A saudade faz mandinga
Estraçalha o coração
E depois se a gente vinga
Traz total destruição
Com certeza não respinga
Em quem muda a direção,
Noutro gole desta pinga
Encontrei a solução,
Vejo a noite de tal forma
Que jamais me cansaria
Outro tempo nos transforma
E promete novo dia,
Mas a vida não conforma
E destroça a poesia.
2
Vivo apenas por viver
Sem saber felicidade
Nesta vida sem prazer
O caminho desagrade
A quem tanto eu pude ver
E não soube da verdade
E nas tramas do querer
Não mais vejo a claridade,
Outro passo contra o vento
Nada tenho no final,
Vivo sempre em sentimento
O diverso ritual
E se tanto amor eu tento
Terminando sempre igual.
3
Quem desdenha quer comprar
Na verdade a vida dita
O que busca algum lugar
E decerto necessita
Do que possa imaginar
Noutra estrada mais bonita,
O meu peito quer luar
Se não vem angústia grita,
Repetindo a velha sorte
Que não pude e nem queria
Sem ter nada que conforte
Perco sempre esta alegria,
Mas se vejo além o norte
Novo amor em paz me guia.
4
Marco com a minha vida
O que pude noutro intento
A saudade em despedida
O meu rude pensamento,
Na esperança já perdida
Outro passo agora invento,
E se sinto esta ferida
O meu rumo é sofrimento,
Mas podendo disfarçar
O que tanto dói no peito,
Vou buscando o meu lugar
Mesmo quando eu só me deito
Nos anseios do sonhar
A paixão traçando o pleito.
5
Quero mais que a vida traz
E jamais me calaria
O meu passo mais audaz
Traz em si a fantasia,
Nada sendo mais tenaz
Do que possa a cada dia,
Noutro rumo contumaz
Encontrar a poesia,
Verso sobre o que não veio
E não vindo me deixaste
Com o olhar em devaneio
Na esperança outro contraste,
Quando a luz ora rodeio,
Qual falena me mataste.
6
Não sabendo do que pude
Nem tampouco do que sonho,
Outro verso que componho
Mesmo sendo bem mais rude,
Na verdade não ilude
E se o vejo mais tristonho
Toma em vão a juventude
E o meu passo; decomponho.
Nada tenho do meu lado
Ninguém sabe o meu tormento,
O meu canto enamorado
Já se perde pelo vento,
Noutro verso elaborado
Novo mundo em paz invento.
7
Das entranhas das Gerais
Um mineiro coração
Desejando muito mais
Sem saber da direção
Destas noites magistrais
E decerto na canção
Encontra estes sinais
De outros tempos que virão,
Mas enquanto a vida traz
Tão somente esta vontade
Que deveras tão tenaz
Não permite a liberdade
Onde houvesse enfim a paz,
A tristeza agora invade.
8
No meu mundo em raro empenho
Tento um dia mais feliz,
E se o sonho eu não desdenho
Vou buscando o que mais quis,
Pois a vida em tal desenho
Já se faz em cicatriz,
Quantas vezes; tento e venho
Escapando por um triz,
Na batalha desta vida
Encontrar felicidade,
Quando a sorte já perdida
Noutro rumo desagrade
Esperança pressentida
Traz no olhar a liberdade.
9
Nesta terra capixaba
Coração deste mineiro
Com certeza não desaba
Continua, pois inteiro,
Mas sabendo quando acaba
A florada no canteiro
Da incerteza não se gaba
Nem dá nó bem mais ligeiro,
Presumindo o que não trago
E talvez nunca soubesse
Quando a vida traz afago
Noutro tom a gente esquece,
Porém sempre que divago,
Já não vale qualquer prece.
10
Nas verdades doloridas
Na certeza de outro dia,
Embarcando nossas vidas
Onde amor somente havia,
Jogo as pedras e perdidas
Esperanças na agonia
De quem sabe as despedidas
E prossegue em fantasia.
Mas cansado deste engano
Nada mais me permitisse
O que tanto em vão me dano
Por manter esta crendice,
Coração mais soberano
Noutro plano já me ouvisse.
11
No sertão mais afastado
Aridez no pensamento
O meu canto quando invado
Traz o mesmo sofrimento,
E se escuto o mesmo brado,
Noutro rumo agora eu tento
Encontrar o desejado
Caminhar em raro alento,
Mas bem sei do descaminho
E vivendo sem saber
O que possa este mesquinho
Coração já sem prazer,
Depois mesmo tão sozinho
Esperasse amanhecer.
12
Beijo o sonho aonde um dia
Eu decerto quis além
E quem sabe entranharia
Na esperança sem desdém,
Rondo as tramas, poesia
Na certeza que já vem
Outro amor, nova ironia
E no fim nada e ninguém,
Mas insisto enquanto vivo
Nada impede o meu sonhar,
Se dos sonhos sou cativo
Ali encontro este lugar
Onde o verso eu não me privo
De por certo declamar.
13
Declamando o quanto tenho
E sem medo me entregara
Noutro mundo este desenho
Representa o quanto ampara
Minha vida e quando venho
Desejando a noite clara
Na verdade o que contenho
Nova sorte em luz declara,
Ao vestir esta saudade
Que jamais se calaria,
Bebo então a tempestade
Dispensando a calmaria,
No caminho da cidade
Outro sonho não se via.
14
Do roçado da esperança
Cada beijo uma semente
Que no solo a gente lança
E nos torna mais contente,
Sem perder a confiança
Neste tanto se apresente
O meu canto sem mudança
O meu passo impertinente,
Nada mais pude viver
Se não fosse esta presença
Deste amor que com prazer
Da beleza me convença
E se tanto posso ver
Nos teus lábios recompensa.
15
Resumindo o que talvez
Já não cabe no meu peito
Quando amor agora vês
Desfilando deste jeito,
Na verdade sem porquês
Outro passo é meu direito,
E também o que desfez
No final está desfeito,
Bebo a lua que se entorna
E desejo muito mais
Que esta noite fria ou morna
Enfrentando os vendavais,
Coração, amor adorna
E decerto não te vais.
16
Se tu fosses quem pensava
Coração enamorado
O meu peito em fúria e lava
Noutro tempo desenhado,
A minha alma tua escrava
O meu sonho desbravado,
Outro tempo já sem trava
Onde em paz desejo e invado.
Mergulhando no que pude
Desejar no dia a dia,
Com certeza o que ilude
Prometendo a fantasia
Renovando em atitude
O que tanto mais queria.
17
Trabalhando neste sol
Sem saber de algum descanso,
Procurando algum farol
E decerto nada alcanço,
A verdade no arrebol
Não permite algum remanso
Eu te sigo, um girassol,
Procurando um sonho manso,
Mas sei bem desta razão
Que te impede de sonhar,
Tanto amor em ilusão
Já não posso descartar
Outros dias que virão
Talvez possam nos salvar.
18
Aprendendo com a terra
Que deseja e tanto quer
A verdade agora encerra
Os desejos da mulher,
Enfeitando o quanto aterra
Sem saber medo qualquer
Noutro passo vejo a serra
Seja como Deus quiser,
Nada mais do que tivera
Nem tampouco inda teria,
Desejando a mais sincera
Sensação que não viria,
Ouço a vida e nada espera
Nem sequer uma alegria.
19
Cultivando com certeza
Talvez possa nesta ceva
Encontrar e com surpresa
A verdade onde me leva
Com beleza e com firmeza
Superando qualquer treva
A minha alma sendo presa
Perseguindo nova leva,
Se este joio fosse trigo
Eu pudera ter em paz
O que tanto não abrigo
E a incerteza ora desfaz,
Caminhar sempre contigo
Nesta estrada mais audaz.
20
Se eu perdi a direção
Nada vejo no horizonte
No correr desta ilusão,
Novo mundo agora aponte,
E decerto esta versão
Desenhando em clara fonte
O meu tempo em dimensão
Onde o sol ora desponte,
Presumisse qualquer sorte
E não pude e nem teria
O que tanto me conforte
Mesmo sendo fantasia,
Desenhando após o corte
Luz que o cicatrizaria.
21
Garimpeiro da saudade
Nada vejo em velha mina
A palavra na verdade
Com certeza determina
O que possa em claridade
E deveras me fascina
Revivendo em liberdade
A passagem cristalina
Onde um dia fui feliz
E se tanto merecia
Outra vida também quis
E se feita em fantasia
Desejando sempre o bis
Que decerto não teria.
22
Jogo feito sobre a mesa
Nada mais posso tentar
Outra vida sem surpresa
Mera fase do luar,
Prosseguindo em correnteza
Sem saber onde parar,
Mergulhando na incerteza
Com vontade de sonhar,
Nada vejo no futuro
Senão mesmo uma esperança
E meu passo eu asseguro
Noutro rumo em aliança
Quando o tempo foi escuro
Meu olhar um brilho alcança?
23
Matadeira esta vontade
De viver o que não tive,
O meu peito forte brade
E se possa sobrevive
No caminho da verdade
Nada mais tanto nos prive
Desta imensa claridade
Onde o sonho sempre vive,
Não perdendo qualquer chance
De tentar novo momento
O que tanto a vida avance
Com certeza não lamento,
Adivinho novo lance
E pressinto algum alento.
24
Presumindo o que se quer
Noutro passo em noite clara
Sei do quanto sem sequer
O temor que se declara
Navegando aonde der
Outra luz, mesma seara,
Nas pegadas da mulher
Que meu peito tanto amara,
Vejo apenas o que tente
Desvendar noutro momento,
O meu sonho penitente
E se tanto agora invento
O que possa num repente
Afastando o sofrimento.
25
Da viola em noite imensa
Sertanejo coração
Tanto quer quanto mais pensa
Aproveita este clarão
E desenha o que convença
Seu amor, sua paixão,
Noutro passo perca ou vença
Vai mantendo esta ilusão.
Eu também numa seresta
Feita em noite enluarada
Emoção fazendo a festa
Percorrendo a mesma estrada
Que também assim se empresta
À vontade iluminada.
26
Se eu não falo do que tento
Ou deveras poderia
Meu olhar seguindo atento
Procurando novo dia,
A verdade e o sofrimento
Com certeza ensinaria
Quem perdendo em desalento
Colhe os frutos da agonia,
Mas a sorte não se cansa
E mudando em nova face
Traz no olhar esta esperança
Que decerto agora trace
O caminho aonde avança
E o futuro desnudasse.
27
Brava gente que em sertões
Traz o peito mais audaz,
E decerto quando expões
Procurando sempre a paz
Noutros termos emoções
Demonstrando o que se faz
Aprendendo das lições
Muito além do que é capaz
Na incerteza deste passo
E na fome dia a dia,
O que tanto ora desfaço
Na verdade não faria,
Se não fosse o mundo escasso
De um amor em poesia.
28
Luto contra a correnteza
Subo a velha cachoeira
No meu passo sem surpresa
A saudade eu vejo inteira,
E se possa com firmeza
Caminhar em derradeira
Sem saber de caça ou presa
Noutra sorte, a verdadeira.
Não tivesse neste enredo
O sofrer que me atrapalha
E se tanto amor concedo,
Já não é fogo de palha,
Conhecendo este segredo
Minha voz além se espalha.
29
Nos acordes da viola
Nos anseios do meu sonho
O meu canto não descola
Do que tanto ora componho,
Vejo a vida e já decola
Noutro rumo e me proponho
No saber enquanto assola
O momento mais risonho;
Nada vejo sem futuro
Busco após nova colheita
O meu mundo eu asseguro
Sempre quer e sempre aceita
Mesmo em solo árido e duro
De outra forma então se ajeita.
30
Ao vazar no capinado
Nada deixo nem um rastro,
O caminho desejado
Traz o quanto agora alastro,
Este pano destroçado
Da bandeira sobra o mastro
Coração já desolado
Neste céu sem ter um astro,
Resumindo cada verso
No que possa em claro astral
Mergulhando no universo
Um momento sem igual,
Com certeza o que disperso
Traz um sonho magistral.
31
A verdade é traiçoeira
Tantas vezes nos engana
A saudade não se queira,
É de fato desumana,
Não pudesse quando cheira
A vontade soberana
Ao subir esta ladeira,
Sem certeza ora se dana,
Vendo o quanto se resume
O diverso caminhar
Na verdade já sem lume
Procurando algum luar,
Nada vindo de costume,
Perco o passo e meu lugar.
32
Na verdade o que se vê
Sem saber o quanto quer
No caminho sem por que
Nos desejos da mulher
Que também enquanto crê
Não pudesse e se vier
Traz no olhar o que em você
Mostra o quanto mais puder
A verdade não se cala
E também não mais sossega
A certeza me avassala
E não deixa a sorte cega
No que possa além da sala
Garantir onde se apega.
33
Das vertentes da esperança
Outras tantas eu busquei
Meu caminho em aliança
Tantas vezes procurei
E se sei que a gente cansa
Noutro tempo quis ser rei,
Mas perdendo a confiança
No final eu me estrepei.
Bebo em ti tanta saudade
E procuro algum sinal
Que me traga a liberdade
Num momento sem igual,
Presumindo a claridade
Tendo um sonho magistral.
34
Nos caminhos que perdi
Outro rumo e direção
Tanto quanto houvesse em ti
Encontrei a imensidão,
Neste sonho eu percebi
Novos tempos que virão,
Este amor que concebi
Traça em nova dimensão
O que tanto se deseja
E decerto a vida traz
Na verdade que assim seja
Feita em glória luz e paz
A palavra benfazeja,
Seja sempre a mais tenaz.
35
Mas sei bem que lá no fundo
Dos grotões desta esperança
O que tanto me aprofundo
Prometendo uma mudança
Traz o peito vagabundo
E decerto não se lança
Neste canto em novo mundo,
E sequer ali avança.
Vento traz aquela voz
Que jamais escutaria
Se não fosse mais veloz
Meu amor em fantasia,
O caminho logo após
Noutra luz se mostraria.
36
Já não falo como quem
Procurasse pelo menos
Entre os dias que não vêm
Os momentos mais amenos,
Outros tantos sem ninguém
Enfrentando estes venenos
Os olhares do desdém
São deveras tão pequenos,
Caço o rumo e me procuro
No vazio onde vivera
O meu canto mais escuro
Outro passo percebera
A verdade eu asseguro
Nada mais já recebera.
37
Tanto possa acreditar
Ou decerto não veria
O caminho a desenhar
Nesta sorte mais sombria
A verdade ao se mostrar
Noutro tom não mais traria
O que possa imaginar
Com amor ou ironia,
Nos meus erros costumeiros
As vontades são diversas,
Procurando mensageiros
Dos meus sonhos, mas dispersas
E se vejo os derradeiros
Cantos; logo desconversas.
38
No punhal e nesta faca
O caminho se percebe
E o momento quando empaca
Invadindo a velha sebe
Não restaura e nada aplaca
O que tanto se concebe
Na emoção quando se atraca
E a saudade o peito bebe.
Nada tenho contra a sorte
Que se fez inconsistente,
Meu caminho não comporte
O que tanto a gente sente
Desenhando bem mais forte
Outro tom que me apascente.
39
Rasgo o verbo e não me calo,
Sem algemas sigo em paz,
E pisando no meu calo
Mostro o quanto sou capaz,
Aproveitando este embalo
Noutro canto que se faz
O momento onde avassalo
Deixo tudo para trás,
A verdade nos liberta
É decerto o velho lema
De quem tendo a porta aberta
Com certeza nada tema,
E a vontade que desperta
Rompe enfim qualquer algema.
40
Noutro passo sem proveito
Noutro rumo me perdi
O que tanto agora aceito
Percebera vivo em ti,
E se tanto em paz me deito
Na verdade percebi
O meu mundo deste jeito
Tanto lá ou mesmo aqui.
O mergulho dentro da alma
A certeza do que venha,
Este amor que nos acalma,
Todo o mundo em paz contenha,
Da linhagem desta palma
Conhecendo fogo e lenha.
41
Pouco importa quem se vivia
A incerteza que se tem
Sem amor ou poesia,
Pois no fundo sou ninguém
Procurando a calmaria
Que decerto já não vem
Modifica dia a dia
E imagina o que convém,
Nada faço por acaso
Nem pensara noutro rumo,
Quando o passo assim atraso
Na verdade me acostumo
E sabendo deste ocaso,
Vou tomando certo prumo.
42
Revivendo cada sonho
Onde um dia quis bem mais
O momento que proponho
Entre tantos desiguais,
Na verdade o que componho
Trama em velhos temporais
O tormento mais bisonho
Onde agora tu me trais,
E bebendo a valentia
Que jamais eu conheci,
Na colheita poderia
Encontra enfim em ti
O quanto tanto sonharia,
Mas bem sei que te perdi.
43
Mesmo assim eu não desisto
Nesta luta que domina
O momento quando insisto
Com certeza determina
Se a saudade eu mal despisto
Noutro passo me fascina
E sabendo sempre disto
Transformando a minha sina.
Nas estrelas mais bonitas
E na lua enamorada,
Entre tantos sonhos ditas
A palavra nesta estrada
Com certeza necessitas
Muito além de alguma escada.
44
Não se vendo a direção
Do meu passo em noite escura,
Outros dias me trarão
O que a sorte em vão procura,
No tormento a decisão
Expressando o que não cura,
Deixa rota esta amplidão
E traduz velha loucura,
Versejando com certeza
Nada tenho hoje de meu
Luto contra a correnteza
E meu tempo se perdeu,
Da mulher tanta beleza,
No meu peito medo e breu.
45
Tomo as rédeas da saudade
E procuro algum caminho,
Mas a noite quando invade
Traduzindo este mesquinho
Desejar tranquilidade
Cultivando tanto espinho,
Nada tenho e não mais quero
E se tento alguma paz
Ao mostrar sempre sincero
O que nunca satisfaz
Pouco a pouco destempero
E meu canto se desfaz.
46
Aprendendo todo dia
O que nunca mais esqueço
Pouso além do que podia
Já nem sei meu endereço,
A verdade não traria
Tão somente este tropeço
Vejo em ti a fantasia
Onde a paz enfim mereço.
Resumindo a minha história
Nestes versos maltrapilhos
Já não vejo qualquer glória
E sequer percebo os brilhos
De quem luta e sem vitória
Puxa enfim velhos gatilhos.
47
Balançando neste vento
O meu mundo não se veja
Entregando o pensamento
Colocado na bandeja
O cenário em desalento
Que deveras sempre seja
O que possa em sofrimento
Transbordar e já lateja,
Resta apenas abandono
Onde quis felicidade
Do meu passo não me adono
E meu canto desagrade,
Impedindo algum abono
Ao beber tanta saudade.
48
Cadencio o passo quando
A certeza não mais vem,
E meu mundo desabando
Busca a paz e traz ninguém
O caminho se mostrando
Tão somente no desdém
Outro dia bem mais brando
Com firmeza nada tem,
E o meu verso desafina
Entre enganos mais sutis
Outra sorte dita a sina
E desfaz o quanto eu quis
Bebo a noite que ilumina,
Mas jamais serei feliz.
49
Cabe dentro do meu peito
Outro enredo em desengano,
Quando tanto quero e aceito
A verdade muda o plano
E se possa ver direito
No final quando me dano,
Procurasse algum efeito,
Mas sei quanto é desumano
O momento em traição
Na tocaia numa espreita
E se vejo a dimensão
Desta sorte tão estreita
Bate firme o coração
Quando em vão no não se deita.
50
Terminando o meu relato
Sobre o que jamais esqueço
Procurando outro regato
E talvez este adereço
Onde amor quero e constato
Sem saber sequer o preço
E vivendo o que retrato
Com carinho em tanto apreço.
Visto a lua e me entrego
Na argentina maravilha,
Mesmo quando esteja cego
Percorrendo a imensa trilha
O meu verso agora emprego
Já não temo outra armadilha.
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