sexta-feira, 21 de novembro de 2014

SAUDADE, MINHA COMPANHEIRA

Saudade, minha companheira

Tremula essa saudade no meu peito
Em versos que dedico a quem foge.
Vergastas que me cortam, contrafeito...
Pesadas as defesas e esse alforje...

No mar tão espumoso da saudade,
Bravios vagalhões, praias desertas.
Perdido nesta louca tempestade
As mãos trazendo chagas, inda abertas...

Olhares de penúria que provoco,
Não valem nem sequer uma desdita.
Os deuses que tão frágil, sempre invoco,

Bem sabem desta vida, sempre aflita...
Saudade que carrego a vida inteira,
Desfraldo no meu peito, esta bandeira...

MARCOS LOURES

MINHA DESDITA

MINHA DESDITA

Impassível, sorrio da desdita,
Que nunca imaginaste o quanto sinto...
A noite de promessas tão bendita
Esvai-se na desgraça em que me tinto...

Ceifado, um coração jamais traz lavra,
Esconde meu segredo num disfarce.
Iludo essa saudade mas, palavra,
Sozinho, me deparo face a face...

Espelho de minha alma, refletindo,
O canto que calei amargurado,
Se encaro minha dor, assim sorrindo,

Saudade traz o riso machucado.
Carrego tantas marcas, cicatrizes,
Em busca d’outros tempos, mais felizes...


MARCOS LOURES

segunda-feira, 17 de novembro de 2014

LÁGRIMAS DE OUTRORA


Lágrimas d'Outrora

As lágrimas d’outrora são tenazes
E forram todo o peito que te adora.
As dores que me invadem são vorazes
Saudade deste amor, já me devora.

Quem dera nos meus mares tão distantes
Nas praias nas areias, nos desertos...
Amores que se foram inconstantes
Agora no final, morrem despertos...

Mistérios desta vida que me ilude,
Amar nas brisas mansas, roseirais.
Amei bem mais talvez do que não pude

Ao fim de tantas luta, nunca mais...
Quem dera se me desse teu afago,
Teria a mansidão plena de um lago...

MARCOS LOURES

NOITE ESCURA


Noite Escura...

Tristeza deste mar, sombria tarde...
Nos ventos e tempestas, solidão...
A vida sem sentido, que me invade
Invoca e dilacera o coração...

Amor que no poente desta vida,
Chegou tão sorrateiro, mas partiu.
A noite se mostrando decidida
Sem lua nem estrelas mal surgiu...

As águas turbulentas da saudade
Em tantos vendavais arrastam tudo.
Quem fora sonhador, felicidade

Distante deste mar, já não me iludo...
Eu quis amar outrora, mas partiste...
A noite tão escura e eu tão triste...

MARCOS LOURES

DESAMPARO

Desamparo

Não falo com tristeza do destino
Que trouxe teu encanto junto a mim.
Procuro desde os tempos de menino
O brilho dessa boca carmesim...

Por vezes minha mão já bem cansada
Dos versos mais inúteis que componho.
Não servem como alerta à minha amada,
Perdida em todo encanto deste sonho...

Mas falo com clareza e com vontade
De tanto que sofri não quero mais...
Amando só recebo essa saudade

Que dói e não perdoa, sem ter paz...
Não fomos nem sequer o que pensara
Amor que sempre fere e desampara..

MARCOS LOURES

A MANDO DESTE SONHO

A MANDO DESTE SONHO


A mando deste sonho, um beija flor,
Achando que podia ser feliz.
Depois de tanto tempo quis a flor,
A flor que na verdade, sempre quis.

Porém tal flor com medo deste sonho,
Deitada sob os ventos da saudade,
Ao ver que o beija flor era tristonho,
Deixou de desejar felicidade...

Não sabe que no fundo tantas vezes
Amor vem sob as formas mais estranhas...
Passaram-se talvez uns poucos meses,

O beija flor fugiu para as montanhas...
Mal sabe que no fundo uma tristeza
A todo grande amor, traz a beleza...

MARCOS LOURES