amor fazendo em nós um arrastão
Tomando cada espaço, prolifera
O gozo da alegria, aluvião
Granando a mais sublime primavera.
Da outrora fantasia tão dispersa,
Unindo cada parte, plenitude.
Na foz maravilhosa, o rio versa
Atalho que em caminho se transmude,
Contigo, mulher bela e fabulosa,
Eu quero ter a noite mais gostosa...
Marcos Loures
7310
Gostoso te encontrar toda manhã
Desnuda em minha cama, tão fogosa.
Prometo enfim, meter com tanto afã
Na gruta molhadinha e bem cheirosa.
Sentir a tua boca me chupando,
Depois ir te lambendo até deixar
A greta bem molhada e adentrando
Até que... Totalmente... Penetrar.
Não vou deixar morena sem ter gozo,
Prometo- todo dia – te trazer
Eu juro, e te garanto bem gostoso,
Deixar-te bem molinha de prazer...
Amada, minha jóia perla rica...
Não precisa bater mais siririca...
11
Gostoso quando, abrindo tuas pernas
Permites que eu te veja por inteiro.
Carícias tresloucadas, porém ternas
Acendem todo o fogo costumeiro.
Abrindo os lábios todos, com cuidado,
Vislumbro o paraíso que desejo
Que tendo este portal todo molhado
Já pede um tão sedento sacolejo.
Na hora que tu quiseres, estou disposto
A te fazer levar para o Nirvana,
Do jeito mais gostoso e mais sacana.
Eu quero o teu grelinho no meu rosto,
Depois pra não deixar ninguém à mingua
Passar devagarinho a minha língua.
12
Gostoso é tu fuder a noite inteira,
Te quero em cama bem putinha,
Lambendo com tesão tua grutinha
Safada, bem sacana, feiticeira.
Eu quero que tu venhas bem ligeira,
Abrindo bem gostoso a xoxotinha,
A puta generosa, sacaninha
Fazendo da buceta uma fogueira
No teu cuzinho, eu boto devagar,
Prometo que não vou te machucar,
Engole com vontade que ele cresce
Depois quero um boquete que alucina,
A porra tendo muita proteína
Em sobremesa, agora se oferece...
Marcos Loures
13
Gostoso é te sentir bem junto a mim
Rolando entre lençóis num fogaréu
Roubando cada estrela, subo ao Céu
E acendo deste incêndio, um estopim.
Depois de ter chegado ao mesmo fim
Eu recomeço e sei do meu papel,
Unidas neste louco carretel,
As pernas confundidas... Ouço o trim
De um telefone chato e sem noção.
Amanhã vou fazer outro plantão
Não é nada, por certo excepcional,
Porém tenho direitos ao prazer.
Do jeito que isto está, é bom saber
Não precisa de anticoncepcional
14
Gostoso é te deixar extasiada
E ter o teu prazer bem junto ao meu.
Enquanto a poesia te elegeu
A estrela nos meus braços desmaiada.
A noite sendo assim, alvoroçada
Intensa sensação nos acolheu
Meu corpo nos teus vales se perdeu,
Sorvendo cada ponto desta estada.
De todos os desejos, companheira,
Despida em minha cama, por inteira
Numa entrega divina e sensual.
Querendo estar além deste infinito,
No amor que sem demora, se faz rito
Num toque de prazer consensual...
Marcos Loures
15
Gostoso é poder ter tua nudez
Abrindo este portal do paraíso.
No gozo e na ventura amor se fez,
No toque sensual e mais preciso.
Tua buceta toda molhadinha,
Sem pêlos, num apelo magistral,
Eu gosto de te ter assim, putinha
Enquanto lambo o grelo, chupa o pau..
Teu rabo generoso, belo cu
Carícias e delírios prometidos,
Teu corpo tão sublime, agora nu
Brincando com tesão, os meus sentidos
Afloram-se em desejo e fantasia.
Promessa de loucura e putaria!
Marcos Loures
16
Gostoso é perceber a tua boca
Chupando meu caralho com vigor,
Depois vou invadir a tua loca,
E derramar com fogo o meu amor.
Lamber o teu grelinho em meia nove,
Cheirosa esta buceta, gostosinha,
Quero que minha porra logo prove,
Depois de ter sarrado esta bundinha.
A gente faz amor o tempo inteiro,
Ninguém conseguirá mais nos deter,
Eu quero ser teu macho e companheiro,
Durante toda a vida te fuder.
Mas quero este boquete divinal,
Que pagas com volúpia sem igual...
17
Gostoso de viver e desfrutar
O bem do amor imenso que tu trazes,
Tomando toda a casa, devagar,
Tocando bem mais fundo em nossas bases.
Viajo a noite inteira sem parar,
Ao ver a lua clara em novas fases,
Vontade de chegar e te pegar
Com olhos e desejos mais vorazes.
Amor que a gente vive e não se cansa,
Não deixa nenhum dia ser vazio.
Na boca esta loucura, doce e mansa.
No corpo um sol moreno irradiando,
A cada novo verso que hoje eu crio
Declaro quanto é bom seguir te amando...
Marcos Loures
18
Gosto tanto do teu jeito
Tão brejeiro, assim sincero,
Tens no olhar tudo o que eu quero
Vou contigo, satisfeito,
Quando amor fez o seu pleito
Com carinho e com esmero,
Mesmo outrora amargo e fero,
Ser feliz era um direito
E lutando sem cansaço
Percebi no teu abraço
Tudo aquilo que eu queria.
Conhecer felicidade,
Tendo em ti toda a verdade
Que julguei ser fantasia.
19
Gostar de amar o amor como gostamos,
É cara sensação que assim semeia
Além do que tivemos e sonhamos
Sabemos desfrutar do que se anseia.
Desbainhamos as armas mais audazes
E vamos sem temores pela vida.
Nos sonhos que se entornam, tão vorazes,
Queremos conhecer cada saída
Que leve a tal portal de uma esperança
Sem mágoas e sem dores, livremente.
No paraíso, amor, já nos alcança
Invade coração, vontade e mente.
Não somos nada além do que queremos,
No amor que cultivamos, tudo temos...
Marcos Loures
7320
Golfinhos nossos mares vão nadando
Nas ondas que procuro, céu azul...
Meus dias são sinceros, mergulhando
Profundamente, verdes mares, sul.
Recebi tua carta me entregando
Nossas recordações, o mundo é blue
Quem dera ser golfinho neste bando
E gozar minha vida, não ser fool...
A lua vai brincando prateada,
O tempo se disfarça e nem percebe.
Nos braços da lunática enteada
Que é filha dessa estrela e dum cometa,
A vida se esvaindo não concebe
Sem te ter, meu amor, vida incompleta...
21
Girassóis entre estrelas posso ver
Rondando a nossa cama em noite imensa...
Bebendo gota a gota a recompensa
Que é feita com ternura em bel prazer.
Incendiando tudo eu quero crer
No bem que se mostrando nos convença
Amor desenha em belo templo a crença
Trazendo a dois amantes o poder.
O canto que me encanta, um desafio,
Andorinhas penduradas neste fio
Aguardam a final arribação.
Será que nosso amor vence o verão?
Amor que imaginei um girassol,
No inverno servirá como farol?
Marcos Loures
22
Girando totalmente em carrossel
Numa roda gigante da esperança
Alçando plenamente imenso céu
Fazendo novamente ser criança
Galope da alegria em seu corcel
Voando em liberdade, cada dança
Rolando tobogãs, barco papel,
Guardado no envelope da lembrança...
Na cama em que te tenho e te possuo
Girando sem limites continuo
No baile dos prazeres e desejos.
Menina que me ensina a ser feliz
Mostrando de repente em todo bis
Marcas da fantasia em mil lampejos...
Marcos Loures
23
Girando pela vida, carrosséis
Dos sonhos e das bocas mais ferinas,
Enquanto inda destruo falsos méis
Eu sinto na canela tais botinas.
Regresso dos passeios, vis corcéis
Ainda quero o xote das meninas
Dançando mesmo tonto e de viés
Agarro em pensamento suas crinas...
Termino toda noite assim sozinho,
O lobo não conhece chapeuzinho...
Rolando em minha cama, inda desejo
Viver o que jamais eu poderia,
Sabendo no final que em cada orgia
Esconde sob a manga o velho pejo...
24
Girando em rodopio perco o rumo
Espero teus carinhos a girar,
Amar é mais que apenas manter prumo,
Amar é quase em seco, naufragar...
Não sei se nesta dança me acostumo,
Nem sei se sigo sol ou o luar,
Minha alma se elevando, fátuo fumo,
Meu mundo se perdeu ao te encontrar...
Passando pelas ruas, mares, bares,
Voando simplesmente qual cometas
As asas deste amor vão aos luares
E voltam no arco íris que te encanta,
Flutuam como fossem borboletas
Beijando cada parte desta planta...
25
Girando a noite imensa, paraísos
Feitiços de desejos e vontades.
Amores seduzidos por verdades
Negando passos frágeis, indecisos.
Os dias do teu lado são concisos
E nisso justificam claridades
Pois quando busquei reciprocidades
Sabia dos encantos mais precisos.
Preciosidade se emprestando à sorte
Entregue à fantasia, pleno aporte
Cevando com carinho cada grão.
Eternamente frutificará
Enquanto em esperança nos trará
Caminho que me leva à sedução.
Marcos Loures
26
Guardado dentro em mim, espelho e luz.
Vasculho o coração e sinto agora,
Batendo num fremir que reproduz
O quanto a poesia já te implora
Que venhas e que afastes esta cruz
Da dor que não saber quanto demora
Secar minha ferida feita em pus.
Levando esta agonia logo embora.
A mudança dos ventos me levou
Ao porto imaginável e tão presente.
O quanto que inda tenho, aonde vou,
Somente no meu sonho se pressente
Vencendo imensos mares, oceanos,
Netúnicos prazeres, soberanos...
Marcos Loures
27
Guardada num convento, ela sonhava...
Os olhos encantados, cotovia...
O príncipe dos sonhos não chegava,
A noite não trazia um novo dia...
Os sinos repicavam melodia,
O pranto que escondido não calava...
Quem dera conhecer a fantasia.
Janela entreaberta enluarava.
Deitava-se desnuda, mansa orgia...
Um dia, não se sabe com certeza,
Um príncipe chegou no seu corcel.
Deparando-se, enfim com tal beleza,
Calmamente deitou-se em seu dossel..
As pernas entreabertas da princesa...
(Ergueu-se, levitou, subir ao céu!)
Marcos Loures
28
Guardada no meu peito tal fortuna
Que sempre se posou de soberana.
A noite que te trouxe tão soturna
Espera nosso amor numa cabana...
Despisto mas não posso me calar...
O canto que promete não me alcança
Memória bem podia se matar
Assim não cairia noutra dança...
Meu sentimento espera nova vida
Na vida que se mostra mais sensata
Agora que esperança não duvida
Amor quer embrenhar por outra mata...
Vivendo o sofrimento de saber
Que amor demais já faz amor morrer...
29
Guardada no meu peito em sete chaves,
Amiga redentora traz sorriso,
Ajuda a destruir tantos entraves
Facilitando entrar no paraíso.
Na força da amizade, eu trago a sorte
De ser bem mais que alguém cuja tristeza
Temendo um vão momento e sem suporte
Não vê mais nesta vida uma beleza.
Certeza de encontrar em ti, querida,
Apoio pra seguir a cada dia
Até que a morte venha e assim decida
Por fim a tão sublime fantasia
Da vida que se entorna em alegria,
Nos braços da amizade, estrela guia...
Marcos Loures
30
Guardada na retina esta lembrança
De um tempo que se foi pra nunca mais,
O meu olhar atento agora alcança
Passado entre coqueiros, mangueirais.
O riso benfazejo da criança
Que um dia imaginei nos meus bornais,
Jogado pelos cantos da esperança,
Afasta-se da casa, dos umbrais...
Mantendo a porta aberta da saudade,
Quem sabe reviver felicidade,
A idade da razão matou o brilho
O coração naufraga no vazio,
E feito um tresloucado, sonho e crio
Da inútil melodia, um estribilho.
31
Guardada há tanto tempo em negro véu
Imagem destroçada da esperança
Somente uma ilusão ainda amansa
O que restou de um sonho tão cruel.
O amor se fez da paz velho bedel
Arauto que anuncia a nova dança
Quem tem no amor imagem, semelhança
Já sabe desvendar chaves do céu.
Por vezes não entendo o seu intuito
E mesmo que ele venha assim fortuito,
Amor sempre tramando algum remendo
Estende suas mãos com galhardia,
Quem busca neste insano uma alforria
Acaba quase nada, ao final tendo...
Marcos Loures
32
Guardada dentro em mim, espelho e luz.
Vasculho o coração e sinto agora,
Batendo num fremir que reproduz
O quanto a poesia já te implora
Que venhas e que afastes esta cruz
Da dor que não saber quanto demora
Secar minha ferida feita em pus.
Levando esta agonia logo embora.
A mudança dos ventos me levou
Ao porto imaginável e tão presente.
O quanto que inda tenho, aonde vou,
Somente no meu sonho se pressente
Vencendo imensos mares, oceanos,
Netúnicos prazeres, soberanos...
Marcos Loures
33
Gritando em seu louvor, felicidade
Catando estes gravetos, faço a lenha.
Por tanto que queria na verdade
Amor que sem vergonha sempre venha.
Contendo este conjunto de emoções
Arpoa qualquer verso que virá.
No seio da morena, as seduções
Chamando para a glória desde já.
Jazendo uma saudade pelos cantos,
Do amor que a noite nunca, cega, fuja
Esmoler vai pedindo a tantos santos,
A solidão, apenas garatuja.
No quanto que se fez caricatura,
Agora uma obra prima, se emoldura...
Marcos Loures
34
Gerânios e petúnias, meu canteiro,
Durante muito tempo, imaginei
Que o amor que tu me tinhas, verdadeiro,
Pudesse transformar a triste grei.
Teimando neste canto derradeiro,
Um verso de alegria eu procurei.
Porém pelas esquinas quando esgueiro
A solidão temível, vira lei.
Olhando pelas frestas do passado,
Andando como sempre, ensimesmado,
Não tive nada além de fantasias.
Aguardo tão somente pelo fim.
Abrolhos vão tomando o meu jardim,
Matando o que restou das poesias...
Marcos Loures
35
Gerânios na janela. Nos quintais
Mangueiras derramando suas frutas.
Sobre a mesa, revistas e jornais,
Sorrisos traduzindo antigas lutas.
À porta deste sonho tu relutas,
E teimas em negar os nossos cais,
As dores pelos gozos; tais permutas
Decifram mil momentos magistrais...
Porém, ressabiada, nada dizes,
A culpa é das terríveis cicatrizes
Que trazes do passado. Disso eu sei.
Ferida; não percebes que o futuro
Jamais será deveras tão escuro,
Diverso do que amargo, desenhei...
36
Gatos ronronando no quintal,
A noite sombreada de desejos.
O vento traz um frio glacial
Ao longe inda se sentem os lampejos
Dessa última esperança que morreu
Nos braços da morena sertaneja.
O manto do meu céu se escureceu
A morte feita em vida já lateja.
Prevejo tão somente um ar sombrio
Vagando em tempestades e em procela.
O coração se esvai, cego e vazio,
Matando o que restou; amiga, dela.
Desculpe te ligar; é fora de hora,
Preciso ter alguém comigo agora.
37
Gilberto sempre fora um pescador
Dotado de talento inesgotável.
Diversas vezes sendo demonstrável
Em atos de bravura e de valor.
Um dia, já faz tempo, num riacho
À noite um peixe estranho ele pescou.
- Rosado, é diferente este diacho.
Foi tudo o que coitado imaginou.
Porém quando a manhã nem bem surgia
Ao ver um homem em pelo no seu quarto,
Depressa se acabou toda a alegria;
Depois de muita liça quase roto,
Ao lado de um rapaz arfando farto.
Gilberto não se esquece mais do boto...
38
Garota de Ipanema agora deixa
De ser aquela moça tão bonita.
Usando a velha pose se faz gueixa
E pensa que a galera inda acredita
Não posso nem ouvir, da moça a queixa,
Apenas num requebro não agita
Balança sutilmente uma madeixa
Cabelo solto ao vento? Usando fita.
Porém como dizia o poetinha,
De todos o maior, tenho a certeza,
Mais bela do que a bela, esta beleza
Que o verso insuperável já continha
A moça que dizia de Ipanema
É brasileira nata e é da gema!
39
Gargalos e gargalhos, galhos, galos.
Algozes vozes vasos e vontades.
Falências e falésias, falas, falos,
Serpentes pentes sentes sem saudades.
Martela estrela bela matutina,
Matuto, luto, encurto este caminho.
Na mesa de jantar, cozinha e tina,
Atino meu destino e vou sozinho.
Mas quero esta querência de querer
Aquela a quem queria dia a dia
Adia esta tendência de sofrer
E deixa sem ter queixa uma alegria.
Beijando a boca aberta, alerta pisca,
Que pena que esta moça é muito arisca...
40
Gargalho sobre a carne decomposta
Jogada nas calçadas, verme, aborto.
Cusparada servindo de resposta
Sonego para o náufrago, o seu porto.
Espalho pedra espinho, nego a Costa
Sorriso de ironia, semi-morto
Arranco das feridas cada crosta
E as mãos de quem suplica; amargo, corto.
Aguardo na tocaia que tu passes,
Escarro sobre ti, malditas faces
Defeco em tua boca, sei ser vil,
Torturo-te, a agonia traz o gozo,
Ao fim, te sobreponho e assim jocoso
Vomito sobre ti, verme servil...
Marcos Loures
41
Gargalha tolamente qual palhaço
Desengonçado sonho que criei
De ser nos braços dela, um vivo rei,
Porém a dor chegou em duro traço.
Agora indo sozinho, o quê que eu faço?
Se tudo o que eu queria, não terei.
Vagando em solidão, amiga, eu sei,
Que o mundo vai fechando o forte laço
Asfixiado sigo em tempestade,
Um reles vagabundo, coração.
À margem dos caminhos da paixão,
Morrendo pouco a pouco, a mocidade.
Apenas sobrará uma ilusão?
Quem sabe depois disso, uma amizade?
42
Gemidos de viúvo em solidão
Palavras sem sentido nem proveito.
O verso que transtorna a direção
Dourando este fantasma no meu peito.
Podia pelo menos ter perdão
O amor que não deixasse mais direito,
E os ventos giramundos da paixão
Vagando pelas ruas. Não aceito...
Pelo canto dos lábios a saliva
Escorre numa absurda convulsão.
Minha alma passageira sempre viva
Aguarda um novo trem nesta estação
Mulher dos meus anseios, deusa e diva
Guardando as suas garras no porão...
43
Gargalha em ironia, a amarga fera
Que em farpas entranhou cada pedaço,
Destruição e inércia, numa esfera.
Do gozo tão mordaz, estardalhaço.
Nesta rede de intrigas, tensa espera,
Apenas o sorriso de um palhaço,
Travestindo de insânia esta quimera
Que mostra em cada corte, adaga e aço.
Das pústulas que espalhas em minha alma,
Postulas vis, hipócritas senzalas.
Enquanto me torturas, nada falas,
Nem mesmo a morte próxima me acalma.
Vergastas de Satã, as minhas sinas
Nas mãos tão carinhosas e assassinas...
Marcos Loures
44
Garapa já virou caldo de cana,
Cocota agora chama periguete
Se o troço demorô, ficou bacana
Lojinha de cachorro? Tal de pet.
Vontade de tomar o meu Grapete,
Comprei o tal chalé, veio choupana
Guardei o meu passado num disquete
Moleque sem vergonha hoje é sacana.
Andar de vemaguete ou decavê
Nas ruas da cidade, me envergonha,
Já basta minha cara de pamonha
Qualquer otário sabe e logo vê
Que tudo o que vivemos foi pro saco,
Nem vou armar por isso algum barraco...
Marcos Loures
45
Garapa da cana,
No doce, no mel,
Na manhã temprana,
Estrela no céu,
Lua soberana,
Cavalga o corcel,
A mulher insana,
Cumpriu seu papel.
Vibrei noite inteira
Na boca gostosa,
Da moça faceira,
Perfume de rosa,
Paixão verdadeira
Que invade e que goza...
46
Garanto na verdade que sou manso
Apenas procurando a liberdade,
Ao lado de quem amo, quando avanço
Vislumbro ao fim da curva, a claridade.
Ao ver que o temporal já foi embora
Aberto o tempo, solto o pensamento,
A poesia em festa sempre escora
Deixando para trás um mau momento.
Menina que se fez a companheira
Reparte cada sonho e vem comigo.
Paixão que hoje eu bem sei; a derradeira
Servindo como cais, perfeito abrigo.
Depois da tempestade que hoje vinha,
Espero esta menina de tardinha
47
Garantem em loucuras, nossas vidas;
As velhas serventias desta cama,
Nas nossas emoções já repartidas
A garantia prévia que nos chama.
Um dia abençoado, raro e belo.
Depois de tantos medos no passado,
Permite que se possa recebê-lo, S
Amor em raio intenso demarcado.
Não tenho mais sequer ansiedade,
Nem mesmo algum resquício de uma mágoa,
Tocado pela força em tempestade,
Inundo o coração com a farta água
Bendita pelo amor que se faz veio
Dizendo tão somente por que veio...
48
Garante ao manso dia o raro dom
O amor quando se expressa em sentimento.
Nos beijos eu percebo o quanto é bom
A gente se entregar ao doce vento.
Vivendo a fantasia em noite clara,
Vencendo qualquer chuva que vier
O amor que em alegria se declara
Do jeito e da maneira que puder.
Palavras que se trocam; mil convites
Perdendo todo o rumo, vou liberto,
No gozo que se dá já sem limites,
Percebo o quanto audaz, sigo liberto
Nas noites que varei a te buscar,
O sonho tão gostoso de sonhar...
49
Ganhando um mar imenso, iluminado
Meu sentimento vence as tempestades,
Andando junto a ti vou lado a lado
Concebo as mais sutis felicidades.
Amor vai me levando ao belo prado
Distante das balbúrdias das cidades
Quem teve o sofrimento no passado
Agora não conhece mais saudades.
Olhares espreitando de tocaia
Os gozos mais vorazes e gentis
Sabendo ser agora mais feliz
Entrego o mar tão belo em tua praia
Desfruto de teus braços, teus carinhos,
Fazendo destes sonhos nossos ninhos...
Marcos Loures
7350
Gananciosamente sigo em riste,
Vetustas emoções jogo no lixo,
Qual fora simplesmente um tosco bicho
Arredio; eu me escondo amorfo e triste.
Quem sabe ou acredita já persiste
Mantendo o coração tolo e prolixo,
O olhar noutro horizonte ainda fixo
Visão do crucifixo não desiste.
Pensando no apogeu mergulho às cegas.
O verso que dedico tão piegas
Arengas do passado não me importam.
Porquanto sou feliz e não sabia,
O amor quando demais cria alergia
Imagens tão românticas me cortam...
51
Galopo numa estrela
Dos céus o meu corcel
Delícia em poder tê-la
Vertida em carrossel.
Imagem que se atrela
Barquinho de papel
A fonte se revela
Em farto e doce mel.
Embora tenha gente
Que goste do amargor,
Prefiro,de repente,
Viver o pleno amor,
E aqui, sempre contente
Inteiro ao teu dispor...
Marcos Loures
52
Galopes que se mostram tão afoitos
Pertuitos desvendados permitindo
Delicadeza feita em loucos coitos
Estrela em nossos corpos refletindo.
Audácia inesgotável, inclemências
Ardumes em cardumes de prazeres,
Deixando para trás falsas decências
Mergulhos que se dão em nossos seres.
No incrível balançar, intensidade.
Penetro pela furna umedecida,
Encharco meu querer em tempestade
A fonte que se dá; é recebida.
Assim nesta volúpia que não cessa,
Amor em fogo intenso se confessa...
Marcos Loures
53
Galopes entre estrelas e cometas,
Oásis de abundância, vinhos, gozos...
Os olhos desferindo frias setas
Deixando os dias sempre nebulosos.
Quais velhos procurando por ninfetas
Delírios decadentes, caprichosos,
Amores transformando suas metas,
Vestindo tais mortalhas, rancorosos...
Eu bebo da saudade que não tenho,
Risíveis meus caminhos, sem ninguém.
Aguardo numa esquina, perco o trem.
Embora persistente, meu empenho
De nada adiantou, vou sem corcel,
Vagando sem estrelas, morro céu...
54
Galope quando é feito à beira-mar,
Fazendo a lua mansa virar fogo,
Não tendo nem vontade de parar,
Não cessa nem por reza, prece ou rogo.
A rede quando é feita do luar,
Nos braços da morena eu já me afogo,
Cantando a noite inteira a balançar
Nas ondas deste encanto, enfim me jogo.
Galopa o pensamento, este corcel,
Voando por espaços infinitos,
Girando como fosse um carrossel,
Querendo estes momentos mais bonitos,
Da boca da princesa eu bebo o mel,
Fazendo do prazer nossos delitos...
Marcos Loures
55
Galopas sobre mim, sou teu corcel
E vejo mil estrelas num tropel,
Atando nossos corpos, intenso fogo,
Vencendo sou vencido no teu jogo.
Visões do paraíso em carrossel,
Tocando com meus dedos vasto céu,
Ouvindo dos desejos cada rogo,
Nos mares destas ancas eu me afogo...
E o gozo derramado num segundo
Do teu prazer intenso, eu já me inundo,
E te sinto vibrar em convulsões...
O amor sabe o segredo, é mesmo assim,
Vibrando seus delírios dentro em mim,
No intenso fogaréu, loucas paixões...
56
Galopando em meu corcel
Ganho o espaço, bebo o vento,
Libertário sonho ao léu
Não me sai do pensamento
Do passado tão cruel
Não guardo ressentimento,
Renovando o seu papel
Meu amor segue sedento.
Coração esmiuçando
Encontrou o teu retrato
Pensamento galopando
Já desaba em teu regato
Nosso amor vai se entranhando,
Dos teus laços, não desato...
57
Galinha comilona enchendo o papo
De tudo que aparece no caminho,
A minha casa é feita de sopapo,
Assim, mais confortável fica o ninho.
A roupa que agora uso é simples trapo,
E desta mendicância eu me avizinho,
Das garras do idiota, sempre escapo,
Prefiro ter das gralhas, o carinho.
Melífera visão de um diabético
Que tem como horizonte ser mais ético,
Eclético; porém jamais boçal.
Na face abestalhada do panaca,
Perfume do rosal virou inhaca
Um velho pangaré cheirando mal...
58
Galgando um infinito nos teus braços
Atinjo a plenitude em cordilheira.
Afetos espalhados nos regaços
Amar é ter feliz a vinda, inteira
De quem atando firmes, laços, passos,
Sabemos que demais, tanto nos queira
Que forme em conjunção de belos traços,
Certeza de ser minha derradeira
Manhã que forrará o meu futuro
De sedas e cetins, rendas e linho.
Em sentimento nobre, raro e puro
Meu mundo com certeza; sorrirá
E assim, envolto em lumes e carinho,
O mundo novamente brilhará...
59
Galgando tais estrelas ancestrais
Um sonho que astronauta se perdeu
Depois de tanto tempo eu quero mais
Além do que pudera ser tão teu.
Imagem que aos espaços ascendeu
Deixando pela terra seus sinais
No fogo de teus olhos sempre ardeu
Amor que desejei estrada e cais.
Perfaço estas andanças sem descanso
Em cada procissão que me aprouver
Vestígios que encontrei de ti, mulher
Depressa levarão para o remanso
Do amor imenso insano até fatal
Rondando sem limites este astral...
60
Galgando no teu corpo um belo porto,
Aonde eu descobri mapa e tesouro.
Depois de tanto amor, vou quase morto,
Brilhando de suor, eu encontro o ouro.
Fazer amor, delícia de desporto
No gozo detonando um belo estouro.
Delírio que me deixa sempre torto,
Mas sempre benfazejo, um bom agouro.
Servir e ser servido em abundância,
Molhando tua boca na enxurrada,
Deitar tua nudez com elegância,
Vagando nossa noite iluminada,
Nos ápices profanos, chafariz,
No lago, imensidão, eu sou feliz...
61
Galgando essas estrelas, pensamentos...
Vestindo uma quimera: ser feliz.
Cortejo constelar que por momentos,
Etéreos relampejos, teu matiz.
Em ondas, ânsias, medos, sentimentos,
De toda esta amplidão, amor que quis,
Vagueiam tempestades e tormentos.
Minha esperança baila, encena, atriz...
Na neve de teus olhos, ilusão...
No tempo que me resta, brevidade.
Amar talvez; resuma-se em visão,
Desejo já perdido, sem memória.
Querer-te bem além, felicidade,
Um último retrato, minha glória...
62
Galgando cada parte deste sonho
Vislumbro mil montanhas, belos vales.
Depois deste delírio tão risonho
Debaixo do vestido,saia e xales.
Amor sem sortilégios te proponho,
Não deixo que em mentiras tu me cales,
Vibrando em cada dedo que te ponho,
Gemidos e suspiros, que tu fales...
Num átimo um desejo tão carnal
Vencendo uma razão que se perdeu.
Nesta opereta insana e assim carnal,
Rebenta toda a corda, sanidade,
Teu corpo se confunde com o meu
Nos atos que profanas, liberdade...
63
Galáctica figura em astros vários.
Nenúfares colhidos no além mar
Sinérgicos desejos, temerários
Alabastrina tez sob o luar.
Egresso dos espectros dos templários
O sonho em férreas luzes, procelar,
Arquétipos profanos, relicários
Metáforas expostas, lupanar.
Em sedas e organdis, lubricidade,
Nas vaporosas formas, éter, fumo...
Aos falsos diamantes me acostumo
E vertes à total saciedade
O néctar viperino e delicado,
Que sorvo totalmente embriagado...
64
Gerenciar os sonhos é patético
Vestir a fantasia me aborrece;
Sem ter alegoria que confesse
Aos poucos se tornando mais hermético.
Às vezes sigo crédulo ou vou cético
Se tudo não der certo, vale a prece
Por mais que a realidade torpe engesse
Uma esperança serve de energético.
Seria proveitoso algum prazer;
Tristezas deixam dúvidas e dívidas,
As faces solitárias sendo lívidas
Confundem muitas vezes ter e ser.
O verso que hoje faço; dito clássico,
No fundo me parece ser jurássico...
65
Geraste tal veneno no teu ventre
Que nunca concebeste tanta dor.
Desculpas permitindo que se adentre,
O verme que cuspiu no teu amor...
Nas mortes que produz, peço concentre
Os olhos que não sugam mais calor...
A porta está fechada. Que não entre,
A cobra que pariste, e seu rancor!
Veneno que vomita tanto fere,
Os pântanos criados são vorazes...
Não deixe que este verme degenere
A vida que pensei sem aziúme!
O nojo que me tens, vem das mordazes
Lambidas desta peste: teu ciúme!
Marcos Loures
66
Gerando sem perdão um desatino;
Mal disfarças o riso em ironia,
Matando o que restou da fantasia,
Sujaste um mar de sonhos, cristalino.
E eu, das esperanças, peregrino,
Seguindo a minha sina de vadio,
Às fartas ilusões quando me alio,
Revejo em meu espelho, este menino
Que um dia abandonaste sem motivo,
Porém do que tivemos, não mais vivo,
O sol vai renascendo dentro em mim.
E as aves libertárias da esperança,
Promessa verdadeira de mudança,
Revoam sobre as flores do jardim.
67
Genesíaco amor, trazendo essas trapaças...
Na fome da loucura a morte vem ligeira...
Protejo o coração, produzo carapaças,
Em vão... Nesta mortalha, a dor é companheira...
A vida se perdeu buscando novas caças.
Amor nunca permite exige verdadeira
Dedicação. Derrota emoldurada em taças...
A lua, em nosso caso, espera ser inteira...
Desprezei teu desejo, aguardo meu castigo...
Mergulho no infinito, embalde te procuro.
Levaste todo sonho embora, foi contigo...
O pouco que restou, triste oceano escuro,
Decerto representa um enorme perigo,
A morte me espreitando ali, detrás do muro...
7368
Gemidos tão sacanas e safados,
Delírios entre as coxas, rapadinha
Gostosa e cheirosinha esta xaninha,
Os lábios com teus dedos, afastados.
Caminhos bacaninhas e molhados,
Te tenho deste jeito, uma putinha
Que sei que sem pudor é toda minha,
Diamantes em tesão bem lapidados...
Chupando o meu caralho com vontade,
Depois no teu cuzinho vou com tudo,
Teu corpo assim sedento e tão tesudo
Que a pica assim ereta quer e invade
Melando mais sacana cada greta
Até que a porra salgue esta buceta...
Marcos Loures
7369
Há tantas ironias nesta vida
Que tudo o que eu desejo não consigo,
O braço que me apóia, o do inimigo
Esperança prepara a despedida
Deixando no lugar outra saída
Que às vezes expressando algum perigo
Distante do que tento, eu não prossigo,
Vestida de ilusões, alma vencida.
Palhaço das inúteis fantasias
Os guizos eu joguei pela janela,
Enquanto a poesia se revela
Estrelas não me servem como guias
Metade do meu corpo te deseja
Enquanto outra metade não te beija...
Marcos Loures
70
Há vezes em que falsos se prometem
Vertentes onde houvesse claridade.
Moldando com suor felicidade
Em outros sentimentos se intrometem.
Quem vive na total obscuridade
Não pode falar sobre os que remetem
Os sonhos em vertentes onde metem
Os dedos os que vivem falsidade.
Falíveis meus caminhos sem acerto
Em áspero desprezo, não me olhais.
Eu tenho inda respaldo que consiga
Verter em um oásis o deserto
Que em troca das verdades sempre dais.
A salvaguarda; encontro em uma amiga...
71
Houvesse alguma coisa entre nós dois
Talvez inda restasse alguma chance,
Porém sabendo o nada do depois
Não posso conceber qualquer romance.
Lançando o meu olhar neste vazio
Que é feito numa ausência corriqueira,
Um pouco de esperança eu fantasio
Enquanto a vida amarga, carpideira.
Por falta de ternura e de carinho,
A fonte já secou há tanto tempo.
E quando, da ilusão, eu me avizinho
Percebo que só fui um passatempo
Nas mãos de quem amei, inutilmente
Mas a minha alma sonha, e me desmente...
72
Houvesse a claridade que sonhei
Talvez inda pudesse perceber
A luz que tantas vezes pude ver
Vagando sem destino noutra grei.
Vivendo da esperança que criei,
Somente nela encontro algum prazer.
O fogo que incendeia todo ser
Não sabe dos caminhos que trilhei...
Andar por entre as trevas; sempre às cegas,
Distante destes mares que navegas,
Destino de um estúpido poeta
Estrelas tão confusas, pirilampos,
A noite se espalhando pelos campos
Manhã não surgirá, pois incompleta...
73
Hostes, hastes, lúbricos desejos.
Frágeis lutadores, noites frias.
Amores em senzalas, melodias.
Noturna sinfonia, doces beijos.
Olhares entre colchas, fardos, pejos.
Expressões de delírio em fantasias
Alvissareiros risos, alegrias
Momentos torturantes e sobejos...
Apensas burburinhos, nada mais.
Dois lábios canibais, mananciais
À flor da pele, bocas e torturas...
Em riste lanças, setas, armaduras.
Saveiros, naus em portos sensuais
Extremas explosões, fartas loucuras...
Marcos Loures
74
Horrores que se expõem a cada gozo
Nos templos e da pátria, vendilhões.
O manto que se fora glorioso
Cortado em mil pedaços, podridões.
Amiga, me permita, caprichoso,
Não suportar tal súcia de ladrões.
A fome se espalhando em ar leproso.
No amargo das estrelas e paixões.
Vendetas que se fazem todo dia,
Prostituindo os frágeis e as mulheres.
Banquete desta corja em mil talheres
Ao devorarem sempre esta iguaria
Que é feita pela carne dos cordeiros,
Nas Câmaras, Congressos e puteiros.
Marcos Loures
75
Hordas de fantasmas me perseguem,
Ninhada viperina, fardos vários
Por mais que a realidade ainda neguem
Seus guizos se anunciam temerários.
Na gula insaciável já conseguem
Romper os meus limites, adversários
Que em tramas estrambóticas prosseguem
Negar aos meus desejos, estuários.
Vetustas paliçadas, frinchas, poros
Sibilas e profana, não sacias
Semeias tempestades, vis esporos
E rasgas o que resta de esperança.
Floresces em quimeras, noites frias
Enquanto dedo riste, a morte avança...
Marcos Loures
76
Horas mortas da noite
No frio que nos toma,
Cortando qual açoite
Amor enfim nos doma
E faz um paraíso
Em cada beijo teu,
Trazendo um bom sorriso
Que enfim se concebeu
Em festa e alegria
Que sempre majestosa
Em lágrimas sabia
Do espinho sem ter rosa.
Agora ganha o dia,
Do amor tão orgulhosa...
77
Hora morta, a vida não mais repete,
Os meus sonhos dividem pesadelos...
As minhas cartas voltam, restam selos.
O tempo atroz, distância me remete...
As festas que passei, quero o confete.
Teus olhos inconstantes, quero tê-los.
O poder de esquecer, ou convertê-los,
A dor de não saber a mim compete...
Hora morta; procuro, pela sala,
Os rastros, passos, nada tenho... Cala
A noite; mergulhando no passado,
Agonizo... Granizo traz estio.
Mas meu coração, fraco, sente frio...
Nesta hora morta, estou desesperado...
78
Homérica viagem dentro em mim,
Idílios tão diversos; enfrentei.
A vida vai chegando a um triste fim,
Ausente de meus sonhos, me entreguei.
Penumbras que eu carrego vão enfim,
Ditando em treva e incúria a amarga lei,
Cumprindo o meu destino, de onde eu vim
Expresso em agonia o que passei.
Venenos ressurgindo a cada ordenha,
Por mais que a lua teime e sempre venha,
A noite segue escura, em frio intenso.
No mar das ilusões, barco sem rumo,
Os erros cometidos, eu assumo,
Meu débito tornou-se, então, imenso...
79
Há tanto navegar era preciso
Vivendo outros caminhos; mar, adentro,
Vagando pelos pólos, busco o centro,
O porto que virá não traz aviso.
Acendes tais archotes e me guias
Por entre vendavais, loucas procelas,
Destino que entrementes tu já selas,
Permite finalmente fantasias.
Melífero arquipélago de luz
Dos pélagos me traz doce promessa.
O amor faz da ilusão rica remessa
E em luzes tão fantásticas produz
O brilho que eterniza as emoções
Rolando pelos céus, nas amplidões...
Há tanto navegar era preciso
Vivendo outros caminhos; mar, adentro,
Vagando pelos pólos, busco o centro,
O porto que virá não traz aviso.
Acendes tais archotes e me guias
Por entre vendavais, loucas procelas,
Destino que entrementes tu já selas,
Permite finalmente fantasias.
Melífero arquipélago de luz
Dos pélagos me traz doce promessa.
O amor faz da ilusão rica remessa
E em luzes tão fantásticas produz
O brilho que eterniza as emoções
Rolando pelos céus, nas amplidões...
80
Hoje eu decidi: vou te deixar
Liberta de qualquer algema e cruz,
Sabendo o quanto tenho pra te dar
Reconhecendo em ti a própria luz.
Amar é ser liberto, disso eu sei,
E tento conceber felicidade
Vivendo o que sei que viverei
Nos braços deste sonho em liberdade.
Que seja sempre assim o nosso amor,
Raiz que se permite florescer,
No encanto que se faz libertador
Vivenciando todo o bem querer
Sem medo, sem quimeras ou prisões,
Rompendo para sempre tais grilhões...
81
Hoje os espaços mostram esplendor
Na beleza dos astros, das estrelas...
Tramando estas estradas com fulgor.
Sob o brilho, milhões de belas velas...
Os anjos passeando neste astral,
Formando qual um bando de falenas.
Vencendo tantos medos, bem e mal,
Pintando todo o céu em alvas cenas...
Molemente recebes meu afeto,
Depois de nossas noites, todas brancas.
Sabendo que este amor é predileto,
Sabendo das venturas que alavancas.
Fluindo nosso amor em manso lago,
Espero teu carinho e teu afago...
82
Históra que me assombra, eu vô contá.
Dos tar de lubisome, bicho fei,
Que aparece nas noite de luá,
Mordeno todo o povo sem ter frei.
Um dia passeano num lugá
Dispois de tanto tempo, eu encontrei
Um bicho ansim piludo, de assustá;
Pois quage que, te juro, eu desmaiei.
A sorte foi que Juca de Maria,
Um cabra desses bão, trabaiadô,
Com espingarda em punho apreparô
O bote contra o bicho disgramado,
E bão de mira em boa pontaria
Dexô esse mostrengo ansim, capado...
83
Hipnotizado estou, morena bela,
Rainha do meu sonho, estrela guia
Destino com destino já se sela
Vivendo o que sonhava e mais queria.
O amor que a gente sente eu já sabia
No barco que me leva, rumo e vela,
Além do que se diz em poesia
Tecendo o nosso amor em aquarela.
Olhar quando em olhar se refletiu
O amor sem ter juízo e tão sutil
Venceu velhos temores desta moça.
Eternizado gozo em juventude,
Palavra demonstrando esta atitude
Na força do desejo que me acossa.
Marcos Loures
84
Heterônimos trago para amor.
Um sonho sem juízo e sem sentido.
Arrebata e destrói, mas tentador,
Traz tanta alegria; não duvido.
Amor é sensação do quase ser
Não sendo e tão somente nos engana.
Vibrando em agonia de um prazer
É força que agiganta, soberana.
Amor é ter sagrado o que é profano
Beber incandescente fogaréu
No trôpego fulgor, o ser humano,
Amando se percebe em pleno céu.
Qual Ícaro, desaba num momento,
Amar é reluzir em sofrimento.
85
Heróica resistência; inda farejo
No rastro das irmãs espoliadas.
Durante tanto tempo maltratadas
Negaram o direito a ter desejo.
A liberdade plena que eu almejo
Pras moças muitas vezes estupradas,
De todos os seus bens, dilapidadas,
Mas um momento em glória enfim prevejo.
Do solo americano de Colombo,
Desta África vestida de Mandela,
Ou da Ásia multiforme e colorida,
Depois da tempestade, em duro tombo,
Brilhando com mais força cada estrela
Nos laços da amizade, construída...
86
Herética ilusão, farpas nos dedos,
Resisto bravamente e não me entrego,
O quanto ainda posso antes de cego,
Talvez molde; quem sabe; bons enredos.
Desnudo, sem reservas, meus segredos,
E ao que resta da vida, em vão me apego
Formidável procela onde navego,
Derruba; em seu furor, antigos credos...
Jogado contra as pedras, maremotos,
Os sonhos se tornando mais remotos,
Perdido no arquipélago dos sonhos.
Os dias desfilando em minha frente,
A vida se tornando então ausente,
Cenários que hoje vejo; são medonhos...
87
Herdeiros desta Terra em aliança
Com Deus, o Pai supremo, o criador,
Ungidos pelas mãos da temperança,
Noé se fez um dia agricultor
E bêbado e desnudo, Cam o viu,
Chamando seus irmãos, o abandonou,
Sabendo da atitude fria e vil,
Noé, ao próprio neto amaldiçoou.
A Canaã só restou a servidão
Herdando de seu pai a maldição
Expressa nos desejos de Noé,
O homem senhor de toda a criação
Apenas em Canaã uma exceção
É o escravo mais simples de Jafé.
88
Herdeiro do vazio que inerente
Tomando pouco a pouco cada parte
Do corpo que se entrega. Mas destarte
Talvez um novo rumo, ainda tente.
Um sonho que me ronda, tolamente,
Negando o que seria algum descarte
Permite, meu amor, imaginar-te
Invadindo o vazio, plenamente.
Eu sinto o teu perfume que me ronda,
A vida perpetua-se em cada onda
Num ir e vir eterno e caprichoso...
Quem sabe, finalmente, em raro gozo,
O mundo que sonhara e fantasio.
Mas quando acordo; sobra-me o vazio...
Marcos Loures
89
Herdamos esta merda de Planeta
Tratado como esgoto pelos ricos,
Terceiro mundo serve de penicos
Da morte esta canalha, uma estafeta.
Justiça? Andando torta e assim cambeta,
Gigantes esfacelam os nanicos
Enquanto fingem vários paparicos
Bebem do sangue anêmico e da teta
Já sem leite da mãe que de gentil
Morrendo em ares torpes é vendida
À corja que se embebe, porca e vil
Com unhas adentrando cada olhar,
Sorvendo cada gota, sangra a vida
Ceifando uma esperança, devagar...
90
Herdadas qual noturnas meretrizes
As loucas ilusões não têm paragem,
Vivendo o tempo todo sempre à margem
Sob estes céus nublados, plúmbeos, grises
Monótonas visões destes matizes
Negando qualquer brisa, vento, aragem.
Das torpes realidades que as ultrajem
Soturnas paisagens, velhas crises.
Do que sonhara outrora, verdes prados,
Os pés já não caminham, decepados,
Meus olhos não encontram horizontes.
E mesmo que dos sóis inda me contes,
Restando solitário nestes ermos,
Sem possibilidade de inda sermos...
91
Hercúleos os esforços para termos
Sem termos, redenção em franco amor
Além do que em loucura concebermos
Recebo o teu espinho e busco a flor.
Amores sem resposta são enfermos
Estando sempre aquém do que propor
Olhares tão distantes mundos ermos
Roubando a nossa força quer vigor
Cair das ribanceiras da esperança
Fazer do precipício uma pousada.
A boca que procura ser ousada
Mistura que confunde e já me cansa
Fundindo nossos corpos, trégua à vista
Aos teus quadris não vejo quem resista...
Marcos Loures
92
Herança que deixaste, simples tédio,
Marcando cada noite num compasso
Monótono que invade passo a passo,
Tocando o pensamento, em duro assédio..
A solidão tomando todo o prédio
Não deixa à fantasia algum espaço,
Somente da tristeza, amargo abraço.
Que faço se não vejo mais remédio?
O sonho se esgarçou faz tanto tempo,
Pensar na morte como um passatempo
Talvez permita ainda uma alegria.
A porta que mantenho sempre aberta
Na espera que teimosa não deserta
O coração de um tolo, uma heresia?
Marcos Loures
93
Hemorrágico amor... Maltrata e me redime...
És altiva esperança, ao mesmo tempo matas.
Me dás a sensação fantástica do crime.
Alucinadamente expõe as densas matas
Da paixão. Me tortura, acalma, cama, vime...
Nas lutas que passei, nas danças, nas regatas,
Momentos que vivi, a dor já não se exprime;
Feliz hemorragia, em mares e cascatas!
Num formidável grito expõe-se, assim, desnudo.
As entranhas à mostra, a beleza da loucura...
É violência no orgasmo, amor forte! Contudo,
Tantas vezes cruel, tantas vezes fatal...
É raio que clareia em plena noite escura.
É lágrima, pierrô, num triste carnaval...
Marcos Loures
94
Hemorragia eu vejo nos jornais,
E espremo o coração, não sai mais nada;
Manchetes sanguinárias, garrafais,
Garrafa na cabeça destroçada.
Os homens se tornaram canibais,
Carcaças são jogadas pela estrada,
Prazeres maltrapilhos dos casais
Que vagam nos motéis da madrugada.
Que tal, amor quem sabe hidromassagem?
O moço marombando a paisagem,
A moça ao cultuar musculatura
Fazendo na xaninha, tatuagem
Miséria pouca, amigo, uma bobagem
Depois nem analista traz a cura....
Marcos Loures
95
Helmintos que carrego na barriga
São velhos comensais, eu já nem ligo.
Chamando de comadre uma lombriga
Não vejo, na verdade algum perigo.
Ao menos nunca fez fofoca, intriga,
Só quer, disso eu bem sei, comida e abrigo.
Que seja sempre assim, que isso prossiga
Guardada com carinho sob o umbigo.
Para que eu tomarei Mebendazol?
Eu vejo na lombriga um bem de escol
E quero cultivá-la a vida inteira.
Depois de ter somente a solidão,
Encontro finalmente, e com razão
Uma perfeita amiga e companheira...
Marcos Loures
96
Helênicos prazeres e desejos
Volátil sensação de eternidade.
Criado pelos deuses em lampejos
Amor sempre comanda as divindades.
Nas traições de Zeus; guerrilhas tantas
Cupido, de Afrodite, seu rebento,
Em artimanhas loucas, porém santas
Em simples seta mostra-se violento
Supera com poder de sutileza
Aos mais ferozes deuses, que se rendem
À força do desejo e com certeza
Com mãos atadas, logo já se prendem.
Assim é na verdade, uma paixão,
Trazendo às duras feras, rendição...
Marcos Loures
97
Hei de encontrar teu cofre delicado
Onde guardas segredos e vontades,
Por mais que tantas vezes bem amado,
Eu preciso saber tuas verdades...
Por este grande amor nem sei quem sou,
Apenas o que resta do que fui.
Sem nexo, sem juízo sempre vou
Descendo a corredeira, mansa flui....
Hei de encontrar o cofre mais sagrado
De tua alma transtornada pelo amor.
Hei de viver um sonho delicado
Envolto nos desígnos sem pudor.
Hei de encontrar o cofre que preciso,
A chave de um eterno paraíso...
98
Hedônicos caminhos do prazer
Vislumbro no teu colo, nos teus seios,
Descendo estes riachos sem receios
Sinto este gêiser raro a me ferver.
Aprendo a cada dia o que é querer
Vencendo em plenitude meus anseios,
Descubro sutilmente novos meios
De sendo tão sedento te beber.
Chegaste como uma onda gigantesca
Tomando toda a praia num segundo,
Numa explosão divina e até dantesca
Assim como um tsunami redentor,
De um jeito tão fantástico e profundo
Mostrou o que é, em verdade, um grande amor...
99
Hedônico namoro, delicado,
Em fogo e em ardentias definido,
Querendo sempre ser teu namorado,
Futuro prazeroso e decidido.
Depois de tantas dores, no passado,
Amor que seduzindo, não duvido,
Estando o tempo todo do teu lado,
Jamais o nosso amor terá olvido.
Eu sou o que tu queres, teu amigo
Amado amante, fogo e vendaval,
Teu beijo tão gostoso e sensual
Teu colo me servindo como abrigo,
Querida, nosso amor não é atônico,
Na verdade, eu te digo: ele é atômico!
Marcos Loures
7400
Hedônica vontade de te ter
Desnuda em minha cama, uma alvorada,
Bebendo gota a gota este prazer
Eu sinto esta beleza anunciada
No gozo tão divino passo a crer,
Na lua mais sublime derramada
Prateia tua pele bronzeada
Cenário em perfeição eu passo a ver.
Assim ao libertar tantos desejos
Não tendo mais pudores, nego pejos
E embrenho paraísos que me dás.
No amor que nos guiando, já transforma,
O rosto desta deusa toma a forma
Dum anjo que profano, trama a paz...
Marcos Loures
1
Havia, no sertão, um coronel
Chamado simplesmente, assim, de Jó.
Que tendo como fama ser cruel
Matava e maltratava sem ter dó.
Os seus escravos, sempre em jogatina,
No Caxangá varavam madrugadas,
A filha deste Jó, bela menina
Cansada das vergastas aplicadas
Fugindo, me encontrou, não disse nada
Apenas caminhando junto a mim,
Tentando percorrer a mesma estrada
Na cama feita em relva, no capim,
Ao se entregar depressa e sem juízo,
Abriu em suas pernas, paraíso...
Marcos Loures
2
Havia de chegar o grande amor
Depois dos desenganos e mentiras
Nos braços deste Sonho em que te atiras
Certeza do infinito a se propor.
Na voz de um sertanejo trovador,
Belíssima canção em doces liras.
Acendes; dos desejos, suas piras
E vibras; emoção, sacro calor.
Depois dos temporais, tanta bonança
Urgência se transforma em esperança
E avança a noite imersa nestas luzes.
Veredas deslumbrantes; belas sendas,
O gozo em alegria, tuas prendas,
Clareza que em teus olhos reproduzes...
3
Hastear tais bandeiras nessas fronhas
Depois de termos feito tanto amor,
As noites não serão mais enfadonhas
Também pra que desejo o teu pudor?
No fundo esquecemos das vergonhas
Bebendo da alegria este torpor,
Que danem-se as estúpidas cegonhas
Componhas desta insânia o teu louvor.
Dois seres que não são meros pamonhas
Brincando de tirar e depois pôr,
De noite vem chegando este calor
Que é tudo que em verdade sempre sonhas,
Mantendo com certeza o bom humor
Deixando para trás noites medonhas...
4
Harmônicos pensares, almas unas,
Etéreos, mas uníssonos vernáculos.
Desertos gigantescos, mesmas dunas,
Diversas expressões, velhos oráculos
Diziam desta sorte que nos toma,
De sermos diferentes, mas iguais.
Duas almas vivendo num só soma,
Excelsas esperanças, magistrais.
Cabendo num só verbo, tantas glórias,
Que mesmo em cadafalsos luz transpiram,
Sinônimos sutis, lutas, vitórias,
Que nem velhas masmorras; vãs, expiram.
Assim, quando ao correr de nossas penas,
Palavras vão se ungindo, magas, plenas...
5
Há tantas ilusões em quem procura
Amor como se fosse eternidade.
A luz que não se encontra em noite escura
Somente aumentará sua saudade.
Assim busquei em ti toda a ternura
Que um dia imaginei, felicidade...
A realidade mostra-se tão dura...
O que restou no fim? Só a vontade...
Mulher que desejei a cada dia,
Fugidia, distante... não mais vejo.
Depois de tanto tempo, a fantasia
Se mostra dolorida e sem sentido...
Restando tão somente este desejo,
E o canto de alegria? Vi perdido...
6
Há tantas coisas frágeis que encontramos
E delas nós criamos mil castelos,
Escravos dos sentidos, torpes amos,
Que em máscaras parecem-nos tão belos.
Deus um lavrador com seus rastelos
Cultiva o que nós tanto precisamos,
E mesmo quando creio poder tê-los
Os bens mais importantes, desprezamos...
Assim, ao caminhamos pela vida
A estrada se parece vã, perdida
Com todas as riquezas nada traz
Felicidade imensa que se vê
Nos olhos de quem ama e nisso crê
Na amizade, saúde, amor e paz...
7
Há quem defenda estúpidos boçais
Os narcotraficantes imbecis,
Deixando humanidade por um triz
Ainda são as capas dos jornais.
Seqüestros, guerrilheiros, animais,
No fundo são apenas seres vis
Tornando o céu nublado, escuro e gris,
São torpes, idiotas e venais.
O socialismo é feito dia-a-dia
Num ato que transforme a sociedade,
Obedecendo à lei, democracia
Permite que se pense no amanhã
Repleto de calor e de amizade,
A luta sem ser essa, é sempre vã.
Marcos Loures
8
Há quanto tempo busco o teu olhar
Em meio a multidões, luzes distintas
São carros e faróis a trafegar
Anúncios em néons, diversas tintas.
Reflexos apagando este luar;
O vento deste amor; quero que sintas
Perceba esta alegria a me tomar,
As ilusões não podem ser extintas.
Meu sonho nos teus braços já se aninha,
Meu canto te procura sem descanso,
A noite se acabando e não te alcanço
Um dia tu virás, num vento manso,
E assim uma esperança se avizinha,
Poder dizer a todos: JÁ ÉS MINHA!
9
Há múltiplas escolhas nesta vida,
E delas só depende o meu futuro,
Às vezes encontramos a saída
Em outras tão somente o céu escuro.
A sina que deseja ser cumprida
Além do que se mostra em alto muro,
Por mais que a estrada seja assim comprida,
Do lado de quem quero, eu já perduro.
Ao descrever com fé o que eu queria,
Disserto com esplêndida euforia
Além do que quem sonha sempre vê
Depois de procurar pela resposta,
Encontro finalmente ali exposta
A imagem mais perfeita: era você!
Marcos Loures
7410
Há muito, no começo, um trovador,
Cantava tanto amor quanto amizade.
Nos velhos menestréis, amor e dor,
Com toques bem suaves de saudade...
O tempo se passou, mudando tudo.
Porém nossa emoção assim persiste.
Com forças soberanas não me iludo,
No fundo um coração alegre e triste.
A roupa que vestimos, tecnológica,
O mundo que vivemos, diferente...
Computador, foguetes, tanta lógica;
Porém nossa emoção inda é de gente.
Amiga, com poder, tecnologia;
Amor inda me inunda a poesia...
11
Há muito que eu queria te beijar
Um sonho que carrego já faz tempo,
Vontade de poder te namorar,
Mas sempre aparecia um contratempo.
Às vezes tua mãe estava perto,
Em outras o teu pai não permitia,
A boca se secando num deserto,
Saliva mata a sede; ela pedia...
Minha amada, eu estou apaixonado
E cansado de ouvir tanta recusa...
Mas quando te beijei, fiquei corado,
Senti que tu estavas tão confusa,
Verdade: quem jamais comeu melado,
Quando come, querida, se lambuza!
12
Há muito por dizer em um olhar
Bem mais do que em palavras, eu garanto.
O amor que transformado em puro encanto
Por vezes sinto vindo devagar.
Pois saiba que eu te adoro tanto, tanto.
Mas temo não poder me declarar.
O amor que tantas vezes faz brilhar
Meus olhos, misturando luz e pranto,
É tudo o que eu queria te dizer
Além de simples versos que eu te faço.
Quem sabe se esta luz te fará crer
No sentimento nobre que domina
Meu pensamento e em cada novo passo,
O olhar que bem mais forte te ilumina...
Marcos Loures
13
Há muito meu destino demarcado
Somente pelas dores e promessas,
Vivendo de alegrias do passado,
Não ouço e nem espero mais conversas,
A juventude, amiga; um doce prado,
Em sonhos e delícias tão diversas,
Agora no meu peito amargurado,
Recordações sutis e assim dispersas
Demonstram que talvez eu tenha tido
Momento de real felicidade,
Refém do que já tive vou perdido,
Tentando reverter em claridade
O brilho que se perde em triste olvido
A sombra que alimenta, na verdade...
14
Há momentos na vida, eu te garanto,
Que tudo nos parece já perdido.
O amor por vezes frágil, dolorido.
A noite que se passa em desencanto.
Ouvir; meu caro filho, o belo canto
É como a voz de um anjo em meu ouvido,
Dizendo o quão divino é poder tido
A glória deste amor, sublime manto.
Não poderei viver sempre contigo,
Meu tempo no pretérito pressente
Que a seta que se lança no presente
Será nos meus escombros, meu abrigo.
Teu pai ao se perder, farta ilusão,
Te pede por seus erros, o perdão...
Marcos Loures
15
Há momentos na vida em que se vê
O quanto é tão sublime a criação,
Pois Deus com total inspiração
Deu-nos este presente que é você.
Nesta benção divina, a gente crê,
Trazendo tal prazer ao coração
Que deixa a mais perfeita sensação
E um Paraíso em glórias se antevê.
No teu aniversário, uma homenagem
Se faz tão necessária, minha amiga.
A mão que nos apóia na viagem
Levando sempre a paz como bandeira,
Que toda este brilhar sempre prossiga
Nos olhos desta amada companheira...
Marcos Loures
16
Há momentos na vida em que eu assim pergunto
Se o gozo é pertinente ao amor em conjunto.
Prazer quando inerente é sempre um bom motivo
Que nos permite sempre embrenhar nos altares
Aonde se mistura o fino dos jantares
Banquete pelo qual eu gozo e sobrevivo...
Eu sei que o paladar pode ser meio estranho
Mas mal a noite acaba e começa a cobiça
O coração dispara andando quase fanho
E vê depois de tudo, o quanto a vida viça
O cheiro é nauseabundo e dele já me entranho,
Há gente que prefere até comer cortiça
Porém o que fazer, se eu tenho o mal tamanho
De preferir, querida, um prato de carniça?
17
Há gente que não sabe decifrar
Toda a beleza em glória que Deus fez,
E usando da total estupidez
Esquece que inda resta este luar
Que teima em clara noite iluminar
Mudando sempre em fases sua tez,
E sem ter mesmo assim, farta altivez
Se mostra a quem quiser se emocionar.
Momentos tão sublimes e tão vários
Não tocam corações quando ordinários,
Daqueles que negando a claridade
Existem tão somente; e sem prazer
Jamais se permitiram o VIVER,
Que é feito em amor pleno e liberdade!
18
Há gente que não sabe conviver,
Respeito eu dou e peço, é meu direito.
Falta de educação é um defeito
Difícil de aturar e dá pra ver,
Pois basta tão somente não me ler,
Mas o diabo andando insatisfeito
Velhusco salafrário, desse jeito,
Parece que não tem o que fazer.
Respeite os teus cabelos já grisalhos,
Dos outros, não desdenhe os seus trabalhos,
Procure um psiquiatra, mas dos bons,
Ou quem sabe console-se nas ostras
Roçando o teu traseiro que tu mostras
Ao demonstrar assim teus toscos dons...
19
Há genes de esperança nos meus versos
Vivenciando gozos que virão.
Se eu tenho a fantasia em cada mão
Eu sigo sem arreios; universos
Os vasos que quebrei foram diversos
A cola não me trouxe uma junção
Que mesmo que beirasse à perfeição
Teria resultados mais perversos.
Inserto nos teus olhos, minhas travas
Tentando te impedir de ver desnudo
O coração que coaxa, tão miúdo
Enquanto em fantasias tu te lavas,
A dança que tramei o que bem quis
Promete algo que seja enfim feliz...
Marcos Loures
20
Há dias que percebo a solidão
rondando a minha casa. Abro a janela
e vejo tão somente escuridão
que a noite tão vazia me revela.
Meu sonho, liberdade em amplidão
viaja pelo espaço e assim se atrela
aos braços fervorosos que se dão
trazendo para a noite estrela bela.
Então neste momento, em claridade,
um sonho se tornando realidade,
eu sinto mais fervor em cada passo,
querida, no clarão desta amizade,
um mundo mavioso em forte laço
percorre em brilho intenso o negro espaço
21
Há dias que nos tornam mais contentes
E neles percebemos esperanças.
Transmudam os caminhos que entrementes
Fizeram dos meus céus tristes andanças.
De tantos descaminhos, penitentes
Meus passos alcançando estas mudanças
Permitem que outros dias envolventes
Afoguem as tristezas, as lembranças.
Ao ter tua presença aqui comigo,
Amiga que encontrei em áurea senda
O mundo em alegria se desvenda
Afasta totalmente um vão perigo,
Apascentando enfim, qualquer contenda,
Trazendo finalmente um manso abrigo..
22
Há dias que não sei o que fazer,
Diante deste encanto que me trazes,
A fonte tão gostosa de beber,
Palavras, sentimentos mais audazes.
O quanto te desejo, podes crer
Além de simples, tolas, reles fases
Permitem com certeza enaltecer,
Ao abalar em fúria, as minhas bases.
Abrindo o coração ao fogo intenso
De todo esta vontade de ser teu,
Além do que meu verso concebeu
Em ti, a cada noite, mais eu penso.
No amor que já transborda, intensidade
Bebendo da loucura à saciedade...
Marcos Loures
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Há dias em que a vida não permite
Que a gente mostre um rosto mais feliz.
Por mais que uma vontade chegue e grite,
O coração sofrido já desdiz.
As flores do jardim de nossa casa,
Que outrora foram belas, vicejantes,
Enquanto a poesia assim descasa
Os olhos são somente viajantes
Que buscam no infinito uma resposta,
Além do ancoradouro imaginário.
Compota de ilusões na mesa posta,
O vento que me assola, temerário.
Mas quando vejo em ti, meigo sorriso,
Refaço a caminhada ao Paraíso..
Marcos Loures
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Há de subir além deste infinito
Que posso vislumbra em noite intensa,
Sonho no qual deveras acredito,
Tornando a minha vida menos tensa.
Enquanto em versos; lúdico, exercito
O que minha alma brada em voz imensa,
Apenas a frieza do granito
Encontro ao fim da tarde, recompensa...
Azedo com palavras o teu mel
E vejo mais distante luz e céu,
Colhendo o que plantei, a solidão.
Não temo mais o frio que virá,
Sabendo do vazio, desde já,
Fazendo do granizo, o meu verão....
Marcos Loures
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Há coisas que não posso mais negar,
O quanto uma amizade nos ajuda.
Cevando com firmeza e com vagar,
A planta não será; jamais, miúda.
Permite que se faça a caminhada,
Tirando estes espinhos costumeiros.
Tornando bem mais bela a nossa estrada,
Andemos pareados, companheiros.
E quando a tempestade se aproxima,
Abrigos em nós mesmos; encontramos.
Na força do arvoredo feito estima,
A bela proteção de fortes ramos.
Mas saiba do relâmpago, trovão.
Usando o pára-raios do perdão...
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Há coisas neste mundo que nos fazem
Temer pelo futuro, com certeza,
Enquanto as poesias se desfazem
A vida segue em brava correnteza.
É necessário crer que exista um Deus
Que possa nos trazer algum alento.
E nisso, quando estou nos braços teus
Consiste em esperança, o sentimento.
De quem ao perceber que inda se pode
Viver nesta ilusão de ser feliz.
Na dor, a fantasia nos acode,
Trazendo desde sempre o que mais quis.
Viver sempre contigo, um belo sonho,
Que embora, às vezes triste, inda componho
Marcos Loures
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Há coisas nesta vida, minha amiga
Que tantas vezes valem mais que o ouro,
Uma amizade imensa nos abriga,
Eu posso te dizer: é um tesouro.
No dia em que completas mais um ano,
Eu venho agradecer pela existência
De um anjo mavioso e soberano,
Que traz em suas asas a clemência.
Por isto, me permita te dizer
Do quanto comemoro tal momento.
Certeza de alegria e de prazer,
Que invade com mais força o sentimento.
Feliz aniversário, amiga minha,
Pois Deus dentro de ti, eu sei, se aninha...
Marcos Loures
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Há coisas nesta vida que eu não gosto
E penso que ninguém irá gostar.
Amiga, na verdade até aposto
E nisso tenho ganas de ganhar
Que mesmo que pareça mais disposto
A ter esta mulher que possa amar,
No fundo, causaria tal desgosto,
Maior do que as procelas lá do mar...
Eu peço, então que entendas meu destino,
Na flatulência fez-se antigo amor.
Deixando mesmo o peito em desatino.
Mas tenho uma lembrança; amiga flor,
Da qual não me esqueci, e vaticino:
- Amor; não solte pum no elevador!
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Há tanto que eu preciso te falar
Da estrela distraída que perdi
Roubando cada brilho do luar
Procuro e num momento chego a ti.
Entregue aos sortilégios deste mar,
O tempo desconhece o que vivi,
Sereia vem à praia e devagar
Mergulha no que outrora teve aqui.
Enquanto faz o templo em tua pele,
Ao gozo mais sublime me compele
Atrela cada passo teu e meu.
Será que não percebe que em verdade
Sereia dos meus sonhos, realidade
Nos braços de quem amo se verteu...
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Há tanto que desejo ter alguém
Que possa suportar os meus rompantes.
Cansei já de tomar tantos calmantes,
Porém o que fazer se logo vem
Vontade de esganar, matar uns cem.
Depois volto ao normal. Poucos instantes
Do todo em paciência, discrepantes,
Já bastam pra dizer: não há ninguém...
Quem dera se eu mudasse este meu jeito,
Também não posso ser, amor, perfeito.
Eu brigo, gesticulo e silencio.
Conto até dez. Respiro mais profundo...
É coisa que não dura nem segundo.
Mais vale o temporal que todo o estio?
Marcos Loures
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Há tanto pra dizer, mas não consigo,
Persigo a tua imagem e me perco.
Saudade vai fechando, assim, o cerco,
A vida me condena ao desabrigo.
Lembrando deste sonho tão antigo,
Jardim do amor secou, faltou esterco,
De fantasias tantas eu me acerco,
E apenas posso ver velho postigo
Da casa que pensara ser o ninho
Aonde eu poderia descansar.
Agora que me vejo, assim, sozinho,
Sem nada nem ninguém que me console,
Perdido marinheiro, imenso mar,
O espectro do que fomos já me engole...
Marcos Loures
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Há tanto por fazer que não consigo
Sequer imaginar a solução
De todos os problemas que persigo
Naufrago a cada curva a embarcação,
Sorriso do meu filho, voz do amigo
Promessa abençoada, vinho e pão,
Refém do meu temor; tanto desdigo
Enquanto adentro o sonho, escuto o não.
Sou cético, mas creio no infinito,
E quero ter a tal eternidade.
Subindo a escadaria de granito
Mergulho dos umbrais no precipício
Criado pela inútil liberdade
Retorno novamente ao mesmo início...
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Há tanto por dizer e nada falo,
O tédio toma conta dos meus versos,
A noite prometia algum embalo,
Porém nossos caminhos são diversos.
Velha monotonia toma a cena,
Olhar para a tevê, ver o jornal,
A vida dessa forma não se engrena,
É sempre o mesmo antigo ritual.
Beber um gole a mais, sair sozinho,
Sem rumo e sem destino bar em bar,
Resposta que procuro está no vinho,
Vontade de morrer, cair no mar..
Sem coragem para isso, fico só,
Tirando das estantes da alma, o pó.
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Há tanto por dizer e nada faço
Senão olhar pra trás – tola saudade.
A vida se perdendo sem espaço,
Quem dera conhecesse a liberdade.
Distante do futuro que ora traço,
Apenas o passado vem e invade
Procuro desfazer o antigo laço,
Mas vejo em minha frente a mesma grade...
Minha alma/passarinho passará
E nada do que tenho aqui ou lá
Parece redimir erros banais.
Vagando sem destino, a embarcação,
Enfrenta o mesmo e velho furacão
E afasta-se deveras deste cais...
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Há tanto o que fazer e não consigo,
Quem sabe se eu tivesse alguma chance
De ter, após a chuva um bom abrigo
Que impeça que a tristeza nos alcance.
Cevando tanto o joio quanto o trigo,
Ao menos perceber qualquer nuance
Que mostre o que preciso. Vou contigo
Por mais que o temporal não me afiance.
Farturas encontradas? Simples fatos.
Recebo as calmas águas dos regatos
E tento nova foz em braços mansos.
Queria não poder ter ilusões,
Enraizando os pés, bebo as paixões
E sigo em direção aos teus remansos...
Marcos Loures
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Há tanto o que dizer e não consigo,
Um pária que inda ter ser feliz.
Eterno sonhador, vil aprendiz,
Vagando sem descanso e sem abrigo.
Quem dera ter o abraço de um amigo
Que a plena realidade mostra e diz.
Minha alma perambula, meretriz,
Às sombras dos meus dias eu prossigo
Os céus já tão distantes dos meus olhos,
Canteiro carcomido por abrolhos,
Apenas o vazio no arrebol.
A primavera há tempos, se perdeu,
Preparo com tristeza este himeneu
Tentando em plenas trevas ver o sol...
Marcos Loures
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Há tanto o que dizer e nada falo
Olhando a procissão de imensos nadas.
Na contramão do tempo, num estalo
São velharias nossas madrugadas.
O que pensara ser algum regalo,
Desvios feito curvas nas estradas,
Inúteis minhas mãos criando calo
As almas sem amor, aposentadas.
Desisto! Dos amores que eu sonhava,
A velha poesia, amarga escrava,
Ultrapassada, arcaica e tão somente
Estúpida maneira de expressão,
Matemos desde já o coração,
Plantemos do vazio, uma semente...