De repente
Parece que me esqueço, de repente,
Do quanto merecesse e não viera,
A mesma solidão sem primavera
Tormenta sem sentido que apresente,
Restando muito pouco ou mesmo ausente
Do todo que pudesse e não tivera,
Palavra que desdizes insincera,
Quimera sem limites se alimente,
Negar o quanto resta ou ser além
Do mundo quando o nada agora vem
Versando outra palavra em rude farsa,
Embebo da esperança que socorra,
Mas volto sem saber, velha masmorra,
Já nada mais de fato se disfarça...
Marcos Loures
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