quinta-feira, 21 de abril de 2011

1

Quando pairando acima dos meus erros
Encontro os meus sinais já derramados,
Os dias entre tantos, enganados
Os campos se moldando em meus desterros,
Apenas vejo além tantos enterros
E corpos entre vários, desarmados
Os medos são diversos; desenhados
Moldando no horizonte turvos cerros.
O engano mais comum, a sorte atroz
O vento que trouxesse uma esperança
A vida noutro encanto já se lança
E sei do meu caminho em rude foz,
Navego pelo anseio nesta ausência
E o rio traz na morte uma afluência.


2

Quem dera se puder cosmopolita
O vento mais atroz ou mais suave
E quando na verdade não se agrave
A vida noutro tom já se permita,
O quanto se mostrara mais aflita
A luta que temível sempre entrave
O passo mais audaz, amor é nave
E o que inda se permite nos reflita
Ao vicejar um sonho nada vejo
A sorte se mostrando sem traquejo
Explode um anseio sem igual,
Meu rude caminhar envolve a luta
E sei da dimensão quando reluta
Palavra noutro tom mesmo venal.

3

Minha alma num recôndito vazio
Expressa e mesmo dita o velho não
A sorte se transcorre em negação
E o tempo noutro engodo negocio,
O mundo se mostrando neste estio,
Moldando com terror esta expressão,
Vagando novamente em solidão,
O canto noutro espaço ora recrio.
E vivo tão somente o que pudera
Gerando dentro da alma a leda esfera
Que nunca poderia ser diversa
Do quanto que meu sonho traz e toma
A vida que tentara ser a soma,
Apenas noutro rumo, desconversa.

4

Aporto meus caminhos e procuro
Apenas o vazio se permite
A vida se trazendo sem limite
Num átimo, o cenário mais escuro.
E quando em solidão, tanto perduro,
O canto noutro tom já necessite
Do todo que deveras se acredite
Marcando o solo amargo, escuso e duro.
Resumos de outras sortes onde tento
Vencer o mais dorido pensamento
Prevendo o fim do jogo e nada mais,
Somente o que inda possa me trazer
A sorte noutro rumo, sem prazer
Imerso nos imensos vendavais.

5


Já não me caberia melhor sorte,
Apenas a verdade e o fim de tudo,
Querendo novo passo, desiludo
E bebo o que jamais sei, me conforte,
O tempo anunciando cada corte,
O velho coração persiste mudo
E quando no final já me transmudo,
Reparo o que pudesse sem suporte.
O preço a se pagar em juros altos,
Os dias são deveras mais incautos
E os passos não trariam um alento,
O verbo se traduz noutro passado,
O velho caminhar por onde evado
E o quanto se mostrara enquanto tento.

6


Não mais vejo a palavra se mostrando
Diversa da que tento e não viria,
Ousando acreditar na fantasia
Que o mundo representa, mesmo infando,
Pudesse acreditar e desde quando
O marco noutro tom descreveria
O todo que traduza uma alegria
Do tempo pouco a pouco desabando.
O medo não traria qualquer sorte,
Apenas o cenário aonde a morte
Comporte o fim de tudo e nada mais,
Um gole de café, um sonho rude
E o quanto na verdade mais eu pude,
Não traga o que se mostra ser jamais.


7


Abraço os meus anseios e prometo
Apenas um momento mais sutil,
E quando o meu caminho se previu,
Invento novamente outro soneto,
O quanto do meu mundo eu arremeto
E bebo mesmo o sonho mais gentil,
O tempo se desenha e sendo vil
Transcende ao próprio engano que cometo.
Eu vivo sem sentido e sem razão,
A vida se aproxima em negação
E vendo o que me resta nada tenho,
Somente este cenário sem empenho
O vento não traria qualquer luz
Aonde o meu anseio reconduz.

8


Apresentando a queda após o sonho,
Ao menos o meu mundo se faria
Diverso do que possa em fantasia
E nele todo o manto que proponho.
Ousasse além do quanto é enfadonho
O mundo sem se ter na poesia
O quanto mais depressa se faria
Num tempo cada vez claro e risonho,
E tanto quanto pude imaginar
O verso se fazendo num instante
Aonde o que se quer e se garante
Não tem sequer momento e nem lugar,
O verso condizendo com meu canto
Apenas traduzindo o desencanto.

9

O quanto poderia neste esquálido
Cadáver penetrar com tuas armas
E quando no final já tanto alarmas
O dia se mostrara quase inválido,
Apenas desenhando o rosto pálido
E as tramas entre dramas, nossos carmas
Os dias que deveras não desarmas
Matando o quanto pôde ser mais cálido.
O corpo apodrecido da esperança
A luta que decerto sempre cansa
Quem fora mais que rude, um sonhador,
Agora se apresenta em mesmo corte
A vida que seguindo sem suporte
Traduz o quanto resta em leda dor.

10


Um infecundo sonho, aborto em vida
O vento dominando este cenário
O canto que pudesse, imaginário,
A luta noutro tanto desprovida,
A sorte sem saber desta envolvida
Palavra num momento temerário
O corpo dissimula o mesmo e vário
Momento aonde a dita é consumida,
Versando sobre o nada que aparenta
A morte quantas vezes virulenta
Rondando noite e dia cada passo,
Ousando acreditar em nova senda
A noite na incerteza não desvenda
O quanto sem sentido algum eu traço.


11


Ousar vencer até tantas saudades
E crer num sentimento mais feliz
O tanto que se quer e antes não quis
Os dias quando inúteis, vês e brades.
Trazer no teu olhar felicidades
E ver o quanto queira este aprendiz
Vivendo etereamente e por um triz
Romper as ilusões, diversas grades.
Ainda que eu pudesse noutro instante
O quanto se propõe e se garante
No tempo mais audaz e plenamente.
A vida se anuncia embora atente
O tempo noutra face mais gentil,
Pensando no que amor pudesse e viu.

12



Navego sobre as ondas mais audazes
E sei do quanto possa navegar
E neste mesmo rumo ao caminhar,
Encontro a solução que agora trazes,
Momentos mais difíceis e tenazes
O tempo se mostrando devagar,
Sem ter sequer algum mero lugar
Embora me atormente em tantas fases.
O passo sem sentido e sem razão
A mesma sorte dita a negação
Do verso sem temor, em desatino,
O canto mais feliz e o verso em vão,
Apresentando a mesma dimensão
Enquanto noutro rumo eu me destino.


13

Bebendo cada gole da vontade
Equilibrando a vida entre estas mãos,
Os olhos procurando pelos vãos
Mudando o que se trace em veleidade,
O vago caminhar enquanto evade
A solução traduz em vários nãos
O medo destruindo tantos grãos
Matando o quanto resta em liberdade
Não tento nem procuro ousar no engodo
Que possa me trazer somente o lodo
E o ledo desejar em noite vã,
A luta se desdenha a cada instante
E o fim deste desejo se garante
Marcando a própria vida ora malsã.

14


Não quero acreditar no que me dizes
Os olhos buscam cenas quando possa
Trazer a solidão somente nossa
Em dias mais doridos, sempre grises,
O canto mostra claras cicatrizes
E o verso sem remédio já se apossa
Do ledo caminhar, imensa fossa,
Imersa nos momentos infelizes,
Pousando o coração, ave nefasta
Crocita enquanto o sonho mal se afasta
Nascendo de minha alma este vazio
E sei do quanto possa dia a dia,
A vida noutro ponto não traria
Sequer o que se mostra mais sombrio.

15

Resplandecente sol que imaginara
Trazendo esta manhã que não viria,
A luta se moldando em agonia
O medo dominando esta seara,
O corte que propõe já desampara
Cerceia com terror a poesia
E mata com seu canto o dia a dia,
E nada mais do sonho enfim restara…
O verso sendo mais do que busquei
O tempo que deveras desejei
Anseia pelo encanto que não veio,
Apenas sigo o tempo e nada mais,
Ousando procurar e quando esvais
Enfrento este cenário em tal receio.

16

Bastando alguma luz
A quem se fez além
O tempo sempre vem
E ao nada me conduz
O verso que propus
O canto sem ninguém
O que jamais convém
Decerto não seduz,
Redime cada engano
E quanto mais me dano
Maior a queda após
O vento se aproxima
E muda todo o clima
Calando a nossa voz.

17


O meu canto se transforma
No que tanto poderia
Outra sorte, novo dia,
Mas seguindo a velha norma,
A palavra que deforma
A verdade onde se adia
O meu tempo em agonia,
Outro tempo, mesma forma.
Cada vez que se apresenta
Outra luta, esta tormenta
Traz o quanto não se quer
O versar sem mais cuidado
O meu mundo sempre errado
Outro anseio, se vier.

18


Nada mais se vendo quando
O meu mundo desabasse
Novamente neste impasse
O desenho emoldurando
A verdade em contrabando
O tormento que negasse
O que tanto possa e passe
Vagamente desenhando,
Tempo dita temporais
Onde sei que amor jamais
Poderia ser assim,
A palavra anunciava
A verdade, rude escrava
Que alimento dentro em mim.


19


Nada mais eu pude ver
Nem talvez mesmo quisesse
O que tanto dita a messe
Pode dar algum prazer,
A vontade de viver,
O que o tempo agora tece
E jamais o peito esquece
Merecesse o quanto ser
Não teria qualquer chance
O que a vida nos alcance
Já não traz felicidade
Bebo o fim do quanto tenho
E se vejo o teu empenho,
Meu caminho se degrade.

20


Nada espero do futuro
Nem tampouco do passado
O meu tempo relegado
Ao que tanto mais procuro,
Solo torpe, amargo e duro
O momento aonde brado
Outro canto desenhado
No vazio sobre o muro,
Quero apenas liberdade
E jamais imaginei
O que pude na verdade
Ter apenas como lei,
Sem saber da claridade,
No vazio eu mergulhei.

21

Marco o tempo e sigo em frente
Nada mais eu poderia
Tanto quanto em alegria
O meu mundo agora enfrente
Sem saber do que apresente
Esta sorte mais sombria,
Vicejando em ironia
O que possa e não se sente.
O verter de outro momento
Onde o quanto quero e tento
Num cenário mais sutil,
O meu mundo sem proveito
A esperança que ora aceito
E o que o tempo jamais viu.

22

Já não cabe outro caminho
Nem tampouco algum espaço
Onde o quanto sou sozinho
Levemente tento e traço,
Risco o tempo mais daninho
E vencendo este cansaço,
O meu mundo aonde alinho
Traz somente um sonho escasso,
Nada mais pudesse ter
Quem deseja conceber
Qualquer tom, velho soneto
Entretanto nada tenho
E se agora mesmo eu venho,
Nada além possa e prometo.

23

Resumindo cada sonho
No que tanto desejei
Outro tempo caminhei
Num cenário mais bisonho,
O que possa e te proponho
Dita a velha e nobre lei
Da verdade onde estarei
Noutro mundo que componho.
Levo os olhos e procuro
Mesmo estando em tal escuro
Uma luz que não viria,
A verdade sem razão
Outro tempo em emoção,
Vasculhasse a fantasia.


24



Eu não quero acreditar
Nem tampouco poderia
No que vejo dia a dia
Ou no quanto imaginar,
Outra sorte num luar
Que invadindo esta sombria
Noite traz em agonia
O que pude desejar.
A verdade não se cala
A saudade que avassala
Toma todo este universo
E se fosse tão somente
O que agora se pressente
Ousaria noutro verso.

25


Nada mais se vendo após
O que tanto desejei
O caminho que busquei
O cenário mais atroz,
Vejo o quanto existe em nós
E talvez, amor qual lei
Entranhasse onde encontrei
Outro canto em mansa voz.
Na verdade o que se tenta
Mesmo em senda virulenta
Quem pudesse moldaria
O que quero e não consigo,
Condenado ao desabrigo
Como mera fantasia.

26


Nada mais pudesse e tento
Mergulhar neste vazio
E sabendo o desafio
Trago aberto o pensamento,
A verdade em novo intento
Quando posso e me recrio,
Traça o rumo em desvario
E cerceia o sentimento,
Vagamente a luta eu nego
E caminho, mesmo cego,
Procurando algum sinal,
Do que tanto se firmasse
Neste mundo em vago impasse
Nem um pouco racional.

27


O meu mundo desabando
O meu canto sem proveito
E se tanto o sonho aceito
Vou seguindo noutro bando,
Meu momento desde quando
Noutro tento não rejeito
O que possa sem defeito
Transformar em canto brando,
Velho engano aonde a vida
Traz apenas a ferida
Tão profunda velha chaga,
O que pude acreditar
Encontrasse algum lugar
Onde a vida tenta e vaga.

28

Tanto amor em opulência
Tanto medo a se moldar
Onde possa em tal ciência
Noutro enredo desenhar
O que traz em paciência
A vontade de buscar
O que seja coincidência
Ondulando em raro mar,
Nada mais se poderia
Num instante mais sutil,
Ver o quanto se sentiu
Nem talvez esta alegria
Meu caminho pelo mundo
Traz o quanto eu me aprofundo.


29


Nada mais quero e não posso
Nem sentir velha incerteza
Se dos sonhos sigo presa
O que tento não é nosso,
E se vivo e me remoço
Na importância em correnteza
Outra noite diz surpresa
Coletando algum destroço.
Resumindo cada verso
Onde possa imaginar
O caminho aonde imerso
Desejei tanto lutar,
E se possa ter nas mãos
Outros rumos, velhos vãos.

30


Se também não se anuncia
O que possa noutra fase
O caminho se defase
E moldasse o velho dia,
A verdade em ironia
Romperia qualquer base
E o meu mundo não embase
O que eu sonho em harmonia.
O perdão não se apresenta
Onde vejo esta tormenta
Dominando este cenário,
O medonho desejar
Traz apenas o vagar
Sem saber do itinerário.

31


Não traduzo cada verso
No que possa ser além
E o meu mundo não convém
A quem tenta este universo
E se posso ou me disperso
Na verdade, sendo alguém
Que traduza qualquer bem
Ou caminhe ora submerso,
Vagamente vejo a vida
De tal forma construída
Que jamais me produzira
Um momento em tal franqueza,
Quando sou a mera presa
Deste mundo, uma mentira.


32

Nada mais eu pude enquanto
O meu mundo foi assim,
O que trago dentro em mim
Na verdade não garanto,
E gerando novo espanto,
Trago o todo morto e enfim,
Ausentando do jardim
Vou quarando com meu pranto,
A ilusão se fez presente
E se tanto o tempo sente
Novamente vou em vão,
Bebo a sórdida emoção
Que deveras negação
Noutro rumo se apresente.


33


Já não cabe qualquer sonho
E talvez até pudesse
Se no fundo ouvisse a prece
Que em meu mundo ora proponho,
Versejando sobre a messe
Ou tentando o que componho,
O cenário ora enfadonho
A verdade desconhece
O passado representa
A versão mais violenta
De um momento que não veio,
Apresento sem cuidado
O meu mundo todo errado,
Revoluto e em devaneio.

34


Nada mais se vendo após
O que tanto poderia
A verdade dia a dia
A saudade viva em nós
O meu canto em leda voz
Claridade não veria
Nem tampouco a fantasia
Que se molde, mais feroz,
Escutando este marulho
Do que possa já me orgulho
E mergulho no teu braço,
O meu mundo se apresente
Onde tanto o que é frequente
Superasse amor escasso.


35


Já não cabe mais sonhar
Nem tampouco ter em paz
O que tanto a vida traz
E deseja a se mostrar
Na nudez a se moldar
O caminho mais tenaz
E vivendo o que se faz
Nesta noite de luar
Vejo o sol neste horizonte
E se possa e já me aponte
Qualquer raio feito em luz,
O meu mundo se permeia
E traduz a lua cheia
Ou ao céu raro conduz.

Nenhum comentário: