quinta-feira, 15 de abril de 2010

HOMENAGEM A ISAIAS GAMBOA

LA SONRISA DEL RETRATO


Pintaba un gran artista la figura
de una mujer; pero en la boca había
un rasgo que a su genio se escondía,
que escapa al pincel y a la pintura:
una sonrisa de ideal belleza,
que era como un destello de ternura
perdido en una sombra de tristeza.

De repente el pintor, en la ansia loca
del genio que al crear se inmortaliza,
en un golpe de luz trazó en la boca
la secreta expresión de la sonrisa.

Miró su obra el artista un largo rato
con la muda ansiedad del embeleso.
Y, después, en un íntimo arrebato,
acercóse frenético al retrato,
y borró la sonrisa con un beso.

ISAÍAS GAMBOA
















1



“Desmanchou o sorriso com um beijo”
Dessedentando o quando desejara
A sorte noutra senda bem mais clara
E dela este momento qual lampejo
No qual a cada instante enfim prevejo
O quanto poderia ser mais rara
A vida aonde o sonho se embarcara
Gestando algum instante mais sobejo.
Não pude desvendar outro caminho
Somente deste amor em que me alinho
Vibrando com ternura aonde um dia
O verso se fez forte e com ternura
Assim a vida gera esta moldura
Aonde guardo viva a fantasia...


2


“frenético, acercou-se do retrato,”
Quem tanto desejara novo alento
E quando se mostrara em sofrimento
A sorte desandando noutro fato
Aonde poderia ser regato
Imensa corredeira e em tal tormento
A foz já se distando, o pensamento
Traçando outro caminho mais ingrato.
Assume-se decerto este cenário
Gerado por que tanto em abandono
Porquanto da ilusão teimo e me adono,
O amor seria um mal tão necessário,
Viceja uma esperança mais sutil,
O quanto desejei? Nunca se viu...


3


“E depois num momento eu me arrebato”
E sigo contra toda esta vileza
Do amor que quando traz uma incerteza
Gestando invés de luz, algum maltrato,
Refém de alguma fúria já passada
Não posso caminhar, perco o futuro,
E quando de outro tanto me asseguro
Ainda não vislumbro quase nada,
Estrada sem sequer acostamento,
O peso da promessa não cumprida
Não deixa a quem porfia uma saída
E assim esta mortalha eu apresento
No cerne da questão, amor e glória
Ao fim só vejo em dor, luz merencória.


4


“Com a muda ansiedade da beleza”
Que pode me trazer dor e transtorno
Enquanto ao meu passado não retorno
Ainda segue viva esta incerteza,
E sendo ao fim de tudo, mera presa
Aonde se pensara em tempo morno,
A vida sem sequer qualquer adorno
Não traça o que eu buscara, e sem surpresa
Eu teimo contra a força da ilusão
E dela novos medos moldarão
Cenário em que se vê caricatura
Do sonho transformado em pesadelo
Pudesse, meu amor, enfim contê-lo,
Porém a tua ausência me tortura.


5


“Mirando; o artista esta obra em longo tempo”
Percebe quantas cores, mil matizes,
Deixando para trás velhos deslizes,
A sorte superando o contratempo.
Mas tudo não passando de esperança
E dela não se vê mais um sinal
Aonde poderia triunfal
Ao mesmo desvario já se lança
A vida em tal mortalha desenhada,
Assisto esta beleza com tal zelo
E mesmo este cenário posso vê-lo
Diverso do que tanto vira em nada,
Disfarço, mas percebo deste artista
A força de quem teima e não despista.

6

“A secreta expressão de algum sorriso”
Trazendo paz a quem tanto soubera
Da vida como amarga e dura fera
E dela cada passo em tom preciso
Mergulha neste imenso prejuízo
Aonde não se vê mais primavera
E quando a realidade se tempera
Traçando um passo atroz, mesmo impreciso
Ainda poderia crer num fato
No qual a cada passo me retrato
Enquanto me fizesse mais feliz,
O mundo esvaecendo alguma luz
Invade cada dia em que me pus
Tentando desvendar o quanto eu quis.


7


“com um golpe de luz trançou na boca”
Beleza de um sorriso à Mona Lisa
A sorte muitas vezes não avisa
Enquanto noutra senda já se aloca
E assim ao se mostrar bem dividida
Mesquinharia dita o que pudesse
E mesmo se inda houvesse rito ou prece
De nada valeria em minha vida,
Perdido sem sentido há tantos anos
Apenso no futuro em Luz sombria,
O quanto ao nada ser o hoje me guia
Gerindo o que me resta: desenganos,
Não pude ter comigo um novo sol,
Neblina dominando este arrebol...



8


“do gênio que ao criar se imortaliza”
Traçando em perfeição; belo cenário
O quanto se fizesse necessário
Trazendo invés da fúria, mansa brisa,
Descrevo com ternura cada verso
E dele renascendo outro soneto
E enquanto na esperança eu me arremeto,
O mundo que pensara mais perverso
Expressa a redenção de quem partira
E enfrenta as mais terríveis tempestades
Portanto quando incerta me degrades
Apagas a ilusão que é tosca pira
E o quanto em carrossel a vida trama
O quanto poderia ter em chama...



9


“De repente o pintor numa ânsia louca”
Expressa com beleza bem sutil
Aquilo que somente o amor previu
E desta maravilha se treslouca
Uma alma enamorada mesmo quando
Em ares mais sombrios se percebe
O quanto em desamor vida se embebe
Aos poucos fantasia, assim, matando,
Esgares costumeiros, nada além
Assim se perpetua o que sofri,
Procuro insanamente e sei de ti
Somente pelas ânsias que contêm
A vida noutra esfera mais atroz
Rompendo o que pensara em fortes nós.


10



“perdido numa sombra de tristeza”
Assisto à derrocada deste sonho
E quando à realidade atroz me oponho
A vida não prepara outra surpresa
E sigo quando quero quase ileso,
Mas sei das Dores tantas de outras eras
E assim quando em terror tu me temperas
Matando este delírio que ora prezo,
Acendo esta lanterna e posso ver
Apenas os sinais que tanto quis
Morrendo a cada dia este infeliz
Não poder conceber qualquer prazer
Aonde merecia alguma chance,
Da luz que redimisse, nem nuance...


11

“O que era como um brilho de ternura”
Agora se mostrando muito mais
Vencendo em mansidão os vendavais
A sorte finalmente se assegura
No passo mais audaz em que se cria
O tempo mais tranqüilo em calma foz,
Assim o que pensara outrora atroz
Deveras noutra face mais sombria
Encontro com total beleza quando
O mundo se mostrara mais gentil
E tendo esta certeza aonde viu
O amor noutro caminho transbordando,
Inunda-se de sonho e de esperança
A vida que em tais cores sempre avança.


12


“um sorriso de esplêndida beleza,”
Traçado pelas mãos de que conhece
Ao mesmo tempo dita a plena messe
Matando o que já fora uma incerteza
E assim ao se vencer a tempestade
Não pude mais sentir sequer alento
E quando nos teus lábios me apascento
Ternura incomparável, pois me invade
E posso ter nas mãos o novo dia
E dele cada verso se fará
Tocando desde aqui e desde já
A sorte com sobeja maestria,
Refém deste momento em luz imensa
Uma alma noutra coisa não mais pensa...


13


“que escapava ao pincel e à pintura”
As sombras de um passado mais mordaz,
Mas quando esta ventura agora traz
A mão que tanto fia e me assegura
Cenário mais bonito em que prevejo
Realizados todos os delírios
Deixando no passado tais martírios
O mundo com ternura em verso eu vejo
E bebo cada gota do que fora
Além de mera luz, intensidade
Matando o que restara em mim, saudade
Uma alma volta a ser tão sonhadora,
E tendo esta certeza em seu buril,
A sorte novo tempo em paz, previu..



14


“um rasgo que a seu gênio se escondia,”
Gerando a melhor sorte a quem se dera
Desesperança atroz, temível fera
Já não conhece mais a luz do dia,
Mortalha que tecera esta agonia
Delírio de um poeta em primavera?
Não mesmo, minha sorte se tempera
No brilho que este olhar ora irradia,
E vejo novo mundo em minha frente
O quanto do prazer já se pressente
Acrescentando luzes a quem tanto
Soubera desfiar com verso e canto,
O mundo mais feliz que me apascente
Deixando no passado algum quebranto.



15



“Da formosa mulher em que se via”
Beleza incomparável, doce encanto,
Amando muito além não tendo o pranto
Que tanto maltratara à revelia
Dos sonhos onde a luz já não porfia
Nem mesmo se tecesse um novo manto
O peso do viver, e me adianto
Traçando com ternura novo dia,
Quem sabe a cada verso que ora faço
O mundo se permita em belo traço
E gere do vazio um novo mundo
Assim ao me sentir bem mais feliz,
Vivendo a glória intensa a qual prediz
O quadro em tanto brilho, mais profundo...


16


“Pintava um grande artista uma figura”
E dela se trazia em cores fartas
As sendas mais diversas, dita as cartas
E delas se percebe esta brandura
O quanto desta vida me assegura
As ondas mais sublimes se descartas
E quando para além já não mais partas
A sorte mais sublime se emoldura
No quadro feito em glória e tal beleza
Que tanto mostra o quão iridescente
O mundo quando o amor doma e apresente
A vida noutro encanto, e assim se preza
Os mais brilhantes tons, raros matizes
Deixando os meus momentos mais felizes...

Nenhum comentário: