sábado, 23 de abril de 2011

1
Quando a morte não se atrasa
E penetra mansamente
Ou talvez mais bruscamente
Toda a sorte se defasa
E o que fosse enfim uma asa
Noutra face se apresente
E num átimo, um repente
No vazio já se embasa.
O que se fora uma atitude
Mesmo quando nos ilude
Vem chegando; supetão,
O que trago se esvaindo
O caminho presumindo
Desvio de direção?

2

Brevidade de uma história
Que pudesse ser diversa,
Para início de conversa
De que vale tal memória?
Quando a vida é merencória
Ou sozinha se dispersa
Noutro tempo não mais versa
Resta apenas mera escória.
O que fora no passado
Rumo outrora desenhado
Garatuja se transforma,
O final já se mostrara
E a verdade bem mais clara
Toma estranha e rude forma.

3


Cada instante que ultrapasse
O final pré-concebido,
Noutro tanto resumido,
Escondendo a velha face
Deste mesmo desenlace
Que embarace algum sentido,
Vivo e perco o já carpido
Cada anseio que se trace.
Navegar contra as marés
E saber até quem és
Se no fundo nada sou,
Do que tive, embora pouco,
O que pude feito um louco,
Mouco sonho, o que restou.

4


Uma senda ora perdida
Nas estradas ou bem perto,
O meu sonho que desperto
Já não vendo uma saída,
Traz a sorte em despedida
Ou o tempo sempre aberto
Ao que possa e não deserto,
Esperança corrompida.
Vejo o sonho e me aproximo,
Sei da queda em lodo e limo
Sei do cimo que não veio,
Eu tentara ser feliz,
Já não tento e se desdiz
O que tanto em vão rodeio.

5


Começando novo enredo
Onde houvera mais um sonho
No final o que proponho
Traz o tanto e já concedo,
Vejo o tempo e desde cedo
Novo mundo eu recomponho,
Sou atroz, rude e bisonho,
Mas não pude em teu segredo.
Terminando o quanto possa
Numa senda que foi nossa
Enveredo em meu passado,
Bebo tragos de loucura
E se tanto me tortura,
Noutro rumo já me evado.

6


Acabando um sonho, um mito,
A verdade que me sobra
Noutro tempo se desdobra
E procuro ou necessito
Deste encanto, nosso rito,
Penetrando em cada dobra
A palavra se desdobra
E traduz algo infinito.
Sendo assim, sou mesmo o nada
Ou quem sabe desta estrada
Encontrasse uma certeza
Que levasse meu anseio
Mesmo encanto não mais veio,
Sigo contra a correnteza.

7

Alcançasse qualquer ponto
Entre tantos portos, cais,
Ouso ouvir ou sem jamais
Encontrar qualquer desconto,
Sigo o mundo quase pronto
E se tanto agora esvais
No final tantos sinais
Transformando em mero conto.
Já não pude e nem pudesse
Entender a velha prece
Estender a mão em paz,
No que tange ao passo herege,
O momento que nos rege
Nem encanto enfim me traz.

8

Ao saber o que inda vinha
Emergindo do passado
Noutro tempo desenhado,
Numa sorte leda e minha,
O que tento e não continha
O meu verso desenhado
Mesmo quando em sonho evado
A palavra não se alinha,
Restam poucos sonhos meus,
Do que fossem apogeus
Gerações após a queda
Remoendo cada engano
No final seguindo insano,
Minha história ora se veda.

9


Sei somente desta morte
Que jamais eu pude ter,
O que possa amanhecer
Na verdade não conforte,
E se tento um novo norte,
O meu raro entontecer
No vazio a se perder
Ou no tanto me comporte,
Vago sem saber do quanto
Possa e nada mais garanto
Nem sequer tal previsão,
O meu sonho, meu bornal,
Num instante sem igual,
Traz apenas solidão.

10

Jamais pude num deserto
Crer apenas liberdade
O futuro sendo incerto
O que resta? Esta saudade.
Do que um dia foi desperto
E deveras sem verdade
Noutro passo não acerto
Sem saber tranquilidade.
Aversão ao que se visse
Noutra senda, outra tolice
O momento se repete,
No que tange ao sonhador
Esta marca em plena dor,
Ao vazio me arremete.

11

Nos anseios deste inferno
Onde a vida traz o não,
Anotando no caderno
Revivendo esta emoção,
O que posso e não externo
Não traduz uma ilusão,
Ou talvez num duro inverno
Novos dias nos verão.
Sei que pude acreditar
Sei que tento desejar
E no fundo nada vem,
Ouso crer neste cenário,
Velho rude itinerário
E prossigo sem ninguém.


12

Meu caminho estando aberto
Nada impede a caminhada
E seguindo este deserto
Como fosse alguma estrada,
No final quando desperto
Não restando quase nada,
A palavra em rumo incerto,
A verdade desolada.
Verso sobre o que não pude
Sem saber o que teria,
Se a verdade é sempre rude,
O que resta em agonia
Toma toda esta amplitude
E meu sonho ora se adia.

13


Tantas milhas; caminhei
Na procura de quem sou
Ao passar de grei em grei
Pouca coisa enfim restou,
O momento que hoje sei
O cenário me tomou
A verdade eu vasculhei
E o que possa não sobrou.
Sou deveras o que fora
A palavra sonhadora
A incerteza mais sutil,
O meu verso segue alheio
E colhendo o quanto veio
O final já se previu.

14


Adentrando o pensamento
O que tento e não percebo
Faz do amor, velho placebo
Onde o todo sigo e tento,
Ao viver o sentimento
Que deveras mal concebo,
Emplacando o quanto bebo
Num ausente firmamento.
Nada mais neste horizonte,
Nem o quanto já desponte
Após toda a tempestade,
Num olhar iridescente
O futuro se apresente,
Mas no fim também se evade.

15


Abordando a florescência
Do que tanto desejei
O cenário que entranhei
Ou por vaga coincidência
Traz apenas a influência
Do que tanto imaginei
E no fim já não terei
Nem sequer tal consciência.
Vago apenas onde possa
A certeza não é nossa,
Mas se apossa de minha alma,
A tempesta se aproxima
E reinando amargo clima
Nem o fim de tudo acalma.

16

Eu queria qualquer nexo
Onde apenas reina a dor,
O que possa refletor
Faz o dia mais complexo,
E procuro e mesmo anexo,
Um caminho sem temor,
Procurando a mansa flor
Ou num sonho amor perplexo,
Visto a pele de cordeiro
E se salto e vou inteiro
Nesta lúbrica loucura,
Sou hedônico fantoche,
Mas se fosse algum deboche,
A verdade não tortura.


17

Apagando cada lume
Que guiasse noite afora,
A verdade se resume
Na emoção que nos devora,
Tanto amor, raro perfume,
A palavra desancora
E o que possa em tal costume
Desenhando o que se aflora.
Já não tenho mais resposta
O que tanto mais queria
Na incerteza sendo exposta
A palavra nua e fria,
A incerteza da proposta
Traz a mágoa a cada dia.

18

Quando eu vou, cambaleante
Sendo assim cada momento,
Onde o tempo eu sigo e atento
No vazio me agigante,
Outro tanto não encante
Quem se faz em sentimento
Loucamente bebo e tento
O final não se garante.
Verso sobre o que não veio,
Ando em sóis e sem receio
Sou apenas este aborto,
O meu passo não se firma,
A palavra reafirma
Meramente o velho porto.

19


O volver do que se queira
Noutro tom ou mansa voz,
A certeza por bandeira
O momento mais atroz,
O caminho, esta ladeira
Da esperança, mera foz,
A se possa a vida inteira
Nada sigo em mar atroz,
Calidez? Mera desculpa
Nesta tanto que ora esculpa
Sem palavra e sem buril,
O que tanto desejei
Hoje traz em nova lei
O que outrora permitiu.

20


Um deserto, o velho rio,
Noutro ponto algum momento
E se vejo o que ora tento
E deveras desafio,
Bebo o tempo em desvario
E no fim eu me atormento,
Tendo amor, ledo fermento
O meu passo segue frio.
Sem saber do quanto pude,
O que tanto em juventude
Amortalha o coração
De quem age mansamente
E se traz o quanto sente
Trama a velha negação.


21


A maciez de uma senda
Onde nada se perdera
A vontade já desvenda
O que tanto parecera
Com o quanto mais atenda
Outra sorte em que tecera
A saudade que se estenda
Mesmo além e se esquecera,
Nada mais eu pude então
E se tento em provisão
Mais diversa do que possa,
A palavra mais cruel,
Rasga o sonho, rompe o véu
E no fundo é sempre nossa.

22


Quando a vejo e sinto a pele
Eriçado pensamento
E deveras sempre tento
O que tanto me compele,
Na saudade já se atrele
O meu tempo em manso vento,
E bebendo o sentimento,
Outro tanto me atropele,
Vivo em tal constância e sigo
Qualquer tom em rude abrigo,
Novamente me permito
Acredito no que seja
Nosso amor, rude peleja,
Num cenário mais aflito.

23


Nos veludos, no cetim,
Nos delírios e nas tramas,
Quando vens eu vejo em mim
O que tanto sempre clamas,
E bebendo desde o fim
Já não possa em velhos dramas
Mergulhar enquanto eu vim
Açodado em tuas chamas,
Nada mais pudera ter
E se tanto não pudesse
O que possa em rude messe
Não traria algum prazer,
Tão somente o que se tece
Nos anseios do querer.

24


Minha vista em miopia
O meu canto em tom diverso,
O que posso e não teria
Desenhando em cada verso,
Molda a sorte em agonia
E o cenário mais perverso,
Vejo o quanto te queria,
Neste enredo sigo imerso,
Nada mais se molda após
O que tanto quis e vejo
Onde a vida traz a voz
Não percebo tal traquejo
O momento mais feroz,
Traduzindo o que desejo.

25


Na incerteza um raro porto
Apoiando quem navega,
A palavra, o sonho morto,
A verdade quase cega,
O que possa segue torto
E negando alguma entrega,
Simplesmente mero aborto
Na verdade que sonega.
O versículo, a verdade,
O momento em tom cruel,
Vago sempre em ledo céu
E se bebo a claridade,
No final cumpro o papel
De quem sonha em liberdade.


26


Esta vida sem suspeita
Esta luta sem ter paz,
Do cenário onde se traz
A verdade que deleita,
O meu mundo não aceita
Nem sequer vive o mordaz
Desejar quando o que faz
Deixa atrás em leve espreita.
O veneno destilado
O caminho desenhado
Entre pedras e rochedos,
Os meus dias mais sutis,
Na verdade o quanto eu quis
Desfazendo meus enredos.

27


Sem a fresta a luz não passa
Cada treva diz de nós
E se tanto foi fumaça
O que tento em tom atroz,
A verdade se embaraça
E mergulha em leda foz,
O que versa sem trapaça
Dita o canto mais feroz.
Já não vejo qualquer sorte
Onde tanto mais queria
A saudade, esta heresia
No final não me comporte,
Bebo em goles bem diversos
A ilusão de velhos versos.

28


Caravanas que em desertos
Beduínos caminhantes,
O que tanto são despertos
Noutros rumos não garantes,
Outros cantos são abertos
Ou pudessem delirantes,
Mas mergulho nos incertos
E sei bem o que foi antes.
Realizo o verso quando
Outro tanto se mostrando
Na desnuda companhia
Do meu verso sem pudor,
Do meu canto em desamor
Ou do sonho que não via.

29


Esquecendo mais depressa
O que tanto prometesse,
A loucura recomeça
Onde o nada obedecesse
A vontade que me apressa
A incerteza que se tece,
Na palavra onde confessa
O que a vida não me desse.
Versejando sem sentido
Sem sentir o que viria,
Bebo enquanto o canto olvido
E mergulho em fantasia,
No meu tempo resumido,
O que perco, a cada dia.

30


Tempo traz o que não veio
E não venha o que se faz
Onde o canto diz receio
Encontrasse a minha paz,
Noutro rumo em devaneio,
O meu passo mais audaz,
A verdade mostra um meio
Que decerto satisfaz,
A incerteza da resposta
A palavra solta ao vento,
Na mortalha agora exposta
O que possa e não atento,
Esperando a decomposta
Sorte em raro pensamento.

31


Cada tempo, seu espaço
Trago os olhos no futuro,
E se tanto tento e traço
O que possa; eu asseguro,
Vejo a vida em rude laço
E no fim quando perduro
O meu mundo traz o lasso
Caminhar e me torturo,
Vagão sem locomotiva
A minha alma mais altiva
Vive vaga fantasia,
Do que possa ser apenas
Tão somente me condenas
Onde nada enfim havia.

32


Se eu pudesse ser feliz
Se tivesse esse poder
O que possa e tanto quis
Na verdade diz querer,
O cenário do aprendiz
Onde o todo a se perder
Não traria céu tão gris
Sonegando amanhecer,
O meu verso se invertendo
O meu tempo se prevendo
Num cenário multicor,
Primaveras que imagino,
Num cenário cristalino
Feito luzes, nosso amor.

33


Onde eu possa me encontrar
Depois disto ou mesmo até
Quando envolto num luar
Procurasse a mansa fé
O caminho a desenhar
O que tanto diz quem é
A vontade de chegar
O momento feito a pé.
O cenário mais profano,
Onde tanto desengano
Quem ilude o pensamento,
Marcações diversas; vejo
E se tanto amor, desejo
Noutro tanto reinvento.

34


Da esperança, leve fumo,
Da verdade a pedra rude,
O que possa e desilude
Transformando aonde eu rumo,
Na verdade me acostumo
E traduzo o mais que pude
Na finada juventude
Ou no sonho em mero sumo.
Verso após o que não veio,
E se tento outro receio
Impedisse um passo além,
A verdade se desenha
Onde o nada sempre venha
Onde o tempo nada tem.

35


São diversas sensações
As que possam me trazer
O caminho aonde expões
A verdade em desprazer,
O meu mundo em ilusões,
Nos porões eu possa ver
O que tanto em explosões
Já não possa mais conter.
Esquecendo o que afinal
Poderia menos mal,
Traduzir felicidade,
O meu barco num naufrágio,
Coração cobrando este ágio
Traz em dor, a liberdade.

sexta-feira, 22 de abril de 2011

1

Jamais eu poderia acreditar
Nas intempéries tantas; vida afora,
O quanto na verdade nos devora
Impede que se chegue a um bom lugar,
Cerzindo novo sonho, devagar
O corpo se dourando, o novo aflora
E toma a sensação e já se ancora
Aonde pude um dia me entregar.
Resumos de diversas emoções
E quantas vezes sei que tu compões
O todo que se fez além e mais,
Ousando permitir novo caminho
Embora veja em paz o duro espinho,
Eu imagino em ti raros rosais.


2

Não pude nem devesse ter nas mãos
A sorte de poder ter a sensata
Noção aonde a vida me arrebata
Trazendo dentro da alma vários grãos,
E sei do mesmo tempo entre estes nãos
O corpo quando o tempo nos maltrata
A senda tantas vezes mais ingrata
Ceifando das histórias outros vãos.
Resumos entre enganos, tão somente
Amor que se cultiva ora apresente
Momento salvador ou mesmo rude,
Viver cada momento em sua vez
Ousar aonde o sonho já se fez
Bem mais do que em verdade, um dia eu pude.


3


Meu peito neste encanto que domina
Adentra o sentimento mais sutil,
Do amor que na verdade bem se viu
E dele a sensação mais cristalina
O verso que deveras determina
O tempo de sonhar, claro e gentil,
Meu passo no teu passo permitiu
A vida mais audaz; suave mina.
Ousando ter no olhar esta esperança
O quanto de minha alma a ti se lança
E tenta pelo menos um sorriso,
No amor que me tortura e me sacia
A fonte inesgotável da alegria
Na qual a cada instante me matizo.

4


A dor em frenesi causasse o medo
Que tanto nos trouxera em tradução
A verdadeira face da prisão
Aonde sem defesa eu me concedo,
O tempo se moldara desde cedo
Na sorte mais completa, na emoção
Versando sobre o tempo e a dimensão
Desvenda pouco a pouco o meu segredo.
Espero qualquer dia que não veio,
O quanto se produz em cada anseio
Num veio que levasse ao peito o amor,
E tanto sendo teu nada temesse,
E cada novo passo ora tecesse
Nas tramas mais sutis, raro fervor.

5


As rosas sobre esterco brotam belas
E mesmo em seus espinhos, a certeza
Do aroma que trazendo sem surpresa
A sorte que deveras me revelas.
Teus olhos são sinônimos de telas
Aonde se mostrando com leveza
O amor com toda forma em tal grandeza
Rompendo vãs algemas, duras celas.
O sonho se permite muito além
Do quanto em esperança sempre vem
E traça novo rumo, ou mesmo um passo
Vagando entre as estrelas, encontrando
Vontade de viver após e quando
Um tempo mais feliz agora traço.

6


As lágrimas que trago dia a dia,
Aumentam a certeza do vazio,
E sei do quanto possa e desafio
O verso sem temor, sem agonia.
O quanto tantas vezes poderia
Ousar a cada curva deste rio
Embora noutro tempo, mais sombrio,
A sorte desenhasse em agonia.
Jamais me esquecerei cada momento
E sei deste caminho onde me alento
No todo incomparável, plenamente,
A luta se traduz em todo instante
E o sonho quando a vida nos garante
Transporta o quanto quero e não mais mente.

7


As asas libertárias deste sonho
Transportam cada verso dentro em si,
O tanto quanto possa e percebi
Ousando num momento mais risonho,
E sei que todo amor que ora proponho
Expressa o velho encanto em frenesi,
Sentindo esta alegria eu concebi
E nisto novo enredo ora componho,
Bebendo com fartura esta esperança
A vida se proclama e à paz nos lança
Morrendo pouco a pouco, lentamente.
O verso se desnuda em alma insana
E sorvo esta vontade que se emana
Do todo que transborda em nossa mente.


8


Ouvisse dos silêncios esta voz
Que tanto pude crer ser mais diversa
A vida noutro rumo ora se versa
E o peso se deixando noutra foz,
O quanto do meu mundo em raros nós
Ousasse p’ra começo de conversa
E quando na palavra mais dispersa
O mundo se moldara enfim feroz,
O corte se apresenta num instante
E o verso sem caminho se garante
Nascendo dentro da alma este momento
Aonde o que pudera mal suprimo,
E cada novo passo traz o limo
E nele o todo traz o desalento.

9


Murmuras com delícia teus carinhos
E sei dos meus momentos quando posso
Ousar neste caminho todo nosso,
Vencendo outros cenários mais mesquinhos,
Os tempos são deveras mais daninhos
E cada novo tempo agora endosso
Pensando no que fora algum destroço
Em dias tão malditos quão sozinhos.
O vento se propaga e traz notícias
De quem vivera além de tais delícias
A rude sensação de um nada ter,
Meu mundo se esvaindo noutro engano
Aonde quero o sonho sigo insano,
Mas busco imensamente este prazer.

10


A vida nos traria algum afago
Se o mundo fosse mesmo diferente
Ainda que deveras já se tente
Por entre os descaminhos eu divago,
E quando nos teus olhos eu me alago
Do mundo mais audaz, o impertinente
Cenário noutro tanto não se invente
E toda esta emoção em ti eu trago.
Não devo mais perder qualquer noção
E nada se demonstra em precisão
Somente o dia a dia que pudera
Traçar novo caminho ou mesmo até
Ousar nesta alegria e ter na fé
Palavra tão gentil quanto sincera.


11

Numa ansiosa noite em fúria e vento,
Ausente de teus braços; mergulhei
No tempo mais diverso e me estranhei
Ousando acreditar em raro alento,
Porém outro caminho agora invento
E sei da solitária e triste grei
Aonde cada passo que darei
Trará tão simplesmente o sofrimento.
Não quero acreditar que te perdi,
E todo pensamento leva a ti
Aquela que se fez deusa e profana,
O todo se aproxima e nos moldara
Apenas a beleza da seara
Que tanto me seduz, porém me engana.


12


Ousando na mortalha que me deste,
Presente de quem tanto desamou,
O tanto quanto quero e já nem sou
O que mais poderia em solo agreste,
Ainda que esperança em vão reveste
O todo noutro fardo se elevou
Matando o que mais quis e desfolhou
Aonde o mundo anseio em tom celeste.
Já nada mais comporta qualquer sorte,
Sem mesmo qualquer luz que nos conforte
Apenas o cenário se desnuda
E tento novo passo e nada faço,
A morte ocupa aos poucos tal espaço
E busco na emoção a mansa ajuda.

13


Amor que tanto fere e cicatriza,
Gerando a tempestade e mesmo assim
Depois de certo tempo chega ao fim,
Tornando-se decerto a leve brisa,
O quanto na verdade nos avisa
Do verso desenhado dentro em mim,
O vento se permite e traz enfim
O sonho onde esperança se divisa.
Não pude crer apenas neste encanto
E ver o que se tente e não garanto
Marcando com discórdia o sentimento.
Ainda quando quero novo tom,
A vida traz o tempo e deste dom
Felicidade anseio, e mesmo tento.

14

O amor abrindo os olhos, no horizonte
Diversos tons trazendo faces tantas,
E sei ou mesmo até tu me garantas
O quanto desta vida se desponte,
E vejo este cenário que me aponte
Palavras mais sutis em noites santas,
Pousando noutro ponto aonde encantas
Fazendo deste sonho nossa ponte.
O vento mais sutil, a majestade
Do amor que nos permite a liberdade
Do ser quando procura um manso cais,
E nada mais se visse senão isto,
O canto aonde enfim tento e resisto,
Marcando o verso em tons tão magistrais.

15


Sabendo em tua boca a doce vida
Que tanto desenhei em pensamento,
O quanto deste tempo traz e tento
A sorte mais ousada a ser cumprida,
Não tento outro momento, uma saída
E nela simplesmente me alimento
Do sonho mais audaz, raro tormento
Bebendo o quanto pude novamente
E sei deste cenário e me alimente
Do ser e do poder imaginar,
A vida noutro tom a se mostrar
Percorre cada veia e plenamente
Traduz o quanto é bom poder te amar.


16


A rude fantasia em primavera
Transcende ao próprio tempo e traz a lua
Deitando cada raio, bela e nua
E nisto toda a força que se espera,
Ousando acreditar no que tempera
O mundo noutra face; continua
E a sorte que deveras mais atua
Trazendo esta palavra ora sincera,
Vestindo o quanto tenho em esperança
Meu canto noutro tanto ora se lança
E bebe a sorte imensa do prazer
Noctívago procuro nos teus braços
Depois de tantos dias, duros, lassos,
O quanto quero e possa perceber.


17


Não quero que me queiras bem ou mal,
Apenas liberdade e nada mais,
Os sonhos são meus claros rituais
E bebo desta sorte o céu e o sal,
O mar que se invadisse, novo astral,
Imagens tão diversas, siderais
Envoltas por momentos mais banais,
O quanto se anuncia magistral.
Fascínios divididos, sorte e luz,
O tanto quanto quero e reproduz
O tempo mais audaz que se fizesse
Ousando acreditar num tom sutil,
Amor quando demais já não se viu
E toda esta esperança, encantos, tece.

18


Nascendo um sonhador, o mundo entorna
Além do que pudesse riso e dor,
Amores entre encantos, dissabor,
Palavra sem sentido amarga e morna,
O peso noutro tempo nos adorna
E gera o quanto possa em tal calor,
Vagando sem temer aonde for
O quanto se procura nos retorna.
Esbarro nos enganos de outras eras
E vivo tão somente entre tais feras
Geradas pela angústia em tom sutil,
Amante da verdade ou do futuro,
O todo que ora anseio já procuro
No canto que do amor ora se ouviu.

19


Num mundo feito em fúrias e desdém
Ousando acreditar em paz e glória
Guardando esta esperança na memória
O amor traz tudo aquilo que convém,
Embora o que pudesse já não vem
Sequer esta palavra merencória
Palavra se moldando peremptória
O corte trama o mundo sem ninguém.
O verso sem sentido, o caos profundo
E quando em ilusões tantas me inundo,
Induzes ao engano e tão somente,
O canto se aproxima do final,
O verso se mostrando mais banal
E esta alma em turbulência agora mente.,

20


Ter nas mãos o sonho mais gentil,
E crer neste poder que nunca tive,
Aonde na verdade me contive
O tempo noutro rumo se previu,
O verso com certeza não se viu
E nele nada mais pude ou estive
Enquanto uma esperança ora revive
O todo se moldara mais sutil,
Presumo novo rumo a cada passo,
O pouco que permito e já desfaço
Expressa a solidão e nada mais,
Ousando acreditar neste caminho
Eu sei e permaneço mais sozinho
Vencendo os mais temidos vendavais.


21

A lâmpada nos trazendo
A beleza dos lençóis
Em teus olhos, raros sóis
No meu sonho, mal contendo,
O luar nos envolvendo
E percebo em teus faróis
Meus olhares, girassóis
Num clarão já se embebendo
Das veredas tropicais
Dos momentos sensuais
Noite afora, adentra o fogo,
Imagino e não consigo
Viver sem tão raro abrigo
Ou fugir deste teu jogo.

22

Já me tomas nos teus braços
E desenhas com teu sonho
O que tanto ora proponho
Entre dias, claros traços,
Os meus versos, os teus laços
O que possa mais risonho
Refazendo o que componho
Dos anseios mais escassos.
Vejo apenas claridade
E se tanto já me agrade
O meu mundo se desnuda
Nesta força incomparável
Deste amor imaginável
Deste encanto em rara ajuda.

23


Quem me dera ser o filho
Da esperança mais audaz,
Se meu sonho já me traz
O desenho do andarilho
Na alegria que ora trilho
O que molda a nossa paz
Poderia e satisfaz
Emoção em raro brilho.
Vencedor sendo vencido
Neste amor eu não me calo,
Sou teu amo e teu vassalo,
O que tenta algum sentido
Num momento mais sublime
Que de toda a dor, redime.

24


Se voluntariamente
Entranho nos teus sonhos
Mesmo em dias enfadonhos
Nada mais já nos desmente,
O que a vida se apresente
Em caminhos mais risonhos,
Outros tantos vãos tristonhos
Esperança não se ausente.
E versando sobre o tanto
Que desejo e te garanto
Num momento sem igual,
Versejando sobre o tempo
Cada dor é contratempo,
Mas o gozo é magistral.

25


Meu caminho abandonei
Nos anseios do passado
E se tanto fui errado,
Hoje sigo plena a lei,
O que possa desejei
E se moldo sem enfado
O caminho que ora evado
Noutro tom eu recriei.
E vagando sobre as ondas
Mesmo quando tu te escondas
Encontrando cada passo
Deste tanto que desejo
Nosso amor, com mais traquejo
Na emoção sutil eu traço.

26

Os meus dias e cansaços
Os meus versos, meus anseios
Outros tantos novos meios
Ditam velhos mundos lassos
E se posso nestes traços
Encontra supernos veios
Vou seguindo sem rodeios
Ocupando outros espaços.
Nada mais se vendo após
O que possa dentro em nós
Vicejar em sentimento,
Vivo apenas o que possa
Na verdade a sorte nossa
Traz o quanto quero e tento.

27

Entregando o coração
Sem ter medo em tal furor
Vivo intenso e raro amor
Em sublime dimensão,
Mesmo quando em solidão,
Já não sinto tanta dor
Se o caminho é redentor,
Tento a clara remissão,
Dos enganos, meus engodos
Meus momentos; quero todos
E sem medo do que venha,
A palavra nos sacia
Quanto amor em fantasia
Traz em si o que convenha.

28


Sem ter cetro nem coroa
Sem ter reino nem castelo,
O que tento e ora revelo
No passado em vão ressoa,
Apresento esta canoa
E se possa o quanto é belo
Noutro tempo em paz em selo
Vivo em luz intensa e boa,
Resumindo o quanto quis
Muito embora ser feliz
Seja apenas um momento,
O caminho se resume
Nesta essência onde este ardume
Traz o quanto busco e tento.

29

Nos meus olhos refletidos
Os momentos onde um dia
Muito ou tanto poderia
Noutros sonhos envolvidos
Passos firmes, decididos,
Outro canto em utopia,
Versejando em alegria
Penetrando tais sentidos.
Procurando algum alento
Mesmo quando em sofrimento
Tento um verso diferente,
Marcas várias, canto nosso
Do meu mundo agora aposso
Quando o encanto se apresente.


30


Minha alma se perdendo
Nesta escada, vão degrau
Onde o tempo, rude e mau
Outro caos, velho remendo,
E deveras me envolvendo
Um cenário em ritual
Explorando em raro astral
O caminho em dividendo,
Sigo estrelas e te vejo
Percebendo cada ensejo
Mesmo quando solitário,
O meu verso noutro rumo,
O momento em que resumo
Novo termo; solidário...

31

Os diversos canivetes
Outras facas, foice, adaga,
A verdade em cada plaga
O que agora me prometes,
Onde tanto já competes
E a certeza nos afaga
Coração tanto divaga
E nem mais me comprometes;
Refletindo o que se trama
Na esperança a viva chama
Que vivera e se mostrara
Mais sutil a cada instante
Novo mundo se garante
Dominando tal seara.

32


Nada enquanto a vida traz
O tormento de um passado
Muitas vezes desdenhado
Ou deveras mais fugaz,
O resumo que se faz
Da incerteza aonde brado
Ou decerto em manso prado
Um caminho contumaz,
Já não cabe mais certeza
Do que possa sem surpresa
Desejar e mais querer,
O meu mundo bem soubera
Reviver a primavera,
E traçar algum prazer.

33


Vento trama simplesmente
O que o tempo não reclama
E se tanto a vida mente
Noutro encanto traz o drama,
E vencendo o quanto exclama
A verdade plena mente
E se molda em lodo e lama
Desnudada plenamente.
Quero a paz que não viria
Quero a sorte dia a dia
E o que possa me mostrar
Nesta tal indiferença
O que agora me convença
Do poder, saber te amar.

34


Jogos feitos, mesa farta
Rolam dados e esperança
O que tanto ora se lança
Do meu mundo já se aparta,
Cada sonho, velha carta
Perco o rumo e a confiança
Vibro em plena temperança
Nada mais tome e comparta.
Vicejando esta vontade
Que decerto nos invade
E amortece o sofrimento,
O momento mais diverso
Onde quero e tanto verso
Traz amor que ora alimento.

35

São diversos os anseios
São deveras do meu jeito
Todo encanto que ora aceito
Traz da vida vários veios,
E pudesse sem rodeios
Desenhar onde me deito
O que possa em raro pleito
Procurando fins e meios.
No começo a rara lavra
Traduzida na palavra
Que pudera amenizar,
Porém vejo o reboliço
Neste tempo movediço
Noutro passo, tropeçar.

quinta-feira, 21 de abril de 2011

1

Quando pairando acima dos meus erros
Encontro os meus sinais já derramados,
Os dias entre tantos, enganados
Os campos se moldando em meus desterros,
Apenas vejo além tantos enterros
E corpos entre vários, desarmados
Os medos são diversos; desenhados
Moldando no horizonte turvos cerros.
O engano mais comum, a sorte atroz
O vento que trouxesse uma esperança
A vida noutro encanto já se lança
E sei do meu caminho em rude foz,
Navego pelo anseio nesta ausência
E o rio traz na morte uma afluência.


2

Quem dera se puder cosmopolita
O vento mais atroz ou mais suave
E quando na verdade não se agrave
A vida noutro tom já se permita,
O quanto se mostrara mais aflita
A luta que temível sempre entrave
O passo mais audaz, amor é nave
E o que inda se permite nos reflita
Ao vicejar um sonho nada vejo
A sorte se mostrando sem traquejo
Explode um anseio sem igual,
Meu rude caminhar envolve a luta
E sei da dimensão quando reluta
Palavra noutro tom mesmo venal.

3

Minha alma num recôndito vazio
Expressa e mesmo dita o velho não
A sorte se transcorre em negação
E o tempo noutro engodo negocio,
O mundo se mostrando neste estio,
Moldando com terror esta expressão,
Vagando novamente em solidão,
O canto noutro espaço ora recrio.
E vivo tão somente o que pudera
Gerando dentro da alma a leda esfera
Que nunca poderia ser diversa
Do quanto que meu sonho traz e toma
A vida que tentara ser a soma,
Apenas noutro rumo, desconversa.

4

Aporto meus caminhos e procuro
Apenas o vazio se permite
A vida se trazendo sem limite
Num átimo, o cenário mais escuro.
E quando em solidão, tanto perduro,
O canto noutro tom já necessite
Do todo que deveras se acredite
Marcando o solo amargo, escuso e duro.
Resumos de outras sortes onde tento
Vencer o mais dorido pensamento
Prevendo o fim do jogo e nada mais,
Somente o que inda possa me trazer
A sorte noutro rumo, sem prazer
Imerso nos imensos vendavais.

5


Já não me caberia melhor sorte,
Apenas a verdade e o fim de tudo,
Querendo novo passo, desiludo
E bebo o que jamais sei, me conforte,
O tempo anunciando cada corte,
O velho coração persiste mudo
E quando no final já me transmudo,
Reparo o que pudesse sem suporte.
O preço a se pagar em juros altos,
Os dias são deveras mais incautos
E os passos não trariam um alento,
O verbo se traduz noutro passado,
O velho caminhar por onde evado
E o quanto se mostrara enquanto tento.

6


Não mais vejo a palavra se mostrando
Diversa da que tento e não viria,
Ousando acreditar na fantasia
Que o mundo representa, mesmo infando,
Pudesse acreditar e desde quando
O marco noutro tom descreveria
O todo que traduza uma alegria
Do tempo pouco a pouco desabando.
O medo não traria qualquer sorte,
Apenas o cenário aonde a morte
Comporte o fim de tudo e nada mais,
Um gole de café, um sonho rude
E o quanto na verdade mais eu pude,
Não traga o que se mostra ser jamais.


7


Abraço os meus anseios e prometo
Apenas um momento mais sutil,
E quando o meu caminho se previu,
Invento novamente outro soneto,
O quanto do meu mundo eu arremeto
E bebo mesmo o sonho mais gentil,
O tempo se desenha e sendo vil
Transcende ao próprio engano que cometo.
Eu vivo sem sentido e sem razão,
A vida se aproxima em negação
E vendo o que me resta nada tenho,
Somente este cenário sem empenho
O vento não traria qualquer luz
Aonde o meu anseio reconduz.

8


Apresentando a queda após o sonho,
Ao menos o meu mundo se faria
Diverso do que possa em fantasia
E nele todo o manto que proponho.
Ousasse além do quanto é enfadonho
O mundo sem se ter na poesia
O quanto mais depressa se faria
Num tempo cada vez claro e risonho,
E tanto quanto pude imaginar
O verso se fazendo num instante
Aonde o que se quer e se garante
Não tem sequer momento e nem lugar,
O verso condizendo com meu canto
Apenas traduzindo o desencanto.

9

O quanto poderia neste esquálido
Cadáver penetrar com tuas armas
E quando no final já tanto alarmas
O dia se mostrara quase inválido,
Apenas desenhando o rosto pálido
E as tramas entre dramas, nossos carmas
Os dias que deveras não desarmas
Matando o quanto pôde ser mais cálido.
O corpo apodrecido da esperança
A luta que decerto sempre cansa
Quem fora mais que rude, um sonhador,
Agora se apresenta em mesmo corte
A vida que seguindo sem suporte
Traduz o quanto resta em leda dor.

10


Um infecundo sonho, aborto em vida
O vento dominando este cenário
O canto que pudesse, imaginário,
A luta noutro tanto desprovida,
A sorte sem saber desta envolvida
Palavra num momento temerário
O corpo dissimula o mesmo e vário
Momento aonde a dita é consumida,
Versando sobre o nada que aparenta
A morte quantas vezes virulenta
Rondando noite e dia cada passo,
Ousando acreditar em nova senda
A noite na incerteza não desvenda
O quanto sem sentido algum eu traço.


11


Ousar vencer até tantas saudades
E crer num sentimento mais feliz
O tanto que se quer e antes não quis
Os dias quando inúteis, vês e brades.
Trazer no teu olhar felicidades
E ver o quanto queira este aprendiz
Vivendo etereamente e por um triz
Romper as ilusões, diversas grades.
Ainda que eu pudesse noutro instante
O quanto se propõe e se garante
No tempo mais audaz e plenamente.
A vida se anuncia embora atente
O tempo noutra face mais gentil,
Pensando no que amor pudesse e viu.

12



Navego sobre as ondas mais audazes
E sei do quanto possa navegar
E neste mesmo rumo ao caminhar,
Encontro a solução que agora trazes,
Momentos mais difíceis e tenazes
O tempo se mostrando devagar,
Sem ter sequer algum mero lugar
Embora me atormente em tantas fases.
O passo sem sentido e sem razão
A mesma sorte dita a negação
Do verso sem temor, em desatino,
O canto mais feliz e o verso em vão,
Apresentando a mesma dimensão
Enquanto noutro rumo eu me destino.


13

Bebendo cada gole da vontade
Equilibrando a vida entre estas mãos,
Os olhos procurando pelos vãos
Mudando o que se trace em veleidade,
O vago caminhar enquanto evade
A solução traduz em vários nãos
O medo destruindo tantos grãos
Matando o quanto resta em liberdade
Não tento nem procuro ousar no engodo
Que possa me trazer somente o lodo
E o ledo desejar em noite vã,
A luta se desdenha a cada instante
E o fim deste desejo se garante
Marcando a própria vida ora malsã.

14


Não quero acreditar no que me dizes
Os olhos buscam cenas quando possa
Trazer a solidão somente nossa
Em dias mais doridos, sempre grises,
O canto mostra claras cicatrizes
E o verso sem remédio já se apossa
Do ledo caminhar, imensa fossa,
Imersa nos momentos infelizes,
Pousando o coração, ave nefasta
Crocita enquanto o sonho mal se afasta
Nascendo de minha alma este vazio
E sei do quanto possa dia a dia,
A vida noutro ponto não traria
Sequer o que se mostra mais sombrio.

15

Resplandecente sol que imaginara
Trazendo esta manhã que não viria,
A luta se moldando em agonia
O medo dominando esta seara,
O corte que propõe já desampara
Cerceia com terror a poesia
E mata com seu canto o dia a dia,
E nada mais do sonho enfim restara…
O verso sendo mais do que busquei
O tempo que deveras desejei
Anseia pelo encanto que não veio,
Apenas sigo o tempo e nada mais,
Ousando procurar e quando esvais
Enfrento este cenário em tal receio.

16

Bastando alguma luz
A quem se fez além
O tempo sempre vem
E ao nada me conduz
O verso que propus
O canto sem ninguém
O que jamais convém
Decerto não seduz,
Redime cada engano
E quanto mais me dano
Maior a queda após
O vento se aproxima
E muda todo o clima
Calando a nossa voz.

17


O meu canto se transforma
No que tanto poderia
Outra sorte, novo dia,
Mas seguindo a velha norma,
A palavra que deforma
A verdade onde se adia
O meu tempo em agonia,
Outro tempo, mesma forma.
Cada vez que se apresenta
Outra luta, esta tormenta
Traz o quanto não se quer
O versar sem mais cuidado
O meu mundo sempre errado
Outro anseio, se vier.

18


Nada mais se vendo quando
O meu mundo desabasse
Novamente neste impasse
O desenho emoldurando
A verdade em contrabando
O tormento que negasse
O que tanto possa e passe
Vagamente desenhando,
Tempo dita temporais
Onde sei que amor jamais
Poderia ser assim,
A palavra anunciava
A verdade, rude escrava
Que alimento dentro em mim.


19


Nada mais eu pude ver
Nem talvez mesmo quisesse
O que tanto dita a messe
Pode dar algum prazer,
A vontade de viver,
O que o tempo agora tece
E jamais o peito esquece
Merecesse o quanto ser
Não teria qualquer chance
O que a vida nos alcance
Já não traz felicidade
Bebo o fim do quanto tenho
E se vejo o teu empenho,
Meu caminho se degrade.

20


Nada espero do futuro
Nem tampouco do passado
O meu tempo relegado
Ao que tanto mais procuro,
Solo torpe, amargo e duro
O momento aonde brado
Outro canto desenhado
No vazio sobre o muro,
Quero apenas liberdade
E jamais imaginei
O que pude na verdade
Ter apenas como lei,
Sem saber da claridade,
No vazio eu mergulhei.

21

Marco o tempo e sigo em frente
Nada mais eu poderia
Tanto quanto em alegria
O meu mundo agora enfrente
Sem saber do que apresente
Esta sorte mais sombria,
Vicejando em ironia
O que possa e não se sente.
O verter de outro momento
Onde o quanto quero e tento
Num cenário mais sutil,
O meu mundo sem proveito
A esperança que ora aceito
E o que o tempo jamais viu.

22

Já não cabe outro caminho
Nem tampouco algum espaço
Onde o quanto sou sozinho
Levemente tento e traço,
Risco o tempo mais daninho
E vencendo este cansaço,
O meu mundo aonde alinho
Traz somente um sonho escasso,
Nada mais pudesse ter
Quem deseja conceber
Qualquer tom, velho soneto
Entretanto nada tenho
E se agora mesmo eu venho,
Nada além possa e prometo.

23

Resumindo cada sonho
No que tanto desejei
Outro tempo caminhei
Num cenário mais bisonho,
O que possa e te proponho
Dita a velha e nobre lei
Da verdade onde estarei
Noutro mundo que componho.
Levo os olhos e procuro
Mesmo estando em tal escuro
Uma luz que não viria,
A verdade sem razão
Outro tempo em emoção,
Vasculhasse a fantasia.


24



Eu não quero acreditar
Nem tampouco poderia
No que vejo dia a dia
Ou no quanto imaginar,
Outra sorte num luar
Que invadindo esta sombria
Noite traz em agonia
O que pude desejar.
A verdade não se cala
A saudade que avassala
Toma todo este universo
E se fosse tão somente
O que agora se pressente
Ousaria noutro verso.

25


Nada mais se vendo após
O que tanto desejei
O caminho que busquei
O cenário mais atroz,
Vejo o quanto existe em nós
E talvez, amor qual lei
Entranhasse onde encontrei
Outro canto em mansa voz.
Na verdade o que se tenta
Mesmo em senda virulenta
Quem pudesse moldaria
O que quero e não consigo,
Condenado ao desabrigo
Como mera fantasia.

26


Nada mais pudesse e tento
Mergulhar neste vazio
E sabendo o desafio
Trago aberto o pensamento,
A verdade em novo intento
Quando posso e me recrio,
Traça o rumo em desvario
E cerceia o sentimento,
Vagamente a luta eu nego
E caminho, mesmo cego,
Procurando algum sinal,
Do que tanto se firmasse
Neste mundo em vago impasse
Nem um pouco racional.

27


O meu mundo desabando
O meu canto sem proveito
E se tanto o sonho aceito
Vou seguindo noutro bando,
Meu momento desde quando
Noutro tento não rejeito
O que possa sem defeito
Transformar em canto brando,
Velho engano aonde a vida
Traz apenas a ferida
Tão profunda velha chaga,
O que pude acreditar
Encontrasse algum lugar
Onde a vida tenta e vaga.

28

Tanto amor em opulência
Tanto medo a se moldar
Onde possa em tal ciência
Noutro enredo desenhar
O que traz em paciência
A vontade de buscar
O que seja coincidência
Ondulando em raro mar,
Nada mais se poderia
Num instante mais sutil,
Ver o quanto se sentiu
Nem talvez esta alegria
Meu caminho pelo mundo
Traz o quanto eu me aprofundo.


29


Nada mais quero e não posso
Nem sentir velha incerteza
Se dos sonhos sigo presa
O que tento não é nosso,
E se vivo e me remoço
Na importância em correnteza
Outra noite diz surpresa
Coletando algum destroço.
Resumindo cada verso
Onde possa imaginar
O caminho aonde imerso
Desejei tanto lutar,
E se possa ter nas mãos
Outros rumos, velhos vãos.

30


Se também não se anuncia
O que possa noutra fase
O caminho se defase
E moldasse o velho dia,
A verdade em ironia
Romperia qualquer base
E o meu mundo não embase
O que eu sonho em harmonia.
O perdão não se apresenta
Onde vejo esta tormenta
Dominando este cenário,
O medonho desejar
Traz apenas o vagar
Sem saber do itinerário.

31


Não traduzo cada verso
No que possa ser além
E o meu mundo não convém
A quem tenta este universo
E se posso ou me disperso
Na verdade, sendo alguém
Que traduza qualquer bem
Ou caminhe ora submerso,
Vagamente vejo a vida
De tal forma construída
Que jamais me produzira
Um momento em tal franqueza,
Quando sou a mera presa
Deste mundo, uma mentira.


32

Nada mais eu pude enquanto
O meu mundo foi assim,
O que trago dentro em mim
Na verdade não garanto,
E gerando novo espanto,
Trago o todo morto e enfim,
Ausentando do jardim
Vou quarando com meu pranto,
A ilusão se fez presente
E se tanto o tempo sente
Novamente vou em vão,
Bebo a sórdida emoção
Que deveras negação
Noutro rumo se apresente.


33


Já não cabe qualquer sonho
E talvez até pudesse
Se no fundo ouvisse a prece
Que em meu mundo ora proponho,
Versejando sobre a messe
Ou tentando o que componho,
O cenário ora enfadonho
A verdade desconhece
O passado representa
A versão mais violenta
De um momento que não veio,
Apresento sem cuidado
O meu mundo todo errado,
Revoluto e em devaneio.

34


Nada mais se vendo após
O que tanto poderia
A verdade dia a dia
A saudade viva em nós
O meu canto em leda voz
Claridade não veria
Nem tampouco a fantasia
Que se molde, mais feroz,
Escutando este marulho
Do que possa já me orgulho
E mergulho no teu braço,
O meu mundo se apresente
Onde tanto o que é frequente
Superasse amor escasso.


35


Já não cabe mais sonhar
Nem tampouco ter em paz
O que tanto a vida traz
E deseja a se mostrar
Na nudez a se moldar
O caminho mais tenaz
E vivendo o que se faz
Nesta noite de luar
Vejo o sol neste horizonte
E se possa e já me aponte
Qualquer raio feito em luz,
O meu mundo se permeia
E traduz a lua cheia
Ou ao céu raro conduz.

quarta-feira, 20 de abril de 2011

1

O quanto resumisse no que trago
Galgando novo espaço aonde eu possa
Trazer esta expressão que fora nossa
E nela se permite um mero afago,

E quando sem sentido algum divago
O prazo se imolando no que empossa
A vida sem sentido já destroça
O tempo mais atroz onde me alago,

E vivo tão somente o quanto pude
Sentir a sorte em rara plenitude
Moldando o dia a dia mais feroz,

E sei do que restara dentro da alma
Coleto do passado cada trauma
Ouvindo da esperança a mera voz.


2

Não quero qualquer tom que se difira
Do canto que aventara ser diverso
E quando neste encanto tanto verso
Ousando acreditar nesta mentira

O tempo sem valia não retira
Do mundo em consonância o tom perverso
E sei do quanto vivo em universo
Traçando quando a Terra teima e gira.

Não possa mais saber de outro caminho
E sigo mesmo sendo tão mesquinho
O fim que se aproxima deste infausto,

A vida não permite qualquer erro,
Mas quando se desenha em tal desterro
O amor se faz apenas holocausto.

3


Apresentar a sorte em tom audaz
E nisto o que se tenta não presume
O quanto deste sonho em raro ardume
A vida na verdade não mais traz,

O prazo se deixando para trás
Ao menos tentaria ver o cume
Dos sonhos e talvez este perfume
Que a luta sem descanso não desfaz,

O verso inverte o rumo e traz ao todo
Apenas a verdade em ledo engodo
E o modo de viver não mais seduz,

Quem possa acreditar no descaminho
E vejo o quanto tente se sozinho
Ousando mergulhar em contraluz.

4

Não vejo qualquer brilho em teu olhar
Cansado de vestir a hipocrisia
Do quanto novo tempo poderia
Diverso deste imenso caminhar,

E sei do que pudera em tal lugar,
Vestindo o meu sorriso em agonia,
E sei da tão temida nostalgia
Aos poucos sem sentido a me rondar.

O preço que se cobra não transcende
Ao quanto cada passo ora depende
Da luta que enfastia quem se quis,

O verso sem sentido ou mesmo rude,
E o canto noutro tanto desilude
E gera dentro da alma a cicatriz.

5

O medo não permite novo dia
E sei do quanto pude e não viera
Sangrando dentro da alma a longa espera
Que o tempo sem saber não mais traria,

O verso se inundando em voz sombria
A vida se desenha ora insincera
E sei do quanto possa e destempera
O mundo em mais diversa sintonia.

O vértice dos sonhos, meu ocaso,
A cada novo passo mais me atraso
E vejo os meus anseios mais distantes,

O quanto se resume no final
Apenas desejando o mesmo mal
Que a cada novo verso me garantes.


6


Ouvir a voz da noite em vento manso
E ter esta beleza no horizonte
Aonde a rara lua sempre aponte
O tempo sem sentido enfim alcanço.

E quando no infinito ora me lanço
Aumenta da esperança a leda fonte
E o passo que deveras já desponte
Resume o quanto quero e mesmo avanço.

Pudesse ter no olhar o brilho farto
E sei que cada verso que comparto
Expressa a solidão e me alimenta,

O tanto quanto pude noutro tom,
A vida se desenha em raro dom
Embora a sorte a veja virulenta.


7

Negar alguma luz e crer no rumo
Aonde o meu caminho se percebe
O tanto quanto invade a velha sebe
Expressa o que pudera e enfim resumo,

Meu canto sem saber do quanto aprumo
O vento noutro tom já se concebe
E a mera solidão, tanto recebe
O veto de quem segue em ledo sumo,

Apago dos incêndios de minha alma
O quanto na verdade não acalma
Nem mesmo me traria novo dia,

A morte se aproxima e decidida
Expressa a mais sublime e vã saída
Que o tempo noutro tom não moldaria.

8

Acolho os meus anseios e recolho
O tempo sem saber do quanto venha
A sorte se perdendo em leda senha
O vento rompe até qualquer ferrolho,

E quando a solidão expressa o molho
E tento desenhar o que convenha
Meu verso no vazio se desenha
E sei desta expressão, mirando este olho.

E vivo o que pudera sem saber
O quanto do meu mundo traz querer
E neste desejar nada me escuta,

A vida se resume no fastio
E tanto que se molda desafio
E sei da força atroz, audaz, astuta.

9


Não tenho mais razão para seguir
Apenas o cansaço me consome,
E quando o meu olhar expressa a fome
Negando o que inda possa no porvir,

O tempo se moldando a redimir
O quanto na verdade não mais dome,
O tempo se anuncia e sempre some
O todo que buscara a presumir,

Encaro os meus enganos e permito
O canto tantas vezes mais aflito
Espúrio companheiro do vazio,

E nada mais se perca além da rota
Que tanto quanto possa se denota
E nisto o meu caminho em vão recrio.

10


Apresentando o medo tão somente
E vendo o que se molde noutro encanto
O verso que desejo tanto e espanto
Não traz o quanto quero e não desmente,

O mundo tanta vez imprevidente
O rústico cenário em cada canto
Meu mundo se desenha em tal quebranto
E nada do que possa se pressente

Apenas o momento mais fugaz
E deixo meu caminho para trás
Vagando entre as estrelas que me deste,

O mundo se anuncia de tal forma
Ousando neste instante onde me informa
Da lúbrica emoção rara e celeste.


11


Quisera ser gentil e o tempo poderia
Ousar noutro momento, embora sem sentido
O verso mais agudo, eu sei quanto incontido
Trouxesse; quem me dera, um pouco de alegria.

Vivendo o quanto resta em leda fantasia,
O mundo não trará sequer o presumido
Caminho a se seguir, embora ressentido
Do tanto que se busca em método e harmonia,

Voltando o sentimento enquanto o sufocara
A vida poderia ser pelo menos clara
E amor entre tormento um bem muito maior

Porém a velha estrada, envolta em seus atalhos
Trazendo a cada curva os mesmos traços falhos,
Deveras dissabor, eu conheço de cor

12


Não tendo outra saída o que possa trazer
Um tempo aonde eu veja o sol ao se traçar
Envolto numa entranha e nisto caminhar
Sem ter sequer o quanto ousasse perceber

A luta determina o anseio de poder
Viver a plenitude e crer neste luar
Diverso do que tive em qualquer vão lugar,
Remando contra a fúria e nada conceber

A morte se tramando a cada instante eu vejo
E sei do meu caminho e quanto noutro ensejo
Mergulho sem defesa, encontro a solidão,

E dela sem saber o quanto poderia
Ousar imaginar a luta em novo dia,
Esbarro no meu erro e sigo sem razão

Apresentando engano e mesmo esta loucura
De quem já sem proveito, algum porto procura
E sabe tão somente da velha solidão.


13

Não tento outra verdade em noite vaga
O canto se perdendo a cada instante,
Apenas a mortalha me garante
O todo que deveras já divaga,

Meu mundo num momento agora afaga
E o corpo se entregando doravante
Explode num momento alucinante
E sei desta palavra que se traga

Invisto o meu anseio neste nada
E sei da velha rota, suja estrada
Que leva em plena noite ao vão fastio.

E bebo sem sentido cada gole
Da vida que deveras já me engole
E traz a cada passo o desvario.


14


Meu verso não teria a menor chance
E sei o quanto tento sem sucesso,
E quando imaginando o meu regresso
Sem nada mais que traga ao meu alcance.

A vida no passado então se lance
E cada vez que tento e recomeço
Apenas a verdade onde tropeço
E o medo se desenha em vão nuance.

Meu mundo descaído e sem saber
Do quanto poderia me envolver
Nas tramas mais sutis e mais ferozes,

Os olhos procurando algum momento
E nisto o que me resta ainda tento
Tentando subverter rumos atrozes.

15


Jamais pudesse ter qualquer verdade
No tempo feito em rude companhia,
O verso se moldando noutro dia
E o canto se mostrando em claridade,

Ousasse perceber a liberdade
E o velho caminhar que inda me guia
Por entre velhas rotas, cercania
Do mundo sem saber por onde evade.

O campo sem sentido, o velho anseio
E quando na verdade o quanto veio
Expressa a maravilha do que veja

Ensino em descaminhos outro tanto
Sabendo do que possa e já garanto
Tentando compensar cada peleja.


16


Não mais pudesse crer no firmamento
Que tantas vezes; nega este clarão
Preciso conversar e sei do não
Enquanto o caminhar se faz atento,

O mundo noutro instante sempre tento
Vencer os dias turvos que virão
Marcando com temor a sensação
Do corpo num etéreo movimento.

O prazo se transforma num segundo
E quando no vazio eu me aprofundo,
Vivenciando o corte que se faz,

Meu tempo determina o fim de tudo
E sei que no caminho onde me iludo
O passo é cada vez bem mais audaz.

17

Restauro os medos todos, velho cais
E sei do quanto vivo sem segredos
Os olhos procurando em tais enredos
Apenas em momentos desiguais,

Os erros tantas vezes são banais
E os marcos escorrendo entre meus dedos
Somente vislumbrando dias ledos
Envoltos entre ritos infernais.

O quanto pude crer e não viera
A sorte se transforma e não sincera
Explode em rude fantasia ou nada além,

Do que inda poderia em tom diverso,
Meu mundo pela vida ora disperso
E sei que no final nada contém.


18

A fúria não se aplaca de tal forma
Apenas se apresenta mais feroz,
O tempo que envolvesse enfim a nós
No todo sem sentido se transforma,

O canto se desenha e não deforma
O verso se apresenta como algoz,
O rumo se perdendo em vaga foz,
Ousando no que possa em velha norma.

Meu mundo se transporta sem um porto,
O amor que tanto quis, um mero aborto,
A rústica presença de um passado,

Desenho sem sentido e sem razão
Jogado pelos ermos do sertão
Há tanto sem proveito, abandonado.

19


Num átimo o que eu tive se esvaíra
E o canto se demonstra sem sucesso,
O verso se desenha e se regresso
Voltando o meu olhar vejo a mentira.

O canto na verdade se retira
Do quanto poderia em tal progresso,
Meu mundo quando muito tento e meço
Tramando as velhas lutas, frágil pira.

O rumo sem sentido e o velho passo,
Aonde na verdade o fim eu traço,
Traquejos de uma vida sem valia.

O quanto resta vivo dentro em mim
Traduz o quanto possa, mas enfim
Eu sei que na verdade não teria.

20


Não mais me envolveria em tais anseios
Nem mesmo poderia ser assim,
O tempo se aproxima do seu fim
E vejo do passado velhos veios,

Meus olhos entre vários devaneios
A seca toma conta do jardim,
E o preço a se pagar traduz em mim
Os dias mais doridos e receios

Já não me caberia melhor sorte
Senão a que talvez já me conforte
Tentando caminhar em meio ao nada,

A luta se desenha sem proveito
E quando o rio seca o próprio leito,
A vida segue atroz e desolada.


21

Que seja mais contido o verso quando
O tempo misturando voz e sonho
Trouxesse muito além do que componho
Ou mesmo novo instante me tomando,
O quanto da esperança se tornando
Um ato tantas vezes mais bisonho
Ou mesmo até num rumo que enfadonho
Percebo novamente enveredando.
O vasto caminhar no imenso céu
Coberto por estrelas, sem o véu
De brumas que impedissem o azulejo,
O tanto ou mais diverso desenhar
Entranha no meu peito, devagar
E o fim de cada história em vão prevejo.

22


Que seja preservado cada dia
No tanto quanto quero ser diverso
E nisto mesmo estando em vão perverso
O tanto que mais sonho poderia,
Poreja dentro da alma esta harmonia
E vivo expectativa de outro verso,
O canto noutro rumo estando imerso
Pudesse me trazer uma harmonia,
E agônico poeta sabe bem
Da mortalha suprema que convém
A quem se fez aquém do que se quer,
O vândalo percebe o fim do jogo
E tento penetrar em pleno fogo
Tentando algum destino, outro qualquer.

23

A vida sendo infame e contumaz
Traduz em morbidade o que foi festa
E o tanto que vivesse e não contesta
Uma alma muitas vezes mais tenaz.
Versejo sobre o quanto a vida traz
E bebo do horizonte em cada fresta,
A sorte tantas vezes mais funesta
O mundo noutro ponto se desfaz.
Ousasse acreditar no fim de tudo
E sei que na verdade desiludo
Herético caminho em tom sofrível
Meu prazo que extermina qualquer voz
De um tempo onde pudesse dentro em nós
Vagar sem perceber o imperecível.

24


Eu vejo bem vingado cada engano
Num ato mais atroz e mesmo rude,
O verso mais audaz já desilude
E mudo com certeza cada plano,
Arcando com meu verso, se eu me dano
No fundo tento mais do que ora pude,
E tendo em minhas mãos a plenitude
O vento se mostrando soberano,
Arcano, sigo em busca de mim mesmo
E quando na verdade me ensimesmo
Jamais eu poderia imaginar
O fim de cada caso num ocaso
E mesmo quando eu sigo; já me atraso
Tentando qualquer sonho a divagar.


25

Honrando os meus antigos pensamentos
Lutando contra o tempo que não veio,
Apenas vou somando outro receio
E sigo tantas vezes, desalentos.
Ousasse renovar os sentimentos
E crer no quanto possa, mas sigo alheio
Ao todo que tentara e não anseio
Além da imensidão dos vários ventos.
Reajo sem saber do que viria,
Senão a mesma senda, hipocrisia
E nela o que se vê não mais me importa,
A luta se abandona a cada instante
E o quanto inda me resta mal garante
A imensa sensação da velha porta.


26

Os dias que virão trazendo a glória
Que tanto procurei caminho afora,
O fogo da esperança revigora
E possa até mudar a velha história,
A mutação deveras merencória
O corpo que no fim já se devora
O término do sonho me apavora
E gera a mesma luta, vã memória.
O prazo se transforma em tempestade
O rústico cenário mais degrade
O tanto quanto quero e jamais pude,
O caos se provocando a cada queda
Instante sem destino o tempo veda
E nega qualquer passo em juventude.

27


Pudesse num instante mais complexo
Seguir os meus temores e encontrar
Ao menos o que seja algum lugar
E ter no meu olhar o mais perplexo
O canto se fizera sem reflexo
O tempo não me impede de sonhar,
Resulto de algum vago desejar
E deixo o coração, somente anexo.
Espero este momento aonde eu possa
Trazer uma esperança, clara e nossa
Vagando pelos mares mais distantes,
E sei do quanto a vida se resume
No tanto que se molda num ardume
E cada novo passo ora adiantes.

28


Vivesse entre os triunfos, raros louros,
Que a sorte vez em quando me apresenta
E sei do quanto possa em tez sangrenta
A luta noutros vãos ancoradouros,
Os dias que traduzem os vindouros
Anseios onde a sorte que atormenta
Moldasse esta paisagem virulenta
Buscando inutilmente seus tesouros.
O rumo se perdendo e nada veio
Somente o que tentasse e segue alheio
Ao passo que viera traduzir
O dia se anuncia no horizonte
E quanto mais o mundo agora aponte
Maior a sensação de algum porvir.

29


Não tive e nem teria escapatória
Divirjo dos meus únicos anseios
E sei da liberdade em raros veios
E morro tão somente sendo escória,
O tempo nesta sorte sem memória,
Os olhos entre enganos e rodeios
Os tempos são diversos, devaneios
Ousando acreditar na vaga história.
O canto sem razão, meu verso espera
Apenas a palavra mais sincera
Que possa resumir outra esperança,
Meu passo sem sentido segue em vão
Tentando acreditar em solução
Enquanto o próprio sonho ao fim me lança.


30



Não quero e não pudera acreditar
No quanto cada verso se moldara
Dourando com certeza esta seara,
Ousando noutro tempo a se mostrar,
A vida não permite o caminhar
E bebo da emoção sobeja e rara
Aonde o que se queira se escancara
Na luta que não pude controlar.
Vestígios de uma sorte mais audaz,
O tempo se mostrara mais capaz
E o corte traz apenas esta imagem,
De quem se fez aquém no dia a dia
E o tanto quanto possa me traria
O rosto de quem amo, qual miragem.

31


Não tenho mais momento algum em paz
E sei deste tormento que acumula
A vida sem sentir a própria gula
E nisto o que restara queda atrás,
O vento tantas vezes satisfaz
E molda o que em verdade dissimula,
A luta sem defesas nos engula
E mostre o caminhar bem mais tenaz.
Esbarro nos meus erros do passado
E sinto o velho tempo acumulado
Nos erros mais comuns do quanto eu pude,
No tempo mais feliz já nada vejo,
O quanto se pudera sem traquejo
E o verso na verdade segue rude.

32

Não vejo novo rumo nem procuro
Sabendo do meu mundo mais dorido
O verso noutro tempo resumido
Expressa a solidão em céu escuro.
O vento aonde segue e além perduro,
Sentindo esta emoção que traz no olvido
O tanto quanto possa e não duvido
Do todo desejado noutro auguro.
O canto sem razão, meu sonho inventa
E sei desta fortuna virulenta
Voracidade é tudo o que se vê
Volvendo num instante a ser quem era
O mundo renascendo em primavera,
Um sonho que em verdade não se crê.

33


Imperiosamente a vida traz
Momentos dolorosos e temíveis
Os dias sem saber dos velhos níveis
O canto se mostrando mais mordaz,
O velho acreditar deixa p’ra trás
Os erros mais comuns e imprevisíveis
Os tempos com certeza são terríveis
E o verso se mostrara sempre audaz.
Jamais eu poderia acreditar
No quanto o meu caminho não permite
Viver aonde vejo o meu limite,
Tentando novamente divagar,
A lua se expressando de tal forma
Aos poucos, cada dia se deforma.

34

O verso perdeu
O tempo voraz
O quanto já faz
Do todo que é meu,
Ao mesmo esqueceu
E nada me traz,
Deixou sempre atrás
O velho apogeu,
Esqueço e padeço
Antigo tropeço
Num ermo caminho,
Vagasse tão só,
Pisando este pó
Que forma meu ninho.

35

Tristeza domina
O olhar de quem sonha
A vida enfadonha,
O tempo extermina,
O todo fascina
A luta se enfronha
E bebo a medonha
Versão, leda sina.
O quanto pudera
A vida, esta fera
Que tanto corrói,
O sonho negando
Um dia mais brando,
Apenas destrói.

terça-feira, 19 de abril de 2011

1

Sou tanto quem pudera noutra fase
Vencer os desafetos mais vulgares
E sei que se deveras tu notares
O tempo perde logo a imensa base,
E quando a solidão decerto atrase
O passo em mais diversos lupanares
Encontro a solidão enfrento os mares
E o tempo sem ter sonhos se defase.
Acenos entre engodos, medos vários
E os dias entre tantos temerários
Não trazem as razões que procurei
Ousasse ser feliz e nada disto
Traria o que tanto ora desisto
E marca com terror a dura grei.


2

Não mais encontraria o que se queira
E nada mais se vendo após a meta
Aonde a solidão não mais completa
Sequer esta verdade, a derradeira,
O tempo se alinhando em tal bandeira
A sorte no vazio se repleta
E sei do quanto possa ser direta
A vida numa sorte costumeira.
O verso sem sentido o tempo, o ocaso
E quando na verdade mal defaso
O rústico momento em tom sutil,
O verso se desnuda e nada traz
Senão a mesma face mais mordaz
Enquanto o que se quer já não se viu.

3

Presumo qualquer fato aonde não viera
Sequer o que se tenta ou mesmo não condiz
Com toda esta incerteza, e traz em cicatriz
A marca mais ferrenha, audaz desta pantera.
O sonho na verdade não tendo o que se espera
Espreita e delirando apenas por um triz
Encontra no vazio cenário amargo e gris
O medo reproduz o quanto desespera.
O manto já puído, o verso sem valia
E o tempo consumido em torpe fantasia
A noite não traria sequer qualquer apoio,
Nascente se perdendo aonde eu pude ver
O canto noutro engano aos poucos se perder,
Regato segue além e não conhece o arroio.

4


Na parte que me cabe apenas solidão,
O verso sem sentido o medo, intolerância
A sorte se moldara e sei desta ganância
Marcada pela luta embora seja em vão
O mundo se transforma e toma a dimensão
Do que pudera ser em cada nova estância
A vida não teria sequer tal discrepância
E nisto novo instante espalha a direção
Do vento sem sentido e mesmo sem proveito,
O quanto deste encanto agora não aceito
E bebo a minha morte em goles generosos
Os dias que busquei na noite mais escura
A sorte sem sentido deveras não perdura
E mata desde sempre instantes generosos,


5

O tempo se mostrara em cada fase apenas
Moldando o quanto possa e nisto me profanas
Enquanto na verdade as horas mais insanas
Traduzem o que possa e logo me condenas,
O rumo se desenha em vez de serem plenas
As tramas que resumo em horas desumanas
Marcando com temor o quanto já me danas,
E venço sem sentido as tramas mais serenas.
O risco de sonhar, o tempo se emoldura
E nada mais se vendo aonde esta loucura
Sacia a desventura de um podre sonhador,
Realço cada engano e nada mais se vendo
Semeio sem proveito o solo atroz e horrendo
Matando o quanto possa o velho agricultor.

6


Não tive melhor sorte e nem sequer teria
Sabendo da verdade e nisto eu tanto quis
Vencer a tatuada imagem, que condiz
Com toda esta incerteza e nela a fantasia,
Errático cometa perdendo o que viria
Bebendo o quanto possa, seguindo por um triz,
Anseio o que se mostra no tom mesmo infeliz,
Resulto do cenário em louca sincronia.
Meu prazo não teria sequer qualquer alento
E quando na verdade o tempo teimo e tento
Apenas resumindo em versos mais doridos
Os dias entre tantos já muito destruídos
E o verso sem respaldo o mundo silencio
E gero dentro da alma apenas o vazio.

7


Não quero acreditar nas tramas do infinito
E tanto quanto possa navego noutro espaço
E vivo o que deveras agora já não traço
E sei do que vivesse em cada novo grito,
Meu mundo se anuncia em tom diverso e aflito
E apenas o que traga envolto no cansaço
Espera o que pudesse atar em cada laço
O quanto mais queria e mesmo necessito,
Nevascas dentro da alma e inverno me tomando
Aonde o tempo fora outrora manso e brando
Agora sem certezas jamais eu pude ver
O que inda poderia ao menos recolher
Vagando sem saber o quanto não mais vejo
Matando esta esperança em tétrico desejo.

8


Apresentando o caos e nada mais se vendo
O mundo noutro vão, a luta se apresenta
E sei da sorte amarga e tanto virulenta
Num canto sem sentido, num ermo mais horrendo,
E bebo o quanto possa e nada mais desvendo
Senão a voz que rege o tom desta tormenta
A morte que viria aos poucos me apascenta
E nada mais pudera enquanto sou remendo
Do corte mais profundo e mergulho em vazio
Aonde o que se quer já não possa, porfio
Lutando contra o caos que logo se anuncia
Marcando com a dor a sorte que não veio
E vejo e sigo alheio ao sonho em fantasia.

9


Não quero novo mundo e nem saber do fato
Aonde o que resumo deveras possa ser
O canto desdenhoso e sem qualquer prazer
Enquanto o que restasse jamais possa e constato,
O mundo sem sentido agora mal retrato
E vejo o meu caminho aos poucos se perder,
Navego contra a fúria e nada tento ver
Senão a mesma luz em tom diverso, ingrato
Reflito o que não vinha e nada mais teria
Cerzindo em rude teia a leda fantasia
O verso sem sentido a sorte em tom atroz
O manto se presume aonde calo a voz
E vendo o que anuncia a luta mais insana
A vida pouco a pouco somente desengana…


10


Não quero o que me trazes
Tampouco o quanto deste
O canto mais agreste
A vida em duras fases
O mundo entre mordazes
Cenários que se empreste
E gere o que deteste
E sei já nada fazes.
O fim se aproximando
O tempo se moldando
Na luta sem sentido
O verso se presume
No quanto vou sem lume
Há tanto já perdido.


11

Espírito do amor, que traz à vida
A sorte tantas vezes desejada
E vejo quanto possa e já me invada
A luta noutra senda presumida,
Enquanto vejo a luta distraída
Marcada pela angústia, busco o nada
E sei do que pudera e ora se evada
Lacrando com firmeza uma saída,
O amor que se pensara ser eterno,
O passo mais soturno em pleno inverno
Ascende ao que se fez em tom sutil,
O verso se presume no vazio
E quando em tal ardume desafio
O tempo noutro intento não se viu.


12


Mulher que esta ilusão tanto cevasse
Gerando novo sonho em tom suave
E quando mais a vida agora entrave
O tempo venceria algum impasse
E sei do quanto possa em desenlace
Diverso do que tanto já se agrave
A vida se mostrando fosse uma ave
Que ao seu destino em paz ora lançasse
Meu tempo se esvaindo neste pouco
E sei do quanto possa e me treslouco
Ousando acreditar num mero tom,
E sei do meu anseio sem proveito
E quando no final o rumo aceito
Esqueço da esperança qualquer dom.

13


A minha ansiedade cumpre o rito
E traz o quanto quis e não viera
A sorte se desenha e da quimera
Apenas o que tanto necessito,
O verso sem sentido o velho grito,
A ausência mais comum da primavera
E o tempo que decerto desespera
Aonde o meu cenário eu mal reflito,
Encontro os rastros tantos do passado
E vejo o meu caminho desenhado
Nos torpes e diversos tons atrozes,
Ainda que pudesse acreditar
A sorte gera apenas mais algozes
E o mundo se perdendo a divagar.

14


Um dardo penetrante, a seta fere
E gera tão somente outro caminho
E sei do quanto pude ser daninho
Enquanto a própria vida nada espere
Senão cada momento e se interfere
A luta que pudera em tom mesquinho
Vivendo o quanto pude ser sozinho
Sem nada que decerto a alma libere.
O medo se traduz em nada ser,
O verso se anuncia a se perder
Dos ermos de minha alma sem paragem,
Amor em tom diverso e mais gentil,
Deveras o que tanto não se viu,
Traduz apenas sonho em vã miragem.


15


O vento em remoinhos, a verdade
Gerando em turbilhões outros momentos
E neles resumindo em desalentos
O quando desta vida me degrade,
O verso se traduz e a realidade
Expressa os mais diversos sofrimentos
E sei dos meus anseios e tormentos
No quanto possa além da claridade.
O canto se perdendo, em luta e caos
Os dias entremeiam os degraus
E vejo sem sentido algum meu passo
E quando em tal anseio se perdendo
Apenas o que resta, este remendo
Que mesmo em tempestades já desfaço.

16

Em inconstante passo a vida leva
O tempo além do quanto eu poderia,
E sei do que coubera em fantasia
A sorte desenhando em rude treva,
A vida renegando cada ceva
Apenas a mortalha colheria,
E o vento que traduz uma utopia
Nesta alma sem sentido volve e neva.
O medo sem certeza, o tempo rude,
O quanto na verdade não mais pude
Depois do meu momento mais atroz,
A luta sem certeza, o verso ainda
Aos poucos na verdade se deslinda
Calando pouco a pouco a minha voz.

17

Um velho passageiro em devaneio
Vagando pela noite sem sentido,
O tempo noutro enredo resumido,
O tanto quanto possa e nada veio,
O olhar se desenhando em tal receio
Meu canto que deveras dilapido
E sei do que pudera em esquecido
Momento sem saber, porquanto anseio.
Apenas resumindo o verso em tom
Diverso do que outrora fora bom,
Apresentando a morte qual saída,
O vórtice aproxima e nada faço,
Somente o meu momento mais escasso
Traduz o que já fora a minha vida.

18


Tu és o meu primeiro e bom desejo
E nisto o quanto quis já poderia
Trazer no tom maior a sincronia
Que possa desenhar o quanto vejo,
E sei do que deveras mais almejo
Em noite mesmo vaga e tão sombria,
O tempo noutro tom se moldaria
E vivo o que sonhando em paz prevejo.
Procuro pelo menos um momento
Aonde o que pudera em raro alento
Trouxera esta certeza mais sutil,
E o quanto do meu mundo desabasse
Ainda que moldasse em desenlace
O quanto se perdeu ou não se viu.

19


O mar que nos trazendo a imensidade
Entoa com seus sons a maravilha
Da vida que pudesse em cada trilha
Trazer além da rara liberdade,
O quanto se aproxima e agora invade
E nisto a lua toma, e o sol rebrilha
O amor como se fosse enfim uma ilha
Expressa toda a sua claridade,
E vejo o que busquei o tempo inteiro
Ousando nas entranhas de um saveiro
Vencer estas correntes e marés,
O tempo se anuncia em claro tom
E o verso se moldando em raro dom
Traduz o quanto existe por quem és.

20

As ondas mais serenas, vento manso
E o tempo se moldando de tal forma
Que nada mais deveras já deforma
O quanto deste sonho agora alcanço,
E vejo o que pudera e sempre avanço
E mesmo que se veja em tal reforma
O tanto quanto a vida em paz informa
Deveras não me perco nem me canso,
Apenas esperando alguma sorte
Que tanto na verdade me conforte
Marcando com ternura o que não veio,
O vento noutro rumo, o tom sutil,
O amor que tantas vezes já se viu
Ousando noutro passo, em devaneio.


21

Numa praia distante, o pensamento
Invade a mansa areia e traz o sonho
E quanto mais o quanto ora proponho
Difere do que tanto na alma tento
E vejo o cenário em movimento
E nisto o alento que componho
Expressa o meu momento mais risonho
E noutra direção sentindo o vento.
Enfrento os mais diversos vendavais
E sei do quanto possa e tu contrais
Os músculos desta alma enternecida
Respaldos de uma vida em mansidão
Ouvido deste mar a imensidão
Nas ondas mais ferozes, traduzida.


22


Iluminando o quanto existe em mim,
Vagando sem destino em noite espessa
O tanto que inda quero não mereça
O tempo se distando em longo fim,
O verso se anuncia e sei que enfim
O todo ao invadir minha cabeça
Expressa o que talvez não reconheça
Sequer o que vivera ou mesmo assim,
O terminar dos versos entoando
Um sonho que julgara outrora brando
E agora mal percebo não se engrena
O mundo quando possa ser perverso
Traduz o quanto mesmo desconverso
E repetindo sempre a mesma cena.


23

Pudesse acreditar noutro momento
Aonde o que se faz expressaria
A luta que deveras me traria
Apenas o que busque em novo alento,
Vestígios do que possa o pensamento
E nisto se condiz em alegria
Com toda velha e amarga alegoria
Gerada pelo quanto agora invento.
Reparo cada fase desta vida
Jogada nalgum canto e dividida
Nas tramas mais diversas, fim de caso.
E vendo o que pudera ser diverso,
Ousando na expressão do rude verso
Deveras sem destino já me atraso.

24

Ouvisse a mesma voz que tanto clama
Vivendo esta expressão em solidão
O quanto se traduz e desde então
Explode na vontade em leda trama,
O amor mantendo viva a velha chama
Eclode em mais diversa direção
Vibrando em consonância a sensação
Que o próprio caminhar teima e reclama,
Invisto o pensamento aonde um dia
Pudera acreditar no que viria
Ou mesmo me açodasse uma esperança
O verso sem sentido, o tempo rude,
Amar e acreditar mais do que pude
No tempo que sem medo sempre avança.

25


Levado pelas ondas deste mar,
O mundo se anuncia em tom diverso
E bebo na medida em que ora verso
Tentando noutro porto naufragar
O quanto poderia navegar
Ou mesmo perceber que este universo
Tramara o que procuro mais disperso
E sei do quanto possa imaginar.
Vagando sem destino, sigo alheio
Ao quanto recolhendo nada veio
E vislumbrando o fim a cada instante
Meu passo se presume sem sentido
O tempo noutro tanto resumido
Apenas a mortalha se garante.

26


Do jugo que talvez; já me trouxeste
O mundo sem sentido dita o fim
Do quanto sei que ainda vive em mim
Num tom ao mesmo tempo mais agreste
Sem nada que decerto ora deteste,
O vértice, a mortalha o tempo e assim
Vivendo cada parte sei que enfim
O tempo noutro tanto se reveste.
Jogado sobre as pedras, nada abarco,
E sei do quanto possa e se embarco
Atravessando as ondas agressivas,
Palavras representam novo cais
E sei do quanto quero e sempre mais
As horas que se perdem vãs cativas.


27


Não mais comportaria este momento
O tempo sem sentido e sem razão,
A vida se moldando desde então
O canto se espalhando contra o vento,
O mundo se anuncia em tal tormento
E o corte traz a mesma dimensão
Do quanto poderia e sendo vão
O sonho que sem luz experimento
Acordo este demônio que adormece
E sei do quanto amor ditando a prece
Expresse esta incerteza mais fugaz,
O verso sem segredo, o medo farto
E o tempo que produz e já comparto
O amor que na verdade não se faz.

28


O tempo não traria novidade
A sorte não se mostra indiferente
E quanto mais atento se pressente
O mundo traz no todo esta saudade,
Vagando entre a rude tempestade
E o quanto se deseja plenamente
O verso noutro engodo não desmente
E traz dentro do peito a liberdade,
Ousando acreditar no que não veio,
Apenas a verdade traz um meio
Ao qual não mais se escapa e se procura
Vencer o que viria noutro instante
E o mundo com certeza se garante
No mesmo rudimento, em tal loucura.


29


Ouvir a voz do mar a te clamar
O tempo não permite melhor sonho
E quando novo canto ora proponho
Escuto as dissonâncias deste mar,
Apenas poderia enfim te amar
E sei do meu caminho e vou risonho
No tempo aonde o verso ora componho
Num imenso e mais diverso navegar.
A juventude é bela, mas se vai
Somente o que me resta já me trai
E o tanto que alimento nada vale,
O mundo se traduz neste vazio
E bebo a solidão, em desvario,
Minha alma neste instante ora se cale.

30


Na luz tão rutilante deste olhar
O tanto quanto possa no horizonte
A sorte se moldando já desponte
E reine sobre todo o imenso mar,
Ainda que tentasse desejar
Beleza sem igual tomando a fonte
Aonde o meu desenho sempre aponte
O quanto desejei em vão amar.
O tempo não traria nova sorte
Sem ter quem na verdade me suporte
Apenas mergulhando no passado,
O verso se anuncia de tal forma
Que toda a poesia se transforma
E sigo mesmo após, quase calado.

31


Brilhando com o sentimento em paz
Minha alma se encontrando calmamente
O verso noutro tempo se apresente
E a sorte com certeza já se faz,
Mergulho neste encanto e sou audaz
O vento me tocando plenamente
O quanto deste todo ora se sente
E sei do meu momento mais capaz,
E tenazmente volto o meu olhar
A quem se fez a deusa em liberdade
Ousando na mais rara claridade
Tentando cada passo desvendar
Ainda que se perca noutro rumo,
O todo que me trazes já consumo.

32


O quanto esperança me oferece
E traz em mansas mãos o meu futuro
E sei do quanto possa e já procuro
E sinto a solidão em rara prece
O tempo na verdade compadece
Do prazo que deveras configuro
E vivo o meu caminho mais escuro
E nada do que tente ora se tece
Gerando o desafio mais feroz,
E quanto se rompera novos nós
Atento desenhar em voz sofrida,
Pudesse desejar além da morte
O quanto com certeza; reconforte
A sorte desta luta embrutecida.


33

Não tento outro momento, sigo quieto
E sei do quanto pude acreditar
No verso que tentara imaginar
E nisto o que inda tenho mal completo,
O verso se anuncia em tal afeto
Cerzindo deste inútil caminhar
Meu mundo sem saber onde encontrar
O tempo aonde o sonho não repleto
Esbarro nos meus erros. É comum
O vento traz a morte e sou nenhum,
Apenas o passado que resiste
Enquanto poderia ter nas mãos
Os dias se fizeram todos vãos
E o olhar se demonstrou atroz e triste.

34


Não pude e não teria melhor chance
De ver o que tentara de outra forma
A vida quando muito me deforma
E o verso no vazio ora me lance
O tempo que sem nexo agora avance
A sorte se presume e não informa
Do quanto possa na alma esta reforma
Marcando com terror cada nuance.
O peso de uma luta sem valia
O quanto redimisse a fantasia
Ousando acreditar num novo fato
E a senda tão sonhada não se vendo
Apenas o que trago num remendo
E sei que no vazio ora constato.

35


O medo não traria qualquer rastro
Do quanto não viera e se tentara
A luta se moldando bem mais clara
Rompendo da ilusão seu velho mastro,
Apenas no vazio ora me alastro
E bebo o que deveras escancara
A sorte sem sentido, cara a cara
Ousando acreditar em tal nobre astro.
Resumos de momentos mais diversos
Trazendo em suas mãos os universos
Distantes e deveras mais sublimes,
Eu sei dos teus enganos, companheira
E sei também da sorte derradeira
Enquanto dos teus erros tu redimes.


36

O tempo traçando
Reverso do sonho
O quanto componho
Aos poucos negando
O vento mais brando
O dia bisonho
E sei do que ponho
Meu mundo somando
O todo quisera
Apenas sentir
Bafio da fera
Falta de porvir
E o tempo na espera
A morte a carpir.

37


O canto renega
O verso que segue
A sorte que é cega
Deveras persegue
A luta se entrega
E o fim se consegue
Marcando o que apega
Que o tempo carregue
E vaga sem rumo
E sei do que possa
A vida se é nossa
Deveras assumo
E sei do que endossa
O quanto resumo.


38


A saudade me mostrasse
O que tanto se deseja
A vontade sem peleja
A verdade sem impasse
O caminho não negasse
O que tanto já se almeja
E buscando o quanto almeja
Traz agora a nova face,
O passado não permite
Meu futuro sonegando
O que existe num limite
Mesmo audaz, embora brando
E se tanto necessite
Pouco a pouco, desabando.

39


Vivo apenas por viver
E jamais imaginei
O que possa noutra grei
O cenário a se verter
Bebo a sorte de saber
O que agora desejei
E pudera e desenhei
O caminho em desprazer,
Vendo o fim de cada história
Outra luta merencória
Não traria uma razão,
Esquecendo o quanto resta
A palavra dita a fresta
E renega esta expressão.


40


Um momento mais audaz
A verdade não se cala
E o que possa tanto faz
Desta sorte que avassala
Nada mais que a dor tenaz
Entranhando em plena sala
O que possa tenta a paz
E o meu mundo nada fala,
O passado sem sentido
O caminho sem proveito
Tanto quanto resumido
Nada mais de ti aceito
E se possa dilapido
O que sinto foi desfeito.

41


Não quero outra saída
Senão a que pudera
Tentar a primavera
Renovando esta vida
E vejo a despedida
E nada mais tempera
O quanto nesta esfera
Espera outra saída
Encontro o que resumo
E sei do quanto assumo
Em verso e em cada fase
O tempo na verdade
Não traz o que me agrade
E tanto se defase.

42


O meu canto não me traz
Nem sequer felicidade
O que possa ser mordaz
Noutro ponto já degrade
O meu mundo se desfaz
E deveras não me invade
A certeza mais audaz
Desta fútil claridade,
Vejo o tempo que se tenta
Vejo a lua que se deita
A verdade virulenta
O meu passo não aceita
Quando a vida segue atenta
Ao que entranha e enfim se ajeita.

43

Nada mais eu poderia
Se meu mundo não viesse
Transformar em alegria
A certeza desta messe
Que decerto moldaria
O que tanto não se esquece
A verdade poderia
Ter nas mãos o que se aquece
Vago em vão e nada tendo
O que possa não permite
O caminho aonde estendo
Muito além deste limite
O cenário se perdendo
No que possa e se acredite.


44


Já não vejo qualquer sorte
Onde o tempo diz razão
E se possa e me conforte
Entregando o coração
Na verdade o que me aporte
Traz no olhar esta emoção
Que pudesse bem mais forte
Desenhar em precisão.
Meu momento ora incapaz
De viver o que se quer
O tormento que compraz
A vontade em tom qualquer
O meu mundo feito em paz
Dita o rumo e se vier.

45



Nada mais eu poderia
Onde o pouco já tu vês
O que possa desta vez
Na verdade não veria
Outro tom, mesma agonia
O meu mundo sem talvez
A verdade que revês
Expressando a alegoria
De quem sabe e não procura
Novo passo ou novo rumo,
A verdade me tortura
E deveras sei que assumo
A palavra que insegura
Desta vida um vão resumo.

46

Na incerteza deste bote
No calor de quem se desse
O que possa e se denote
Noutro passo não regresse,
O meu medo me derrote
E se molda como tece
A vontade que se anote
Na incerteza desta messe.
O cenário sem proveito
O momento sem anseio
O caminho que ora aceito
Traz o quanto agora veio
Vou vivendo do meu jeito,
Sem saber qualquer receio.

47


Nada mais eu quero além
Do que possa a realidade,
O meu mundo nada tem
Nem sequer a liberdade,
O meu passo traz desdém
E meu canto se degrade
E se possa sem ninguém
Onde resta a claridade?
Ouso mesmo acreditar
Nos vazios de minha alma
O que possa noutro tom,
Na incerteza não acalma
E se tente enfim amar,
Esperança é mais que dom.

48


Nada mais se poderia
Mesmo quando não se vira
A verdade se retira
E matando a poesia,
Na incerteza o que traria
Traz as sendas da mentira
E o meu passo se interfira
Nos anseios da alegria.
O meu canto sem encanto
O cansaço me domina
Onde o todo em cristalina
Cena traz o rude pranto
E se possa num instante
Nem o sonho se garante.

49

Nada mais eu pude ver
E não quero outro momento
A verdade em sentimento
Traz o sonho em tal prazer
E quem dera conceber
O que tanto quero e tento
A vertente aonde invento
O meu mundo a se perder,
Já não quero qualquer sorte
Ser apenas o que a morte
Pouparia no final,
Não me basta quero além
O meu passo ora convém
E se expressa em tom igual.

50


O meu canto não teria
Qualquer sorte mesmo assim
E se trago dentro em mim
O que possa em poesia
A verdade não veria
E cercando o meu jardim
A saudade traz enfim
O que tanto poderia
E se vejo em tom suave
O que quero e não agrave
Cada passo que inda der,
O meu mundo se permite
E no fim neste limite
Já não há sonho qualquer.