sábado, 17 de abril de 2010

30052/53/54/55/56/57/58/59/60/61/62/63/64

30052

Pecaminosos rumos ditam sombras
E quanta vez eu tive em minha mente
A sorte em que a tempesta se apresente
E dela cada passo em que me assombras,
Metáforas à parte resta a morte
E não abro mais mão de algum segundo
E quando em fanatismos me aprofundo
Redundando deveras noutro aporte
E quase se percebe mesmo assim
O pendular caminho em me entrego,
Prefiro este sonâmbulo qual cego
Ao quanto de um noctívago há em mim,
Servindo a quem semeia esta vergasta
A morte com agora não contrasta.


30053


Não posso controlar mais o que sinto
E nem talvez me reste muitos dias,
Aonde se pudesse em alegrias
O mundo há tanto tempo sinto extinto,
E quando remodelo, ou mesmo pinto
Em aquarelas tantas, fantasias,
O gozo do passado em que recrias
A sorte em deferência eu tento e minto
Omito de mim mesmo, eis a tolice
O quanto a vida sempre tanto disse
E nesta vaga noite me aprofundo
Nos ermos de mim mesmo e nada encontro,
E neste pouco ou tanto desencontro
Galgando em solidão encaro o mundo.


30054


Sou a sombra de um homem, nada mais,
Esboço do que um dia foi sincero
E quando algum momento; ainda espero,
Os dias revivendo os vendavais
E deles ouço sempre este jamais
O peso do viver deveras fero
Enquanto no vazio eu me tempero
Secando dentro em mim mananciais
Assisto a que pudesse ser colheita
Na agreste condição nada se espreita
Somente a seca imensa, esta aridez,
O quanto poderia no passado,
O mundo noutra cena, desolado
Aonde poderia, enfim, desfez...


30055

Calcando os infinitos onde tanto
Não soube traduzir felicidade
Medonha face exposta desagrade
Quem sabe noutros tempos o áureo manto.
E quando ainda tento, e já me espanto,
O corte se aprofunda e com saudade
Falando de outra vida, a realidade
Moldando a cada passo este quebranto,
Quimeras acumulo dentro da alma,
Nem mesmo a poesia ainda acalma
Dos traumas que carrego eu sei tão bem,
Alaga-me decerto a solidão
E nesta eterna noite em negação
Somente este vazio me contém...


30056

Resisto muitas vezes ao que um dia
Pensara ser deveras solução
E tanto quando pude a sensação
Desta mortalha ainda o tempo adia,
Mas nada do que possa a poesia
Mudar caminho tosco e sem timão
Aonde poderia a direção
Deveras enfrentando a ventania
Vergastas dilaceram minha pele
Enquanto este cenário me compele
Dicotomias tantas eu enfrento,
Não posso condenar este andarilho
Porquanto tão errático hoje trilho,
Apenas no tormento me apascento...


30057


Ecoa dentro em mim cada pedaço
Das trevas onde um dia deambulo
E quando qualquer resto ainda engulo
O sonho de um lirismo assim desfaço,
Herdara esta mania de outro traço
E nele com ternura perambulo,
Mas quando se mostrasse em tom mais fulo
Uma alma não encontra mais regaço.
Assusta-me saber do estar a pique
Enquanto a poesia quer repique
A vida desolada diz do não
E dele as fantasias, carnavais
Os ditos mais audazes, sensuais
Apenas ressoando a solidão...


30058


Acordo quando encontro este cenário
Aonde se mergulha o torpe sonho
E quando pra mim mesmo hoje componho
Meu canto nunca foi tão necessário,
Mortalha se aproxima e meu fadário
A cada amanhecer, tosco eu proponho
E tanto poderia ser risonho,
Mas sei ser totalmente temerário
Embora a podridão restrinja aos pés
Minha alma não conhece, pois galés
E sendo libertária segue em frente
Até que esta mortalha então me vista
Futuro desolado e pessimista
Apenas o vazio uma alma sente.


30059


Ocasos costumeiros de quem sonha
Devaneios apenas nada mais,
E tanto poderia mais banais,
Mas quando a cena exposta é mais medonha,
Riscado do papel qualquer figura
Que ainda possa dar forma ao que canto
E tanto se mostrasse em medo e espanto
Diverso do que em mim, tolo, perdura,
Acenos do futuro se perdendo,
Negando cada passo rumo ao que?
O todo se desfaz, uma alma vê
Apenas no vazio o dividendo,
Herdeiro deste nada; o mesmo deixo,
Por vezes eu reluto, e inútil, queixo...


30060


Pecado é ser o não enquanto pude
Viver felicidade. Relativa...
Uma alma tão somente sobreviva
Ausente desde quando a juventude,
Não quero nem mudando de atitude
O quanto a minha sorte mesmo priva,
A morte se mostrando a alternativa
Por mais que isto pareça amargo ou rude.
Espero este cenário mais diverso
E tento com a fúria do meu verso
Embora saiba bem o quanto eu valho,
Não pude descrever outra versão
O mundo não encontra a solução
E a solidão me leva me torpe atalho...



30061

Acuado por tantas heresias
Performances diversas morte e vida
E quando este caminho se decida
Deixando no passado as fantasias
Mergulho neste vão e nele guias
Sabendo que não há sequer saída
Apenas preparando a despedida,
As horas que inda restam são sombrias.
Neófito nas ânsias mais audazes
E quando a solução deveras trazes
Não tendo uma outra opção sigo sozinho,
Mas sei que tudo molda este cenário
No quanto o meu morrer é necessário
E quando do vazio eu me avizinho.

30062


Servindo a quem se mostre mais cruel
Meu verso não produz qualquer efeito
E quando me amortalho e insone deito
Vagando o pensamento sempre ao léu
Acordos do passado em vil papel
Arcando com os erros, tosco pleito
E tanto poderia estar aceito
Aonde a virulência dita o fel,
Apenas o que resta ao sonhador
A cada novo instante decompor
O quanto inda restara em viva voz,
E sendo a realidade sempre assim,
O sonho determina agora o fim
E sei o quanto a morte é mais veloz...


30063


Das lágrimas nem sombra, mas não quero
Tampouco poderia crer no apoio
De quem sabe decerto deste arroio
Infecto entre delírios, tosco e fero,
Aonde poderia ser sincero
O mundo se prepara em vão comboio
Deixando para mim o mero joio,
Eu sei que isto eu mereço, e assim espero
Nem mesmo a despedida dos meus filhos
Que tanto se fizeram noutros trilhos
Restando assim quem sabe a poesia,
Risonho prisioneiro? Nada disso,
O quanto de uma luz mera cobiço
Por onde a realidade nada cria...


30064


Talvez quem sabe um dia eu possa ter
A sorte de um momento em redenção
Embora vai distante o meu verão
No mundo não cabendo mais prazer,
Opaco caminhar eu passo a ver
E tento acreditar noutra versão,
Mas sinto finalmente esta aversão
Ao que trouxesse à luz algum poder,
E quando prenuncio a bancarrota
O barco sem caminho perde e rota
E a porta sempre aberta sabe a tranca,
O peso de uma vida em dores tantas
Ao mesmo tempo ainda vens e espantas
Enquanto a realidade me desanca.

30041/42/43/44/45/46/47/48/49/50/51

30041

Não se vê qualquer sinal
Do que fora noutras eras
Poesia em que temperas
Um divino ritual
O caminho magistral
Hoje feito pelas feras
Não se pode em primaveras
Onde eterno este invernal.
E percebo quanto eu falo
Mesmo quando crio calo
A verdade após o quanto
Verso tanto poderia,
Mas a noite sendo fria
Espalhando este quebranto.

30042


A peçonha diz serpente
A serpente diz do fogo
E deveras neste jogo
Não há fé que me apascente
Não que seja algum demente
Desde quando agora e logo
Se por vezes inda rogo
É que ainda sou temente,
Vivo as cenas do abandono
Vivo as trevas do que agora
Tão somente vejo aflora
E não deixa sobrar nada
A seara destroçada,
Só me dá cansaço e sono...


30043

Não resisto se a sereia
Inda vem em cantoria,
Nem tampouco se inda cria
Num sertão a lua cheia,
Mas a sorte não rodeia
Quem perdendo a fantasia
Assassina a poesia
E deveras não clareia
Sem arreio este corcel
Galopando agora ao léu
Caminhada tão confusa
Pobre mesmo desta que
A beleza não mais vê,
Tenho pena desta Musa...


30044


Rastros vejo do que um dia
Poderia ser diverso
Se eu ainda tento um verso
Onde nada caberia
Não me venha em heresia
Já dizer do quão disperso
Possa ser este universo
Nele o rastro não me guia,
Esgotando toda a sorte
Sem ter nada que suporte
A verdade dita o rumo,
E se tanto sou culpado,
Vejo as sombras do passado,
Qualquer coisa hoje eu consumo.


30045


Reduzido agora a pó
Nada mais quero pra mim,
Sendo agreste o meu jardim,
Esta vida dando um nó,
Caminhando sempre só
Vejo as marcas de onde vim
E teimando até o fim,
Já não quero pena e dó,
Sei da minha desventura
A decerto uma amizade
Tanto bem nos agrade,
Mas deveras nunca cura,
Hoje eu falo de quem tanto
Se perdeu em desencanto.


30046


Pego às vezes a carona
Neste rabo de cometa
E se adentro em qualquer greta
A verdade já se adona,
Moça bela e solteirona
Tanto engano que cometa
Minha amiga não prometa
Que este sonho te abandona.
Risca o céu a poesia
E transforma qualquer forma
Muitas vezes já deforma
Ou diversa face cria,
Não pudesse a melodia
Quando o encanto se conforma.


30047


Jogo às vezes pra torcida,
Mas não quero ver a história
Repetindo a falsa glória
De quem tanto já duvida
Do que fora despedida
Noutra forma de vanglória
Na verdade é merencória
Morte quando em plena vida.
A toalha vez em quando
Sobre o chão deste tablado,
Se o caminho foi forjado,
Logo sigo desvendando,
Quando vejo nada resta
Só tal sombra hoje funesta...

30048


Carpideiro coração
Na verdade foi demais
Enfrentara temporais
E soubera a direção,
Mas agora se verão
Os momentos terminais
Das estâncias divinais
Transformando em negação
O que um dia fora sim
E se perde sem um fim,
Recomeça noutra senda.
A vertente que se vê
Continua sem por que,
Sem ninguém que hoje me entenda.


30049

Pudesse semear com tal fartura
Sabendo da colheita em garantia,
Mas quando a sorte atrasa ou mesmo adia
Gerando após o brilho uma amargura
Deveras tanta coisa se procura
E uma alma de poeta fantasia,
Mas logo realidade mostraria
Às quantas anda agora esta loucura.
Perdendo qualquer nexo um helianto
Embrenha o seu olhar em novo encanto
Confunde noite e dia, sol e lua,
Mas quando se percebe noutro fato,
O quanto poderia ser mais grato
Em senda bem diversa agora atua.


30050


Atenda ao telefone e por favor
Não deixe de avisar que não voltei,
O amor que um dia fez de mim um rei
Agora se morrendo em vão torpor,
Não posso mais ver filme feito horror
Tampouco com seus olhos desenhei
O girassol que um dia imaginei
E agora se morrendo em outra flor.
Cadeiras já quebradas, pés torcidos,
E sendo assim os dias resolvidos
Não vou ficar aqui só de bobeira,
E quando esta figura se apresenta,
Certeza de uma noite violenta,
Palavra tão macia é traiçoeira..


30051


O amor que tantas vezes eu queria
Disperso noutros rumos ora vejo
E quando se mostrasse em tal desejo
A morte se aproxima em agonia.
Carcaça se renova enquanto cria
Um dia mais amargo e se prevejo
Final do farto amor, mero lampejo,
A face caricata, o que se via.
Servindo tão somente de palhaço
Ainda este caminho eu não desfaço,
Mas sei que depois disso nada vem,
E tendo esta certeza, sou teimoso,
Aonde quis um sonho majestoso
Não vejo sequer sombra mais de alguém...

30031/32/33/34/35/36/37/38/39/40

1

Pudesse desvendar cada segredo
Embora saiba sempre ser assim
O tanto que fizesse gera o fim
E nela tantos erros eu procedo
Fazendo do vazio o meu enredo
Dessedentando em fúria meu jardim
Aonde dito o rito enquanto enfim
Quem sabe continue alheio e ledo.
Não vejo solução e nem podia
Viver outro momento que não este
Embora em tua ausência não em deste
Sequer a menor chance, perco a luta
Na lua tão distante o teu reflexo
E quando ainda busco qualquer nexo
Minha alma insanamente, pois, reluta...



30032

Jogando a minha sorte noutro tanto
Aonde não pudesse transcender
Ao menos qualquer forma de prazer
Envolta em falsa luz, teimoso eu canto.
Não posso sonegar sequer o espanto
E quando aprendo aos poucos o viver
Nefasta realidade passo a ver
Enlutando com dores cada manto
Esboço reações, nada adianta
A vida não se dá sem ser assim,
A morte vencerá num ledo fim,
E a voz inda vai presa na garganta,
Um dia quis ouvir algum alento,
Mas sei que solitário eu me atormento...


30033


Ourives da palavra algum poeta
Que possa traduzir um sentimento
Enquanto outro caminho ainda tento
A vida se transforma e me deleta,
Não pude competir contra a completa
Loucura de quem dita o pensamento,
E assim ao me afastar por um momento
Não quero confirmar nesta concreta
Paisagem feita em trágica figura,
E quando solitária se afigura
A sorte de quem tanto quis a luz,
Rasgando cada verso de um soneto
Ao pálido caminho me arremeto
Somente este vazio me conduz...


30034


Jogado agora às traças o meu verso
Jamais teria ao menos um segundo
Aonde em poesia se eu me inundo
O mundo se mostrando mais perverso,
E quando neste pouco ou nada imerso
Sentindo este vazio, torpe e imundo,
O coração de um velho vagabundo
Persegue cada luz, morre disperso.
Não pude compactuar com a heresia
Que vejo amortalhando a poesia
E então prefiro mesmo a solidão.
Esgarçando a palavra esta colheita
Deveras onde a fera se deleita
Traduz assim somente a negação.


30035


Isolo-me do mundo e só me resta
Um facho meio opaco desta luz,
Beleza muitas vezes reproduz
O quanto poderia entrar na fresta,
Mas sei tal realidade que é funesta
Vertendo invés do claro torpe pus,
E quanto mais ainda enfim me opus
Jogado porta afora nesta festa,
E o vandalismo toma o que já fora
Uma arte tão sublime e abandonada
A cada novo verso se percebe
Quanto improvável ver na mesma sebe
A primavera intensa, outra florada...

30036

Apenas me restando o obscuratismo
Aonde me guardando para o fim,
Renego cada passo de onde vim
E salto neste instante neste abismo.
Por vezes percebera o cataclismo,
Mas quando se perfila tudo assim
O vinho avinagrado sinto enfim
Tomar esta paisagem onde eu cismo.
Pecados cometidos? Poesia.
Apenas nada mais e se eu desisto
Não quero ser do verso como um Cristo
Nem mesmo decorar cena sombria,
E deixo para aqueles que mataram
Soneto, estas carcaças que restaram.


30037


Cadáver mal cheiroso do que um dia
Ainda fora estrada reluzente
Porquanto a tal loucura se apresente
O sonho para sempre já se adia,
Medonha face exposta se é sombria
Translado se fazendo do doente
Aonde academia nega e mente
O que falar então da confraria?
Não resta senão isso: eu me calar
Não pude com a força deste mar
Há tanto poluído por rapinas,
E sendo assim estúpido poeta
A morte desta inútil se completa
No quanto em versos turvos desatinas...




30038


Se às vezes num soneto vão me acampo
Procuro uma defesa pelo menos
Que possa retirar alguns venenos
Que colho quando luto em tosco campo,
Meu telefone agora tendo um grampo
Os dias não serão bem mais amenos
Tampouco me importando se serenos
Matassem o derradeiro pirilampo,
Encampo velharias, sou museu
E jogo meus poemas no porão
Sabendo quão diversa direção
Demonstra a que ponto se perdeu
O velho repentista do passado
Morrendo num imenso rebolado.


30039


Adeus aos meus propósitos já dei
E não voltando atrás, seguindo em paz,
Do quanto ainda um dia ser capaz
Permite quem me dera, bela grei.
Aonde surrupiam norma e lei
O monstro do vazio é mais mordaz,
E beija como fosse Satanás
Não deixa nem sentir o que escutei
Outrora de uma mestra em português
Falando sobre métrica e cadência
Ainda tenho em mim esta inocência
Enquanto encontro ausente lucidez,
Por isso retirando cada verso
Silente desde já meu universo...


30040


Clementes dias noites tempestades
Se assim já a vida, mas do jeito
Que as coisas vão mostrando já seu pleito
Inusitado rumo em que degrades
Deixando para trás velhas saudades
E nada se mostrando no teu leito
A Musa se mandando, e insatisfeito
Matando a poesia, não agrades
Sequer aos mais sobejos modernistas,
São coisas bem diversas, mas não vês
Aonde se bebesse a insensatez
Disperso amanhecer daí avistas
E crendo que isto é belo, meu amigo
A Diva te condena ao desabrigo...

30019/20/21/22/23/24/25/26/27/28/29/30

30019


Ao corpo, porto morto o barco leva
E traça após a farsa novo cais
Esparsos dias velhos temporais
Atrozes caminheiros? Mesma treva.
Pudesse em prece ou riso um rito novo
E tanto não viria outra mortalha,
Mas quando encontro a dor que se amealha
Revejo a fome imensa de meu povo.
Estrias dentro da alma, na alameda
Aonde poderia ser melhor,
Desta injustiça a liça sei de cor
Tanta aguardente amarga me embebeda
E tento e não consigo, mas prossigo
Porém o joio toma o que era trigo.


30020


Dos féretros que esta alma já soubera
As ânsias não são mais somente fins
Semente apodrecida em meus jardins
Aonde posso ver a primavera?
A fera se expressando no não ser
A Terra se tornando outra Agripina,
Lunático caminho em que alucina
A fome incomparável do poder,
E posso até saber de um novo sol
Aonde tanta bruma doma a cena,
Mas quando a realidade assim se acena
Ofusca em dor e pranto este arrebol,
Poeta. Um mensageiro da esperança?
Porém voz ao vazio já se lança.




30021

Deslinda-se em cenário tenebroso
O quanto poderia em claridade
No passo que deveras desagrade
Jamais se traduzindo em sorte e gozo.
Um melindroso assunto, vida e morte,
E tanto eu quis até ser mais tranqüilo,
Mas quando em amargor assim desfilo
Que faço se é tão pútrido este aporte?
A porta se mantendo assim cerrada
O quadro desenhado tanto assusta
A força em desvario tão robusta
Gerando após o todo, sempre o nada,
E tanto se porfia inutilmente
Nem mesmo o suicídio me apascente...


30022

Em desalento vejo este retrato
E tanto espelho a dor que ora cultivo
E neste nada ou pouco sigo altivo
Mal importando mesmo qualquer fato,
Espúrio caminheiro do vazio,
Um quixotesco rumo? Nunca mais,
Aonde se pudesse em sensuais
Prazeres do poder, quero e desfio.
Resisto? Na verdade só me acanho.
Ainda não sou podre como tantos,
Embora esta sereia com seus cantos
Prometendo ao corrupto belo ganho,
Mesquinharia diz do mundo agora
A fera? Outra maior chega e devora!

30023

Esgares desta vida em turbulência
Já não permitem mais que se acredite
No rumo aonde existe algum limite
Enquanto mais distante uma inocência.
Ao menos poderia ser diverso
Se a força não vencesse sempre o frágil,
E embora muitas vezes sou tão ágil
Não tendo um só fuzil, restando o verso
E ainda sendo assim um vão soneto
Ultrapassada forma de expressão
As mortes entre tantas mostrarão
Ao quanto na verdade eu me arremeto,
Usando esta palavra, meu cinzel,
Eu tento e vou cumprindo o meu papel...

30034

O Cristo que eu conheço é libertário
Diverso deste milagreiro ser
Que em cada nova Igreja eu posso ver
Por vezes um satânico operário.
Vendido como fosse a panacéia
Jogado contra as feras, Daniel,
Sem ter sequer mortalha, bebe o fel
Depois se crucifica pra platéia.
Atéia esta alcatéia desairosa
Que tanto ouvir falar, mas não percebe
Suprema maravilha de uma sebe
E quando demonstrava a paz, a rosa
Guerreiros do Senhor ou do demônio,
Pastores fazem Deus, seu patrimônio...


30025

A velha prostituta do passado
Vendida a Constantino num jogral
Ainda se pensando a principal
Demônio em santidade disfarçado,
O corpo de um Jesus crucificado
Num mesmo e tão perverso ritual
Aonde se pudera angelical
Apenas sobrevive do pecado.
Satânicos padrecos entre lama
Os riscos do viver sempre aumentando
Quisera ouvir um canto doce e brando,
Mas quando vocifera a fera clama
Sacrificando enfim este cordeiro
Num ato quase insano e traiçoeiro...

30026

Resisto a tanta dor embora eu creia
Na farsa exposta enquanto produzisse
Caminho mais diverso da mesmice
Que tanto invade agora cada veia,
Velando este cadáver, poesia,
Não vejo mais saída e nem pretendo,
Fazendo do meu verso o dividendo
Do nada que este nada só recria,
Aguardo alguma chance, mas eu sei
Que nada se fará após a chuva
Minha alma com seus dotes de viúva
Ainda vê deveras velha grei
Das sendas do passado? Nem a sombra
Apenas o vazio que hoje assombra.



30027
Medonha face exposta da verdade
E nela se percebe muito bem
O que tanta mentira em si contém
Num ato tão terrível que degrade
Funesta festa feita em tom maior
Arquibancada vê o novo drama
E quando um geraldino já reclama
A coisa vai ficando bem pior,
Assim a poesia se entregando
E dela nem mortalha mais se vê
Defunto caminhando sem por que
Cenário que bem sei ser tão nefando,
Um cavaleiro andante quixotesco
Que fez num meio agora mais dantesco?




30028


Querida; que tal chuparmos um tumor?
Querido, na verdade isso já não seduz
Prefiro, é mais gostoso, um pouco de pus.
Assim nosso celebramos nosso amor
E nesta forma até meio romântica
Ao som de Rita Lee, faz tanto tempo,
Enquanto num tranqüilo passatempo
Discutimos enfim física quântica.
Falavas de momentos do passado
Aonde te pegaram numa noite
Uns vinte ou trinta e num pernoite
Quem será que a teria engravidado?
Agora a vida passa e aqui sozinho,
Eu brindo com cocô num espetinho!


30029

Além da curvatura da cintura
A moça requebrando trouxe em mim
Lembrança de outros tempos, chego ao fim
Depois de tanto tempo de amargura
Quem sabe possa ver na criatura
A flor mais temporã deste jardim,
E tanto poderia ser assim
A vida que decerto se procura,
Mas sei destes quadris fenomenais
Rebola, bole e quando me dá bola
Vontade de menino toma e assola,
Porém sei que não posso nunca mais
Caindo na real, eu vejo o espelho
E dando um grande esporro me aconselho.


30030


Ainda que se faça farsa aonde
Pudera a fera imensa traduzir
O quanto nada tendo no porvir
Passado traça a linha e assim esconde
E nada do que fomos traz ainda
O tanto onde pudera parecer
Enquanto a vida eu sinto esvaecer
Futuro eu não concebo nem deslindo
Assisto à formidável heresia
Escravo desta métrica infernal
Não posso transformar um ritual
Em outro senão mato a fantasia
E morta a fantasia se deleta
O que dentro de mim fora um poeta...

30006/07/08/09/10/11/12/13/14/15/16/17/18

30006


Posso até rever no espelho
Tanta sorte que talvez
Ao tocar a lucidez
Vez por outra me aconselho
Ao vencer tantas desditas
Ditos soltos, frases ocas
E deveras nestas bocas
Quando inúteis forem ditas
Perpetuam a falácia
De quem tanto aventureiro
Meu caminho derradeiro
Não se faz com tanta audácia
Caminheiro do vazio,
Com meus erros me recrio.


30007

Fantasias que inda trago
De um passado mais atroz
Poderia noutra foz,
Mas poluo o imenso lago
Onde a etérea placidez
Deveria ser constante,
E por tanto se agigante
Meu caminho se desfez
Nesta voz inconfundível
De quem tanto poderia
Transformar em fantasia
O que sei ser inaudível,
Versejando sobre o nada
Busco errático a escalada.


30008

Não percebo mais o quanto
A vida trouxe em falsa luz
E se tanto não me opus
Hoje apenas teimo e canto
Rareando a sorte quando
Eu pensara noutra trilha,
A verdade ainda brilha
Mesmo o sonho desabando,
Misantropo? Nada disso,
Na verdade um ser comum,
E se busco por algum
Que me traga assim cobiço
Ascender à eternidade
Até quando a treva invade.




30009

Esboçando a luz aonde
Nada pude adivinhar
Onde quis qualquer luar
A verdade sempre esconde
O caminho de um poeta
Feito em trevas, a amargura
Tantas vezes se perdura
E decerto me repleta
Morto em vida, sigo assim
Sem caminho ou mesmo norte
Já não tendo quem comporte
Pedregulho dita o fim
Do que fora noutro tempo
Simples, mero passatempo.


30010

Das senzalas de minha alma
Contumazes derrocadas
Onde pude madrugadas
O silêncio não me acalma
Torturando em cada engodo
Transmudado caminhante
E se tanto num instante
Penetrando charco e lodo
Não fugindo do que sei
E tampouco me esgueirasse
Ao mostrar temível face
Solidão traçando a lei
Um poeta; nada além,
Que o vazio em paz contém...




30011

Pecado é não saber da direção
Dos erros mais comuns, fonte e final
Engodo nunca fora sensual
Tampouco nos enredos da paixão
Somente o transgredir em travas feito
Aonde poderia satisfeito
A vida se transcorre em dor e não,
E sei que tantas vezes mergulhava
Em água poluída ou mesmo em chamas
E quando em realidade tu reclamas
Uma onda bem maior, ou tanto brava
Rescende ao meu terrível dia a dia,
Alento? Só encontro em poesia!



30012


O sangue se entornando a cada corte
E tendo a solução bem mais distante
Arrastam-se correntes; delirante
Caminho me levando para a morte,
Do todo se vertendo o mesmo nada
E quando vi a sorte noutra senda
Sem ter cada alegria que se atenda
Dos meus anseios; tosca debandada.
Esgarçam-se as já rotas ilusões
E morto em vida resta tão somente
A lúdica esperança que apascente
Diversa do que em dor venal me expões
E tendo esta certeza do jamais
Cultivo dentro em mim, meus temporais.


30013

Servil, mas sem ser vil nada teria
Quem eviscera a sorte em dor, punhal
O rito se tornando mais banal
A morte doma a fera? Fantasia...
Gestando o que pudesse ainda ter
Sementes onde agora vejo apenas
A morte se entornando em toscas cenas
Parindo a cada instante o desprazer.
Vestido do terror onde talvez
Pudesse acreditar num novo alento,
E quando outro caminho anseio ou tento
Errático cometa se desfez
E tanto poderia haver a estrada,
Mas como se minha alma atormentada?




30014


Ainda se mostrando em tom tão agressivo
O resto do que fui entranha a sala e toma
Cenário mais atroz e quando vejo a soma
Do pendular espelho ainda sobrevivo,
Mortalha que tecera a vida desde quando
O tempo transformado em treva e ventania
Gerara este demônio e nele se recria
A sorte desairosa; e a noite se entornando...
Ouvisse qualquer som em noite solitária
O mundo não teria a face desdenhosa
De quem sem ter saída ainda teima e glosa
Achando ser a morte espúria necessária.
Ecléticos, sutis, os dias são falazes
Diversos deste tanto; aonde o sonho trazes.

30015

Jogado em algum canto imerso em solilóquio
Aprendo com a vida a não seguir conselhos
Pois neles não se vê além dos meus espelhos
E a cada novo passo um outro que provoque-o;
Assim a vida traça o medo do não ser
Insuperável erro aonde se sacia
O tétrico caminho em torno da agonia
Gerando a cada engodo um novo anoitecer.
Estradas onde um dia ainda imaginara
A sorte mais sobeja e mesmo até mais bela
O verso noutro tanto exposto se revela
Por tanto que inda seja a vida tão amara.
Medonho este fantasma em luz tão vária e rude
Lutar contra mim mesmo, o que deveras pude


30016

Se eu pudesse ter nas mãos
O timão de minha vida
Nova sorte decidida
Ao plantar de amores grãos
Os meus dias não mais vãos
Nem percebo a despedida
A beleza sendo urdida
Já não sabe mais dos nãos
Onde tudo terminara
Numa angústia sem final,
Mas amor se magistral
Não permite este abandono
E se dele enfim me adono
Eu concebo a maravilha
Sem a dor que tanto humilha.



30017
Caminhando em noite imensa
Sem temor, por muita vez
Bem diverso do que vês
Novo amor que me convença
A minha alma quer e pensa
Nisto encontro a lucidez
Meus enganos, meus porquês
Desconhecem recompensa
Se eu polvilho em lua e prata
A saudade me arrebata
E domina este cenário,
Tanto amor ditando o rumo
Neste encanto não me aprumo,
Mas é mal que é necessário...



30018
Dos sonetos que inda faço
Procurando alguma estima,
Na verdade nada rima
E não cedo um só espaço
Quando a sorte atroz eu traço
Com palavra que se prima
Pela insânia mudo o clima
E me encontro amargo e lasso,
Fosse assim outro momento
Onde após qualquer tormento
Vicejasse em claro sol,
Mas medonho o meu caminho,
E se tanto vou sozinho,
Não desvendo um só farol.

HOMENAGEM A MARCOS COUTIN HO LOURES E A CARMITA LOURES COMEMORANDO TRINTA MIL SONETOS

Ela é flor da doçura e tão singela
Que, nada pede e não lhe falta nada!
Por ser assim, tão pura e recatada,
Dentre todas as santas, é a mais bela!

Se sofre, ninguém sabe pois, em cada
Momento de tristeza, sempre dela
Aflora uma oração e então, ao vê-la
Recolhida em seu canto, delicada,

Conversando com Deus (assim presumo)
Ela irradia a paz, só conhecida
De quem, da vida, sabe o exato rumo!

Esta mulher, enfim, é tão querida
Que, no seu nome, sinto que resumo
A mais santa mulher que vi na vida!

Seu nome,
Só podia ser Maria!
Maria, paz infinita,
Maria, também DO CARMO!
Do Carmo, também CARMITA!


MARCOS COUTINHO LOURES


1


“Ela é flor da doçura e tão singela”
Entranha-me o prazer só por poder
Estar no dia a dia e perceber
Que a plena santidade se revela.
Raríssima meiguice em mansidão
Sabendo caminhar entre espinheiros
Sorrisos tenros francos verdadeiros
Mostrando a mais segura direção
Aprendi tanta coisa nesta vida
Em meio aos arranhões, senões porquês
O quanto em falsos passos se desfez
O que jamais pensei em despedida,
Minha alma segue-a: eterna e rara estrela
E eu sou feliz somente por sabê-la!



2



“Que, nada pede e não lhe falta nada,”
Ensina que é possível ser feliz
Aonde o pedregulho contradiz
A sorte em suas mãos, iluminada.
Ao vê-la eu percebi; deveras, Deus
Assim ao percorrer tantas montanhas,
As horas doloridas, mais estranhas
Momentos preparados num adeus,
Podendo conceber a maravilha
De um cais onde pudesse ter enfim
O ancoradouro firme e de onde vim
Minha alma volta e meia em paz já trilha
Do todo que aprendi consigo eu sei
Amor feito em perdão: suprema lei!


3

“Por ser assim, tão pura e recatada,”
Transmite a transparência cristalina
Minha alma por sabê-la se fascina,
E encontra nos seus olhos a alvorada,
Assim eu conheci de perto a sorte
Na plenitude mansa de um olhar
E aprendo a cada dia mais amar
Sabendo deste bem que me conforte,
Enquanto a vida amarga em fel e medo
Palavra em mansidão aplaca a fúria
E mesmo que na vida em tanta incúria
Conhece o caminhar sem mais degredo
Um mundo sem corrente algema e grade
Na libertária força da humildade!



4

“Dentre todas as santas, é a mais bela,”
A calmaria vence os temporais
E tendo a limpidez destes cristais
Singrando mar revolto, firme vela,
E tanta vez eu pude conhecer
Inesgotável fonte de carinho
E quando sei que nunca irei sozinho
Conheço dentro em mim o amanhecer,
Pois mesmo tão distante em outra esfera
A vívida presença que me alcança
Gerindo com ternura uma esperança
E nela toda a glória que se espera.
Pudesse tê-la sempre sem adeus,
Porém; como sem anjos fica Deus?


5


“Se sofre, ninguém sabe, pois em cada”
Tormenta ensina sempre que há um porto
E quando me sentira tão absorto
Pensando no futuro, a tez fechada
Com sua mansidão no olhar mais doce
Uma palavra; ao menos, me dizia
E assim ao renovar minha alegria
Um bálsamo, deveras como fosse,
E tendo esta certeza de um momento
Aonde a vida encontra seu aporte
Ao me ensinar no amor, perdão, meu norte
Em pleno temporal eu me apascento,
Ouvindo a sua voz suave e mansa
Que mesmo hoje distante, inda me alcança.

6


“Momento de tristeza? sempre dela”
Palavra que permita novo sol,
O amor sendo na vida o meu farol
Descreve com primor superna tela,
E desta luz em forma de mulher
Eu aprendi a ter na claridade
Sobeja que decerto inda me invade
E enfrento a tempestade que vier.
Qual lua em noite imensa, sertaneja
Iluminando as trilhas de quem tenta
Vencer em calmaria uma tormenta,
Minha alma sem temor já se azuleja
E sei da eternidade em luzes tanta
Somente por sabê-la, bela e santa!


7


“Aflora uma oração e então, ao vê-la”
Rezando com seu terço, toda noite
Neste rosário a força contra o açoite
Qual fosse num deserto a guia/estrela
E quando muitas vezes em tropeços
Os dias em penumbras doloridos
Apuro num delírio meus ouvidos
E volto a minha vida aos seus começos
E sinto o seu sorriso junto a mim,
A sua voz macia e redentora,
Aquele que deveras fera fora,
Ao ver tanta doçura crê por fim
Na imensa santidade feita em luz
No amor que tanto guia e me conduz.

8

“Recolhida em seu canto, delicada,”
Presença que deveras não esqueço
O amor ao conhecer seu endereço
Percebe em suas mãos, como as de fada
A maciez e ao mesmo tempo o apoio
Que tanto ainda sinto; mesmo ausente
Carinho que decerto me apascente
Sabendo discernir trigo de joio,
E acima disto tudo, perdoar,
Nas horas mais difíceis é meu cais
Momentos tão sublimes, divinais
Na imensa claridade em luz solar,
As rosas, jasmins, lírios no canteiro
O amor eterno e puro: o verdadeiro!



9

“Conversando com Deus (assim presumo)”
Um anjo que se fez aqui, mulher
E ensinava a enfrentar o que vier
Mantendo com firmeza essência e sumo,
Assim como fizera a vida inteira
De todos os momentos, mãe e amiga
E nela esta beleza que se abriga
Da mais suprema luz, a mensageira.
Vencer as tempestades com ternura
As perdas naturais, saber vencê-las
E quando se percebem mais estrelas
O céu se engrandecendo em tal moldura,
Ao conhecer de perto tanto afeto,
Jesus com seu cordeiro predileto!

10

“Ela irradia a paz, só conhecida”
De quem com Deus conhece o Seu caminho
E quando desta luz em me avizinho
Renovo com certeza a minha vida.
E tendo a cada passo esta certeza
Não temo mais as dores nem a morte,
Sabendo ser tão claro este suporte,
Uma haste em redenção traz a firmeza
A quem ao se embrenhar em noite escura
Depois de tantas lutas vida afora
Enfrenta a fera imensa que devera
Nem mesmo a fúria insana me tortura,
Encontro do passado a claridade
Que mesmo tão distante é forte e invade.


11


“De quem, da vida, sabe o exato rumo”
E tem total controle do timão,
Por mais que estas borrascas se farão
Presentes, com seu braço eu já me aprumo
E sei do caminhar em pedregulhos,
Sem ira, sem cobiça ou vaidade
Sem nada que deveras me degrade
Tampouco me tomando os vis orgulhos,
Eu tenho em meu olhar belo horizonte
E mesmo se brumosa esta manhã
A vida não se mostra nunca vã
Ao ver esta beleza que desponte
Qual fora eterno sol ao me guiar
Com toda a mansidão deste luar...



12


“Esta mulher, enfim, é tão querida”
E tanto me faz bem só por poder
Dizer do quanto existe no meu ser
Daquela que se fez em despedida,
Mas nunca se ausentando dos meus olhos,
Na paz e na completa sensação
De ter no alvorecer a direção
Jardim pleno de rosas, sem abrolhos,
Assim ao me lembrar quando menino
Das belas tardes, noites, dias, luz...
O amor que em tanto amor se reproduz
Gerando este cenário e eu me fascino
Somente por poder ter sido enfim,
Mais uma rosa viva em seu jardim.


13

“Que, no seu nome, sinto que resumo”
A mágica beleza em humildade,
Vencendo com ternura o que degrade
E traça com doçura o sacro rumo,
Alvissareira a vida de quem ama
E sabe perdoar, isso aprendi
E trago sempre vivo, pois aqui
Daquela que se foi mantenho a chama
E chamo vez em quando por seu nome
Durante os meus tormentos tão freqüentes
Os dias que virão iridescentes
A fera dentro em mim que o amor já dome
E faça da tempesta a calmaria
Clamando por meu norte que é Maria.


14


“A mais santa mulher que vi na vida”
Razão destes meus versos e se vê
Na imensidade azul o seu por que
De tantos labirintos, a saída
A sorte foi comigo benfazeja
E pude conhecer assim de perto
Quem tendo um horizonte sempre aberto
Mesmo que tão distante inda azuleja
O rumo deste que se fez poeta
E quando a vida corta e sangra; eu tenho
Divina imagem feita em manso cenho
E toda este caminho se completa
Naquela a quem se fez sobejo mote
E assim encerro aqui neste estrambote:

“Seu nome,
Só podia ser Maria!
Maria, paz infinita,
Maria, também DO CARMO!
Do Carmo, também CARMITA!”

HOMENAGEM A MARCOS COUTIN HO LOURES E A CARMITA LOURES COMEMORANDO TRINTA MIL SONETOS


Ela é flor da doçura e tão singela
Que, nada pede e não lhe falta nada!
Por ser assim, tão pura e recatada,
Dentre todas as santas, é a mais bela!

Se sofre, ninguém sabe pois, em cada
Momento de tristeza, sempre dela
Aflora uma oração e então, ao vê-la
Recolhida em seu canto, delicada,

Conversando com Deus (assim presumo)
Ela irradia a paz, só conhecida
De quem, da vida, sabe o exato rumo!

Esta mulher, enfim, é tão querida
Que, no seu nome, sinto que resumo
A mais santa mulher que vi na vida!

Seu nome,
Só podia ser Maria!
Maria, paz infinita,
Maria, também DO CARMO!
Do Carmo, também CARMITA!


MARCOS COUTINHO LOURES


1


“Ela é flor da doçura e tão singela”
Entranha-me o prazer só por poder
Estar no dia a dia e perceber
Que a plena santidade se revela.
Raríssima meiguice em mansidão
Sabendo caminhar entre espinheiros
Sorrisos tenros francos verdadeiros
Mostrando a mais segura direção
Aprendi tanta coisa nesta vida
Em meio aos arranhões, senões porquês
O quanto em falsos passos se desfez
O que jamais pensei em despedida,
Minha alma segue-a: eterna e rara estrela
E eu sou feliz somente por sabê-la!



2



“Que, nada pede e não lhe falta nada,”
Ensina que é possível ser feliz
Aonde o pedregulho contradiz
A sorte em suas mãos, iluminada.
Ao vê-la eu percebi; deveras, Deus
Assim ao percorrer tantas montanhas,
As horas doloridas, mais estranhas
Momentos preparados num adeus,
Podendo conceber a maravilha
De um cais onde pudesse ter enfim
O ancoradouro firme e de onde vim
Minha alma volta e meia em paz já trilha
Do todo que aprendi consigo eu sei
Amor feito em perdão: suprema lei!


3

“Por ser assim, tão pura e recatada,”
Transmite a transparência cristalina
Minha alma por sabê-la se fascina,
E encontra nos seus olhos a alvorada,
Assim eu conheci de perto a sorte
Na plenitude mansa de um olhar
E aprendo a cada dia mais amar
Sabendo deste bem que me conforte,
Enquanto a vida amarga em fel e medo
Palavra em mansidão aplaca a fúria
E mesmo que na vida em tanta incúria
Conhece o caminhar sem mais degredo
Um mundo sem corrente algema e grade
Na libertária força da humildade!



4

“Dentre todas as santas, é a mais bela,”
A calmaria vence os temporais
E tendo a limpidez destes cristais
Singrando mar revolto, firme vela,
E tanta vez eu pude conhecer
Inesgotável fonte de carinho
E quando sei que nunca irei sozinho
Conheço dentro em mim o amanhecer,
Pois mesmo tão distante em outra esfera
A vívida presença que me alcança
Gerindo com ternura uma esperança
E nela toda a glória que se espera.
Pudesse tê-la sempre sem adeus,
Porém; como sem anjos fica Deus?


5


“Se sofre, ninguém sabe, pois em cada”
Tormenta ensina sempre que há um porto
E quando me sentira tão absorto
Pensando no futuro, a tez fechada
Com sua mansidão no olhar mais doce
Uma palavra; ao menos, me dizia
E assim ao renovar minha alegria
Um bálsamo, deveras como fosse,
E tendo esta certeza de um momento
Aonde a vida encontra seu aporte
Ao me ensinar no amor, perdão, meu norte
Em pleno temporal eu me apascento,
Ouvindo a sua voz suave e mansa
Que mesmo hoje distante, inda me alcança.

6


“Momento de tristeza? sempre dela”
Palavra que permita novo sol,
O amor sendo na vida o meu farol
Descreve com primor superna tela,
E desta luz em forma de mulher
Eu aprendi a ter na claridade
Sobeja que decerto inda me invade
E enfrento a tempestade que vier.
Qual lua em noite imensa, sertaneja
Iluminando as trilhas de quem tenta
Vencer em calmaria uma tormenta,
Minha alma sem temor já se azuleja
E sei da eternidade em luzes tanta
Somente por sabê-la, bela e santa!


7


“Aflora uma oração e então, ao vê-la”
Rezando com seu terço, toda noite
Neste rosário a força contra o açoite
Qual fosse num deserto a guia/estrela
E quando muitas vezes em tropeços
Os dias em penumbras doloridos
Apuro num delírio meus ouvidos
E volto a minha vida aos seus começos
E sinto o seu sorriso junto a mim,
A sua voz macia e redentora,
Aquele que deveras fera fora,
Ao ver tanta doçura crê por fim
Na imensa santidade feita em luz
No amor que tanto guia e me conduz.

8

“Recolhida em seu canto, delicada,”
Presença que deveras não esqueço
O amor ao conhecer seu endereço
Percebe em suas mãos, como as de fada
A maciez e ao mesmo tempo o apoio
Que tanto ainda sinto; mesmo ausente
Carinho que decerto me apascente
Sabendo discernir trigo de joio,
E acima disto tudo, perdoar,
Nas horas mais difíceis é meu cais
Momentos tão sublimes, divinais
Na imensa claridade em luz solar,
As rosas, jasmins, lírios no canteiro
O amor eterno e puro: o verdadeiro!



9

“Conversando com Deus (assim presumo)”
Um anjo que se fez aqui, mulher
E ensinava a enfrentar o que vier
Mantendo com firmeza essência e sumo,
Assim como fizera a vida inteira
De todos os momentos, mãe e amiga
E nela esta beleza que se abriga
Da mais suprema luz, a mensageira.
Vencer as tempestades com ternura
As perdas naturais, saber vencê-las
E quando se percebem mais estrelas
O céu se engrandecendo em tal moldura,
Ao conhecer de perto tanto afeto,
Jesus com seu cordeiro predileto!

10

“Ela irradia a paz, só conhecida”
De quem com Deus conhece o Seu caminho
E quando desta luz em me avizinho
Renovo com certeza a minha vida.
E tendo a cada passo esta certeza
Não temo mais as dores nem a morte,
Sabendo ser tão claro este suporte,
Uma haste em redenção traz a firmeza
A quem ao se embrenhar em noite escura
Depois de tantas lutas vida afora
Enfrenta a fera imensa que devera
Nem mesmo a fúria insana me tortura,
Encontro do passado a claridade
Que mesmo tão distante é forte e invade.


11


“De quem, da vida, sabe o exato rumo”
E tem total controle do timão,
Por mais que estas borrascas se farão
Presentes, com seu braço eu já me aprumo
E sei do caminhar em pedregulhos,
Sem ira, sem cobiça ou vaidade
Sem nada que deveras me degrade
Tampouco me tomando os vis orgulhos,
Eu tenho em meu olhar belo horizonte
E mesmo se brumosa esta manhã
A vida não se mostra nunca vã
Ao ver esta beleza que desponte
Qual fora eterno sol ao me guiar
Com toda a mansidão deste luar...



12


“Esta mulher, enfim, é tão querida”
E tanto me faz bem só por poder
Dizer do quanto existe no meu ser
Daquela que se fez em despedida,
Mas nunca se ausentando dos meus olhos,
Na paz e na completa sensação
De ter no alvorecer a direção
Jardim pleno de rosas, sem abrolhos,
Assim ao me lembrar quando menino
Das belas tardes, noites, dias, luz...
O amor que em tanto amor se reproduz
Gerando este cenário e eu me fascino
Somente por poder ter sido enfim,
Mais uma rosa viva em seu jardim.


13

“Que, no seu nome, sinto que resumo”
A mágica beleza em humildade,
Vencendo com ternura o que degrade
E traça com doçura o sacro rumo,
Alvissareira a vida de quem ama
E sabe perdoar, isso aprendi
E trago sempre vivo, pois aqui
Daquela que se foi mantenho a chama
E chamo vez em quando por seu nome
Durante os meus tormentos tão freqüentes
Os dias que virão iridescentes
A fera dentro em mim que o amor já dome
E faça da tempesta a calmaria
Clamando por meu norte que é Maria.


14


“A mais santa mulher que vi na vida”
Razão destes meus versos e se vê
Na imensidade azul o seu por que
De tantos labirintos, a saída
A sorte foi comigo benfazeja
E pude conhecer assim de perto
Quem tendo um horizonte sempre aberto
Mesmo que tão distante inda azuleja
O rumo deste que se fez poeta
E quando a vida corta e sangra; eu tenho
Divina imagem feita em manso cenho
E toda este caminho se completa
Naquela a quem se fez sobejo mote
E assim encerro aqui neste estrambote:

“Seu nome,
Só podia ser Maria!
Maria, paz infinita,
Maria, também DO CARMO!
Do Carmo, também CARMITA!”

29999/30000/01/02/03/04/05

29999

“Recolhida em seu canto, delicada,”
Presença que deveras não esqueço
O amor ao conhecer seu endereço
Percebe em suas mãos, como as de fada
A maciez e ao mesmo tempo o apoio
Que tanto ainda sinto; mesmo ausente
Carinho que decerto me apascente
Sabendo discernir trigo de joio,
E acima disto tudo, perdoar,
Nas horas mais difíceis é meu cais
Momentos tão sublimes, divinais
Na imensa claridade em luz solar,
As rosas, jasmins, lírios no canteiro
O amor eterno e puro: o verdadeiro!



30000

“Conversando com Deus (assim presumo)”
Um anjo que se fez aqui, mulher
E ensinava a enfrentar o que vier
Mantendo com firmeza essência e sumo,
Assim como fizera a vida inteira
De todos os momentos, mãe e amiga
E nela esta beleza que se abriga
Da mais suprema luz, a mensageira.
Vencer as tempestades com ternura
As perdas naturais, saber vencê-las
E quando se percebem mais estrelas
O céu se engrandecendo em tal moldura,
Ao conhecer de perto tanto afeto,
Jesus com seu cordeiro predileto!

30001

“Ela irradia a paz, só conhecida”
De quem com Deus conhece o Seu caminho
E quando desta luz em me avizinho
Renovo com certeza a minha vida.
E tendo a cada passo esta certeza
Não temo mais as dores nem a morte,
Sabendo ser tão claro este suporte,
Uma haste em redenção traz a firmeza
A quem ao se embrenhar em noite escura
Depois de tantas lutas vida afora
Enfrenta a fera imensa que devera
Nem mesmo a fúria insana me tortura,
Encontro do passado a claridade
Que mesmo tão distante é forte e invade.


30002


“De quem, da vida, sabe o exato rumo”
E tem total controle do timão,
Por mais que estas borrascas se farão
Presentes, com seu braço eu já me aprumo
E sei do caminhar em pedregulhos,
Sem ira, sem cobiça ou vaidade
Sem nada que deveras me degrade
Tampouco me tomando os vis orgulhos,
Eu tenho em meu olhar belo horizonte
E mesmo se brumosa esta manhã
A vida não se mostra nunca vã
Ao ver esta beleza que desponte
Qual fora eterno sol ao me guiar
Com toda a mansidão deste luar...



30003


“Esta mulher, enfim, é tão querida”
E tanto me faz bem só por poder
Dizer do quanto existe no meu ser
Daquela que se fez em despedida,
Mas nunca se ausentando dos meus olhos,
Na paz e na completa sensação
De ter no alvorecer a direção
Jardim pleno de rosas, sem abrolhos,
Assim ao me lembrar quando menino
Das belas tardes, noites, dias, luz...
O amor que em tanto amor se reproduz
Gerando este cenário e eu me fascino
Somente por poder ter sido enfim,
Mais uma rosa viva em seu jardim.


30004

“Que, no seu nome, sinto que resumo”
A mágica beleza em humildade,
Vencendo com ternura o que degrade
E traça com doçura o sacro rumo,
Alvissareira a vida de quem ama
E sabe perdoar, isso aprendi
E trago sempre vivo, pois aqui
Daquela que se foi mantenho a chama
E chamo vez em quando por seu nome
Durante os meus tormentos tão freqüentes
Os dias que virão iridescentes
A fera dentro em mim que o amor já dome
E faça da tempesta a calmaria
Clamando por meu norte que é Maria.


30005


“A mais santa mulher que vi na vida”
Razão destes meus versos e se vê
Na imensidade azul o seu por que
De tantos labirintos, a saída
A sorte foi comigo benfazeja
E pude conhecer assim de perto
Quem tendo um horizonte sempre aberto
Mesmo que tão distante inda azuleja
O rumo deste que se fez poeta
E quando a vida corta e sangra; eu tenho
Divina imagem feita em manso cenho
E toda este caminho se completa
Naquela a quem se fez sobejo mote
E assim encerro aqui neste estrambote:

“Seu nome,
Só podia ser Maria!
Maria, paz infinita,
Maria, também DO CARMO!
Do Carmo, também CARMITA!”

29992/93/94/95/96/97/98

29992


“Ela é flor da doçura e tão singela”
Entranha-me o prazer só por poder
Estar no dia a dia e perceber
Que a plena santidade se revela.
Raríssima meiguice em mansidão
Sabendo caminhar entre espinheiros
Sorrisos tenros francos verdadeiros
Mostrando a mais segura direção
Aprendi tanta coisa nesta vida
Em meio aos arranhões, senões porquês
O quanto em falsos passos se desfez
O que jamais pensei em despedida,
Minha alma segue-a: eterna e rara estrela
E eu sou feliz somente por sabê-la!



29993



“Que, nada pede e não lhe falta nada,”
Ensina que é possível ser feliz
Aonde o pedregulho contradiz
A sorte em suas mãos, iluminada.
Ao vê-la eu percebi; deveras, Deus
Assim ao percorrer tantas montanhas,
As horas doloridas, mais estranhas
Momentos preparados num adeus,
Podendo conceber a maravilha
De um cais onde pudesse ter enfim
O ancoradouro firme e de onde vim
Minha alma volta e meia em paz já trilha
Do todo que aprendi consigo eu sei
Amor feito em perdão: suprema lei!


29994

“Por ser assim, tão pura e recatada,”
Transmite a transparência cristalina
Minha alma por sabê-la se fascina,
E encontra nos seus olhos a alvorada,
Assim eu conheci de perto a sorte
Na plenitude mansa de um olhar
E aprendo a cada dia mais amar
Sabendo deste bem que me conforte,
Palavra em mansidão aplaca a fúria
E mesmo que na vida em tanta incúria
Um mundo sem corrente algema e grade
Na libertária força da humildade!



29995

“Dentre todas as santas, é a mais bela,”
A calmaria vence os temporais
E tendo a limpidez destes cristais
Singrando mar revolto, firme vela,
E tanta vez eu pude conhecer
Inesgotável fonte de carinho
E quando sei que nunca irei sozinho
Conheço dentro em mim o amanhecer,
Pois mesmo tão distante em outra esfera
A vívida presença que me alcança
Gerindo com ternura uma esperança
E nela toda a glória que se espera.
Pudesse tê-la sempre sem adeus,
Porém; como sem anjos fica Deus?


29996


“Se sofre, ninguém sabe, pois em cada”
Tormenta ensina sempre que há um porto
E quando me sentira tão absorto
Pensando no futuro, a tez fechada
Com sua mansidão no olhar mais doce
Uma palavra; ao menos, me dizia
E assim ao renovar minha alegria
Um bálsamo, deveras como fosse,
E tendo esta certeza de um momento
Aonde a vida encontra seu aporte
Ao me ensinar no amor, perdão, meu norte
Em pleno temporal eu me apascento,
Ouvindo a sua voz suave e mansa
Que mesmo hoje distante, inda me alcança.

29997


“Momento de tristeza? sempre dela”
Palavra que permita novo sol,
O amor sendo na vida o meu farol
Descreve com primor superna tela,
E desta luz em forma de mulher
Eu aprendi a ter na claridade
Sobeja que decerto inda me invade
E enfrento a tempestade que vier.
Qual lua em noite imensa, sertaneja
Iluminando as trilhas de quem tenta
Vencer em calmaria uma tormenta,
Minha alma sem temor já se azuleja
E sei da eternidade em luzes tanta
Somente por sabê-la, bela e santa!


29998


“Aflora uma oração e então, ao vê-la”
Rezando com seu terço, toda noite
Neste rosário a força contra o açoite
Qual fosse num deserto a guia/estrela
E quando muitas vezes em tropeços
Os dias em penumbras doloridos
Apuro num delírio meus ouvidos
E volto a minha vida aos seus começos
E sinto o seu sorriso junto a mim,
A sua voz macia e redentora,
Aquele que deveras fera fora,
Ao ver tanta doçura crê por fim
Na imensa santidade feita em luz
No amor que tanto guia e me conduz.

29931 ate 29991

.


1

“Aos ais do meu coração”
Perseguindo a claridade
Nesta sombra que me invade,
Noutras horas que virão
Percebendo a majestade
Da fantástica emoção
Que transmuda a direção
Trama a plena liberdade
Vivencio o sofrimento
De quem tanto desejara
Uma vida ao menos clara
Mas decerto me apascento
Quando sinto a leve brisa
Que os engodos suaviza...

2

“Ao frio clarão da lua,”
Recebendo esta carícia
Que deveras diz notícia
Do momento em que se atua
A vontade nua e crua
Seduzindo com malícia
Mesmo quando tão fictícia
Alma tola já flutua
Navegando o firmamento
Vasculhando céu e mar
Na vontade de encontrar
Tanto amor neste momento
Vivo apenas por saber
Que inda existe algum prazer.

3

“Embalada na falua”
Encontrando no caminho
Quem deveras foi sozinho
Solidão não continua
E sedento, a pele nua
Nos teus seios se me aninho
Da esperança me avizinho
Pensamento não recua
E seguindo em temperança
Cada vez que mais avança
Molda um tempo mais feliz;
Vejo ao longe esta quimera
Muito aquém do que se espera
Mera dor em cicatriz.

4

“Ao fresco da viração”
Passa a vida num instante
O desejo mais constante
Constatando esta emoção
Tão sobeja nega o não
E transborda radiante
Gera um mundo deslumbrante
Doma sempre o coração
Nada posso além do cais
Nem tampouco magistrais
As luzernas do passado
Onde havia alguma luz
Tão somente reproduz
O que fora o meu legado.

5

“do sonho nas melodias”
Nas angústias de quem tanto
Percebera este quebranto
Que decerto fantasias,
Com o corte, as heresias
Vivo além do mero espanto
E deveras cada pranto
Traduzindo a agonias
Nos acordes mais audazes
A emoção que ainda trazes
Profilático delírio
Solitário caminheiro
Dos teus sonhos eu me inteiro
E sonego algum martírio.

6

“era de noite, dormias”
Entre os astros posso vê-la
Tão sobeja, a rara estrela
Tanto brilho me irradias
E deveras novos dias
Ao saber assim contê-la
Muito além do que entretê-la
Traduzindo as fantasias
Onde possa finalmente
Perceber tanta fartura
Deste encanto que perdura
Dominando a minha mente
Se descrente do futuro
Tens o brilho que procuro.

7

“sobre seu leito de areia”
Dorme o mar em noite imensa
E deveras recompensa
Transformada em lua cheia
Quanto mais a luz se ateia
Bem mais forte me convença
Da beleza rara e intensa
Noite inteira se incendeia
Vasculhando cada parte
Do que fora coração
Novos tempos mostrarão
Dos pavores o descarte
E transforma imensidade
Nesta luz que agora invade.

8

“como a vaga transparente”
Sobre a pele em tez morena
Ao se ver sobeja cena
Alegria se pressente
E deveras já se ausente
Deste olhar que me envenena
Toda a glória concatena
Esperança não desmente
E seguindo cada passo
Desta estrela que me guia
Tendo a voz da poesia
Vou marcando este compasso
Com ternura e com afeto,
Nos teus braços me completo.

9

“era tão pura, dormente”
Caminhando eternidades
Bem distante das saudades
Coração segue demente
E dos sonhos a semente
Mesmo quando me degrades
Nos teus cantos sei que brades
Com teu vívido e envolvente
Delicado e sem igual
Transbordando em magistral
Luz que tanto me tocara
Minha vida desde então
Em delírio e sedução
Toca a estrela bela e rara.

10

“tua alma de sonhos cheia”
Invadindo esta seara
Tanto encanto me declara
Fogaréu que me incendeia
No cantar desta sereia
Vida intensa, sorte rara
Cada passo ora se ampara
Nesta fúria que se ateia
Das luzernas e ardentias
Tantos brilhos irradias
Dominando todo o céu,
Vida após te conhecer
Expressando este prazer
Com ternura tece o véu.

11

“dormia a onda na praia”
Nos teus olhos brilhos fartos
Lua invade salas, quartos
E decerto quando esvaia
Esperança onde se traia
Sonegando mansos partos,
Céus e medos, vãos infartos
No vazio em que desmaia
Coração alerta e vivo
Tão somente por saber
Das magias do prazer
E se apenas sobrevivo
Trago ainda esta certeza
Que transformo em fortaleza.

12

“como virgem que desmaia”
Com temor de quem errático
Não se vendo em senso prático
Bebe a luz e doura a praia,
Sorte alheia e da alma uma aia
O teu sorriso enigmático
Se por vezes sou lunático
O corcel perdendo a baia
Gera enorme contra-senso
E o que fora outrora imenso
Transbordando num senão
Esmagando com delírios
Reaviva tais martírios
E destroça esta ilusão.



13

“entrevendo a imagem tua”
Nada além de um só momento
Onde encontre algum alento
Tanta sorte continua
Ganha o mar, invade a rua
Segue as sendas do tormento
E deveras me apascento
Ao saber em ti a lua,
Mansa deusa soberana
Extorquindo a solidão
Numa noite de verão
Emoção que tanto ufana
Gera a luz e nela sabe
Do destino que te cabe.


14

“Ai que ainda me deliro”
Ao lembrar da rota estrada
E vagando a madrugada
Na manhã audaz me atiro,
E senso assim se inda prefiro
Uma mansa caminhada
Afinal retendo o nada
Lendo em tosco e vão papiro
Vejo as trama conhecidas
E percorro novas vidas
Encontrando a liberdade
Tanto posso e nada faço,
Onde amor tomara espaço
Solidão agora invade.


15

Jogado contra a força imensa das marés
Vencido pela angústia, a morte se aproxima
E vendo com pavor, fulgor em torpe clima
Perdendo o que restara ainda em vagas fés,
Arcando com engano, esparsos toscos pés
E a senda procurada ainda não se estima
Além do que pensara em mera e tola rima
Olhando mansamente, encontro de viés
O rito mais audaz, a sorte em desengano
E quando renascendo em novo e duro plano
A morte guia o dia eterno sonhador
Mostrando esta semente, aborto feito em grão,
E dela refazendo o que fora meu chão,
Inútil tal retrato escuso de um amor,
Traçando do não ser o que inda poderia
Deixando para trás qualquer tosca alegria.

16


Banalizamos tudo, o sexo, amor e o gozo
Caminho para o nada em gestos mais venais
E quando se imagina apenas ritos, cais
Percebo o rumo sempre atroz e sinuoso
Aonde poderia um dia majestoso
Não vejo uma esperança e sinto o nunca mais
Qual fora um porto além dos velhos rituais
E nele um ar sombrio, às vezes belicoso,
Fornalha da ilusão, a tosca confraria
Que a cada novo encontro ainda fantasia
Momento mai suave e mesmo mais gentil
Sutis as dores quando o pano encerra a peça
Bem antes que a platéia ausente e se despeça
Desaba uma esperança aquém do que se viu.


17

Percebo a derrocada a cada ausência e o laço
Expressa a dor intensa e quanto poderia
Viver além do cais, e sinto esta sangria
A cada novo dia esboça novo espaço
O rumo sem destino envolto em leve traço
Impede que se creia em glória e em alegria
Singrando mar azul e quanto mostraria
Do encanto que ora sinto, aos poucos me desfaço
Carpindo sobre o corpo exausto de quem fora
Uma alma tão sutil e mesmo sonhadora
Farsante poesia expressa a podridão
E quando esta carcaça entranha em doce odor
Resume este final espúrio de um amor
E o cais que eu desejara? Apenas negação...


18

Acasos traduzindo o quanto ainda posso
Viver esta ilusão que possa traduzir
Além de qualquer medo as ânsias do porvir
E nelas vejo enfim horror que sei tão nosso
E quando a caminhada em fúria eu endosso
Ascendo ao vão destino imerso no sentir
Tentando nova sorte e o vento ora a bramir
Trazendo do que fui apenas um destroço.
Gerindo a caminhada envolta em urzes tantas
Enquanto me seduz decerto desencantas
Fagulha do passado invade esta seara
Gerando solitário e tosco caminhar
Deixando para trás o quanto do luar
Em noite dolorosa ainda a vida aclara.


19

Corsário da esperança, amor sem ter juízo
Vestindo a solidão, o medo me atrapalha
Aonde houvera luz, um campo de batalha
Arcando com temor, imenso prejuízo
Nefasta realidade o mundo sem aviso
O fio se amolando expressa esta navalha
Rondando a velha cena eu vejo torpe gralha
E assim a morte em vida ausente paraíso
Esgota-se em demônio imenso que cultivo
E tanto se podia e quando sobrevivo
Cenário se moldando em ar duro e nefando,
Somente esta carcaça, herança do passado,
E o gosto do viver há tanto abandonado
Aos poucos me entrelaça e sinto sufocando.

20

O nada transcendendo ao quanto se renega
O fogo da paixão, estúpida quimera
E aonde poderia ainda a primavera
Caminho destruído inverno em fria entrega
A cada velho vinho exposto nesta adega
A morte e embriaguez em fúria me tempera
Assisto à derrocada espúria desta fera
E a sorte desejada aos poucos já se nega.
Arcando com medonho esgarce da esperança
Ao canto mais sombrio etérea e louca dança
Sofismas do passado, angústias do futuro
Errático planeta em órbitas venais
Procuro alguém encontro e vejo o nunca mais
Diverso da ilusão que ainda em vão procuro.

21


No quadro exposto agora em vãs toscas medalhas
Resíduos do que fora inútil, fútil glória
O campo desolado expressa a merencória
Imagem que inda trago; estúpidas batalhas
As sortes mais sutis, rebentam cordoalhas
E neste imundo pasto, a pútrida vitória
Na liberdade encontro ainda esta vangloria
E dela a divindade ausente do que espalhas,
Demônios são heróis, satânicas orgias
E nelas se percebe então vastas sangrias
Carcaça da esperança apodrecendo aos poucos
Ignaros ditam regra e deles o fulgor
Matando o que restara em perdão, em amor
Transforma a multidão, exército de loucos.

22

Escrevo como quem procura por sinais
Que possam permitir algum alento, ao menos,
E quando se percebe a fúria dos venenos
Bebendo cada gota enfrento os vendavais
E deles me recrio em ares joviais
Os sonhos que tivera agora sinto plenos
Promessa se abortando em tolos, vis acenos.
E neles se percebe ausente um porto, vivo em cais.
Carrascos do passado, ausência do que possa
Viver além da sorte e nisto imensa fossa,
Gerando o dissabor deveras costumeiro
Encontro o meu fantasma exposto em luz sombria
E toda realidade, aos poucos se esvazia
O fardo que negara, agora mais ligeiro.

23


Amor que tanto amor dita somente
Momento variável, medo e sorte,
Tomando da esperança o seu suporte
Produz desta ilusão vaga semente.
Ditosa caminhada ou esmo rumo,
Vestindo uma emoção além do porto
E quando se pensara quase morto
Revive novamente em vário prumo.
Saber das discordâncias deste insano
E ter entre os caminhos, perdição
Amor ditando às vezes solidão
Mudando a direção em desengano.
Sedento desta luz andando alheio
O encanto mais voraz que tanto anseio.

24

A podre realidade nega a sorte
E molda a dor de quem nunca sonhara
Além do quanto trago em funda escara
Nas ânsias do desejo, meu suporte.
Jazigo da esperança cultivado
Envolto por espinhos, pedregulhos
Ouvindo a ressonância dos marulhos
O encanto se mostrando sonegado,
Enganos entre pedras e espinheiros
Roseiras esquecidas no jardim
A morte toma conta do que em mim
Pudesse traduzir mansos canteiros
Ascendo ao infinito mesmo quando
O sonho que buscara se negando.

25

“Filósofos de agora, eu vos encontro aqui
E tendo em vosso rumo espaços mais distantes
Do que pensara outrora em dias deslumbrantes
O rumo feito em luz, aos poucos já perdi,
E sendo tão comum a angústia que previ
Ao ver em tom alheio, imensos diamantes
A senda feita em busca ascendo por instantes
E o vento que virá e aonde me emergi
Preposto tão nefasto ou gasto quase inútil
Ausente em vós resposta ainda sinto o fútil
Caminho feito em rito e em cartas, búzios, lendas
Distante cartomante ainda em velhas tendas
Astrólogo, farsante encontra no passado
O rumo há tanto tempo em luzes desvendado.

26


Que dizes nestas noites tão sombrias
Alheia ao sentimento que pudesse
Gerar além de mera e tola prece
Ao fim das tempestades, heresias,
Bisonha caminheira do vazio
No quanto poderia e nada existe
Seguindo cada passo dedo em riste
O quanto já perdera e não recrio
Fantasmas do passado me rondando
Promessas que não posso mais cumprir
E estando mais distante do porvir
Cenário que percebo tão nefando,
Arrasto os meus anseios pela sala
E uma alma sonhadora ora se cala,


27

Vivo envolto em trevas tantas
São medonhos dias quando
O meu sonho se entornando
Fartas vezes desencantas
Andarilho coração
Sem paragem nem segredo
Cada verso que concedo
Preconiza esta emoção
De um momento mais feliz
Onde tudo poderia
Transcorrendo em claro dia
Da esperança quero o bis
Solto a voz e sei aonde
Nossa sorte enfim se esconde.

28


Do sertão da minha terra
Lua prata toma o céu
Emoção em carrossel
Tanto engata quanto emperra.
Vivo além de qualquer serra
De uma abelha vejo o meu
O ferrão antes cruel
No meu peito não mais ferra.
Gero o verso mais feliz
Bebo a sorte imorredoura
Alegria diz tesoura
Corta tudo o que desdiz
Caminhada mais tranqüila
Onde a lua em paz, desfila.

29

Não canta a tristeza
Quem sabe escutar
Das ondas do mar
A farta beleza
E da correnteza
Sabendo singrar
Jamais vai cansar
De tanta riqueza
Assim me sentindo
Poeta e cantor
Falando do amor
Que é triste e tão lindo
Desvendo o segredo
Na paz que concedo.

30

Soneto que faço
Com tais redondilhas
Por onde tu trilhas
Ganhando este espaço
Permite este traço
Das sortes novilhas
E distantes ilhas
Caminho que grasso
Buscando este cais
Mesmo em vendavais
Na luz mais sobeja
Deslindo a beleza
Que expõe sobre a mesa
O que alma deseja.

31

Quero te falar
Das horas felizes
Que tanto desdizes
Negando o luar
Pudesse cantar
Diversos matizes
As sortes, atrizes
Mergulhos no mar
Cansado da luta
Amor não reluta
E vence o temor
Assim passo a vida
Sem medo ou guarida
Nas ânsias do amor.

32

Correndo sem freios
Olhando pros lados
Os dias passados
Amor sem rodeios
Os sonhos alheios
Felizes recados
Momentos marcados
Seguindo tais veios
Que levam à sorte
Trazendo o suporte
A quem se daria
Há tempos que sonho
E tanto proponho
Distante do dia..



33

Não deixe que o tempo
Rondando esta vida
Há tanto perdida
Feroz contratempo
Mesquinho este rumo
Deveras tristonho
E quando enfim sonho
Também já me esfumo
Fazendo o caminho
Com todo o vigor
Por vezes me aninho
Nas tramas do amor
Vivendo o que quero
Num canto sincero.

34

Pudesse te falar das noites vãs
Aonde desvendara medo e frio
E quando em tristes versos eu recrio
Distante, tão distante das manhãs
A vida se prepara em seus afãs
E crendo no momento que desfio
O amor por vezes sendo um desafio
Prepara a cada dia grises, cãs.
E assim ao me sentir bem mais alheio
Das sortes mais longínquas já receio
O rumo que deveras eu tomei.
Nefando caminhar por entre as trevas
Meus últimos desejos quando levas
Deixando mais deserta a minha grei.

35

Retorno ao descaminho de onde vim
Volvendo o meu olhar aos meus demônios
E quando me percebo em pandemônios
Traçando cada passo bom ou ruim
Esqueço dos momentos mais atrozes
E sinto ter na face o vento leve
E quando a realidade já se atreve
Prepara a cada curva seus algozes,
As vozes do que fui voltando à tona
Sementes de uma vida mais cruel
Granando em minha boca fúria e fel
Uma esperança aos poucos me abandona
Da dor perpetuada no meu peito
A velha solidão tomando pleito.


36

Acendo outro cigarro e vejo a face
Da morte me rondando com furor
Não posso mais pensar no que compor
Se tudo não deixando tal impasse
Por mais que a realidade não mais trace
Os passos deste tolo sonhador
O quanto poderia me propor
Por terras mais distantes sei que grasse.
Mesquinhos olhos ditam o futuro
Nefasto companheiro que tocando
Com seu ar duro, frio e tão nefando
Do quanto não virá sempre asseguro
E sinto o fim da peça, finalmente
Em cena degradante, amor ausente.

37


Confraternização de dor e tédio
Apenas nada posso com a sorte
Decido a cada passo novo aporte
E creio conceber algum remédio,
E quando me ascendendo ao nada eu vejo
As sombras que acompanham meu poema,
Ainda tão presente cada algema
Revigorando o passo, num lampejo
Eu passo a acreditar nalguma luz
Depois das brumas fartas que tivera
O quanto poderia em primavera
De certo noutro tanto me propus.
Escravo da ilusão, torpe demente
Esqueço num momento, tal corrente.

38

Chamando por talvez quem não me escute
Revejo os meus anseios tão comuns
Os dias mais felizes, tive alguns,
Ainda quando mesmo em vão relute,
Por tantas noites frias inda creio
Na fúria de um momento mais dolente,
Mas quando me percebo plenamente
Entregue à dor intensa, mais que tente
Não posso vislumbrar tal liberdade
E vencido percorro os infinitos
Aonde se pudessem velhos mitos
O mundo com certeza me degrade
E os tons tão variados desta lua
No quanto inutilmente a alma flutua.

39

Ascendo ao mais sublime caminhar
Depois das trevas, lutas e constâncias
Sabendo das vitais vis discrepâncias
Aonde poderia algum luar
Se tudo não se mostra além do nada
Por onde não se chega a qualquer fado,
Recebo da esperança o seu recado
E sigo sem sentido velha estrada
Após a tempestade corriqueira
Ausência de calor gerando o vago,
Ainda de um vazio em que me alago
Pudesse acreditar noutra bandeira:
A gloria libertária de um amor
Que há tanto noutra senda perde a cor.

40


Ouvisse a noite intensa que vivemos
Em tantas ilusões já disfarçada,
Talvez ainda visse a madrugada
No quanto poderia se não temos
As horas mortas vidas entrelaçam
E matam o furor da sede intensa,
O gozo tão fugaz, a recompensa
E as vidas sem guarida, seguem, passam.
Riscando desta agenda mais um dia
Insólitos delírios propagados,
Momentos entre fogos desvendados
Realidade turva já se adia.
O pantanal expresso no futuro
E o medo deste chão deveras duro.

41

O parto de quem tanto glorifica
A carne invés de uma alma, mesmo vã
A sorte com certeza se é malsã
Apenas o vazio ainda fica
Dependo do talvez para viver
E sei que nada tendo além do chão
Herança derradeira, sem perdão
O quanto da semente irei colher
Traduz a morte em vida que carrego
E o charco dominando a frágil alma
Somente o que pudesse ainda acalma,
E a tanto caminheiro vaga cego
À parte, nada tendo vejo o fim
E dele me procrio, é sempre assim...


42


Vestígios de uma vida feita em festa
São pertinazes sonhos de quem ama.
Mas quando se demonstra clara a chama
Do todo quase o nada ainda resta
Imagem se adentrando pela fresta
Mudando do passado a tola trama,
Aonde fora riso vejo o drama
Aonde alguma luz, sombra funesta,
Mortalhas cultivadas com terrores
Ausência de momentos, onde fores
Verás o quanto em nada transformei
E a morte ressurgindo como fosse
Promessa de um momento bem mais doce
Gerando do não ser a sua lei.

43

Recebo tantas luzes, bebo o sonho
E rasgo o coração; inutilmente
A vida quando em glórias se pressente
Traduz a hora demente em que componho
Com ar bem mais dorido, até medonho
Futuro dos meus olhos cedo ausente
E o quadro se aproxima lentamente
Decerto vez em quando, louco me oponho
E sinto o que o final já se aproxima
A fera dentro em mim domina o clima
E o quanto se transforma num ocaso,
Seria alguma fonte de esperança
O corte do passado em aliança,
Mas como se perdi, há tanto o prazo.

44


No quanto em desafios poderia
Vencer os meus fantasmas e não posso,
O templo dos amores, não endosso
A noite se ultrapassa e é sempre fria,
No mausoléu dos sonhos, fantasia
Um mundo que seria bem mais nosso,
Ainda com terror se eu remoço
O velho coração dita a sangria.
Espelho não sonega a realidade
E quando vejo a cena que degrade
Em rugas e grisalhos, duros cãs,
Persigo o que talvez jamais houvera
A doce juventude, uma quimera
Traduz inutilmente meus afãs.


45

Jogado contra as pedras, nada resta
Daquele que em naufrágio se daria
Não fosse tal borrasca em tez vadia
A porta escancarada não se empresta,
Ainda percebendo quão funesta
Mortalha que a verdade não adia
O peso da esperança vergaria
Do quanto deste nada ainda gesta
A vida em avidez, desesperada
E o parto traz a força que abortada
Expressa a solitária desventura
O contrapeso dita tal verdade
E quando procurara a liberdade
A morte a cada noite me amargura.

46


Pudesse acreditar no que disseste
Talvez já se mudasse a direção
Do sonho que debalde tenho em vão
Num solo dolorido e tão agreste,
Diverso do que tanto propuseste
O todo se moldando deste não,
A sorte noutro rumo diz verão
Porém somente inverno em frio e peste.
Açoda-me um jardim disperso em urzes,
Por onde tuas luzes reproduzes
E tantos espinheiros matam rosa,
O quanto do viver bem poderia
Traçar com novo tom a melodia
Que diz a vida ser maravilhosa.




47


Não posso procurar uma resposta
Aonde em frases feitas me daria
Um novo amanhecer em raro dia
A face em manso vento sendo exposta,
Do quanto que pretendo e se desgosta
Do quanto se deseja em fantasia
O manto que deveras me cobria
A sorte noutra sorte diz proposta,
Mas quando me percebo em voz dorida,
A frase que dissera diz desdita
E mesmo se eu pudesse, quando dita
Jamais transformaria minha vida,
Seguindo sempre assim, sem rumo e fado,
O que dizer das sombras do passado?

48


No pantanal que uma alma expressa em medo
Enredos tão diversos por fazer
E neles percebendo o desprazer
Se vez em quando até já me concedo
Não posso prescrever qualquer enredo
Traçado no passado e posso ver
O dia num brumoso amanhecer
Gerando o que deveras mostra o ledo
E duro caminhar de quem não fez
E sabe da total insensatez
Gerida pela angústia do vazio,
E quanto mais audaz o passo expressa
Ainda na verdade tenho pressa
E o fardo carregado propicio.


49


Servindo como escada a quem procura
Degrau após degrau a eternidade
No quanto a cada dia se degrade
A vida noutra senda já perdura
E traça vez em quando com ternura
O que pudesse ser felicidade
Na angústia de um momento em liberdade
Diverso do quanto me amargura
No precipício feito em raras luzes
Matizes que deveras irradias
Por quanto mais distantes alegrias
Cravando minha carne em frias cruzes
Servindo a quem tentasse solução
Perdi há tanto tempo a direção.

50


Morrendo pouco a pouco em vil desgaste
O quando poderia ser feliz,
Mas nada do que outrora ainda quis
Permite a solução se sem uma haste
O medo que deveras me legaste
Reflete a mais terrível cicatriz
E dela o que talvez expresse o bis
Bisonho mundo ao qual tu te entregaste.
Realizando assim o velho sonho
Ao qual por vezes mesmo me proponho
Acende dentro em mim terror e sombra,
Figura de um passado mais feroz
Eleva a cada instante a sua voz
E dentre tantas fúrias já me assombra.




51

“foi para vós que ontem colhi, senhora”
Os momentos mais doces e terríveis
E deles concebendo vãos temíveis
Sabendo desde sempre que devora
Ao mesmo tempo enquanto nada traço
Somente os desafios mais comuns
E quando me percebo trago alguns
Anseios e decerto ainda esparso
Do nada vento vindo em voz tenaz
Assisto ao fim e penso poderia
Saber bem mais possível fantasia
E dela mais plausível qualquer paz,
Mas nada além das flores que colhi,
Nem mesmo o que deveras há em ti.

52

Ouvisse a voz do vento me clamando
Pedindo algum alento que não tenho
Por mais que na verdade em falso empenho
O mundo seja sempre amargo ou brando
O peso da esperança em contrabando
O quanto do desejo diz que venho
Do tanto se moldando em torpe cenho,
A senda mais audaz já não contenho
E vendo esta figura em tosco espelho
Deformam-se momentos em loucura
Ainda que talvez sorte amargura
Dos erros cometidos, vão conselho
E jogo-me ao abismo que legaste
Ausente da esperança, frágil haste.


53


Percalços que enfrentara dia a dia
Perfaço o mesmo engodo conhecido
Navego pelas tramas da libido
E tudo o que mais quis já se esquecia.
A morte como atroz e leal fato
O sândalo que exalas nada diz
Um vândalo sonhar em cicatriz
Reflete este não ser que ora retrato.
E penso num anseio mais fugaz
Perdido entre os meus erros, desengano
E quando deste encanto não me ufano
Apenas um sorriso satisfaz
Chagásico caminho dita a forma
E enquanto a realidade nada informa.

54



O senso mais atroz em paz e guerra
O vasto amanhecer ditando o fim,
Chamando esta desdita de onde vim
O quanto desejara já descerra
Marcante caminhada rumo ao fardo
Mesquinho cada cardo que encontrara
A sorte sendo atroz a glória rara
O gato em madrugada é sempre pardo.
Ouvisse da emoção qualquer resposta
Ourives dos meus dias mais audazes
E enquanto de outra forma satisfazes
A mesa em iguarias podres posta,
Charcos dentro da alma, lama e pus,
Aos restos da ilusão, tento e me opus.

55



Já decomposta face exposta em ares tais
Que possa permitir a quem se deu além
Viver a tempestade inútil que contém
Momento em ondas feito, as horas terminais
Negando a própria sorte imerso em vãos cristais
Vencido pelo medo e quando me convém
Espreito do vazio a ausência de outro alguém
Que nada poderia em torpes rituais
A bala que talvez solucione a crise
Amor se preconiza enquanto em tal deslize
Sentindo o mesmo anseio entranha-me a vontade
De um quanto nunca pude e mesmo que pudesse
Alheio ao descaminho e nele vendo a messe
Que tanto me alivie enquanto me degrade.

56


Restando deste canto apenas o que tento
E neste beco imerso as luzes mais distantes
Aceito os mais sutis embora deslumbrantes
Por mais que isto transporte enorme desalento.
Aonde se fez treva o quadro em vil tormento
Pudesse acreditar em meros diamantes
E vencido o caminho encontro por insatantes
O porto que buscara e nele o sentimento
Escuso caminheiro, um andarilho atroz
Escuta do infinito a mesma e torpe voz
Gerando o desvario e trágico final,
Amando além do quanto ainda poderia
Imerso tão somente em vaga fantasia
Subindo até o fim degrau após degrau.


57

Nadando contra a força das marés
Tentando conseguir ao menos paz
O passo mais atroz, o mais mordaz
Sabendo desde sempre das galés.
O quanto se pudesse se tu és
Além do quão devia e satisfaz
Gerando muito mais do que capaz
O encanto que ora vejo de viés.
Resvalo nos teus sonhos e me faço
Acima do que fora bem ou mal,
E sinto neste medo o triunfal
Caminho pelo qual em rota e traço
Esgoto os meus momentos e mergulho
Mal importando corte e pedregulho.


58

Jazigo da esperança, morte em vida
Assisto aos meus momentos mais venais
E quando se pensara em rituais
A sorte noutra sorte decidida
Penetra em minha pele, tal ferida
Acréscimos de farpas sem iguais
Por vezes desejoso peço mais
E quanto se faz fera e já perdida
A luz de um novo tempo se esgarçando
Sombria realidade em ar nefando
Vestígios do que fomos? Nem ao menos
Somente o temporal tão costumeiro
E sendo do vazio o mensageiro
Não vejo mais momentos tão serenos.


59


Espero meu canto
Pudesse trazer
O quanto em prazer
Diverso do pranto
Que se mostra tanto
No verso a fazer
Rumando sem ter
Somente me espanto
E vivo a semente
Que quando desmente
Promete aridez
Do amor que quisera
Expressa-se em fera
O quão se desfez.

60

Olhando pra dentro
Dos olhos mais puros
Distantes apuros
No quanto concentro
Vencido o tormento
Seguindo este rastro
Enquanto me alastro
Percebo e me alento
No gosto perene
Da boca maldita
A sorte se edita
Na dor que me empene
E mostre o senão
Eternizando o não.

61

sexta-feira, 16 de abril de 2010

29929/30

29929

“Passei contigo o teu aniversário”
E tanta festa! Agora o nunca mais
Ditando estes caminhos pelos quais
O tempo se mostrara um adversário
Aonde houvera ainda um lampadário
A vida traça agora em vendavais
Momentos onde, outrora, magistrais
Guardados no meu peito. Relicário...
Percebe-se deveras bem mais forte
O que pudera ser somente um corte,
Mas quando se percebe esta ferida,
A porta não se abrindo nega a senda
Sem ter sequer um sonho em que se atenda,
A cada aniversário eu perco a vida...

SOBRE VERSO DE ADELINA VELHO DA PALMA


29930


‘Quando chega o amanhecer”
Em seus raios belo sol,
A saudade diz farol
E me faz tanto sofrer
Onde um dia pude ver
Tanta luz neste arrebol,
Eu, outrora um girassol,
No teu rumo a me perder,
Mas agora a sorte dita
Nova senda que maldita
Nada traz senão a treva,
Embora num sol intenso,
Quando em ti, amor eu penso,
O passado então me leva.

SOBRE VERSO DE ANA DA CRUZ

29916/17/18/19/20/21/22/23/24/25/26/27/28

29916


“Com teu beijo me procuras”
Tua mão por sobre a minha
A saudade já se aninha
E me expõe tantas loucuras
Hoje apenas amarguras
Onde a vida tão daninha
Mergulhara até a espinha
Em terrores e ternuras
Ganho o céu em disparada
Sou corcel de uma esperança
Que porfia e sempre avança
Mesmo quando não vê nada,
Outra sorte em aliança?
Quem batalha ora se cansa...

SOBRE VERSO DE KARINNA



29917


“É o registro do passado”
Que deveras me maltrata
A saudade sendo ingrata
Deixa o quadro destroçado
Vivo enquanto de bom grado
Poderia em ouro e prata
Lua e sol, mas me arrebata
O caminho já traçado
Que me leve ao manso cais
E permita ancoradouro
Já sem rumo e sem tesouro
Enfrentando os vendavais
Poderia num instante
Novo dia, fascinante.

SOBRE VERSO DE SILVANIO ALVES


29918





“No domínio cruel da solidão”
Vagando sem destino me encontrava
Uma alma tão servil se fez escrava
Negando novos dias que virão
Moldando em outro rumo e direção
A fúria do não ser em torpe lava
E quando o coração detendo a trava
Trancafiando amor n’algum porão
Vencido caminhante do vazio
Se tanto cada passo desafio
Amortalhada senda me negando
O que pensei suave há tantos anos
Agora se mostrando em desenganos
Tornando o dia a dia mais nefando...

SOBRE VERSO DE ZÉLIA NICOLODI


29919


“Sou o mal corrompendo seus valores”
E tanto poderia haver saída,
Porém em seu olhar, a despedida
Traçando outros caminhos noutras cores,
Os dias são decerto sonhadores
Regendo uma emoção a nossa vida,
E dela novamente e de partida
Esqueço da ilusão em seus pendores,
Vivendo tão somente este momento
Pudesse lhe acolher, seria bom,
A vida não perfaz no mesmo dom
Gerando muitas vezes desalento.
Mortalha? Nada disso, renascendo
O amor em quadro mágico e estupendo.


SOBRE VERSO DE CAMOMILA HASSAN



29920

“Da janela vejo a rua”
Caminheiro do futuro
Quando sinto o céu escuro
A minha alma não flutua
Bebe a sorte e continua
Descortina o que procuro
Sento o tempo amargo e duro
Já não vejo a minha lua
Desvendando a minha sorte
No que tanto me comporte,
Poesia dita o tempo
Onde vejo a claridade,
Mesmo quando se degrade
Superando o contratempo.


SOBRE VERSO DE GIANA GUTERRES


29921

“E no olho do furacão”
Tempestades enfrentando
Quem queria um tempo brando
Vai perdendo a direção
Novos dias mostrarão
O que tanto decifrando
Um poeta desde quando
Já não sabe a redenção
Dos enganos, dia a dia
Da mortalha que me cabe
Antes que a tempesta acabe
Sorte clara poderia
Deslindar um bom momento
Muito além do sofrimento...

SOBRE VERSO DE MAURÉLIO MACHADO


29922


“Do desejo que em mim insiste”
E traçado há tantos anos
Se eu percebo desenganos
A minha alma não desiste
Mesmo quando amarga e triste
Os momentos soberanos
Não mudando velhos planos
Tanto amor eu sei que existe
E se faço cada verso
Neste pouco ou mais diverso
Caminhar em noite mansa
A minha alma se porfia
E vivendo esta alegria
Ceva sempre uma esperança.

SOBRE VERSO DE ERITANIA BRUNORO


29923

“Com palavras vis, malditas”
Tantas vezes maltrataste
Perfilando em vão desgaste
As histórias sempre escritas

Nas vontades infinitas
E deveras sendo uma haste
Contra a fúria caminhaste
Muito além do que ora evitas,
Girassóis buscando o rumo,
Meus enganos quando assumo
Helianto se mostrando
Mal surgindo assim o dia
Tanta glória se faria
Onde outrora mais nefando.


SOBRE VERSO DE PARABOLIKA

29924

“Vai longe o tempo em que roubei-te um beijo,”
E agora ao perceber-te tão distante
Aonde se pudera fascinante
O mundo em temporais, somente, eu vejo.
O quanto deste encanto não prevejo
Nas ânsias que dominam num instante
O rumo que seria deslumbrante
Num verso muito além de algum lampejo,
Vencer os meus antigos medos; posso
Amor que sendo meu também é nosso
E traduzindo a sorte noutra senda
Aonde num mergulho fui poeta
A vida noutra vida se completa
Enquanto este desejo a sorte atenda.

SOBRE VERSO DE OBED DE FARIA JR


29925


“Verdadeiros alguns e fazem festa”
Aonde tanta luz irradiasse
Mostrando em destemor suave face
Abrindo da esperança enorme fresta,
E quando a realidade assim gesta
Deixando no passado algum impasse,
Porquanto novo rumo se tomasse
E nele a sorte eu vejo mais honesta,
Alcanço em suas mãos, querida amiga
Momento em que a verdade já se abriga
Rasgando o coração, imenso e puro.
Viver tanta beleza feita em luz
Enquanto cada passo me conduz
E nele novo dia eu asseguro.

SOBRE VERSO DE DANIEL CRISTAL


11

“Cobriste de ventura os seus destinos”
E assim ao produzires um cenário
Aonde cada sonho é necessário
Deixando para trás dias ladinos
Meus olhos se tornando os de meninos
E neles com certeza um temerário
Caminho em festa feito; outro fadário
Gerando sonhos raros, cristalinos,
Bebendo deste vinho em belas taças
Porquanto ainda a vida, domas, traças
Meu tempo de sonhar já não se extingue,
Nas mãos uma esperança se lançando
Volvendo ao meu momento aonde em bando
Fugia, passarinho, do estilingue.

SOBRE VERSO DE ARMANDO A. C. GARCIA


29926



“Inda que seja noite, o sol existe”
Ao menos dentro em mim, um sonhador
Eternizando assim um raro albor
Minha alma sonhadora não desiste
E tanto se fizera outrora em riste
O dedo deste não acusador
Gerando tão somente este amargor
Cevando o meu caminho que é tão triste,
Mas quando adivinhei novo momento
E nele com ternura eu me apresento
Ansiosamente a vida disse sim,
E tanto poderia este luar
A cada nova lua cultivar
O mais sublime encanto em meu jardim.



SOBRE VERSO DE ANDRÉ LUIS SANTOS ARAÚJO


29927

“Ao ver a natureza dizimada”
Retrato tão nefasto destes dias
Diverso do que em sonhos me dizias
Brumosa a outrora em festas, alvorada.
Encontro esse vazio e o mesmo nada
Em noites sem a lua, pois sombrias
E quanto ainda bebo fantasias
A senda sonegando uma florada,
Ausente primavera, ledo inverno
No quanto poderia não me interno
E vendo este cenário em turbulência
Pudesse ter a voz de algum poeta
E nela toda a sorte se completa
Enquanto um verso dita em eloqüência!

SOBRE VERSO DE ALFREDO SANTOS MENDES






29928

“Registra o tempo tardo do embaraço”
A vida numa cena mais temível
E quando procurara tão plausível
Alento na verdade já desfaço
Caminho em que me vendo bem mais lasso
Não tendo outra saída, tento audível
O canto onde trouxesse incorruptível
Momento feito em luz; mas nada traço...
Felicidade ao menos caberia
Aonde se percebe uma sangria
Gerada pela angústia do não ser,
Sentindo as soluções bem mais dispersas
Enquanto sobre os sonhos também versas
Encontro dia a dia o desprazer.

SOBRE VERSO DE ASTENIO FERNANDES

HOMENAGEM AOS POETAS DO RECANTO DAS LETRAS1

1

“Tendo às mãos o poder de ser feliz,”
Eu sei o quanto posso caminhar
Sabendo quando devo navegar
Vivendo o que deveras eu bem quis,
Assisto à derrocada e a cicatriz
Expressa a realidade aonde o mar
Pudesse cada sonho transformar
E tanto quanto pude se desdiz
O passo noutro tanto em que buscara
Além da vida atroz, feroz e amara
O brilho iridescente da manhã
E sei da luta audaz que ora perfaço
Ganhando pouco a pouco em duro traço
O corte mesmo quando a vida é vã.

SOBRE VERSO DE ELISCHA DEWES


2


“Bebei do seu fragor, o vinho tinto e puro,”*
E trace com carinho o mundo que virá
E dele novamente o sol se mostrará
Enquanto em fantasia atroz assim perduro,
Vencendo a tempestade e tendo o que procuro
O mundo mais tranqüilo e disso desde já
Eu faço com meu verso o quanto poderá
Trazer felicidade em céu outrora escuro,
Não tendo mais a dor aonde se previra
A morte em vida ou mesmo a solidão venal,
O passo que perfaço adentra imenso astral
E assim se molda a sorte e quando a paz é mira
Atiro-me no encanto aonde traduziste
O coração em luz, antigamente triste...

SOBRE VERSO DE EDIR PINA DE BARROS

3


“Timbre viril no sangue, a inconseqüência”
Funesta realidade em que se vê
Um mundo aonde tanto e sem por que
A vida se mostrando em inocência
Assim ao perceber total ausência
Do fato que mostrara e sem se crê
Na solução porquanto se revê
História com terrível anuência
Do pendular caminho onde porfio
O quanto pude até num desafio
Fazer novo soneto em tom maior,
Jazigo da esperança o verso atroz,
E nele se escutando a minha voz,
Estrada para o fim, eu sei de cor....

SOBRE VERSO DE MIGUEL EDUARDO GONÇALVES

4

“O nexo de viver, um tempo original.”
Aonde se pudesse acreditar
Mais forte do que céu, luar e mar
O verso se mostrasse triunfal
Ascendo assim degrau após degrau
Ao quanto mais desejo imaginar
Vencendo os meus temores, devagar
Encontra um sereno então a nau
Porquanto não gestasse outro caminho,
E quando me encontrasse mais sozinho
Pudesse neste pouco, muito ou tanto
Erguendo o meu olhar neste horizonte
Sabendo a direção na qual se aponte
O rumo noutro encanto que ora canto.

SOBRE VERSO DE DIANA GONÇALVES

5

“quisera amar-te, mas não sou capaz,”
E assim talvez consiga ver o quanto
Depois de tantas dores, desencanto
Encontro finalmente a imensa paz,
E quanta fantasia o sonho traz
Embora se perceba torpe manto
Aonde a solidão, duro quebranto,
Traçando um dia a dia tão mordaz,
Mas quando no oceano da ilusão
Mergulho e percebendo a direção
Dos barcos eu desvendo assim o cais,
E dele me ancorando em fantasia,
A mão que tanto acolhe enquanto guia
Traçando novos dias, magistrais.

SOBRE VERSO DE ELODY

6


“E pudessem então explicar essa dor”
Que aqui conserva o medo aonde poderia
Saber tão simplesmente apenas da alegria
E nela novamente o rumo recompor,
Quisera acreditar e assim sem mais temor
Urdindo com meu verso a imensa fantasia
Aonde o caminhar deveras me traria
Além desta mortalha o bem do grande amor,
Pudessem me falar, os sonhos, pesadelos
Que a cada nova noite estúpida revê-los
Trazendo ao sonhador a fúria das tempestas
E delas se mostrasse um novo alvorecer
Enquanto se traçasse assim em tal prazer
A luz em galhardia, aonde a paz tu gestas.


SOBRE VERSO DE MARCELO BANCALERO


7



“Ajustar sílabas num verso estreito”
Traçando o sentimento em poucas linhas
E quando se percebe te avizinhas
Do rumo que deveras satisfeito
Trazendo viva voz ao mais perfeito
Fazendo das palavras tuas, minhas,
Plantando maravilhas, não daninhas,
O encanto num soneto tem seu pleito
E dele se mostrasse em tom suave
Liberto caminheiro sabe da ave
E como fosse assim um passarinho
O coração cigano de um poeta
Grassando em fantasia se liberta
Bebendo das palavras, raro vinho.

SOBRE VERSO DE ÁLVARES PARAHYBA




8


“Um sereno mirante em sáfara vereda”
Transgride com tal fúria a que se fez bacante
E vendo este caminho enquanto se agigante
A sorte noutro encanto, ao menos já conceda
A quem se fez poeta e assim quer e segreda
Falando sobre o tanto aonde fascinante
Orgástica alameda e nela a cada instante
O mundo se traduz; loucura em que proceda
O rito sensual e dele não se negue
Sequer a fantasia aonde já navegue
O tanto que desejo e sei ser muito além
Da senda preferida e sempre desejada
Alçando o paraíso insana madrugada
Aonde cada gozo, o que mais nos convém...


SOBRE VERSO D FÁBIO R


9


“Depois da benzedura fico quieto”
Já não comporta a porta em que engana
Assim a minha vida é mais profana
E o sexo meu assunto predileto,
E quando se prepara algum afeto
A morte não se mostra soberana
Enquanto este calor em mim se ufana,
Meu verso não seria mais completo
Não fosse esta certeza aonde vejo
Momento mais tranqüilo em azulejo
Ditando alguma sorte pra quem tanto
Sabendo usufruir sem mais perguntas
As almas em sevícia seguem juntas
Usando da nudez divino manto...


SOBRE VERSO DE JIMII

10

“A vida que tem também faces ferozes”
Ao trazer a dor repete velha história
E dela se faz o que bem sei vanglória
E ninguém mais escuta nossas vozes
Os dias comuns, mordazes quando atrozes
Não sabem jamais o que fora vitória
E traçam do não destroços da memória
Sabendo o terror e neles meus algozes
E do que passou prevejo o que virá
Caso a direção não mude desde já
Mudança sutil ao menos poderia
Gestar nova luz e dela com certeza
O que se faz vil devorando tal presa
A faca nas mãos matando a fantasia.

SOBRE VERSO DE ROMMEL WERNECK

11

“O azul do beija-flor, o azul da arara,”
Azulejando o céu de uma esperança
Aonde o olhar azul da sorte lança
O sul em azuis tons, o sol aclara,
E quando outrora blues agora em rara
Sobeja fantasia a vida avança
E assim em tons marinhos não se cansa
E a cada nova sorte anil declara,
Esboças o matiz desta alvorada
E nela se porfia novo tempo,
Deixando em tons sombrios contratempo
Iridescência em sonhos declarada
E nesta confluência, belos tons
Os dias com certeza serão bons.

SOBRE VERSO DE NILZA AZZI.


12

“Pinta o sete, celeste e tupi,”
Coração que se fez mais feliz
Um eterno e sincero aprendiz
Do que tanto sabia ou perdi
Existindo a promessa que em ti
Reconheço e deveras eu quis
Não permita maior cicatriz
Do que aquela que sei desde aqui
A esperança traçando outra senda
Onde outrora se fez mais cruel
Verdejante esta mata, este céu
De um anil bem maior se desvenda
Atendendo ao que tanto sonhei
Da justiça dourando esta grei.

SOBRE VERSO DE AMARGO





13

“Pra quê querer a cruz, dar asas à vaidade?”
Não poderia mesmo ainda acreditar
Num dia em que esta vida imersa em luz solar
Diversa deste nada aonde já degrade
Encanto de outro tempo, esboço uma saudade
E vejo tão somente o frio me tomar
Matando o que pensei em sol por sobre o mar,
E apenas o vazio enfim domina e invade.
Seara destroçada, assim vejo o futuro
Aonde poderia um cais manso e seguro
Palavra que se lavre em paz e temperança
Agora sem esteio eu sinto amortalhada
A velha poesia ausente ou desolada,
Ao ver o teu soneto entranha esta esperança!

SOBRE VERSO DE FIORE CARLOS

14

“onde o vento feroz vem celebrar a Morte”
Assisto à derrocada aonde houvera um sonho
Cenário se enlutando em ar duro e medonho
Pudesse ter aqui ao menos novo norte
Das brumas tão venais a vida em vil aporte
O quanto em solidão num ar torpe e tristonho
Enquanto outro momento, às vezes eu proponho
E dele qualquer luz, espero que comporte.
Mas sei quanto é sofrida a vida de quem tenta
Vencer com calmaria a fúria da tormenta
E nada conseguindo, entraves corriqueiros
E neles se revela a sorte desdenhosa
De quem ao ver a dor, da dor intensa goza
Meus versos do final são meros mensageiros...


SOBRE VERSO DE VIDENTE








15


“Há de entender que as cores da saudade”
Transformam o passado em viva voz,
E assim ao mergulhar em cena atroz
Apenas a lembrança desagrade,
E cria novamente tola grade
Aonde poderia em novos nós
Matar este passado mais feroz
E quando isto se torne realidade
A espessa maravilha feita em luz
Pudesse novamente além da cruz
Gerar outro momento em luz sublime,
Mas quando renascido este vazio,
A cena em que meu verso, pois desfio
Desnuda em torpe luto, um velho crime

SOBRE VERSO DE CIRO DI VERBENA


16


“ATUA EM MINHA VIDA, ASSIM TÃO BELA”
A sorte desenhada em tantos brilhos
Os sonhos são deveras andarilhos
Enquanto a poesia me revela
O tanto que se em luzes farta sela
A vida em novos rumos, claros trilhos
Não vendo a cada passo os empecilhos,
Perfaço a poesia como a tela
Que tanto poderia me trazer
Além de simplesmente algum prazer
A magistral idéia do perfeito,
Distante desta senda, nada faço
E tento reparar errôneo traço,
Mas mesmo assim no verso eu me deleito!


SOBRE VERSO DE RONALDO RHUSSO


17


“Ser feliz é um átimo na vida”
Um instantâneo apenas, nada mais
Enfrento a cada dia os vendavais
Buscando, labirinto, uma saída
E tanto se prepara a despedida
Enquanto os versos fossem mais venais
E deles adivinho este jamais
Do qual a sorte atroz se faz urdida,
Esgueiro-me entre as sendas mais terríveis
Buscando novos tempos impossíveis
E neles o que tanto ainda agrade
Quem sabe poderei de certa forma
Beber a fantasia que transforma
Gerando enfim em mim: felicidade!

SOBRE VERSO DE EMÍLIO CASTRO ALVES

18

“Acendo outro cigarro, o fumo me conforta...”
Assim ao me entregar aos sonhos do passado
O mundo que eu sonhara há tanto abandonado
Abrindo o coração; antiga e torpe porta
Enquanto esta ilusão ainda chega e aporta
O corte a cada não eu sinto aprofundado
O amor que eu tanto quis; num bar tão desolado
Seara da esperança eu sinto agora morta,
E o vento na janela, a vida noutro rumo
E como este cigarro aos poucos eu me esfumo
E vejo a solidão tomando todo espaço
Aonde poderia ainda crer na sorte
Diversa da que tenho e ainda me porte
O olhar nesse horizonte, ausente, morto, lasso...

SOBRE VERSO DE GOLBERY CHAPLIN


19


“Pra que meu mundo só de azul se vista”
Entranho pelos céus em azulejo
E quando alguma bruma inda prevejo
Momento que envilece não assista
Quem tanto percebera e até insista
Singrando cada via do desejo
E tanto se formando num lampejo
A sorte que é deveras tão benquista
Assisto aos derradeiros pesadelos
E quando vejo o azul ora envolvê-los
Tornando a minha noite mais risonha
Agraciando a messe de viver
Com tal imensidão feita em prazer,
Uma alma tenta o anil, liberta sonha...

SOBRE VERSO DE OKLIMA


20


“Invento, quando em vez, fazer aposta”
Sabendo da derrota antes do fato
E tanto quanto posso me maltrato
A vida a cada passo mais desgosta
De quem se imiscuindo sabe a crosta
E dela se percebe novo trato
O vento se transcorre em desacato
Palavra; eu não aceito quando imposta,
E tento a liberdade a cada passo
E tanto se pudesse, mas não faço
Do gozo temerário em vaga sorte,
Reveses eu conheço já de cor,
Não sei ser se menor tanto ou maior
Apenas que o prazer dome e comporte.

SOBRE VERSO DE PAULO CAMELO

21


“Duração de uma ruga retocada”
Especular vontade num aborto
Assim uma esperança em ar já morto
Não deixa que se veja além mais nada
E quando se propõe uma alvorada
Nefanda realidade dita o porto
E sigo; quantas vezes, mais absorto
Revivo a cada não a madrugada
Aonde em disparates me perdera
E tanto não pudera ou concebera
Ainda o renascer, mesmo tardio
Percorro as velhas sendas do que fora
E agora se percebe tentadora
A morte em cada verso, desafio...


SOBRE VERSO DE CARTA E VERSO


22

“A vila estava enfeitada”
Coração na boca, o sonho
Antes fosse mais risonho
Poderia ensolarada
A manhã felicitada
Pelo quanto recomponho
Do meu dia e me proponho
Renascer após o nada
Onde tanto poderia
Já não cabem mais palavras
E os meus versos ditam lavras
Sorte em festa? Não desvendo,
Mas encanto que estupendo
Renascendo em poesia...


SOBRE VERSO DE ALEXANDRE TAMBERELLI


23

“Eu queria um poema que imprimisse”
Em minha tez além do sofrimento
Aonde tatuasse o pensamento
E nele novo tempo que inda visse
O olhar que na verdade não cobice
O quanto em cada verso dita alento
Porém se para tal vivo talento
Já não suportaria uma mesmice
E assim ao me entregar sem norte ou rumo
Errático cometa se eu me assumo
Enfrento os vendavais tão corriqueiros
Poeta/agricultor sabe as searas
E nelas muitas vezes tu me amparas
Gestando em calmaria estes canteiros.


SOBRE VERSO DE GABRIEL CHERUBASH

24


“Sem forças recolhi meu amor parco”
Bebendo desta sorte tão funesta
E agora na verdade o que me resta
Levar como puder, a vida, o barco,
E sendo assim se errôneo mesmo eu arco
Enganos dominando a minha festa
Abrindo o coração, imensa fresta
O mundo se eu pudesse aqui abarco,
Mas vivo por viver e toco a vida
Embora reconheça uma saída
Embarco neste amor, mesmo sofrido
Herdando dissabores, nas tabernas
Diverso do que tanto agora externas
Ainda onde não fosse por libido.

SOBRE VERSO DE JRPALACIO


25


“O que ela tem de bela tem de esnobe”
E assim bem poderia acreditar
Na deusa deste imenso lupanar
Não fosse desfilar com tanto bob
Querida, por favor assim não sobe
Tampouco se eu tentasse desvendar
Magias onde outrora fiz altar,
E agora nem se fosse por um hobby.
O quanto me fizeste de panaca
Meu barco noutro cais, amiga, atraca
Estorvo? Já me basta a solidão.
E tanto poderia ter nuances,
Mas quando pavoneias nunca alcances
Dos meus anseios todos, direção.

SOBRE VERSO DE GONÇALVES REIS


26


“Nesse seu ar distante e indiferente”
A vida não mostrasse novo brilho
Enquanto fantasio e maravilho
Cenário onde se possa ou mesmo tente

Viver novo momento iridescente
E dele com ternuras eu polvilho
Diversa realidade onde palmilho
E beijo este passado, adolescente.

Sabendo do presente em que me vejo
Tocado num instante e num lampejo
Somente pela luz tão variável

Do encanto num segundo e nada além
Lembrança de outros dias ora vem
Transformando o implausível, palatável.

SOBRE VERSO DE KATHLEEN LESSA


27

“Repetir eu não queria”
Mesmo engodo do passado,
E ao me ver tão desolado
Senda amarga e mais sombria
Destilando a poesia
Mesmo texto decorado,
Outro engano, tolo enfado
Repetindo antigo dia
Onde pude ser feliz,
Quando fora um aprendiz,
Mas ao ver as cicatrizes
Tatuadas; pesadelo
Tão somente por revê-lo
Desencantos? O que dizes.

SOBRE VERSO DE CELINA FIGUEIREDO


28


“Princesa nunca fui, sequer pretendo”
O mundo transformando este castelo
Na angústia do sonhar, momento belo
Que fora noutro tempo, um estupendo
Delírio, mas agora que desvendo
Somente em minhas mãos, duro rastelo,
O quanto poderia e me enovelo
Nos dias em que a dor já me contendo
Não trazem nem as sombras do que fora
Uma alma muitas vezes sofredora
E nela esta verdade se completa,
Decerto caminheira do infinito,
O encanto tão passado eu exercito
No quanto traduzisse o ser poeta.

SOBRE VERSO DE HLUNA

29


“Pouco a pouco subiríamos”
Ao que tanto desejamos
Se deveras formos ramos
Do que tanto concebíamos
E decerto percebíamos
Que sem termos, sermos amos,
Liberdade nós galgamos
Muito além do que sabíamos,
Coração se libertário
Sabe o quanto é necessário
Na verdade ter um sonho
E se dele eu me deserto
O meu segue incerto
O meu canto, então, medonho!

SOBRE VERSO DE REJANE CHICA...


30


“Pela encosta da praia vou vagueando”
Seguindo cada passo deste sonho
E nele com certeza eu me proponho,
Ao um dia mais tranqüilo, ou mesmo brando,
Ao ver as andorinhas, belo bando
Migrando pelos ares num risonho
Caminho, solitário; então me exponho,
A fantasia em dores sonegando
Um dia mais tranqüilo em ondas calmas,
Aonde se entregando nossas almas
Pudesse acreditar enfim no amor,
Porém tantas procelas vida afora
E o medo de seguir intenso aflora
Negando todo passo em vão torpor...

SOBRE VERSO DE HELENA GRECCO.

31





“Bela rosa tem espinhos”
Deles fujo enquanto posso,
Mas encanto agora endosso
Quando sinto os teus carinhos,
Outros dias vãos, sozinhos
Sem o sonho teu e nosso,
Quanto em ti eu me remoço
Como eu fosse raros vinhos
E ao vagar em mansas ondas
As borrascas que me escondas
Perpetrando tal magia,
A minha alma embevecida
Quando estás em minha vida,
Noutro tanto fantasia...

SOBRE VERSOS DE OLHOS DE BONECA



32


“A felicidade é uma triste canção”
E quando se pudesse ainda acreditar
Nas ânsias mais sutis e delas céu e mar
Singrando em tempestade, espúria direção,
A cada novo cais, eu sinto outro tufão,
A vida não podia assim determinar
A vária realidade e nela irei buscar
Apenas temporais, os nortes me trarão?
Assíduo sonhador eu tento outra saída
A morte desenhada aos poucos doma a vida
E a despedida então entranha cada verso,
Pudesse navegar em águas mais tranqüilas,
Porém quando a verdade amarga tu destilas,
O canto que ora faço, em si mesmo diverso.


SOBRE VERSO DE NEUSI SARDÁ.


33


“Pintar co’o colorido da ilusão”
Um mundo mais suave e mesmo enquanto
Tentando novo manto e sem quebranto
Vibrasse nos delírios do sertão
Sabendo dos momentos que trarão
Caminhos para quem se perde ou tanto
E tendo esta certeza agora eu canto,
Matando o que pudesse solidão,
Escrevo cada verso como fosse
A vida este tormento que agridoce
Trouxesse tanta paz quanto a procela
Assim seara imensa descoberta
Enquanto me acolhendo ora deserta
Dicotomia intensa me revela...

SOBRE VERSO DE ANA MARIA GAZZANEO.



34


“É lúdico enquanto dura”
E terrores logo após
Tanto assim os mesmos nós
Produzindo esta amargura
Aonde outrora quis ternura
Quando alenta é meu algoz,
E se manso diz feroz
Maltratando me depura,
Sendo assim a cada instante
Nave firme ou flutuante
Gera rosas nos espinhos
E se tento navegar
Ressecando céu e mar,
Quando traça os meus caminhos...

SOBRE VERSO DE CESAR LICZIBINSKI


35

“Por aquela extensa e sinuosa estrada”
Vagando o caminheiro em busca de algum cais
Aonde não tivesse apenas vendavais
A sorte tanta vez há tempos destroçada
E nela não se vê sequer uma alvorada
Resposta a cada passo, assim se diz jamais,
Enquanto em vosso encanto, aos poucos derramais
Momento em que talvez ainda reste o nada.
Vencido pela angústia expondo a cada engodo
O quanto do meu passo enfrenta sempre o lodo
Mudando a direção deveras poderia
Saber porto seguro e nele enfim colher
A dádiva sublime e nela este prazer,
Porém somente a dor e nela esta agonia...


SOBRE VERSO DE NILS ZEN

36


“Nas noites em que a lua vai dormir”
Por sobre estas colinas, no além-mar
A cada instante volto a me lembrar
Do quanto poderia inda sentir
O amor ao dominar o meu porvir
Traçando com beleza este luar
E nele novamente me entregar
Sabendo do prazer, doce elixir,
E sendo assim a vida nos impõe
Momento prazeroso onde se expõe
O sonho aonde o pouco se completa,
Por isso neste encanto tropical,
Revejo o meu divino Portugal
Agradecendo a Deus por ser poeta!


SOBRE VERSO DE HENRICABILIO


37



“Por isso não se pode arrefecer”
Quem tanto batalhasse por um dia
Aonde a sorte imensa merecia
Ao menos um momento de prazer,
A vida dominando todo o ser
E neste belo encanto, a melodia
Que tantas vezes ouço como ouvia
Nas horas em que pude te conter.
Beleza sem igual, doce desejo
E nele saciado enfim prevejo
Um raro sol exposto na manhã
Lutar a cada instante sem fugir
Garantirá decerto um bom porvir
Valendo sempre enfim, o imenso afã...

SOBRE VERSO DE REGINA COSTA


38


“Deus entregou a terra ao ser vivente”
E pode com tal ato demonstrar
O quanto se é capaz mesmo de amar,
Embora o fim de tudo se apresente
Na mão que mais feroz já violente
O que se fez supremo, um belo altar
E assim a cada dia desfiar
A morte noutro tanto e desalente
Quem sonha com momento mais suave
Ao destroçar assim, seu barco e nave
Apenas o final, um sacrilégio,
Pudesse adivinhar esta amargura
Do Criador diversa criatura
Não teria jamais poder tão régio...

SOBRE VERSO DE CLAUDIO CAMARGO MARTINS

39


“Valeria pelo fato”
De um momento mais audaz
O que tanto satisfaz
E deveras desacato,
Não podendo este regato
Ser diverso e tão falaz
Onde busco ainda a paz
Só percebo este maltrato,
Riscos tantos nesta vida
Tateando muitas vezes
Já não somos mais as reses
Nem tampouco a despedida
Sendo urdida a cada não
Possa dar a direção.

SOBRE VERSO DE EDSON PAULUCCI


40


“Solidão cinzelou-se nos meus dias”
Aonde poderia acreditar
Na sorte bem diversa a me guiar
E nela com certeza já porfias
Mudando a direção, sem agonias
E quando mergulhasse no teu mar
Sabendo da beleza a se mostrar
Traçando com ternura garantias
De um tempo mais tranqüilo e nele eu vejo
Incomparável luz; vivo e sobejo
Caminho que me leve à perfeição
De um claro amanhecer em plenitude
E quando a solidão aos poucos mude
As sendas mais sublimes se farão.

SOBRE VERSO DE DENISE SERVEGNINI



41


“E o teclado ficou mudo”
Quando poderia ter
Um momento de prazer,
Mas agora se transmudo
Poesia; eu não me iludo
E decerto passo a ver
No talvez pudesse ser
Bem diverso, e assim me mudo,
Solitário? Vez em quando
E se tanto me mudando
Coração já não descansa
A verdade dita a sorte
Tendo o verso que conforte,
Minha vida será mansa...

SOBRE VERSO DE KATE WEISS


42


“Escravo da visão descreve o medo”
Qual fosse qualquer queda após a escada
A porta muitas vezes arrancada
Não sabe mais guardar qualquer segredo,
E quando em poesia eu me concedo
Vibrando com a noite enluarada
Romântica figura não diz nada,
Neon tecendo em brilho novo enredo,
Assíduo companheiro da loucura
Lunática presença me assegura
Nos bares, aguardentes, taça e vinho,
Mas quando me percebo em luz intensa,
Do quanto poderia em recompensa
Voltando para a casa, estou sozinho....


SOBRE VERSO DE DUDU DE OLIVEIRA


43


“Hei de amar-te por toda eternidade”
Assim não calarei mais o desejo
De ter a cada instante o que não vejo,
Mas sinto com mais força ora me invade,
Viver imensidão, felicidade
E nela todo o sonho em que azulejo
A vida num momento mais sobejo
Deixando para trás realidade.
Amar-te e crer deveras neste alento,
E quando me tocasse o sofrimento
Sabia novo rumo em minha vida,
Assíduo companheiro da ilusão
Certezas ou promessas guiarão
O passo sem saber da despedida...

SOBRE VERSO DE EDITH LOBATO


44


“Meu tempo completo”
No verso que faço
Assim sigo o traço
Perfeito e dileto
E se desafeto
Tomando este espaço
O rumo que caço
Deveras concreto
Permite esta lavra
A cada palavra
Tecendo infinito,
E sendo poeta
Amor minha meta,
O verso é meu grito!

SOBRE VERSO DE SUNNY LÓRA

45


“Hoje procuro em terra a embarcação”
Que possa me trazer algum alento,
A vida se perfaz em sofrimento
Enquanto no infinito a direção
Meu verso se completa em tanto não,
Mas nele vez em quando me apascento
Domando o mais complexo pensamento
Aonde quis um dia meu verão
O tempo sonegando cada fato
E tanto noutro tanto me retrato
Que eu possa me fazer de luz e brilho,
Assim ao me entregar à poesia
Um quanto ainda vivo fantasia
Diverso deste engodo que ora trilho.

SOBRE VERSO DE NATHAN DE CASTRO.


46


“Se os caminhos são confusos”
Muitas vezes diz engano
O que penso em desengano
Complicando velhos fusos
E se em tantos parafusos
Dita o mundo soberano
O que tanto ainda ufano
Serve apenas aos desusos
Entre abusos, usos, farpas
Entre cortes, sortes; vejo
O que dita o meu desejo
Penetrando por escarpas
Logo o vale se aproxima
Melhorando uma auto-estima.

SOBRE VERSO DE MIGUEL JACÓ.



47



“Por sobre o vasto mar e seu atol”
Solares maravilhas encontrei
Dourando com ternura a minha grei
Tocando com beleza este arrebol,
E quando permitisse assim a o sol,
O quadro pelo qual me emoldurei
Beleza sem igual eu naveguei
Amor se demonstrando ser de escol,
E tanto poderia ser assim
A vida deveria ter em mim
Tranqüilidade imensa em tal beleza
E quando me sentisse mais feliz
A sorte desairosa não desdiz
Levada pela rara correnteza.

SOBRE VERSO DE ARÃO FILHO.


48


“Tremo com o silêncio dos honestos”
E sinto assim que pode ainda haver
Depois de tanto inglório desprazer
Momentos que não sejam tão funestos
Não posso perceber entulhos, restos
Aonde poderia mesmo crer
Num raro e tão sobejo amanhecer
Deixando para trás torpes incestos
Na sorte em derrocada, dor cruel
O mundo não traduz o seu papel
E mata qualquer sonho de um momento
Ao menos onde eu possa desvendar
Beleza tão poética em luar
E nela com certeza enfim me alento.

SOBRE VERSO DE JACÓ FILHO.


49


“Traz a festança revirando a ceia”
A forte tempestade em que se vê
A vida sem saber sequer por que
E nela cada angústia se receia,
A lua que pensara outrora cheia
Agora bem distante não mais crê
Na vida em desregrado rumo e o se
Domina a realidade em que se anseia
A sorte no horizonte desvendada
Raiando com o sol numa alvorada
Aonde iridescente raio eu vejo,
E quando se tornasse tão brumosa
A morte se mostrando caprichosa
Matando o que eu sonhara em azulejo

SOBRE VERSO DE VITOR DE SILVA



50

“não te esqueças, meu senhor”
Quantas vezes poderia
Tanta luz em noite fria
Se eu tivesse enfim, o amor
Nada pode recompor
O meu sonho em fantasia
Onde a sorte mostraria
Qualquer rumo a se propor
Verso feito em noite mansa
A verdade sempre alcança
Neste tanto que sou tua
A mortalha do passado,
Noutro tempo desolado,
Hoje em dia não atua...

SOBRE VERSO DE DEDETE


51


“Sentindo esse desejo exacerbado”
Aonde a sorte dita o meu caminho
Se eu tenho com ternura este carinho
A solidão deixando no passado
Momento com prazeres desvendado
Jamais caminharei, pois, tão sozinho
E quando do teu lado me avizinho
Encontro novo rumo em flóreo prado,
Sabendo desta eterna primavera
A vida em tua vida se tempera
Gerando eternidade em cada verso
E quando imaginara mais distante
Agora ao perceber-te fascinante
No encanto deste amor eu sigo imerso.

SOBRE VERSO DE MARIO ROBERTO GUIMARÃES


52


“Um cansado colibri”
Procurando primaveras
E decerto não esperas
O que tanto quero em ti
Se eu pudesse o que perdi
Novamente em novas eras
Ao matar velhas quimeras
Louco amor eu concebi
Sorte amarga de quem sonha
Sorte dura e tão medonha
Cada dia mais se afasta
Minha vida sem amor
Vai perdendo toda a cor
Dia a dia mais medonha...

SOBRE VERSO DE MAVI


53


“O pêndulo seguia desvirtuando”
O dia após o dia, mês a mês
Diverso do que agora ainda vês
Aonde imaginara bem mais brando
E sei o quanto sinto mais nefando
A vida sem saber sequer porquês
Alheio caminheiro; já não crês
Nem mesmo se decerto demonstrando
A senda preferida, a mais gentil,
Ainda que outro rumo, pois sentiu
Quem tanto procurara a mansidão,
Por certo não teria outro momento
Se eu quando mais distante me atormento
Inverno dominando algum verão.

SOBRE VERSO DE SOGUEIRA


54


“Firmes, frouxos, sinceros d’improviso”
Os versos que ora faço para ti,
Um repentista sonha e me perdi
Tomado pela sorte, sem juízo
E quando percebera este impreciso
Caminho pelo qual eu percebi
O rumo enfim traçado, lá e aqui
No encanto em que deveras me matizo,
O laço mais sublime poderia
Gestar dentro de nós esta aliança
À qual a poesia ora se lança
Traçando a cada rima uma alegria
E quantas vezes; bebo este aguardente
E nele este torpor que me apascente,

SOBRE VERSO DE MVA


55


“Os trovadores vão formar corais”
Aonde a poesia dita uma ilha
E nela o sonhador decerto trilha
Momentos com nobreza, magistrais
E quando se mostrassem portos, cais
Palavras são deveras a armadilha
Cadência em rica rima sempre brilha
Traçando versos raros, divinais
E posso em vossas tramas mergulhar
Silvia Araujo POETISA Motta
Aonde a poesia sempre brota
E tem com tal sobeja um raro altar
E nele a fantasia rege a trova
Que um mero repentista agora prova,


SOBRE VERSO DE SILVIA ARAUJO MOTTA