sábado, 3 de março de 2012

03/03/12


Trazendo em perfeição um lenitivo
Que possa apaziguar o coração
Embora a vida seja mesmo em vão,
Apenas tento além e sobrevivo.

Olhar que se desenha mais altivo
A sorte toma nova dimensão,
Das sendas mais audazes, o timão
Expressa esta emoção da qual me crivo.

Resumo noutro verso o que pudera
Vencendo a sensação bem mais austera
Que apossa-se do nada e crê no todo,

Somente por saber o quanto vinha
A velha solidão, decerto minha
Trazendo a cada instante o mesmo engodo.

sexta-feira, 2 de março de 2012

02/03

Apresentando o sonho e nada mais
O verso se transmite sem detalhes
E mesmo quando além tanto batalhes
Os dias se repetem, são iguais,

Os tempos entre tantos vendavais
Espalham pelos ares seus entalhes
E quando noutra praia agora encalhes
Os ermos ditam frases e te esvais

Procuro cada ponto de partida
Tentando acreditar no que duvida
A sorte sem sentido ou sem promessa

E o peso do passado sobrepondo
O mundo neste todo quando escondo
O verso que jamais, pois, recomeça.

No vazio

No vazio

Perdoe cada passo aonde em falso
Preparo o que pudesse ser a luz,
Apenas o caminho onde me pus
Levasse ao mais profundo cadafalso,

A cada novo engodo outro percalço,
A vida na verdade não faz jus
Ao quanto em sonhos leves me propus,
E sigo sobre cacos, vou descalço,

Esguias emoções, ledas mentiras,
Aos poucos ilusões tomas, retiras,
Restauras de tal forma o quanto outrora

A sorte me tramasse e desde quando,
O todo pouco a pouco destroçando
Enquanto no vazio o barco ancora...

Loures

Desesperanças...

Desesperanças...

Quem dera se eu pudesse ter nas mãos
O quanto imaginasse e não viera,
A sórdida expressão da vida austera
O passo entre diversos, vagos, chãos,

Cenários sendo abjetos seguem vãos,
Os sonhos alimentam tal quimera
E a morte se aproxima e enfim se espera
O renascer em novos, podres grãos.

Levado pelos ventos e tempestas
Ao mesmo tempo enquanto luzes gestas,
Sombrias ilusões eu acalanto,

Porém a cada passo a negativa
Expressa o quanto apenas sobreviva,
Deixando uma esperança nalgum canto...

Loures

Degradação.

Degradação.

Não quero e nem pudesse ser além
Desta figura vã e demoníaca,
A sorte que se faça ora maníaca,
Manietando o pouco que inda tem,

Olhando para trás vejo o ninguém
Sobrevivência atroz luta cardíaca,
Da senda que se quis paradisíaca
Apenas nova face do desdém,

E a morte se aproxima sorrateira,
E nela a vaga sombra que se queira
Distante do que fosse realidade,

A cada nova ausência eu configuro
O passo sem sentido em céu escuro
Aonde o que restasse me degrade.

Loures

Suicida.

Suicida.


Isolo-me deveras e percebo
O quanto desejara ser feliz,
A vida transformada em tosca e gris,
Diversa do universo que concebo,

E quando em ilusões, tolo me embebo,
O verso tantas vezes contradiz
Realidade amarga e o quanto eu quis,
No fundo a negação que em vão recebo,

A luta se fazendo a cada instante
Mostrando a imagem turva e degradante
Que trago no crepúsculo da vida,

Sorrio para ao menos disfarçar
O tanto quanto resta caminhar
O velho destroçado, suicida...

LOURES

O VENTO

O VENTO

O vento abrindo as portas e janelas
Os olhos entremeiam dor e riso,
Enquanto se pensara em mais preciso
Cenário que decerto em vão revelas,

Os dias me entranhando em velhas celas
O todo renegando o Paraíso
No quanto o dia fora mais conciso,
A vida preparando suas velas,

E a morte se anuncia após o porto
Enquanto o quanto fora e segue absorto,
Abortos da esperança, inda carrego,

Não quero mais sequer o que pudesse
Traçar a solidão desta benesse
Grassando o meu cenário, velho e cego.

Loures

Fim de tudo

Fim de tudo

Meu tempo se esgotou e nada resta
Apenas o que um dia fora a mera
Vontade de viver e não se espera
Senão a mesma sorte ora funesta,

O quanto da esperança nada gesta
Atesta invalidez da primavera,
E o tempo navegando destempera
Marcando a luta amarga que me empesta,

O fim do que pudesse e não veria,
A luta me esfacela e da agonia
Risonho e caricato verme eu sigo,

Apesar de viver cada segundo
No vasto delirar em vão me inundo
Do quanto desejara em tosco abrigo.

Loures

O BEIJO QUE TROCAMOS

No beijo que trocamos, pensamentos..
Molhado, sedutor, tão furioso,
Desejos descobrindo violentos
Explodem no carinho mais fogoso...

Desperta calmamente a emoção
Contida, que se esconde em nossa mente,
Depois de tanto tempo em solidão,
O beijo que sonhamos a dor, desmente.

Queimando nossa brasa verte chama
Que invade todo o mundo de prazer,
Os corpos se procuram nessa cama,

Vontade de gritar e de morrer...
Morrer nestes teus braços já diviso
Entrada do sonhado paraíso!

O SOL

Nos olhos desta amada brilha o sol
Irradiando luz por toda a terra.
Rebrilha como a lua qual farol
Tanta beleza em lume ali se encerra;

Viver tão plenamente cada dia
Após um outro dia renovado.
Espelho que reflete essa magia
Do brilho deste sol multiplicado.

Forma um caleidoscópio cristalino
Amor que me irradias nesse olhar.
Por vezes eu me sinto qual menino,

Nos teus seios, tu vens me agasalhar...
E sempre lapidando, amor constante,
No brilho dos teus olhos, diamante!

Ternura mansidão

Ternura mansidão, minha esperança,
O toque tão sutil deste carinho...
A vida se renova e não se cansa
Não pense em ser feliz assim sozinho...

Trazer toda a ventura deste sonho
Que em sonhos multiplicam tanta luz.
O canto mais suave e mais risonho
De todas as tristezas se produz.

Mais vale acreditar neste impossível
Desejo de viver felicidade
Do que perder assim, tão impassível,

Depois ficar penando na saudade...
Incondicionalmente se entregar
Mesmo que a dor te alcance, vale amar!

CAMINHOS MAIS COMPLEXOS

Não falo dos caminhos mais complexos
Que tramam nos sorrisos, num olhar.
Na sede que devora nossos sexos
Na angústia delicada de se amar.

Não falo desta tal cumplicidade
Que existe tão somente no depois
Nas lutas, nos desejos, vaidade,
Que temos, nos carinhos de nós dois...

Não falo destes mundos de esperança
Que tramas quando enredas no prazer.
Não falo nem sequer desta aliança

Que tanto já pensaste em derreter...
Mas falo deste amor silencioso,
Que pensa noutro amor que foi... Saudoso...

VIVENDO POR VIVER

Vivendo tantas vezes por viver
Vencido por cansaço e sofrimento.
Espelho onde custei reconhecer
As marcas, cicatrizes do tormento.

Não quero mais um porto, nem um cais,
Seguindo minha vida sem timão,
Um sonho, ser feliz, não sonho mais;
O vento derradeiro, furacão...

Não posso mais falar, vou sem sentido...
Em tudo fracassei, isso é verdade.
Meu mundo, num segundo repartido,

O que posso dizer? Sequer saudade...
E surges mansamente e me domina,
A luz, que ao fim do túnel, ilumina...

GABRIEL

Meu filho; em pleno amor foi-me ofertado,
Na sorte tão feliz que Deus me deu.
No beijo que esperança tem me dado,
Em meio a tantas luzes, já nasceu.

Teu pai que sempre foi um homem triste
Nos versos que te faço, eu te agradeço,
Amor igual, maior jamais existe,
De tantos que já tive, eu envelheço...

E sinto que na morte que me toca,
Domando essa minha alma sem sossego,
Amor que d’outro amor não pede troca,

Não cobra nem sequer um aconchego.
Mesmo distante brilhas e és meu céu,
Meu anjo, meu amado Gabriel!

FELIZ DE QUEM SOFREU POR TANTO AMOR...

Feliz de quem sofreu por tanto amor,
Em meio a tanto brilho teve luz.
Sabendo que no fim muito calor
Também certa ferida assim produz.

Não falo em compaixão nem em saudades
Apenas nos enganos e mentiras
Agruras de quem viu felicidades
Depois de certo tempo em tantas tiras.

Porém quem nunca amor teve cuidados,
Sozinho mesmo aos trancos e barrancos
Deixou os sentimentos mais calados

Nas noites e nos dias todos brancos
Promessas que escutara a vida inteira,
Vazios sem resposta e companheira.

SER FELIZ?

Mesmo quem pensa sempre ser feliz
Às custas desse canto em vão prelúdio
Esquece que tampouco o que se quis
Deitar no manso colo em interlúdio...

Trazendo um sentimento onde se ilude
Ascende por montanhas intocáveis.
Assim quando eu amei bem mais que pude
Passei por tantos mundos improváveis.

Senti que tudo passa nesta vida
Amor, paixão e dor são momentâneos.
Porém tenha certeza enfim querida

Que as fotos nestes casos, instantâneos.
Agora na parede emoldurada
Somente uma amizade bem amada...

TORRENTES DE MARTÍRIO

Torrentes de martírios e de dores
Desvarios soturnos da saudade.
Vivendo minha vida em estertores
Nas insalubres hostes da maldade.

Ventríloquo da sorte que não tenho,
Num solilóquio louco, em desatino.
Do mundo tenebroso de onde venho,
Cadáveres dos tempos de menino.

Na pútrida inverdade que cerzi
Com partes abortadas de minha alma.
O pântano e charneca estão aqui

Somente a solidão fera me acalma...
Morrendo nos meus versos em mormaço,
Deitando sobre as cruzes meu cansaço...

NAS ÁGUAS DESTE RIO

Nas águas cristalinas deste rio
Os cios se misturam no regato.
Resgato nosso caso tão sombrio
No fio da meada me desato.

No ato que constatei nosso perfume
Ciúme tal centelha que incendeia
Candeia que de noite traz o lume
Costume desse amar anda na veia.

Na teia que se trama nessa cama
A chama que te chama também veio.
Receio desse amor que se reclama

Mas ama, descobrindo o belo seio...
Se veio nosso amor flor dessas águas
Anáguas suspendidas cessam mágoas...

AMOR QUE ME ENTRANHOU

Amor que me entranhou e me sorveu
Deixou que um triste canto se encantasse
De tanto deste pouco que sou eu
Amando tanto amor sem meu disfarce.

Nos passos nos compassos danças sanhas...
Assanhas teus cabelos nesses ventos.
Acenas tantas cenas plenas manhas
Que tento meu intento em pensamentos

Ausente do que sente quem te adora
Nas quentes envolventes tardes tontas
Amar é me deixar sabor duma hora

Nas vezes que viemos não aprontas
Pois sabe que não vejo outra saída,
Viver o nosso amor que é pleno de vida...

DO NADA...

Ferida que causaste minha amada
Do nada que surgiu tão de repente
Engano meu passado com guinada
Ufano de viver tão displicente

Se sinto o que tu sentes somos par
Se queres tuas asas alma e anjo
Nos ventos e nos vórtices voar.
Artífice, difícil tal arranjo...

De termos tantos termos violados
As pazes incapazes gelo e selo,
Saber doce sabor amores dados.

Vencido por quem sabe convencê-lo
Amor não morre mais inutilmente
Apenas ameniza o fogo ardente...

RARAS EMOÇÕES

Nas raras emoções que nunca tive
Revivo redivivos pensamentos.
Estando neste amor como quem prive
Da vida de quem ama bons momentos...

Eu quero desfrutar do que se planta
Sem pranto sem martírio e sem quimera
Os olhos de quem ama a dor espanta
E fazem renascer a primavera...

Na fantasia ardente que me deste
O tempo se passando na alegria
Se adio meu amor sadia veste

A vida se retorna em harmonia...
Amor demais nem sempre amor me entorna
Porém se falta amor tudo transtorna...

NÃO QUERO MAIS MEU VERSO

Não quero mais meu verso vão, sozinho,
Meu ninho sem disfarce eu mesmo pinto.
Meu canto sem encanto, passarinho,
Meu vinho que é suave, branco e tinto...

Diverso desse avesso do meu verso
Sou parte sem ter arte do teu sono.
Unidos pelo umbigo do universo
Vivendo e conhecendo o abandono...

Eu quero teu veneno em meu veneno
Assim vamos viver tranqüila idade
No fim ramos caídos, fogo ameno,

Poroso amor terá perenidade...
Mas venha minha amada te preciso,
Na nossa madrugada, paraíso...

VESTÍGIOS DA SAUDADE

Vestido de vestígios de saudade
Quem há de imaginar meu sentimento.
Revestes tanto tempo em liberdade
Tão tarde prá te arder invento o vento.

Que acalma toda chama de quem ama
Reclama se não vens ou se não vou.
E tenta tanta teia em tonta trama
Soluça desta louça que quebrou.

A febre que me queima, da terçã,
No terço em que te peço teu perdão.
A manha da manhã minha maçã,

Decoras com as cores coração...
Eu amo tanto amor com harmonias
Nos montes e montanhas, tu me guias...

TEU CANTO

Se canto com teu canto que me encanta
Meu verso te parece mais sensato
Porém quando te canto logo espanta
Parece que não vês o teu retrato.

Um trato assim contigo vou propor
Não pense que te tenso por que quero
Intenso tanto penso em nosso amor,
Amor que vem da veia e que venero...

Não passo sem pensar e tanto penso
Que peno por que penso não penar.
Se rumo meu caminho já me imprenso

Nos passos que precisam caminhar.
Na cama que me chama tanta chama
Da brasa que te queima e não reclama...

NA RUA DA SAUDADE

Na rua da saudade te encontrei
Andando sem sequer olhar pra trás
Caminhos, bem distantes, vasculhei;
Em busca da danada dessa paz.

Saudade quando brinca não se cansa
E roça nosso corpo sem parar.
Depressa, devagar ninguém alcança,
Depois de certo tempo descansar...

Amor tão dividido, velho canto,
Que encanto mas não posso mais viver.
Se imanto no teu manto tanto pranto

As horas demorando a percorrer...
Na rua da saudade nosso amor,
No frio vai morrendo de calor...

EU CANTO O NOSSO AMOR

Se te quero e não me queres
Se te tenho e não me tens
Garfo e faca são talheres,
Nossos amores, meus bens...



Eu canto nosso amor com liberdade
em volta das lanternas, borboleta.
Que sabe que viver é claridade
A vida noutra vida se completa...

Nas horas que pensando vou te ter,
Penando tanto tempo sem ninguém
Saudade que me invade todo o ser
Procuro neste escuro por meu bem...

Não falo dessas nossas diferenças
Bem poucas que nos possam destroçar
Amar é não sonhar com recompensas

Embora tanto pensas me deixar...
Mas tudo que esta vida me deixou,
Teu coração depressa me tomou...

A NOITE SEM AMOR

A rosa tão vaidosa quão ciumenta
A fera que a pantera tanto esconde.
Paixão quando demais tudo arrebenta
O mundo, vou perdendo, mas aonde?

São fases que se mudam com a lua
Poeta nunca soube quem eu sou,
Se marco meus caminhos alma nua
Nos marcos sinto tanto mar eu vou...

Eu quero dessa rosa tal perfume
No gozo desta fera meu prazer
Persigo qual falena brilho e lume

No fogo, com certeza irei morrer...
Mas deixe que eu te cuide, minha amada.
Que a noite sem amor, é sempre nada...

ENXURRADA

Plantei uma enxurrada no meu peito
Desfeito foi teu pleito meu penar...
Estampo minhas dores, satisfeito.
Apenas sem ter penas, solto ao ar.

Nos bancos tantas ancas mais morenas,
Acenas com retalhos, alhos, dentes.
Serpentes e correntes tantas cenas.
Em pântanos caminhos previdentes.

Plantel de tontos sonhos sou decerto
O certo que querias duvidoso
Nodoso coração vira deserto

Desperto meu amor em pleno gozo.
Plante uma enxurrada, tanto amor...
Brotou a madrugada em mansa flor...

CANTO MEU ESPANTO

Eu canto meu espanto e meu afago
No campo das estrelas e de Marte
Depois deste terceiro ou quarto trago
A mão tremula em sonhos a minha arte.

De ser um aprendiz a cada dia
E nunca ser feliz por um segundo.
Mas tendo como amiga a poesia,
Enfrento todos males deste mundo...

Não sinto mais o frio nem calor,
A morte não me traz nem mesmo treva
A sorte de viver um grande amor,

O tempo, sem juízo, logo leva...
Mascote de mim mesmo, sem ser dono,
Na cama irei dormir pleno abandono!

PERDOE, MEU AMOR

Perdoe meu amor se magoei
Àquela a quem desejo de verdade...
Meus passos são erráticos bem sei,
Mas tento te trazer a claridade...

Meu vício e precipício são teus olhos,
As tramas tantas chamas camas, amas...
Nos amores as moras vêm em molhos.
Perdoe se me embrenho lamas, bramas,

Talvez seja meu canto meio torto.
Mas falo deste amor com fino trato,
Embora meu caminho que é mar morto,

O sonho sempre amar que sei abstrato,
É tudo que mais quero e que detenho,
O beijo sempre trago, aqui o tenho...

NÃO SE FAÇA DE ROGADA

Amada não se faça de rogada,
Bem sei que nada faço sem te ter.
Jogada sobre a mesa está marcada
A carta que querias prá vencer.

Entrego meu baralho da saudade
Nas mãos de quem sonhara assim comigo.
Voando te procuro em liberdade,
Por vezes imagino que consigo.

Mas tramo tantos rumos mais ruidosos
No fundo não percebo por quem sou.
Sou frágil tantos músculos vaidosos,

De tudo uma saudade me restou...
Mas amo teu amor sem caridade
Sabendo santo amor em liberdade!

VOAR EM LIBERDADE

A borboleta voa em liberdade
Sem ter a falsidade da andorinha.
Que migra todo tempo, tem saudade,
Mas mesmo em denso bando, vai sozinha...

Se quer a borboleta companhia
Do triste e amargurado passarinho.
Sabendo que voando todo o dia,
Distante sempre está, mesmo do ninho...

Porém essa andorinha anda tão tonta
Com marcas doloridas, cicatrizes...
Não pense borboleta que ela apronta

Apenas nunca viu tempos felizes...
Mas foge a borboleta na amplidão,
Uma andorinha nunca fez verão!

MEU INTENTO

Não posso e não consigo meu intento
Deixar de tanto amar nunca deu certo,
Se versos nesta vida sempre invento,
Amor já povoou o meu deserto.

Oásis esquecidos não se deixam
Levar pelas areias da saudade.
Sabendo que estes versos já se queixam
Como poder viver em liberdade?

Escravo de meus versos mais vadios
Em cios tão constantes nunca paro
Desculpe por meus cantos tão vazios,

Com nexo e sem sexo, não disparo.
Deparo com teus olhos, minha amada,
Promessa num segundo, está quebrada...


Eu preciso beber urgentemente
Senão meus versos andam livremente...

VER; TENTES

Vertentes se ver tantas não me tentes
Que intento te saber ser teu invento.
Nas mantas que me mostras e já mentes
Metralho tantos talhos meu intento.

Não passo sem ter passos, paços, praças
E farsas que escondidas são meus sons...
As lanças que me lanças e me laças
Melaço dentro da alma, aços e tons.

Se somam tantas cismas cato climas
Cataclismos e sismos cismo e sonho.
No cisne que não tisne, cimos, cimas.

Nos cumes tantos lumes, mês risonho...
A vida não promete alegorias
Esquece que esquecemos alegrias...

Felicidade trama todo dia

Felicidade trama todo dia,
Nos olhos de quem sonha com manhã
A noite que na tarde prenuncia
Se busca neste brusco e duro afã.

Abrindo teus caminhos sem ter dó,
Verás como são fáceis as estradas
Não tenhas alergias nem ao pó,
As alegrias nunca são contadas...

Mas faça que se encante o coração
Com luzes mais suaves, não ofuscam,
Viver é conceber sempre o perdão,

Amigos se procuram e se buscam...
Não deixe de cantar uma alegria,
Que a vida se renova todo dia!

SEMPRE A TEU LADO

Estar sempre a teu lado, companheira,
Vibrando nos meus versos tal ventura
Que possa te lembrar a vida inteira
Que tudo se começa com ternura...

Não queiras que estas águas peregrinas
Movendo tais moinhos da saudade,
Te tragam tantos sonhos de meninas
Que dormem no teu peito, em liberdade...

Crianças na verdade são libertas
O vento tão medonho não soprou
Mantenha as esperanças sempre alertas,

Perceba que o futuro já chegou.
E veja como a vida tanto brilha,
Se leres da amizade, esta cartilha...

Se sou não sei

Se sou não sei, seria certo manto
De quanto tanto tempo que não vi.
Espero que demore vago encanto
Do pranto que não sinto se escorri.

Meu mote nada sinto mais de novo
Se curvo minha estrada noutro tempo.
Se tento viver sempre me renovo
Do vento que impedia contratempo;

Cabendo meu momento num dedal
Que Dédalo levava como glória.
Gemente tal festim sem festival.

Anseio pelo fim da minha história.
Reverso da medalha que não jogo,
Sou logos sem ter lógica nem rogo.

RECEIOS

Receios que carrego nesta vida,
Dos olhos da quimera que tocaia.
Não vejo minha sorte distraída
Nem quero mais morrer em plena praia...

Agradeço assim meus versos mal fadados
Que buscam na ante sala pelo quarto.
De meus pressentimentos, velhos fados,
De tudo que escrevi, andando farto.

Enganos prometidos a mim mesmo,
São formas de iludir que não consinto.
A noite vem chegando, eu vou a esmo.

Tomando grandes goles deste absinto.
Em rudes caminhadas vou ligeiro,
Passeio meu olhar no mundo inteiro...

SE ENTENDESSE DESSE A,MOR

Quem dera se entendesse desse amor
Que tantas vezes dói e me maltrata,
No fundo sempre sou um sonhador
Vagando sem destino em densa mata.

Falando em sentimentos mais penosos,
Desisto plenamente deste tema.
De tantos os caminhos pedregosos
A dor, amor, cansei de ter por lema.

Prefiro descansar esses meus versos,
Falar de coisas tantas que não sinto,
Vagar sem ter sentido por diversos

Caminhos que no fundo, sempre minto...
Eu nunca mais farei versos de amor.
Vazio, vou sozinho pr’onde for!

OS VERSOS QUE COLHI

Quem dera estar nos versos que colhi
No jardim que em minha alma cultivei.
São dores perfumadas, vão aqui,
De todas essas flores, temperei;

São simples sentimentos sem palavras
Que as luzes e calores fecundaram.
Amores em meu peito, calmas lavras,
Que as lágrimas passadas tanto aguaram...

Se trago minhas mãos tão calejadas,
De tantas poesias que sonhara,
As rosas por amores já podadas,

As flores que cultivo são tão raras...
Brotando neste esterco de minha alma,
Espinhos penetrando, mão e palma...

HARMONIA

Correndo pelas ruas, harmonia
Do canto desses pássaros formosos,
Andando vou forjando a fantasia
Que brilha noutros olhos radiosos...

Seguindo desditoso, companheiro,
Preciso que me escutes, por favor,
Vagando pelos mares, tempo inteiro,
Deitando sobre as ondas desse amor.

Se fui o que pensara não mais sou,
Amigo necessito deste abrigo,
De tudo o que já tive, o que restou.

Porém eu desconfio que consigo,
Da brusca solidão, a primavera,
Na volta da magia da pantera!

AS VÍSCERAS EXPOSTAS

As vísceras expostas sigo andando
Por tantas cajadadas já sofridas.
Aos poucos minha pele desnudando
Demonstram cicatrizes e feridas...

Meu canto em desalento sem potência
Desmaia neste mar ensolarado.
Não peço paciência nem clemência
Vivendo quase sempre assim de lado.

Ser gauche meu destino e minha sorte.
Morrendo sem saber se tenho paz.
Amar tão simplesmente rumo e norte,

Talvez de tanto amor sou incapaz.
O verso que mais canto, de tristeza
Que sangra deste amor, fina beleza...

TEMPESTADES...

Não temo tempestades que vierem
Sou simples cantador sem emoção,
As ondas desses mares se quiserem
Que busquem noutro mar um furacão.

Não quero te dizer dessa magia
Que sempre foi meu porto de partida
Porém a escuridão deste meu dia
Transporta minha dor por toda a vida...

Desculpe se não passo triunfante
Nem minto o que mais sinto, tanto amor...
Viver é um perigo tão constante

Mas, lírico, desejo mar e flor...
Amor sendo o meu mote preferido,
É manso como um parto, dolorido...

EM FERRO E BRASA

Amor escrito na alma em ferro e brasa,
Derrete nosso amor, puro cristal.
Vasculha toda nossa vida e casa
É sonho, fantasia, bem e mal...

Recebe com carinho quem maltrata
Maltrata com ciúmes quem quer bem.
Reparte o que não tem, tanto destrata,
É noite que esperamos, dia vem...

Amor que se converte em mansa fonte
Da fonte em tempestade nega a brisa
Do vento da saudade no horizonte

Reflete a mansidão, guerra precisa.
É dor que nos transborda em alegria
Em êxtase provoca uma agonia...

QUANDO NAUFRAGO NO TEU MAR

Amor quando naufrago no teu mar,
Amarro minhas âncoras, ou tento...
Se quero tal firmeza em tanto amar,
Pressinto que preciso de outro invento...

A vida traz as cores mais sortidas
E brinca com meus sonhos sem saída.
As horas que passamos distraídas
Não valem se quiser viver a vida...

Espero que nos mares que naufrago,
O canto da sereia que entontece
Não cause mais sequer nenhum estrago,

Por isso tanto rogo e tanta prece.
Amor, quem te ensinou a navegar?
Foi, marinheiro, foi peixinhos.... MAR!!!!

RESPIRO O TEU RESPIRO

Respiro teu respiro, minha amada
Embora tanto vôo seja solo,
Preciso te encontrar na madrugada
Deitar minha cabeça no teu colo;

Soando o que se teme neste lago,
Em plena sintonia nada trama.
Vivendo desse amor, no manso afago,
Deitando certamente em tua cama...

Não quero te sugar todo esse ar,
Nem quero esse teu canto mais sozinho.
Nem deixo que te possam mais sangrar,

Eu quero te encontrar no nosso ninho.
Fazendo dessas penas travesseiro,
E mergulhar teu mar, assim, inteiro!!!!

O TEMPO QUE SE FORA

Não vejo mais o tempo que se fora
Na aurora que deixara nosso canto.
Amor que bate tanto desde agora
Sumindo, me matando, perco encanto...

Eu quero teus queixumes e teu cheiro
Voando sobre as tardes num festim
Que faz o tempo andar ligeiro
E brota tanta coisa bela em mim...

O gosto que me trazes, minha amada,
É gosto desta lua e desse mar,
Venceste com teus sonhos, madrugada,

Agora na alvorada quer parar.
O sol nunca se impede de nascer,
Espero do teu lado, anoitecer...

ARVOREDOS

Nos campos, arvoredos, natural,
As águas escorrendo pelos rios.
Parecem belas gotas de cristal,
Descendo nas cascatas correm fios...

Penedos exultantes, belos montes,
Montanhas, depressões bosques e matas,
No fundo dos grotões, meus horizontes,
Derramam-se sol, luas, ouros, pratas...

Ao ver tanta beleza da natura
Os olhos mais alegres se procuram,
Envolto no deleite da ventura,

Por tantas cachoeiras se aventuram.
As águas tão alegres que lá tem,
Formadas dos prazeres do meu bem...

Acordei desse sonho! SOL FIGUEIREDO e marcos loures

Acordei desse sonho! SOL FIGUEIREDO e marcos loures

Acordei desse sonho que estavas,
Mundo tão tristonho, jamais voltaria,
Mas só a tua imagem, já me bastaria,
Amei-te nesse sonho e te buscava!

Esse amor fiel, o qual estava nos céus,
Brilhava como o sol, que nos iluminaria,
Amor mais do que perfeito, então revelaria,
Ter-te junto ao meu peito, unidos feito réus!

Se precisarmos de algum julgamento,
Ninguém poderá ferir tal sentimento,
Pois que esse amor já é pura chama!

Queria saber de teu envolvimento,
Para acabar com esse meu sofrimento,
Meu coração que só é teu, te clama!

© SOL Figueiredo

Deitando sobre as redes desta lua
Que trama com seus raios o que possa
Traçar esta esperança minha e nossa
Sidéreo caminhar, a alma cultua,

E nisto a imagem bela além flutua
Marcando o quanto a vida em sonho endossa
Sinérgico delírio que se apossa
E o canto se espalhando em plena rua,

Constelares momentos, fases várias
Das luas redentoras luminárias
Que trazem o infinito ao nosso quarto,

Do tanto que se deva e muito mais
Vencendo os medos rudes e abismais,
O todo a cada instante em paz comparto.

FUGIAS

FUGIAS

Fugias deste canto que te fiz
Com todos os encantos que me davas,
Falar que vou fazer-te mais feliz
Trazendo uma erupção ardendo em lavas...

Lentamente seguias sem saber
Que tudo que mais quero é te encontrar
Nos laços destes braços poder ter,
Certeza de sentir que é bom amar...

Mas presa te carrego e não te deixo,
Guardando meu amor em teu amor,
De tanto que te quero já me queixo

Do jogo que jogamos, tentador...
Brincamos escondidos, o segredo,
Também esconde-esconde é um brinquedo!!!!!!

COMETA

COMETA

Cometa que tão ágil nunca espera,
Que foge se não dermos atenção,
Espreita trama o bote, louca fera,
A louca e desvairada inspiração...

É tanto traiçoeira quanto ingrata
Perfura mansamente e me derrete
Revólver que se atira, cura e mata,
depois que já se foi, nunca repete...

Escravos desta deusa, nós, poetas,
Vivemos tantas vezes tão cativos
Dos deuses dos amores com as setas

Das tontas loucas musas mortos vivos.
Estou tão embrenhado em suas garras
Inspiração me explica, como agarras?

MEL

Eu quero todo o mel em nossa cama,
Em doces ambrosias meu desejo,
Flambando teus licores, minha chama,
Ardendo em cada pote doce, queijo...

Nos tachos, nas conservas, nas gamelas,
Doçuras invadindo minha casa,
Adentra seus perfumes nas janelas,
Meu corpo te esperando em fogo e brasa...

Devoro cada naco da doçura
Fatias delicadas, generosas,
A boca te sorvendo com ternura,

Carícias deste amor, deliciosas,
Te quero como prato e sobremesa,
Apetitosamente, cama, mesa...

EM TEU RETRATO

Em teu retrato vejo essa tua alma
Nos oráculos gregos, minha amada,
Na casa d’Eros lendo em tua palma
Em meu amor serás banhada...

A tua aura lerei sem saber sina,
Dessa não quero ter nenhum sabor...
Só quero te ter, toda, na menina,
Sedenta onde encontrei total calor...

Te farei poesias do instantâneo
A sorte te trarei em cada verso,
Das orlas desse mar mediterrâneo

No carinho e no sonho mais diverso...
Dispondo do prazer com vivo ardor,
Nas tramas de Cupido, todo amor!

ROCÍO

Eu quero tuas gotas meu amor,
Em tantas maravilhas que me dás.
Vivendo esparramando teu calor,
Em ondas e delícias tanta paz...

Provando cada parte do manjar
No beijo tão ardente e mais sedento.
Te aperto contra mim, bem devagar
Me encosto no teu corpo, inteiro, lento...

Disposto a te fazer bem mais feliz,
Nos elos de nós dois tão transtornado,
Carinhos e desejos como eu quis.

O mundo vai girando, vai girando...
Sem pressa nossas horas vão passando,
E em plena fantasia, nos amando...

CRISES

Deixaste meu amor em total crise
Que mesmo que existisse novo sonho
Amor quando escondido na marquise
Em terremotos morre mais medonho...

Vencendo a tentação das outras saias,
Que saem de repente no verão,
Calor que me sufoca novas praias,
Depois de tanto tempo de emoção...

Recebo teu carinho, como o vento,
Que amaina meu calor em meu sossego,
As pernas não me deixam pensamento,

Não temas não terei nenhum apego...
Meu canto te procura, mas não caça,
Viver na noite escura, uma cachaça...

VIESTE

Vieste no meu mundo devagar,
Mineiramente sabes do que digo.
Vontade de mineiro ver o mar,
Saber que tanto amar trama perigo.

Recebes o carinho do mineiro
Que vive neste mundo por viver,
Amando por amar o tempo inteiro,
De amor em pleno amor, sobreviver...

Amor que transbordando trama paz
Entrou pelo planalto sem montanha
Agora que chegou lá por de trás

O danado do amor de novo assanha...
Do vento que brotava no cerrado,
Do verso que nascia, apaixonado...

AMOR LIBERTO

Falar de amor liberto e sem correntes
Ao mesmo tempo atado nos teus braços,
São rios que misturam as torrentes
E dormem desfazendo velhos traços...

As tramas que concebo são as minhas
As minhas alegrias de viver
Viver como se fossem avezinhas
Avizinhas amor com tal sofrer...

Não faço destes versos os meus motes
Até por que não caço solidão.
Efeitos dos amores são rebotes,

Bobeia, infartando o coração...
Eu amo tanto amor que a vida tem,
Te quero bem aqui, morena, vem...

GANGORRA

quero deitar em você, brincar contigo,
nesta gangorra louca que hoje sou,
saber que em nada mais corro perigo,
subir descer, brincar, voar, te estou...

saber te dar prazer tão mansamente
que nada represente nem temor.
Amar como um brinquedo diferente
Sem dores e tragédias, vivo amor...

Não deixe que esse amor seja rangente
Não cabem mais amarras, liberdade!
Amar é como agir, naturalmente,

Sabendo ser feliz, tranqüilidade...
Amor quando se emperra, deixa estar!
Há óleos neste mundo prá se usar!

Passeia essa beleza em tal frescor

Passeia essa beleza em tal frescor
Que mansas caminheiras nada falam.
Vivendas onde vive o meu amor
As ruas, alamedas, nos embalam...

Talvez neste desterro sem tristezas
Os mares que roncando tramam sons,
Em versos encantados, naturezas
Misturam com meus sonhos novos tons...

As nuvens estampadas neste céu,
De tanto que chovera não voltaram,
Amor que se precisa, no papel,

Nas bocas mais delícias encontraram...
Sem ti sentindo pejo me aborreço,
Sem teu amor, querida, me entristeço...

Tua Inteira! SOL FIGUEIREDO e marcos loures

Tua Inteira! SOL FIGUEIREDO e marcos loures

Quero ser mais que a tua metade,
Quero ser pra sempre tua inteira,
Nada de ser apenas cara metade,
Ser tua intensa e verdadeira!

Mais que tua metade da laranja,
Sou aquela que ainda te ama,
Não sou santa, muito menos anja,
Meu ser todos dias te chama!

Despertando a fêmea daqui dentro,
Te querer assim sem total pudor,
Sentindo todo calor do teu amor!

Ser da tua vida o único centro,
De desejos e de doces sabores,
Apenas eu, dentre tantos amores!

© Sol Figueiredo

Não quero ser parcela, sou inteiro
E nisto se revela o grande sonho
Enquanto a cada passo o que proponho
Transforma o meu encanto derradeiro,

E quando noutro instante o etéreo eu beiro,
Bebendo deste encanto que componho
No tanto que se faz e além me enfronho,
Vivendo o raro amor, o verdadeiro.

Apenas ser somente e nada mais?
O quanto se deseja em tão iguais
Caminhos rumo ao quanto em infinito

Traduza esta junção mais que perfeita
Na qual toda esperança se deleita
E traz o quanto quero e necessito...

Não falo desta caça

Não falo desta caça assim amada,
Se sabes que me embaça a solidão
Depois de tanto tempo sem ter nada
Amor sempre decora o coração...

Ao tempo em que vivemos tão sozinhos,
Vivemos toda a dor sem ter presença...
Os pássaros cansados pedem ninhos,
A vida se prepara em recompensa...

Não tramo as artimanhas nem sou hábil,
As cores que preparo, mil matizes,
Quem guarda a solidão, sabe, contábil,

Nas nulidades, somos infelizes...
Não tema que a manhã seja mais triste,
Amor de tanto amor, no amor resiste...

Não tema esse ciúme em tal delírio

Não tema esse ciúme em tal delírio
Não fiques chateada assim querida...
De tudo neste mundo, em tal martírio,
Maior brilho que temos, nossa vida!

Desejo teu desejo, companheira,
A tua companhia me faz falta.
Amar é ser feliz a vida inteira,
Dançamos em conjunto na ribalta.

Não penses que castigo o meu amor,
Não toco nos teus brios, quero os seios...
Vivendo nosso caso sem rancor,

Não tenha desse amor nenhum receio...
Eu quero tanto amor num manso dia,
Em nome dessa amada poesia!!!!!

Tu já sabes querida

Tu já sabes querida, do que gosto,
Do calor dos abraços, deste amor,
Tudo assim... Desse vento no meu rosto,
De poder me encontrar no teu calor.

Em todas as surpresas geniosas
Que teimam sempre teimam, sem descanso,
Da beleza da rosa dentre rosas,
No buquê que deveras me esperanço.

Em todas as roseiras do jardim,
O dia se passando sem demoras,
As flores tanto amarem, sem ter fim,

Mesmo com o passar de todas horas,
Eu quero com certeza todo amor
Que brota nos buquês, em simples flor.

A lua que eu beijava na calada

A lua que eu beijava na calada
Dos sonhos estrelados que tivera,
Ao vê-la toda nua des’perada,
No raio solitário, quem me dera...

Ardendo toda fria, trovoei
Os preconceitos tolos. Encantado,
Em comoção total me apaixonei,
Apesar de eu estar tão afastado...

Aconteceu amá-la louca lua
Sonhava despencada nos meus braços
Nesta beleza clara, bela, nua,

Te tomaria, lua, nos abraços
Em plenilúnio, nova ou na minguante,
Me entregaria a ti, no mesmo instante!

Eu quero te alcançar minha querida

Eu quero te alcançar minha querida,
Mas tenho que soltar-me enfim de mim
Largar essa corrente, em despedida,
Matar esse fantasma, até no fim.

O medo que me embala, destruir,
Despir-me disso tudo. Das pesadas
Cascas que sempre estavam a fluir
Nos meus caminhos todos, já largadas.

Trocar essas correntes pelas asas
Que deixem a coragem renascer,
Ousar nos céus, voando sobre casas

Nesse impreciso pulo, reviver...
Eu quero ter o vôo em esplendor
Voando pros teus braços, meu amor!

ESPERANÇAS SUSSURRO NO MEU PEITO

Esperanças sussurro no teu peito
Tentando te tocar no coração.
Achando que talvez traga um efeito
Que faça ser menor a confusão...

Sussurro em teus ouvidos, bem baixinho,
A voz enrouquecida, isso te ouriça,
Percebes como fere o teu espinho,
Passível, lerdo, restas temes liça...

E nada em ti descubro tudo inútil,
E nada mais escuta nada fala,
Parece que te escorre medo fútil

Esqueces e de repente, já se cala...
Que temes quando toco o coração?
Fazer de tanta luta maldição?

DESTINO CRUEL

Não conheço calores mais que frios,
Amores em destino tão cruel,
Fazendo desses sonhos tão vadios,
As águas que refletem nosso céu...

As ruas que atravesso, não protegem,
Marquises que se perdem, papelão,
As dores que encontrei por certo regem
As loucas tempestades, coração...

Mas alamedas tramam no perfume,
As altas nuvens negam solidão,
Felicidade é bom que se acostume

Sabendo que terá muita paixão...
Amor deliciado trama a dança
Nas ruas e nas sendas da esperança...

AMOR E POESIA

Amor que nos transforma em poesia
De mútua esperança minha e tua.
Nas danças misturamos noite e dia,
A vida que dançamos continua.

Da minha que te entrego, meu jardim.
Da tua que recebo, borboleta
Que pousa devagar e vem pra mim,
Enquanto te perfumo, tão dileta...

A minha rima encontro em tua rima
Arrimos de nós mesmos, impossível,
Amor que já se inunda e sempre prima

Por abraçar travesso, o sonho incrível.
Amor que farta em ti derrama em mim,
Inverso e escondido, ri no fim...

Sonhar nunca é demais

Sonhar nunca é demais, esteja certa,
Arder nesta ilusão que tanto queima
Pecado sem ter culpa, noite incerta,
Mistura deliciosa, santa teima...

Temer, tão simplesmente conter siso,
Que impede que possamos encontrar
A chave que nos leva ao paraíso,
Na nossa própria entrega está perdão.

É como desfrutar da nossa casa
Neste momento livre, nessa entrega,
Que nos aquece tanto, louca brasa,

Amor que tanto salva não se nega.
Amor que sempre foi a solução,
Nas asas traz calor e proteção...

CIRANDA

Rodando na ciranda sem parar
Espaços delicados para a dança
Que roda faz bem tempo, quer rodar,
A fantasia preme e já te alcança.

Na dança tão robusta desta festa
Que sempre se imagina fantasia,
Abrindo na ciranda nova fresta
Deixando a madrugada pede dia.

Eu quero esta criança que não pára,
Não deixa de rodar nesta ciranda
A vida tão robusta me antepara

E sempre recomeça a mesma banda.
Que pede sem descanso e quer mais ar,
Bem antes disso tudo começar...

SEM DESTINO

Subindo sem destino, cavalo, homem...
Pisando tantas folhas já caídas,
Subindo eternamente aos poucos somem
Nas marcas que deixaram nas subidas...

As rédeas ordenando que não parem,
O rio se desenha qual serpente.
Na marcha sem galopes que disparem
As marcas desenhadas totalmente

Esporas desta vida, são malditas
Estórias esquecidas... O que pretende
Por sobre tantos passos dessas ditas

E cada vez distante sempre ascende.
O que se quer tão alto, assim, depois?
Cavalo e homem, pobres destes dois...

Num sonho me encontrara apaixonado

Num sonho me encontrara apaixonado
No susto que tomei ao ver meu nome
Escrito na parede ali grifado,
De certa forma tudo se consome.

E nada mais falava, só te ouvia,
Estampado no meu peito este retrato,
Tal qual fosse te olhar mas nada via,
Alucinado sonho, vero fato...

Chamavas por meu nome, te indaguei
E vi que então fugir era impossível.
Aos poucos no delírio me entreguei

Vivendo a sensação tão mais incrível
De amar em tempestade, calmamente,
Meu nome no teu nome, de repente...

QUEM DERA...

QUEM DERA...

Quem dera descobrir em mansa mata
Entrada do caminho mais ardente.
E penetrar derrames de cascata,
Seguindo pela rota simplesmente

Na fúria da paixão tão penetrante
Matar a sede intensa de tal anjo
Vibrando como um deus a cada instante
Tramando na magia doce arranjo.

Entrar nesta planície que orvalhada,
Invado e que também me orvalho tanto.
Fazendo do desejo, minha amada,

A toca que penetro, meu encanto...
Sabendo que eu ardendo em tal prazer
Encontro, assim, vontade de viver...

TAL PRAZER

Nosso desejo trama tal prazer
Que , insano, te acompanho radiante.
Vou célere buscando o teu querer,
Fazendo tanto amor, a cada instante...

Te sigo e te procuro, fogo e tramas,
Nas matas e nas rondas me alucino,
Vivendo nosso amor em plenas chamas,
Buscando em teus delírios meu destino...

Cobrindo teu desejo, descobrindo
Desejos que lampejos se procuram,
O teu desejo tonto vou cobrindo

Com matas e cascatas que se curam
Na sorte que bem sabes vai e vem,
No vai e vem que quero e tu também...
Amor tão vigilante, enamorado
Das horas que em insônia já passei
Olhar que em teu olhar vai fascinado
Buscando o teu olhar que procurei.

Amor tão extremoso que eu sentia
Por tantas vezes louco, me tornava,
Quebrando deste amor uma harmonia
Envolto nos desejos me entornava.

Seus modos, gestos, graças e perfume,
Aos pouco me tomando totalmente.
Vivendo tal amor pleno em ciúme

Sabia que perdia, tolamente...
Desejo nosso amor em fantasia,
Amor que tanto ilude, tal magia...

Voltaste pros meus braços

Voltaste pros meus braços minha amada,
Depois de tanto tempo tão ausente.
Já temos a certeza de que nada
Na vida me fará tão mais contente.

Que o fogo desse jogo em pleno amor
Guardado num recanto de alegria
Pureza e sedução, meu esplendor,
Vivendo nosso amor em poesia...

Pureza da menina bem guardada
No mar que te entranhou a vida inteira.
Sabendo que decerto é tão amada,

Que a marca deste amor é verdadeira,
És toda nossa trama de poesia
No mar que amor transforma em tal magia...

Estrelas que rodeiam essa lua

Estrelas que rodeiam essa lua
Que transformada em mágico brinquedo
Porém tão enganosa bela e nua
Pretende ser tocada por um dedo.

Rabiscada na folha de papel,
Em grafite, parece um doce seio,
Brilhando em gigantesco e belo céu.
Tramando nova vida sem receio...

Porém o que eu pensava já não era,
Em verdade era simples fantasia,
São luzes que me enganam da quimera

Jamais o belo que eu queria...
Amor, depois senti com emoção,
Guardados, esperando lábios, mão...

Um coração que trama tanta sorte

Um coração que trama tanta sorte
De ser bem mais de mil num peito só,
Batendo simplesmente assim tão forte,
Em tantas rebeldias, dá um nó.

O coração vermelho bate tanto
Que tanto amor batendo me transtorna
Vestido de vermelho, sangue é manto,
De amor no louco ofício, já se entorna...

Coração companheiro predileto,
Eu quero que acompanhes meu amor,
Sabendo que precisas ser completo,

Em tantas armadilhas, rubra dor.
Batendo quase sempre que apressado,
Mil vezes, coração apaixonado..

O brilho das estrelas

O brilho das estrelas, mil matizes,
Reflexos nesses mares multicores.
Os dias que passamos tão felizes
Demoram-se nas tramas dos amores.

O verde desta mata radiante
O canto de lamúria, plena festa,
Amor sempre dileto e tão contente
Embrenha sem ter medo, na floresta

Dos sonhos que se tornam mais queridos
De tempos que se foram, não mais quero,
Amores transformados e cumpridos,

Nas preces tais amores que venero.
Pois tudo que na vida já vivemos,
Somente amor transforma o que nós vemos!

Não deixe que essa lua vá se embora

Não deixe que essa lua vá se embora,
Impeça nosso amor que cultivamos,
A forma com que tanto amor aflora
Não pode ser do jeito que sonhamos.

Eu vivo sem saber destas tais flores
Que tanto semeamos nos jardins,
Amando sem contar com teus amores,
A noite vai perdendo rumos, fins...

A solidão queimando qual quimera
Vazio nos tomando no depois,
As garras tão terríveis da pantera,

Na solidão que estamos, mesmo a dois...
Não sei se poderemos nos salvar
Talvez em outros braços, sim, amar!

UM RIO MANSO

Querida é rio manso que procuro
Nascido nestas fontes do prazer.
Vivendo nosso amor, às vezes duro,
Sabendo que não posso te esquecer...

Na camiseta bela que trazias,
Nudez se adivinhava num segundo,
As camas tão distantes e vazias,
Se inundam com amor forte e profundo...

Se fosse revelar naquele gesto
Imensa essa certeza que me trás
Amando norte e sul, eu já te empresto

Amor de rio e sol, perfeita paz...
Eu quero a camiseta que tiraste
Na cama que comigo, desnudaste...

METADES...

Metades que se encontram em poesia
Somadas formam mais do que milhão,
A noite quando toca o manso dia,
Em luzes se transforma, um turbilhão...

Metades encantadas pois completas
São forças gigantescas e medonhas,
Assim como se abraçam dois poetas,
Nos sonhos que eu já sonho e que tu sonhas...

Parcerias são formas de prazer
Amores repartidos mas inteiros,
Ajudam a quem ama perceber,

Que a vida se reparte em companheiros...
Parceiros destes cantos sem quimera,
Que fazem renascer a primavera!

AMOR NÃO SE PROCURA

Acreditas que amor não se procura
Nas horas mais temidas desta vida
E pensas que tu vives noite escura
Em verdade és amada sim, querida...

Eu quero que tu saibas quanta luz
Existe no teu peito mavioso,
Negando tanto amor que se produz
Não sabes deste amor tão orgulhoso

De ter amor divino e possessivo,
Em tudo dominante mas sereno,
Vivendo em pleno amor conforme vivo,

Espero tanto amor em mar ameno...
Não tenha mais o medo que perturba
Amor que água serena já conturba.

Amores

Amores são procuras tão intensas,
Na busca de repousos encontrar,
Precisam de coragens mais imensas,
São sedas que não podem se amassar.

Amores como véus que são rasgados
Vivendo nesta pura fantasia
Olhares com destinos bem tramados
Em todas as delícias dia a dia.

Amores explosivos em batalhas
Nas guerras divinais em tais embates
Acordam nunca param negam falhas

No fim mansas tréguas nos combates.
Já fazem tanto cio se encontrar,
Dos bichos, em plena arca a esperar!

Em toda essa emoção

Em toda essa emoção que já procuro
Nas loucas aventuras pela noite
Recebo com doçura e já te curo
Com beijos e desejos, meu açoite.

Não sabes como é bom sentir veneno
Em boca tão suave e tão macia,
Amor que me devora onde enveneno
A boca que te morde, todo dia...

Prossegues neste jogo, sedução,
Sabendo que te quero tanto enfim...
Viver é se saber em emoção

Tão plena de loucura até no fim.
Eu quero essa emoção que tu carregas,
Nas horas mais gostosas me navegas...

GARRAS

Loucuras que cativam, infernizam,
E mostram tantas garras contundentes
Seduzem e de leve perenizam
As horas que tivemos bocas, dentes,

Esquecem desta santa que dormia
Na menina que brinca do meu lado,
Da mulher que reclama todo dia,
Da fêmea que abrasada forja o cardo,

Nas chamas das loucuras onde dança
E pede e que me tira pra sonhar
Com tramas em nudez, já vem, avança,

Deitada em minha cama, quer luar
Que adentre e que acarinhe perna e coxa,
Deixando de prazeres, murcha e frouxa...

Eu quero tua mão em minha mão

Eu quero tua mão em minha mão
Passeios de desejos e de sonhos,
Espero que te toque o coração
Os dias que tivemos tão risonhos...

Amando quem se deu tão forte chama,
Deitada em minha cama, meu prazer,
Vigor com tal carinho sempre inflama
E faz todo o meu céu entontecer.

Se tive mais desejos peço amores,
Se tive mais amores, teu desejo...
Invado teus caminhos redentores

Abrando todo o cio, amor, porejo.
E quero teu prazer em minha boca
Num grito em desespero, quase louca...

As horas que vivemos

As horas que vivemos rodopiam
Não param nem que parem mais anseio,
As noites que tivemos já se fiam
Nos gozos deste corpo que incendeio...

Nos brindes que fazemos, meu segredo,
Brincando no teu corpo até morrer,
Embarco neste jogo e vou sem medo,
Embrenho tua mata em teu prazer.

Em tua companhia chama o gesto
E grito peço colo e vou te ver
Em tudo que te peço já me empresto

E deito junto a ti, até morrer...
Não roubo só minutos, com paixão,
Eu quero te tocar toda emoção...

Medida desse amor tão sem medidas

Medida desse amor tão sem medidas
Não cabem nestas roupas que não vestes,
Penetro tuas tocas distraídas
E adoro esse desejo que revestes...

Loucura se inteirando na loucura
Sem meias, cintas-ligas ou prisões,
A mão que teu prazer, tonta, procura,
Encontra a cachoeira em borbotões...

Medidas que proponho em nossa chama
Ardendo maviosa no delírio,
Queimando nosso amor, que tudo inflama,

Nas dores e prazeres, bom martírio...
Invado tuas praias, me incendeia,
Me afogo no teu mar, na maré cheia...

Eu quero a maciez de teu carinho

Eu quero a maciez de teu carinho
Com doce e com total suavidade,
Nas ruas e nas sendas, no caminho
Que leve desta vida uma saudade...

Sabendo que te quero por querer,
Não temo nem calor nem mesmo frio.
Em todos os passeios posso ver,
Amor que se escondendo, vai macio...

As bocas que se tocam, mansamente,
Provocam nos luares, os ciúmes...
Eu quero teu amor tão docemente,

Apenas não escutes meus queixumes...
São trevas que me impedem de saber,
Deixando a madrugada se acender...

Paixão Avassaladora! SOL FIGUEIREDO e marcos loures

Paixão Avassaladora! SOL FIGUEIREDO e marcos loures

Esse sentimento não tem dia, nem hora,
Invadiu a minh' alma, tirando toda calma,
Mesmo assim, me conforta e me acalma.
Arrombou a porta e jogou a chave fora!

Sem pedir para entrar, disse-me: vou amar!
Obrigando assim, o medo a se calar agora,
Querendo falar-te de amor, sem demora...
Quão infinito, enfim... Quanto o céu e o mar!

Ó paixão avassaladora, tu foste autora,
Dessa invasão ao meu pobre coração,
Descobridora, fazes-me uma sonhadora!

Ó ilusão, deste lugar a desejosa paixão,
Tão confortadora, ainda que tentes voar...
Outrora, jamais sonhara então, te amar!

© SOL Figueiredo

Sem freios nem sequer saber por que
Seguindo sem destino feito um louco,
O todo se transforma em muito pouco
Tanto infinito mundo em mim se vê,

Transudo as emoções em fúria e gozo,
Num doce sofrimento que me toma,
Multiplicando o quanto fora soma
Criando este caminho fabuloso,

Invado os céus e adentro mil estrelas
Vontade de seguir e ter nas mãos,
Os olhos bem distantes destes chãos,
E as horas cristalinas, pois, vivê-las,

Num vasto delirar desejo e prece,
Nas teias da paixão que me enlouquece...

TEIMANDO CONTRA AS HORAS

Sou o que tens por dentro que passeia
Teimando com correntes contra as horas
Sou tudo o que tu tens que sempre anseia
Perturbado latejo inflamo e coras.

Vermelho latejante ao largo, encantos
Que invento assim durante a vida inteira,
Entrego-me aos tormentos, lanço o canto
Do sem fim desta vida companheira.

Cansado e te atraindo só amor
Espero que num dia, esteja certo,
Teu dentro tão cansado, sem temor,

Sabendo que viver é tão incerto,
Andando com correntes, até no fim,
Descanse totalmente dentro em mim!

Na madrugada fria

Na madrugada fria, abro a janela,
Procuro teu amor que tanto acalma.
A lua me responde que é só dela,
Amor que tanto quis de corpo e de alma...

Vê que bela noite que se apronta
Estrelas e desejos se disfarçam.
A boca desta noite está bem pronta
Pr’a receber dois seres que se abraçam...

Mas o rigor da vida não se cala,
Janela mesmo aberta nada traz,
Espero neste quarto, nossa sala

A noite tão vazia, perco a paz...
Eu quero teu amor tão docemente,
Te espero meu amor, amar urgente!

Nos versos e nas rimas que te faço

Nos versos e nas rimas que te faço,
Amor que se deseja soberano,
O ponto de partida, nosso traço,
Não deixa cometermos mais engano...

Dedilho com carinho e emoção,
Os versos que componho, poesia...
As rimas decorando o coração,
Fazendo nossa vida mais sadia...

Rolando tantos beijos, nossas rimas,
Em bocas e palavras tão molhadas,
Beijos de lá, de cá, em nossas primas,

As horas tão harmônicas passadas...
Desejo que te tenha sempre aqui,
Na fantasia louca que vivi...

Correndo vem meu anjo pros meus braços

Correndo vem meu anjo pros meus braços
Tremendo neste amor sem ter tardança,
Percorro calmamente nos teus traços
O brilho angelical duma esperança...

Avivo teus vigores violentos
Que de anjo te transformam de repente
Tão loucos os delírios mais sedentos,
Venenos e lascívia de serpente...

Teu rosto de marfim enrubescido
Em vivo carmesim já transtornado,
Pudor que nesta cama está perdido,

Encontra nosso amor, louco tornado.
Tu temes este amor, mas por fim goza,
Nos braços que te esperam, anjo e rosa...

DA MESMA FONTE

Desejo desfrutar da mesma fonte
Que tanto me seduz quando me excita
Descendo pêlos, montes, horizonte
A fonte tanto doce quão bonita..

Mergulho nesta fonte com vontade
De estar por todo o tempo com você,
Vivendo meu prazer com liberdade,
Liberto, lhe procuro mas cadê?

Dançando nossa dança mais profana
Na cama que queremos neste instante.
Amada como é boa dor que explana

E trama tanta fonte delirante...
Entrando nessa fonte sem pedir,
Vivendo nosso amor, neste ir e vir...

Prazer não se concebe em solidão

Prazer não se concebe em solidão
Os olhos da manhã precisam sol.
Florindo todo amor em emoção,
Vibrando as cercanias, arrebol...

Repare como as belas margaridas
Enlaçam-se e vivem agrupadas,
Assim devemos crer em nossas vidas
Serenas noutras tantas tão amadas...

Que bom que é caminharmos bem juntinho
Em busca do futuro colorido,
As aves se procuram, formam ninho,

Amor demais amor de amor provido...
Pois vamos nessa eterna primavera,
Vivendo tanto amor que amor espera...

AS PISTAS DEIXADAS...

Apontam outros mastros desde agora,
Caminham em trieieros, são as pistas,
Deixadas por quem veio lá de outrora
Ardente fogo, temo, não resistas...

A chama que os ouvidos tanto viram
E sempre se atraíram pelo lume.
Tantos resguardos foram e sentiram
No teu oculto vulto bem sei miro-me

Nestes segredos tantos meus abraços
Sem vistas entre nossas vãs paredes.
Sem trancas me despindo nos teus braços

Me entrego, minha amada em nossas sedes.
No fogo que devora nosso amor,
Na cama onde estou a teu dispor...

Amando tanto amor quanto pudesse

Amando tanto amor quanto pudesse
Nas minas que porejam tantos sonhos,
Amor que tanto amor em amor cresce
Tramando tantos dias mais risonhos...

Quem nasce com amor e poesia
Já sabe desfrutar de amor imenso,
Fazendo deste amor a fantasia,
Nos olhos, tanto amor eu recompenso,

Meus versos que dedico sem demora,
Vivendo destes olhos tão profundos.
A plena poesia, sei agora

Invade nossa vida, nossos mundos.
Eu amo tanto amor que merecia,
Minando em cada canto e poesia...

A noite em serenata e violão

A noite em serenata e violão,
Preparo para amada meus segredos,
E tento demonstrar numa canção
Embora o desajeito dos meus dedos...

O som que sempre tento transportar
Na letra, estonteante, meu desejo.
Deixando minha mente me levar
Mandando a melodia como um beijo...

Eu quero te encontrar ó minha amada
Vivendo essa repleta tentação,
Sentindo em tal vigor noite inflamada,

Inteira madrugada de emoção.
Eu quero teu amor, lua de prata,
Nos olhos de quem amo, em serenata!

Nos olhos que procuram pelo mar

Nos olhos que procuram pelo mar
Em ondas e desejos, plena areia,
Nas pedras onde posso te encontrar
Teu canto quanto encanto, uma sereia...

Banhando belos olhos nesta praia,
Roubando céu e mar, lindo matiz.
Amor que nestes mares já desmaia,
Fazendo esse poeta mais feliz...

Eu sei que se soubesse te encontrar
Te buscaria em plena claridade,
Rastreio pelos brilhos deste olhar,

Encontro em teu olhar, uma ansiedade,
Querendo desfrutar banhos de mar,
Os olhos que me ensinam a te amar!

quinta-feira, 1 de março de 2012

Apedrejado

Apedrejado


Apedrejado, eu sigo em falso sonho,
Acerco-me somente das carcaças
E enquanto noutro intento vens e passas,
Apenas o que mostro: um ser medonho,

Satânica figura enfim me ponho
Entranho o quanto podes e desgraças
Estraçalhando o pouco que inda traças
A morte se mostrara em tom bisonho,

Não quero ser mais nada além do fim
E bebo do que possa sendo assim
A tétrica vontade do que venha,

A luta sem descanso, a mais ferrenha,
A pútrida expressão que existe em mim
E o todo que o vazio ora contenha...

Loures

Nada mais

Nada mais


Meu verso emaranhando no passado,
As velhas e terríveis ilusões
Enquanto o que virá tu sempre expões
O coração seguindo embolorado,

O preço com certeza a ser cobrado,
As vagas e terríveis emoções
Sangrias que se vêm aos borbotões
E o término decerto anunciado,

O peso de uma vida sem proveito
O tanto que pudera e não aceito
O leito me esperando para a morte,

Sem nada que me traga uma esperança
A vida pouco a pouco já balança
E nada mais deveras me comporte...

Loures

Sem luta

Sem luta

Entrego-me sem luta e sem perguntas
Apenas sem sentido o quanto resta
Da senda tanto atroz mera e funesta
E nisto nossas almas jamais juntas,

O quanto se perdera a cada queda
Enredos divergentes destoando
E o tempo se desnuda desde quando
O passo sem destino a vida veda,

Prenunciando o fim de qualquer modo,
O tanto que se quis já segue morto,
O sonho se traduz em mero aborto,
Embora esta esperança em vão; açodo.

As tramas entre traumas e terrores
Seguisse sem sequer enfim te opores.

Loures

DILACERADO.

DILACERADO.

O corpo que esperança inda mantém,
Dilacerado pela rude hipocrisia
Do quanto na verdade não teria
Apenas restaria o ser ninguém,

Servisse o que em verdade já não vem
Nem mesmo noutro tom, sorte sombria,
Enquanto a solidão enfim porfia,
Esvaecido busco ofusco bem,

E nada além do riso em gargalhada
Da vida totalmente destroçada
Marcada pelos erros que entranhasse,

O preço que jamais se transformara
Deixando a solidão que ora escancara
Tomando a minha vida em vago impasse...

Loures

AMOR TÃO DELIRANTE

Entregue a esse amor tão delirante
Que trama uma esperança a cada dia.
Sabendo que te amar é ter constante
Um peito transbordando em alegria.

Eu sei que meu caminho se perdeu
Nas ondas agitadas deste mar,
Que sabem quanto amor, amor me deu,
Em busca de teus cantos, tanto amar!

A febre que me queima e que me cura
É febre que procuro qual remédio,
A febre que em minha alma traz fervura

E salva meu amor do triste tédio...
Difícil caminhar se estou entregue,
Preciso que teu corpo me navegue...

OS TEUS OLHOS...

Os teus olhos, querida, são faróis
Que mostram meus caminhos pelo mar
Passando por corais e por atóis,
Em busca da certeza de te amar...

São negros, verdes, puros tão azuis,
Castanhos... Não importa qual matiz.
O brilho que em teus olhos se produz
É que clareia a vida e faz feliz...

São mansas claridades que em minha alma
Brincando vão sorrindo em alegria,
A dor que tanto veio, já se acalma,

No lume que este olhar, belo, irradia...
São fontes de total inspiração,
Tirando o meu amor da escuridão...

TARDE DOLENTE

Na tarde tão dolente e mais festiva,
Amor tão envolvente me convida
Fazendo deste amor uma alma viva
Que ambígua me permite amar a vida.

A mente se permite tal recosto
Neste ofegante sonho de prazer.
As horas se passando, vou exposto,
Vontade delirante de viver...

Nos braços dessa amada poesia,
Em plena tentação sem contratempo,
Se não mais me concentro nem no dia,

A perdição encontra todo o tempo...
Minha vontade explode em tentação,
Deitado no teu colo, com paixão....

DESEJO DESSE AMOR

Desejo desse amor tão mais bonito
que trama tantas noites sem receios,
ardendo tanto amor, em manso rito,
beleza, tanto beijo, ardentes seios.

o sol riscando brilhos neste azul
percorre tantos sonhos mais felizes.
estrela que navega norte e sul,
tramando desta vida seus matizes...

eu quero ser feliz, não mais me importo
com tempos, tempestades e temores.
apenas me entregar ao manso porto

que mostra tanto brilho nos amores.
amada como é bom estar contigo,
proteges destas dores, do perigo...

MENTIRAS

MENTIRAS

Mentiras quando ao vento soltas são,
Neste furor intenso me transtornam.
Sabendo governar meu coração,
Excesso de cuidados logo entornam...

Insanas confianças nos futuros
Fortuitas ilusões que queimam tanto,
Os frutos deste amor se estão maduros,
Recordam das sementes outro tanto.

Semeio novas luzes no teu peito,
Cintilam meus cristais e diamantes,
Amor quando demais, amor perfeito

Embala nossos sonhos delirantes...
Que importa meu amor da vida o fel,
Se tramas nossa cama em doce mel...

DAS FLORES QUE PLANTEI

Das flores que plantei, amor e tréguas
Nas plagas carinhosas do meu peito,
Andando por amor distantes léguas
Em busca do viver mais satisfeito.

Tenazes e sutis, tantas lembranças,
Passado que encontrara assoberbado,
Vibrando nestas hostes de esperanças
Fazendo deste amor meu doce brado.

Amo tudo que em minha alma semeio,
Na pertinácia imensa da paixão,
Poder acarinhar sem ter receio,

Os seios tão sublimes, coração...
Amor que revelando meu jardim,
Nas flores que cultivo, dentro em mim...

SEM ESTRELAS

O céu sem ter estrelas, sem ter lua,
Embora seja céu, trama este inferno.
O canto que no encanto continua
Trazendo tanto frio neste inverno...

Janelas sempre abertas esperando
Entrada deste vento promissor,
O coração espera estar amando
Envolto na certeza deste amor...

As nuvens se dissipam, brilha o sol,
Quem fora tanto tempo adormecida,
Conhece nosso amor como farol

Trazendo estrelas, lua, calor, vida...
Eu quero teu amor, tanta ternura,
Amor que em tanto amor, de amor fartura...

SILÊNCIO

Silêncio quase que religioso
Sossego nestes prados verdejantes.
De tanto que queria manso gozo
Deitado nessa relva dois amantes.

Olhando para estrelas calmamente,
Cansaço deste amor realizado.
A noite anunciada, de repente,
Transborda neste sonho que encantado.

Murmúrio tão distante, d’águas, rio,
O vento balançando estas folhagens,
Renasce nesse amor um louco cio

E a lua namorando tais viagens...
Amada como um sonho estás aqui,
Na doce fantasia, amor vivi...

JUVENTUDE

Amor que irradiando juventude
Transborda com delícias e carinho.
Do sol que tudo invade em atitude
O mundo que passei, demais sozinho...

O tempo que vivera, tão escuro,
Agora reconheço, meu amor,
Um coração que bate mais maduro
É todo o meu princípio de sabor.

Já sabe e reconhece uma beleza
Não deixa se enganar tão facilmente
Conhece tanto a luz quanto tristeza,

Vida, sabe viver mais plenamente...
Amor que assim desejo em nosso ninho,
Sabor que tanto quero, como o vinho...

TERNURAS

Meus olhos que te enlaçam com ternuras
Buscando no teu colo meu descanso,
Aguarda tanto amor, suas venturas
Qual rio que procura seu remanso.

Ternuras desejadas e queridas
Dos braços da mulher que procurei,
Vasculho nos espaços, tantas vidas,
Parece que este amor eu encontrei.

Deitando sobre esse vergel tão cálido
Que trazes com ternuras indizíveis,
A lua com luar belo e tão pálido

Reflete as belas cenas mais incríveis...
Teus olhos e luar, que fantasia,
No brilho que este amor, tonto, irradia!

Farsas

Farsas

A quem enganaria com meu verso?
A sorte se desenha em podre face
E o tanto que pudesse e não se trace
Expressa outro cenário bem diverso,

A luta se traduz neste perverso
Caminho que se forma em tal impasse
Qual fora o quanto resta e preparasse
Negando o que imagino e me disperso,

O preço que se paga, hipocrisia,
Apenas noutro tom se sentiria
Vagando sem sentido exposto ao vento,

E embora saiba bem do quanto resta,
A face mais gentil mesmo funesta
Ao fim de cada cena represento.

Loures

NU

NU

Desnudo do que seja falso brilho,
Seguindo sem olhar o quanto fora
Desta alma tantas vezes sonhadora
Apenas o não ser agora eu trilho,

O velho que se mostra maltrapilho,
A face sem porvir, a sofredora
Verdade que se mostra tentadora
Restringe ao nada verso em estribilho,

Ocasos entre quedas e carcaças
E quando noutro rumo e enredo passas,
Somente o que restasse são fagulhas

Do todo quando a vida incendiara
E a senda mais feliz ausente ou rara,
Envolta entre as neblinas, mas vasculhas...

Loures

HORRENDO.

HORRENDO.

Não mais restasse qualquer sonho
Estrelas se perdendo em louca rota
A vida noutro tom já se derrota
E o tanto que não possa aquém me ponho,

Meu mundo se mostrara mais bisonho,
A luta sem sentido ora denota
E apenas o que houvera mal se nota
No quanto sou cruel, rude e medonho.

Vasculho nas entranhas do que há tanto
Pudesse traduzir o quanto espanto
E vejo sem sentido se perdendo,

A imagem que se molda num detalhe
A cada novo não mais se retalhe
E o fim se aproximando em tom horrendo...

LOURES

UM VELHO SOLITÁRIO

UM VELHO SOLITÁRIO

Um velho solitário em noite escusa
No quanto procurasse algum descanso
E quando no final o nada alcanço
A vida se tornando mais obtusa,

O passo que deveras se entrecruza
O verso quando o tempo dita o manso
Caminho sem sentido e mesmo tranço
Os pés, a vida audaz tomando abusa,

Não restam mais momentos de alegria
A morte se aproxima e me traria
Os restos mais nefastos que carrego

Numa alma sem sentido e sem proveito,
Embora nos espinhos, quando deito,
Embalde me procuro, ausente ou cego...

LOURES
01/03

Não quero e nem devesse acreditar
Nos erros costumeiros de quem sonha,
A vida denuncia a luz medonha
Que cisma a cada instante nos rondar.

Aonde poderia crer luar
Apenas o neon logo componha
A morte sem sentido e mais bisonha
Nesta enfadonha sorte a se mostrar.

Repare cada queda e veja bem
O tanto que se espera deste alguém
Que bebe da incerteza tão somente

A luta não permite algum descanso
E mesmo quando em sonhos eu avanço
A própria fantasia tanto mente.

LÁSTIMAS

LÁSTIMAS

Surgindo destas lástimas terríveis
Qual vento que lambendo estas folhagens
Soando nos carinhos mais incríveis,
Permitem doce amor tantas viagens...

Eu quero ser futuro mais sereno
E ter a placidez deste bom lago
Vivendo sem ter queixas, tão ameno,
No leito em riso e flor, o fino afago...

Sem queixas de amargura ou de tristeza,
Distante das agruras, das afrontas,
Dos pátios tão febris de tal beleza

Das noites, nossas danças, lanças tontas.
Eu quero teu amor que nunca deixa,
Te ter na minha cama, dama e gueixa...

ANESTESIA

ANESTESIA

Esse silêncio acalma, anestesia,
Prazer bem mais sereno se adivinha...
A vida transcorrendo em harmonia
Deitada nos teus braços, paz aninha...

A brisa sussurrando folhas, matas,
As águas tão pacíficas do rio...
Amor em borbotões plenas cascatas,
Explode nesta noite em louco cio...

Velando por teu sono, meu amor,
Observando a nudez tão maviosa;
Beleza transparente em esplendor,

Que faz brotar amor, perfume e rosa...
Nesses delírios tontos, colibri,
O tempo que sonhava, estava aqui.

CHEGASTE EM MINHA VIDA

Que bom que tu chegaste a minha vida!
Por vezes eu pensara estar no fim.
Agora que te encontro, ressurgida,
Outra esperança nasce dentro em mim...

Dançarmos pelas noites mais felizes,
Vivermos e brindarmos sem temor.
No palco, tantas luzes, as atrizes
Refazem espetáculo do amor.

Não deixe que esta noite degenere
Nas tais ingratidões e desventuras.
O brilho de minha alma se confere

Nos olhos que te enlaçam com ternuras...
Amiga, revivamos fantasia
Neste festim divino da alegria!

NADA RESTA

NADA RESTA

Aflições rebentando, nada resta,
Nas lavras que esperança não plantou.
Cismando tantas vezes, penso em festa,
Porém a solidão, o que restou...

Nos círculos das dores que corroem
Recordações de vidas tão cansadas,
As lágrimas que caem, sempre soem
Nascerem destas noites desoladas...

Eu clamo piedade, ninguém ouve...
Meus olhos empapuço, não percebes...
Amor que na verdade, sei, não houve,

Caminhos destruídos, sendas, sebes...
Angústias violentas neste mar,
Formado por tristezas, tanto amar...

AMIGA

AMIGA

Amiga, como é belo este teu canto
Que espalhas pelos cantos da cidade...
Encontro finalmente, tanto encanto,
Neste manto que me cobre, liberdade!

Amiga, como é bom saber de ti,
Com toda essa meiguice que conquista.
Por vezes enxergando o que perdi,
Só tenho teu carinho que me assista.

Peço-te, minha amiga, que se faça
Da noite que se parte, tão sentida,
O vento que por mais que se disfarça

Caminha pro final de nossa vida...
Amiga, não me deixe essa descrença
Mostrando deste amor, a recompensa!

Que eu possa amar assim

Que eu possa amar assim, tão amiúde
Que eu sinta essa paixão que me avassala.
Minha alma se tortura e já se ilude,
Vivendo tão cativa, alma vassala...

Renovo o coração na virgindade
De cada novo amor que possa ter.
Sabendo que te amar, ter liberdade,
Eu sonho todo dia te saber.

Da liberdade intensa, ser cativo,
Vivendo neste amor, a dor e gozo,
De tanto que perdi, eu sobrevivo,

Imerso nas riquezas, andrajoso...
Amor me cativando, me liberta
Adormecendo o peito, sempre alerta!

O amor sincero

O amor sincero sempre toca eterno
Em tocas, vãos, guerrilhas, casamatas,
No viço que te entranha, duro e terno,
Amor percorre em sonhos, tantas matas...

Percebes o veneno mavioso
Da serpe que te lambe e te devora,
Orvalha essa manhã em pleno gozo,
Tua geografia se decora.

Amor que decifrado qual esfinge
Fornalhas e prazeres reconhece.
Porém quando se ilude ou melhor, finge,

Aos poucos pouco amor já se envelhece...
Amor é tão voraz, louco glutão
Penetra, com seus dentes, coração...

NOSSO AMOR

Libando nosso amor, qual borboleta,
Que em flores mais sutis trama revôos
Amor talvez a flor mais predileta
Espera um manso beijo em sobrevôos...

Carrego meu amor no meu alforje
Ao lado que é canhoto do meu peito,
Mas temo que saudade em dor se forje
E traga em tempestade, duro pleito...

Amor que se ternura e se libasse
Nas noites mais sozinhas, velhos passos.
Quem dera se esse amor já se encontrasse,

Rolando em nossa cama, nossos braços...
Amor que se encontrara mais perdido,
Tocando desejoso, essa libido...

Sorria tristemente

Sorria tristemente, já sem brilho,
Um anjo cujas asas se partiram,
Vivendo sem amores, triste exílio,
Nos sonhos que as saudades repartiram...

Deserto mais sombrio se promete
Porém o teu carinho, uma esperança,
Aos mais belos prazeres, me remete,
Deixando um gosto doce na lembrança.

Tua alma que é tão pura, perfumada,
No cheiro dos teus olhos, novo dia...
Amiga quem me dera ter na estrada

Ao menos um momento de alegria.
Não sofras por alguém que não te quis,
Amiga, nos meus braços, mais feliz!

NO DOCE INÍCIO DA MANHÁ

Ao ter no doce início da manhã
O vento delicado do teu riso
Vivendo esta ternura em louco afã
Encontro nos teus braços, paraíso.

Tingindo esses meus sonhos com as cores
Que roubo da manhã ensolarada
Tramando em teu colo mil amores
E Saiba deste quanto que és amada.

Eu sinto tua fala tão macia
Entrando no meu peito sonhador,
Acordando e com isso, ganho o dia,

Envolto nas entranhas deste amor.
Amor que me entregaste é solução
Que teima e fortalece o coração!

BRILHOS DO DESEJO

Fascinado com brilhos do desejo
Neste albor mavioso que é a vida
Quando a noite cai, logo assim revejo
Juventude que há muito achei perdida.

Mocidade remoça um velho peito
Queimado nestas chamas da saudade,
Que aflora julgando ter direito
A viver, neste amor, felicidade!

Amar é mais que tudo, enfim, viver...
Frescor duma manhã anunciada,
É pleno de ternura se esquecer

De tudo que viveu, triste alvorada...
É ter essa certeza, estar altivo,
Poder gritar ao mundo que estou vivo!

DORMIA MANSAMENTE

Dormia mansamente quase nua
À sombra desta noite esfuziante
Beijando o belo corpo, uma alva lua,
Nos raios um desejo inebriante...

Sondando meus carinhos mais profanos,
Sabia que podia me envolver
Não tenho nem teria mais enganos
Amor que sempre ajuda a reviver

A flor que dentro d’alma se perfuma
Invade sem espinhos, o meu jardim,
A dor ao ver a flor logo se esfuma,

Amor que tanto quis, amando assim...
Se tudo o que fizemos, sem demora,
Nos traz a claridade desta aurora...

QUANDO TE VEJO

QUANDO TE VEJO

Pois sempre que te vejo em ti percebo
O sol que nestes olhos se sepulta,
Do brilho desse amor sempre recebo
A lua que em silêncios nada ausculta.

Nos círculos descritos pela teia
Da lua encantadora em alvos brilhos,
Por vezes, santas horas, me incendeia
A chama que me queima, belos trilhos...

Neblina tão suave que se cai,
Por sobre essa macia e calma relva.
Enquanto a tempestade já se esvai,

Tramando sob a lua, imensa selva.
O sol, tão mansamente, vem tomando
A terra; em teu olhar também amando...

Amor que é meu delírio e meu engano

Amor que é meu delírio e meu engano
Escapa em minhas mãos, num só segundo,
Sangrando quase sempre mas me ufano
De ter amor maior que vi no mundo.

Sentindo em cada dia essa presença
Vertida em meus desejos, meu exemplo
De amor que tanto brilhe e me convença
Viver a vida inteira no seu templo.

Encanto que este amor, produz tão cedo,
Invade minha vida, doce encanto,
Fazendo de mim mesmo meu degredo,

Machuca e me promete um novo canto!
Mas sempre que eu a vejo, minha amada,
A noite se transforma em alvorada!

Contente

Contente deste amor que o peito abriga
Em meio a tantas luzes que passamos.
Querida, me permita, então que diga,
Do quanto que vivemos, nos amamos...

Não tenha mais o medo que impedia
Os passos que precisas conhecer.
E venha, vamos juntos para o dia
Que teima e necessita amanhecer.

Não vejo que tua alma se acovarda
Entendo teus momentos sem coragem,
A noite que virá inda se tarda

Podemos começar nossa viagem.
Eu sei dessas amarras, não reclamo,
Aos poucos vou dizendo que eu te amo!

TUDO O QUE ESCREVI

Pois tudo que escrevi, a ti pertence,
Em cada verso meu vivo esta história
De amor que a dor medonha já convence
E trama nosso amor em fina glória.

Meu beijo que sonhei depositar
Na boca mais divina que Deus fez,
Roçando em tua pele devagar
Ao mesmo tempo bruto e tão cortês.

Não sei se tu pressentes ou notara
Que sempre mergulhando em tanta luz
Amor que, lapidando, é jóia rara

De gemas preciosas, se produz...
Eu amo teu amor belo e diverso,
Com todas essas forças do universo!

Da janela do quarto, solitário,

Da janela do quarto, solitário,
Ao ver a tua sombra desfilando,
Meus olhos vão seguindo itinerário
E, aos poucos, dos teus olhos, desviando...

Não quero que tu saibas deste amor
Que traz a poesia em minha vida.
Vencendo tanto tempo sem sabor
A noite se adormece distraída.

Há musica nas ruas quando passas,
Há brilhos diferentes, há romance.
As folhas que no chão, tu sempre amassas,

Impedem que a batida já te alcance,
Do pobre coração que se dispara,
Sentindo esses teus passos, minha cara...

“Suspiro quando passas pelas ruas”

“Suspiro quando passas pelas ruas”
Em tantas maravilhas me embebedo,
Percebo que ao andares, tu flutuas,
Um anjo que tomou todo o meu credo.

É bela tua carne tão macia,
Tuas pernas são atos de promessa.
Minha alma, mais tremente, tudo espia,
Amando tal beleza, se confessa.

Não vejo mais sentido se não tenho
A doce sensação de tanto amar,
Do mundo de ilusões, aonde venho,

Areia quer sereia em pleno mar...
A vida não seria tão sozinha
Se essa rua... Essa rua, fosse minha!

Por tanto que te quis

Por tanto que te quis , bem sabes quanto
Espantos e tempestas, afastei.
Ao ver tua nudez eu me agiganto
E passo imaginar que, enfim, sou rei...

Nas cores com que em festas, comemoro,
A vida que prometes delirante.
No corpo em que passeio já demoro,
Sorvendo e decorando cada instante.

Amante do que, bela, representas,
Adoro te saber, deveras, minha...
Paixões quando sinceras, violentas,

Não sabem que a saudade se avizinha.
Mas deixo que este amor flua tão lento,
Nas fantasias todas que eu invento!

Suspiro quando passas pelas ruas

Suspiro quando passas pelas ruas
E vejo nos teus olhos, meu amor.
Nos versos que componho sempre atuas
Nas nuas madrugadas, esplendor.

Em tudo que não creio, nem desvendo,
Sentir teus mansos passos, que ventura!
Aos píncaros divinos quando ascendo
Encontro tantos laivos de ternura.

Amada, sou feliz por te querer,
E tanto quanto mais alma respira
Esse ar que não pudera prometer,

É musa, sou poeta, amor é lira.
Venha que em meus braços te farei,
Os versos de paixão que procurei!

Minha alma se abrasando na tua alma,

Minha alma se abrasando na tua alma,
De forma que se entrega totalmente,
Descubro que minha alma só se acalma
Aos olhos de tua alma mais clemente...

Nos tempos de descuido sofri tanto
Por ter uma alma assim tão dependente,
Vencida por tua alma em tal encanto
Que tudo se sublima de repente.

Por quanto tempo uma alma sobrevive
Sem ter essa tua alma como amiga.
Nos sonhos mais divinos onde estive,

Minha alma sem tua alma já periga.
Por isso, minha amada, te preciso,
Minha alma na tua alma, em paraíso..

NA MESMA PEDRA

NA MESMA PEDRA

" Na mesma pedra se encontram, / conforme o povo traduz, /
quando se
nasce uma estrela, / quando se morre uma cruz. /Mas quantos que
aqui
repousam / hão de emendar-nos assim: / Ponham-me a cruz no
princípio... / e a luz da estrela no fim." Mário Quintana

Na pedra onde se encontram cruz, estrela.
Morrendo estrela nasce então a cruz.
Estrela que na luz, perfeita e bela,
Da forma que esse povo já traduz.

Mas quantos que repousam por aqui,
Hão de emendar-nos sempre bem assim,
Coloquem-me essa cruz mal eu nasci
E a luz de tal estrela bem no fim...

Tal cruz que sempre levo, no começo,
Carrego pelas tramas desta vida,
Ao mesmo tempo em luz eu envelheço

Estrela vai comigo em despedida...
A pedra representa a mesma sina,
Na morte dessa cruz, luz ilumina...

POUCO ME IMPORTA O SOL

POUCO ME IMPORTA O SOL

Pouco me importa o sol que tanto brilha
Nas estradas que levam ao passado.
O futuro que espero maravilha
E mostra quanto é bom ser tão amado...

Trouxeste uma esperança mais serena
De ter um novo dia bem contente.
Te quero e te desejo assim, morena,
Paixão que nesse peito se arrebente.

Não sinto mais temores que sentia
Nem quero mais a dor que é tão tirana.
A boca que me emprestas, mais macia,

Abrigo que encontramos na cabana
De amores mais serenos e felizes,
Surgido nessas duras cicatrizes...

Vivendo sem temer o quanto quis

Vivendo sem temer o quanto quis
Amada nas estrelas vislumbrada.
Eu sei que nos teus braços sou feliz
Em busca desta estrela tão sonhada.

No céu das fantasias em que vivo
Coloco minha estrela sem saber
Do amor do qual eu sempre sobrevivo
Trazendo tanta força pr’eu viver.

Não vejo mais as trevas que tomaram
A vida e não deixavam nem sonhar,
Estrelas tão distantes se encontraram

Dançando sob os raios do luar...
Amada, como é bom falar teu nome,
Nos braços dessa estrela, amor me tome!

Por onde foi que estive sem saber

Por onde foi que estive sem saber
Nas trevas esquecidas no meu peito
Agora recomeço a perceber
Que em vão tanto vivi insatisfeito.

Nos dias mais complexos desta vida
Os anos se passando sem sentido.
Quem sempre se escondera em despedida
Pretende ressurgir do triste olvido.

A boca que beijei não beijo mais,
As unhas dilaceram, cicatriz...
Achara que te amando assim demais,

Talvez eu me encontrasse mais feliz...
Amor quando promete ser presente,
Ao longe, calmamente, se pressente...

MELODIAS

Nas brandas e suaves melodias
Que em versos te dedico, sem temor...
Amada, como explodem alegrias,
E como, enfim, renasço em pleno amor...

Nos campos que vaguei tão solitário
Vivendo sem saber se sou feliz.
Dos rios deste amor, seu estuário,
Termina no destino que mais quis.

Nos braços da morena tão singela
Que dorme tão calada nesta cama...
A vida recomeça depois dela,

Amor já se explodindo em bela chama.
E chamo por teu nome num momento,
Amada tenho amor, merecimento...

Quem dera

Quem dera se esse canto de promessas
Não fosse tão somente um simples canto
A vida vai passando em tais remessas
Diárias de ternuras e de encanto.

Recebo tais lufadas com prazer
E vivo tão somente em alegria
Se nada mais da vida eu irei ter
Senão esta certeza de alegria.

Eu amo como nunca mais pensei
Depois de tanto tempo mais tristonho
Que eu dia neste mundo enfim terei

Certeza deste amor que te proponho.
Eu quero ter contigo tanta luz,
Amor que me protege e me seduz...

Ouvindo tantas vozes do passado

Ouvindo tantas vozes do passado
Que sempre foram boas conselheiras
Sabendo que já tive teu cuidado,
Agora o que resta são olheiras

Das noites mal dormidas inseguras,
Na cama que rolava, sem ninguém,
Vivendo nestas minhas desventuras,
Amor que se promete nunca vem...

Recebo esses maus tratos com sorrisos,
Que faço se não posso te esquecer?
Apenas destruindo os paraísos

Que cismam em tentar sobreviver...
Não vejo outra saída nem caminho...
Vou enfim, com certeza mais sozinho...

NÃO SABES

Não sabes quanto quero o teu querer
Que espero sem saber se tu me queres.
Mas saiba que não quero te esquecer
Mesmo se me esquecer tu já quiseres.

Adoro te saber bem mais contente
Não gosto que tu sintas o que sinto.
Vivendo teu amor qual penitente,
A dor que sempre trago e nunca minto.

Tu és toda a certeza dum futuro
Guardado nas promessas do passado.
Clarão que não permite céu escuro,

Viver todo esse tempo enamorado...
Do amor que nunca disse se me quer,
Guardado nesta noite, se vier...

NESTE RIO

NESTE RIO

Mergulho meu passado neste rio
Que tantas vezes tenho navegado,
Nas noites mais doridas, tanto frio,
Espero meu amor aqui do lado...

O sono quando chega e não te encontra
Em pouco tempo manda o pesadelo.
Amor quando de amor se desencontra
Aos poucos se tornando um atropelo.

Nos raios deste sol brilhando n’águas
Dos rios e cascatas, um cristal;
Meus olhos se lagrimo, plenas mágoas

Transbordam nesse rio, no final.
Amada não permita que isso ocorra,
Não sei nadar, tu queres que então, morra?

SE TOMANDO DE CUIDADOS

SE TOMANDO DE CUIDADOS


Amor que se tomando de cuidados
Não deixa mais espaço pra saudade
Vivendo tantos dias magoados
Agora só procuro uma amizade

Que traga meu amor em mansa rama,
Sabendo ser divino sentimento,
Amor quando amizade se derrama,
Resiste bravamente a qualquer vento...

Portanto minha amiga não receie,
Se tudo o que fizer for por teu canto,
Amor quando em amor, de amor se ceie,

Em múltiplas facetas vira encanto.
Por quanto tempo andei te procurando,
Amiga que deveras, vou amando...

DE TANTO AMOR

DE TANTO AMOR

De tanto amor que, um dia, sonhei ter,
O resto da esperança que sobrou,
Nos olhos de quem amo posso ver,
Que tudo foi um sonho que acabou...

O vento que, assoprando na janela,
Lembrando nossas noites tão serenas,
Dizendo simplesmente que foi dela
A vida que passei, em belas cenas...

Não sei se escutarás a minha voz
Que adentra pelas noites tão nubladas,
A chuva que caindo, tão atroz,

Relembra nossas horas bem amadas...
Amor como seria mais feliz,
Se a vida te trouxesse como eu quis...

NOS BRAÇOS DE QUEM AMO

NOS BRAÇOS DE QUEM AMO

Eu quero estar nos braços de quem amo,
Fazendo destes braços, o meu ninho...
Por vezes tanto chamo, tanto chamo...
E durmo simplesmente tão sozinho.

Amada por que insistes em não ver
Que tudo que desejo, num segundo,
Apenas no teu colo posso ter,
Depois de procurar por todo o mundo...

Não deixe que esta noite me devore
Sem ter os teus carinhos e teus seios.
Amada, por favor, não mais demore,

Que a vida vai tomando os meus anseios...
E depois de tanto tempo sem ninguém,
Eu grito: minha amada... agora... vem!

DEITANDO NESTE CHÃO

DEITANDO NESTE CHÃO

Deitando neste chão, te peço colo,
Embora nada mais tão obsoleto
Fingir que tão sozinho já me enrolo,
Não passo, sem te ter, simples inseto.

Mas vejo nos teus olhos a promessa
De termos espalhados nosso sonhos.
De tudo que carrego, uma remessa,
Levando por caminhos mais risonhos...

Acordo sem teus braços e me queixo
De amor que não possuo mas desejo.
Rolando nestas águas, triste seixo,

Espera ansiosamente por um beijo.
Que tanto prometeste mas negaste,
Amor para crescer pedindo uma haste.

Sem Teu Amor

Sem Teu Amor

Amor sem teu amor, cedo desfolha,
Nas matas que crescera tal criança
Futuro tão sozinho, quando se olha
A dor retorna forte e traz vingança.

Nas curvas desta estrada, meu amor,
Por quantos anos fomos tão sozinhos...
De amores e de dores os vizinhos,
Em pleno sentimento de rancor.

Eu sei que não me cabe nem um canto
Do canto que carregas todo teu.
Apenas vou morrendo, sem encanto,

No manto qual mortalha que me deu.
Mas sei que desse amor que nunca espero
No fundo, d’outro amor, amor eu gero...

Amor e Medo

Amor e Medo

Amor quando em amor desequilibra
E finge que se vai mas nunca vem,
Mas quando meu amor, por certo, vibra,
Aguardo em tantas ânsias, por alguém.

Que teme ser amada por quem sou
E mata uma emoção em pleno aborto.
Se tramo meus destinos, onde vou,
Procuro calmaria no teu porto.

O medo te tomando, cara amiga,
Impede que tu sonhes com firmeza.
A noite se aproxima e não periga,

Mas foges desta forte correnteza.
Amar quem tanto quis, já me parece,
De tanto amor que tens, amor padece...

EU TE AMO!

EU TE AMO!

As sombras das saudades que carrego
São mansas tempestades que recebo.
Se tantas essas dores que não nego
Porém que muitas vezes nem percebo.

Minha alma transtornada já flutua
Por sobre multidões de sentimentos...
Embalde tantas vezes continua
Guardada neste cofre dos tormentos.

Mas amo em esplendor a tua imagem
Guardada nestes cofres da lembrança
Seguindo tão sem rumo, essa viagem,

Espero teu amor sem mais tardança...
As sombras se iluminam quando vejo
Os olhos tão sedentos do desejo...

Meu Canto de Amor

Meu Canto de Amor

Não vejo mais a lua que te trouxe
Nem mesmo a mansidão deste meu céu.
Pedindo tão somente que não fosse
Tirar deste espetáculo seu véu...

Saudades de quem fora mais gentil
E sempre me dissera ser feliz.
As cores que emolduras, num abril,
Roubando deste amor todo matiz.

Tal lume que persigo qual falena
Estendes pelos astros sem demora.
A vida que procuro sempre plena

Nas cores, seus encantos, quero agora.
Amor é quase um canto de agonia,
Calor que nos esquenta enquanto esfria...

Amor Cativante

Amor Cativante

Tramando, tantas vezes, ledo engano,
Proveitos que retiras do meu sonho,
Amando sem querer, causando dano,
Em todos os meus medos me proponho.

A mesma perdição que me causara
Aquela que busquei na fantasia
Amar é cultivar pérola rara
Viver perfeito transe da alegria.

Saber que estás por certo assim sujeito
A todas as vontades mais insanas
Tentando a cada dia ser perfeito,

Escravo destas lendas soberanas.
Amar não é sequer ser só cativo,
Cative quem te adora, amor revivo!

EXCESSO DE TROSTEZA

EXCESSO DE TROSTEZA


Ao tempo em que tristeza se excedia
Vibrando enquanto tanto que eu sonhava,
Certeza de que nada se passava
No peito que exalava rebeldia.

Vencidas as inglórias naturezas
De medos e vazias engrenagens
Tocando nas feridas, incertezas,
Me levam por insanas, más, aragens...

Amor que se tocaia nas vinganças
Espreita meus enganos e torturas
Matando o que me resta de esperanças

Causando tanta dor, noites escuras...
Mas sinto que não posso resistir,
Somente o que me resta então, sorrir..

NOS OLHOS...

NOS OLHOS...


Nos olhos tantas chamas rutiladas
Das rosas que tentei semeadura,
Amores que me tramam cutiladas
Embarcam os meus sonhos, sem ternura...

No peito uma dureza em diamante
Desfeito sem saber ser impossível
Viver assim de forma galopante
Buscando ser mais forte e impassível.

Cantando minhas odes e promessas
Nas fontes cristalinas deste amor.
Bem sabes que no fundo não confessas

As tramas que fizemos sem pudor.
Floresce na verdade um sentimento,
Amando, contornando esse lamento...

Não Me Deixe, Minha Amada

Não Me Deixe, Minha Amada

Amor quando te exponho meus defeitos
Que soem ser mais fortes que pensara
Não sabes quanto doem imperfeitos
Desejos que jamais imaginara...

Mantenho meus segredos escondidos
Nas peles que envolveram a minha alma,
Amores que viveram iludidos
Nem sempre essas tristezas algo acalma.

Não mostro tantas garras que possuo
Senão tu correrias mais ligeiro,
Nos palcos dos amores quando atuo

Dos prantos e das mágoas, companheiro...
Amada não me deixe nem me culpe
Senão perfaço as dores nesta troupe.

Amor Ardente

Amor Ardente

Fugindo deste amor que nego tanto
Embora sempre cante desolado,
Vivendo do que fora desencanto
As horas mais difíceis do passado.

Não sei se mais terei o que pretendo
Como se a tempestade me tomasse
A noite na minha alma escurecendo,
Tampouco me importando quem amasse.

Amor quando interesses superpostos
Invadem sem temer, o sentimento,
Os âmagos do amor ficando expostos,

Terminam brevemente em sofrimento...
Eu amo quem portanto não me chama
Nem clama pelo amor, ardente chama...
Alucinado

Talvez imensa dor eu merecesse
Por não saber lidar com tal tormento
Que cada vez que penso sempre cresce
Envolto nas tempestas, sofrimento...

Não vejo tal desejo que me farte
Aos poucos sem saber irei vivendo
A mando do que sempre me fez parte
Cercado desta dor que vai crescendo.

Não quero transportar essa matilha
Que corta tão diversa essas entranhas.
Amar é me perder em total ilha

De mares e de terras sempre estranhas...
Não sigo mais vontade nem destino
De tanta dor que trago, me alucino...

Amor e Esperança

Amor e Esperança

Há tanto tempo envolto nos teus sonhos
Penando sem poder nem reagir.
Quem dera se tivessem mais risonhos
Os dias de esperança e de porvir.

Não tramo mais vinganças nem acertos,
Não quero que te sintas soberana.
Quem soma com incertos desacertos
Transborda em natureza desumana.

Insanas as histórias que denotas
Remotas esperanças de mudança
Amar quando demais encerra cotas

E mata tantos sonhos sem tardança...
Amar quando em perfeitas alianças,
Promessas divinais de tantas danças!