sábado, 19 de março de 2011

UM JOGADOR

Volta e meia; meia volta
Nada sabe quem se esquece
Do caminho sem revolta
Onde a sorte recomece
Na verdade já se solta
Coração em clara prece
A verdade como escolta
O meu sonho em novo tece
Jogo feito sobre a mesa,
Tantas cartas e a roleta
Sem saber qualquer surpresa
Novo acerto ou já cometa
Outro engano e com certeza
Sorte em vão tanto prometa.

2


Muitas vezes o que trago
Como fosse um companheiro
E se vejo em claro afago
Perco todo o meu dinheiro,
Mas deveras eu me alago
Neste passo onde me inteiro
Um momento sempre vago,
Tantas cores no tinteiro,
Nesta sorte que se vendo
Nada mais se percebia,
Sobre o pano este remendo,
Noite cheia alma vazia,
Mas decerto agora estendo
Do prazer esta agonia.

3

Onde vejo o que talvez
Já não sabe de ninguém
Procurando a sensatez
A promessa sempre vem,
E depois do que se fez
Reconheço e muito bem
Minha clara estupidez
Um freguês feito em desdém,
Vez em quando vejo o sol
E sei tanto quanto perco,
Mas a vida sem farol
Apertando sempre o cerco,
Dominando este arrebol,
Esperança sem esterco.

4


Sete e meio, bacará
Outra vez perdido eu ganho
A verdade se fará
Onde o nada eu acompanho,
E procuro aqui ou lá
Desta sorte o seu tamanho,
E deveras voltará
A vitória e em vão me assanho
Apostando a própria vida
Já não tendo mais emenda,
A esperança ora perdida
Adentrando outra contenda.
Na rodada resumida
Outro não que a vida estenda.


5


Mas decerto eu continuo
Até que o fim se prepare
Neste sonho onde flutuo
Sem ter nada que repare
Solitário sem ter duo
Sem ter quem decerto ampare
Neste sonho que cultuo
Só meu fim ora escancare.
Tive em tempos mais diversos
As riquezas tão sutis,
Os meus olhos vão imersos
Procurando o quanto eu quis
E perdendo em tons dispersos
Já não sou sequer feliz.

6

Esta sina se mostrasse
A verdade nua a crua,
Quando a morte em desenlace
Tantas vezes vem à rua
Desdenhando o que repasse
E decerto assim cultua
Superando algum impasse
Quando a sorte em vão atua,
Outro peso outra medida,
Nas escadas o degrau,
Trama a sorte concebida
Num desejo sem igual,
Renascer na própria vida,
Neste estranho ritual.

7

Quando penso no futuro
Vejo as sombras do passado
Num caminho mais seguro
Desta vez já desgraçado
Outro tanto configuro
Com o anseio desenhado
Da esperança o céu escuro,
Vez em quando iluminado,
Nesta falsa fantasia
Nada mais a se fazer,
O que possa em garantia
É deveras, só saber
Desta vã dicotomia
Do ganhar e do perder.

8

Cabem tantas ilusões
Neste olhar que procurava
No caminho aonde expões
O que tanto provocava
Verdadeiras explosões
E vulcões traçando em lava
Incerteza em tais senões
A minha alma segue escrava,
Nos grilhões da jogatina,
Nada resta em minha vida,
O que tanto me domina
Deixa estrada vã perdida,
Ao secar inteira a mina,
Aguardando a despedida.

9

Da nobreza do passado
À miséria no amanhã
Meu caminho desenhado
Nesta sorte tão malsã
E se vejo algum recado
Esta vida se fez vã
Peito sendo escravizado
Na loucura deste afã,
Já não tendo mais sentido
O que resta para mim,
Na verdade dilapido
Aguardando então meu fim,
Sem caminho então regrido
Já nem sei por onde vim.

10

Na bravura de quem tenta
E consegue uma vitória
Nesta sorte que a tormenta
Torna sempre merencória
O meu passo se alimenta
Do vazio desta escória
E também tanto atormenta
Revivendo esta memória,
Onde o todo se percebe
Bem distante do que houvera,
A incerteza desta sebe
O sorriso desta fera,
O caminho onde concebe
A tocaia da quimera.

11


São seis horas e decerto
Belo sol tomando o céu,
Mas voltando ao meu deserto
Num cenário atroz, cruel,
Peito sempre estando aberto,
Esperança este corcel
Quando após vejo e desperto
Nego o passo em turvo véu,
E procuro a remissão
Noutro rumo e ainda possa
Tendo em minha direção
Um caminho além da fossa,
Quem dera a libertação
Onde o nada já me apossa.

12


Tomo um copo de conhaque
Bebo toda a insensatez
Onde usara terno ou fraque
O farrapo que ora vês,
Nova queda, último baque
Todo o sonho se desfez
Sem ter nada que inda saque
O que resta? A lucidez?
Decidido volto à rua
E procuro na calçada
A verdade nua e crua
Já não vejo disfarçada
A palavra que cultua
Traz a sorte desejada.

13

Quanto muito traz no fim,
O vazio em esperança
O meu passo diz que vim
Do caminho aonde avança
Acendendo este estopim,
Renascendo a confiança.
Esperança de outro dia
Na mudança de estação,
Eu enfim em paz teria
Com certeza a dimensão
Desta vida tão sombria
Em sublime direção.

14

Telefono; foi engano...
Já nem sei seque se existe
Tanto tempo muda o plano
Num cenário sempre triste.
Acumulo novo dano,
Porém alma agora insiste
E puído o velho pano,
Novo encanto ora persiste.
Se eu sou mesmo solitário,
Nada além de algum alento,
Sei do quanto é necessário
Renascer e quando eu tento,
Deste antigo itinerário,
Um completo alheamento.

15

Anoitece e a vida traz
Outra noite sem ninguém
Um caminho contumaz
Que decerto não contém
Nem sequer o que se faz
Noutro passo ou com desdém,
Onde enfim quisera a paz,
Só tempesta a vida tem,
Desafios vida afora
Só mais um? Nada prometa
Quem se fez e desancora
Noutro passo e se acometa,
E levanto sem demora,
Volto aos sonhos da roleta.

RUMO À LIBERDADE

No cabo da minha enxada
Eu criei meus nove filhos
Percorrendo a mesma estrada
Entre novos, velhos trilhos,
Cada dia outra passada
Em terror, temor e brilhos,
Quando a sorte desejada
Superasse os empecilhos,
Não podendo mais conter
A vontade de voar,
Onde pude conceber
O caminho adentrando ar
Nele está o meu prazer,
Tanta coisa a conquistar.


2


Dos sessenta me aproximo,
O cabelo embranquecido
Superando pedra e limo,
Tanto chão já percorrido,
Vou mirando aquele cimo
E decerto eu não duvido,
Do que tanto quero e estimo,
Meu destino a ser cumprido.
Nada mais eu poderia
E talvez mesmo quisesse
Quem sabendo de outro dia
Do que passa já se esquece,
Mas comigo a teimosia
Hoje trago que nem prece.

3


Vez em quando escuto a voz
Que comanda o pensamento,
E sabendo mais veloz
O caminho que ora tento,
Nada tendo contra nós
O diverso sentimento,
Já não quero nada após
Nem sequer um cumprimento,
Vou seguindo a minha sina
E conforme Deus quiser,
Outra sorte me fascina,
Não deixando outra qualquer
Dominar quem me domina,
Venha o vento que vier.

4

Preparei a vida inteira
Um caminho aonde eu pude
Desenhar nesta ribeira
A verdade em amplitude,
Vou subir outra ladeira,
Já perdida a juventude
Quer e mesmo não queira
Minha sorte ninguém mude.
De menino enfim sabia
Que meu mundo sempre traz
O caminho em fantasia
E se mostra mesmo audaz,
Noutro tempo se veria
O que ninguém tenta e faz.

5

Da viola cada corda
Conhecendo muito bem,
A saudade já recorda
Do que fora e nada tem,
Outro passo segue à borda
Do tormento quando vem,
E se o coração acorda
Perco o rumo e perco o trem,
E por isso não compensa
Nem sequer algum momento
Onde a sorte em recompensa
Seja o quanto me alimento,
Vida atroz, decerto extensa,
Feita em luz e sofrimento.

6

Pelo tempo que procuro
Devo ao menos prosseguir
Sendo o chão decerto duro,
E distante o que há de vir,
Já não faço mais seguro
O caminho a resumir
O desenho onde afiguro
Tanto sonho a repartir.
Vejo o olhar deste menino
Procurando em claro céu
Entre as asas do destino,
Descortina a vida o véu
E se vejo e me fascino,
Coração vira corcel.

7


Já criei a filharada,
Sou avô e não desisto,
Outra noite desenhada
Caminhando sempre nisto,
Percorrendo a mesma estrada
É por ela que eu existo,
Cada estrela desenhada
Traz o sonho e assim persisto.
Conseguir a liberdade
Depois de ser tão escravo
Quando bebo a claridade
Meu caminho eu já não travo,
Outro tempo em realidade
No meu peito em paz encravo.

8

Recebendo no meu rosto
Este vento tão macio
Sem saber qualquer desgosto
Outro tempo desafio,
E se sei da vida o gosto,
Bem nas margens deste rio
Pensamento já proposto
Com certeza eu não adio,
Pois olhando os passarinhos
Nesta bela arribação
Outros dias, novos ninhos,
Todo instante, outra emoção
Sem saber dos tão mesquinhos
Desejares do patrão.

9

Liberdade, liberdade
Onde está que ora procuro
Nesta mesma claridade
Ou também no céu escuro,
Não me importa o quanto agrade
Ou decerto se é seguro
O momento quando agrade
Superando qualquer muro,
Na cidade ou no sertão
Outro passo procurando
Qualquer sonho ou diversão
Neste mundo desde quando
Novos dias mostrarão
Meu caminho desvendando.

10

Jamais tive em minha vida
A certeza que hoje tenho,
E se sei da despedida
Tanto quero este desenho
Feito além desta saída
E no fim eu me contenho
Vejo a história a ser cumprida
No calor em desempenho,
Não podia no passado,
Meninada já cresceu,
Hoje o sonho revelado
Noutro sonho concebeu,
Meu destino já traçado
Num caminho todo meu.

11

Vou seguindo o meu caminho
Da maneira que puder,
Mas agora vou sozinho
Sem ter filho nem mulher
Como fosse um passarinho
Libertando o que se quer,
Noutro canto eu já me aninho
Seja como Deus quiser,
Asas; crio a cada dia
E também nada se tema,
Outro sonho mostraria
Já não tendo alguma algema
Vida imensa então teria.

12

Tempo traz esta vontade
E jamais eu me perdi
Onde vejo a claridade
Com certeza estou ali,
Na lavoura a faculdade
Devo tudo que aprendi,
Nesta enxada o que me agrade
Traz o sonho que eu vivi,
Sempre encontro cada rastro
Dos meus passos pela vida,
No momento aonde alastro
Minha sorte resumida,
O desejo já não castro,
Liberdade tão querida.

13

Nada mais me segurasse
Nesta vida sem proveito
O meu mundo em desenlace
Já se faz bem do meu jeito,
Demonstrando a minha face
Coração vai satisfeito,
E sem ter nenhum impasse,
Meto as caras e abro o peito,
Falta pouco, subo o monte
E de lá tudo se vê
Liberdade no horizonte
Minha vida tem por que,
Quando o coração aponte,
Não pergunte nem cadê.

14

Desta vida na senzala,
Tanta terra em aridez,
Coração agora fala
E descreve o que tu vês,
Noutro passo não se cala
E seguindo sem talvez
Mais depressa que uma bala
Com completa sensatez,
Mergulhando no futuro
Libertado do passado,
Novo tempo eu asseguro
E não sou mais este gado,
Meu caminho que procuro
No destino já traçado.

15

Na beirada do penhasco
Vou abrindo a minha estrada
Já cansado do carrasco
Terei minha esta invernada
Do meu todo resta o casco.
Na verdade quase nada
Com certeza já não masco,
Nesta tarde ensolarada;
E depois de tanto açoite
No costado. A voz que agrade
Nem espera pela noite
Quero ter a claridade,
Da esperança que me acoite
Pulo em rumo à liberdade!

MEU AMIGO...

Dos sertões da minha terra
A distância não existe
Onde o sonho se descerra
E decerto além persiste,
Faço minha cada serra
Apontando o canto em riste
A verdade não emperra
Coração não se faz triste.
Mas a bala que cruzando
Na empreitada outra tocaia
Pouco a pouco demonstrando
Quanto a vida mesmo traia,
E se faz em fogo brando
Por qualquer rabo de saia.


2


O meu nome pouco importa,
Apelido? Tanto faz
Vou abrindo cada porta
Mostro o quanto sou capaz.
A saudade não se aborta
A tristeza é Satanás
Outro dia pouco importa
Esperança fica atrás.
No versejo da vontade
Nada impede o que se veja,
Ouso mesmo em liberdade
A cabeça na bandeja
Pouso enquanto a vida invade,
Traz; amigo, outra cerveja.

3

Enfrentei cada armadilha
Do destino mais cruel
E seguindo toda trilha
Esparramo pelo céu
Perseguindo esta matilha
No caminho em carrossel,
Onde a sorte tanto brilha
Imagino o meu corcel,
Nos tormentos desta vida
Muita coisa eu encontrei,
Onde vi bala perdida,
Na tocaia sendo um rei,
Aumentando esta ferida
Que deveras cultivei.

4

Sem boato e sem mentira
O que faço não se vê
É preciso e se retira
Nesta vida o seu por que,
Dependendo de uma mira
Muito mais do que se crê
Amarrei calça co’imbira
Numa casa de sapê.
Mas agora fiz fortuna
E casei com a donzela
No cantar de uma graúna
A beleza se revela,
Tanta coisa que nos una,
Meu destino? A morte ou cela.

5

Das estâncias mais diversas
Dos sertões do Piauí
Das Gerais, entre dispersas
Emoções; estou aqui,
Se as mãos seguem perversas
Coração? Amoleci.
Quanto mais sentindo imersas
Ilusões; não me perdi.
Outro copo, uma cachaça
Que decerto o tempo quer
Caminhando pela praça
Reparando uma mulher
De repente a bala passa
No destino que eu quiser.

6


Se eu ferido fui, amigo?
Na verdade eu já morri,
Tantas vezes o perigo
Encontrava ali e aqui,
Respirando, então prossigo,
Mas da sorte ora perdi
Com certeza o meu abrigo,
Tanto faz, também não vi.
Ouço até falar do vento
Que domina este verão
Percorrendo sempre atento,
Sem saber da direção
O meu mundo mesmo invento
Enfrentando o próprio Cão.

7

Nos puteiros desta estrada
A mulher com fartos seios
Outra noite imaginada,
Bebo a sorte em devaneios,
E se sei desta cilada
Noutro dias e rodeios,
Fujo mesmo em madrugada
Sem sequer saber os meios,
Mas a vida me prepara
Armadilha, uma arapuca,
E depois da noite clara,
Eu estou numa sinuca.
Meu amigo se prepara
Que esta vida é tão maluca.

8

Das vontades e exigências
Deste mundo sem cuidado,
Ouço bem as diligências
Noutro passo desejado.
Contra tantas evidências,
Eu mantenho sempre ao lado
E vencendo as penitências
Ando um tanto desolado,
Pouca gente nesta vida
Merecia algum carinho,
Mas a sorte em vão perdida
Noutro passo toma o ninho,
E se faz da despedida,
Com certeza o meu caminho.

9

Meu amigo agora eu falo
Com firmeza, pois sei bem,
Aproveitando este embalo,
Finja que não sou ninguém
Eu não vou cantar de galo,
Mas a vida quando vem,
Muda tudo num estalo
Nada tem quem tudo tem.
O meu nome? Não importa,
Mas você sabe conhece a vida
E sabendo o quanto corta
Alma dura e corroída,
Tanto tempo estando morta,
Num Inferno ora escondida.

10

Sou chamado João Capeta,
Afamado noutra terra,
Cada crime que cometa,
Uma cova rasa enterra,
Olho a vida pela greta,
Nos grotões de cada serra
A minha alma anda cambeta,
Porém meu revólver berra.
E sabendo a direção
Eu não erro a pontaria,
Outros tempos me verão,
Tendo a lua em montaria,
Caminheiro do sertão,
Só da lenda se sabia.

11

Aproveito cada instante
E no bar esta aguardente
Que deveras nos garante
Muito mais do que evidente
Num anseio galopante
Outro traço se apresente
E se possa doravante,
Nem a dor mais se apresente.
Pois eu vou já te avisando,
Sou amigo e nisto até,
O caminho demonstrando
Com brandura e sigo à pé
Pelo mundo galopando
No Capeta, a minha fé.

12

Acontece que este fato
Já não posso mais calar,
Quando vi o teu retrato,
Num momento a se mostrar,
Seca a fonte do regato,
Vejo nuvem no luar,
Desfazendo algum contrato,
Já nem posso disfarçar,
Esta vida é traiçoeira
E; portanto, não sossega
Onde a sorte não se queira
A verdade se faz cega,
A saudade marinheira
Noutro mar quer e navega.

13

Nesta vila, com certeza
Tem mulher a dar com pau
Uma tem tanta beleza
Remelexo sem igual,
São coisas da natureza,
Num momento sensual,
Quem caçava virou presa,
Sei que sou este animal.
Sem ter medo de vingança
Sem ter pena de doutor,
No que tanto a gente avança
Neste mundo sem valor,
Já matei até criança,
Tenho nada a te propor.

14

Mas eu devo confessar
Não sossego se não faço
É preciso te falar
Deste mundo sem espaço,
Antes mesmo de notar
Ninguém faço de palhaço,
Ouso mesmo acreditar,
No punhal e até no laço.
Dos meus rumos já perdido,
Sem saber o que fazer,
Outro tempo percebido,
Nos molejos do prazer,
Fui por ela recebido
Como é bom este querer.

15

Armadilhas desta sorte,
Que jamais eu conheci,
O caminho que conforte
Nele tanto eu percebi,
O que possa além do corte
No desejo que senti,
Tem que ser, amigo, um forte,
Isso é lá ou mesmo aqui.
A verdade não retira
O caminho que se quer,
Preparando a minha mira
Nova morte? Outra qualquer,
Quanto a vida sempre gira...
Trouxe a mim tua mulher!
Coração tanto cobiça
E transforma alguma história
Numa senda movediça
Muito além desta memória
E a palavra mais mortiça
Mesmo sendo merencória
Na verdade jamais viça
E se perde sem vitória.
Violeiro sertanejo
Nos anseios do luar
Cada vez que te desejo
Com vontade de ficar,
Outro tempo; em mim, trovejo
E começo a me lembrar.

2

Tantas vezes solitário
Sem saber de uma atitude
Na dureza do corsário
Neste canto que me ilude,
Ou na voz deste canário
Onde tudo sempre mude,
Todo encanto é necessário,
Em suprema magnitude,
Mas a vida se confessa
De tal forma desigual
Que o desenho da promessa
Noutro enredo bem ou mal
Sonho apenas recomeça
Amortalha o ritual.

3

Nas veredas da saudade
Ao lembrar de quem amei
Sem saber da liberdade
Neste sonho eu me encantei,
Ouso até com liberdade
Imagino ser um rei,
Mas ausente a claridade,
No final nada serei,
Tão somente o que hoje passa
Sem ter paz e sem um cais
Onde fora esta fumaça
Nada vejo, nem jamais
A incerteza quando traça
Marca dias desiguais.

4

Ao nascer além do vale
Que decerto ninguém vê
O sorriso não se cale,
Mas precisa de um por que,
O perfume que se exale
Desta casa de sapê
Trama o sonho que me embale
Onde em luzes já se crê.
Na verdade o que se fez
Não promete novo pasto,
Tanto amor, insensatez
Meu caminho sendo gasto
Nos anseios desta vez
Sem saber qualquer repasto.

5

Acoitado numa senda
Onde um dia até pudera
Ter a lua que se estenda
Muito além da primavera,
Nova vida se desvenda
E decerto o que se espera
Com beleza nos atenda
Em palavra mais sincera,
Mas a vida se promete
No final nada nos traz
Na ponta do canivete
O sorriso mais mordaz,
Deste amor, como um pivete,
Recendendo a Satanás.

6


Procurando sem medida
O que tanto desejara
A verdade a ser cumprida
Não permite a noite clara,
Vou perdendo a minha vida
E o meu passo desampara
Quem pensasse na ferida
Já percebe a grande escara.
Nada mais tentasse quando
O meu mundo se desdenha
Noutro passo irei rumando
Sem saber sequer da senha
Mesmo assim não me entregando,
Na esperança fiz ordenha.


7

Ao sentir este desejo
Aflorando em noite imensa
Do caminho onde verdejo
A saudade não convença
Aproveito cada ensejo
E se vejo o que compensa,
Perseguindo este lampejo
Nesta noite em luz intensa.
Mas a sorte traiçoeira
Não permite que se viva
A palavra que se queira
Noutra senda mais altiva,
E descendo esta ladeira
Toda a sorte já me priva.

8

Na tocaia esta mulher
Feito cobra neste bote,
Onde mais sempre puder
E decerto ninguém note,
O caminho que vier,
Traz o sonho onde derrote
O cenário que eu quiser,
Já perdendo doce e pote.
Nada tendo no futuro
Do passado nada guardo,
O caminho mais seguro,
No final querendo aguardo,
Mas no solo sempre duro
A colheita vira um fardo.

9


A semente apodrecida
Deste grão já sem valia
A palavra desmedida
Traz no peito esta agonia
Vou perdendo a minha vida
E mais nada eu merecia,
Quem sabendo da cumprida
Expressão que ora se adia,
Revertesse o meu passado
E talvez noutro momento
O caminho mal traçado
Tenha tanto o quanto eu tento,
Verso feito e desenhado
Alivia o sofrimento?


10

Na verdade o que se quis
Não pudera traduzir
Neste olhar da meretriz
A incerteza do porvir,
Sendo sempre a mesma atriz,
Que não possa resumir,
O caminho onde infeliz
Nada pude construir,
E deveras se descaio
Nas angústias da emoção,
A saudade traz desmaio
E também a comoção
Onde o mundo que hoje traio
Só responde o mesmo não.


11

Num momento apaixonado
Eu tentei outro caminho,
Mas olhando para o lado
Continuo tão sozinho,
Do cenário cultivado
Sem ter flor somente espinho,
O meu verso quando brado
Traz o dia onde adivinho
Novo engano sem proveito
Mesma sorte sem mudança
E se em vão teimo e hoje deito
A inverdade sempre avança
E tomando todo o peito
De esperar também se cansa.

12


Dissabores de uma vida
Onde a sorte se desnuda
E se traz cada ferida
Nesta tez pontiaguda,
O meu canto não duvida
E decerto nunca ajuda
A palavra sem medida,
Outra noite não me acuda,
Expressão bem mais sutil
Quando amor me acompanhasse
Demonstrando o que se viu
E prevendo o desenlace
Tantas vezes mais servil,
Onde o nada se mostrasse.

13

Queda após o dia inteiro
Sem saber de uma emoção
Das canetas, do tinteiro,
Tanta cor na floração,
Mas decerto o meu canteiro
Fosse apenas ilusão,
O cenário verdadeiro
Só traz dor, destruição.
Vejo o tempo aonde a sorte
Sem saber do quanto resta
Das mentiras que comporte,
Vai fazendo a sua festa,
E decerto tanto corte
Noite atroz; vida funesta.

14

Embarcando neste mar
Sem saber se existe porto
Tanto posso naufragar
E deveras semimorto
Noutro canto mergulhar
E traçar além do aborto
Uma estrela a me tocar
Ou caminho atroz e torto,
Mas sabendo deste cais
Onde possa ter descanso
Sem temor enquanto vais
Desenhando o que ora alcanço
Nos momentos desiguais
A saudade vira ranço.

15

As portas da despedida
Já se abrindo pra quem tenta
Procurar em plena vida
Outra história que apascenta,
Noutra sorte destruída
A saudade mais sangrenta
Quanto muito dilapida
E decerto não aguenta
Presumindo qualquer toque
De uma lua que não veio,
Tanto sonho que provoque,
Mas é puro devaneio
O caminho não se choque
Com o canto sem rodeio.

16


Lavo os olhos e procuro
Desenhar o que não vi,
Todo amor mesmo o maduro
Na verdade havia em ti,
Hoje o porto mais seguro
Com certeza eu já perdi,
E saltando sobre o muro
No final estou aqui.
Apresento em cicatriz
Nesta pele tatuada
O que tanto não mais quis
E presumo após o nada
Outro tempo mais feliz
Ou quem sabe nova estrada…

17


Mas enquanto nada venha
Procurando neste céu
O meu canto que contenha
Esperança em claro véu
O momento dita a senha,
Mas aqui neste bordel,
Outra face desempenha
Coração exposto ao léu,
Nada tendo do que quero
Nem sequer algum alento,
Num momento que insincero
Novo amor eu acalento,
Percebendo o quanto espero
E perdendo o sentimento.

18

E num gole de cachaça
Na aguardente batizada
A certeza do que passa
No final não resta nada,
Nem sequer o que se traça
Procurando uma pousada
A palavra diz desgraça
Quando a sorte além se evada.
Na sarjeta a companhia
De quem tanto se perdeu,
O meu mundo em agonia
Noutro tempo conheceu
Com certeza e galhardia
Dos impérios o apogeu.


19


Sendo amor tão traiçoeiro
Nas vinganças do capeta
Outro canto, o derradeiro
Esperança não cometa
O meu prazo onde me inteiro
Da verdade que arremeta
Neste céu, pleno luzeiro,
Alegria, igual cometa.
Quando pensa, foi embora
E se um dia irá voltar,
Quanto tempo ela demora,
Já nem posso desvendar
Solidão que me apavora
Toma logo o seu lugar.

20

Do cansaço desta luta
Que pudera ser assim,
Onde o tempo não reluta
E destrói qualquer jardim,
A palavra mais astuta
Num momento que sem fim,
Com firmeza quer permuta,
Mas acende este estopim,
Explodindo o quanto resta
De emoção em vida triste,
A certeza mais funesta,
O caminho onde persiste
Sem saber de qualquer festa,
Mas teimoso ainda insiste.

21

Jogo as cartas sobre a mesa
E não vejo o quanto tive
A minha alma sem surpresa
Na verdade sobrevive,
Sigo contra a correnteza
E deveras não cative
O momento onde em leveza
Minha sorte não mais prive.
Já não vejo qualquer sorte
E também não poderia
Caminhar conforme o norte
E vivendo em alegria
O que tanto me conforte
Noutro passo, velho dia.


22

Restaria uma certeza
Após tudo o que se veja
Noutro rumo sendo a presa
Entregando de bandeja
O meu mundo sem surpresa
E se tanto quanto almeja
A palavra sem defesa
Onde quer e como seja,
Nada tento após a queda
E deveras poderia
Caminhar onde envereda
O meu passo em agonia
O momento aonde enreda
Outro encanto dia a dia.

23

Esperando alguma luz
Onde o mundo se presume
No caminho em que conduz
A incerteza de algum lume
A presença onde me pus
Produzisse em teu perfume
O cenário que seduz,
E deveras já me aprume.
Conservando dentro em nós
O momento mais sutil,
A palavra segue após
E decerto ninguém viu
O que fora mais atroz
E se fez mordaz e vil.


24


Esquecendo qualquer fato
Onde o mundo se previra
Na verdade o que constato
Transcendendo ao quanto fira,
Noutro caso eu não retrato,
O momento aonde a mira
Demonstrasse o rumo exato.
Não quisera e não tenho
Nova sorte nem decerto
O meu mundo em ledo cenho
Outro tanto ora deserto,
Vivo o quanto quero e venho
Com meu peito sempre aberto.

25

Apontando algum destino
Onde o nada se fizera
Outro tempo eu mal domino
E presumo a mesma fera
Que talvez em cristalino
Caminhar já desespera
Quanto mais eu me alucino
A palavra destempera,
Resumindo cada passo
Neste canto mais sutil,
O momento aonde eu traço
O que tanto ninguém viu,
Combinando neste espaço
Um tormento até senil.

26

Lava os olhos a lembrança
Deste amor que nunca veio,
E pudera quando alcança
Desejar sem ter receio
A palavra clara e mansa
E no canto em tom alheio,
Vasculhar sem temperança
O tormento em ledo anseio.
Marcas deste desafeto
E também do alheamento
Onde tanto me completo
E deveras sempre tento
Confundir o predileto
Desejar com desalento.

27


Marcas deste tempo aonde
O meu canto não se ouvisse
O cenário corresponde
Ao que tanto diz mesmice
O velório não se esconde
E tampouco esta crendice
Inda mais quando isto ronde
A beleza enquanto a visse.
Nada tive e nem teria,
Mas julgara ser tão teu,
O que possa em utopia
Neste vago se perdeu,
E o meu mundo em fantasia,
Outro instante concebeu.

28

Quero mais que qualquer luz
Que seja fantasiosa
Procurando o quanto pus
No caminho a bela rosa,
Onde tudo se produz
Numa senda caprichosa,
Retalhando a própria cruz
Vida atroz e dolorosa.
Resumindo neste fato
O que pude discernir
O momento onde constato
O caminho que há de vir,
Se este encanto enfim resgato
Nada irá, pois me carpir.

29

Ouço a voz de quem se fez
Muito além de meramente
O caminho em altivez
Na verdade não contente
Quem pudera e já não vês
Procurando impertinente
Desejando o que talvez
Adentrasse na alma e mente.
O meu canto se desvenda
Em diversa sintonia,
Quando amor virasse lenda
Outro toque me daria,
A certeza que se estenda
Na promessa de outro dia.

30

Tantas vezes neste ocaso
A incerteza mais cruel
E se agora eu já me atraso
Procurando um claro céu,
Noutro rumo mero acaso
Vaga a noite em carrossel,
E se em versos eu me aprazo
Esbanjando sigo ao léu.
Marco com a sorte o tédio
E desejo alguma fonte
Que pudera ser remédio
E decerto já desponte
Limitando o velho assédio
E traçando enfim a ponte.

31

Na verdade o sentimento
Tantas vezes poderia
Ao trazer um novo dia
Muito embora desatento,
Quando um porto novo invento
O meu canto em harmonia
Na verdade desafia
O meu sonho em vão tormento.
No passado e mesmo deste
O que possa noutro rumo,
Se decerto não colheste
Todo o passo ledo, assumo,
E se tanto percebeste
No final enfim me aprumo.

32

Ao pensar no meu futuro
Já não vejo o meu passado,
Um cenário tão escuro
Quando o quero iluminado
E se tanto me asseguro
Do que possa ter ao lado,
O meu sonho mais maduro
O desenho desejado,
Já não quero refletores
Nem sequer retrovisor,
Onde quer colheste flores
Noutro canto a te propor,
E se aquém do sonho fores
Inda possa crer no amor.

33

Jamais tive qualquer medo
E não pude resistir
Ao que tanto ou mais concedo
Procurando o que há de vir,
Quando ousasse no degredo
Do meu sonho a repartir,
O meu mundo sendo azedo
Nada posso dividir,
Mas podendo crer no quanto
Sem tormento a vida venha
Do passado em desencanto
No futuro em clara ordenha,
Vou vivendo cada canto
Onde amor decerto eu tenha.

34


Sofre quem já não soubesse
Da esperança como luz,
E se tanto pensa em prece
No caminho o que conduz
Na verdade sempre esquece
Do momento atroz da cruz,
E procura outra benesse
E decerto já faz jus.
Mas se possa de repente
Caminhar contra este vento,
Outro rumo aonde eu tente
E deveras mais atento,
Noutro canto que se invente
Libertando o pensamento.

35


Apresente a solução
Já cansado de esperar
Outros dias mostrarão
A beleza de um luar,
E da tola solidão
Novo sol irá tocar
Com certeza em emoção
Desenhando o quanto amar,
Desejando num instante
Outro passo sem temores
E deveras me garante
Tanto amor em multicores
Dos momentos doravante
Os sorrisos são senhores.

36


Tempo dita o quanto possa
A verdade ser maior,
E se a sorte fosse nossa
Este caminho eu sei de cor,
O cenário que se apossa
Traz no corpo o teu suor,
E teu beijo sempre adoça
Torna a vida bem melhor.
E não deixo qualquer rastro
Que atrapalhe nosso sonho,
Nos teus braços eu me alastro
Farto amor eu te proponho,
Se acredito ou não num astro,
Nos teus passos me componho.

37

Tanto fale sobre a sorte
Que jamais imaginaste
A certeza traz no corte
A pobreza do desgaste,
E se tanto me conforte
O caminho que criaste
Noutro passo sendo forte
O infinito garimpaste.
Resumindo esta questão
Nada resta dentro de outro tempo
E traçando em emoção
Amor nunca é passatempo
E os meus sonhos vencerão
Qualquer dor ou contratempo.

38

Beijo a sorte que agradeço
Entre milhas de distância
Sendo amor meu endereço
A verdade traz na estância
O que possa em adereço
E tramando em elegância
O caminho quando apreço
Não suporta a discrepância,
Vencedor, porém vencido
Pelas tramas de quem tanto
Desenhara e não duvido
Outro passo onde garanto
O cenário presumido
E decerto me agiganto.

39

Num momento em que pudera
Atravesso este infinito
Em palavra mais sincera
Nosso amor em belo rito
Outro tempo em primavera
Traz o que inda necessito,
E decerto o que me espera
Traduziu quanto acredito.
Nada vejo do passado
Nas diversas emoções
Tanto amor já desfraldado
Nele os sonhos tu me expões
Pondo o canto sempre ao lado
Em diversas dimensões.

40


Brindo o sonho com ternura
E decerto poderia
Transcendendo esta amargura
Numa noite mais sombria,
Este canto se perdura
Torna a vida em harmonia
Todo o tempo onde tortura
Não se molde em novo dia,
Resumindo a solução
No momento mais feliz
Outros dias de verão
Traduzindo o quanto eu quis
E mudando a direção,
Sigo sem ter cicatriz.
A saudade faz mandinga
Estraçalha o coração
E depois se a gente vinga
Traz total destruição
Com certeza não respinga
Em quem muda a direção,
Noutro gole desta pinga
Encontrei a solução,
Vejo a noite de tal forma
Que jamais me cansaria
Outro tempo nos transforma
E promete novo dia,
Mas a vida não conforma
E destroça a poesia.

2

Vivo apenas por viver
Sem saber felicidade
Nesta vida sem prazer
O caminho desagrade
A quem tanto eu pude ver
E não soube da verdade
E nas tramas do querer
Não mais vejo a claridade,
Outro passo contra o vento
Nada tenho no final,
Vivo sempre em sentimento
O diverso ritual
E se tanto amor eu tento
Terminando sempre igual.

3

Quem desdenha quer comprar
Na verdade a vida dita
O que busca algum lugar
E decerto necessita
Do que possa imaginar
Noutra estrada mais bonita,
O meu peito quer luar
Se não vem angústia grita,
Repetindo a velha sorte
Que não pude e nem queria
Sem ter nada que conforte
Perco sempre esta alegria,
Mas se vejo além o norte
Novo amor em paz me guia.

4

Marco com a minha vida
O que pude noutro intento
A saudade em despedida
O meu rude pensamento,
Na esperança já perdida
Outro passo agora invento,
E se sinto esta ferida
O meu rumo é sofrimento,
Mas podendo disfarçar
O que tanto dói no peito,
Vou buscando o meu lugar
Mesmo quando eu só me deito
Nos anseios do sonhar
A paixão traçando o pleito.

5

Quero mais que a vida traz
E jamais me calaria
O meu passo mais audaz
Traz em si a fantasia,
Nada sendo mais tenaz
Do que possa a cada dia,
Noutro rumo contumaz
Encontrar a poesia,
Verso sobre o que não veio
E não vindo me deixaste
Com o olhar em devaneio
Na esperança outro contraste,
Quando a luz ora rodeio,
Qual falena me mataste.

6

Não sabendo do que pude
Nem tampouco do que sonho,
Outro verso que componho
Mesmo sendo bem mais rude,
Na verdade não ilude
E se o vejo mais tristonho
Toma em vão a juventude
E o meu passo; decomponho.
Nada tenho do meu lado
Ninguém sabe o meu tormento,
O meu canto enamorado
Já se perde pelo vento,
Noutro verso elaborado
Novo mundo em paz invento.

7


Das entranhas das Gerais
Um mineiro coração
Desejando muito mais
Sem saber da direção
Destas noites magistrais
E decerto na canção
Encontra estes sinais
De outros tempos que virão,
Mas enquanto a vida traz
Tão somente esta vontade
Que deveras tão tenaz
Não permite a liberdade
Onde houvesse enfim a paz,
A tristeza agora invade.

8


No meu mundo em raro empenho
Tento um dia mais feliz,
E se o sonho eu não desdenho
Vou buscando o que mais quis,
Pois a vida em tal desenho
Já se faz em cicatriz,
Quantas vezes; tento e venho
Escapando por um triz,
Na batalha desta vida
Encontrar felicidade,
Quando a sorte já perdida
Noutro rumo desagrade
Esperança pressentida
Traz no olhar a liberdade.

9

Nesta terra capixaba
Coração deste mineiro
Com certeza não desaba
Continua, pois inteiro,
Mas sabendo quando acaba
A florada no canteiro
Da incerteza não se gaba
Nem dá nó bem mais ligeiro,
Presumindo o que não trago
E talvez nunca soubesse
Quando a vida traz afago
Noutro tom a gente esquece,
Porém sempre que divago,
Já não vale qualquer prece.

10

Nas verdades doloridas
Na certeza de outro dia,
Embarcando nossas vidas
Onde amor somente havia,
Jogo as pedras e perdidas
Esperanças na agonia
De quem sabe as despedidas
E prossegue em fantasia.
Mas cansado deste engano
Nada mais me permitisse
O que tanto em vão me dano
Por manter esta crendice,
Coração mais soberano
Noutro plano já me ouvisse.


11

No sertão mais afastado
Aridez no pensamento
O meu canto quando invado
Traz o mesmo sofrimento,
E se escuto o mesmo brado,
Noutro rumo agora eu tento
Encontrar o desejado
Caminhar em raro alento,
Mas bem sei do descaminho
E vivendo sem saber
O que possa este mesquinho
Coração já sem prazer,
Depois mesmo tão sozinho
Esperasse amanhecer.

12

Beijo o sonho aonde um dia
Eu decerto quis além
E quem sabe entranharia
Na esperança sem desdém,
Rondo as tramas, poesia
Na certeza que já vem
Outro amor, nova ironia
E no fim nada e ninguém,
Mas insisto enquanto vivo
Nada impede o meu sonhar,
Se dos sonhos sou cativo
Ali encontro este lugar
Onde o verso eu não me privo
De por certo declamar.

13

Declamando o quanto tenho
E sem medo me entregara
Noutro mundo este desenho
Representa o quanto ampara
Minha vida e quando venho
Desejando a noite clara
Na verdade o que contenho
Nova sorte em luz declara,
Ao vestir esta saudade
Que jamais se calaria,
Bebo então a tempestade
Dispensando a calmaria,
No caminho da cidade
Outro sonho não se via.

14

Do roçado da esperança
Cada beijo uma semente
Que no solo a gente lança
E nos torna mais contente,
Sem perder a confiança
Neste tanto se apresente
O meu canto sem mudança
O meu passo impertinente,
Nada mais pude viver
Se não fosse esta presença
Deste amor que com prazer
Da beleza me convença
E se tanto posso ver
Nos teus lábios recompensa.

15


Resumindo o que talvez
Já não cabe no meu peito
Quando amor agora vês
Desfilando deste jeito,
Na verdade sem porquês
Outro passo é meu direito,
E também o que desfez
No final está desfeito,
Bebo a lua que se entorna
E desejo muito mais
Que esta noite fria ou morna
Enfrentando os vendavais,
Coração, amor adorna
E decerto não te vais.

16

Se tu fosses quem pensava
Coração enamorado
O meu peito em fúria e lava
Noutro tempo desenhado,
A minha alma tua escrava
O meu sonho desbravado,
Outro tempo já sem trava
Onde em paz desejo e invado.
Mergulhando no que pude
Desejar no dia a dia,
Com certeza o que ilude
Prometendo a fantasia
Renovando em atitude
O que tanto mais queria.

17

Trabalhando neste sol
Sem saber de algum descanso,
Procurando algum farol
E decerto nada alcanço,
A verdade no arrebol
Não permite algum remanso
Eu te sigo, um girassol,
Procurando um sonho manso,
Mas sei bem desta razão
Que te impede de sonhar,
Tanto amor em ilusão
Já não posso descartar
Outros dias que virão
Talvez possam nos salvar.

18

Aprendendo com a terra
Que deseja e tanto quer
A verdade agora encerra
Os desejos da mulher,
Enfeitando o quanto aterra
Sem saber medo qualquer
Noutro passo vejo a serra
Seja como Deus quiser,
Nada mais do que tivera
Nem tampouco inda teria,
Desejando a mais sincera
Sensação que não viria,
Ouço a vida e nada espera
Nem sequer uma alegria.

19

Cultivando com certeza
Talvez possa nesta ceva
Encontrar e com surpresa
A verdade onde me leva
Com beleza e com firmeza
Superando qualquer treva
A minha alma sendo presa
Perseguindo nova leva,
Se este joio fosse trigo
Eu pudera ter em paz
O que tanto não abrigo
E a incerteza ora desfaz,
Caminhar sempre contigo
Nesta estrada mais audaz.

20

Se eu perdi a direção
Nada vejo no horizonte
No correr desta ilusão,
Novo mundo agora aponte,
E decerto esta versão
Desenhando em clara fonte
O meu tempo em dimensão
Onde o sol ora desponte,
Presumisse qualquer sorte
E não pude e nem teria
O que tanto me conforte
Mesmo sendo fantasia,
Desenhando após o corte
Luz que o cicatrizaria.


21

Garimpeiro da saudade
Nada vejo em velha mina
A palavra na verdade
Com certeza determina
O que possa em claridade
E deveras me fascina
Revivendo em liberdade
A passagem cristalina
Onde um dia fui feliz
E se tanto merecia
Outra vida também quis
E se feita em fantasia
Desejando sempre o bis
Que decerto não teria.

22


Jogo feito sobre a mesa
Nada mais posso tentar
Outra vida sem surpresa
Mera fase do luar,
Prosseguindo em correnteza
Sem saber onde parar,
Mergulhando na incerteza
Com vontade de sonhar,
Nada vejo no futuro
Senão mesmo uma esperança
E meu passo eu asseguro
Noutro rumo em aliança
Quando o tempo foi escuro
Meu olhar um brilho alcança?

23


Matadeira esta vontade
De viver o que não tive,
O meu peito forte brade
E se possa sobrevive
No caminho da verdade
Nada mais tanto nos prive
Desta imensa claridade
Onde o sonho sempre vive,
Não perdendo qualquer chance
De tentar novo momento
O que tanto a vida avance
Com certeza não lamento,
Adivinho novo lance
E pressinto algum alento.

24

Presumindo o que se quer
Noutro passo em noite clara
Sei do quanto sem sequer
O temor que se declara
Navegando aonde der
Outra luz, mesma seara,
Nas pegadas da mulher
Que meu peito tanto amara,
Vejo apenas o que tente
Desvendar noutro momento,
O meu sonho penitente
E se tanto agora invento
O que possa num repente
Afastando o sofrimento.

25


Da viola em noite imensa
Sertanejo coração
Tanto quer quanto mais pensa
Aproveita este clarão
E desenha o que convença
Seu amor, sua paixão,
Noutro passo perca ou vença
Vai mantendo esta ilusão.
Eu também numa seresta
Feita em noite enluarada
Emoção fazendo a festa
Percorrendo a mesma estrada
Que também assim se empresta
À vontade iluminada.

26

Se eu não falo do que tento
Ou deveras poderia
Meu olhar seguindo atento
Procurando novo dia,
A verdade e o sofrimento
Com certeza ensinaria
Quem perdendo em desalento
Colhe os frutos da agonia,
Mas a sorte não se cansa
E mudando em nova face
Traz no olhar esta esperança
Que decerto agora trace
O caminho aonde avança
E o futuro desnudasse.

27


Brava gente que em sertões
Traz o peito mais audaz,
E decerto quando expões
Procurando sempre a paz
Noutros termos emoções
Demonstrando o que se faz
Aprendendo das lições
Muito além do que é capaz
Na incerteza deste passo
E na fome dia a dia,
O que tanto ora desfaço
Na verdade não faria,
Se não fosse o mundo escasso
De um amor em poesia.

28

Luto contra a correnteza
Subo a velha cachoeira
No meu passo sem surpresa
A saudade eu vejo inteira,
E se possa com firmeza
Caminhar em derradeira
Sem saber de caça ou presa
Noutra sorte, a verdadeira.
Não tivesse neste enredo
O sofrer que me atrapalha
E se tanto amor concedo,
Já não é fogo de palha,
Conhecendo este segredo
Minha voz além se espalha.

29

Nos acordes da viola
Nos anseios do meu sonho
O meu canto não descola
Do que tanto ora componho,
Vejo a vida e já decola
Noutro rumo e me proponho
No saber enquanto assola
O momento mais risonho;
Nada vejo sem futuro
Busco após nova colheita
O meu mundo eu asseguro
Sempre quer e sempre aceita
Mesmo em solo árido e duro
De outra forma então se ajeita.


30


Ao vazar no capinado
Nada deixo nem um rastro,
O caminho desejado
Traz o quanto agora alastro,
Este pano destroçado
Da bandeira sobra o mastro
Coração já desolado
Neste céu sem ter um astro,
Resumindo cada verso
No que possa em claro astral
Mergulhando no universo
Um momento sem igual,
Com certeza o que disperso
Traz um sonho magistral.



31

A verdade é traiçoeira
Tantas vezes nos engana
A saudade não se queira,
É de fato desumana,
Não pudesse quando cheira
A vontade soberana
Ao subir esta ladeira,
Sem certeza ora se dana,
Vendo o quanto se resume
O diverso caminhar
Na verdade já sem lume
Procurando algum luar,
Nada vindo de costume,
Perco o passo e meu lugar.


32

Na verdade o que se vê
Sem saber o quanto quer
No caminho sem por que
Nos desejos da mulher
Que também enquanto crê
Não pudesse e se vier
Traz no olhar o que em você
Mostra o quanto mais puder
A verdade não se cala
E também não mais sossega
A certeza me avassala
E não deixa a sorte cega
No que possa além da sala
Garantir onde se apega.

33

Das vertentes da esperança
Outras tantas eu busquei
Meu caminho em aliança
Tantas vezes procurei
E se sei que a gente cansa
Noutro tempo quis ser rei,
Mas perdendo a confiança
No final eu me estrepei.
Bebo em ti tanta saudade
E procuro algum sinal
Que me traga a liberdade
Num momento sem igual,
Presumindo a claridade
Tendo um sonho magistral.

34

Nos caminhos que perdi
Outro rumo e direção
Tanto quanto houvesse em ti
Encontrei a imensidão,
Neste sonho eu percebi
Novos tempos que virão,
Este amor que concebi
Traça em nova dimensão
O que tanto se deseja
E decerto a vida traz
Na verdade que assim seja
Feita em glória luz e paz
A palavra benfazeja,
Seja sempre a mais tenaz.

35

Mas sei bem que lá no fundo
Dos grotões desta esperança
O que tanto me aprofundo
Prometendo uma mudança
Traz o peito vagabundo
E decerto não se lança
Neste canto em novo mundo,
E sequer ali avança.
Vento traz aquela voz
Que jamais escutaria
Se não fosse mais veloz
Meu amor em fantasia,
O caminho logo após
Noutra luz se mostraria.

36


Já não falo como quem
Procurasse pelo menos
Entre os dias que não vêm
Os momentos mais amenos,
Outros tantos sem ninguém
Enfrentando estes venenos
Os olhares do desdém
São deveras tão pequenos,
Caço o rumo e me procuro
No vazio onde vivera
O meu canto mais escuro
Outro passo percebera
A verdade eu asseguro
Nada mais já recebera.

37

Tanto possa acreditar
Ou decerto não veria
O caminho a desenhar
Nesta sorte mais sombria
A verdade ao se mostrar
Noutro tom não mais traria
O que possa imaginar
Com amor ou ironia,
Nos meus erros costumeiros
As vontades são diversas,
Procurando mensageiros
Dos meus sonhos, mas dispersas
E se vejo os derradeiros
Cantos; logo desconversas.


38

No punhal e nesta faca
O caminho se percebe
E o momento quando empaca
Invadindo a velha sebe
Não restaura e nada aplaca
O que tanto se concebe
Na emoção quando se atraca
E a saudade o peito bebe.
Nada tenho contra a sorte
Que se fez inconsistente,
Meu caminho não comporte
O que tanto a gente sente
Desenhando bem mais forte
Outro tom que me apascente.

39


Rasgo o verbo e não me calo,
Sem algemas sigo em paz,
E pisando no meu calo
Mostro o quanto sou capaz,
Aproveitando este embalo
Noutro canto que se faz
O momento onde avassalo
Deixo tudo para trás,
A verdade nos liberta
É decerto o velho lema
De quem tendo a porta aberta
Com certeza nada tema,
E a vontade que desperta
Rompe enfim qualquer algema.

40

Noutro passo sem proveito
Noutro rumo me perdi
O que tanto agora aceito
Percebera vivo em ti,
E se tanto em paz me deito
Na verdade percebi
O meu mundo deste jeito
Tanto lá ou mesmo aqui.
O mergulho dentro da alma
A certeza do que venha,
Este amor que nos acalma,
Todo o mundo em paz contenha,
Da linhagem desta palma
Conhecendo fogo e lenha.


41

Pouco importa quem se vivia
A incerteza que se tem
Sem amor ou poesia,
Pois no fundo sou ninguém
Procurando a calmaria
Que decerto já não vem
Modifica dia a dia
E imagina o que convém,
Nada faço por acaso
Nem pensara noutro rumo,
Quando o passo assim atraso
Na verdade me acostumo
E sabendo deste ocaso,
Vou tomando certo prumo.

42

Revivendo cada sonho
Onde um dia quis bem mais
O momento que proponho
Entre tantos desiguais,
Na verdade o que componho
Trama em velhos temporais
O tormento mais bisonho
Onde agora tu me trais,
E bebendo a valentia
Que jamais eu conheci,
Na colheita poderia
Encontra enfim em ti
O quanto tanto sonharia,
Mas bem sei que te perdi.

43

Mesmo assim eu não desisto
Nesta luta que domina
O momento quando insisto
Com certeza determina
Se a saudade eu mal despisto
Noutro passo me fascina
E sabendo sempre disto
Transformando a minha sina.
Nas estrelas mais bonitas
E na lua enamorada,
Entre tantos sonhos ditas
A palavra nesta estrada
Com certeza necessitas
Muito além de alguma escada.

44

Não se vendo a direção
Do meu passo em noite escura,
Outros dias me trarão
O que a sorte em vão procura,
No tormento a decisão
Expressando o que não cura,
Deixa rota esta amplidão
E traduz velha loucura,
Versejando com certeza
Nada tenho hoje de meu
Luto contra a correnteza
E meu tempo se perdeu,
Da mulher tanta beleza,
No meu peito medo e breu.

45

Tomo as rédeas da saudade
E procuro algum caminho,
Mas a noite quando invade
Traduzindo este mesquinho
Desejar tranquilidade
Cultivando tanto espinho,
Nada tenho e não mais quero
E se tento alguma paz
Ao mostrar sempre sincero
O que nunca satisfaz
Pouco a pouco destempero
E meu canto se desfaz.


46

Aprendendo todo dia
O que nunca mais esqueço
Pouso além do que podia
Já nem sei meu endereço,
A verdade não traria
Tão somente este tropeço
Vejo em ti a fantasia
Onde a paz enfim mereço.
Resumindo a minha história
Nestes versos maltrapilhos
Já não vejo qualquer glória
E sequer percebo os brilhos
De quem luta e sem vitória
Puxa enfim velhos gatilhos.

47

Balançando neste vento
O meu mundo não se veja
Entregando o pensamento
Colocado na bandeja
O cenário em desalento
Que deveras sempre seja
O que possa em sofrimento
Transbordar e já lateja,
Resta apenas abandono
Onde quis felicidade
Do meu passo não me adono
E meu canto desagrade,
Impedindo algum abono
Ao beber tanta saudade.

48


Cadencio o passo quando
A certeza não mais vem,
E meu mundo desabando
Busca a paz e traz ninguém
O caminho se mostrando
Tão somente no desdém
Outro dia bem mais brando
Com firmeza nada tem,
E o meu verso desafina
Entre enganos mais sutis
Outra sorte dita a sina
E desfaz o quanto eu quis
Bebo a noite que ilumina,
Mas jamais serei feliz.

49


Cabe dentro do meu peito
Outro enredo em desengano,
Quando tanto quero e aceito
A verdade muda o plano
E se possa ver direito
No final quando me dano,
Procurasse algum efeito,
Mas sei quanto é desumano
O momento em traição
Na tocaia numa espreita
E se vejo a dimensão
Desta sorte tão estreita
Bate firme o coração
Quando em vão no não se deita.

50


Terminando o meu relato
Sobre o que jamais esqueço
Procurando outro regato
E talvez este adereço
Onde amor quero e constato
Sem saber sequer o preço
E vivendo o que retrato
Com carinho em tanto apreço.
Visto a lua e me entrego
Na argentina maravilha,
Mesmo quando esteja cego
Percorrendo a imensa trilha
O meu verso agora emprego
Já não temo outra armadilha.
Não me cabe acreditar
Nas torrentes da paixão
Entregando-me ao luar
Dando nó no coração
A vontade de ficar,
Mas a vida diz que não,
Violeiro que sem lar
Faz das ruas seu colchão,
O meu mundo poderia
Noutro rumo mais tranquilo,
Se, porém, sorte é sombria
Neste sonho eu já desfilo
Vou bebendo a poesia
Tanto amor ora destilo.

2

Com saudades de quem fora
Minha deusa e minha vida
A vontade tentadora
Pega já desprevenida
Alma livre e sonhadora
Desfilando na avenida
Noutra senda promissora,
Mas conhece a despedida.
Sabe bem do quanto dói
A saudade que transforma
Este amor tanto corrói
E mudando sempre a forma
Tanto faz quanto destrói,
Traz no peito esta reforma.

3

Já não pude ter nas mãos
Todo amor que se quisera
Entre as pedras, ledos chãos
Outro salto da pantera,
Nossos olhos dizem nãos,
Mas a vida não espera,
Adentrando pelos vãos
Coração se desespera.
Na vontade de sonhar
Ou no medo de quem tenta
Com os sonhos no luar
Enfrentar qualquer tormenta,
Mas se a vida cultivar
A colheita me alimenta.

4

Hoje vejo quem outrora
Não pudera imaginar
Quando a sorte se apavora
Nada fica no lugar,
Este amor que não tem hora
Só desejos de te amar,
Alimenta e me devora
E não deixa descansar,
Tempo inteiro este alvoroço
Não consigo ver além,
Fosse velho, fosse moço
Meu amor sendo de alguém
Atolado até pescoço
A saudade sempre vem.

5


Não me deixes; por favor,
Tanto peço quanto imploro
Nas entranhas deste amor
Com certeza eu me demoro,
Na verdade o sonhador
Que o caminho hoje eu decoro
Vou buscando o redentor
Porto aonde o barco ancoro,
Não me sinto solitário
Se eu te tenho, junto a mim
Um amor que é solidário
Dominando até o fim,
Faz do sonho itinerário
Acendendo este estopim.

6

Se eu bebesse da saudade
Mais um gole com certeza
Tanto sonho que degrade
Prometendo outra leveza
Superando a velha grade
Vicejando a natureza
Com o canto que me agrade
Clareando a fortaleza
Deste peito que já sonha
Com aquela que ele quer,
Na vontade ele proponha
Os anseios da mulher
Numa sorte mais risonha
Seja lá como puder.

7


Resolver esta questão
É decerto o que mais quero
Outros dias que virão
Num momento onde sincero
Vou cobrindo a solidão
Com o amor que sempre espero
Nas cordas do violão
A vontade hoje tempero,
Mato o medo do futuro
E vicejo o meu presente
O meu mundo eu asseguro
Nele amor além se invente,
Cultivando num chão duro,
Vou cevando esta semente.



8

Do passado dolorido
Já não vejo nem sinais,
Outro mundo resumido
Em momentos magistrais
Meu caminho percorrido
Entre tantos e outros mais
Vou agora resolvido,
Não te deixo; amor, jamais.
Nas janelas da vontade
Emoção traz esperança
Com o olhar felicidade
Minha vida agora avança
E percorre esta cidade
Com certeza e confiança.

9

Mas durante muitos anos
Minha vida foi diversa
Entre medos, velhos danos
Coração se desconversa
Sentimentos soberanos
A saudade não dispersa
E a vontade corta os panos
Trama a sorte mais perversa,
Deixo o quanto poderia
E não vejo outro caminho
Numa noite mais sombria
Prosseguira tão sozinho,
Tendo em minha companhia,
Poesia e sonho: um ninho.

10


Sabe tanto sobre a vida
Quem jamais se deu inteiro?
Noutra ponta a despedida
Adubando este canteiro
Na expressão mais dolorida
Aprendendo o jardineiro
A cuidar na sua lida
Com o afeto verdadeiro,
Da viola cada corda
Traz o nome de quem amo,
Quando a sorte se recorda
Renascendo um novo ramo,
A vontade sempre acorda
E outra lua agora eu tramo.


11

Na verdade o quanto possa
A vontade mais audaz
A saudade sendo nossa
Esperança traz a paz?
O que tanto nos adoça
Esta luta mais tenaz
E se enfim o amor apossa
Nada deixa para trás.
O caminho que se abrira
Noutros dias mais diversos
Acendendo então a pira
Incendeia tantos versos
Desta manta cada tira
Traz em si mil universos.

12

Quando via o céu tão claro
Numa noite sertaneja
Este sonho que escancaro
Da maneira quanto seja
Vou tentando o gosto raro
De viver o que deseja
Em teus braços eu me amparo
Alma audaz toma e lateja
Com vontade de ficar
E viver bem junto a ti,
Cada noite a preparar
Novo sonho em frenesi,
E a viola enluarar
Muito mais que eu concebi.

13

Não se entrega quem labuta
Contra a dura solidão
Ouço a voz e desta luta
Novos dias mostrarão
O que tanto esta alma escuta
Dominando esta amplidão,
A saudade sendo astuta
Armadilha o coração.
Nada mais pudesse ter
E vivendo do teu lado
Tanto amor, tanto prazer,
O meu mundo desejado,
Posso enfim reconhecer
Da emoção cada reinado.

14

Das entranhas deste sonho
Encontrei quem tanto eu quis
E se agora o que proponho
Te fará bem mais feliz,
No momento onde me ponho
Bebo mais e peço bis,
Nosso céu bem mais risonho,
Disfarçando a cicatriz,
Devo ter em minhas mãos
As vontades mais audazes
E decerto em claros vãos
Outros dias tu me trazes
Na esperança dos cristãos
Nesta lua feita em fases.

15

Navegando em mar imenso
Tantas vezes eu pensara
No caminho onde compenso
A saudade tão amara,
O meu mundo mesmo tenso
Noutro rumo se prepara
E bebendo me convenço
Da vontade que me ampara.
Noutra sorte tantas vezes
Encontrei o descaminho,
Vou cevando minhas reses,
Mas prossigo tão sozinho,
Esperando alguém há meses,
No vazio eu já me aninho.

16


Se eu pudesse, amor, eu juro
Preparava uma canção
Neste céu demais escuro
Nos teus olhos o clarão
Que decerto ora procuro
Mergulhando na amplidão
Tendo amor onde asseguro
Tanta paz no coração,
Depois disto nada quero
Nem sequer o pensamento
Sendo em ti bem mais sincero
Traz o quanto sonho e tento,
No momento onde te espero
O meu peito aberto ao vento.

17

Já perdi uma esperança
Outra agora, eu quero e trago
Pondo o peso na balança
Em teus braços eu naufrago
Vendo a sorte que não cansa
Este amor sublime e mago
Explodindo agora avança
E promete novo afago,
Onde a vida trouxe afeto
Um sorriso em alegria
Eu decerto me completo
E meu passo mostraria
O cenário predileto
Feito em sonho e fantasia.

18

Toda noite em lua cheia
Dá vontade de voltar
Ao que tanto devaneia
Coração sabendo amar
No caminho onde se anseia
Mergulhando em tal luar
Este encanto diz sereia,
Como é belo o seu cantar!
Vivo a sorte que vier
E não temo o desalento,
Nos desejos da mulher
Meu desejo; agora tento,
Da maneira que puder
Superando o sofrimento.

19


Bate forte o coração
De quem tanto quis a sorte
Outros tempos me trarão
Este sonho que conforte,
Modulando a direção
Desenhando em ti meu norte,
Noutra clara dimensão,
Num amor o meu suporte,
Tanto quis e não ousasse
Na verdade sendo assim,
A saudade se mostrasse
Prometendo então meu fim,
Mas ao ver esta outra face
Mergulhei dentro de mim.

20

Num acorde mais audaz
Ou num passo com firmeza
A saudade não mais traz
Sofrimento em minha mesa
Vou vivendo este tenaz
Caminhar em fortaleza
Vou deixando para trás
Esta luta esta incerteza,
Nada tenho senão isto
E decerto irei contigo,
Deste amor eu não desisto
Já cansei de ser amigo,
Vou provar; amor que existo
Neste rumo em paz prossigo.


21

Não me deixe mais sozinho
Já não posso suportar
O meu mundo em tanto espinho
Não pudesse desenhar
Primavera como um ninho
Que procuro sem parar,
Sentimento mais mesquinho
Toma tudo devagar,
Outro dia não veria
O que agora fosse meu,
Tanta luz em poesia
Que a saudade ora perdeu,
Mas se amor inda viria
Onde foi que se escondeu?


22


Nestas tramas mais audazes
Da saudade e do querer
Ultrapasso tantas fases
E me ponho a perceber
Que decerto até atrases,
Mas não deixes de saber
Deste sonho quando trazes
Um momento de prazer,
Jamais tive em minha vida,
Algo tão belo e sutil,
Outra sorte concebida
Coração não permitiu,
Mas agora esta ferida
No meu peito o tempo abriu.

23

Toda vez que a noite vem
E trazendo a lua ou não,
Recordando desta alguém
Que levou meu coração,
Mergulhando aonde tem
Outro passo em direção
Ao caminho do desdém
Nas entranhas da paixão,
A vontade que floresce
A esperança em primavera
Tanto amor que me enlouquece
Não suporta mais espera
Vou tentando em reza e prece,
E o vazio destempera.

24


Sem lugar onde descanse
O meu mundo mais dorido,
Onde quer que a vida avance
Outro tempo construído
Aguardando nova chance
Neste passo que incontido
Sobre o sonho agora lance
Tanto amor que em ti lapido.
Permitindo ao garimpeiro
Esta gema sem igual,
Cultivando no canteiro
Este amor sensacional,
Que se fosse verdadeiro,
Eu desconhecia o mal.

25


Bebo em ti esta saliva
Do desejo mais cruel,
A vontade nos cativa
E desenha em nós o céu,
A minha alma não se priva
Deste mundo em carrossel,
A saudade sempre viva
Deixa o coração ao léu,
Mas se vejo de repente
Quem já quis e não voltara
Outra lua agora tente
Invadindo em noite clara,
O meu mundo impertinente,
Num abraço em paz se ampara.

26


Vou tentando a melhor sorte
Depois disto que eu vivi
O caminho ora comporte
Todo amor que conheci
Desejando bem mais forte,
O que vejo agora em ti,
Nada mais traçando o norte
Onde a luz eu concebi.
Vejo o brilho deste olhar
E deveras nada cansa,
A vontade de ficar
Outro sonho em esperança
Procurando sem parar
Restaurar a confiança.

27

Não perdendo a direção
Dos meus passos vida afora
Dando corda ao coração
A vontade me devora,
E bebendo a solidão
Quantas vezes vejo esta hora
Numa imensa dimensão,
Tanto tempo ela demora,
Vejo a vida como um dia
Eu pudesse caminhar
Contra toda esta agonia
De saber e não tocar,
Noutro sonho em alegria
Sem temores mergulhar.

28


Não me canso de saber
Do que tanto pude e nada
Da vontade e do prazer
Dominando esta sacada,
Nos teus olhos posso ver
Esta rua iluminada
Pelas tramas do querer
Na esperança desejada,
Mas o medo me atormenta
E se tanto eu quis e quero
Ao vencer cada tormenta,
O momento mais sincero
Com ternura me alimenta
Traz o tanto quanto espero.

29


Jamais soube do vazio
Onde amor faz sua festa
E se tanto eu desafio
O momento que me resta,
Na correnteza do rio
O caminho que se empresta
Traz nos olhos rodopio
Aproveita qualquer fresta.
Na verdade o que se quer
É trazer a solução
Sem saber medo sequer
Entregando ao coração
O carinho que vier,
Dominando esta amplidão.

30


Mas pudesse pelo menos
Ter o sonho e crer possível
Novos dias mais amenos,
Esperança noutro nível
E depois destes venenos
O que pensava invencível
Traz nos olhos medos plenos
E se mostra perecível,
Já cansado desta luta
Que decerto não suporta
A vontade não discuta
Arrombando logo a porta,
A saudade em força bruta
Todo sonho enfim aborta.



31

Nada mais eu permitisse
Da saudade tão atroz
No momento onde medisse
A esperança em rude voz,
Outro amor, nova tolice,
Continua o mesmo algoz,
Esperança uma crendice
Que permite falsos nós,
Nada tenho do passado
No futuro não terei,
Coração apaixonado
Quis um dia ser o rei,
Mas agora abandonado
Diz do quanto enfim errei.

32

Não sabendo do que pude
Desenhar em sonho vago,
A vontade tanto ilude
Quanto o tempo que eu a trago,
Deixo atrás a juventude
No vazio ora me alago,
Outro passo em atitude
Procurando algum afago.
Mas bem sei que nada vale
Quem se fez um sonhador,
A saudade traz o xale
Quando faz tanto calor,
E se possa e me avassale
As tormentas de um amor.

33

Não pudesse ter comigo
Quem tentei e nunca veio
Cada passo outro perigo,
Na vontade em puro anseio
Todo sonho que persigo
Produzindo em devaneio
O que seja desabrigo
E provoque este receio
De uma vida sem sentido
De um momento mais cruel
Onde tanto dilapido
Da esperança inteiro o céu,
Vejo o quanto descumprido
Desta vida, o seu papel.

34

Nada mais pudesse enquanto
Outro dia não raiasse
Na verdade o que garanto
Noutro prumo e desenlace
Poderia ser o canto
Onde o mundo se mostrasse
Em ternura, raro encanto,
Desenhando esta outra face,
Navegando contra a fúria
Das marés cedo eu me canso
E sem ter sequer lamúria
No final eu nada alcanço,
Quem se veja em tal penúria
Busca ao menos um remanso.

35

Na sarjeta da esperança
Encontrei o descaminho
Sem amor sem aliança
Sigo sempre tão sozinho,
Coração traz por vingança
Onde quer e já me aninho
Quem decerto ali se lança
Enfrentando a dor e espinho
Sabe bem do que se quer
E não deixa na promessa
O desejo da mulher
Quando a vida não tropeça
E se tanto isto puder
Não vê nada que o impeça.

36


Vendo a sombra do que somos
E do tempo onde passei
Nas estrelas nunca fomos,
No teu reino não fui rei,
Não provasse destes pomos
Quantas vezes; procurei
A saudade traz os gomos,
Nunca mais me esquecerei?
O futuro não existe?
Ou talvez quem sabe a vida
Saiba ser deveras triste
E prepara em despedida
Só pra ver se alguém persiste
Nesta estrada dolorida.

37


Aprendendo desde cedo
Com o medo e a solidão,
Tanto sonho que concedo
Às loucuras da paixão,
Noutro tempo sem segredo
Enfrentando a tentação
De viver em desenredo,
Sem ter rumo ou previsão.
Loucamente vejo a sorte
Afastando-se de mim,
Sem ter quem ora conforte
Vou chegando mesmo ao fim,
A saudade traz o corte
No meu peito faz motim…

38


Das rotinas desta vida
Este amor foi a melhor
A certeza consumida
Nas vontades do suor,
Ao provar esta bebida
O caminho eu sei de cor,
No que possa esta avenida
Desfilar em tom maior
Outro enredo que não esse,
E se tanto isto viesse
O meu mundo obedecesse
Com certeza a bela messe
E deveras se esquecesse
Tendo amor que já merece.

39

Esperança volta e toma
O que fora uma ilusão,
Na verdade busco a soma
Minha multiplicação,
A vontade quando doma
Toma toda a dimensão,
Como fosse um doce coma
A tramóia da paixão,
Não deixando descansar,
Mas trazendo este momento
Onde entrego-me ao luar
E bebendo o manso vento,
Aprendendo a navegar
Neste encanto que alimento.

40

Na certeza de outro dia
Um momento derradeiro,
Outro sonho se veria,
Coração de violeiro
Vive em plena fantasia
E decerto eu já me inteiro
Do que possa esta alegria
Sendo amor o jardineiro,
Primavera renascendo
Noutra forma mais sutil
O meu mundo fora horrendo
O meu canto não se ouviu,
Mas agora; amor, o entendo
Tão atroz quanto gentil.


41

Mas mudando de endereço
Novo tempo agora versa
E sem ter qualquer tropeço
A verdade desconversa,
Encontrando o que mereço
Noutro tom a voz dispersa
Vendo enfim este adereço
Emoção em luz diversa,
Do passado nada resta
Nem sequer o que gerasse
Noutro rumo em noite infesta
O que fosse algum impasse,
Preparando para a festa
Que este amor tanto tramasse.

42

E nunca acreditava
Nas torrentes da emoção
Ao saber da sorte escrava
Da terrível solidão,
Hoje enfim enfrenta a lava
E adentrando no vulcão
Sabe bem onde encontrava
Tanta luz no coração,
E vencendo o que se fez
Em temor ou mesmo em mágoa
Noutro rumo em lucidez,
Nos teus braços já deságua
E percebe como vês
Neste olhar a imensa frágua.

43


Ao abrir belo horizonte
Depois desta tempestade
Onde quer que o sonho aponte
Nada mais me desagrade,
Ultrapasso e trago a fonte
Onde venço esta saudade
No caminho vejo a ponte
Que me leve à liberdade,
Nada mais se vendo após
Uma queda costumeira,
Nos teus braços, nossos nós
A verdade não se esgueira
E sabendo mais veloz
Esperança que se queira.

44


Bebo em boca mais suave
Delicada forma e vivo
O caminho sem entrave
E de ti serei cativo?
Na verdade nada agrave
Nem se faça lenitivo,
Meu amor se faz uma ave
Libertário sonho altivo,
Alivia quem se fez
Em tormento no passado
Apresenta em solidez
O momento desejado,
E decerto agora crês
Neste canto enamorado.

45

E juntando o que viera
Com o tanto que inda vem
A verdade mais sincera
Não traduz nenhum desdém
E se tanto já se espera
O que tanto agora vem
O meu mundo se tempera
Coração gigante, trem,
Invadindo o meu futuro
Sem temer o que virá
Neste passo eu asseguro
O que tanto sei e já
Mesmo o mundo sendo escuro,
Meu caminho brilhará.

46


Nos acordes da viola
O que tanto digo a ti,
Este sonho que me assola
Diz do quanto mereci,
Pois amor entrou de sola
E deveras pressenti
Trago a lua na sacola,
Muito mais que mereci.
Toco estrelas com os dedos
Vago em noite sem igual
Deste encanto sei segredos
Num momento magistral,
Nesta luz os meus enredos,
Já não sabem qualquer mal.

47


Sonhador? Um trovador
Ou quem sabe um repentista
Que buscando num amor
Tudo aquilo que se avista
Numa noite em esplendor
Sendo o sonho um grande artista
E no canto o refletor
Que deveras tudo assista,
Verso e tento com meu canto
Renovar esta aliança
O meu passo; em ti, garanto
Minha sorte então se lança
Esquecendo dor e pranto,
Promovendo esta mudança.

48


Bate forte no meu peito
Num batuque que ritmado
Traz o sonho quando deito
Nada fala do passado,
Outro encanto sendo feito
Num cordel assonetado,
Meu caminho eu sei direito
Mostra o quanto em luz invado,
Inalando o teu perfume,
Rosa bela no jardim,
Tanto bem que me acostume,
Transformando tudo em mim,
Nos teus olhos o meu lume
Nada diz da dor que eu vim.

49


Sem perder um só momento
Um segundo vale tanto,
Outro mar que agora invento
Com ternura ora garanto,
Ao sentir bem mais atento
O que quero e não espanto,
Entregando ao forte vento
Sem saber qualquer quebranto,
Navegando com certeza
Enfrentando estas marés,
Neste amor a realeza
Fortaleza sem galés
E deveras sem surpresa
Sei querida quem tu és.

50

Encerrando este cordel
Trago o peito sempre aberto
Percorrendo o imenso céu,
A saudade ora deserto,
E cumprindo o seu papel
O meu mundo já desperto
Caminhando em carrossel
Encontrando o rumo certo,
Sem saber do sofrimento
E tampouco do passado,
Outro dia agora invento
E decerto em paz eu brado,
Percorrendo o pensamento
Um caminho apaixonado.

sexta-feira, 18 de março de 2011

A briga do diabo
Com quem domina o céu
Enquanto aqui me acabo
Nas tramas de um cordel
Escorrega o quiabo
E sigo sempre ao léu
E também já desabo
E sei do tom cruel
Do verso desenhado
Em tom atroz e rude
Depois do desejado
Ainda desilude
E nisto o meu passado
Expressa esta atitude.

2

Pudesse vez em quando
Saber do que me espera
O mundo desabando
A voz dura e sincera
De quem soubesse em bando
A sorte que não gera
Senão amordaçando
A senda atroz e fera;
Negar qualquer caminho
Imenso ou mesmo após
O tanto em desalinho
Agora visto em nós,
Quem fora tão sozinho
Nem ouve a própria voz.

3

Na sorte atocaiada
Momento em desafeto
A vida traça o nada
E nisto me completo
Depois da madrugada
Tentando algum afeto
Varando esta alvorada
Apreço ora deleto,
E sei do mesmo caos
E nele busco a luz
Enquanto outros degraus
Aonde reproduz
Os ermos ledos maus
E neles não me pus.


4

Jogado pela sorte
Em meio ao temporal
Sem ter quem me conforte
O dia mais venal
O canto sem meu norte
O mundo desigual,
E nada mais aporte
Um sonho magistral,
E tendo como ocaso
O verso sem valia
O tanto quanto atraso
A velha hipocrisia
Marcando em puro acaso
O quanto não teria.

5

Da lua sertaneja
Catulo já dizia
O quanto se deseja
E molda a poesia
E sei cada peleja
Aonde poderia
Vencer enquanto seja
A vida em melodia,
Não tento adivinhar
O passo que não dei,
Aonde me entregar
Se eu fosse então teu rei
Restando algum luar
E nele eu mergulhei.

6

Não vejo esta princesa
E nem mesmo o castelo
E quanto a vida ilesa
Expressa o passo belo
E nele esta certeza
Enquanto aqui revelo
A vida em fortaleza
Nas mãos velho rastelo,
Mas luto em aridez
Cenário sempre agreste
E nisto o que se fez
Deveras não trouxeste
Marcante insensatez
Grassando a fera peste.

7

A trova recomeça
E nada determina
A vida já sem pressa
E nisto me fascina
A luta que tropeça
E sei da rara mina
Aonde esta promessa
Decerto me domina,
Pousando noutro rumo
Encontro alguma luz
E sei do que resumo
Ou tanto se produz
No velho e ledo sumo
E nele em vão me pus.

8

Vingança que se faz
Em tramas mais diversas
E sei do passo audaz
Enquanto sempre versas,
O canto contumaz
As sortes vão imersas
Depois da imensa paz
O tanto desconversas,
E sei do descaminho
Em tom atroz e rude,
Depois do meu carinho
O passo que me ilude
Pudera ser daninho
E ter nova atitude.

9


Jazigo da esperança
O verso sem sentido
O manto que se lança
Jogado neste olvido
O prazo que balança
O tempo resumido,
O mundo não mais cansa
De quem tanto duvido,
O canto noutro canto
Viola noite afora
E sei e não garanto
O tanto que ora aflora
Marcando em desencanto
O sonho que apavora.


10


Nadar contra as marés
E crer no que não veio
Sabendo por quem és
E nisto em devaneio
Seguindo sem galés
E mesmo sem receio
Os dias em meus pés
As luas noutro meio
O mundo se anuncia
E nada mais se vendo
Somente a fantasia
E nela o dividendo
Determinando o dia
Tão claro ou mesmo horrendo.

11

Jamais me desejaste
Eu sei e não reclamo
O tempo em tal contraste
Deixando cada ramo
Ausente deste traste
Enquanto ainda exclamo
A vida traz desgaste
E disto nada chamo,
Mas vejo outro momento
E nele o que se vê
Expressa o sentimento
Sem ter sequer por que
O verso que hoje tento
Procuras. Mas, cadê?

12

Nas tramas mais audazes
Nos olhos do futuro
Ainda quando trazes
O porto mais seguro
O tempo traz em fases
O quanto sei maduro
O tanto quanto embases
Em dia tão escuro.
Não pude e nem quisesse
Viver em plenitude
A sorte traz a prece
E o verso não me ilude
Deixando o que se esquece
Procuro uma atitude.

13

Batalhas entre tantas
Que a vida prometera
Depois tu me adiantas
Pavio aceso e cera
E sei quando garantas
O quanto não vencera
A luta onde agigantas
E tanto padecera
A morte não se cansa
E sei desta fartura
E nada em confiança
Deveras já perdura,
O mundo em aliança
Do fim ora assegura.

14

Posando como trama
Diversa da que vejo
O certo dita o drama
E nele o malfazejo
Tormento não reclama
E sempre o que desejo
Expressa enquanto clama
A vida em novo ensejo,
Vestindo a sorte imensa
Que tanto desenhaste
O mundo não compensa
Sequer desenha esta haste
E sei da fúria imensa
E nela este desgaste.

15


Jagunços da esperança
Os versos solidários
Aonde com pujança
Seriam quais corsários
E vejo enquanto avança
Os vãos itinerários
E sei da velha lança
Em dias mais contrários
Navego contra a fúria
Dos ventos costumeiros
E tento após a incúria
Ainda ver canteiros
No quanto sem luxúria
Meus sonhos derradeiros.

16

Brindando com cristais
Em noite deslumbrante
Eu quero muito mais
Do quanto se garante
E sei que tu me trais
E vejo doravante
Os dias terminais,
Jamais algo adiante,
Somente este vazio
Semente morta em chãos
Diversos do que crio
Inúteis, pois os grãos
E sei do desvario
Em dias turvos, vãos.

17

Na ponta desta espada
Na faca foice e corte
A vida após o nada
Expressa enfim a sorte
E vejo desolada
Ainda a luz que aborte
A rara madrugada
Moldada em dor e morte,
Não tento adivinhar
Sequer algum espaço
E quando sem luar
Encontro o meu cansaço
E possa mergulhar
No sonho aonde o traço.

18


Bisonho passo envolto
No tempo sem razão
E sei seguindo solto
Os dias que verão
O tempo enquanto escolto
Os ermos deste vão
Num mar tanto revolto
Sem leme e sem timão,
Apenas adivinho
A dimensão do tombo
E quanto mais carinho
A vida traz o rombo
E nisto cada espinho
Penetrando no lombo.

19

Apresentando o verso
E nele se vingando
A luta onde o perverso
Traduz o quanto e quando
O mundo eu desconverso,
Mas sinto desabando
E quando estive imerso
No fim se desvendando
O passo sem firmeza
A queda se anuncia
E mesmo na incerteza
Eu bebo a fantasia
E tento outra surpresa
Além da que eu veria.

20

Na ponta do fuzil,
Na boca no trombone
O tempo não mais viu
Enquanto desabone
Cenário aonde vil
Tocasse o telefone
E nada neste ardil
Presume noite insone,
Vagar contra o que trazes
E crer no fim de tudo,
A sorte tem as fases
E sei não mais me iludo,
E bebo dos mordazes
Caminhos e não mudo.


21

Soneto acordelado
E seja o que quiser
Cordel assonetado
Nas tramas da mulher
Vestindo o meu passado
Aonde o bem me quer
Pudera repousado
Vivendo como der,
Não tento outro caminho
E sei do mesmo igual
Ainda se daninho
O corpo sensual
Precisa de carinho,
É feito em sol e sal.

22

Morena se pudesse
Daria todo império
E sei do quanto tece
A vida em tom mais sério
No canto feito em prece
O verso sem mistério
Amor jamais se esquece
Firmeza de um minério.
No prazo determina
O ocaso que não veio
A sorte cristalina
O mundo sem receio,
E sei da clara mina
E dela cada veio.

23

Amor que nos condena
E traz felicidade
Em noite mais serena
Expressa a tempestade
E sei quanto envenena
E sempre mais agrade
Quem bebe desta amena
Razão da claridade,
Não pude e não veria
Sequer outro momento
E tento a poesia
No fim já desalento
E vivo a cada dia
A luz e o sofrimento.

24


Brincando com o quanto
A vida não permite
O todo rege o pranto
E sei deste limite
Aonde em desencanto
O prazo eu necessite
Vestindo o que garanto
Não traz qualquer palpite,
Jogado sobre as ondas
Nos mares da esperança
Sem nada que respondas
O tempo já se cansa
E quando correspondas,
A praia se fez mansa.

25


Mas luto contra o medo
E brindo com ternura
A quem tanto eu concedo
Um gole de amargura
O verso noutro enredo
A sorte não perdura
E o prazo do segredo
De nada me assegura
Somente o que se sente
E nada mais presumo,
Do tanto onde é frequente
A vida em sorte e sumo,
O passo de um demente
Jamais acerta o rumo?

26

Escondo cada verso
Dos tantos que criei
Nas redes do universo
Aonde descansei
E sempre desconverso
Ousando ter no rei
O sonho mais perverso
Que tanto desenhei,
Não posso acreditar
Nem mesmo isto faria
Nas tramas deste mar
Em água audaz e fria,
O canto a se mostrar
Sereia me traria.

27

Respaldos que procuro
Enquanto solto a voz
No tempo mais escuro
O mundo mais feroz,
O tanto que amarguro
O passo dentro em nós
Depois do que asseguro
Escondo em mim o algoz,
Não pude e nem tentara
Ao menos perceber
Além desta seara
Um canto pra viver
E a vida se prepara
Em busca do prazer.

28

Servil ao sentimento
O pobre coração
Procura este alimento
Em forma de ilusão,
E sei do que atormento
Ou mesmo em direção
Ao mais terrível vento
Naufraga a embarcação
E tanto quanto pude
E sei jamais estive
Vivendo a juventude
E nada mais contive
Somente esta atitude
Que em sonhos duros crive.

29

Mascando o mesmo tiro
Que tanto desejamos
O canto que retiro
Os olhos dizem ramos
Diversos e prefiro
O quanto desenhamos
Depois do quanto giro
Apenas garimpamos
Palavras lavras, armas
E nisto sabes bem
Do quanto sem alarmas
As almas seguem, vem,
E tanto se desarmas
Não serás mais ninguém.

30

Na lua que se traça
Em plena claridade
O vento sem fumaça
A volta em liberdade,
O sonho chega à praça
E sei do quanto agrade
Num gole de cachaça
Cervejas? Nova grade.
O prazo determina
O verso que não fiz
A sorte se alucina
E vejo este infeliz
Cenário onde a menina
Expõe tal cicatriz.


31

Jamais eu poderia
Tentar outro caminho
A noite mesmo fria
Presume algum carinho
A sorte esta vadia
Abandonando o ninho
Decerto não viria
E sigo em vão sozinho,
Mas quando se apresenta
O corpo desta musa
A senda diz tormenta
E o sonho logo abusa
Apenas se alimenta
Do quanto já não usa.

32


Capacho deste sonho
Aonde mergulhemos
Após o mais medonho
Momento em tons extremos
E vejo o que proponho
E nisto só teremos
O verso mais tristonho
E o barco ora sem remos,
Externo esta vontade
Enquanto aqui ponteio
A luta desagrade,
Porém se faz o meio
Aonde a liberdade
Expressa o quanto anseio.

33

Não pudera incerteza
Tomar esta atitude
E sei da fortaleza
Embora o fato mude
O canto em tal surpresa
Aonde o sonho eu pude
Vestindo com leveza
A velha juventude,
Não tento acreditar
E nem mesmo teria
A sorte de vagar
Além na poesia
E quando mergulhar
No mar em fantasia.

34

No prazo que se finda
O verso sem proveito
A noite se faz linda
Contigo então me deito,
Mas sei do quanto ainda
O canto insatisfeito
Procura a luz infinda
Em vão no nosso leito,
Restara deste todo
Apenas desengano
A vida num engodo
O tempo dita o dano
E sei do imenso lodo
Enquanto em vão me ufano.

35


O preço que se paga
Ao menos valeria
Não fosse a velha praga
Da dura nostalgia
Tomando inteira a plaga
E nada mais se via
Sequer o que me afaga
Expondo a covardia,
A faca em minhas costas
O olhar sem horizonte
E sei que enfim não gostas
Do quanto amor desponte
E deixa sempre expostas
As teias desta fonte.

36

Mas tanto se pudesse
A vida noutro salto
E quanto vejo a messe
Deveras eu ressalto
O amor que não se esquece
A sorte em sobressalto
O verso me enlouquece
E sigo mesmo incauto,
Não pude ter no olhar
O quanto a desejei
E sei deste lugar
Imensa e tensa grei
Aonde o meu sonhar
Inteiro eu mergulhei.

37

Não tento novamente
Voltar aos meus sertões
E sei do quanto mente
As tantas ilusões
E nisto se apresente
Após as decepções
Deixando então doente
O olhar que enfim expões,
Não tendo outro caminho
Sequer a bela rosa
Supera algum espinho
Em noite caprichosa
Procuro em vão meu ninho,
A vida em polvorosa.

38

Jamais pude viver
As tramas deste encanto
E quanto em desprazer
Apenas eu garanto
O dia a se perder
E nisto se levanto
A voz ou passo a ver
Somente enfim me espanto
O resto da emoção
Que tanto resguardara
Agora em dimensão
Diversa se escancara
As sortes não trarão
Sequer a noite clara.


39

Declaro e na verdade
Ausento do momento
Aonde o tempo invade
E o sonho eu alimento
Na sorte que me agrade
No canto sem lamento
Ou mesmo a liberdade
Gerando o pensamento,
Não pude acreditar
Nos erros costumeiros
De quem sabe o lugar
E nele seus canteiros
Vagando no luar
Momentos derradeiros.

40


O verso que se traz
Na sorte de quem ama
Decerto mais audaz
Expressa além da chama
Marcando o que se faz
E nisto não reclama
Da luta mais mordaz
E invade toda a trama,
O prazo determina
O fim desta ilusão,
Mas quando vejo a mina
Mudando esta estação
A sorte me fascina
E o sonho faz serão.

41

Lutando contra tudo
E nada mais sossega
O verso onde me iludo
A sorte sempre cega,
O canto onde amiúdo
A voz que já navega
Bebendo sem, contudo
Prever a nova entrega
Dos passos entre cantos
E neles o meu rumo
Mostrando teus encantos
E sei quando eu assumo
Os dias entre tantos,
E neles me consumo.

42

Tocaia da esperança
Ao menos poderia
Trazer além da lança
A sorte em tal valia
E sendo o que me alcança
A noite moldaria
A lua clara e mansa
Propensa à poesia.
Poreja esta vontade
E bebo noutro gole
O quanto em liberdade
A vida sempre bole
Mesmo que desagrade
Amor invade e engole.

43

Declaro com meu verso
O quanto quero em ti
O sonho mais disperso
Agita em frenesi
E sei quanto diverso
Do todo que senti
Bebendo este universo
E nele me envolvi
Serena e brandamente
A vida não traduz
O quanto se desmente
E traça apenas cruz,
Do olhar seguindo em frente
Procuro a imensa luz.

44

Um dia poderia
Ousar e ser além
Do quanto uma alegria
Deveras sei que tem,
O canto alegoria
A sorte sem desdém
No todo mudaria
O sonho que convém…
Respaldos do passado
Futuro não garante
O tempo aonde brado
Decerto noutro instante
Num tempo anunciado
Eu vejo-o degradante.

45


Sementes que procuro
E tragam benfazejo
Caminho onde seguro
O sonho que ora vejo
Traduz e já depuro
As ânsias de um desejo
Saltando sobre o muro
Além deste azulejo,
Porém já me iludira
E sei deste momento
Aonde uma mentira
Regesse o sofrimento
E nisto o quanto gira
A sorte, eu sempre tento.

46

Menino sem juízo
À solta no quintal
Enfim eu me matizo
No sonho magistral
E deste paraíso
Jamais vendo outro igual
As roupas que preciso
Quarando no varal
Dos sonhos, a esperança
Não traça novo plano
E quando a sorte avança
Deveras não me engano
Voltando a ser criança
No amor tão soberano.

47


Sem ter qualquer promessa
De força ou heroísmo
Nem mesmo se tropeça
Na beira de um abismo,
O sonho dita a peça
E sei enquanto cismo
Bebendo o que me impeça
Do torpe cataclismo,
A sorte que ora rege
O passo deste canto
E sendo mesmo herege
Contigo eu me garanto
No amor que assim lateje
Deixando atrás o pranto.

48

Capaz de fazer sol,
O dia não pudera
Vencer este farol
Tomando a primavera
Depois neste arrebol
A vida sem espera
Eu sou teu girassol,
Uma alma mais sincera
Ousando acreditar
No dia em plena luz,
Depois deste luar,
Ao quanto nos conduz
Vontade de ficar
Amor fazendo jus.

49


Espero que se tente
Apenas novo passo
E mesmo descontente
O mundo quanto o traço
Não sai da minha mente
Morena e seu abraço,
O corpo já pressente
E busca este regaço,
Sem pranto o colo é rede
E nele meu descanso
Retrato na parede
Enquanto em ti avanço
Matando a minha sede
Num ato audaz e manso.

50

Termino o meu cantar
Com toda a sensação
Do amor a se mostrar
Em cordas, coração
Vivendo no luar
A sorte em emoção
Prevendo o desenhar
Dos dias que verão
A vida com firmeza
Vencendo algum temor
As cartas sobre a mesa
A luta sem rancor
Amor é fortaleza
E vence o que se opor.