sábado, 28 de julho de 2012

MENINA

MENINA

Menina, gosto tanto
Quando te vejo aqui,
Derramas em encanto
O sonho que pedi,
Quem dera se meu canto
Chegasse sempre a ti,
Tirando cada manto,
Contigo, enfim, dormi.
Na fome que nos toca,
Carinho sem igual,
Invado fonte e toca,
Num gesto sensual,
Beijando a tua boca,
Gozo fenomenal...

MARCOS LOURES

TROUXESTE UMA ALEGRIA

TROUXESTE UMA ALEGRIA

Trouxeste uma alegria a quem sangrava
Em dores escondidas num sorriso.
Que pena que esta sorte te enganava
Na promessa sincera, o paraíso...
Mas nada do que fomos resguardava
O sentimento imenso e tão preciso...

Agora que decolas, sem por que
Meu medo já se mostra mais ativo.
Procuro novamente e nada vê
Senão vagos espaços... Sobrevivo...
Não tenho nem portanto nem cadê
Apenas o meu mar, seco e cativo...

Não vejo mais estrelas, perco o céu,
Amarga em minha boca o que foi mel...

MARCOS LOURES

NA ETERNIDADE DE UM SEGUNDO

NA ETERNIDADE DE UM SEGUNDO

Amor, na eternidade de um segundo,
Trazendo toda a sorte de ilusões...
Num sentimento breve e tão profundo
Rebenta; sem pensar, os corações.

Na correnteza forte que eu me inundo
Tomando já de assalto as emoções,
Amor que sempre foi maior do mundo,
Morrendo nas estradas das paixões...

Calando tanta angústia em nosso peito,
Vasculha cada parte do meu ser.
Amor se achando sempre no direito

Coberto de vontades, trama a morte.
Eu quero eternamente te querer
Na sensação divina que me aporte...

MARCOS LOURES

MAIS UM GOLE DE CAFÉ

MAIS UM GOLE DE CAFÉ

Tomando mais um gole de café
Na noite insone, roubo de uma estrela
Cadente uma esperança já sem fé
De um dia, novamente poder vê-la.

Sorriso de ironia, dentes todos,
Mostrado pela noite sem juízo.
Refaço quase pérolas dos lodos
Engodos me negaram paraíso...

Vasculho pela mesa mais um trago.
Cigarros espalhados num cinzeiro.
Um corpo de aguardente sem afago,
Quem sabe abra o caminho derradeiro?

Escuto tua voz num eco frio
Mostrando um coração quase vazio...

MARCOS LOURES

Ronaldo Rhusso, meu companheiro de batalhas

Ronaldo Rhusso, meu companheiro de batalhas

Ronaldo, meu amigo, a vida traça
Diversas emoções, mas eu garanto
Que o todo quando feito além do tanto
Transcende a quanto sente quando enlaça.

Em ti, querido irmão, jamais escassa
Felicidade gera um raro encanto,
E mesmo quando a lida se faz pranto,
Em teu canto o sorriso nos abraça.

Receba deste velho trovador,
Cansado pela luta sem descanso
Enquanto no vazio um grito eu lanço,

Encontro no teu peito um refletor
Trazendo uma valia à luta insana
Que de uma poesia além emana...

Marcos Loures

Respeite meu galinheiro

Respeite meu galinheiro

Mineiro que se preza, meu amigo,
Acata outro terreiro que não seu,
Meu canto noutro rumo se perdeu
Mas respeite o poleiro onde eu me abrigo,

Desafinado ou não enfim prossigo,
Não quero nem saber que time é teu,
Se meu verso outro universo concebeu
Jamais pedi conselho e nem te ligo,

Cruz credo Ave Maria Deus do céu,
Que vergonha, sujeito, esse papel,
Limite tem decerto, o galinheiro,

Aonde outro juiz mesmo de fora
No fundo sem ter medo não demora,
Que desafio tolo, violeiro!

Marcos Loures

AMOR SEM JUÍZO NEM DEMORA

AMOR SEM JUÍZO NEM DEMORA

Que a vida não se acabe neste estado
Em que meu coração se encontra agora,
Amor que fora sempre descuidado
Não teve nem juízo nem demora.
Viver este meu canto apaixonado
É tudo o que não quero. A dor aflora...

Não tenho mais segredos, sou cativo,
Não tenho resistência, estou aqui.
No sentimento atroz em que hoje vivo
O resto de esperanças; não perdi.
A dor me conheceu lento e passivo,
Agora meu futuro está em ti...

Um dia, sei que vais pensar direito,
Meu mundo, neste dia, satisfeito...

MARCOS LOURES

sexta-feira, 27 de julho de 2012

EU NÃO ME ESQUEÇO

EU NÃO ME ESQUEÇO

Amigo eu não me esqueço
De tudo o que vivemos,
Decerto eu nunca meço
O quanto nos queremos,
Se tenho algum tropeço,
Isso é comum, sabemos,
Apoio enfim te peço,
Estendes os teus remos
E ajudas navegar
Por mares violentos,
Em meio a tanto mar,
Percebo que em momentos,
Eu sinto-te a soprar,
Pra longe os duros ventos...

MARCOS LOURES

EU TE PROPONHO

EU TE PROPONHO

Amiga eu te proponho
Seguirmos por aí,
Vencendo um mar tristonho
Aonde eu me perdi.
Um dia mais risonho
Exala-se de ti,
De um tempo tão medonho
Eu juro, me esqueci.
Vencemos os problemas,
Na força de vontade,
Trazemos novos lemas,
Achar felicidade,
No peito estes emblemas,
Poder desta amizade!

MARCOS LOURES

NÃO POSSO ME CALAR

NÃO POSSO ME CALAR

Não posso me calar,
Preciso te dizer,
Não deixe naufragar
O sonho de querer,
Depressa te encontrar,
No sol que vai nascer,
Encanto a se buscar,
No canto do prazer.
Amiga eu não desejo
Que a dor nos acompanhe,
Na festa que prevejo
Beber deste champanhe
Num mundo tão sobejo
Que a sorte nos entranhe!

MARCOS LOURES

SAUDADES?? DA MARTA... QUE SUPLÍCIO.

SAUDADES?? DA MARTA... QUE SUPLÍCIO.

Perdeu o seu amor? Relaxa e goza,
Brigou com o patrão? Relaxa e goza
Enfarta o coração? Relaxa e goza.
Morreu jardim e flor? Relaxa e goza.

Deu praga no capim? Relaxa e goza.
Político ladrão? Relaxa e goza,
Sem trem nesta estação? Relaxa e goza.
Salário está no fim? Relaxa e goza...

Mulher já se mandou? Relaxa e goza,
Sobrou o Ricardão? Relaxa e goza.
O crédito estourou? Relaxa e goza.
Se mordeu-lhe a tsé tsé. Relaxa e goza;

Já deu bicho de pé? Relaxa e goza.
Eta conselho bom: relaxa e goza...

MARCOS LOURES

VENCIDO

VENCIDO

Vencido pela dor desta saudade
Que é mais que uma ilusão, um verso triste.
Viver em minha sorte, ansiedade
É mais do que um amor inda persiste.

Não temo mais sofrer sem liberdade,
Ainda mais que sei que amor existe.
Vagando pelos céus, tranqüilidade
Jamais resistirá na dor que insiste.

Saudade de saber de cada beijo
Marcado em minha boca, tatuagem,
Eu sinto quanto dói este desejo,

Embora, reconheça é só miragem.
Assim que a noite chega enfim eu vejo,
O rumo em que se deu nossa viagem.

MARCOS LOURES

A VOZ DESTE RIACHO

A VOZ DESTE RIACHO

Ao escutar a voz deste riacho
Por meio destas pedras, corredeiras,
Recordo quantas vezes tu me queiras
E nisto o farto amor em lumes acho

Bem mais que simplesmente um mero raio
Luzeiros trazem fontes deslumbrantes
De luas entre sóis e me agigantes,
E neste imaginar não mais me traio,

Quasares e pulsares, siderais,
Angélicos formatos da esperança
E quanto além do tempo o sonho avança
Encontro o que ora espere e muito mais,

Entra argênteos e auríferos cenários,
Os sonhos formidáveis, temerários...

MARCOS LOURES

OS VERSOS VÃO MAIS LIVRES

OS VERSOS VÃO MAIS LIVRES

Em versos, velas, mares e magias
Os sonhos vão mais livres pelos ares.
No encanto que se toma em poesias
Colhemos nossos frutos nos pomares
Aguando com desejos, alegrias,
Fazemos dos amores, os altares...

Encantos delicados e sutis
São nossos companheiros mais constantes
Os dias que queremos mais gentis,
Nós cultivamos sempre. Por instantes
O mundo que sonhamos, mais feliz,
Se torna bem mais vivo e deslumbrante.

Estou contigo, amada em cada verso,
Vivendo por encanto, este universo...

MARCOS LOURES

AMOR EM LIBERDADE

AMOR EM LIBERDADE

Amor em liberdade traz certeza
De um sonho de desejo e de prazer.
No céu de tua boca, com largueza
Espero novamente perceber

Que a moça inda pretende ser princesa
E nisso o seu encanto me faz ver
Deixando uma alegria sobre a mesa
Beleza tão gostosa de viver...

O sexo em descoberta traz encantos
E medos que maltratam e confortam.
Navios de desejo quando aportam

Derramam esperanças pelos cantos.
Mal sabe que o desejo de um afago
Por outras tão somente quando pago...

MARCOS LOURES

TROCANDO EM MIÚDOS

TROCANDO EM MIÚDOS

Eu sou baixinho e sei o quanto valho,
Ninguém segura a força que se emana
Do povo mais miúdo no trabalho
Tamanho simplesmente não engana.

Pintando um rodapé, não me atrapalho,
Na cama meu carinho é bem bacana,
Jamais eu me lembrei de um ato falho,
A força em miudeza é soberana.

Às vezes pressentindo um vento frio
Eu sempre me agasalho em teu capote.
Um coração gigante, e tão vadio,

Prepara mansamente um novo bote
O pano para a roupa é muito pouco...
O resto? Não te mostro, nem dou troco...

MARCOS LOURES

MINHA ALEGRE MENINA

MINHA ALEGRE MENINA

Minha alegre menina quero a dança
Do teu corpo, requebros sobre mim;
A noite verdadeira já se avança
E a boca mais sedenta,carmesim...

Alegres os compassos da esperança
Que queimam seu pavio até no fim.
No fogo deste estio, não se cansa,
E sabe que me ganha, inteiro sim...

Tua alegria imensa contagia
E faz de cada gesto a sedução.
Que esquenta todo amor em fantasia

E tudo, sem ter tréguas, contamina,
Ardente como o fogo da paixão,
Na dança tão alegre da menina.

MARCOS LOURES

GORDURA ACUMULADA

GORDURA ACUMULADA

Ao ver este leitão que está gordinho
Eu penso já no lucro que vai dar,
Criado com amor e com carinho,
Não para todo dia de engordar.

Depois que o bicho está assim fofinho,
Cascalho no meu bolso vai entrar.
Fazer duzentos quilos de toucinho,
Linguiça pra mandar já defumar.

Porém o porco grande com malogro,
Custando pra morrer dá prejuízo.
Investimento duro de fazer.

Agüentar a mulher e ter juízo,
É duro e vem trazendo desprazer.
Não morre o porco gordo do meu sogro!

MARCOS LOURES

MINHA COMPANHEIRA

MINHA COMPANHEIRA

A morte, companheira mais dileta,
Deitando em minha cama, pede abraço.
E cerra com meus dias, forte laço,
Se torna derradeira e predileta.

Não tenho nessa vida, uma outra meta
Que trague novamente um bom regaço.
Seguindo calmamente passo a passo,
No fim da dura estrada me completa.

Das coisas que da vida levarei,
Encantos e quimeras, dor e fado.
Perdendo depois tudo o que ganhei,

Morrendo simplesmente sem passado.
Meu nome restará em desabrigo.
Apenas nas lembranças de um amigo!

MARCOS LOURES

DE CANA EM CANA

DE CANA EM CANA

Um plantador de cana, um fazendeiro
Depois de tomar umas foi em cana
Chamado por alguns de cachaceiro
Não sabe que essa gente é tão sacana.

Na roça de uma cana faz dinheiro,
Com bolso cheio enfim, logo se ufana
Porém tanta birita já te engana,
Deixando a gente tonta por inteiro.

Destila essa garapa e vira pinga
A grana vai pingando devagar,
Bebendo tanta pinga a cana vem.

Brigando com compadre logo xinga
E essa colheita vai comemorar
Mamado na cadeia e sem ninguém...


MARCOS LOURES

PIOR DO QUE CIGARRO, MACHONHA, COCAÍNA ETC...

PIOR DO QUE CIGARRO, MACHONHA, COCAÍNA ETC...

Cigarro não faz bem disso eu bem sei,
Porém eu não consigo disfarçar
Ladrão demais assim a nos roubar
Não deve sem moral, fazer a lei.

De tanto que na vida eu já fumei
E o tanto que inda tenho pra fumar
Dinheiro algum dos outros maloquei,
Não aprendi nem quero enfim roubar.

Eu peço ao Bom Senhor que assim me ajude
Embora a maltratar minha saúde,
Eu tenho esta certeza em devoção.

Pior do que cigarro, eu te garanto,
Eu falo esta verdade sem espanto,
Político safado e corrupção...

MARCOS LOURES

VOCÊ ESTÁ SENDO FILMADO

VOCÊ ESTÁ SENDO FILMADO

Percebo que em qualquer lugar que chego
Eu vejo o mesmo aviso que me diz.
Que estás sendo filmado: Ri feliz!
E logo fico quieto, isso eu não nego.

Cansado de martelo sendo prego
Não leio mais palavras tão gentis.
Diabo no meu corpo que eu carrego
Em frases delicadas e sutis.

Por isso meu amigo e companheiro,
No nono mandamento eu me estrepei
Depois de batalhar o tempo inteiro

Lutando contra a força e quente chama,
Deparo com as tábuas, as da lei:
Sorria amigo: a sua mulher me ama!

MARCOS LOURES

quinta-feira, 26 de julho de 2012

VACINAÇÃO

VACINAÇÃO

Estudos que comprovam publicados
Lançados sem sequer contestação
Assuntos tão sutis e delicados,
Merecem toda consideração.

Estatísticas mostram novos dados,
Que vão fazer total revolução.
A virgindade traz maus resultados
Causando essas doenças sem perdão.

Por isso minha amiga e companheira
Farei a boa ação que salvará
Você da noite fria e derradeira,

De uma doença dura de amargar,
Pressinto que este dia chegará,
Por isso venha logo vacinar...

MARCOS LOURES

VACINAÇÃO

VACINAÇÃO

Estudos que comprovam publicados
Lançados sem sequer contestação
Assuntos tão sutis e delicados,
Merecem toda consideração.

Estatísticas mostram novos dados,
Que vão fazer total revolução.
A virgindade traz maus resultados
Causando essas doenças sem perdão.

Por isso minha amiga e companheira
Farei a boa ação que salvará
Você da noite fria e derradeira,

De uma doença dura de amargar,
Pressinto que este dia chegará,
Por isso venha logo vacinar...

37 SUMNNUT
MESTRE?

Querida vou fazer a promoção,
Pois sou da faculdade, professor.
Entrego-me com toda devoção
Trabalho com carinho e com amor.

Não cobro a minha participação
Nas aulas que darei, com muito ardor,
Querida não resista à tentação
E venha desfrutar deste favor.

Ensino tal assunto tão complexo
Que poucos vão saber com maestria,
É necessário côncavo e convexo

Depois de pouco tempo, uma alegria,
Ministro se quiseres, todo dia,
Serei teu professor de amor e sexo...

MARCOS LOURES

O AMOR QUE PERSEGUIMOS

O AMOR QUE PERSEGUIMOS


Os passos deste amor que perseguimos
Há muito foram dados por alguém.
No simples carpinteiro conseguimos
Visualizar por certo, todo o bem.

Falando por parábolas dizia
Do amor tão gigantesco pleno em paz;
Mostrando enfim, que amar com alegria
E naturalidade é ser capaz

De ver em cada ser com claridade,
O brilho de um amor que é soberano.
Recendendo ao calor de uma amizade,
Onde não caberá jamais engano...

Punido pelos homens por amar,
Vendido em mil pedaços num altar...

MARCOS LOURES

O AMOR É AZUZIM

O AMOR É AZUZIM

O dia foi difícil, minha amada,
Eu trabalhei demais isso eu não nego,
Cansado do batente, estou no prego,
Desculpe; eu não aguento enfim, mais nada...

Quem sabe, se depois, na madrugada,
Depois de descansar, me recarrego.
Amor que tantas vezes vaga cego,
Precisa ter a dose reforçada.

A sorte é que inventaram um reforço
Que faz um velho assim, já ficar moço
E mesmo com cansaço que me açoda,

Eu possa te causar um alvoroço.
Falaram que o danado é um colosso,
Assim é noite e dia, e ninguém poda!

MARCOS LOURES

ATÉ POBRE TEM

ATÉ POBRE TEM

Eu juro eu não entendo a vaidade
Que mostras ao andar tão empinada.
Qual fosse derramar a claridade,
Rainha do boteco e da calçada.

Não vês que desse jeito, causas riso,
Pois pensas ser rainha e soberana,
Querida, ouça-me bem, pois é preciso,
E falo como quem, nunca te engana.

Mulher é na verdade, tão comum,
Embora artigo bom, isso eu não nego,
Não quero te ofender de modo algum,

Mas olha, pode ver.,.. eu não sou cego.
Tu tens que ser mais que isso, muito além,
Até pobre, querida, mulher tem!

MARCOS LOURES

EU TE AGRADEÇO

EU TE AGRADEÇO

Querida eu bem percebo o quanto causo
De dor e desespero e de cansaço,
Trabalho noite e dia e nunca pauso,
Pois sei que encontro em ti sempre um abraço;

Às vezes esquecendo deste apoio,
Eu deixo-te sozinha pelos cantos.
Secando sem ter águas um arroio,
Perdendo mansamente seus encantos.

Mas saiba quanto eu quero estar contigo
A vida inteira; creio neste amor!
E sendo assim, amada, eu já persigo,
Um dia que virá, acolhedor.

Meus versos são humildes, reconheço,
Amor que não mereço, eu te agradeço...

MARCOS LOURES

JAMAIS EU TE ESQUECI

JAMAIS EU TE ESQUECI

Amiga e companheira
Persigo pela vida,
A sorte derradeira
Encontro esta saída
A dor é feiticeira,
Ninguém disto duvida,
A sorte verdadeira
Encontro em ti, querida.
Vem logo, sem demora,
Te espero sempre aqui.
Quem sabe faz agora,
Preciso, enfim de ti;
Da amizade, senhora,
Jamais eu te esqueci...

MARCOS LOURES

A CLARIDADE

A CLARIDADE

Eu vejo a claridade
Que a sorte enfim me trouxe
A vida como fosse
Um sonho, liberdade,
Poder de uma amizade
Tornando a vida doce,
No canto que remoce,
Mostrando a qualidade.
Meu verso mais conciso
Já fala deste sonho,
Viver o paraíso,
Enfim, eu te proponho,
Nos lábios um sorriso,
Futuro mais risonho...

MARCOS LOURES

CANSADO DE PERDER

CANSADO DE PERDER

Às vezes acontece de eu querer
Um beijo delicado que não vem,
Cansado, nesta vida, de perder,
Não vejo no horizonte mais ninguém;

Meu verso não te encontra, bel prazer,
E vivo em solidão, buscando alguém.
Olhando para frente, a me verter
Encontro o meu passado. Perco o trem...

Porém existe sempre uma esperança
Guardada na boceta de Pandora.
Restando tão somente uma lembrança

De um tempo que se foi sem ter nem hora.
Vencido pelo amor sem confiança
Minha alma solitária sempre chora...

MARCOS LOURES

SOLITARIAMENTE

SOLITARIAMENTE

Deitada em minha cama, seminua
Celestial beleza que me encanta,
Recebe mil carinhos de uma lua
Dançando no seu corpo em luz que canta.

A mão que acaricia continua
Na fome desejosa. Tal qual manta
Que cobre a maravilha em que flutua
A lua que seduz já se agiganta.

Ao ver em claridade, esta escultura,
Um deus enamorado vem surgindo,
E deitando sobre ela, com ternura,

Onan ao pressentir tão grande abismo,
Distante desse quadro raro e lindo,
Apela solitário, ao onanismo...

MARCOS LOURES

RISCOS...

RISCOS...

Não olhe para mim, tão desejosa,
Mal sabes que não posso me conter.
Colhendo no jardim, perfeita rosa,
Vontade de tocar e me perder...

Não quero te deixar tão vaidosa
Mas ao me olhar assim, com tal prazer,
Convida a desfrutar maravilhosa,
No cálice divino irei beber...

Sorvendo gota a gota em nada penso,
Apenas te desejo, e nada mais...
Por sobre um corpo belo, sempre cismo,

E sei que em festa imensa, amor intenso,
Encontro navegante, um santo cais...
O risco que me toma: priapismo...

MARCOS LOURES

O QUE QUISERES!?

O QUE QUISERES!?

Eu te ofereço a terra se quiseres
O gosto e o perfume das estrelas
As flores mais divinas, raras, belas,
Por certo darei tudo se vieres.

Tu és a mais bonita das mulheres,
Desejos nos teus olhos já revelas;
Teu corpo que é banquete em mil talheres,
Cavalga-me querida, sem ter selas...

Eu te darei a lua em claridade,
Mas peço-te, querida, um só favor,
Recebo o teu desejo em umidade,

E faço deste sonho tentador,
Vibrante, mavioso em puro ardor,
Somente não darei fidelidade...

MARCOS LOURES

UM BANDEIRANTE

UM BANDEIRANTE

Meu beijo é quase assim um bandeirante
Que busca este tesouro que escondias.
Em matas tropicais, em noites frias,
Invade cada senda a todo instante.

Procura pela mina deslumbrante,
Em noites dedicadas e vadias,
Beijo expedicionário quer as vias,
Chegando ao matagal tão fascinante.

Depois encontra a mina, teus rubis,
E sabe desfrutar de cada fruta
Que trazes nos pomares divinais...

Ao ver o teu sorriso assim, feliz,
Inundação tomando toda a gruta,
E o risco de querer de novo e mais...

MARCOS LOURES

Noutro tom? Utopia...

Noutro tom? Utopia...

Buscasse com a sorte uma aliança
Equânime sentido mostraria
A luta noutro tom em utopia
Enquanto o desdenhoso mundo avança

Empunho com firmeza a velha lança
E tento imaginar em fantasia
Seara mais feliz numa alegria
Vivendo e vicejando com pujança

Apresentando assim o quanto existe
E mesmo quando a vida se faz triste
Resisto aos temporais, sorrindo à toa,

Num átimo mergulho no que fomos,
E ao ver quando restou e nada somos,
Minha alma sem respostas nada ecoa...

Marcos Loures

A velha pomba

A velha pomba

Ainda que distante a velha pomba
Tentasse algum descanso e nada havendo,
Somente outro vazio, um torpe adendo,
Uma alma sem apoio, aos poucos, tomba,

E nada mais veria nem tivesse
Quem tanto se fez sonho e mal concebe
A imensa solidão tomando a sebe,
E nisto ainda crê numa benesse,

Esqueço o que enlouquece e nos maltrate,
O medo se desenha em face exposta
Velhacaria imensa nos desgosta
E ao fim já não veria algum resgate

Emanas entre tolas ilusões
E quando vens de outrora o fim me expões.

Marcos Loures

Outonos...

Outonos...

Verdade que, outoniça, não se deixa
Levar pelo vigor da primavera,
E quando novo instante não se espera,
Apenas encontrasse a velha queixa,

E quando uma esperança se desleixa
Moldando noutro engodo e destempera
Restando quase nada de quem era
A sorte se embalando em sutil deixa,

Negar o claro outono quase inverno
E quando noutro insano mundo interno
Um terno desenhar se faz sem nexo,

E tanto quanto pude imaginar
O tempo sem descanso a nos levar
Trazendo outro temor que em dor anexo...

Marcos Loures

VONTADE DE VOCÊ

VONTADE DE VOCÊ

Vontade de seguir a noite inteira
Nesta balada intensa, sem descanso;
No jogo do prazer que sempre alcanço
Consigo, minha amada companheira.

Vencendo a timidez que é corriqueira,
Neste bailado rítmico que eu danço
Vontade se mostrando feiticeira
Na caça por um porto, por remanso...

Nas conjunções dos astros, das estrelas,
Prevejo meu futuro sem enganos,
Quem pode me julgar? Ninguém há de.

Em gozos, tais vontades; convertê-las,
Depois destes carinhos mais insanos,
Persiste esta de vontade de você!

MARCOS LOURES

AINDA QUERO

AINDA QUERO

Inda quero da vida o gosto bom
Da boca da morena mais sacana,
Vibrando novamente em cada tom,
A mão deste prazer que tanto abana,

Comendo desta fruta, do bombom,
Quem sabe amar, querida, não se engana,
Amar não é somente um doce dom,
Levar a vida inteira, soberana...

Eu quero renascer em cada toque,
Perfeito, mavioso e sensual.
Amor que não se guarda, sem estoque

Permeia minha vida, meu astral,
Menino que brincava com bodoque
Agora se embrenhando em matagal...

MARCOS LOURES

VÁ EM PAZ

VÁ EM PAZ

Quando olhas tão gulosa para mim,
Parece que uma loba me devora.
Querendo sempre mais aqui e agora,
Não deixa pra depois, já quer assim.

Plantando uma roseira no jardim,
Uma explosão de cores já se aflora,
Porém ir sem descanso? Vou embora,
Eu não agüento, assim será meu fim...

No teu olhar sapeca, já percebo
Que apenas restará pronto socorro,
No fogo desejoso que recebo

Contigo meu amor é mato ou morro.
Já fui menino, moço, até rapaz,
Agora que estou velho? Vá em paz!

MARCOS LOURES

PEDISTE MEU AMOR?

PEDISTE MEU AMOR?

Pediste meu amor, não te dou não!
Apenas te darei prazer e gozo.
Bem sei que faço amor bem mais gostoso
Se tudo não passar de uma ilusão.

Não quero mais sentir uma emoção
Que torne meu viver mais doloroso.
Não vou ser teu marido nem esposo,
Amante? Pode ser... mas sem paixão...

Respondo ao teu pedido deste jeito,
Sinceridade dói, mas eu prefiro,
Não queira, por favor me dar um tiro.

Amar ou não faz parte do direito,
Só sei que já me dou por satisfeito
Resposta mentirosa, eu não desfiro...

MARCOS LOURES

AMAR A VIDA

AMAR A VIDA

Quem não amar a vida vai sentir
O fogo desdenhoso em solidão.
Deixando num momento de pedir
As cores maviosas da emoção.

A morte é benfazeja para quem
Não pode perceber tanta beleza
Que a vida nos mostrando sempre tem,
Nem sabe desfrutar da natureza.

Tolice é não viver cada momento
Deixando pra depois, felicidade,
Carinhos que trocamos, sentimento
Que mostra toda a força da amizade.

Amiga, vem comigo. A vida chama,
Acenda em todo verso a tua chama...

MARCOS LOURES

EU NUNCA TE ESQUECI

EU NUNCA TE ESQUECI

Amiga na verdade
Eu nunca te esqueci
Pois sei que a claridade
Está junto de ti,
Viver esta verdade
Que sei que existe aqui,
Poder de uma amizade
Sempre reconheci.
Agora não me canso
Jamais de te dizer
Que a sorte em que eu avanço
Mostrando o meu prazer
Transmudado em remanso
Jamais vou esquecer...

MARCOS LOURES

Bufão

Bufão

Durante tanto tempo quis ao menos
Viver a imensidão de um sonho intenso,
E quando no passado ainda penso
Encontro dias falsos, mas serenos,

E agora entre diversos erros plenos,
Vagando sem sentido em mundo imenso
Seguindo a cada passo bem mais tenso,
Bebera sem saber fartos venenos,

Amor não se encontrando numa esquina
Enquanto nos derrota ou alucina
Espreita atocaiado, esse infeliz,

E agora sem poder sequer sonhar,
Adentro dia a dia bar em bar,
Bufão feito em farrapos; contradiz.

Marcos Loures

VENTO BENFAZEJO

VENTO BENFAZEJO

No vento benfazejo
Que a vida agora traz,
Vontades e desejo
De ter somente paz.

No céu que não trovejo
Prevejo mais capaz
Nem só carinho e beijo,
À gente satisfaz...

Uma palavra amiga,
Eu sei que é importante,
Se a vida já periga,

Por um rápido instante
Tua ternura abriga,
Amiga, amada, amante...

MARCOS LOURES

Sonhos ardilosos

Sonhos ardilosos

Em ardilosos sonhos divagando,
Procuro pelo menos um descanso
Embora o que tentara num remanso
Expressa o ser jamais, nem mesmo quando,

E revolucionando em contrabando,
Apenas quando ao fim sigo e me lanço
No fundo um pendular passo, eu balanço,
Insuflo o pensamento; o sonegando.

Esqueço o que pudesse e jamais vira,
Nas tranças da menina, outra mentira,
Nas farsas nos guiando para a queda,

E mesmo se tentasse outro caminho,
Ao menos não seria tão mesquinho,
Mas tudo sem perdão, a vida veda...

Marcos Loures

CAMINHOS SOBRE AS PEDRAS

CAMINHOS SOBRE AS PEDRAS

Caminhos sobre as pedras, sigo ou quase,
Envelhecido, andando com prudência
Aconselho, sugiro uma assistência,
Na derrocada, esta última e vã fase.

E quando a realidade se descase
Respeitoso, deveras com clemência
Ao mesmo tempo em tola penitência
Por mais que a fantasia já se atrase,

Meticulosamente, sou político
E quando se mostrasse em analítico
Desejo sobre as ondas mares tantos,

Aforismos diversos, iludido,
Percebo que deveras vou perdido,
Alheios aos mais sublimes dos encantos.

MARCOS LOURES

ESPAÇOS BENFAZEJOS

ESPAÇOS BENFAZEJOS

Espaços benfazejos dizem tanto
Que eu pude perceber qualquer sinal
Do vento noutro rumo desigual
E sei que na verdade já me espanto,

Mergulho no passado em desencanto
E quando se desdenha bem ou mal
A luta se aproxima do final
Nem mesmo a minha paz hoje a garanto.

Espero e não consigo melhor sina,
A mão que com certeza me fascina
A mesma que apedreja quando eu sonho,

A farsa se deslinda a cada instante
E nada do cenário se adiante
Num único desnível tão medonho.

MARCOS LOURES

LIBERTÁRIA MANHÃ

LIBERTÁRIA MANHÃ


As sendas que vislumbram tal clarão
Ousando até viver na libertária
Manhã que se mostrara necessária
Embora cada passo seja em vão.

Os dias sonegando desde então
A luta que presume esta alimária
E nela cada passo em luminária
Programa no final a decepção.

Ousando acreditar no que não venha
Ainda se produz a velha ordenha
Nos ermos de minha alma sem proveito,

E tanto quanto possa desta forma
A vida no final já não conforma
E mata todo o sonho que inda aceito.


MARCOS LOURES

VENCENDO OS DESAFIOS

VENCENDO OS DESAFIOS

Vencendo os desafios, refazendo
O tempo não traduz o quanto eu quis
E sei do meu caminho em tom mais gris
Praguejo e na verdade sou remendo.

O prazo noutro rumo sem adendo
A luta que pudesse; esta infeliz
Deixar o quanto mesmo contradiz
Nesta incerteza toda se prevendo.

Audaciosamente eu quero o todo
E sei que no final o charco e o lodo
Serão meros presentes de outra sorte.

No quanto poderia ser diverso
Apenas tão somente desconverso
E sei do quanto tento e desconforte.

MARCOS LOURES

INSANOS CANTOS

INSANOS CANTOS

Delírios nos trazendo insanos cantos
Somente para tantas outras tais
E quando as sinto assim em magistrais
Delírios pelas ânsias dos encantos

Percebo que deveras noutros tantos
Momentos sem parâmetros iguais
Cavalgam sobre as ondas e imortais
Expressam fossem crinas alvos mantos.

Abrindo seus clarões expressam ventos
E tomam com ternura os pensamentos
Dos sonhos mais audazes, soberanas

Reinando sobre mares, seus segredos
Eternos e supremos tais enredos
Até que ouço no fim, vozes humanas.

MARCOS LOURES

ANTIGOS SONHOS

ANTIGOS SONHOS

Atando antigos sonhos, mesmo os vãos,
O vento ao invadir sonhos diversos
Traçando com terror os tantos versos
Mundanas vagas tomam velhos grãos

Gerando do final sombrios nãos
Aonde se pudessem universos,
E quando mais atrozes e dispersos
Mais fortes punitivas outras mãos.

Penteio crinas vastas do oceano
Quando cavalgo sonhos entre tantos
E sendo tão comuns os desencantos,

Reflui dentro de mim o mesmo engano
Gestado pelo canto da sereia
Que tanto amaldiçoa e me incendeia.

MARCOS LOURES

DISTANTE

DISTANTE

Distante de meus rios e pomares
Pudesse discernir claras estâncias
Aonde por maiores as distâncias
Diversos os caminhos navegares,

Ao menos se tivessem mais luares
Talvez já não houvesse discrepâncias
Nem mesmo quando tantas as vacâncias
Dos sonhos em dispersos exaltares;

Acordo deste sonho, a voz altiva
Dizendo da penumbra esta água-viva
Que tanto percebera em claridade,

Nefasta sombra dita o meu presente
E quando a solidez maior ausente,
Apenas o terror do ser me invade.


MARCOS LOURES

SOB AS ONDAS DE ALGUM MAR

SOB AS ONDAS DE ALGUM MAR


Deitando sob as ondas de algum mar
Nas conchas e nas algas, luzes várias
Portanto quando tanto temerárias
Temesse a solidão num vão vagar.

Esgares da manhã em tom solar,
As sortes sempre foram procelárias
E o quanto das estâncias temporárias
Aonde poderia navegar?

As serpentes marinhas traduzindo
O quanto se fez treva em mar infindo
Vestígios do passado mais presentes,

Mas sei quanto é preciso ter nas mãos,
Olhares que julgasse outrora vãos
Mas tanto quanto podes tu pressentes.

MARCOS LOURES

LOGO APÓS

LOGO APÓS

Tentando acreditar no logo após
E tendo como praia a certidão
Da vastidão soberba em negação
Aonde poderia crer em foz?

Se tanto faz de sou ou não atroz
O peso se mostrando em solidão
O quadro vaga em nova direção
E ninguém ouviria a minha voz.

Amordaçado sonho dita o quanto
Gerara dentro em mim tal desencanto
Nublada esta manhã que tu me deste,

Cevando uma esperança em vil mortalha
A cada novo intento a lavra falha,
O quanto deste solo é tão agreste.

MARCOS LOURES

BUSCANDO PELA PAZ

BUSCANDO PELA PAZ

Buscando muitas vezes pela paz
Que tanto procurara inutilmente
Vencendo o que pudesse num repente
Depois deste vazio, sou capaz

De crer no quanto mesmo satisfaz
Deveras pacifico minha mente
E sendo por demais tanto descrente
O verso se mostrasse mais mordaz

Não pude discernir luz o bastante
E vago nesta insânia de um instante
Mortificante luz ora inebria,

Cavalgas rumo ao quanto imaginara
Em solidez brumosa, porém clara
Versão do que já fora tão sombria.

MARCOS LOURES

PRESUMIR

PRESUMIR

Ainda quando possa presumir
E ter a sensação de liberdade
Além deste terror que agora invade
O pouso libertário no porvir,

Vencer o medo e quando prosseguir
Além deste terror da ansiedade,
Gerando no meu peito a claridade,
Quem dera se pudesse resistir,

Vagando pelo sonho mundos tais
Distante dos terríveis usuais
Seguindo tanto além do encanto fero.

Mas quando a voz humana se aproxima,
Mudando no momento paz e clima,
Afogo-me acordando e desespero.


Marcos Loures

Provocante

Provocante

Esperas pelo quanto não terias
Se nada transformasse a vida enfim,
Restando tão somente este jardim
E nele matas nossas fantasias,

Adentro noites turvas e sombrias,
Acendo da ilusão novo estopim,
Amor se destroçando num motim,
E nada do que tanto prometias,

Esqueço e se padeço nada trazes,
Aqueces com terror tuas tenazes
E fazes do não ser uma constante,

Mas vives do que fomos noutro cântico,
Embora me fizesse em ti romântico,
Gargalhas; ironia, provocante...

Marcos Loures

Tecelão

Tecelão

O amor qual tecelão atando em nós
O quanto se deseja e não desdenha,
A sorte reconhece corte e senha,
E o mundo se deixara atrás e atroz,

O passo mais audaz, vivo e veloz,
O manto se anuncia e sempre tenha
A força que se molde mais ferrenha
Trazendo este infinito logo após,

Aposto meus anseios no teu gozo,
E quantas vezes sendo caprichoso
O tempo se desnuda em farsa e tédio,

Mas quando remedias com teus olhos
Os medos espalhados nos abrolhos,
Tu teces da esperança imenso prédio...

Marcos Loures

Não quero o teu querer...

Não quero o teu querer...

Não quero o teu querer, já não me basta.
A falsa sensação que sempre vendes
E quando noutro instante te arrependes
O amor em desamor a luz desgasta,

E aos poucos meu caminho ora se afasta
E tanto quanto ris também ofendes,
Um pendular desejo enquanto pendes
Destroças uma emoção de fato gasta.

Não quero mais irônico momento
E quando novo porto, agora invento,
Meu barco sem saber sequer destino,

Perdendo o seu timão seguindo à toa,
Abalroando o sonho se destoa
E sem sequer alento, desatino...

Marcos Loures

LATEJA DENTRO EM MIM

LATEJA DENTRO EM MIM

Lateja dentro em mim esta vontade
Do quanto se presume noutra farsa
A vida se renega e sem comparsa
Traduz o quanto trama em falsidade.

Ainda quando possa e não me agrade
O verso na palavra mais esparsa
Apenas o que possa já disfarça
E marca com terror a liberdade.

Marcando o dia a dia em tom atroz
Ninguém soubera quantos destes nós
Somente restariam dentro da alma,

Mas quando a solidão se faz presente
No bojo da questão inda se sente
O quanto com certeza dita o trauma

MARCOS LOURES

NOUTRO RUMO

NOUTRO RUMO


Das horas que se foram noutro rumo,
Marcando a despedida deste sonho,
O frágil caminhar que decomponho,
Enquanto noutro toque não resumo,

Procuro uma esperança e sei do sumo
Que possa me trazer dia risonho
Ou mesmo no vazio não reponho
O quanto do passado ainda aprumo.

Não tento novo tempo, mas sei bem
Que a vida noutro passo nada tem
Senão a mesma face desolada,

Enquanto a fantasia ainda brada
Vagando sem descanso noite afora
A solidão deveras nos devora.

MARCOS LOURES

O VENTO

O VENTO

O vento quantas vezes traz num toque
Verdades esquecidas noutra senda
A luta com certeza não desvenda
Sequer o que pudesse e não provoque.

A lua se desenha e sem estoque
Apenas o vazio dita a venda
Certeza que deveras não entenda
O quanto sem sentido a vida enfoque.

Não pude e nem tentara ser alheio
E sei do quanto; a vida, eu devaneio
Vencido companheiro de outra queda

Tanta incerteza dita o dia a dia
E quando noutro instante poderia
Somente a solidão agora enreda.

MARCOS LOURES

Meus Delírios

Meus Delírios

Habito os meus delírios que trouxeste
Negociando rotas mais diversas
E quando noutro instante desconversas
Adentro imensidão além, celeste,

E o quanto se desdenha e se deteste,
As sortes muitas vezes tão perversas,
Palavras em verdades vão imersas
Ainda quando o mundo não ateste.

Restasse de minha alma o ser só teu,
O rumo quando muito se perdeu
E ascendo ao que deixaste; um belo rastro,

E quando me embebendo do infinito
Deitando meu anseio em tão bonito
Cenário, trago o verso como um lastro...

Marcos Loures

Antes que a morte...

Antes que a morte...

Aflitos caminheiros; noite afora,
Buscando qualquer porto, algum boteco,
E quando noutro instante além eu peco,
A própria punição me revigora,

Bebendo cada sonho desde agora,
O verso noutro tom, o mundo seco,
E arisco delirar em repeteco
Eclode no que viva desde outrora,

Amar e ser além do mero encanto,
Rasgar as ilusões, seguir adiante,
E quanto se pudera e se levante,

Mergulho no cenário enquanto canto,
Vestindo a fantasia que me caiba
Antes que a torpe morte mesmo saiba...

Marcos Loures

Neve

Neve


Vestindo a mesma e velha fantasia
Que tanto nos tramasse uma expressão
Diversa do que possa em sensação
O sonho quando a voz nada traria,

Mergulhos nos enganos, na agonia,
E sei quando os tormentos me trarão
A ausência presumível de um verão
Na noite intensamente amarga e fria,

E quanto mais do amor quero e preciso,
Encontro tão somente este granizo
Que tanto prometeste e assim nos leve,

Aonde se quisera sol, calor,
Apenas encontrando o dissabor
Saboreando em medo angústia e neve.

Marcos Loures

VOLÚPIAS

VOLÚPIAS


Nas ondas em volúpia desenhadas,
Tentando desvendar cada mistério
Do amor que se propaga sem critério
E segue sem proveito tais estradas,

As sortes são diversas quando bradas
Bastando a frialdade do minério
Derruba a cada engano o velho império
E nisto as promessas destroçadas.

Restando muito pouco do que outrora
Porfia uma esperança e me apavora
Gerando no vazio o sentimento

Que tanto poderia ser diverso
E neste caminhar, pudera e verso
Estando com certeza mais atento.

MARCOS LOURES

FELICIDADE IMENSA

FELICIDADE IMENSA

Felicidade imensa, amor procura
E sabe muito bem que não terá
A sorte renegando algum maná
A luta se desenha em desventura.

O quanto se porfia sem ternura
E vendo o meu caminho desde já
Ousando acreditar no que virá
Ou mesmo renegando esta brandura.

A farsa se aproxima de outro enredo
E sei do quanto possa e assim procedo
Lutando bravamente sem saber

Do quanto a própria vida já renego
Sabendo na verdade do nó cego
Aonde amarrara algum prazer.

MARCOS LOURES

TODO AMARGO QUE ME ESPERA

TODO AMARGO QUE ME ESPERA

Cevando todo o amargo que me espera
Nas sendas mais atrozes, doloridas
Palavras que buscassem as saídas
E nisto não se vendo além da fera

Ainda quando fosse mais sincera
E sei que na verdade não duvidas
Nem mesmo das palavras assumidas
Na fúria que decerto destempera.

Vacante coração já não encanta
E toda a solidão tentasse a tanta
Vereda sem sentido ou sem proveito.

Aonde com certeza nada resta
A luta se aproxima em rude festa
E neste emaranhado ora me deito.

MARCOS LOURES

PERENE SOLIDÃO

PERENE SOLIDÃO

Perene solidão domando o sonho
E sei desta fatal nomenclatura
Ainda quando a vida me amargura
O passo noutro rumo decomponho,

Meu mundo se pudesse ser risonho
A luta se desenha em noite escura
A morte a cada instante configura
O manto que tentara mais risonho.

Apenas destroçando esta esperança
No fundo este vazio que ora alcança
A velha sensação do nada em mim,

Um verso sonegando o dia a dia
E nada do que tente inda traria
Cenário se fazendo ora em festim.

MARCOS LOURES

CADENCIANDO A MARCHA

CADENCIANDO A MARCHA

Cadenciando a marcha deste fato
Aonde o meu caminho não permita
A noite se tecendo mais aflita
Ao menos o cenário ora constato.

Redondamente o tempo mais ingrato
Expressa a solidão e em tal desdita
A senda preferida não reflita
O quanto poderia e não retrato

As dores do passado; ainda sinto
E quando imaginasse logo extinto
O preço a se pagar gerado em ágio

Tramando a solidão a cada infausto
A sorte se presume em holocausto
E traça desde já qualquer naufrágio.

MARCOS LOURES

A LUA DOS MEUS SONHOS

A LUA DOS MEUS SONHOS


Não tenho mesmo a sorte que buscara
Vagando sem sentido noite afora,
A sólida emoção que me devora
Expressa a vida dura e mesmo amara,

Não quero o que esta sina me prepara
Tampouco se vislumbra desde agora
A luta que pudera e não aflora
Tornando esta ilusão superna e rara.

O verso se desnuda no que um dia
Pudesse desenhar e não teria
Sequer qualquer momento em claro tom,

A lua dos meus sonhos, sertaneja
O mundo noutro passo se deseja,
Mas quando me aproximo, é de neon.

MARCOS LOURES

AMIGA QUERIDA

AMIGA QUERIDA

Amiga querida
Dos tempos de guerra
A noite descerra
Por sobre esta vida,
Que fora perdida,
Sem rumo, já berra
A noite se encerra
Em paz repartida.
Viemos do nada
Jardim morreu flor,
A noite cansada
Matando um amor,
Mas vem alvorada
Tudo recompor...


MARCOS LOURES

PROMESSA

PROMESSA

Eu sei da promessa
Que a vida nos fez,
Amar sem ter pressa,
Manter sensatez.
A sorte dispersa,
Quimera da vez,
Deixando a conversa
Com muita altivez.
Mas sinto o perfume
Que a rosa exalou,
Distante o queixume,
Foi o que me sobrou,
Amiga, um ciúme,
Tanto maltratou...

MARCOS LOURES

MEU VERSO CALADO

MEU VERSO CALADO

Meu verso calado
Depois desta festa
Amor delicado,
Por certo o que resta
Deixando de lado,
Invado a floresta
De sonhos, marcado,
O nada se empresta
E mostra um caminho
Sem paz, claridade,
Deixando sozinho,
Vibrando a saudade
Aquecendo o ninho
Sobrou amizade...

MARCOS LOURES

UM PÁSSARO AFLITO

UM PÁSSARO AFLITO

Qual pássaro aflito
Temendo a gaiola,
Amor tece rito
Mas nada consola,
Meu sonho bonito,
Não vai nem decola.

Querendo estar perto
De quem tanto eu quis
Meu peito deserto,
Morrendo infeliz,
Amar é decerto
Eterno aprendiz.

Morrer de saudade,
Não fosse a amizade...

MARCOS LOURES

BALANÇA O CORETO

BALANÇA O CORETO


Balança o coreto
Na dança dileta
Dizia o poeta
Aqui não me meto!

Ser franca e direta
Eu não me intrometo,
Na luz predileta
Que invade meu gueto.

Eu sou teu amigo,
Por certo, querida,
O resto? Nem ligo,

Encontro a saída
Se corro perigo?
Quem sabe duvida...

MARCOS LOURES

quarta-feira, 25 de julho de 2012

Sem Remos

Sem Remos

Marcando com meu verso o que não trago
E bebo a cada esquina sem saber
Do quanto poderia amanhecer
Diverso do cenário sem afago,

E quando nos teus mares eu me alago,
O mundo noutro passo eu tento ver,
Numa agonia diversa o bem viver
Deixando para trás um canto mago,

Tambores ressoam velhos hinos,
E sei dos mais completos desatinos
Revelam as mentiras que vivemos,

Esqueça os frágeis ramos, veja a fronde,
E quando a solidão nada responde
Os barcos já se perdem, vão sem remos.


Marcos Loures

Banais

Banais

Refletes os defeitos que consomes
Espero novo tempo quando vejo
A luta se moldando em novo ensejo
E sigo sem sentido aonde somes,

Mergulho nos vazios e nada domes
Cerzida solidão em tom sobejo
Vagando no momento em rude ensejo,
Não deixas sequer rastros, tramas, nomes,

Exímio sonhador se faz poeta
E a vida noutra insânia se completa
Alentos são mentiras, nada mais,

Descansas entre pedras e rochedos,
Meus dias se anunciam mortos, ledos,
E os passos quando muito são banais.

Marcos Loures

Entre tantos

Vinhos e delírios entre tantos
Desejos e violas noite afora,
O tempo noutro engano se demora
E gera novos erros, desencantos,

Mergulho entre passados, rudes prantos,
Sentindo o quanto trago desde outrora
Sem saber o que inda aflora
Marcando pelos erros, meus quebrantos,

Envolto nos valores mais diversos
Negando o quanto possa novos versos
Perversos caminhantes do que um dia

Ditando em madrugada a luta espúria
Gerando sem sabor velha lamúria
E matando esta emoção quando a queria...

Marcos Loures

Espinho e flor

Espinho e flor

A morte a cada passo se anuncia
Nas tantas ilusões, prisões da sorte
E nada que pudesse ou nos conforte
Traduza o renascer de um novo dia,

Versando sobre o quanto não teria,
Apenas se desdenha em vão suporte
O todo sonegando algum aporte
E a luta mais ferrenha se veria,

Serviria pelo menos como porto
Deixando para trás o sonho morto
Exposto nos anseios de uma dor,

Negar o quanto amor tramasse enfim
Vivendo a solidão que existe em mim,
Marcando com terror espinho e flor.

Marcos Loures

Ausente

Ausente

Ausente do que seja liberdade
Enfrento os meus grilhões a cada instante
O medo noutro tom nada garante,
Somente o quanto a mente em vão degrade,

Mesclando com terror já desagrade
O todo quando possa doravante,
E nada do meu mundo se adiante
Tramando outro temor: iniquidade.

Meus olhos num rasante em noite escura,
A farsa quando a dor enfim perdura
A cura prometida e nunca vista,

Prenunciando o fim de mais uma era,
Enquanto o dia a dia degenera
A luta sem defesas não resista...

Marcos Loures

Solução

Solução

Sidérea solução já não viria,
Sementes espalhadas no vazio
E quando a podridão eu desafio
Envolto noutro rumo em agonia,

A trama mais audaz, mesmo seria,
O preço a se pagar, meu desvario,
E sigo as velhas margens de algum rio
Morrendo aonde vive uma heresia.

Etéreas ilusões são falsos brilhos,
Os sonhos quando sigo em andarilhos
Momentos noutros tons ora mesclando,

Enredo-me de fato no que há tanto
Marcasse o quanto possa e não garanto
Senão novo tormento em contrabando...

Marcos Loures

Sobremesa

Sobremesa

Ocasionando a queda que prepara
A vida noutra cena em fim deste ato,
Notando o quanto possa e não constato
Retrato a imensidão da noite rara

E ladeio cada verso que me ampara,
Mostrando a solidão deste regato,
Deixando mais vazio o velho prato,
E a morte noutro encanto ora antepara,

Sonhar com dança e festa ou mesmo luz,
Enquanto ao velho nada nos conduz
O mundo sem valia em tal rudeza,

Negar alguma sorte que se busca,
A farsa se traduza em trama brusca
A morte se anuncia em sobremesa...

Marcos Loures

De repente

De repente

Parece que me esqueço, de repente,
Do quanto merecesse e não viera,
A mesma solidão sem primavera
Tormenta sem sentido que apresente,

Restando muito pouco ou mesmo ausente
Do todo que pudesse e não tivera,
Palavra que desdizes insincera,
Quimera sem limites se alimente,

Negar o quanto resta ou ser além
Do mundo quando o nada agora vem
Versando outra palavra em rude farsa,

Embebo da esperança que socorra,
Mas volto sem saber, velha masmorra,
Já nada mais de fato se disfarça...

Marcos Loures

Lassos

Lassos

Acontece a cada farsa outro tormento
E a prece desdenhada nada trama
Senão num deslindar de velha chama
Aclama o quanto possa e mesmo tento,

Amor que traz a dor como rebento
Arrebentando as cordas dita o drama
E nada do que possa em paz aclama
Ausência de uma luz imenso vento,

Fingindo outro momento, alguma luz,
E o todo se desfaz e não conduz
Na tétrica ilusão feita em pedaços,

Os erros costumeiros se repetem
Enquanto os meus enganos vis refletem
Os dias que se seguem, sempre lassos...

Marcos Loures

Distante dos Teus Olhos

Distante dos Teus Olhos

Distante dos teus olhos nada trago
Sequer o quanto quis e não soubesse
Ainda quando o tempo me enlouquece
Eu bebo a solidão em falso afago,

Esqueço o dia a dia e neste lago
Tentando acreditar numa benesse
O mundo sem sentido a vida esquece,
E o verso se presume em mais um trago,

Estragos entremeiam luz e brilho,
E quantas vezes tento e mesmo trilho
Um andarilho morto, outro cenário,

Nas vestes que revestem esperanças
Ao menos sem defesas tu me lanças
E sigo outro caminho imaginário...

Marcos Loures

Amanhecer

Amanhecer

Estrelas vicejando a noite imensa,
Restando pouco a pouco o quão sincera
Delícia quando o tempo nos espera,
E trama da alegria, recompensa,

E nada do que possa nos convença
Senão a mesma face desta fera,
E nela o temporal nos degenera,
Deixando a fúria atroz, audaz, intensa.

Adentro em barricadas, nas trincheiras,
E quando outras palavras derradeiras
Expressam o que possa nos trazer

Na ardência de uma vida sem fomento,
O todo se transcende ao próprio vento
E mato o mais diverso amanhecer.

Marcos Loures

Belo Horizonte

Belo Horizonte

O sol que emoldurando esta manhã
Trazendo para nós outro momento
Enquanto o quanto queira enfim invento
Provento de uma sorte folgazã,

Deixando no passado outra malsã
Loucura quando possa estar atento
Ao mais suave e claro pensamento
Com gosto de uma sorte temporã,

Depois de tantos erros cometidos,
Os dias noutros tons já consumidos,
Os olhos esperando o quanto aponte

Num brilho sem igual, em claridade,
E a vida com ternura enfim me invade,
Deitada neste sol, belo horizonte...

Marcos Loures

DIMITRI...

DIMITRI...

Dimitri faz bagunça
Mamãe logo reclama,
Pareça uma jagunça
Bota fogo na chama,
Não pode dar bobeira
Ele aprontou mais uma,
Fincou mão na roseira
Bicuda, deu na Juma.
Moleque, já sossegue,
Mamãe gritou do quarto,
Batendo até no jegue,
O bichano anda farto
De tanto solavanco...
Mamãe trouxe o tamanco!

MARCOS LOURES

A VIDA NÃO SE CANSA

A VIDA NÃO SE CANSA


A vida não se cansa
De trazer mais surpresa
Quem sonha sempre alcança
Não perde mais a presa,
O tempo sempre avança
E mostra que a beleza
É feita da esperança
O resto é sobremesa.
Não temo mais a dor
Que um dia vai chegar,
Valeu por todo amor
Da vida a nos mostrar.
Quem é um sonhador,
Jamais vai se cansar!

MARCOS LOURES

ESCATOLOGICAMENTE

ESCATOLOGICAMENTE

Um verme passeando escatológico,
Da merda faz divina refeição.
Profanando este templo sem perdão
Tornando algum tormento ora antológico.

Crescendo no intestino, proctológico
Passeia pelas pregas, comichão.
Um verme se mostrando tão ilógico
Espreita devagar o mundo cão.

Qual fosse o verme assim tu me maltratas,
Depois vai se escondendo em poço escuro.
Procuro devagar em densas matas,

Mas logo tu te escondes trás o muro
E finges, num sorriso, uma ternura,
E fazes desta vida, bosta pura...

MARCOS LOURES

MANSAMENTE

MANSAMENTE

Eu quero te beijar tão mansamente,
Aos poucos te fazer, inteira, minha,
Neste carinho manso e tão dolente,
Beijar-te por completo, linha a linha.

Eu quero que tu saibas como é bom
Poder ser encantado por teus toques,
De sinos, aos milhares, ouço o som,
Te peço, minha amada, não provoques...

Mal sabes como estou tão ansioso
De ter o teu prazer bem junto a mim,
Eu quero que te sentir, amor fogoso,
Deitada no meu colo; ser-te, enfim...

Meu beijo que te dou com precisão,
É chama tão imensa de paixão...

MARCOS LOURES

Sem Limites

Sem Limites

Buscasse algum limite onde não há
Nem mesmo estas fronteiras movediças
As horas mais diversas quando viças
O tempo desdenhado desde já,

O todo na verdade não trará
Senão as mesmas farsas em cobiças
Alheias ao que possas em castiças
Vontades quando a morte chegará.

Rodando em volta à luz, nada mais vejo,
Sequiosa sensação de algum desejo
Românticas versões em versos falsos,

Deixasse para trás meus cadafalsos,
Nas alças deste tempo sem juízo,
Somando outro tormento, mais conciso...

Marcos Loures

Remanso...

Remanso...

Deságuo aonde o tempo se perdendo
Fizera algum remanso e encontro o bote
Que tanto quanto a vida se denote
Sabendo no final cada remendo,

Palmeiras e vertentes noutro adendo,
O manto se descobre e nos derrote,
Matando o quanto houvera e mesmo brote,
No todo ou no vazio, o percebendo,

Dias entre medos e varandas,
Sentindo quão demoras e desandas
Nas velhas cercanias da ilusão,

E sinto o refletir do morto encanto
Envolto em velha manta mal garanto
Amores quando as dores volverão...


Marcos Loures

A cada novo corte

A cada novo corte

Cansado do que há tanto se fez luz
E agora desdenhosa farsa trama,
Deixando no passado qualquer chama
Vencida sensação quando me opus,

Seguindo o quanto possa e não seduz
Espero em rebeldia o velho drama
E todo o deslindar deveras clama
Matando pouco a pouco em corte e cruz,

Jazigos de esperança, fim e tédio,
Ainda quando houvesse algum remédio
Já nada mais seria senão isto,

O fátuo caminhar em noite escura,
A luta quando embalde se procura,
E a cada novo corte, enfim desisto...


Marcos Loures

Imensurável

Imensurável

Os céus que imaginasse bem mais mansos,
As lanças dos teus olhos no horizonte
Apenas mal a vida desaponte,
Espúrias ilusões matam remansos,

Lembrar o que jamais se permitisse
No viço de uma trama sem cuidado,
E o preço a ser deveras recobrado
Expressa simplesmente esta tolice,

Inauditas fornalhas quando esgotas
Ultrizes vozes chegam do que outrora
Tramasse enquanto a vida desancora
Tornando sem sentido as velhas rotas,

Imensurável mundo ora negaste,
Imponderável dor feita em desgaste.


Marcos Loures

Pálido delírio

Pálido delírio

Num pálido delírio onde; mormente,
Escravo dos meus vagos deslindares,
E neles outros tantos singram ares
No quanto se desdenha enquanto sente,

Ausente do cenário, o mais demente
Anseio aonde em luzes tu declares
Os mortos e insalubres vãos altares,
Atando-me de fato em tal corrente,

Negar auspício a quem se fez do nada,
A fronde mais superna desdenhada
E apresentando ao menos o que forja

Esta aversão profícua e até profana,
Porém noutro arremedo a sorte engana
E bebo de minha alma uma horda, corja...

Marcos Loures

TÃO AMIGO E COMPANHEIRO

TÃO AMIGO E COMPANHEIRO

Nosso amor tão amigo e companheiro
Que encara toda a dor com alegria,
Cantando sem temer o mundo inteiro
Fazendo deste verso, a sinfonia

Que louva todo amor sem ter limites;
Em todas as facetas deste sonho...
Te peço, minha amada que acredites
Em tudo o que te canto e que proponho.

Nascemos por amor, vamos por ele,
Nos versos irmanados por um Deus
Que é feito neste amor que se revele
Sem permitir a dor nos olhos teus.

Estamos nos refúgios da esperança
Esse amor-amizade é nossa dança!

MARCOS LOURES

TANTOS CUIDADOS

TANTOS CUIDADOS

Cantando deste amor, tantos cuidados
Tomando uma esperança como guia
Meus olhos vão felizes aninhados
No peito de quem amo e preferia.

Não quero mais meus dias magoados,
Nem quero mais sangrar a poesia.
Apenas converter em mansos Fados
Os sonhos temerários dos meus dias

Bem sei o quanto dói ledo destino,
Talvez amarelando verde rama,
Neste amadurecer salve o menino

Da dor que em juventude se derrama.
Meu coração, antigo peregrino,
Atende ao teu chamado e já se inflama...

MARCOS LOURES

NASCENTE

NASCENTE

Nascente maviosa deste Rio
Que mostra em suas margens, os segredos,
Deriva em esperanças, santo estio,
Deixando para trás tantos degredos.

Esquecimento amargo, duro e frio,
Provoca na minha alma velhos medos.
Porém na fonte insana principio
A trama delicada dos enredos.

Tesouros que guardados nas areias
Das praias onde o rio tem a foz.
Meu coração batendo mais veloz,

Em mãos audaciosas me incendeias,
Quem teve em seu passado curva atroz,
Recebe os teus carinhos, minhas veias...

MARCOS LOURES

Lodoso Emaranhado

Lodoso Emaranhado


Amor que tantas vezes perturbara
Agora noutro instante adormecido
E o mundo desenhado enquanto o olvido
Expressa tão somente a luta amara,

Não quero mais saber da joia rara
Tampouco de um momento concebido
Nos ermos de um anseio carcomido,
A porta do vazio se escancara,

Mesclando o quanto possa e o quanto queira,
Na voz de quem soubesse a derradeira
Fortuita maravilha já sem nexo,

Reflito outro vazio aonde trazes
Sorrisos de ironia e tão mordazes,
Lodoso emaranhado, e vou perplexo...

Marcos Loures

Segredos da Ilusão

Segredos da Ilusão

Retiras velhos sonhos, descaminhos,
E bebes cada gota do que outrora
Vivera a imensidão quando apavora
Tramando dias rudes e mesquinhos,

Buscando inutilmente velhos ninhos,
A senda mais distante não demora
E o verso sem segredo nada implora
Semente se perdera em teus espinhos,

Daninhos os jardins que cultivaste,
O tempo condenando em tal desgaste
Deixando para trás um dia manso,

E sinto quanto resta, quase nada,
A vida noutra farsa desenhada,
Segredos da ilusão; decerto alcanço...

Marcos Loures

Necrólogo

Necrólogo

Morreste sem sequer deixar saudade
Num pesadelo imenso em vida rude,
E sinto muito além do quanto pude
Apenas a verdade que a degrade,

Não mesclo qualquer sonho e realidade,
Restando mera e insana plenitude
Do quanto se fizera em juventude
Tramando o quanto quis em tosca grade,

Negar cada momento que vivemos,
Seguir e me esquecer de antigos remos
Naufrágios entre enredos discordantes,

Os olhos para sempre em despedida,
Ausento labiríntica saída
Necrólogo em degredo dos amantes...

Marcos Loures

Alguma chance?

Alguma chance?

Enquanto me coubesse alguma chance
De ter novo cenário ou mesmo até
A vida se traçando imersa em fé
Ao nada meu momento em vão se lance,

Procuro novamente num relance
Ousar acreditar no quanto se é
Nesta inconstância viva, qual maré,
Morrendo sem saber claro nuance,

Sofrendo o quanto pude e mesmo assim
Matando algum alento ainda em mim,
Relego a minha vida em ermo plano,

Castigos quando ocaso aproxima,
Deixando a negação da torpe rima
E nela com terror sempre me dano...

Marcos Loures

Sensação

Sensação


Não quero a sensação da vida atroz
Que passa sem deixar qualquer momento
Enquanto nova sorte em vão eu tento,
Desata da esperança os frágeis nós,

A luta se mostrara quando algoz
Anseio nos tomasse num momento
E a morte quando assola o pensamento
Expressa inutilmente em tom feroz,

Esculpo dos meus erros o futuro,
E mesmo quando apoio além procuro,
Um ébrio caminheiro se perdendo,

Não mais se imaginasse novo tempo
Somente o mesmo e velho contratempo
Na colcha de retalhos, um remendo...

Marcos Loures

O CANTO DAS SEREIAS

O CANTO DAS SEREIAS


O canto das sereias me inebria
E deixo para trás o quanto eu quis
E sendo de tal forma mais feliz
A sorte se desenha em utopia.

O verso quase incauto não traria
O quanto se aproxima em cicatriz
Deixando no passado a tarde gris
Sem nexo sem ao menos poesia.

O manto se transforma em rude véu
E sendo sempre a vida tão cruel
Risíveis emoções trazem vazios.

Os sonhos que alimento, todos falsos
Apenas conhecendo tais percalços
Os dias seguem vagos e sombrios.

MARCOS LOURES

APENAS O SINAL SE APROXIMASSE

APENAS O SINAL SE APROXIMASSE


É pago por quem ama cada instante
Com toda a turbulência presumida
E sei que quando tenho uma saída
A luta no final nada garante.

O passo noutro tom mais inconstante
A sorte sem saber, desprevenida
A morte se anuncia e desprovida
Do norte que pudera doravante.

Apenas o sinal se aproximasse
Trazendo a solução de cada impasse
Navegador dos sonhos, nada resta

Senão a poesia em cada festa
Audaciosamente preparada
Sabendo que traria o mesmo nada.


MARCOS LOURES

DESEJO?

DESEJO?

Desejo? Não conheço quem o meça
Tampouco poderia acreditar
Na luta que cansei de desenhar
E nisto se renegue esta promessa

Premissa que deveras recomeça
Marcando com ternura este lugar,
Jamais inda pudera imaginar
Senão a solidão que se professa.

Encontro a mesma farsa sem saber
Do quanto poderia conceber
Sem ritmo sem sinal de paz ou luz,

Avisos do passado em sacrilégio,
O verso se moldara aonde em régio
Caminho cada passo não conduz.

MARCOS LOURES

Meus defuntos

Meus defuntos

Restauro os meus defuntos quando canto,
Abandonado corpo sobre o solo,
E quando sem futuro algum assolo
Meu verso se traduza num quebrando,

Reparo e na verdade o mesmo espanto
Traçando o quanto possa em medo ou dolo,
Espalho este não ser e me consolo
Bebendo do jamais quando o garanto.

Ameaçando a própria tempestade
O mundo na verdade me degrade
Afundo o meu olhar neste non sense,

Sem mesmo acreditar no quanto alcance
A luta em desvario e sem ter chance
Ainda quando a farsa nos convence...

Marcos Loures

Fome

Fome

A fome que interrompe algum futuro,
Predestinado rumo envolto em nada,
Negando qualquer luz, sem alvorada,
Apenas o vazio configuro,

E sei do meu caminho quando escuro,
A rota e desvalida, mesma estrada,
Seguida sem sentido, emoldurada
Num solo que se faça agreste e duro,

Cevar uma esperança? Nada mais
Que estúpida palavra perco em vão,
A lavra sonegando cada grão,

Envolto nos meus erros colossais,
Espero pelo menos novo dia,
Porém a própria luz se negaria...

Marcos Loures

Amizade?

Amizade?

Vivesse outra verdade quando a sorte
Encaminhando ao nada o quanto possa
Tramando a solidão quando se endossa
A luta sem sentido que a comporte,

Ainda feito em talho, o velho corte,
Mostrando a negação que se faz fossa,
Encontro o descaminho quando adoça
A boca de quem bebe inteira a morte,

Fluindo sem saber do que viria,
Enfrento o meu momento em agonia
E vasculhando uma alma nada sigo,

Sofrendo o desvario de quem ama,
Apago o quanto resta de tal chama,
E volto sem saber se existe amigo.

Marcos Loures

Angústia

Angústia

À sombra do que tanto desejasse
Apenas encontrando o mesmo engano
No vinho apodrecido eu já me dano
E nada superasse o velho impasse,

Habito outro cenário que moldasse,
Somente um torpe passo, e o soberano
Caminho se moldara noutro plano,
Desdenha enquanto cospe em minha face,

Virando o tempo atrás do quanto fui
A lida sem defesas inda flui
E mostra esta mortalha que teceste,

O mundo sem certezas segue alheio
Ao quanto solitário eu devaneio,
Angústia sem igual, pois, concebeste.



Marcos Loures

Não posso te falar

Não posso te falar

Não posso te falar do que se espera
Somente o quanto houvesse em desvario,
E quando noutro intento desafio
A vida se desenha, amarga fera.

Palavra que pudesse ser sincera
Negando a direção, secando o rio,
E quando outro momento enfim desfio,
Alimentando apenas tal quimera,

Motivos quando a luta se faz vã,
O corte mais amargo, sem amanhã,
O rosto em cicatrizes vês agora,

Felicidade apenas ilusão,
Os mundos que desnudos se verão
Espelham cada não que me devora...

Marcos Loures

Mesa da saudade...

Mesa da saudade...

Na mesa da saudade um novo gole,
As tramas nos levaram por errante
Caminho que de fato se agigante
Enquanto a solidão de fato engole,

Não tento acreditar e a vida esfole
Trazendo noutra farsa doravante
O todo que pudera degradante
Momento sem sentido, e o não controle.

Soubesse nova luz e não teria
A mescla desta fúria em agonia
E o som sempre distante do que há tanto

Marcasse com sublime sincronia
Tornando mais gentil a melodia,
Que embora tormentosa, ainda canto...

Marcos Loures

Nada sermos

Nada sermos

Ainda sem sentido ou mesmo quase,
Acordo entre meus erros, meus anseios,
E os dias emaranham devaneios
E o templo noutro engodo se defase,

Restando muito pouco a cada fase,
Os olhos procurando sempre alheios,
Buscando o quanto possa em novos veios,
Mergulho sem sentido nos atrase,

Eclodo no que tanto desenhasse
A morte decifrando algum impasse
Mormaços e tempestas, sombras, ermos,

E quando não pudera ser diverso,
Meu mundo pouco a pouco já disperso
Enquanto se concebe o nada sermos.

Marcos Loures

Meu Céu

Meu Céu

O céu que imaginei, manso e lilás
Presumo quando em falsa tempestade
Marcasse este temor quando degrade
Deixando para trás o sonho audaz,

Vagasse pelo instante em que se faz
A senda mais sutil a crueldade,
Velando por temível claridade
Morrendo noutro tom rude e mordaz,

Nos raios da esperança me perdendo,
Apenas o que fora um estupendo
Cenário imaginário e nada além.

A vida se fazendo sem manhã,
A luta desdenhosa e tão malsã
Expressa o que de fato me convém...

Marcos Loures

Resumos

Resumos

Vencido pelas tantas ilusões
Da vida mais audaz que não teria
Envolto pelas redes da agonia
Meu mundo em vagas sendas; decompões.

Não mais se percebesse outros verões
A noite se desenha amarga e fria,
Ouvindo a mais distante melodia,
As dores sempre vêm aos borbotões.

Mesclasse pelo menos nova chance
Embora a voz sem nexo ao fim se lance,
Rondando a minha mente desvalida,

Exprimo noutro engano o que se faça
Além de meramente a vã fumaça
Resumo do que fora a minha vida.

Marcos Loures

CONTENTAMENTO

CONTENTAMENTO

Uma esperança traz contentamento
A quem tanto procura ser feliz,
Não quero ser além de um aprendiz
Na busca pelo sonho solto ao vento.

Vivendo sem temor cada momento
Quem sabe um bom futuro se prediz
Fazendo nesta vida o que se diz
Tramando noutros olhos, meu alento.

Ó sonhos desejados e diversos
Dos tempos em que fora sempre amargo,
Eu quero renascer e sem embargo

Vasculho tais pegadas pelos astros,
Procura interminável pelos rastros,
Vagando no teu corpo, os universos...

MARCOS LOURES

PROFUNDAMENTE

PROFUNDAMENTE

Te amo profundamente, estrela do meu céu!
Imerso na amplidão de todo belo astral,
Persigo seu perfume, amor fenomenal
Que vai pelo infinito etéreo; meu corcel.

Enorme, na esperança, o mundo sem fronteira...
Amor, que ouso cantar, nestes meus pobres versos..
Percorre sem saber múltiplos universos.
Esse amor, imortal, se dispersa sem beira

Sem limite e final. É dom que se procura
Eterno, santifica, em lágrimas me cura...
É tudo que se pretendo, inclui a própria vida!

Estrela, o meu amor intenso e sem defesa,
A mão de Deus o fez num dia de grandeza
Total e verdadeira: amor não tem medida!

MARCOS LOURES

Desfio

Desfio

Meus olhos não veriam mais sequer
O todo que desejo e até me esqueço,
A vida se refaz noutro tropeço
Embora siga o quanto inda puder,

Mesclando o quando e se, mesmo, vier,
Aos poucos sem parâmetro, enlouqueço,
Felicidade fora um adereço
Meu mundo não seria outro qualquer,

Abraços entre enlaces desdenhosos,
E os traços de momentos majestosos
Perdidos pelo tempo no vazio,

Estremeço e tentando acreditar
Somente noutro engano me entranhar
Enquanto o quanto houvera em mim desfio...

Marcos Loures

Solidão

Solidão

Bem sei que o mergulhando num arcaico
Delírio nada mais conseguiria,
Nem mesmo o quanto pude em utopia
Viver além do enredo mais prosaico,

E o verso que tentara num mosaico
Erguer dos meus espectros, poesia,
Mascara a face escusa e sem valia
Trouxesse outra expressão num mundo laico,

Ascendo ao que jamais imaginasse,
E tendo tão somente o mesmo impasse
Movendo o mais vazio de meu ego,

Sem presumível porto, não ancoro,
E quando em temporais vis me decoro,
Expresso a solidão quando a navego.


Marcos Loures

Numa imensa ironia

Numa imensa ironia

Não merecesse além de algum sorriso
Numa ironia imensa, imerso em nada,
Ousando acreditar noutra alvorada,
Mesclando outro momento em prejuízo,

Esquálida ilusão, cedo eu preciso,
E sinto; tantas vezes, desenhada,
A máscara, bandeira desfraldada,
Meu sonho se perdera em falso piso,

Ouvindo apenas ecos do que um dia
Tramasse o que de fato não viria,
Não vejo soluções embora as busque,

Enquanto a solidão meu sonho ofusque,
Não merecesse mesmo o quanto queira
Visagem tão banal quão traiçoeira.

Marcos Loures

A DAMA IMAGINÁRIA

A DAMA IMAGINÁRIA

A dama imaginária que encontrara
Em sonhos, iludido, jamais vem.
Qual fora uma emoção singela e rara
Transporta um sentimento que não tem.

A dama imaginária é fantasia
De quem navega só, faz tanto tempo.
A noite que me engana não traria
Amor, já me causando contratempo.

Ao vê-la assim formosa, nada fala.
Apenas me cerceia e me domina,
Nudez invade a casa, o quarto, a sala,
E aos poucos, mansamente me alucina...

O medo de perdê-la me entorpece,
E rogo sua volta em cada prece...

MARCOS LOURES

Edênica Paisagem

Edênica Paisagem

Esgotos onde a vida me enfurnara
Lavado pelos lodos de uma sorte
Que ao menos noutro enredo me comporte
Na imensidão ausente ou mesmo rara,

Vestígio de um cenário desampara
Restando tão somente a própria morte,
Quando amolaste o gume, sinto o corte,
Treslouco-me em vida atroz e amara.

Arrancando os meus olhos, passo a ter
Imagens do que pude conceber,
Nesta amaurose sinto uma saída,

Sem horizonte algum, seguindo só,
Meu mundo se resume em medo e pó,
Edênica paisagem? Destruída...

Marcos Loures

A velha História

A velha História

Em volta do que fosse um novo templo
Restauro os meus enganos e prossigo,
Mergulho nas entranhas de um antigo
Momento quando em volta o não contemplo,

E a vida se mostrando como exemplo
Dos tantos desnudares, desabrigo,
E sigo o quanto houvera e enfim persigo
Sabendo quando o nada em mim exemplo.

E expresso os meus anseios num só tempo
Envolto nos tormentos, contratempo,
Negaceando o passo rumo ao farto,

Porém a torpe queda reproduz
A ausência do que fora outrora luz,
E da esperança aos poucos já me aparto...

Marcos Loures

EM CADA PASSO TEU

EM CADA PASSO TEU

Em cada passo teu, um bom caminho,
Prenúncios de que um dia serás minha.
Meu coração vagando, um passarinho,
Na busca por teus olhos, avezinha.

Nas luzes que em teus olhos me iluminas,
Guardando o teu sorriso tão sereno,
Banhando em esperanças as retinas,
Num fogo imaginário brusco, ameno.

Eu quero e desse tanto não mais fujo,
Misturo sentimentos, não segredo,
De tudo o que deixei; no amor ressurjo,
Deixando sepultado cada medo.

A vida prometida e renovada,
Na esperança dos olhos, minha amada...

MARCOS LOURES

Tu és um vencedor...

Tu és um vencedor...

Tu és um vencedor? Quanta tolice.
Redemoinho intenso o mundo expressa
Bem mais do que pudera em falsa pressa
E desconversa sempre esta mesmice.

Apenas o que a vida contradisse
Tramasse a realidade e se confessa
Enquanto a velha farsa recomeça
E a mesma cantilena sempre ouvisse.

Nós somos no infinito, este olvidável
Fantoche que de fato perambula,
Ingênuos imbecis, terrível gula,

E ao fim sei que sou só descartável,
Exíguo meu cenário ou horizonte,
A foz sempre abandona a leda fonte...

Marcos Loures

Inutilmente

Inutilmente

Representando em cenas que, fatídicas,
Ignóbeis ilusões ditam ocaso,
E quando noutro tom já não comprazo
Com tantas expressões, fácies ofídicas,

Ao falar de emoções, deveras míticas,
Não posso presumir nem mesmo o caso,
E quando no non sense – amor- me embaso,
Frias respostas surgem, são graníticas.

Caleidoscópios trago em cada olhar,
Sabendo que ao final, simples miragem
Ao menos se destroça em tal voragem

O quanto se pudera desejar,
Sequiosamente um tolo se desnuda
E busca inutilmente alguma ajuda...

Marcos Loures

Amores?

Amores?

Encontro os meus pedaços pelas sendas
Dispersas onde amor não mais se veja,
A luta mais audaz, a sorte andeja,
E nada além do nada ora desvendas,

Amores impossíveis, tolas lendas,
Apraza-me saber do que não seja
Nem mesmo quando a farsa benfazeja
Moldasse o quanto queres; vãs emendas.

Escravo do sentir, minhas senzalas,
Cativam e destroçam e não falas
Tampouco do que há pouco presumisse,

O mundo em derrocada, o verso espanta,
E a voz se tartamuda na garganta,
Tentando valorar outra tolice...

Marcos Loures

Escaras

Escaras

Turbilhonar paisagem que alimento,
Ocasos sem saber de outro horizonte
A própria persistência desaponte
Palavras engolidas pelo vento,

Nefasta realidade, tosco unguento,
Ainda quando houvesse alguma fonte,
Porém o quanto resta, mal desponte,
Eclode nas mortalhas de um rebento,

Abortos de algum ser que, hipocondríaco,
Ou mesmo noutro infausto, este maníaco
E perecível sonho se entranhara,

A larva crisalida outro demônio,
E a vida se consome em pandemônio
Aprofundando na alma toda escara...

Marcos Loures

Sobre as ondas mais vorazes

Sobre as ondas mais vorazes

Ainda sobre as ondas mais vorazes
Encontro solução e não tramasse
Sequer outro cenário ou desenlace
Diverso deste espúrio que me trazes,

Porfio entre batalhas contumazes,
E bebo o quanto a vida sonegasse,
Risível companheiro, o velho impasse,
Destroça num segundo as frágeis bases,

Ao déspota – amor- tétrico farsante,
O quanto se deseja não garante
Nem mesmo algum momento em paz e luz,

Escalo os meus vazios e procuro
Vagando pelo mesmo informe e escuro
Momento quando o nada me conduz.

Marcos Loures

Desenganos

Desenganos

Perduram desenganos entre os quais
Expressaria dias que não vira,
O tanto quanto a vida nos retira,
Tramasse mundos toscos e banais,

E quando no final em morte trais
O preço a se cobrar, farsa e mentira,
O gozo alucinado se prefira
Aos templos que cultuo, até venais,

Restando a solidão de imensa incúria,
Ainda quando fujo da penúria,
Hasteio outros enganos, sigo em frente,

E presumindo herético final,
Adentro o quanto traga em fúria o mal,
E nem uma esperança se apresente...

Marcos Loures

Letargia

Letargia

Aquieta-se de fato quem outrora
Singrara meros erros, nada além,
E o preço a se pagar já não convém
Enquanto uma emoção nos desancora,

Das praias mais distantes, desde agora,
O prazo determina o ser ninguém
Percebo que deveras sou também
A mesma iniquidade que apavora,

Resplandecentemente quis a vida
Embora em falsa luz já consumida,
Ermidas de existências sem valia,

Meu passo em distorcida invalidez,
O tanto num instante se desfez
Encanto morre envolto em letargia...

Marcos Loures

Outra Promessa

Outra Promessa

Na pavorosa sorte que me ronda
A desdenhosa imagem toma conta,
E quando noutro engano desaponta,
O sonho sem sentido vem e sonda,

Desta alameda inútil, cada fronde,
Expressa outro jamais quando se tenta
Além da solidão, velha tormenta,
O passo quando além nada responde,

Correspondendo ao fim e sempre assim
Marcando em dissonância o quando havia
Somente se desnuda outra sangria
Matando o quanto houvera inda de mim,

E sigo sem saber se existe paz,
Outra promessa espúria se desfaz...

Marcos Loures

Escombros

Escombros

Deparo-me com escombros do que fomos
Jogados pelos cantos desta casa,
E quando a solidão em fúria abrasa,
Resumo o quanto agora sei e somos,

A luta se esfacela e destes gomos
A sorte merencória não defasa,
Meu passo sem sentido, nada embasa,
Perdidos desconexos vários tomos

E a lenta, mas constante, derrocada,
A farsa em nossa face desenhada
Derrotas tatuadas, cicatrizes,

Não quero prosseguir, enfim me basta,
A imagem de uma deusa nua e casta,
Envilecida, em tudo a contradizes.

Marcos Loures

Em Ilusões

Em Ilusões


Banhando em ilusões cada cenário
Por onde deveria haver o quanto
E sigo sem sentir além do espanto
Devera tantas vezes temerário,

Matando o quanto houvera em rumo vário
Enquanto em cada não me desencanto
Expresso este vazio e mesmo canto
Prenunciando o fim já necessário.

Estando ou não, apenas se veria
Nesta única incerteza, outra agonia,
Marcando a ferro e fogo um vago engodo,

Soturnas paisagens; noite escusa,
Tempestuosa forma se produza
Tornando num momento o céu em lodo.

Marcos Loures

ESTRELA QUE NOS GUIA

ESTRELA QUE NOS GUIA

Falar desta amizade
Estrela que nos guia,
Trazendo a claridade
Que justifica o dia.
Eu quero, na verdade,
Bem mais do que sabia
Falar da liberdade
Que em sonho sempre via.
Serena minha vida,
Afaga meus cabelos,
Estrada mais comprida,
Enleva em seus novelos,
Meus dias; ilumina,
Mudando minha sina...

MARCOS LOURES

terça-feira, 24 de julho de 2012

HANDSCHELLEN

HANDSCHELLEN

Es scheint so einfach, ein Christ zu sein
Ein ehrlicher Bürger, Steuern zu zahlen,
Vergessend in andere Gesichter zu schauen,
Wird niemals erkennen in welche Richtung
Der Mitte großer Vielfältigkeit folgend
Wo tatkräftige Herzen gemacht werden,
Was ist mit den Armseligen einmal ausgesetzt
Den Münzen, die Rettung garantieren...
Du hast Ekel vor den horrenden Kreaturen,
Die auf dem Gehweg spielten, fast nackt.
Was ist mit Deiner Reise, fortlaufend...
Nach einem Woanders suchend, suchst Du
Nur Lösungen für Deine Probleme,
Ohne sie in Deinen Händen zu erkennen, Deine Handschellen...

LOURES

Joerg Feller
in German - auf Deutsch...

NOITES IMENSAS

NOITES IMENSAS

As noites que se foram tão imensas,
Mudando o sentimento, em serenatas
Busquei em teu amor as recompensas,
Vivendo mansamente sem bravatas.

Dos sonhos que tivemos, mil cascatas
Descendo pelos lábios, versos, crenças,
Distante das discórdias, sem ofensas,
Tivemos calmaria em flores natas.

Amores que se formam, catedrais,
Desejos em sonatas, madrigais,
As noites se passando, belos sonhos...

Os corpos misturados, canibais,
Querendo cada vez e sempre mais,
Em atos delicados e risonhos...


MARCOS LOURES

Descrédito

Descrédito

A fúria com a qual me devoraste,
Incúrias entre engodos, verso em vão,
E os erros que de fato mostrarão
O ser quando imagino em vil contraste,

Insana companhia; mal notaste,
Fanático cordeiro em procissão,
Galgando no vazio a dimensão
No encanto quando etéreo, o sonegaste,

Nas rústicas falésias, penedias,
E noutra sensação nada trarias
Sequer a falsa imagem de quem dita

Palavras sem sentido, algum alento,
Imerso no jamais ainda tento
Cada nova manhã, desacredita...

Marcos Loures

Espectro

Espectro

Um trago suicida, outro cigarro,
Escarro sobre os restos e prossigo
Tentando pelo menos um abrigo
No desabrigo feito aonde esbarro,

E resolutamente volto ao barro
Tresloucado e senil, trago comigo
Somente o quanto quis e não persigo,
Um novo copo imerso no catarro,

E sei que no final nada valera,
Na pálida figura, feita em cera,
Velaste pelo quanto produziste,

Emaranhando em garras tormentosas,
Sem lástima; ironia, ora antegozas,
Esquálido fantasma em vão persiste...

Marcos Loures

Esmoler

Esmoler

Durante o quanto em tempo não teria
Expressos sonhos morrem num segundo
E a sorte que me faça vagabundo
Imersa nesta sombra bem mais fria,

E quando na verdade mal valia
O preço deste infausto, eu me aprofundo,
E tento acreditar num novo mundo,
Anélito que a morte me traria...

Escalo os meus temores entre caos,
Os olhos procurando outros degraus
E a queda anunciada já se quer,

Esquinas de uma vida em cada infausto,
Dos claustros infindável holocausto,
De quem se faz de luzes esmoler...

Marcos Loures

EM FUNDA CHAGA

EM FUNDA CHAGA

A vida me marcando em funda chaga
Fazendo no meu peito uma avaria,
Distante deste sonho, noutra plaga,
Espero te encontrar, quem sabe um dia.

A dor que me consome e já me traga
Dizendo que em amor, velhacaria,
Mas quando vens, querida, tudo alaga
Transforma toda a dor em fantasia...

Navego nos veleiros e jangadas,
Os mares transformando velhos rios,
As noites que retornam consteladas,

Embarcações diversas que me levam,
Tanto calor, às vezes num estio,
Em duro inverno, olhares tristes nevam...

MARCOS LOURES

AS ROSAS JÁ VICEJAM

AS ROSAS JÁ VICEJAM

As rosas cultivadas já vicejam
Neste jardim divino que plantamos,
Durante tanto tempo nos amamos,
Os corpos dos amantes se desejam.

Os dias mais felizes antevejam
Brotando no arvoredo novos ramos,
Dos dias maviosos que sonhamos,
Os brilhos da esperança relampejam...

Nas rosas cultivadas, bom perfume,
Deixando suas marcas pelos ares,
Refazem cada fruto dos pomares,

Nascendo novamente,sem queixume,
As rosas que colhemos noite afora,
Vieram sem espinhos, sem demora...

MARCOS LOURES

PERDOE

PERDOE

Perdoe se eu errei ao decifrar
Sinais que não consigo compreender
Tomado pelos raios do luar,
No sol eu comecei a me perder.

Vertendo uma esperança em negro mar,
Deixei o nosso barco fenecer,
Desculpe se não soube te encontrar
Nem mesmo nos meus versos te dizer

Do sonho que se fez em pesadelo
Na noite dolorida e tão distante.
A vida a se mostrar mais inconstante,

Enredo meus desejos num novelo,
E o fogo da vontade, da cobiça
Transforma-se na areia movediça...

MARCOS LOURES

Inquietar-me

Inquietar-me

Inquieta-me o saber que não seria
A vida de tal forma mais risonha
E quanto mais além nada componha
A luta se mostrasse vã, sombria,

E nesta sensação quando se ouvia
A falsa promissão mesmo enfadonha,
Negar outra emoção no esmo que sonha,
Mergulho aonde o fim emergiria,

Restando de minha alma o velho ocaso
E tanta vez eu sigo e não comprazo
Acasos envolvendo o quanto é meu,

Nefastas ilusões, riscos totais,
Ainda quando em fúria me tocais,
Negar o quanto em dor se concebeu.

Marcos Loures

EM TUA BOCA

EM TUA BOCA

Morena, em tua boca, minha fonte
De beijos delicados e gentis,
Vislumbro maravilhas no horizonte
E sou, além de tudo, mais feliz.

Não quero mais mentiras que me apronte
A vida em seus meandros tão sutis,
Nem mesmo uma lembrança que remonte
Passado dolorido onde me fiz.

Meus versos vão buscando navegar
Nos sonhos mais fecundos, lisonjeiros,
Amores que me dás são verdadeiros,

Apenas não consigo me livrar
Dos medos que se tornam corriqueiros
Em quem desaprendeu a namorar...

MARCOS LOURES

segunda-feira, 23 de julho de 2012

De Soslaio

De Soslaio

A corja se mostrando enquanto o bote
Desenha este final da velha peça
E o tanto que decerto além se peça
Expressa o quanto aquém já se denote,

Ainda quando a vida nos derrote,
Sem nada nem ninguém que enfim a impeça
O medo desenhado em dor confessa
De uma esperança morta, nem um lote.

Decotes de vadias, riso farto,
E quando da alegria enfim me aparto,
Reparto com meus medos o que resta,

Não sinto mais a fúria de quem busca
Senão a turbulência arisca e brusca
De soslaio vê; pequena fresta...

Marcos Loures

Ensimesmado

Ensimesmado

Ao menos uma face que demonstro
No mesmo gargalhar insano e rude,
Trazendo muito além do quanto pude,
Gerando dentro da alma imenso monstro,

E cada vez que possa ter nas mãos
Os dias; entremeio com erráticos,
Tocado por destinos nada práticos
Adentrando os meus templos, meros vãos,

Espúria e desmedida luta insana,
Apartando este cálice sanguíneo
Envolto pelas trevas num domínio
Que sem sentido algum sempre nos dana.

Mesclasse o quanto resta de mim mesmo,
Enquanto sem defesas me ensimesmo...

Marcos Loures

PENA DE MORTE?

PENA DE MORTE?

Pena de morte aos pobres, pretos, putas,
Somente o que propaga este imbecil
Cenário mais atroz onde se viu
O quanto se desdenha e não relutas,

Ainda quando irônico refutas
Os passos noutro instante verme vil,
Ditando com a voz torpe e sutil,
Negociando planos, mortes, lutas.

E vejo que se estampa em teu sorriso
O desafeto feito a qualquer preço,
E quando outra verdade em ti eu teço

Mostraste o mais cruel e mais preciso
Momento em turbulência violenta
Que tanto quanto venha te alimenta.



Marcos Loures

RETRATO DA SOCIEDADE?

RETRATO DA SOCIEDADE?

Terrivelmente a mente dita o quanto
Do medo se moldara numa esquina,
À bala de revolver, carabina,
Levando uma mortalha invés de um canto,

E sei que na verdade não me espanto
Enquanto o que mostrasse predomina
Versando sobre a morte, outra assassina,
Deitando a cada passo o desencanto,

Quem deste sanguinário chão se nutre
Expressa a realidade feito abutre
Querendo pelo menos a audiência

De um povo escravocrata e tresloucado,
Aos poucos; pela insânia, dominado,
Bebendo e vomitando uma demência.


Marcos Loures

Das Antenas da Imprensa

Das Antenas da Imprensa

Nos olhos desta pútrida figura,
A farsa feita em luta por Ibope
Ainda quando em sangue nos entope
A imagem mais espúria configura,

E vejo noutro tom, mesma procura,
Na garra no esquadrão quem sabe Bop,
Jamais se pensaria num stop
Estoque sem limites de amargura,

Massacres com as mãos sanguinolentas
E mesmo quando em grão imundo inventas
Sedentas rapineiras na carcaça

Envolta pela farsa de justiça
Destilas tantas formas de cobiça
Teu canto sobre os mortos segue e grassa...

Marcos Loures

VIVAS À IMPRENSA

VIVAS À IMPRENSA

Podridão estampada nos jornais
Expressa a realidade jornalística
E traça uma visão diversa e mística
Versando sobre a corja de animais,

Emoldurando em cena tais boçais
Que ditam a verdade pseudo-artística
Forjada na tramoia onde sofística,
Hienas bebem ditos anormais,

E assim caminha a imprensa varonil,
No corpo do mendigo, em céu anil,
E o preço a se pagar cerze o falsário,

Resgates com o sangue são cobrados
E os vermes entremeiam destroçados
Cadáveres que espalham no cenário.

Marcos Loures

Eu me afasto

Eu me afasto

Assombras com teus medos o que traga
A mansa sensação mesmo no instante
Aonde o quanto possa não garante
A imensidão visível nesta plaga,

Restando muito pouco a vida vaga
Marulhos de uma luta mais constante
Moldando a cada engodo outro adiante
Ainda quando o verso; aquém, divaga.

Legados de outras eras, nada mais,
E os erros mais comuns, sempre abissais,
Traçando este momento atroz, nefasto,

E quando outra verdade se desnuda,
Necessitando enfim de alguma ajuda,
Dos ermos de tua alma além, me afasto.

Marcos Loures

Diversa

Diversa

Exalas; neste anélito, a verdade
Diversa do que tanto desejasse,
E a sombra do meu mundo em rude impasse
Aos poucos noutro tom tudo degrade,

Enquanto esta mortalha desagrade
O medo se deslinda em minha face,
E nada do quanto eu quis inda tramasse
Senão a mesma torpe iniquidade.

Atribulados dias de uma história
Há tanto; desdenhada e merencória,
Negada pelas sombras que hoje vejo,

Esbarro nos enganos mais frequentes
E quando noutro tanto nada sentes,
Meu mundo perde enfim seu azulejo.

Marcos Loures

Bisonhas Garatujas

Bisonhas Garatujas

Guiando cada passo rumo ao nada
A vida se expressasse em mero ocaso,
E quando deste encanto eu me defaso
Atravessando a sorte imaginada,

Deleito-me singrando a velha estrada
E o quanto se desdenha nega o prazo
Restando muito pouco a cada atraso
A imagem distorcida ora apagada.

Matizes mais sombrios, nuvens, medo,
E a cada novo engano eu sigo ledo
E bêbado das dores contumazes,

Esbarro nos medonhos pesadelos
E quanto mais consiga percebê-los
Bisonhas garatujas tu me trazes.

Marcos Loures

Sem Defesa

Sem Defesa

O amor quando às espaldas nos ataca
Adentra traiçoeiro e nada resta
E a vida sem valia enfim se atesta
Na fresta que pudera imensa ou fraca,

E aos poucos o tormento vem e atraca
Tocando a sensação de falsa festa,
Aparo com as dores tal aresta
E infesto-me na farsa desta estaca,

Aragens mais suaves acalento,
Porém ao me entranhar em rude vento
Apenas outro enredo em mesmo engano,

E marco com terror o sanguinário
Assalta-me de fato o vil corsário
E aos poucos sem defesa em dor me dano...

Marcos Loures

Cicatriz

Cicatriz

Banhando em trevas noites mais doridas,
Não mais prosseguiria ou mesmo até
Teimasse desdenhar contra a maré
Enquanto noutro instante tudo olvidas,

Espero imaginar novas saídas,
E quando se procura e por quem é
A luta desenhasse além da fé
Paisagens sem final, mortas saídas,

E nesta labiríntica visagem
A paz se transformando em vã miragem
Restando muito pouco do que eu quis,

O medo se apossando do que trago,
Meu mundo se perdera em senso vago
Deixando da esperança, a cicatriz...

Marcos Loures

CAMINHOS

CAMINHOS

Caminhos que senti profusamente
Em várias cercanias que eu trilhava.
Vestido deste sol tão inclemente
Por certo em cada passo mais suava
A mão já tão cansada quão tremente
Carinho em outra mão bem sei, buscava.

Tropeça, cai, machuca, mas se ri
E mostra em gargalhadas ser matreira
Depois que novo rumo, assim, perdi
A mão que desejei tão companheira
Encontro, finalmente por aqui
Depois de vasculhar a terra inteira;

Nas ânsias por amor bem mais sincero
Encontro em ti, querida, o que mais quero...

MARCOS LOURES

Pavorosa Noite

Pavorosa Noite

Vislumbro pavorosa noite enquanto
Restasse alguma luz neste horizonte
Ainda quando o sonho; além, desponte,
Mirando em tal espelho em ti, me espanto,

Versando sobre o chão temor e pranto
Traçando com a vida a velha ponte
No destroçado encanto cuja fonte
Secasse noutra insânia, um rude canto.

Oprime-me saber que não terei
Sequer a menor sorte em bela grei,
Visível e temida farsa apenas,

Sementes sob um solo em aridez,
Meu mundo num segundo se desfez
E; inútil gargalhar, tu me condenas.

Marcos Loures