sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011



Problemas? Sei que a vida não nos poupa
E traça a cada instante um novo traço
E quando muitas vezes me desfaço
A sorte se mantém em rota roupa,

A vida se mostrando em polpa e sumo
Tramando o que se possa a cada dia
E porventura o tanto quanto havia
Presume o que afinal teimo e resumo,

Nas variáveis vejo o que já pude
Ou mesmo até tentara num instante,
E quando na verdade se garante
A luta quando em caos nos desilude,

No inconcebível passo ou numa sorte
Diversa; o que vier já nos conforte.

2

Não quero tua face
Segredos entre caos
E sigo em tais degraus
Aonde se mostrasse

A luta que embarace
Os dias mesmo os maus,
E os vários ermos graus
Na sorte sem repasse,

Apresentando o quanto
Ou tanto que me encanto
E visto o quanto trago,

O rústico cenário
Num manto temerário
Negando algum afago.

3

Bebendo a mesma fonte
Sem nexo e sem juízo
Ao fim o prejuízo
Deveras se desconte,

Procuro no horizonte
Um rumo; o mais preciso,
Porém quando o matizo
Expressa a leda ponte

E nada do que veja
Senão esta bandeja
E nela uma cabeça

Em sacrifício, dada
Marcando a velha estada
E nada que obedeça...

4


No singular caminho
Os tantos entre rastros
Deixando além os astros
Presumo-me sozinho,

E quando enfim me alinho
Teimando em alabastros
Tombando velhos mastros
Ao azedar meu vinho,

E tento após o fato
O mundo onde constato
A paga desta audácia,

Legar o que recebo
O amor, velho placebo,
Num ato em vã falácia...


5


Não tendo quem resolva
Nem mesmo se interesse
A vida mata a prece
E o tempo se dissolva,

Não pude e nem queria
Ousar em plenitude,
E quando se transmude
A sorte seda fria,

E vândalo caminho
Sem sândalo nem paz
Somando o mais mordaz
Do tempo tão mesquinho,

Resumo a minha lida
Na ausente ou podre vida.

6

Apenas um problema?
Quem sabe... Mas, no fundo
Enquanto me aprofundo
A vida em dor me algema,

E quando nada tema
Sequer um só segundo
O passo – vagabundo –
Varia tema a tema.

Restauro do passado
O tempo desenhado
Em arabescos, quando

Expresso a vaga sina
Que tanto me fascina
Enquanto me tombando...

7

E quando de joelhos
Olhando para cima,
A luta não redima
Meus olhos tão vermelhos,

Buscando os teus conselhos,
Tentando novo clima
O quanto se aproxima
Negasse meus espelhos,

E o fim se traça logo
E quando assim me afogo
Na insensatez do sonho,

Resulto deste nada
Da sorte destinada
Aquém do que componho.


8

As mãos que nos ajudam
Permitem nova luz,
Mas quantas vezes; pus
Os olhos onde grudam

As sortes que amiúdam
E o tempo reproduz,
Deixando em contraluz
O tanto que transmudam,

E sendo assim a vida
A sorte que lapida
Expressa o fim somente,

E quando em aridez
O solo se desfez,
Que valerá semente?

9

A dúvida que impera
Marcando a desprovida
Razão de leda vida
Em noite atroz, sincera.

E quanto mais se espera
Da noite construída
Nas tramas da partida
Nas garras desta fera,

Assisto ao meu caminho
Vagando onde me alinho
E sei que nada vem,

Apenas este olhar
Sem luz e sem lugar
Tomado por desdém...

10

Jamais então se esqueça
Da luta que trouxeste
E nela um tom celeste
Enquanto o sol aqueça,

E sei do que obedeça
Ou mesmo a velha peste
Que tanto quanto empreste
No fim roda a cabeça,

E o caos gerando a queda
Em labirintos tantos
Apenas desencantos

Pagando esta moeda
Diversa e plena voz
Em ledo rumo: atroz...


11

O barco vai a pique
E o tempo não desiste
Enquanto segue triste
No fundo inda critique

E mostre além do dique
O prazo que consiste
Na forte dor em riste
E nada mais explique

Astuciosamente
A vida tenta e mente
Marcando com arpões

Nos sonhos que me expões
E neles se pressente
A sorte em tais porões...


12

Ainda que procure
Apenas um momento
Enquanto a vida invento
E nada mais perdure,

A sorte se moldure
Nas ânsias de um lamento
E sei do sofrimento
Ainda quanto dure,

Vasculho ponto a ponto
E quando vejo aponto
A causa, mas sei bem

O fim somando ao nada
Expressa a leda estrada
E a dor somente vem...

13

Os olhos viajantes
Procuram um destino,
E quando me alucino
Ou mesmo me agigantes

Olhando e bem quanto antes
O sonho esmeraldino
Agora não domino
E morro em tais instantes,

A senda que se quer
Pudesse ser qualquer
Sequer a dor viria,

Mas quando se pressente
O caos tomando a gente
Só resta a poesia...

14


Dizer colaborar
E nada após fazer
Negar o amanhecer
Matar fonte solar

E vendo o desenhar
Do quanto pude crer
Ainda a me esquecer
De um frágil caminhar,

Envolto nas mentiras
E quando me retiras
Dos olhos estas vendas,

Apenas o que visse
Marcando esta mesmice
Que tanto ora desvendas.

15

Os dias sem denodos
Somando zero ao zero
Resulta no que espero
Dos sonhos, deles todos,

E sei dos meus engodos
Bem mais do que inda quero
E sendo até sincero
Enfrento limos, lodos.

Mas sei que a vida muda
E quando em rara ajuda
O passo se permite,

O tempo conduzindo
Ao quanto fora infindo
E agora diz limite...

16


O que pude fazer
Agora não traduz
Ainda a forte luz
Enquanto nada a ver,

Mergulho a padecer
Levando a minha cruz
E a vida traz em jus
O prazo a se esquecer,

Vestindo a minha luta
Revisto este tormento
E quando um sonho eu tento,

Meu passo já reluta
E a queda deste insano
Momento onde me dano...


17

O quanto se interfere
A sorte dia a dia
E nada mais traria
Senão tanto que fere

E assim se degenere
O corte em agonia,
Matando uma utopia
E a morte enfim impere,

Vestígios desta sorte
Que tanto não comporte
Sequer o quanto eu quis

Vestindo a luta em trevas
Enquanto o sonho cevas
Aumenta a cicatriz...

18

Seguindo sem ninguém
Ou mesmo até buscando
Um tempo bem mais brando
Embora o que se tem

Traduz velho desdém
E nisto me rondando
O passo derrubando
O quanto sigo aquém,

Vestindo a hipocrisia
De quanto me valia
A mera insanidade,

E o prazo determina
O fim da velha sina,
E aos poucos tudo evade...


19

O mundo quando aposta
Nas tramas mais audazes
Ditando o que me trazes
E nisto cada encosta

Expressa além da costa
A vida noutras fases
E bebo dos mordazes
Caminhos, rude crosta

E gostas deste fato
E nele se constato
Retrato do que sou,

O mundo se rompendo
A luta em tal remendo
Ausência demonstrou.


20

O quanto fui ferido
E nada pude então
A vida em solidão
Expressa o dividido

Cenário onde duvido
Da luz em direção
Diversa ou sensação
Do amor desprevenido,

Comparto cada engano
E mesmo quando ufano
Divago sobre o nada,

Ainda quanto queira
Do sol como bandeira
A vida é mais nublada...


21

O quanto se anuncia
A criatura dita
A face mais aflita
Ou mesmo em alegria

Retrata o que faria
Quem sente a luz bendita
Enquanto na desdita,
Aos poucos mudaria,

Vestindo a face vária
E nela a temerária
Ausência ou plenitude,

O ser que do não ser
Pudesse se verter
Além do quanto ilude...


22

O mundo dita aos poucos
Momentos mais complexos
E neles os reflexos
Em dias ledos, moucos,

E quando sei dos loucos
Caminhos onde anexos
Encontram mais perplexos
Os gritos, mesmo os roucos,

Recuas quando avanço,
Buscando algum remanso
Que possa me alentar

Vertendo em tal sangria
A amarga fantasia
Ausente de um luar.


23

O quanto não se vê
E mesmo não se quis
O tempo em cicatriz
Esconde algum por que,

E o tanto onde se crê
Na sorte ou por um triz
Gerando além do bis
A luta se revê,

Refém do sonho em nada
E trago esta embalada
Vontade sem proveito,

E quando nada vindo
O mundo se faz findo
E no vazio eu deito...


24


A forma que isolada
A vida traz a quem
Buscasse o que não tem
Depois desta alvorada,

A face demarcada
O mundo não convém
Seguindo sem ninguém
Na turva e escusa estrada,

Apenas represento
Um passo contra o vento
Em louca sordidez,

E tanto quanto possa,
A vida não é nossa
E encanto se desfez.

25

O quanto do porvir
Pudesse num momento
E sei que embora atento
Jamais saberei vir,

Enquanto o que sentir
Gerasse noutro vento
O passo em desalento
A morte a redimir,

Engodos que ora assisto
A vida em ledo cisto
Malquisto caminhar,

Um andarilho apenas,
No fundo me condenas
Ao tolo desejar...

26


A sorte sendo alguma
A morte não traria
O verso em agonia
E a luta já se esfuma,

O canto onde se empluma
A velha fantasia
Gestando em poesia
A mansidão não ruma,

E bebo com vontade
E mesmo que degrade
O passo se perfila,

E o tanto quanto pude
Vencer dura atitude
O mundo em dor oscila.


27


A noite engalanada?
Deveras tanto a quis,
Porém da cicatriz
A sorte tatuada,

Marcando a velha estada
No câncer, por um triz,
A vida em tal matiz
Jamais foi desenhada,

E o preço que se paga
A senda etérea maga
Presume a prenda ausente,

Embora em sucessão
Os dias não trarão
O quanto esta alma sente.

28


Porquanto não se fale
Do tempo ou mesmo até
Ousando noutra fé
O corte me avassale,

E sei do velho xale
E nada mais quem é
Vislumbra esta galé
Que em dor agora cale,

Cadenciando o passo
Enquanto o nada eu traço
Sortidas emoções,

E nelas o meu erro
Condena-se ao desterro
Em plenos furacões.

29

O quanto diz amor
Amor que não diria
Da velha fantasia
Do tempo a se propor,

E quanto e quando eu for
Marcando em ironia
O tanto não traria
Sequer jardim ou cor,

Amargos sentimentos
Em tantos desalentos
Acentuando o medo,

E quando de tal forma
A vida nos deforma
Em vão tento e concedo...


30


Pudesse algum carinho
Aonde nada existe,
O passo segue triste
Buscando um manso ninho,

E quando me avizinho
E sei que não persiste
A sorte ora despiste
E pise em tal espinho,

O sórdido cantar
De um tempo a desenhar
Apenas o vazio,

E quantas vezes trago
A luta sem afago,
Enquanto eu me recrio...




31


Advaita traduzindo a sapiência
De um ato em soberana realidade
E nisto o quanto possa e nos agrade
Gerando muito além a consciência,

E tendo de tal fato uma ciência
E nela que se esboça em claridade
Moldando sem qualquer dualidade
A vida noutro passo em coerência

Essência de uma vida onde suprema
Verdade noutro fato nada tema
Trazendo em concordância o quanto possa

E Brahman sendo o todo, supremacia
E nisto enquanto há vida e se anuncia
A senda se perfaz inteira e nossa.


32


O dia procurando
Uma âncora qualquer
Aonde o que puder
Mostrasse um tom mais brando,

A vida em contrabando
O passo onde quiser
E o fato sem sequer
Angústias desenhando,

Ocasionando enfim
O quanto sei de mim
E o tanto que inda veja

Regendo a fantasia
O tanto que teria
Em senda mais sobeja.

33


Pudesse me ajudar
O sonho que não vem,
O corte sem desdém
Ou mesmo algum lugar,

E neste caminhar
O prazo não detém
E marca o quanto bem
Tentasse adivinhar,

E resolutamente
O tempo também mente
E nada me trazendo

Somente o que tentara
Vestindo esta seara
Além de um mero adendo...


34


O tempo, sobretudo
Não deixa que se esqueça
Rondando esta cabeça
Enquanto desiludo,

O manto onde transmudo
A vida que envileça
A sorte se obedeça
Num sonho mais agudo,

Permito o que se tente
E sei do mais ausente
Momento em dor e tédio,

Mascaro cada engano
E quando em vão me ufano
A morte dita o assédio...


35


A noite que isolada
Das tantas que estrelares
Moldassem e até notares
A luta desenhada

E quando alvoroçada
Em tantos lupanares
Marcando meus altares
Nas ânsias desta estada,

A fome, a fibra e o feno,
Na boca me enveneno
Com toda esta ilusão,

Dos tempos mais atrozes
Seguindo sem as vozes
Matando o meu verão.


36


Olhando de viés
O quanto ainda resta
E a sorte mais funesta
Presume-se através

Do mundo em tais galés
E nada em rara festa,
O mundo se não presta
Amputa nossos pés

E o fato corriqueiro
Aonde já me inteiro
Do nada que sou eu,

O manto destruído
O canto resumido
No encanto se perdeu.


37


O mundo em próprio fogo
Ascende ao fim e gera
Apenas cada fera
E nada em claro rogo,

Assim num jogo atroz
Presume o fim de tudo
E quando desiludo
Esqueço o quanto após

Perguntas sem respostas
Momentos sem proveito
E quando assim me deito
As lutas sendo impostas

Percebo este delírio
Em tom de dor, martírio...

38


O quanto já contemplo
Do templo que me dás
E nele deixo atrás
A vida sem exemplo,

Em rudimentos sei
Esbarro no vazio
E tanto desafio
Ou mudo a minha lei,

Ausento do caminho
Um andarilho passo
E quanto mais desfaço
Percorro-o e vou sozinho,

Sem ter qualquer descanso
Ao longo vão me lanço.

39

Aonde se quis Deus
E nada mais viera
A sorte que insincera
Gerasse apenas breus,

O mundo dita adeus
E marca a velha fera
No quanto a dor tempera
Os dias teus e meus,

Medonha face exposta
E nada do que aposta
A vida permitira

Somente a mesma luta
Enquanto se reluta
Matando em tal mentira.

40

O ser que tanto está
E traz a direção
De dias que verão
O mundo desde já

Fazendo o que trará
Em rara dimensão,
Marcante sensação
Do tempo aqui ou lá

Restando o que vê
No tempo sem por que
No caos generaliza

A própria luta trama
A vida em verso e drama
Resume aquém da brisa...


41


A vida sendo assim
Da forma que pedisse
Deixando esta mesmice
E nela dentro em mim,

O tempo dita o fim
E gera outra tolice
Enquanto nada visse
Marcando este jardim

Na agreste e insana voz
Deixando cada algoz
Traçando o descaminho,

Vestindo a sorte em rude
Cenário aonde eu pude
Seguir sempre sozinho.

42


O tempo em mesmo tom
Discorre sem detalhes
E quanto mais retalhes
O mundo dita o dom

E neste vão neon
Apenas se batalhes
Enquanto além atalhes
Negando o próprio som,

Ocasionando em tédio
A sorte sem remédio
O manto sem sentido,

E quando se anuncia
A luta em agonia
O marco aonde o olvido.

43


Inevitavelmente
O tanto que se quis
Negando este aprendiz
Que tantas vezes mente,

E sei do inconseqüente
Caminho em cicatriz
Ousando aonde fiz
O marco incoerente,

Não tendo outro por que
A vida não se vê
Senão já de soslaio,

E quando assim me traio
Marcante o que se crê
Dos sonhos; um lacaio.


44

A rosa no canteiro
Num átimo outro tanto
E nada mais garanto
Ou sei se for inteiro,

O velho mensageiro
Gerando este quebranto
E nada mais me espanto
Porquanto além me esgueiro,

E sendo de tal monta
A vida já remonta
Ao quanto quis outrora,

A fonte já secara
E nada na seara
Deveras me decora.


45


O quanto aquém passeio
Dos ermos de minha alma
A vida não acalma
O vasto devaneio,

Ausente dos meus sonhos
Os olhos sem sentido
E quando resumido
Em passos mais medonhos,

Apenas aprendendo
O tempo nos ensina
A sorte cristalina
A luta em tom horrendo,

Aquiles, calcanhar
A morte a me rondar...

46


A vida se alavanca
E espanca quem pudera
Apascentar tal fera
Em sorte atroz ou franca

A lua imensa e branca
A vida que se espera
E tanto degenera
No quanto nos desbanca,

Palavra o vento leva
E deixa vir a treva
Reinando sobre o céu

E quando além me afasto,
O mundo em vão repasto
Expondo em tom cruel.

47

Tanta melancolia
Aonde quis a lua
A sorte se cultua,
Mas nada me traria,

Amor? Mera utopia
Vagando pela rua
Bebendo o que flutua
Em torpe fantasia,

Medonha a face traz
Quem fosse mais audaz
Mordaz ou mesmo intenso

Vestindo a dura senda
Aonde se desvenda
O quanto ora não penso.


48


O passo que se aguarde
A luta sem proveito
E quando enfim aceito
Eu sei que é sempre tarde,

E nada mais resguarde
A vida em duro leito,
E o manto ora desfeito
Presume o que retarde

Um passo sem sentido
O quanto enfim me olvido
Lapido em tom venal,

Ainda que pudesse
Tentar a rara messe
Do amor original.


49


Sentindo o firme seio
Da tarde em tom suave,
O quanto não se agrave
O pouco que receio,

Meu passo segue alheio
E serve como entrave
Ausente em luz esta ave
Matando o quanto anseio,

Bebendo a podridão
Do cálice em venenos
E sei dos dias plenos

E neles se verão
Somente o mesmo caos
Em vários tons tão maus.


50


Acácias no quintal
Amarelando em brilho
Intenso o que palmilho
Em tom tão magistral,

A luta é desigual,
Mas sei quanto o andarilho
Exprime em velho trilho
O verso em tom banal,

Abalizando o passo
Aonde me desfaço
E tento o que não vem,

Depois de tantos erros
Condeno-me em tais cerros
A ser sempre ninguém...


51


Escorrem pelos dedos
Os sonhos, beduínos
Ouvindo velhos hinos
A sorte em dias ledos,

Meus cantos são meninos
E vagos nos enredos
Marcando em versos, medos
Tramados desatinos,

Bebendo o quanto pude
Perdera a juventude
Imerso no não ser,

Querendo pelo menos
Momentos mais amenos,
Porém nada a fazer...

52


O quanto fosse seu
O tanto que procure
E nada me assegure
Além do que perdeu,

A vida em ledo breu,
O sonho, manicure
A morte que depure,
O todo se perdeu,

Vagando sem ter paz
O quanto sou capaz
Capacho da ilusão,

Meu tempo sem remédio
O mundo em ledo assédio
Em rara dimensão.


53

Buscando ancoradouro
Aonde nada exista
A luta não conquista
Sequer mero tesouro,

E o velho nascedouro
Distante de um artista
Que possa ou já desista
Enquanto em vão me douro,

Vestígios de um passado
E nele se me evado
Cevado pelo medo

O prazo se findara
Na sorte tão amara
Enquanto em vão procedo.

54


Os dias fossem teus
Quem sabe possa até
Regendo em leda fé
Marcar dias ateus,

Dos raros apogeus
Ao vago de um sopé
O mundo por quem é
Espalha um rude adeus,

Negar qualquer cenário
E sendo temerário
O prazo se denota

E bebo em tom atroz
A vida em rara foz
Desenhos de derrota.

55

O quanto já conheço
Do nada que inda sou,
O mundo mergulhou
E nisto outro tropeço,

O marco em adereço
Deveras desenhou
O preço que cobrou
E nisto vou avesso

Ao tanto que pudesse
Gerar na rara prece
A luz que não se visse,

Depositando o cais
Nos dias mais venais
Sortida e vã tolice...

56

O quanto não prometo
Ou possa desvendar
Matando devagar
O que se fez soneto,

E nisto me arremeto
Buscando o velho mar
Aonde navegar
E mesmo comprometo

O tempo sem sentido
O corte divisado
O passo lado a lado,

Meu manto ora puído
E o canto sem provento
Na luta desatento...

57


A vida sem porém
O quanto se fizesse
Do tempo em rara messe
E nada mais convém

A quem se faz aquém
Do todo que pudesse
E tendo olhar em prece
Presume o que não vem,

Escuto a ventania
E nada mais faria
Senão tal tempestade,

Vestindo esta ironia
O todo não traria
Sequer o que me agrade.


58


Quem és que não soubera
Apascentar meu medo,
E assim quando ora cedo
Apenas vejo a fera

E nada em paz tempera
O prazo onde concedo
O mundo em desenredo
A luta em vã quimera,

Mergulhos sem sentido
No tempo resumido
Em ermas heresias,

Do hedônico cenário
Apenas temerário
O que inda me trarias.

59


Relembro madrigais
Em noites-madrugadas
Sendas enluaradas
E nisto tu me trais

As sortes de cristais
Em sonhos e toadas,
As luas desenhadas
Em atos geniais,

Mosaico em multicor
Tramando o raro amor,
Pendão em glória e luz;

Porém o tempo nega
E a sorte sendo cega
Ao nada me conduz...

60

A vida fosse breve
O tempo não traria
Sequer esta agonia
Que tanto ora se atreve,

Minha alma em plena neve
Vertesse em utopia
O quanto se queria
E nada mais, pois deve,

Esqueço o prazo e sigo
Ainda em desabrigo
Seqüestros da ilusão,

Meu dia sem medida
A morte em plena vida,
Dos sonhos, meu porão...


61

Ao perceber o adeus
E nele se mostrando
O mundo em tom nefando
Marcantes perigeus

A sorte em tons ateus
A morte desnudando
O rumo desenhando
Amores são pigmeus

E o verso sem traçado
O tempo onde me evado
E bebo em dor e tédio,

Resumos de outras eras
E nelas quando imperas
Negando algum remédio...

62


O quanto se acostume
E nada mais traria
Apenas a agonia
E nisto sou estrume,

A vida sem perfume
A velha lataria
Marcando hipocrisia
Na vida onde se aprume,

Realço este detalhe
E quanto mais se falhe
O prazo se dilata,

A morte consumindo
O quanto fora lindo
E agora diz chibata.



63


A vida traz a deixa
E trama o que virá
E sei que desde já
O tempo dita a queixa,

E nisto a velha gueixa
Deveras mostrará
A luta sem maná
O sonho enfim nos deixa,

Vestindo esta ilusão
Dos dias que verão
Apenas o degredo,

Marcasse com meu sonho
O quanto além me ponho,
E sei em desenredo...

64


A sorte traz e leva
A morte entre seus dentes
E sei dos penitentes
Caminhos nesta treva,

Bebendo o que se ceva
Em dias pertinentes
E quanto mais tu tentes
A vida sempre neva

E mostra sem saída
A veste já puída
Por traças e venenos,

Os olhos no horizonte
E nada mais aponte
Senão temores plenos.

65


O quanto vejas; sê
E trames outros fatos
E neles os retratos
Da vida sem por que,

O quanto possa e crê
Quem dita tais ingratos
Cenários em recatos
Ou mesmo nada vê

Mergulho no que um dia
Deveras poderia
E nada se moldasse,

Presumo apenas isto
E quando enfim desisto
Supero o velho impasse.


66


A mínima esperança
Não traz felicidade,
E quando assim se evade
O passo que ora avança

Nas mãos este arco e a lança
A morte que degrade
E nisto o quanto invade
Expressa a vã pujança,

Apunhalando o mundo
Que tanto ora me inundo
Bebendo em dor e medo,

Aos trancos e barrancos
Os dias mesmo francos,
O passo em arremedo...

67


A luta sendo breve
O manto se desprende
E nada mais depende
A sorte que se atreve,

E quanto enfim se ceve
Ou mesmo tanto aprende
Quem tenta e não se prende
Num canto manso e leve,

Apenas a vertente
Que tanto se apresente
Em dores e temor,

Arcando com meu erro
O tanto que desterro
Expressa a imensa dor...


68


A música se espalha
E o som desta emoção
Ditando a solução
Em fogo sobre palha,

O verso que se atalha
As honras se farão
E nelas dimensão
Dispersa se retalha

Acordo e nada veio
Somente o devaneio
E o prazo se findando,

O verso sem o tempo
Gerando em contratempo
O tanto e desde quando.

69


Perfumes entre flores
Ausências entre medos
E assim velhos segredos
Aonde quer e fores

Gerando dissabores
Em passos versos ledos
E sei dos desenredos
E neles sem albores

Apresento o caos
Em dias versos maus
Medonha garatuja

E quanto mais se intente
Vencer o pertinente
Minha alma mais se suja.


70


A vida acida a guarda
E nada traz em si,
O quanto já perdi
Ou mesmo não resguarda,

Presumo noutra farda
A luta onde me vi
Sem ter o quanto aqui
Jamais a sorte aguarda,

Esqueço que pudesse
Ainda sem benesse
Quermesses da ilusão,

Ludibriando o passo
Aonde tento e traço
Os dias desde então.


71


O teu perfume traz
Momentos sem igual
De um velho ritual
Aonde fui audaz

Deixando para trás
O passo mais venal,
O dia em madrigal
A lua em plena paz,

Mas sinto o quanto pude
Vencer o mundo rude
E ter noutro cenário

Apenas o que possa
Gerando após a fossa
O rumo necessário...


72


Amada, mas contida
A mão que acaricia
Deveras na alegria
Repara a velha vida,

Mas sei da desprovida
Noção em agonia
Do quanto se queria
E a sorte dilapida,

Vestindo a mesma cena
E nada me serena
Condena ao tom mortiço

E sei do quanto viço
No sonho em tal brandura,
Mas nada me assegura.

73


Ao ler as velhas cartas
Da morta juventude
O passo que me ilude
Deveras já descartas,

Em lutas mesmo fartas
A sorte nada mude
E quanto mais eu pude
Apenas alpercatas

Cenários em espinhos
Vencidos por daninhos
Momentos sem proveito,

Porém sem mais defesa
Entregue à correnteza
Em pregos, pedras, deito.


74


O quanto já renasce
Do sonho sem presença
De quem tanto convença
Vencendo o velho impasse,

Querendo o que repasse
O marco sem a crença
E nada em recompensa
Ainda se mostrasse

Ouvir o que não veio
O mundo em tal receio
Repete a ladainha,

E sei do quanto sigo
Vencido em desabrigo
Na sorte mais mesquinha.

75

No azul do firmamento
Em tarde magistral
Procuro um ritual
E nele me alimento,

E quantas vezes tento,
Caminho sem igual,
Perdendo algum sinal
Ou mesmo em sofrimento.

Mas sei que neste enredo
O tempo desde cedo
Expressa o que viria,

Matando a dor em mim,
Gerando o que há enfim
Em rara alegoria...


76


As horas quando são
Bem mais que mero ocaso,
Ainda se me atraso
Meus olhos já verão

Do tempo esta versão
E nela o quanto aprazo
Bebendo cada caso
E nisto em solução

Expresso o verso e o fim,
Gerando o meu jardim
E nele toda rosa

Espinhos? São detalhes,
Mas quando ali espalhes
A vida é majestosa.

77


Apenas do setembro
Primaveril cenário,
O sonho um relicário
Aonde amor relembro,

E bebo deste encanto
Embora passageiro,
O mundo por inteiro
Vencesse algum quebranto,

Abençoando o dia
Que tanto quis deveras
Em noites mais sinceras
No amor que se tecia,

Vestindo a luta em paz,
Tramando a luz que traz.

78

Por tantas várias terras
Caminho sem proveito
E quando assim aceito
As longas, torpes serras,

No quanto já descerras
O mundo sem tal pleito
Resume o mero efeito
Aonde em vão me encerras

Escrevo em próprio punho
E sei deste rascunho
Que pude conservar

Tentando alguma forma,
Porém tanto deforma
O pouco a se mostrar...


79


As sortes percorridas
Em meio aos vendavais
Trazendo em desiguais
Audácias presumidas,

E quando dilapidas
Os ermos entre os quais
As sortes em banais
Verdades são vertidas,

Não quero nada além
Do passo sem sentido
E quando enfim me olvido

O tempo diz desdém
E o prazo determina
O fim em rude sina...


80

O mundo quando torno
A ter noutro momento
O quanto ainda invento
E nisto nada adorno,

O prazo determina
O fim e nada mais
Sentido em desiguais
Caminhos, velha sina,

A porta se trancando
O marco se desenha
E sei desta resenha
Aonde fora brando

Mas nada se transcorre
Enquanto o tempo escorre...


81

As sortes fenecidas
Nas tramas do caminho
E sei que vou sozinho,
Palavras exauridas,

As lutas consumidas
A cada novo espinho
E quando me avizinhos
Estradas já perdidas,

Ocaso após ocaso
Deveras se me atraso
O prazo se findando,

Espero qualquer tom
E sei do vão neon
E nada desvendando.


82

O mundo este remendo
Aonde quis bem mais
Que meros vendavais
E nele me esquecendo

Podendo ou não mais vendo
Os ermos rituais
Espero os funerais
E nada se tecendo,

Pudesse o que não veio
Seguindo sempre alheio
Ao pouco que me resta,

Depois deste naufrágio
A sorte em dor traz ágio
E o vento cessa a festa.


83

Loquacidade dita
O quanto não viria
E mesmo em utopia
A sorte mais aflita

Pudesse em tal pepita
Reger a fantasia
E nesta sorte um dia
A voz já não repita,

Quintais e noites claras
Aonde me declaras
Os tons de uma ilusão,

Dos becos e vielas
O quanto me revelas
Traduz a transição.

84

Saudade dita o rumo
E nego o que inda trame
A vida em seu ditame
Cerzindo o ledo fumo

E quando me acostumo,
Perdido em tal enxame
Ainda que reclame
Não sei sequer o sumo,

E vindo de onde vim,
O manto traça o fim
E o caos se degenera

A vida em sortilégio
O quanto fora régio
Expressa a mesma fera.


85


Ferrenhas noites vagas
E nelas outras tantas
Embora me garantas
As sortes noutras plagas,

Ainda ali divagas
E bebas ou espantas
As sortes, sacripantas
Ou mesmo duras pragas,

Esqueço o tom suave
E quanto mais se agrave
Vernáculos diversos,

Assisto ao que não fora
Minha alma sonhadora
Perdendo em tolos versos.

86


Versando sobre o nada
Depois do que se quis
O verso em aprendiz
Caminho nega a estada,

E a morte desenhada
No céu em louco giz,
Ainda se desdiz
Versão imaginada,

Perguntas sem respostas
E nelas decompostas
Imagens de outras eras,

Sacrílego fantoche
A vida já deboche
E enfim mais nada esperas.


87


Pendesse para um lado
A sorte que não veio,
E o manto em pleno anseio
Já tanto destroçado

O corte desenhado
O mundo sem recreio
O peso em devaneio
O verso derrotado.

Ainda que pudesse
Tentar uma benesse
Ousando num momento

Enquanto nada resta
Somente o que se empresta
Ao turvo desalento.

88


Enquanto o sonho alongo
E busco o ser concreto,
O tempo que completo
Deveras bem mais longo,

Cerzindo em tom vulgar
Tecendo em teias rudes
Ainda quanto iludes
Presumes o luar,

E bênçãos mais diversas
No corte ou no pavio,
E sei e desafio
A luta enquanto versas,

Marcando em dor e pranto
O pouco que garanto.


89


Bebendo em goles fartos
Os olhos que se calem
E nada mais escalem
Somente os velhos quartos,

Telúricos caminhos
Veredas entre tantas
Aonde sei que encantas
Em dias mais mesquinhos,

Negar o quanto pude
Ou mesmo não viria
Selando em tal sangria
A morta juventude

E quanto mais degrade
Procuro a mocidade...

90

Medonha luz que um dia
Falseia e nada traz
Sequer o passo audaz
E nele esta alegria,

Morrendo em agonia
Potencialmente faz
O verso sem a paz
Que tanto merecia

Presumo o fim e vejo
O quanto mais almejo
Desejo em tom sutil,

O quanto se percebe
Da vida em velha sebe,
E o manto suprimiu.


91

Não chore nem tente
Vencer o que venha
A vida se empenha
E traz penitente

O mundo que assente
Na sorte da ordenha
Gerando a resenha
Deveras contente,

A velha mortalha
Aos poucos espalha
E gesta o final,

Depois do que fomos
Agora em tais gomos,
O rumo é fatal.

92

Bebendo o vazio
O tempo não trama
Sequer velho drama
Em corte sombrio,

E sigo este rio
E Iara me chama
A boca se inflama
E sigo vadio,

Percorro o que trago
E quando divago
Vagando sem nexo,

O verso se ausenta
E nada alimenta
O sonho complexo.

93

Em versos, sonetos
Os dias que tento
Enfrentando o vento
E neles meus guetos,

Metódica luz
E nada se vendo
Apenas remendo
Do que me conduz,

Condiz com o fato
De nada sentir
E neste porvir
Somente constato

O verso sem rumo
E mundo onde aprumo.

94

Vã filosofia
Jamais se traduz
No quanto em tal luz
Pudesse ou teria,

Vencer a agonia
Gerar nova cruz
E sei do que abduz
O manto ironia

Escrevo meu verso
E sei se disperso
O passo sem nexo

Peçonhas em medos
E dias tão ledos
Num mundo complexo.


95


Meu canto direito
Meu sonho se cala
A vida sem sala
O mundo sem leito

E sei do que aceito
Da sorte vassala
E nada se fala
Senão tal efeito

Bisonha figura
Que assim assegura
A queda sem sorte,

Apenas comporte
A vida em tal morte
E a vida tortura.

96

O vento ou quem sabe
O medo cerzido
No quanto lapido
E nada mais cabe

Bem antes que acabe
O verso sofrido
O tempo puído
Deveras desabe,

E bebo em mil goles
O quanto me engoles
E geras o vão,

O tempo sem termo
O sonho mais ermo
Do vago clarão.

97

A luz que seria
Aquela que possa
Trazer sempre nossa
Vital poesia.

Porém a agonia
Aos poucos apossa
E gera esta fossa
Em rude ironia,

Mortalhas e sonho
Bebendo o que ponho
Nos olhos ferozes,

Presumo o final
E sei do fatal
Momento em tais vozes.

98


Nadando sem rumo
Espero o que venha
E sei da resenha
E nela resumo

O passo onde aprumo
A luta que tenha
Somente o que embrenha
Na noite sem sumo,

O marco sem paz
A luta se faz
E mata o que pude,

Vestindo a ilusão
Os dias verão
A dura atitude.


99

Um dia sem sorte
O manto rasgado
O verso calado
E nada se importe,

Marcando o que tente
E vença o caminho
Em ermo e daninho
Fatal penitente

O prazo decide
O quanto pudera
Na farsa desta era
Que tanto me agride,

E o mundo sem paz
Apenas mordaz.

100

Sentir o que tenho
Ou mesmo tivesse
Na vida sem messe
No passo onde ordenho

O medo em empenho
Diverso que tece
Gerando sem prece
O mundo em que venho,

Ecoa nesta alma
A luta que acalma
Ou mesmo transcende

E o verso sem nexo
O tempo em anexo
Expressa o que ascende...


101

A dita que foi essa
Em tantos passos pude
Vencer o canto rude
E nisto se começa

A vida não tropeça
Nem mesmo desilude
Quem teima em juventude
Nas teias da promessa

Vagando em noite clara
O sonho se escancara
E gera o outro momento,

Enquanto me procuro
E sei do tempo escuro,
A luz eu mesmo invento.


102

No corpo da mulher
Desnuda sob a lua,
Amor que se cultua
Da forma que vier,

Marcando o quanto quer
E nisto continua
Tramando bela e nua
Prazer quanto o puder,

Não temo o que viria
Nem mesmo esta agonia
Comum entre os amantes,

Destarte sendo fato
O amor que em ti constato
Em atos delirantes...

103


A sorte se arremessa
E busca algum aporte
E sei do quanto corte
A falta na promessa,

O passo que tropeça
A vida perde o Norte
E nada mais conforte
Quem tanto quer e peça

Ausência de esperança
Deveras sempre cansa
Quem tenta ser feliz,

Meu verso mais suave
A voz não mais entrave
O quanto em ti me fiz.


104

A noite amarga e fria
Das solitárias sendas
E quando não atendas
No quanto poderia

A luta se esvazia
E sei que não entendas
Ousando nestas vendas
Nesta hora mais sombria,

Esqueço o que passei
E busco nesta grei
Apenas ser tranquilo,

Vencer os desconfortos
Buscando sem abortos
O amor doce bacilo.


105


Na lúbrica beleza
Da deusa aqui desnuda
A sorte se amiúda
Do sonho sou tal presa

E mesmo em correnteza
Diversa a dita ajuda
E tanto nos transmuda
Ou marca co’incerteza

O quanto pude crer
E nada a se colher
Somente outra semente

Que em chão bem estercado
Produza um novo Fado
No amor que se apresente...

106


Os dias entre os braços
De quem se fez amante,
A vida se garante
E vence dias lassos,

Ocupando os espaços
O olhar calmo e brilhante
No tanto que adiante
Os velhos, rudes laços.

Acordo sem temores
E sei por onde fores
As pedras costumeiras,

Depois de tanto engano
Enquanto não me dano
Percebo que me queiras.


107

Sentindo nos teus seios
A doce provisão
Do amor em dimensão
Gerado em belos veios,

E sei dos meus anseios
E os dias mostrarão
Do sonho a imensidão
Às sortes rumos, meios.

E o pranto ora secando
A vida em tom mais brando
O verso mais suave,

Destarte o caminhar
Presume o quanto amar
Supere algum entrave...


108


O amor que me arrebata
E toma os meus sentidos
Em dias presumidos
A sorte não ingrata,

A luta se constata
E marca sem olvidos
Os passos repartidos,
Palavra mais sensata,

Depois do que se fez
Em farta insensatez
O caos dentro de nós,

O canto se distorce
Por mais que a gente esforce
Ao fim se vê o algoz.

109

Beijar teu corpo belo,
Em arrepios tantos
Momentos entre encantos
Aonde eu me revelo

O quanto em ti eu selo
Os dias sem quebrantos
Os olhos mortos prantos
Dos sonhos o castelo,

Redimes os engodos
E sei dos dias, todos
Envoltos na promessa,

Porém ao te tocar
Encontro a divagar
O amor que se professa.


110


Teu nome balbucio
E bebo em tua pele
A sorte que compele
Trazendo este rocio,

O tanto desafio
E sempre ora se atrele
No encanto onde se zele
Por todo o longo rio

Vagando sem paragem
Bebendo cada aragem
E nela me entregando,

Amar e não sentir
Vontade de partir,
Os céus já penetrando...

111


Ainda que meus versos
Pudessem te dizer
Do raro amanhecer
Em dias mais dispersos,

Momentos tão perversos
E neles desprazer
Podendo se tecer
Os medos tão diversos,

Meu canto sem sentido
O corte produzido
A sorte sem valia,

Depois de tantas cruzes
Apenas reproduzes
As luzes da agonia...

112

Das sortes faço votos
E tento acreditar
Nos raios do sonhar
Ainda que remotos,

A vida em terremotos
Vontade de voar
Sem ter onde aportar
Apenas vejo as fotos

E sinto bem mais perto,
Ou mesmo até desperto
Envolto em tais cenários,

Mas quando me percebes
Em outras várias sebes,
Templos imaginários...

113


E quanto além tu somes
Deixando para trás
A vida perde a paz,
Amores sem ter nomes,

Expressas quando domes
Vontade mais audaz
Do encanto onde se traz
O quanto agora tomes,

Esqueço o que pudera
E vendo em ti a fera
Atocaiada mente,

O pranto não resolve
A vida se revolve
O fim já se apresente...

114

Os olhos vagos, feios
Os dias sem proveito
E quando enfim me deito
Vagando em turvos veios,

Lembrando belos seios,
Porém já sem efeito
Enquanto não me aceito
Envolvo-te em rodeios,

E sei que não virias
Nem mesmo em fantasias
Diversas e sutis

Desenho em passo incauto
O quanto se quis lauto
O amor que jamais fiz.


115


A vida em medo e flor
Primaveril outono
Do quanto eu abandono
A sorte em destemor,

Procuro recompor
Após o longo sono,
E quando não me adono
Do quanto quis amor,

Já não posso escutar
Sequer o imenso mar
Beijando esta alva areia,

Somente o que se traz
No olhar rude ou mordaz,
Deveras me incendeia...


116


Tanta melancolia
No olhar de quem se quis
Bem mais que um aprendiz
Ou mesmo tentaria

Versando em alegria
O todo por um triz,
No céu moldado a giz
A sorte não veria,

Mas teimo contra a fúria
E sem sequer lamúria
Adentro este infinito,

E rastejando apenas
Aonde me condenas
O amor se faz aflito.

117


O quanto já se ri
Dos olhos de quem ama
A velha e tola chama
Encontro inteira ali,

E o tanto que perdi
O mundo nesta trama
Diversa dita lama
E nela vejo a ti,

A senda mais fugaz
O amor que tanto traz
E nada mais recobra,

O tempo desafia
E gera a fantasia
Do quanto fora a sobra.

118


Os dias seguem pálidos
Os olhos sem futuro
E quando me asseguro
Pensando em ritos cálidos

Em bólidos diversos
Em tétricos caminhos,
Ainda quero ninhos
E busco velhos versos,

Mas nada se produz
Sequer o que tentara
E assim esta seara
Ausenta-se da luz,

Vestindo a hipocrisia
O quanto restaria?


119

Já não cabem receios
Nem mesmo outras palavras
Enquanto o sonho lavras
Os dias; devaneios.

Não quero e não pudesse
Vencer a tempestade
E quanto mais agrade
A vida em rara prece,

Sem nada que me toque
O prazo determina
Esta alma feita em sina
Negando algum estoque,

Voltando; estaca zero,
O mundo se faz fero.

120


A vida traz na túnica
A proteção que quis
E sei deste aprendiz
Embora a luz seja única.

Na cênica expressão
A crônica vontade
Em tônica saudade
A tétrica emoção,

A lúbrica palavra
A lúdica certeza
Da hedônica beleza
Que o tempo sempre lavra,

O verso se profana
E a vida? Desumana...


21


O amor que logo adentre
Sem ter qualquer escusa
E quanto mais abusa
No fim já desconcentre

E sei que escolhendo entre
O quanto pude e cruza
E a sorte mais obtusa
Confusa se concentre,

Esqueço o que viria
Ou mesmo em sintonia
Devido ao que se quis

Gerando num detalhe
A vida que me entalhe
E marque em cicatriz.

122

O amor se faz aquém
Do quanto quis um dia
E nada mais traria
Nem mesmo aonde e quem

O resto não convém
E o prazo ora se adia,
Vestindo a fantasia
Que nada teima e tem,

Refém desta emoção
A sorte em dimensão
Diversa ou mesmo frágil,

O passo se permite
Além de algum limite
E nisto sou mais ágil.

123

Meu mundo em teus carinhos
O sonho se reflete
No quanto nos compete
E trama novos ninhos,

Os dias tão sozinhos
A luta não repete
O que tanto me afete
Expressa tais espinhos,

Mas sei do amor que volve
E tanto ora me envolve
Revolve o quanto fora,

Uma alma sem temores
E nela aonde fores
Divina e sonhadora.

124


O quanto fosse nunca
A sorte não trouxera
Senão a mesma fera
Deveras tão adunca

O prazo determina
O fim do que se quis
E sei deste infeliz
Cenário em leda sina,

A morte, o corte e o fim,
O quanto resta agora
E nada mais se aflora
Sem flora o meu jardim,

Apenas aprendendo
A ser um ser horrendo.

125

A vida em escalada
A sorte mais fugaz
O amor que ora nos traz
E gera a cavalgada

Da sorte desenhada
E nela o que se faz
Vencendo o passo audaz
Deixando a velha estrada,

Não pude e nem quisesse
Além desta benesse
Estabelece a vida

E quando em tal proveito
O rumo em paz aceito
E nada nos agrida...

126

O sonho que proclama
A vida em tom maior
E sei do meu suor
Gerado em medo e trama,

A sorte que sem drama
Presume e já de cor,
O tempo bem melhor
Embora seja chama,

Esqueço este endereço
E ao sonho eu obedeço
Vencido pela fúria

Da noite ensimesmada,
A sorte desenhada
Expressa a vaga incúria...

127


O amor que sem temores
Não poupa e nos invade
Qual fosse tempestade
Na sorte em gozos, dores,

E sei por onde fores
Deveras tanto agrade
Supere qualquer grade
E gestas belas flores,

No encanto onde se dá
O tanto que em maná
A vida não sonega,

E bebo em tua pele
O vinho que compele
À rara e nobre adega.

128


A vida em tal grandeza
Não deixa que se perca
A sorte em leda cerca
Nem mesmo em correnteza

Aprisionando o passo
De quem se fez além
O amor quando convém
Gerando cada espaço,

E bebo em carmesim
A noite que se fez
Em toda insensatez
A sorte dentro em mim,

Resumos dos anseios
Em coxas, bocas, seios...

129


O amor que tanto guarda
As marcas deste tanto
Aonde me garanto
E a vida não aguarda,

A noite bela e parda
A luta num encanto,
Rondando canto a canto,
De nada me resguarda,

E sendo sempre assim
O amor que não tem fim
Expressa este delírio

Deixando para trás
O quanto em dor se faz
Ou mesmo em vão martírio...

130

Os olhos, bocas, dentes
As tramas envolvendo
O rastro se perdendo
Enquanto tanto sentes,

Amores são urgentes
E sei do que cedendo
Expressa sem adendo
Os dias penitentes

Marcado a ferro e fogo
Assim assisto ao jogo
E sei que pouco importa

Quem rústico se fez
Gerando outro talvez
Abrindo a velha porta...

131


O amor que se fez mundo
Regendo cada sonho
Aonde me proponho
E assim nele me inundo,

E quando me aprofundo
Nos ermos do risonho
Cenário onde me enfronho,
Um velho vagabundo,

Acordo o meu desejo
E quanto a ti almejo
Ensejos variados,

Sonhando em tom sutil
O amor quando se viu
Jogando em mesa os dados...

132


Emoldura tela
Em nobre fortaleza
A vida dita a presa
E a sorte me revela,

O quanto ora se sela
E gera a força ilesa
Vencendo sem surpresa
A corte que se atrela

E vendo este cenário
E nele o imaginário
Expressa o quanto quis,

Depois de certo tempo
Apenas contratempo
Agora sou feliz...

133


Tão bela em noite imensa
Deitada sobre a cama
O amor quando nos chama
Ditando a recompensa,

A sorte nos convença
Da luta que se trama
Bebendo a luz quando ama
E nisto além da crença

Resumos de outras eras
Aonde destemperas
E perdes o que tanto

Marcasse em alegria
Ou mesmo fantasia
O amor onde me encanto.

134


Ainda em velhas tardes
Da juventude morta,
Olhando o quanto aporta
Dos sonhos que resguardes,

Embora não aguardes
Abrindo o que me importa
O tempo não aborta
As sombras que retardes,

Esqueço o quanto anelo
Amor trama este belo
Fantasioso sonho,

Mas quando enfim acordo
Distante sigo a bordo
De um tempo assaz medonho.

135

Saudades da fazenda
Que nunca fora minha,
A sorte não mais vinha
O sonho é falsa lenda,

E quando assim se estenda
A vida mais daninha,
Palavra que sozinha
Traduz, no olhar, a venda,

O corte na raiz
O quanto mesmo quis
E nada aproximara,

Depois de tanto medo
Apenas sigo ledo,
Em senda rude a amara.

136

O muito azul do olhar
De quem se fez amada,
A sorte desenhada
E o tempo a se mostrar

No quanto pude achar
A vida desejada
Ou mesmo destinada
Ao quanto possa amar,

Negar qualquer anseio
E ter aonde veio
Os rastros da esperança

Medonha luta expressa
A vida já sem pressa
Deveras não se cansa...

137

Os olhos em cristais
As sortes mais audazes
E quantas vezes; trazes
Momentos magistrais,

Encontro estes sinais
Na sorte em várias fases
E sei das velhas frases
Perdidos madrigais,

E bebo o teu suor
Caminho eu sei de cor
E tanto se percorre

Amor quando inebria
Deveras noite e dia
Desejo um louco porre...

138

O tempo este lacaio
Dos ermos de minha alma
E nada mais acalma
Quem tenta e sei que traio,

O passo enquanto saio
Vestindo o velho trauma,
A sorte em cada palma
O mundo eu descontraio,

Esqueço este provento
E tanto me alimento
Do medo ou mesmo até,

Da fúria em tal tortura
E nisto me amargura
A vida já sem fé...

139

O quanto possa; às vezes,
Vencer o que não vinha
E mesmo a mais daninha
Das sortes sei há meses,

E vejo entre estas reses
A face mais mesquinha
De quem já desalinha
O sonho que ora teses.

Esqueço o quanto pude
E sei desta atitude
Em atos desiguais,

Depois do que se visse
A vida em tal tolice
Quebrando os vãos cristais.

140

Enquanto busco e sigo
Os rastros que deixaste
O tempo se desgaste
E marque o desabrigo,

Mas sei que assim contigo
Porquanto haja desgaste
O amor gera o contraste
Que tanto ora persigo,

E sendo assim encanto
Que possa e sem quebranto
Vencendo os temporais

Depois do ledo engano
Meu passo ora profano
E sigo enquanto trais...


141

A lira que se canta
Enquanto tanto anseio
A vida em devaneio
A sorte se faz tanta,

E quando me agiganta
Procuro sem receio
Vencer o quanto veio
Em luta e não me espanta,

Resvalo nos enganos
E sei dos velhos danos
Em fúria e tempestades,

E quanto mais te vejo
Maior e benfazejo
O mundo que ora invades...

142

O quanto fosse algum
Dos tantos sonhadores
Vivendo aonde fores,
Porém não há nenhum...

Os erros do passado
Enganos costumeiros
E sei dos derradeiros
Cenários; desolado,

E quanto mais me perco
Dos cantos que tentara
Marcando esta seara
E nela fecha o cerco,

Tecendo a rude teia
A luz ora incendeia...

143

A sorte sempre viva
E mostre o que viria
Esboça a fantasia
E volta e me cativa,

Resumo do que priva
A luta em agonia,
Vestindo a alegoria
Da trama lenitiva,

Exangue em tola verve
O amor que se conserve
Versando sobre o fato,

E enquanto rastro eu sigo
Tateio e do perigo
O sonho em paz retrato.


144

Pudesse resguardar
Os dias entre vários
Momentos solitários
E neles o luar

Rondando a divagar
Vencendo os temerários
Caminhos em corsários
Distando imenso mar,

A luta se desenha
E mesmo que contenha
Ainda uma esperança

Depois de tanto ocaso
O quanto diz descaso
Ao nada em vão se lança.


145

Eu não seria o gado
Que tanto te obedece,
A vida amadurece
E traz novo legado,

O tempo desenhado
A sorte em tal benesse
Enquanto estabelece
O rumo em ermo prado,

Vestindo o que me cabe
Bem antes que desabe
Castelos quando os crio

Já não mais me contenta
A sorte em tal tormenta,
E o tempo amargo e frio...

146


O tosco caminhar
Em meio aos vendavais
E neles outros tais
Negando algum luar,

A vida a se queimar
E nelas outras mais
Diversos e banais
Os versos a cantar,

Esqueço o que inda trago
Vencido em duro afago
Por tantas ilusões,

Desnudo e sempre aflito
Do quanto eu necessito,
Deveras decompões...

147


O quanto em duro trato
A vida me ensinara
E gera e desampara
O passo onde constato

O corte que retrato
A luta se escancara
E a sorte mesmo rara
Secando algum regato,

Resgato do meu tempo
A mais que o contratempo
A senda mais risonha,

Uma ilusão somente,
A vida também mente
E sei o quanto sonha...

148

Diversas expressões
Marcando o que inda venha
Acende a velha lenha
E traz as erupções

Diversas dimensões
Do quanto nos convenha
E sei da velha ordenha
Aonde tu compões

Os prazos infinitos
Ou mesmo os mais aflitos
Desenhos sem proveito,

E quando noutro engano
Aos poucos me profano,
Em vazios eu deito.

149

O mundo mais grosseiro
A voz já não se ouvindo
E o quanto fora infindo,
Agora é derradeiro,

E sei do mensageiro
E tanto se sentindo,
Ocaso que deslindo
Mostrado por inteiro,

E o verso sem valia
A sorte em agonia
A morte a cada falso,

Do tempo onde vivera
A vida se escondera
Num velho cadafalso.

150

Os olhos sempre frios
De quem se fez bem mais
Dos ermos vendavais
Aos tantos desvarios,

Vertendo em desafios
Os cantos entre os quais
Pudessem sem jamais
Beber dias sombrios.

Não pude e não quisesse
Ainda em rara messe
Promessas vãs, sem nexo,

O quanto possa então
Trazer outro verão
Nos sonhos eu anexo.

151


A vida sem os zelos
De quem se quer ou tenta
Bebendo esta tormenta
Espalha neves, gelos,

E quanto posso vê-los
Marcando a violenta
Manhã torpe e sangrenta
Após os pesadelos,

Enovelada senda
Aonde se desvenda
O caos em sortimento,

E brindo sem respostas
Ao quanto ora desgostas
Embora o canto invento.


152


Assim tanto constróis
E mesmo que se tente
Vencer este inclemente
Cenário em rudes sóis,

Os sonhos são faróis
E quando ali me invente
O passo penitente
Dos tempos que destróis

Escassas noites claras
E quando mais declaras
Expressas solidão,

Mas sei do quanto pude
Num ato mesmo rude
Em triste dimensão.

153


O quanto ainda tenho
Ou mesmo até já quis
Deixando por um triz
O mundo em ledo empenho,

Assisto e me contenho,
Mas levo a cicatriz
E sei deste infeliz
Cenário de onde eu venho,

Reparando a ruptura
Que possa e me amargura
Aposso-me do vago,

E sei do meu momento
Em dor e me atormento
Enquanto em vão te afago.

154


Amor se fez impróprio
E nada mais o salva
A sorte que quis alva
Agora em rumo próprio

Expressa o quanto nega
E marca em rebeldia
A luta que traria
A vida menos cega,

Sossega coração
E queime noutra frágua
Enquanto aquém deságua
Matando esta estação

Meu verso sem destino,
O passo eu não domino...

155

Pudesse ser casal
O quanto se isolara
A vida bem mais clara
Em raro ritual,

Mas sei deste fatal
Cenário aonde a escara
Devora e desampara
Nascendo em tom venal,

Escusas? Não as quero,
Apenas ser sincero
E assim tudo me basta,

A farsa desvendada
A mulher desejada
Aos poucos já se afasta.

156


O mundo quando assisto
Aos ermos de um caminho
E nele me avizinho
Do quanto se fez isto,

E sendo o que conquisto
Apenas teu espinho,
Meu mundo mais daninho
Deveras tão malvisto,

Apresentando o corte
Somente o que conforte
Saber de um tom fugaz,

Mas quando a noite volta
E o tempo se revolta,
A dor se faz tenaz...

157


Bebesse do teu vinho
Insólita passagem
Amargo tal visagem
Enquanto desalinho

Meu passo eu adivinho
E bebo esta paisagem
E quanto sei sem pajem
O verso onde me aninho,

A tétrica vontade
Que tanto nos degrade
Agrade a quem se fez

Na espúria desventura
E traz quando amargura
A velha insensatez.


158


O amor que se desfruta
Nas ânsias mais sutis
Vivendo o que se quis
E nisto não reluta,

A sorte dita a luta
E peço mesmo o bis
Gerando o quanto fiz
Na senda mais astuta,

Resumos de outros erros
Em longos, altos cerros
Diversa cordilheira

E quanto mais te queira
O mundo não permite
A sorte em vão palpite...

159


O amor que tanto aceite
A luta sem proveito
E quando além me deito
No tanto que deleite,

A vida que se espreite
Vencida em rastro e leito,
Do passo quando em pleito
Ao menos se respeite,

Em éteres diversos
Ousando em universos
Unidos pelo encanto,

Mas quantas vezes; pude
Matando a juventude
Morrer sem mesmo um canto.

160


As noites sendo francas
As horas sem ternura,
Ainda se assegura
Manhãs suaves, brancas?

E sei quanto desancas
De quem tanto procura
Apenas a ventura
A sorte; enfim, estancas,

Planura não presume
A vida em alto cume
Nem mesmo esta vertigem,

O quanto se percebe
Tormenta em rude sebe
Matando desde origem...

161

Quando te amei deveras
A porta se entreabrira
Agora em leda mira
Exposto às gralhas; feras

O quanto destemperas
E tanto ora me fira
A luta que prefira
Às doces, mansas eras,

Mergulho no vazio
E sei do quanto crio
Embalde nada veja

A sorte que tentara
Reinar sobre a seara
Desnuda é malfazeja...

162

Ao dar a minha vida
A quem nada queria
Gerando esta utopia
Há tanto adormecida,

No quanto dilapida
A sorte em agonia,
Marcando o dia a dia
Na morte consumida,

Já não me basta a crença
Nem mesmo quando pensa
A vida sem proveito

E tanto quanto pude
Vestir velha atitude
Rasgando inteiro o peito.

163

Teus olhos no horizonte
O prazo determina
O quanto nos ensina
E nada mais aponte,

Ainda que desponte
A luta traz a sina
E nela o que fascina
Derruba a velha ponte,

Cambias entre os tantos
Diversos desencantos
Os tempos consagrados

E sei dos dias tais
Aonde são banais
Desejos lapidados...

164

Já não me prenderia
Aos olhos predadores
Dos tantos desamores
Que trazes dia a dia,

E sei da fantasia
E nela quanto opores
Caminhos sem as flores
Que tanto amor queria,

Escuto o vendaval
E sei do desigual
Momento onde se açoita

A luta num tormento
E quanto busco ou tento
A morte nos acoita.

165


Teu riso que insincero
Não deixa o quanto veja
Da sorte malfazeja
E nada mais espero,

Somente o passo fero
E quanto mais dardeja
A vida se preveja
Num ato que não quero,

Aprendendo a sonhar
O tanto a se mostrar
Nesta nudez de uma alma

E beijo este infinito
E quando mesmo grito,
Mais nada enfim me acalma.


166

Supérflua fantasia
Entronizando o medo
E quando me concedo
Além do que podia,

A vida em agonia
O rústico segredo,
Vencendo este arvoredo
A sorte não veria,

E sei do quanto tenha
Quem tanto ora se empenha
E nada se aproveita,

O amor em tal momento
Diverso do que alento
Talvez traduza seita...

167

Tão bela criatura
Envolta pelo sol,
Domina este arrebol
E assim se configura

A sorte que perdura
Narcísico farol
E tanto sigo em prol
Buscando esta ternura,

A lenda se desdenha
Além da luz que venha
Em rendas e cetim,

O tanto que pudera
Apascentando a esfera
Moldada dentro em mim.

168

Nos raios desta lua
Deitando sobre nós
O amor expressa a voz
Que tanto se cultua

A deusa bela e nua
Meu canto mais veloz
O gozo e logo após
O tanto continua

Emoldurando a sorte
Que agora nos conforte
E gere o que se quer,

Vencido pelo imenso
Caminho aonde penso
Nas ânsias da mulher...


169


Deitando sobre o colo
Os raios deste encanto,
E bebo o que garanto
Enquanto em ti me assolo,

A vida sem o dolo,
O passo sem espanto
E sei do quanto canto
Pisando em firme solo,

Não pude prosseguir
Aonde sem porvir
O tempo se escasseia,

E sei desta verdade
Que tanto desagrade,
Porém, minha alma, alheia...

170

A bruna cabeleira
Tocando a pele clara
De quem se quer e ampara
A vida costumeira

E quando a sorte esgueira
Gerando nova escara
O tempo se prepara
Em luz mais verdadeira,

Depois do ledo engano
O quanto soberano
Cenário ora apresentas,

Meu verso; em ti desnuda
A sorte mesmo muda
Vencendo estas tormentas...


171

Adoptio naturam imitatur.

Do quanto se traduz
Após a sorte enquanto
A vida que garanto
Imita a própria luz

E assim se reproduz
No todo sem espanto
O marco em novo manto,
Porém nele me pus,

Do natural caminho
Ao quanto se forjasse
Mudando a velha face

Em sonho onde me alinho
Mutável criatura
Meu mundo se aventura...

172

De nihilo nihil. (Lucrécio)

O quanto se apresenta
Deveras numa origem
Diversa da que impingem
Ou tracem em tormenta

O nada não se produz
Somente dita o nada
E assim nesta escalada
A sorte corta a luz

Somando o que se fez
E tento noutro passo
Viver o que ora traço
Até sem lucidez,

Mas vejo o resultado
Do quanto é desenhado.

173


É difícil esquecer de repente um longo amor. — Difficile est longum subito deponere
amorem.

Um grande amor jamais
Esquece o seu caminho
E teima em velho ninho,
Mesmo inseguro cais,

O tempo em vendavais
O quanto ali me aninho
E sei tanto mesquinho
Os loucos temporais,

Mas quanto mais se quer
Tornar mero e qualquer
O todo que se fora,

Visão do esquecimento?
No prazo onde me invento
A vida? Sonhadora...

174


Quando o pobre dá presente ao rico, parece armar-lhe redes. — Donat cum egenus diviti
retia videtur tendere (Catulo).

Enquanto se apresenta
Nos olhos a vingança
A sorte em vão se lança
E gera esta tormenta,

E a vida violenta
A morte onde se avança
E traz sem esperança
O quanto agora alenta,

Esqueço o quanto pude
Viver em atitude
Diversa do que outrora

Seguisse em raro viço,
Mas sei do movediço
Caminho que me ancora.


175


Doce e honroso é morrer pela pátria. — Dulce et decorum est pro patria mori. (Horácio)

A pátria que me embale
Ou mesmo me torture
Deveras não procure
A luta que se cale

E quanto me avassale
Marcando e me amargure
No passo que afigure
Do céu sanguíneo xale,

Mas sei deste heroísmo
E nada enquanto cismo
Apenas nesta paz,

A sorte se desenha
Enquanto a amarga ordenha
Deveras nada traz.

176


A afinidade não gera afinidade. — Affinitas affinitatem non generat.

A vida necessita
Total contrapartida
Senão segue perdida
E mata esta pepita

E quando se repita
A sorte discernida
E nada mais divida
Cerzindo o que palpita,

No espelho que deforma
A face noutra forma
O corte se apresenta,

Vencido pelo engano
Meu mundo onde me dano
Traduz noite sangrenta...

177


A águia não caça moscas. — Aquila non captat muscas.


Perder a direção
E ter nas mãos o nada
Depois da desejada
Manhã, raro verão,

O tempo em sedução
A luta desenhada
E quanto ora me invada
Em dias que verão

Os erros costumeiros
E nisto o precipício
Traduz um desperdício

Matando os derradeiros
Caminhos onde eu pude
Vencer em plenitude...


178


A arte está em esconder a arte. — Ars est celare artem.

O quanto já se expõe
Do todo que fizeste
Moldando em solo agreste
E assim se decompõe,

A sorte não se opõe
Até que além vieste
Tateias o celeste,
Porém nada repõe

E nesta exposição
Desnuda dimensão
Expressa o que esvazia

E a sorte se transporta
Aquém da imensa porta
Em leda hipocrisia.


179


A barba não faz o filósofo. — Barba non facit philosophum.

Imagem não diz nada
Tampouco se desenha
A vida em clara senha
Ou dita esta alvorada,

Imagem degradada
No fundo não contenha
A sorte que inda venha
E traça enquanto enfada,

Esgueiro pelas ruas
E quando ali cultuas
Inconsistente imagem,

O tempo se transforma
E desta velha forma
Somente paisagem...

180


A boa árvore dá bons frutos. — Arbor bona fructus bonos facit.


O quanto se traduza
No dia que virá
Expressa desde já
Sem sombra mais confusa,

A vida quando obtusa
Somente impedirá
O que pudesse lá,
Mas nada se entrecruza

Desenho que em matriz
Repete este matiz
E gera em tom igual,

Porém na imensa queda
O nada já se enreda
Num ato vão, venal...

181

A boa vontade supre a obra. — Aequiparat factum nobile velle bonum.

De nada adiantasse
O ledo caminhar
Sem tanto demonstrar
A verdadeira face

E sem qualquer impasse
Marcando o que moldar
E nisto o desenhar
Deveras desnudasse,

A sorte em tuas mãos
E nelas entre vãos
Adentras firmemente

E sei do quanto possa
A vida sendo nossa
Querendo se fomente.


182

A boca fala do que está cheio o coração. — Ex abundanctia enim cordis os loquitur.

Neste incontido grito
O sentimento expressa
A sorte que em tal pressa
Vagando em infinito,

E quanto necessito
Da luta que começa
Em nada mais tropeça
Vestindo o raro rito,

E sei do quanto pude
Trazendo a plenitude
Até que na explosão

Meu mundo se desenha
E sei do quanto venha
Em rara dimensão...

183


A boda ou a batizado não vás sem ser convidado. — Alterius festum solum invitatus adibis.

A vida não permite
O passo enquanto arrisco
O tempo onde mordisco
A sorte em seu limite,

E sei do mesmo risco
Marcando o que acredite
Vencer e necessite
Além num obelisco,

E tanto se apresenta
A sorte mais sangrenta
A quem se fez além,

O prazo determina
A vida em vã cortina
Que nada atrás detém...


184


A boi velho não busques abrigo. — Aetatem habet, ipse sibi consulte expertus.


O abrigo que pudesse
Trazer em solução
A mesma sensação
Suave de uma messe,

Porém quando padece
A velha indecisão
Apenas moldarão
Os dias sem a prece,

Esqueço cada passo
E sigo enquanto traço
Cenário mais diverso

E sei do meu momento
Embora em sonho invento,
Ao nada agora verso.


185

A cavalo dado não se olha o dente. — Equi donati dentes non inspiciuntur.

O quanto se concede
A quem tanto se quis
Pudesse por um triz
Ditar o que se mede

O passo onde se enrede
O todo que já fiz,
Deixando este matiz
E nele o tempo cede

Apenas apresento
Meu passo contra o vento
E sei do que viria,

Mas quando se anuncia
A vida em fantasia
Valendo até no intento.


186

A César o que é de César. — Quae sunt Caesaris, Caesari.


Já nada comportasse
O que não mais me cabe,
Bem antes que desabe
A sorte noutra face

Permita o que mostrasse
E tanto que se acabe
O rumo onde se sabe
Da vida sem impasse,

Espero o quanto possa
Da sorte, sendo nossa
E nada mais teria,

Seguindo cada instante
O quanto se garante
Expressa esta alegria...


187

A desgraça de uns é o bem de outros. — Lucrum unibus est alterius damnum.


Moeda em dúbia face
Traduz realidade,
O quanto desagrade
Deveras te agradasse.

E assim se demonstrasse
A sórdida verdade
Enquanto há claridade
Além já se nublasse,

Destarte o que se faz
Por vezes mais fugaz
Exala este perfume

E nele agrade ou não
Diversa dimensão
Do vale ao alto cume.


188

A desgraça do pobre é querer imitar o rico. — Inops, potentem dum vult imitari, perit.

A vida não permite
O passo além da perna
E quando assim se externa
Além deste limite

O tanto necessite
Da sorte bem mais terna
Presume que a lanterna
Deveras não se omite,

Vislumbro o meu caminho
Somente e nada mais,
Vagando por astrais

E neles eu me aninho,
Porém em mero instante
O mundo me adiante...

189

A desgraça vem se chamada. — Mala ultro adsunt.

A sorte se anuncia
Conforme se deseja
A vida malfazeja
Gerada em agonia,

Depois do que teria
Até se for sobeja
Do quanto possa e seja
Escárnios; já traria.

O tempo em rude fato
Resulta do que trato
Com fúria em tom venal,

Matando uma esperança
Enquanto a mão se lança
Em rude vendaval...


190


A Deus nada é impossível. — Nihil est quod Deus efficere non possit.

O tanto que se queira
Em fé nos traz além
Do quanto se contém
E dita esta bandeira,

A sorte verdadeira
Marcando sem desdém
O passo que convém
E nele a vida inteira,

A luta nos redime
Trazendo esta sublime
E rara realidade,

E quanto mais quisesse
Vertesse em tal benesse
A sorte que me invade...


210


A sorte da guerra é incerta. — Anceps fortuna belli.


Amor tal qual a guerra
Não tendo uma certeza
Gestando uma surpresa
No quanto se descerra

E sei da rude terra
E nada mais diz presa
Ou mesmo correnteza
Enquanto o vago encerra,

Esqueço este cenário
E sei do temerário
Caminho a percorrer,

Nesta diversa luz
Ao quanto me conduz,
A dor, ou ao prazer...

211

A sorte está lançada. — Alea jacta est.


O quanto se edifica
Ou mesmo desmorona
A vida ora se adona
Do quanto não se explica

E quando vem à tona
A sorte atroz ou rica
Deveras modifica
Tomando ou abandona,

E sei que no final
O quanto se anuncia
Gerando nova estada,

Assim num desigual
Caminho em ironia,
“A sorte está lançada”.


212


A verdade dispensa enfeites. — Veritatis simplex oratio.

O quanto se floreia
A vida em falsas luzes
E nela te conduzes
E mesmo devaneia,

Porém em nossa veia
O quanto reproduzes
Em tons diversos, urzes
Infausto te rodeia,

Verdade mesmo quando
Ferindo em tom infando
Supera qualquer fato,

E sei do que permite
Mudar vago limite
Enquanto eu me retrato.


213


A verdade sai da boca das crianças. — Ex ore parvulorum veritas.


O quanto se maquia
A vida em tom diverso
Gerando este universo
Qual fosse uma utopia,

Porém a garantia
Do quanto agora verso
E expressa onde disperso
A sorte em agonia,

Verdade se desnuda
E nisto nos ajuda
A corrigir os erros,

No infante pueril
O quanto ali se viu
Desenha em vales, cerros...


214


A vista do dono engorda o cavalo. — Oculus domini saginat equum.

O quanto se preserva
Ou mesmo se fomenta
A vida sem tormenta
E nisto esta reserva

Enquanto a sorte é serva
Da mão que inda alimenta
E vence a virulenta
Palavra em vil caterva,

Porém no olhar de quem
Trazendo o que convém
A sorte se edifica,

Deveras o caminho
Aonde em paz aninho


215


A vitória ama a cautela. — Amat victoria curam.

O passo que pudesse
Além da dura sorte
E nisto nos comporte
Gerando a rara messe,

No tanto que se tece
E vejo o quanto em porte
Diverso se conforte
E trame e se obedece,

A vida diz cautela
E assim tanto revela
Após a curva imensa,

Destarte o caminhar
Pudesse desvendar
Bem mais que mera crença...


216


Abuso não é uso, mas corruptela. — Abusus non est usus, sed corruptela.

O abuso não permite
O quanto se deseja
E sei da malfazeja
Estrada sem limite,

O quanto se acredite
Na sorte mais sobeja
E quando além se almeja
A paz se necessite,

E o vento em tom contrário
Além do necessário
Impede a caminhada,

E sei do que talvez
Pudesses, mas não vês
Da luta depredada...


217


Acaba-se o haver, fica o saber. — Sapientia longe preestat divitiis.

Lições que a vida traz
Em atos tão diversos
E bebo os universos
Em tom claro e fugaz,

Mas sei do que se faz
E sinto os mais dispersos
Caminhos entre os versos
Num ato mais mordaz,

Porém o quanto resta
Deveras traz na fresta
Ao menos a lição,

E sei do que pudera
E nesta vida, a fera
Tramando a imensidão...

218

Aceita o que é teu e dá o alheio a seu dono. — Accipe quod tuum, alterique da suum.

O mundo se limita
Ao quanto fosse teu
E a sorte se perdeu
Diversa da pepita

E mesmo se palpita
Vontade que teceu
Vertendo enfim o breu
E nada mais permita,

Aflita realidade
No quanto se degrade
O prazo sem caminho,

Ainda quando quero
Podendo ser sincero,
Nesta verdade aninho...

219


Advogados nascem, juízes fazem-se. — Advocaci nascuntur, judices fiunt.

Defesas ou ataques
São coisas naturais
E nisto demonstrais
Além de meros fraques

Rudimentar caminho
E com ou sem justiça
Na sorte movediça
Bebendo ou não tal vinho,

Porém o julgamento
Expressa muito além
E quando ali contém
Total discernimento,

E nisto cada dia
Transcende ao que veria...

220

Agir, não falar. — Agere non loqui.

Quem sabe faz agora
E nada mais adia,
Assim da fantasia
A sorte já se aflora

E quanto mais decora
A vida se traria
E nisto poderia
Tramar aonde ancora

E bebo e brindo ao quanto
Pudesse e teimo tanto
Vestindo a luz imensa,

Porém se me perder
Falando sem fazer
Ausente recompensa...


231

Amigos, nem muitos, nem nenhum. — Amandi, nec multi, nec nulli.


O quanto em amizade
A vida se desenha
E mesmo quando venha
Aos poucos já se evade,

A sorte na verdade
Não traz além da ordenha
E seja o que contenha
Presume a realidade,

Diversos os cristais,
Mas raros diamantes
E quando por instantes

Em erros adentrais
Permita a correção,
Que os dias te trarão.



232

Amor com amor se paga. — Amor amore compensatur.


O quanto poderia
Da vida ser assim
Trazendo ao meu jardim
A rara sintonia,

Porém o que se via
Expressa sempre o fim,
E o tom enquanto eu vim
Negasse a fantasia,

Mas quanto mais amor
Pudesse em rara flor
Trazer a primavera,

Embora a vida cirza
O quanto da imprecisa
Verdade não se espera...

233


Amor de asno entra a coices e dentadas. — Dentes atque pedes asinini exordia amoris.

O quanto se desprende
Das ânsias mais vulgares
E assim enfim notares
A luta que se estende,

O mundo só depende
Dos dias em altares
Diversos; lupanares,
Aonde o nada emende.

O corte se anuncia
E gera esta agonia
Num antro sem sentido,

Assim se desenhando
O passo mais nefando
Há tanto presumido...


234

Amor e senhoria não quer companhia. — Amor et potestas impatiens consortis.


O quanto se anuncia
No amor que glorifica
Encanto sempre fica
Deixando a sorte esguia,

Vencendo o quem traria
E assim se multiplica
A sorte que se explica
No amor que enfim viria.

O tempo se transforma
E gera noutra forma
O tanto quanto quis,

A vida se aproxima
Do quanto em doce clima
Fizesse mais feliz...

235


Amor faz muito, mas dinheiro faz tudo. — Plurima praestat amor, sed sacra pecunia cuncta.

O quanto amor se traz
E gera a plenitude,
A sorte agora ilude
E versa em tom fugaz,

Mas quanto mais se faz
A sorte ora transmude
E possa mesmo rude,
Gerar o capataz,

Esqueço esta valia
E nela o que faria
Encontra a consonância

E tanto que se possa
A dita sendo nossa
Amor em abundância.


236


Amor primeiro não tem companheiro. — Primus amor potior.


O amor que nos ensina
A dor em alegria
Jamais se esqueceria
Bem mais que mera esquina,

A sorte cristalina
O tempo em agonia
A morte que previa
Afasta-se e termina.

Mas sei desta verdade
Aonde o que me agrade
Expresse a eterna luz,

Depois do temporal
Ou mesmo em desigual
Caminho eu já me pus...

237


Andando de dois, se encurta o caminho. — Comes facundus in via pro vehiculo est.

O passo em consonância
Traduz esta firmeza
E deixa sem surpresa
O quanto em nova estância,

Vencendo uma distância
E nela com certeza
Suprema face ilesa
Do mundo em concordância,

Mas quando se divide
O nada se decide
A queda se presume,

E assim na primavera
A florescência gera
Intenso e bom perfume...

238

Anel de ouro não é para focinho de porco. — Anulus aureus in nare suilla.


A sorte desenhada
A quem tanto a merece
E sei do que se tece
Após a velha estada

E quanto mais invada
A vida em rara messe
Presume em glória e prece
O quanto nos agrada,

Mas sei do privilégio
De um mundo nobre e régio
Vestindo esta emoção

E bebo do futuro
E quando ali me auguro
As luzes se verão...

239


Antes burro que me leve que cavalo que me derrube. — Malo tutus humi repere quam
ruere.

Não quero algum conforto
Que possa ser tão falso
E sei do que me calço
E tento além o porto,

O parto sem aborto
Deixando o cadafalso
E nisto algum percalço
Deixando além absorto,

O mundo me arrebata
E a sorte quando ingrata
Não deixa prosseguir,

A segurança traz
Bem mais do que é capaz
Garantindo o porvir...

240


Antes calar que com doidos altercar. — Dementis convitia nihil facias.

Com loucos não discuta
A vida se apresenta
Em face virulenta
E traz incauta a luta,

O prazo onde se escuta
A voz desta tormenta
Gerando o que alimenta
A morte mais astuta,

Eu quero a liberdade
E sei do que me agrade
Pousando noutro senso,

Mas quando se presume
A vida em tal ardume,
Noutro caminho eu penso...


241


Antes da morte, não louves a ninguém. — Ante mortem ne laudes hominem quemquam.

O quanto se louvasse
Quem nunca merecera
Transforma em leda cera
A vida sem repasse

E o verso se moldasse
E nisto se tecera
Enquanto amortecera
O rumo em leda face,

Apenas aprendendo
O quanto fosse horrendo
Ou mesmo em falso tom,

A lua que tu vês
Decerto; insensatez
É feita de neon...

242

Antes de entrar, pensar na saída. — Res ab exitu spectanda et dirigenda est.

Quem tenta noutro passo
Vencer o que não vira
Expressa esta mentira
E nela o sonho escasso,

Deveras sendo lasso
O canto onde desfira
A voz sem qualquer mira
Ou mesmo o tom devasso,

Assim se conhecendo
Ao menos labirinto
O tanto onde me sinto

Vencendo o mais horrendo
Caminho em agonia,
Presume o que veria...

243


Antes de mais que de menos. — Melius est abundare quam deficere.

O quanto além já trazes
Permite muito mais
Do que em tons banais
Decerto ora defases,

A vida em suas fases
Demonstra desiguais
Caminhos em mortais
Cenários vis, mordazes,

Porém no quanto tens
Além dos meros bens
Uma expressão de sorte

Que tanto nos conforte
E nisto vejo e rumo
Trazendo todo o sumo.


244


Antes de matar a onça, não se faz negócio com o couro. — Priusquam mactaveris, excorias.

Um tempo se anuncia,
Porém já se revolta
E quando a sorte solta
As mãos de uma utopia,

O tanto que eu queria
Deveras segue à volta
Procura a mera escolta
Da tola fantasia,

E sei do quanto pude
Embora sendo rude
Beber sem ter proveito,

O quanto inda me cabe
Bem antes que desabe
É tudo que eu aceito...

245


Antes invejado que lastimado. — Praestat invidiosum esse quam miserabilem.

Embora a inveja trace
Um mundo mais venal
O gesto em ritual
Mostrando a dura face,

O quanto se tentasse
Vencer o desigual
Caminho em tom banal,
No prazo que moldasse

A morte se anuncia
E traz em heresia
Silentes noites vãs

E sei do quanto possa
Vencer a dura fossa,
E ver novas manhãs.

246


Antes pobre sossegado que rico atrapalhado. — Liber inops servo divite felicior.

A paz valendo tanto
Que possa nos mostrar
Além de algum lugar
O tempo quando encanto,

E sei que o ledo pranto
Jamais vai sossegar
Marcando devagar
E nisto este quebranto,

Assaz audaz o tempo
Embora em contratempo
Vencendo em mansidão,

Porém noutra atitude
O quanto nos ilude
Em vária dimensão...

247

Antes que conheças, não louves nem ofendas. — Antequam noveris, a laudando et
vituperando abstine.

O quanto se desenha
Talvez não mais retrate
E o quanto se maltrate
Deveras não se empenha

A vida esconde a senha,
E busca outro resgate
E nisto se constate
O todo que convenha,

Mergulhos dentro da alma
Ferindo nos acalma
Ou mesmo nos destrói

Versões que imaginamos
Negando os claros ramos,
Porém tempo os corrói...


248


Antes só do que mal acompanhado. — Fecit iter longum, comitem qui liquit ineptum.

A solidão talvez
Presuma um passo firme,
E quanto se confirme
Gerando a sensatez

Bem mais do que tu vês
E nisto reafirme
O solo que se afirme
Ou tanta estupidez,

Vestindo a sorte; acaso,
Enquanto aquém me atraso
Bebendo o descaminho,

Depois do desafeto
Ainda que incompleto
Procuro onde me aninho...


249


Antes sofrer injúria, que praticá-la. — Accipere, quam facere, praestat injuria.

A pedra que se atira
Não traz felicidade
E tanto nos degrade
Nos termos da mentira

E quando se prefira
Diversa realidade
Matando a claridade,
Errando a leda mira,

Injustamente a vida
Explode em tal ferida
Marcando em tom feroz,

Tecendo do abandono
O quanto em desabono
A sorte cala a voz...


250


Antes sofrer o mal que fazê-lo. — Accipere quam facere praetat injuriam.

A fonte que permita
O saciar da sede
A foto na parede
A sorte mais bonita,

Assim no temporal
O prazo se dilata
E quanto mais ingrata
A cena tão venal

Explode em discordância
E gera muito mais
Do quanto em dias tais
Pudesse em militância,

Melhor que se escusar
É sempre o perdoar...


251

Antes tarde do que nunca. — Utilius tarde quam nunquam.


Ainda que retarde
O passo em direção
Aos dias que trarão
O quanto mais se aguarde.

A vida não resguarde
Nem tome indecisão
Conforme a dimensão
Que seja mesmo tarde,

Porém o quanto pude
Trazer em magnitude
O rumo que quisera,

A sorte se moldando
E nisto desde quando
Refeita a primavera...


252


Antes torcer que quebrar. — Flectere commodius validas quam frangere vires.

Na flexibilidade
Além da resistência
O quanto dá ciência
E nisto tanto agrade,

O passo em liberdade
Expressa a resistência
E mesmo que indolência
Tramasse a velha grade,

A sorte se anuncia
E traz em alegria
Ou tanto me apascenta,

Assim enverga a vara
E nisto se prepara
E enfrenta a vil tormenta.


253


Ao avarento falta o que não tem e falta o que tem. — Tam desunt avido sua quam quod
non habet.

O avaro não traduz
Somente o que procura
E nisto se assegura
Da falsa e leda luz,

E quando reproduz
Seara mais escura
Ausenta-se em ternura
E gera a farta cruz,

E assim não valoriza
Sequer a mansa brisa
Ou mesmo a plenitude

De um tempo que se dá
Marcando aqui e já
Apenas, tolo, ilude...

254



Ao homem ousado, a fortuna estende a mão. — Audaces fortuna juvat, timidosque repellit.

O quanto poderia
Expressa o passo audaz
E assim o que se faz
Presume a fantasia,

E nisto se faria
O todo quanto traz
No ser bem mais capaz
Em rara sincronia,

Versando sobre o fato
Aonde o que constato
Anseia muito além

Do quanto inda mais queira
A sorte derradeira,
Jamais alguém contém...


255


Ao médico, ao advogado e ao abade, falar a verdade. — Abbati, medico, patronoque intima
pande.

Não possa sonegar
Verdade a quem ajuda,
Senão o tempo muda
E a sorte a se negar,

O tanto quanto em mar
Presume o que me acuda,
Porém uma alma muda
Não possa se salvar,

Critérios que a verdade
Explode em claridade
E traz o quanto quero,

E sendo de tal forma
O mundo já se informa
Em tom manso e sincero...


256


Ao que está feito, remédio; ao por fazer, conselho. — Consilium faciendo, facto adhibeto
medelam.

O quanto inda viria
Pudesse noutra sorte,
Mas quando vejo o corte
E nele esta agonia,

Apenas poderia
Trazer o que conforte,
E sei do quanto é forte
A imensa ventania,

E quando se presume,
A vida em tal ardume
Expresso a dimensão

De um dia mais fugaz
E quantas vezes; traz
Além da negação...


257


Ao vivo tudo falta, e ao morto tudo sobra. — Morienti cuncta supersunt.

A vida nos renega
O quanto a morte traz
E nisto o ser mordaz
Deveras já se entrega

A sorte sendo cega
O passo eu quero audaz,
E tanto quanto faz
O mundo em vão navega,

No solo da esperança
O nada que se alcança
Expressa o que não veio,

Mas vejo em forma exata
O quanto se constata
Sem ter qualquer receio.

258


Aprende chorando e rirás ganhando. — Litterarum radices amarae, fructus dulces.

A dor que tanto ensina
Tatua em nossa sorte
O quanto desconforte
E muda a nossa sina,

A luta cristalina
Deveras dá suporte
E nisto o que comporte
Por vezes nos fascina,

Aguardo tão somente
O quanto se apresente
Em vária sensação,

Ocasionando a queda
A sorte ali se enreda
E dita uma lição.


259

Aquele a quem se dá, o escreve sobre a areia; aquele a quem se tira, o escreve sobre o
bronze. — In vento scribit laedens; in marmore laesus.

Valorizando apenas
A perda, na verdade
O tempo em realidade
Deveras já condenas

E matas as serenas
Paisagens, e degrade
O passo que se evade
E nele as dores plenas,

Mas quando se apresenta
A vida de tal forma
Que tanto nos deforma

A vida mais sangrenta
Penetra em desvario
Num tempo mau, sombrio...

260

Arca aberta, o justo peca. — Oblata occasione, vel justus perit.

O tempo discernindo
O quanto se presume,
E vejo em vão perfume
O que se fez infindo,

A sorte se esvaindo
E nada mais me aprume,
Vencido pelo ardume
Do tempo que deslindo,

Esqueço o quanto pude
Mudando de atitude
Trazendo em tom atroz,

O quanto se tempera
E mate a primavera
Gerando o nada após...


261


Arrenego de grilhões, ainda que sejam de ouro. — Non bene pro toto libertas venditur
auro.

Arrebentar correntes
E seguir meu caminho
E mesmo que sozinho
O dia que apresentes

Em sortes envolventes
Deixando o mais mesquinho
Trazendo além do espinho
As flores evidentes,

A liberdade traz
O quanto se é capaz
E nada nos detendo,

A vida não se expressa
Apenas na promessa,
De um ermo dividendo...



262

Arrenego do amigo que come o meu comigo e o seu consigo. — Absit qui mea manducat
mecum et sua secum.

Quem não sabe a partilha
Deveras não permite
O quanto em tal limite
A vida além já trilha,

E assim esta armadilha
Aonde se credite
O tempo que se evite
Enquanto não mais brilha,

Embora se divida
A sorte nesta vida
Não possa em privilégio,

Assim colegiado
Expressa o passo ousado
Num mundo bem mais régio...


263


Arrufos de namorados são amores renovados. — Amantium ira redintegratio amoris est.


O amor se renovando
A cada nova senda
E quando se desvenda
O tempo atroz ou brando,

O tanto povoando
A velha e doce tenda,
E tanto quanto atenda
No canto se moldando,

Apenas pude ver
O tanto do querer
Num ato mais sensato,

Mas sei que se alimenta
Até de uma tormenta
O amor que ora constato...

264


As aparências enganam. — Fallitur visio.

O olhar já não traduz
A face verdadeira
E quantas vezes queira
Apenas mera luz,

Mas sei do que faz jus
A quem além se esgueira
E trama a corriqueira
Palavra em leda cruz,

Ausento do que possa
Trazer além da fossa
Mergulho no infinito,

Mas sei deste ilusório
Caminho tão inglório,
E assim desacredito...


265


As boas palavras custam pouco e valem muito. — Verba mollia et efficacia.


O passo que se dá
A cada instante traz
A sorte mais audaz
Que possa desde já,

Vencer o que virá
E nada tão mordaz
Pudesse ser tenaz
E moldar um maná,

A direção se tenta
E nisto o que orienta
Presume a claridade,

E deste ledo arroio
Com todo e forte apoio,
Gerando a imensidade...

266


Asno que tem fome, cardos come. — Jejunus stomachus

A fome dita a sorte
De cada refeição
E sei da provisão
Que tanto nos conforte,

E um dia sem suporte
Marcando os que virão
Nadando em direção
Ao mundo em claro norte

Na queda se apresenta
A sorte virulenta
E o tempo se transmuda,

E quando se anuncia
A dor em agonia
Buscar qualquer ajuda...

267

Até prometer, sede escasso. — Quousque promittas tardus, ut festinus praetes.


Não possas prometer
O que não mais farias
E assim em utopias
Fazendo então sofrer,

O mundo ao se perder
Em ledas agonias
Marcantes heresias
Tomando o bem querer,

Aprendo com enganos
E sei dos velhos danos
E nada mais se vendo

Sequer o que amiúde
E tanto nos ilude
Gerado em vão remendo...

268


Atrás de mim virá quem bom me fará. — Deterior parvum sanctificare solet.

O quanto do caminho
Ainda se orienta
E gera o que alimenta
O mundo onde me alinho,

E assim tanto adivinho
Após qualquer tormenta
Decerto até sangrenta
Meu sonho em raro vinho,

Apresentando enfim
O todo que há em mim,
A luta se desvenda,

Depois do que se espera
A vida noutra esfera
Supera uma contenda...

269


Ausente não pode ser curador de ausente. — Absens absentis curator esse nequit.

O quanto de uma ausência
Impede o caminhar
E nisto o naufragar
Em vera incompetência

E não tendo ciência
Do quanto procurar
Ausenta-se o luar
E nega esta evidência,

A sorte de tal forma
Enquanto se deforma
Terrivelmente traça

Apenas a mortalha
Que tanto além se espalha,
Envolta em vã fumaça...


270


Ávido do alheio, pródigo do próprio. — Alieni appetens, sui profusus.


O quanto se deseja
Do que não fosse teu
Tramando o que pendeu
Em sorte malfazeja,

Enquanto inda se veja
O mundo mais ateu
O rumo em apogeu
Jamais enfim preveja,

Sem ter o pendular
Caminho a se mostrar,
A sorte não presume

Senão a mera chaga
Que tanto quanto afaga
Expressa o vão costume...


271

Barba não dá juízo. — Philosophum non facit barba.


A vida não se ordena
Em ordem natural
O quanto bem ou mal
Decerto não acena,

E sei da mais amena
Ou mesmo em virtual
Caminho desigual
Enquanto nos condena,

O verso sem proveito
O mundo onde desfeito
O passo não presume,

E assim um simples fato
Não traz o que constato
Tampouco isto o resume...

272


Barriga cheia, pé dormente. — Venter plenus somnum parit.

Por vezes o que vês
Não traz qualquer sentido,
Ou mesmo desprovido
Do todo em lucidez,

A sorte aonde fez
O canto resumido
E quanto mais me olvido
Adentro a estupidez,

Escuto a voz do vento
E bebo o que alimento
Proventos mais diversos,

E sendo de tal forma
A vida se conforma
Além de meros versos...

273



Bem jejua quem mal come. — Jejunat satis is qui paucis vescitur escis.

A fome traz em si
A dura realidade
E mesmo que degrade
O tanto quanto ouvi

Do tempo que perdi
Ou leda claridade,
Apenas a verdade
Encontra o que ora vi.

Esqueço qualquer passo
E quando me desfaço
Jamais pudesse crer

Num novo dia enquanto
Meu mundo desencanto
Ausento algum prazer...

274

Bem parece a guerra a quem não vai nela. — Bellum dulce inexpertis.

Somente se sentindo
Na própria pele a dor,
Presume e traz valor
E nisto o tempo findo,

E quando presumindo
O tanto em tal rancor,
A sorte em dissabor
O mundo se esvaindo,

Persigo algum remanso
E quando não alcanço
As marcas da guerrilha

Tatuam no meu peito
O quanto quis em pleito
E nada mais se trilha...

275


Bem sabe mandar, quem soube obedecer. — Bene imperat qui bene paruit aliquando.

Retrato do futuro
O quanto vês agora
E a sorte que se ancora
Presume o mais que apuro

E bebo todo o puro
Caminho aonde aflora
A vida tempo afora
E nisto eu me asseguro,

Configurando o corte
Que tanto não comporte
Senão velha senzala,

Mas quando libertário
O novo itinerário
Em glória não se cala...

276

Bem se lambe o gato, depois de farto. — Cum satur est felis, se totum lambere gaudet.

No farto desenhar
De quem se fez ferino
Outrora em desatino
Presume o descansar,

E o marco a se moldar
Enquanto assim me ensino
Vencido em vão destino,
Tentando o desvendar,

Mas sei do que pudera
Ainda a rude fera
Depois de saciada,

A noite não traria
Sequer outra agonia
Deixando além a estrada...

277

Boa fama vale dinheiro. — Honesta fama est alterum patrimonium.


A fama se desenha
A cada novo passo
E quanto mais a traço
Deveras sempre venha

E nada mais contenha
O mundo em raro laço
E mesmo sendo escasso
O rumo não desdenha,

A vida em tom diverso
Regendo este universo
Versando sobre o fato

Apenas reluzindo
O tempo agora infindo
E nele a luz constato...

278


Boca de mel, coração de fel. — Mel in ore, fel in corde.

Uma alma não reflete
Apenas nas palavras
E quando apenas lavras
O tempo se repete

E marca em vários tons
Os dias onde avance
E tente nova chance
Em dias rudes, bons,

Assim o que assinala
A vida em serventia
Matando o que teria
Além desta senzala,

O ser e o parecer
Diverso conceber...

279



Boca não admite fiador. — Fames et mora bilem in nasum conciunt.

Palavra não se nega
Tampouco contradiz,
O quanto por um triz
Expressa a sorte cega,

E quando assim se entrega
A sorte em cicatriz
Fadando ao que se quis
No mar onde navega,

A sorte não se muda
E quando se amiúda
A estância permitira

Além de mero ocaso
O quanto agora aprazo
Acerta então a mira...

280



Bom saber é o calar, até ser tempo de falar. — Prudens in loquendo est tardus.

Prudente caminheiro
Encontra a realidade
E dela não se evade
Gestando este canteiro

E nele o corriqueiro
Caminho em liberdade
Deveras tanto agrade
Quem fora o mensageiro

Do passo sem descanso
Do mundo aonde avanço
E bebo inteiro o céu,

Porém quem desafina
Deveras se alucina
E prova apenas fel...


281

Bom traje encobre ruim “linhagem”. — Obscurum vestis contegit ampla genus.

O quanto se aparenta
No fundo não traduz
Sequer a leda luz
Ou sorte virulenta,

Assim a vida ausenta
Do quanto mais propus
Jamais fazendo jus
Ao quanto não alenta,

Esboço de uma capa
No fundo encobre o mapa
Que leva à compreensão

Do ser que se desnude
E nisto em plenitude
É frágil dimensão...


282


Brevidade e novidade muito agradam. — Grata brevitas, grata novitas.


A fala mansa e breve
Novel caminho dita
E quando se permita
Além do que se atreve,

Ainda quando neve
O mundo em que a desdita
Do sonho necessita
Deveras trama e deve.

Na leve consistência
Do todo em tal ciência
Encontro o que pudera

Vencer o desafeto
E assim se me completo
Palavra é mais sincera...

283


Brigam as comadres, descobrem-se as verdades. — Feminarum furgiis deteguntur vera.

Somente se liberta
O que numa alma abriga
Enquanto em dura briga
Palavra já desperta

E sendo a porta aberta
Aonde se persiga
O passo que prossiga
Servindo então de alerta,

Sem ter sequer mais freio
O quanto tens e veio
Em plena tempestade,

Deveras desnudando
Num mundo mais nefando
O quanto já degrade...

284


Brigas de namorados, amores renovados. — Amantium irae amores integratio sunt.

Da crise o conhecer
E nisto se faz tanto
O que gerasse encanto
Pudesse então se ver

E neste amanhecer
O todo ora garanto
E sem nenhum espanto
O mundo a perceber,

Além do que já fora
A sorte promissora
Agora se desnuda

E nesta verdadeira
Faceta; o que se queira
Expressa a voz aguda...


285


Nullum secretum est ubi regnat ebrietas.

Quem cedo se inebria
Não consegue conter
O quanto possa ver
E mesmo até teria

E nisto em agonia
A vida em desprazer
Gerando este poder
E nele a hipocrisia,

E mesmo que inda tente
A força da aguardente
Expressa e já se faz

Trazendo em discrepância
O mundo noutra estância
Decerto mais falaz.

286


Dum canis os rodit, socium quem diligit odit.

Quem toma em suas mãos
A plena realidade
E gera o quanto agrade
E reinas sobre os vãos,

Não quer diversos grãos
Nem mesmo a liberdade
A quem seu canto invade
E trame em ermos chãos,

Assim se prevalece
O quanto da benesse
Expressa o que não venha,

E tanto quanto possa
Deixar além a nossa,
E o meu tudo contenha...


287


Canis festinans caecos catulos
parit.

Negando o que viria
E mesmo o quanto é rude
Caminho onde se ilude
Em dor ou agonia,

A sorte moldaria
E assim numa atitude
Deveras tudo mude
E gere esta sangria,

Nascendo sem poder
A fúria imensa ver
E nisto se aproxima

Da mansidão suprema
E quanto mais se tema
O mundo sem estima...

288


Allia quando terunt, retinent mortaria gusta.

O quanto se percebe
De cada consistência
Permite em evidência
A sorte em cada sebe

E o todo se concebe
Na luta em providência
E tendo tal ciência
O máximo recebe,

E sei do quanto trago
E mesmo em rumo vago
Os rastros; deixo atrás,

Assim o que se creia
Espalha além da teia
O todo onde se faz.

289


Ad commodum suum quisquis callidus est.

O quanto se profere
A vida em tal sentido
Depois do quanto olvido
Ou mesmo se interfere

O prazo que se espere
Trazendo o quanto olvido
Enquanto inda lapido
E sei que tanto fere,

O mundo sem proveito
E quando agora aceito
Bebendo sempre à farta

Sabendo o que corrói
E o tanto que destrói
De nada a vida aparta...

290


Pares cum paribus facillime congregantur.

Quem anda em consonância
Com quem se faz igual
Gerando um magistral
Caminho em concordância

Deixando a discrepância
E nisto em ritual
Diverso e em passo tal
Pudesse em elegância

Gestar dentro do peito
O quanto mais aceito
E bebo sem temor,

Assim nesta união
A mesma dimensão
Traduz o raro amor...

291


Ut quemque Deus vult esse, ita est.

A natureza dita
Cenário aonde eu possa
Traçar a sorte nossa
Embora em tal desdita

E assim já se acredita
Na vida em mera troça
E o quanto se destroça
Expressa o que permita

A vida sendo assim
Fiel ao quanto eu vim
E nisto se aproxima

Realidade expondo
O todo se compondo
E nisto o mesmo clima.

292


Naturae sequitur semina quisquis suae.

A vida se desenha
Conforme cada fato
E quando isto eu constato
Expresso a leda senha

E nada que convenha
Deveras eu retrato
E sei do que resgato
Na sorte em vaga ordenha,

Apresentando o quanto
Pudesse noutro canto
Marcando em harmonia

O tempo se presume
E traz em vão perfume
O quanto não teria...

293

Velle suum cuique est.

O quanto me pertence
Deveras não sacia
A sorte em agonia
Ou mesmo o que convence

Ainda que se pense
No caos do dia a dia,
Marcando em utopia
O tanto que não vence

Os erros quando sonha
Uma alma mais risonha
Ou enfadonha senda,

Cenário mais diverso
E nele este universo
O quanto é meu desvenda...

294


Ut quisque fortuna utitur, ita loquitur.

Na multifacetária
Visão do que se possa
A sorte sendo nossa
Decerto se faz vária

E quando solidária
A luta nos endossa
E gera o que se apossa
Na luta incendiária

Depois de todo o caos
Ascendo aos teus degraus
E busco a escadaria,

E nada mais se vendo
Apenas o remendo
Em dor e em agonia.

295

Tractent fabrilia fabri.

O tanto que se tente
Traduz capacidade
E assim a qualidade
Expressa o que contente,

O rumo previdente
Do todo nos agrade
Ainda quando brade
Ou mesmo o caos invente,

Cerzindo a hipocrisia
O tanto que traria
Não deixa a menor sombra,

E o fato sem sentido
No quanto é desvalido
Num erro nos assombra...

296


Omnes sibi prius quam alteri esse volunt.


Vontade se traduz
Em forte competência
E disto ao ter ciência
Encontro a rara luz,

E o quanto me seduz
Fadado à persistência
Gerando em eloquencia
O encanto reproduz,

Cerzindo a cada instante
O quanto se adiante
E molde outro momento,

Meu mundo se desenha
E nada traz a senha
Enquanto um canto alento...

297


Ad commodum suum quisquis callidus est.

Saber o que interfira
E marque em dor constante
O tanto degradante
E gera em falsa mira

Enquanto se retira
O mundo onde adiante
O passo de um gigante
Ou mesmo a leda pira,

E sei do que pudera
Trazendo a alma sincera
Vencendo os desafetos

Os dias que presumo
Além deste resumo
Pudessem ser completos.

298


De damno proprio quisque dolere scit.

Ciente do que possa
Trazer o sofrimento
Bebendo em desalento
A vida em leda troça,

A chuva que se engrossa
O mundo onde lamento
Marcando o pensamento
Na sorte em velha fossa.

Resulto do que um dia
Pudesse em utopia
E nada mais se visse,

Após o caminhar
Em tanto naufragar
Apenas tal tolice.

299

Factes tua computat annos.

A idade não se faz
Numa cronologia
E quanto mais teria
O mundo traz audaz

Cenário feito em paz
Ou mesmo em agonia
E nada mais seria
Senão a voz mordaz,

Vestindo o que inda trago
Bebendo o ledo afago
Da noite em tempestade

E o quanto se aparenta
Supera a virulenta
Ausência que degrade.

300


Aliud alic vitio est.

A vida em perfeição
Jamais se poderia
Vencer o que traria
E nisto uma lição

Dos dias que virão
Reinando uma utopia
Suporte moldaria
A velha dimensão,

E o caos após a queda
No tanto onde se enreda
Presume o fim de tudo

E sei do quanto atroz
Caminho existe em nós
E enfim jamais me iludo.


301

Sementem ut feceris, ita metes.

Colhendo o que semeias
E sabes neste fato
O quanto ora constato
Em tuas próprias teias

E assim o quanto anseias
Deveras já resgato
E vendo tal retrato
As horas vãs permeias,

E sei do que pudesse
Ainda que sem messe
Ou mesmo em tempestade,

O fruto traduzisse
O tempo em tal mesmice
E nisto a vida brade.

302

Alium silere quod voles, primum sile.

Quem silêncio ora busca
Devendo se calar
E assim ao demonstrar
A vida mesmo brusca

Gerando o que se possa
E tanto se queria
Ousando em fantasia
Na sorte mesmo nossa,

Depois do que se exempla
O todo se moldando
E desde e mesmo quando
A vida ora contempla

Quem tanto se compôs
Destino além já pôs.

303

Canes timidi vehementius latrant.

Estardalhaço apenas
No cão que apavorado
Desenha noutro enfado
A vida em ledas cenas

Ladrando em forças plenas
Num tempo alvoroçado,
E assim enquanto evado
Das sortes que apequenas

Encontro a realidade
E nisto o que me agrade
Nem sempre se traduz,

No passo destemido
Ou mesmo onde cerzido
Meu canto encontra a luz...

304

Lembens assidue eliciet canis ore cruorem.

No excesso de um carinho
A face desdenhosa
De quem ora antegoza
E deixa mero espinho,

E quando estou sozinho,
Buscando a bela rosa,
A estrada majestosa
Impede qualquer ninho.

E sei do velho ocaso
Enquanto não me aprazo
Atrasos são constantes

E sinto sem proveito
O quanto tento e aceito
Os fatos conflitantes.

305

Quid pectunt qui non habent capillos?

A sorte se desenha
Conforme se situa
A noite dita a lua
E o tempo sua ordenha,

Ainda quando venha
Além da própria rua
Palavra se cultua
Ou mesmo não detenha,

Meu verso sem proveito
Enquanto aquém me deito
Expresso o que não reste,

O manto que pudera
Vestir a primavera
Tentara ser celeste...


306


Nubere vis apte? Vicino nube merito.

Quem tanto já conhece
A mesma cercania
E nisto poderia
Trazer em rara messe

O quanto que se tece
E gera em alegria
Ou mais se consumia
No corte que obedece,

O tempo se transcende,
Porém quando se estende
O foco diminui,

E nisto se presume
A vida em vão costume
E o todo agora rui...


307



Si vis apte nubere, nube pari.


Um par em consonância
Permite algum caminho
Suave e se me aninho
Encontro sem distância

O todo em rara estância
Vivendo este carinho,
Bebendo o mesmo vinho
Em clara concordância,

Mas quando tento além
O quanto ainda vem
Espera; atocaiado

E o preço a se pagar
Presume o que ao notar
Deveras ora evado...

308



Qui matrimonio jungit virginem sua bene facit, et qui
non jungit melius facit. (São Paulo)

O casamento traz
Diversa magnitude
E quanto nos ilude
Em ato mais mordaz,

Pudesse ser capaz
Do dia mesmo rude,
E sei desta atitude
E nela o que se faz.

Permite novo rumo,
Porém se me consumo
Não tendo mais saída

A luta se enaltece
E o mundo em dores tece
E a sorte dilapida...

309

Conjugium satis est juvenem dominare ferocem.


A divisão aplaca
A fúria de quem segue
A vida e assim prossegue
Além da mera estaca,

O quanto se presume
Numa união que possa
E mesmo nos adoça
Deixando este perfume

Tocando a nossa pele
E tanto quanto quero
Num passo mais sincero
O todo me compele

E assim me serenando
Tornando o amargo brando...

310


Abundans cautela non nocet.


Cautela nos permite
Seguir sem tempestades
E quanto mais agrades
A vida em tal palpite

Gerando o que a limite
Supera as velhas grades
E traz nas liberdades
Encanto que acredite,

E assim de forma extensa
A sorte que compensa
Presume novo dia,

E sei do quanto trame
A vida em tal ditame
Em luz e em alegria...

311

Ferrum quo non utimur, obducitur rubigine.


Usando com frequência
O tanto permanece
E gera o quanto tece
Em toda esta evidência

Assim desta ciência
O medo não se esquece
Gestando o que pudesse
Em plena consciência,

Mantendo em forma o quanto
Deveras num encanto
Pudesse me trazer

Depois deste vazio
O quanto desafio
E gero o bem querer.

312

Non male sedit qui bonis adhaerit.

Reflexo do que tanto
Percebes no caminho
Enquanto eu me avizinho
De quem transmite encanto

Expresso e não me espanto
E tanto ali me aninho
Bebendo o raro vinho
E nele eu me garanto,

Assim em atitude
Deveras o que pude
Num ato em coerência

A vida se moldando
E neste passo brando
Sobeja consciência...


313


Flare simul, sorbere simul, res ardua
semper.

A plena sensação
Impede o que viria,
E traz uma agonia
Invés da solução,

Os dias moldarão
O quanto se queria
E nisto uma utopia
Explode em dimensão

Diversa da que pude
E quanto em atitude
Perdera no caminho,

Depois do que se visse
A vida em tal mesmice
Transcende ao velho ninho.


314


Dies posterior prioris est discipulus.

O tempo é professor
E ensina o quanto traz
Nas mãos de quem audaz
Presume algum valor,

Porém ao decompor
O dia mais falaz
O passo ora tenaz
Expressa o redentor

Cenário em tom sublime
E nele se redime
O quanto fora errado,

Assim de tal momento
O quanto me apresento
Num sonho desenhado.

315



Labor improbus omnia vincit.


O mundo que se alcança
Em pleno vendaval
Deveras bem ou mal
E tanto em vã fiança

Resume o quanto lança
Do passo em tom venal
Escuto o desigual
Cenário em tal pujança.

Mas sei e persevero
Ainda se severo
O mundo em temporais,

Depositando o passo
No quanto nada faço
Buscando alguns sinais...

316


Potentes ne tentes aemulari.

Não enfrentar a fera
É como defender-se
E nisto perceber-se
Além da primavera,

O tempo que se espera
O mundo ao conceber-se
Já nada mais conter-se
Senão em nova esfera,

Esfacelado sonho
E nele não componho
Sequer o que inda trago,

E peço a calmaria
Enquanto persistia
A vida sem afago.

317

Incipis invitus cessasque invitus ab esu.

O vício começando
Num ato mais sutil
Depois o que se viu
No todo desenhando

A vida traz em bando
O quanto se sentiu,
E o passo mais gentil
Agora em contrabando,

Acenos tão diversos
E neles vão imersos
Os tempos que quisera,

Mas sei do incontrolável
Desejo que notável
Domina e destempera...


318



Edendum tibi est ut vivas, et non vivendum ut edas.

A vida necessita
Do quanto se alimente,
Mas quando imprevidente
A sorte resta aflita

O tanto que palpita
E marca incontinente
O todo se apresente
E sempre em vão repita.

O preço a se pagar
A sorte a se moldar
Escravizando o ser,

Depois de tantos erros
Sabendo dos desterros
Já nada irei conter.

319


Diligis, cadis cum faece sicutis, amici.

Um passo que pudesse
Em consonância ver
Espera o amanhecer
E tanto em nada tece

A vida sem tal messe
Presume o que há de ser,
Marcando o bem querer
No quanto a vida esquece,

E sinto em discrepante
Caminho que adiante
O passo noutro engodo,

Do tanto que se quis
Apenas cicatriz
Traduz o barro e o lodo.

320


Quantum quisque se ipsum facit, sic fit ab
amicis.

Colhendo o que plantara
A sorte se transcende
E nada mais desprende
Senão a dor amara,

E o tempo em tal seara
Programa o que se estende
Marcando o quanto entende
Da vida em noite clara,

Amar a si deveras
Expressa as primaveras
No olhar de quem nos vê

O tempo se anuncia
E tanta fantasia
Não sabe algum por que.

321


Nosce te ipsum.

O conhecer a ti
Permite o que se veja
Na sorte mais sobeja
E nisto presumi

O todo lá e aqui
Enquanto assim poreja
Verdade onde se esteja
O canto enquanto ouvi.

A senda mais diversa
E nela quanto imersa
A sorte sem sentido,

O todo que se possa
Trazer a sorte nossa
Que tento e até lapido.


322

Verba non implent marsupium.

Palavra não suprime
O quanto necessito
E sei do mais aflito
Caminho onde redime,

O passo que se estime
Vagando no infinito
E quando me permito
O todo em tom sublime

Encontra a dimensão
E nesta direção
Meu passo se aproxima,

Deixando para trás
A sorte tão fugaz
Negando um manso clima...

323

Arcus tensus saepius rompitur.

Além do que pudera
Ao esticar este arco,
O tempo sendo parco
Expressa o que se espera

Palavra mais sincera
Aonde o tempo, abarco
Encontra em ledo marco
A ausente primavera,

E sei desta aflição
Causada por tensão
Que não suportaria,

A vida de tal forma
Aos poucos se deforma
E mata a fantasia.


324

Asinus asino et sus sui pulcher est.

Quem cuida enfim dos seus
Admirando diversos
Caminhos onde imersos
Esquecem de um adeus,

E são conforme um deus
E neles mais dispersos
Cenários ditam versos
Vencendo ares ateus,

Assim se lhe parece
O amor traduz benesse
E tece o que em verdade

Não vejo e nem veria
Marcando em fantasia
O quanto agora agrade.


325


Aes sunt quod aliis nobis debentur.

O quanto devedor
Não posso me traçar
Num ato a desejar
Apenas redentor

Caminho em rara cor
E neste divagar
O mundo sem lugar
Gerando em dissabor,

Mas sendo tão diverso
O mundo quando o verso
Restaura a fera em mim,

Dos créditos que tenho,
Fechando o duro cenho,
Demonstrando ao que vim...


326


Bis dat qui cito dat.

A pressa não permite
A força em dimensão
E nesta sensação
O mundo sem limite

E quanto necessite
Dos dias que verão
Trazendo esta versão
Do quanto eu acredite,

Pressinto o descaminho
E quando aquém me alinho
O mundo não se vê

E o tanto que pudesse
Vencer em rara messe
Perdendo o seu por que...

327

Ex alieno corto longa corrigio.

Na pele que se entrega
Ao duro e vão castigo,
O quanto já persigo
Em noite amarga e cega

Depois do que navega
Um tempo em desabrigo
O corte onde prossigo
E a vida em vão se esfrega,

No corpo de outro alguém
Açoites e vergastas
E quanto mais afastas

Deveras nada vem
Somente o que pudera
Traçar a sorte fera.


328

Muneribus vel Dii capiuntur.

Montanhas, cordilheiras
A dádiva destrói
E quanto mais corrói
Em cenas altaneiras

Mergulho aonde queiras
E o nada se constrói
A vida enquanto dói
Liberta tais fileiras,

Apenas apresento
O verso e sei atento
O passo em bom proveito.

E tendo este sentido
Deveras resumido
Enquanto em paz me deito.

329

Digitum stulto ne permittas.

Aos poucos dominando
A cena que se visse
E nesta vã mesmice
O tempo fora brando,

E agora renegando
Além do que se disse
O mundo em vã tolice
Ou tanto se entregando,

Presumo noutra face
O quanto se moldasse
Do início sem limite

E mesmo que inda reste
O tom claro e celeste
Meu sonho se permite.

330


Guttatim pelagi perfluit omnis acqua.

Em conta gotas mar
Expressa o limitado
Caminho desenhado
Em raro desvendar,

E tanto o que tocar
Ou mesmo se me evado,
O rumo disfarçado
Não traz o que sonhar,

A força da constante
Versão sempre garante
O fim sem mais defesa,

Assim se anunciando
O tempo desde quando
A vida é correnteza...

331

Arbore de dulci dulcia poma cadunt.

Uma árvore que possa
Em raro e bom pomar
O fruto ora gerar
Na sorte intensa e nossa

E assim enquanto adoça
Decerto o paladar
Deveras vai mostrar
O quanto a vida endossa

E sei da plenitude
Aonde nada ilude
E gera em concordância

A sorte mais sincera
E nela o que se espera
É glória em abundância.

332


Propositum capiunt Tartara, facta Polus.

As intenções não bastam
Deveras sabes bem
O quanto um ato tem
E deles não se afastam

Os dias que desgastam
As sortes que convêm
E sei do quanto vêm
E até quando contrastam,

Esbarro no infinito
E bebo o tom aflito
Enquanto não consigo

Tecer o quanto eu quis
E busco ser feliz
Tentando um claro abrigo.

333


Ex domo felis discendit mus impransus.

Vigie cada instante
Aonde possa a queda
E a sorte não se veda
A quem tudo garante,

E mesmo que agigante
O passo onde se enreda
A luta não mais seda
Quem sabe mais constante

O tempo se investindo
E nisto o canto lindo
Expressa a dimensão

De um dia em tal fartura
Que a luta configura
Marcando esta estação...

334

A magnis maxima.

A causa dita efeito
E gera muito além
Do quanto quero e tem
E nisto o meu direito,

E sei do quanto deito
Meus olhos sempre vêm,
A vida sem desdém
E tento o raro pleito,

Vestindo a minha sorte
Aonde me comporte
Qual fosse um aprendiz,

E tendo em minhas mãos
Os dias entre os vãos,
O todo em paz eu fiz.


335


Adde parum parvo magnus acervo erit.

Aos poucos calmamente
A vida nos repleta
E sei da predileta
Vontade que apresente

E quando me fomente
A vida mais dileta
E sendo enfim poeta
Dos sonhos me alimente,

E sinto a dimensão
Do quanto poderia
Um pouco dia a dia

Em nobre coleção
Vencendo o descaminho
Supero a dor e o espinho.


336


Utile quid nobis novit Deus omnibus horis.

A cada instante vejo
O tempo se moldando
E nisto o mundo quando
Pudesse em azulejo

Trazer além do pejo
O rumo desenhando
O tempo mesmo brando
E nisto cada ensejo,

Vestindo a face escusa
Do quanto se entrecruza
E gera em tal tangente

O brilho sem igual
Do amor consensual
Em luz mais condizente...


337


Alta a longe cognoscit.

A imensa cordilheira
Desnuda na distância
E traz a cada instância
O quanto mais se queira

Vencendo a derradeira
Expressa militância
A vida em concordância
Gerando a mensageira

Dos sonhos e versões
Aonde o que me expões
Pudesse desvendar,

O caos dentro do peito
E quando assim deleito
Enfrento mesmo o mar...

338

Pusillum pusillo si addas, fiet ingens acervus.

O pouco se somado
Permite muito além
Do quanto sei que tem
E mesmo é desenhado,

O barco enquanto evado
Expressa o quanto alguém
Tramasse em raro bem
Ou noutro rumo e fado,

Vestindo o que resulta
Da vida sem consulta
Na astuta noite clara,

O mundo soma e tece
O amor que me enaltece
E tanto nos prepara.


339

De nihilo nihilum.

O nada dita o zero
E sei do quanto pude
Vestindo em atitude
O tanto que ora espero,

E sendo mais sincero
Ainda que isto mude
O corte se amiúde
E o passo eu destempero,

Vagando em ledo ocaso
Já nada mais aprazo
E estendo a negação

Resumos de outras eras
E nelas o que esperas
Expressa a solidão...

340


Lucerna sublata nihil discriminis inter mulieres.

A noite não permite
Qualquer diversidade,
E o tempo que se agrade
Já nada mais limite,

O quanto se acredite
E gere em liberdade
A sorte em qualidade
Expressa algum palpite,

E mesmo que se veja
A fonte que sobeja
Pudesse ter um além

O manto se puindo
O tempo quando infindo
Diversa luz contém...

341



Promptius est omnibus judicare quam facere.

O quanto já se fez
Permite a rara glória
Mudando a nossa história
Gerando a insensatez,

Mas quanto se desfez
Em sorte merencória
Deixando sem vitória
O quanto queres, crês,

E o tanto se anuncia
Na noite mais sombria
Vazia de esperança

E o corte se aprofunda
A voz que sendo imunda
Ao nada já nos lança.

342


A teneris consuescere multum.

O tempo traz o vício
E o quanto possa ver
Antes do amanhecer
O imenso precipício

E nisto desde o início
O mundo passa a ter
A sorte do querer
Bem mais que tom fictício,

Ensinas o caminho
Enquanto o chão daninho
Expressa a dor e o medo,

Porém a cada instante
O passo se garante
Sabendo este segredo...



343


Associat dives tumidos opulentia fastus.

Riqueza assoberbando
Quem tanto poderia
Seguir em alegria
O tempo em novo bando,

Mas quando desabando
A sorte mostraria
Apenas a ironia
E o verso mais infando,

Infame conquistar
O quanto pude ousar
E nada mais se visse,

Enriquecendo o tolo,
O mundo em frágil bolo
Expressa esta tolice...

344


Arbor ex fructu cognoscitur.

O fruto representa
A mãe que o produziu
E o tempo mais sutil
Enfrenta uma tormenta,

Porém já nada aguenta
Num passo em vago ardil,
E o tanto que se viu
Expressa a dor sangrenta

Conheço pela fruta
O quanto mansa ou bruta
A sorte inicial

E sei deste caminho
Aonde enfim me alinho
Num ermo ritual...

345


Aliquando bonus dormitat Homerus.

A vida não permite
A eterna vigilância
E sei desta inconstância
E nela o meu limite,

Presume o que se atrite
E nada em rara estância
Ainda em discrepância
A morte necessite,

E bebo em tom venal
O dia desigual,
Porém desde o começo

Gerando o que mereço
No ser consensual
Conhecendo endereço.


346


Sub sordido palliolo latet sapientia.

Disfarces que se tramam
Na vida dissimulam
E quando tanto emulam
Gerando os que reclamam

E vendo a sorte assim
Em tom diverso e rude,
O quanto a vida ilude
E marca um novo fim,

Escuto a ventania
E tanto da janela
O mundo se revela
E nisto se veria

A porta sempre aberta
Jogada onde se acerta.

347


Leoni mortuo lepores insultant.

A morte nos iguala
E mesmo já se esquece
O quanto em rara messe
Pudesse e me avassala,

A luta quando cala
Presume o que padece
A vida se obedece
Liberta esta senzala

E quem fora tão frágil
Agora bem mais ágil
Devora o vencedor,

Num tempo aonde o quanto
Gerasse novo canto
E nele outro valor.


348

Post nubila, Phoebus.

Tempesta se anuncia
E muda este cenário,
Porém é temporário
O canto em agonia,

Depois o que veria
Num ermo itinerário
Trazendo o solidário
Caminho em alegria

Assim o passo alcança
E bebe da bonança
Que possa redimir

E mesmo que arranhões
Ainda tens e expões
Garantes o porvir...


349


Pro ratione Deus dispertit frigora vestis.

No frio se apresenta
A sorte mais audaz
E o próprio Deus nos traz
A nobre vestimenta

E quanto se acalenta
E marca o que se faz
Num toque mais tenaz
E o mundo ora se enfrenta,

Percorro sem temores
Rincões em tais sabores
Diversos e inconstantes,

No inverno esta acolhida
Garanta a nossa vida
Em sendas fascinantes.


350

Deus est solus scrutator cordium.

O quanto se traduz
Nos olhos do bom Deus
Não dita os apogeus
Do rumo feito em luz,

Mas quantas vezes, pus
Meu passo em ledos breus
E sem saber de adeus
Levara a minha cruz,

E o passo se anuncia
Em nossos corações
Aonde tanto expões

A sorte em sintonia
Revestes com tua alma
O quanto em vida acalma...


351

Utile quid nobis novit Deus omnibus horis.


A vida se apresenta
Em vários desencontros,
Também ditando encontros
Em face virulenta,

Se na hora não entendes
Propósito evidente
Depois já plenamente
Os olhos; logo estendes

E vendo o que aproxima
Ou mesmo o que pudesse
A vida em sua messe
Expressa o vário clima.

Divina dimensão
Diversa direção...

352


Cavete tis quos natura signavit.


O quanto demarcado
Em dores ou prazeres
Tramando em seus quereres
Além do mero brado,

E quando assim me invado
E tento o perceberes
Diverso do saberes
Meu mundo transformado,

Alguma força eu vejo
Que possa além desejo
Traçar destino tal,

Por estar mesmo ou ser
O quanto hei de viver
Jamais se fez banal.

353


Paulatim deambulando, longum conficitur iter.


Um passo mais suave
Não cansa e nos permite
Além de algum limite
Vencendo o que se agrave,

O tempo mesmo entrave
E assim não necessite
Vestir o que acredite
Uma alma feita em ave,

Constante ritmo traz
O quanto se é capaz
E nisto vou além,

E paulatinamente
Chegando onde se tente
Da forma que convém...

354

Festina lente.

A pressa diz cadência
Negando o destempero,
E quando em desespero
A vida em evidência

Gerando esta inclemente
Vontade de chegar,
Porém mais devagar
Completo o que se tente,

Num ritmo alucinante
Perdendo em tal cansaço
O todo ora desfaço
E nada se garante,

Devagar, porém mais firme
A força se confirme...

355

Nummus nummum parit.


Dinheiro se procria
E atrai bem mais riquezas
E sem quaisquer surpresas
A vida mostraria

O quanto a cada dia
Dos passos somos presas
E nestas correntezas
O tanto se veria.

Colhendo cada fruto
Eu sei e não reluto
Semente traz semente,

Num chão fertilizado,
O tempo desenhado
Rendendo plenamente...

356

Dictum et factum.


Futuro; não prevês,
Porém quem tanto pensa
Encontra em recompensa
A dor ou a altivez,

E o quanto se desfez
Enquanto a sorte tensa
Presume o que inda vença
A clara estupidez.

Ou se entregando à sorte
Presume o fim e o corte,
Colheita em óbvio tom,

E dito e feito sigo
Vencendo ou em perigo,
Num mundo amargo ou bom.

357


Non mos ad vitam, sed
consuetudo probanda.

Nem sempre se é verdade,
Mas saiba que o caminho
Enquanto em outro alinho
Demonstra a realidade

E nela o que me invade
Pudesse ser daninho
Ou mesmo mero espinho,
Ou farta claridade,

Retrato deste meio
Aonde devaneio
Pousando em vários rumos

E assim me mimetizo
No quanto em prejuízo
Ou lucro eu tenho os prumos.


358


Veritas odium parit.

Verdades transformando
A relação humana
Por vezes toma e dana
O todo se moldando,

A sorte desde quando
A senda soberana
Deveras nos engana
A casa desabando.

Pois mais que nos liberta
Usada em hora certa,
Também gerando atritos,

Daí uma amizade
Permite a liberdade
Em vários, nobres ritos.

359


Lupus non curat numerum.

O lobo se respeita
E não sabe contar,
Porém ao atacar
Em fúria se deleita,

Na vida mais estreita
O que possa domar
A fera a desnudar
Que nada mais aceita,

Enquanto se aproxima,
Deveras muda o clima
Em garras, dentes, presas,

E nesta sensação
A fuga é a direção
Evitando surpresas...


360


Ex bove coria sumuntur.


Do couro se moldando
O quanto em serventia
Trouxesse o que haveria
Aos poucos me enredando,

O tempo transformando
E nisto outro se cria
Vestindo a alegoria
Ou mesmo a renegando,

Eterna mutação
A vida se transforma
Metamorfose é norma

E dela se verão
O todo que o futuro
Deveras asseguro...


361


Inter dictum et factum multum differt.

Uma intenção apenas
Não traz a solução
É necessária a ação
Senão ao fim condenas.

Verdades sendo plenas
E nestas a estação
Presume os que a verão
Em novas claras cenas,

Assim o tempo traça
O quanto foi fumaça
Ou mesmo um nobre esterco,

E sem sentido prático
Qual fosse algum lunático
Mesmo em razão me perco.


362

Aliud est facere, aliud est dicere.

Do quanto poderia
E até já propagasse
A vida noutra face
Deveras negaria,

Marcando o dia a dia
E nisto desnudasse
O tempo aonde trace
A dor ou a agonia

Regendo o meu caminho
Em farto desalinho
Já nada poderei

Cumprir a mera meta
E nisto se completa
A imensa e nobre grei...


363

Torpida saepe lupos custodia pascit iniquos.


O que sem ter cuidado
Permites que se perca
Ousando além da cerca
O tempo degradado,

E quando assim ausento
Do quanto pude e quis
Apenas cicatriz
Exposta ao rude vento,

E bebo sem certeza
Apenas o veneno,
E quando me condeno
Do nada sigo presa

O ter sem o cuidar
É como o destroçar...

364

Perditus est, mala qui sequitur vestigia pravi


O que já se perdeu
Sentido algum nos traz
E o passo mais mordaz
Expressa apenas breu,

O quanto fora ateu
E o tempo me compraz
Deixando para trás
O quanto concebeu,

Já nada mais carrego
E sigo feito um cego
Sem ter sequer noção

Do mundo que se fora
E a vida promissora
Perdera a dimensão...

365

Nova placent.

A novidade rege
O passo de quem segue
A vida e não consegue
Pensar no que protege,

Ainda quando herege
O mundo que ora cegue
A planta não se regue
E morre enquanto alveje;

O risco do passado
Rondando este presente
Decerto impertinente

Futuro desenhado
Nas ânsias de um momento
Que avança contra o vento...


366


Longa valetudo, certissima mors.


Da morte não escapas
E sabes muito bem,
Mas quando já contém
Escondido em tais capas

Dos ermos velhos mapas
E nada mais se tem
Somente o ledo bem
Que aos poucos mal encapas,

E sinto o que virá
Agora e desde já
Na morte sem segredos,

O mal que te consome,
Deveras mata a fome
E gera os desenredos.


367

Aspiciunt oculi duo lumina clarius uno.

O olhar que se embaçasse
Durante a tempestade
Presume a falsidade
Miragem provocasse,

Porém noutro repasse
Unidos na verdade
Imensa claridade
Aos poucos se notasse,

E assim em tal conjunto
O meu ao teu ajunto
E traça no horizonte

A vida com clareza
E tendo esta certeza
O passo firme aponte...

368


Confestim fletus emissae conjugis arent.

A dor de quem perdendo
A direção da vida
Expressa a despedida
Em ato rude e horrendo,

O mundo concebendo
A sorte já perdida,
E sei do quanto acida
Ausente dividendo,

A morte não sossega
E traz uma alma cega
Vagando sem descanso,

E quando se desenha
A luta em leda ordenha
Já nada mais alcanço...

369

Minima de malis.

Os males que se vêm
Diversas amplitudes
E quanto mais te iludes
O risco já contém

E o prazo diz de alguém
Que assim tanto transmudes
E sei dos passos rudes
E nada mais se tem,

Somente o desvario
E quando me recrio
Procuro calmamente

Vencer o desafeto,
Embora vá repleto
Do quanto fere e mente...

370


Leges bonae malis ex moribus procreantur.


Costumes regem lei
E nisto se aproxima
A sorte em novo clima
Dos dias que tracei,

No quanto agora errei
No prazo sem estima,
A vida não redima
O tanto que esperei,

E sei e já se expressa
A sorte que confessa
A pena mais completa,

E os erros ensinando
Quem segue demonstrando
Justiça como a meta.

371

Crescit in egregios parva juventa viros.


A juventude traça
O quanto em tom maduro
O porto mais seguro
Ou mera e vã fumaça

E sinto o quanto passa
Do tempo onde procuro
Sentir ou configuro
Meu mundo noutra praça,

A base diz do todo,
E quando sem engodo
Presume este cenário,

Por mais que haja desvios
Assim seguindo os rios
Um firme itinerário...


372


Mons cum monte non miscetur.


Enquanto sem consenso
E firmeza em ação
Diversa opinião
Negando o quanto penso,

E o tempo mais extenso
Tomando a dimensão
Dos dias que trarão
O fogo ledo e imenso,

Assim no fim de tudo
Apenas desiludo
E a sorte ora abandona,

Na flexibilidade
A rara habilidade
Dos sábios já se adona...

373

A teneris consuescere multum est.

O quanto se deseja
Num tempo mais além
Expressando o que vem
E nisto a benfazeja

Palavra sempre seja
O que demais convém
E sei do raro bem
Tramando o quanto almeja

A sorte é desenhada
No início da escalada
E tanto se presume

Na força mais sublime
O quanto nos redime
E leve ao raro cume...


374


Laedere facile, mederi difficile.

Difícil consertar
Rupturas da esperança
E quando a vida avança
Sem nada a se mostrar

Pudesse desenhar
O quanto em vão se lança
E nesta temperança
O tempo a desnudar.

Num cuidado traço
Se nada mais desfaço
Conservo a minha história,

Mas quando tu destróis
Matando teus faróis
A vida é merencória…


375


Sentientum cum multis.

Sentido que comum
Pudesse me enganar
Trazendo o caminhar
Depois em tom nenhum,

Sementes que perdesse
Em chão mesmo arredio,
O quanto desafio
Talvez o merecesse,

Compartilhar engano
E ter a sensação
Falível dimensão
De um ledo e farto dano,

Mas partilhando o fato
De perto eu me retrato...


376


Nostra nos decet, non sanguine niti.

Quando individualmente
A vida nos prepara
Regendo esta seara
Com tudo o que apresente

O ser mais evidente
Deveras nos separa
E a jóia bela e rara
Aos poucos já se sente,

Uma ostra perolada,
A sorte transmudada
Em clara magnitude,

Um ser além do tom
Prenunciando um dom
Que a dita já transmude...


377


Improba vita, mors optabilior.

A morte nos redime
Dos erros de uma vida
Envolta em tal ferida
E nisto como um crime,

O passo se reprime
A sorte já perdida,
A luta desvalida
E o medo que subestime

O vago caminhar
Tempestuoso passo,
E sei do ser escasso

Que pude desenhar
Nas sendas mais mordazes
As dores vãs, tenazes.


378


Litem ne quaere cum licet
fugere.


O acordo mesmo quando
Pareça em prejuízo
Decerto onde é preciso
O passo demonstrando,

E o corte desenhando
O quanto onde matizo
Vencendo este granizo
Num mundo mesmo infando,

A perda ou a vitória
Traçando em rara história
Presume alguma sorte,

Porém acórdão dita
Bem mais do que a desdita
Que a todos desconforte.


379


Aequitas praeferitur rigore.

A lei se rigorosa
Não traz a redenção,
E quantos; já verão
Espinho em plena rosa,

A sorte majestosa
Equilibra a emoção
E vence a alegação
Da vida caprichosa,

Tecendo em ato rude
O quanto nada mude
Apenas agravasse,

Porém com sutileza
Mudando a correnteza
Mostrando nova face...

380


Laus in ore proprio villescit.

Um elogio traz
Diverso alento quando
O tempo desenhando
Em ato mais mordaz,

Porém sendo falaz
O todo desabando
E mesmo que se ousando
A glória já desfaz.

Quem tanto se narcisa
Levado pela brisa
Encontra a solidão,

E de tal forma a vida
Deveras repartida
Explode em dimensão.

381

Tutum silentium praemium.

Quem cala não diz nada
E nisto possa além
Do que deveras vem
A sorte desenhada,

E a fonte profanada
O canto em raro bem,
A vida sem desdém,
A noite enluarada,

Mas quem prolixo segue
Já nada mais consegue
Senão a vaga trama

E nela o que pudesse
Sem rumo ou mesmo prece
É mera e rude chama...


382


Quae dolent ea molestum est contingere.

O quanto se afetasse
Alguém ou mesmo o todo
Marcando pelo lodo
E nisto o fim se grasse,

A cada vão repasse
A vida sem denodo
Tramando duro engodo
E assim se desnudasse,

A sorte em variante
Caminho que adiante
O passo sem proveito,

Lembrar o sofrimento,
Infausto em desalento
Gerando um torpe efeito.

383


Imperat et clamat quaecumque est
femina dives.

A vida tem segredos
E os posso compreender
No quanto amanhecer
Trazendo entre os meus dedos,

Momentos em enredos
Difíceis de entender
O quanto possa ser
Expressa estes degredos,

No olhar de quem domina
A sorte em nova sina
Reinando sem defesas,

E assim se desnudando
O passo desde quando
Dos erros somos presas...

384

Absque vado fluvius, nec stat sine pelice proles.


Há tantos e diversos
Caminhos como herança
Enquanto alguém se lança
Aos vários universos

Os passos mais dispersos
E nisto a confiança
Marcando em temperança
Além dos rudes versos,

Extremos se desenham
E nisto quando venham
Traduzem dimensões

Aonde o que se vê
Transcende algum por que
Fartas composições...

385


Si fueris Romae, Romano vivito more.

Adaptando ao caminho
Que a vida te trouxera
A sorte em primavera
Transforma cada ninho,

E quando ali me alinho
Bebendo o que se espera
A luta rege a fera
E tomo o mesmo vinho,

Tecendo o meu futuro
Aonde me asseguro
E possa cultivar

Meu canto sem temores
E nisto quanto o fores
Ali é teu lugar...

386

Quilibet est tuguri rex, dominusque sui.

Meu reino, o meu castelo,
Casebre, uma tapera,
O sonho que se espera
Deveras rude ou belo

Nas mãos cetro e rastelo,
Outono ou primavera
O quanto nesta esfera
Em paz eu me revelo,

Reinando sob o teto
Enquanto me repleto
Dos sonhos e palavras,

Sem ter sequer lacaio,
Porém jamais me esvaio
Da sorte em minhas lavras.

387

Beati monoculi in terra caecorum.

Aonde reina o vago
Apenas consciência
Ou mesmo uma ciência
Permite um raro afago,

E assim o quanto trago
Produz em evidência
A sorte em tal clemência
E nisto não divago,

Contrastes que se vêm
Traduzem muito bem
A sorte em majestade,

Mas é preciso ver
Que em tanto conhecer
É rude a claridade...

388


Commoditas omnis fert sua
incommoda.

Dicotomia traz
A vida a cada instante
E nisto o que garante
O ser ou não audaz,

Presume o que se faz
E sei quanto inconstante
O passo que adiante
O mundo em rara paz,

Escolha de um caminho
É feita onde me alinho
E bebo em tal fartura

Depois de certo tempo,
A vida em contratempo
O rumo ela assegura...

389

Si prestabis, non habetis; si habetis, non tam bene; si tam bene, non tam cito; si tam
cito, perdis amicum.

O quanto se perdendo
Num préstimo qualquer
Depois do que vier
O resto diz remendo,

E assim já se prevendo
A luta sem sequer
Saber o que puder
Em tom atroz e horrendo,

Fazer sem esperança
Do quanto além se lança
Talvez seja melhor,

E de tal forma a vida
Não deixa uma saída
E a estrada eu sei de cor...

390


Dum felis dormit saliunt mures.

Deveras vigiando
A sorte não traria
Surpresas dia a dia
Nem mesmo este ar nefando,

E sei que desde quando
Negando a montaria
A luta não viria
Sementes renegando,

Meu passo se apresenta
Na face virulenta
De quem tenta e já vê

O sortilégio toma
E traz além do coma
A vida sem por que...


391


Fervet olla, vivit amicitia.

Uma amizade expressa
O quanto tens; querido,
E o tempo onde lapido
Gerando a rude pressa,

Depois quando tropeça
O todo já perdido,
O mundo sem sentido
Pregando nova peça,

Assim ao se prever
A perda eu posso ver
O fim desta união,

Restando tão somente
A dura e vã semente
Jogada sobre o chão...


392


Aegroto dum anima est, spes est.


Uma esperança traz
Enquanto a vida existe,
E o mundo mesmo triste
Desenha um fato audaz,

E sei do ser tenaz
Que aponta sempre em riste
E assim tudo consiste
Aonde o todo faz

A sorte poderia
Vencer esta agonia
Trazendo a liberdade,

E mesmo que não caiba
A vida ora se saiba
Na luta há claridade.


393

Festinus intellige, tardus loquere.

Opinião que emitas
Sem nada conhecer
Palavra a se perder
Em sendas já finitas,

E quando necessitas
O tanto possa ver
Marcando em teu poder
Em horas mais aflitas,

E tento algum licor
Aonde nada havia
Somente esta ironia

E nela o dissabor,
Sorver conhecimento
É tudo o que mais tento...

394


Parce sepultis.

Guardar qualquer rancor
Após a morte, traz
A face mais mordaz
E farta em desamor,

O quanto a decompor
Apodrecendo faz
A sorte mais audaz
Perdendo o seu valor,

E assim ao prosseguir
Sem nada carregar,
O mundo que há de vir

Expressa esta leveza
E deixa caminhar
Com firme ligeireza.


395


Non patri, nato et fratri rixentibus adstes.


Nas tramas entre iguais
As sortes divididas
E nelas consumidas
As horas rituais,

E sei dos fatos tais
Regendo tantas vidas
E nelas despedidas
São firmes, mas cristais.

E assim ao se quebrar
Talvez se regenere
E mesmo se inda fere

O tempo irá negar,
O mundo multiforme
Ao todo já conforme...

396


Errando discitur.

Errar tanto me ensina
Se tenho a mente aberta,
Mas nada me desperta
Na sorte mais ladina,

E quando se examina
Palavra mais incerta,
A sorte não alerta
E quanto isto fascina,

Marcando cada instante
Enquanto se adiante
O passo muito além,

Aprendendo com erros
Chegando aos belos cerros
Onde esperanças têm.

397


Errare humanum est.

Errar é com certeza
A mãe da aprendizagem
Permite uma viagem
Com toda esta clareza,

E sei desta grandeza
Além de uma miragem
Desvenda tal paisagem
E vence uma surpresa,

O fato é que deveras
A vida quando esperas
No fundo se transforma,

E assim não se envergonha,
Aprenda e já componha
A vida de outra forma.

399


Amicitia tibe junge pares.

Entre os pares nesta vida
Talvez encontre amigos,
Ou mesmo desabrigos,
Na sorte que se acida,

E sei da despedida
Em vagos vãos perigos
E sinto os vis castigos
Da luta decidida,

No errático cenário
O tempo é necessário,
E nisto nos ensina,

Porém em equidade
O quanto tanto agrade
O passo determina.

400


Rore non pascitur.


Deixando para trás
O tempo não perdoa
A sorte traz canoa
E o sonho já desfaz,

E quanto fui tenaz
Vencendo esta lagoa
Marcando quando ecoa
A voz onde se traz

Sobrando apenas brisa
E o tempo se divisa
Em fartas ilusões,

E volto ao que se espera
Depois da primavera,
Adentro os meus porões...

401

Via trita, via tuta.

O rumo se desenha
Na face mais sutil
E o quanto já se viu
Da vida quando venha,

Trazendo o que contenha
Ou mesmo se sentiu
Na porta que se abriu,
Na luta onde se tenha,

A sorte mais audaz
Caminho que se faz
Aberto ao caminheiro,

Deveras nada impede
O passo que concede
Quem fora além e inteiro...

402


Fiat justitia et ruat caelum.

Ainda que deveras
A sorte se transforme
E nesta queda enorme
Envolto pelas feras

Em vastas vãs esferas
Que o tempo não conforme
E mesmo se disforme
Proclame o quanto esperas,

Justiça seja feita
E enquanto em vão se deita
A vida é mais ingrata

No quanto poderia
Reger a cada dia,
Mesmo quando maltrata...

403


Perdere verba leve est.

O quanto a se falar
Resume o que pudesse
Marcando com tal messe
O todo a desejar,

Depois do navegar
Aonde a vida tece
Gerando o quanto em prece
Tentasse divisar,

A sorte em tal momento
Enquanto busco e tento
Depois da plenitude,

Falar, rara expressão
Aonde a dimensão
Redime o que não mude...

404


Ferociam sacietas parit.

Fartura na verdade
Em gumes tão diversos
Marcando os mais dispersos
Caminhos onde invade

O tempo em claridade
Os dias entre os versos
Momentos onde imersos
Presumem falsidade

Já nada mais presume
Quem tenta em tal perfume
A imensa primavera,

Em abundante fato
O quanto não resgato
Domina e destempera.

405

Elephantem ex musca facere.

A sorte se modula
Em fases tão diversas
E quando além tu versas
Ainda que sem bula

O tempo nos engula
E mostre as mais dispersas
Figuras quando imersas
Nas sombras onde ondulas,

Agigantando o passo
O quanto busco e faço
Expressa em tom sutil,

Além do que pudesse
Trazendo a rara messe
Bem mais do que previu.

406


Quae recte fiunt nunquam benefacta peribunt.

O bem que se cultiva
Em frutos apresenta
Vencendo uma tormenta
E nisto nada priva,

A sorte sempre altiva
Deveras nos alenta
E segue enquanto tenta
Alçar em voz ativa,

Mas saiba do imortal
Caminho sem igual
Aonde o todo trace

A vida sem temor
E nisto este sabor
Jamais deveras passe...


407



Accepto damno januam claudere.

Fechar a porta após
O duro arrombamento
Não traz qualquer provento
E marca dentro em nós

Um ato tanto atroz
E nele este momento
Vagando em sofrimento,
Renega a mansa voz,

Em discordante passo
O que puder já traço
Tentando o que se evite,

Porém por tanta vez
O que deveras vês
Supera algum limite...

408


Felix est non aliis qui videtur, sed sibi.


Felicidade é vária
E traz em outro ser
Diverso amanhecer
Em fonte e luminária,

Porém tão necessária
A sorte a se conter
Marcando ao bel prazer
A vida arrendatária

Dos passos entre cais
Dispersos, magistrais
Ou mesmo em simples fato,

O ser feliz decerto
Mantendo o peito aberto
Aonde; a luz; constato...

409


Grandaevi nati, labores duplicati.

O tempo não desliga
As vidas que prosseguem
E assim tanto naveguem
Sabendo o quanto abriga.

E a luta traz na viga
Os passos que não neguem
Os dias não sosseguem
A porta assim consiga

Vencer o próprio tempo
E a todo contratempo
O apoio se procura,

Amar e ter além
O quanto sempre vem
Eterno enfim, perdura...

410

Quos Jupiter perdere vult prius dementat.


As asas que criaste
Deveras te perdendo
Num tempo mais horrendo
A vida diz desgaste

E assim tu mal notaste
O mundo em dividendo
E o todo perecendo
Enquanto mal notaste,

Assíduo companheiro
Dos sonhos, derradeiro
Momento em falsa glória

A queda se anuncia
E nada mais traria
Sequer numa memória...

411


Dantur divitiae non nisi divitibus.

O quanto hoje se tem
Traduz o muito mais
E neste imenso cais
O tempo não detém,

A vida segue além
E trama enquanto esvais
Marcando em seus sinais
Sem ter qualquer desdém...

Dinheiro multiplica
E assim a sorte rica
Explode em tal fartura,

Destarte o caminhar
Vencendo o imaginar
Deste auge ora assegura.


412


Audies bene ab hominibus et tuto vivas.

O quanto se fizesse
E nisto noutra face
Pousando aonde trace
A vida que obedece,

Arfando caminheiro
Tentando outro cenário,
Mudando itinerário
E neste tom me inteiro

E vivo o quanto possa
Sem medo do que reste,
Ainda além, celeste
A sorte fosse nossa,

A fama nos permite
Viver sem ter limite...

413


Bonus rumor alterum est patrimonium.


O quanto se aproveita
Do tempo mais feliz
Gerando o que se quis
E assim já se deleita,

A sorte que se aceita
Expressa além do bis
Vencendo a cicatriz
E nisto em paz se deita,

O mundo gesta a luz
E ao tanto nos conduz
Em ato mais sublime,

Assim o que se veja
Depois da vida andeja
De tudo nos redime...

414


Horrescit gelidas felis adustus aquas.

A experiência dita
A sorte no futuro
E quanto a configuro
Feliz ou mais maldita,

O todo se permita
Além de qualquer muro
Num solo mesmo duro,
Em senda mais aflita,

Vencer o que se tenta
Lembrando da tormenta
Que tanto maltratara,

E sendo desta forma
A vida nos informa
Da antiga e vã seara...


415


Longum iter emensus, mendacia longa reportat.


Invento algum lugar
Pousando noutro ponto
E quando além aponto
Pudesse desejar,

O tempo a se moldar
E nisto este desconto
Presume o que ora apronto
Ou mesmo algum luar,

A sorte se desvenda
E quando a glória é lenda
Apenas nos engana,

Assim a falsa imagem
Gerada por miragem,
Deveras é profana...

416

Ira quae tegitur nocet.


Quem tanto silencia
Prepara uma armadilha
E segue a torpe trilha
Imersa em agonia,

Porém o que traria
Na luta que não brilha
Deveras já nos pilha
Em mera alegoria,

O cão que não ladrasse
O tempo em tal impasse
Expressa o fim mordaz,

A sorte se liberta
E quando traz o alerta
Proclama a rara paz...


417

Nunc bene navigavi, cum naufragium feci.

A vida nos ensina
Enquanto nos maltrata
E assim tanto retrata
A face cristalina,

E quando não domina
A senda mais ingrata
No fundo se constata
A morte em leda sina,

Porém em tantos males
Deveras não te cales
Aprendas a lição

E assim um novo dia
Decerto nos traria
A vera dimensão...

418

Hodie mihi, cras tibi.

O quanto te apoiando
Garanto o que viria
Depois da alegoria
Ou mesmo desde quando

A vida se moldando
Em dor ou agonia,
Traçando o que traria
Em ar duro e nefando,

Vencer os meus temores
Seguir sem mais rancores
Tramando este jardim,

Após o duro estio,
O quanto agora crio
Expressa um manso fim...


419

Nobilis, ut vitet probrum, dat pectora
ferro.

Quem honra os compromissos
Não suportando injúrias
Vencendo tais incúrias
Sem passos sempre omissos,

Os solos movediços
A sorte enfrenta as fúrias
E mesmo nas penúrias
Em dias tão mortiços

A vida abençoando
O passo em firme senda
Ao todo nos atenda

E mostre um tempo brando,
Porém ao ledo corte
Prefiro mesmo a morte...


420


Cavete a macilento non
famelico.

O macilento traz
A força que surpreende
E assim enquanto estende
O braço é mais tenaz,

Diverso do faminto
Que frágil não se expressa
Além de uma promessa
Aonde o nada eu sinto,

Encontro esta verdade
No passo que programa
A vida em nova trama
E enfim o rumo invade,

Em ar ledo no ensejo
O tanto além prevejo...


421


Hospes et piscis tertio quoque die odiosus est.

O quanto se é bem vindo
Depois de certo prazo
Gerando o velho ocaso
Expressa o quanto findo

Meu rumo se esvaindo
E nada mais aprazo,
E sei dom quanto atraso
O tempo o consumindo,

Limites desta vida
Que tanto repartida
Não deixa nada após,

Somente o desconforto
Aonde fora o porto
Ou mesmo a clara foz...

422


Si mea non coenes, gratior hospes es.

Quem traz em parcimônia
A vida se permite
Além de algum limite
Sem mais ter cerimônia,

A sorte se anuncia
Conforme o que se crê
E assim e até por que
Retendo uma harmonia,

Mas quando se é glutão
A sorte se renega
E a vida sendo cega
Reflete a negação,

E o prazo se extermina
Secando logo a mina...

423

Aequalis aequalem delectat.

A sorte em consonância
Permite além do quanto
Buscasse e se me encanto
Tramasse sem distância

A vida em nova instância
Vencendo algum quebranto
E quando enfim me espanto
O rumo em concordância

Ditando o que virá
E sei deste maná
Que possa nos trazer

Além do quanto quero
Um passo mais sincero
Num mesmo amanhecer...


424


Tunc male vulpi erit, si muscas prendere tentet.

Aquém do que pudesse
Seguindo em tom atroz
Negando a própria voz
E nisto vaga messe,

O tanto que se tece
Presume o mais feroz,
Porém a vida, algoz
Ao nada se obedece,

E o fato se consome
No quanto não se some
E nem domina o passo,

E sei bem mais capaz
Do quanto a vida traz
Em tempo amargo e escasso...

425


Mus miser est sabe que solo clauditur uno.

Defesas variáveis
Em dias mais diversos
E assim nos universos
Os tempos são mutáveis,

Mas sem os mais aráveis
Caminhos mesmo imersos
Os tempos são perversos
E os sonhos intragáveis.

No caos e desventura
A luta se perdura
Sem ter qualquer provento,

E quando enfim desvendo
O mundo em tal remendo
Me entrego ao desalento.


426


Fratrum irae acerbissimae.

O quanto se transcorre
Nas duras tempestades
E assim tanto degrades
O mundo quando escorre,

E trama e não socorre
E quanto em vis verdades
Ausentes claridades
O tempo em vão percorre,

Acordo o que pudera
Gerar além da fera
E tento um dia a mais,

Depois do quanto quis
Ainda ser feliz
Embora irmãos; me trais...

427

Utile dulci.

Unir o necessário
Ao quanto mais agrade
Supera qualquer grade
E vence este fadário

No tempo temerário
A imensa claridade
Expressa o que em verdade
Desejo solidário.

E sei desta união
E nela a previsão
De um mundo mais tranquilo

E quando sigo em frente
Ainda que apresente
Engano, eu não vacilo...

428

Callidus est latro qui tollit furta
latroni.

Ladrão que rouba quem
Roubasse noutra cena
Deveras se condena,
Mas traz o que ora tem

Perdão que mais convém
E nisto alma serena,
Embora a dura pena
Decerto ainda vem,

E sei do quanto pude
Viver em plenitude
Após esta vingança

Que mesmo sendo falsa
O sonho em paz já calça
E traça onde se lança...

429


Cui lingua est grandis, parvula dextra est.

O quanto se promete
Invalidando este ato,
No fundo não resgato
Sequer o que arremete,

E a vida se intromete
Marcando com destrato
Negando antigo trato
Pintando sempre o sete,

Assim tanta falácia
Negando alguma audácia
Gerando este vazio,

Depois do que mais queira
A sorte é derradeira
E aos poucos nada crio...

430


Furem fur cognoscit, et lupum lupus.

As feras se conhecem
E respeitando o passo
Daquela que em devasso
Cenário; nada esquecem

E assim os dias tecem
Vencendo qualquer traço
Aonde me desfaço
E os rumos já fenecem,

Porém quando encarando
O ser igual, nefando
O medo se supera,

E sei que também sendo
O ser temido e horrendo
Jamais enfrento a fera...

431


Procul ex oculis, procul ex mente.

O quanto não mais vês
Jamais maltrataria
A vida em agonia
Trazendo o que não fez,

A sorte, insensatez,
A vida em heresia
O tempo não traria
Sequer a velha tez,

E nada enfim se vendo
Apenas sou remendo
Do prazo que se finda,

E o mundo em cada volta
Deste eixo ora se solta
E molda o que deslinda...

432


Annosa vulpes non capitur laqueo.


Apenas previdente
Na voz da experiência
E nisto esta ciência
Protege plenamente,

O quanto em vão fomente
Além da penitência
Gerando em ingerência
O quanto não me alente,

Expressa o quanto pude
Vencer em atitude
Ou mesmo me esquivar,

A vida se prepara
Em nova e dura escara
No incauto a se entregar.


433

Emere malo quam rogare.

Quem pede na verdade
Devendo muito mais
Do que valesse e esvais
Além do quanto agrade,

E sei da liberdade
Isenta aos temporais,
Vencendo os desiguais
Caminhos: tempestade.

O tempo não consome
E gera além da fome
O mundo sem saída,

Ingrato? Com certeza
Não quero ser a presa
Por toda a minha vida...

434


Saepe potestatem solita est superare voluntas.

Quem sabe faz e segue
O rumo em passo firme,
Porém quem nada afirme
No mar sem paz navegue,

E o quanto se persegue
Deveras não confirme
Nem mesmo ora se firme
Enquanto a vida o negue,

Por isso é que a vontade
Supera até saber
E permite viver

Em plena liberdade,
O canto em tal firmeza
Jamais seria presa.


435


Qui varrant, pauci; est multus, qui sordidet
aedes.

Quem cuida com carinho;
Imensa raridade
E sei do que degrade
E nisto mata o ninho,

O passo mais daninho
Expressa esta verdade
Renega a claridade
E mata em tom mesquinho,

Depois do que se tente
O mundo num repente
Pudesse variável,

Porém o quanto vejo
Expressa noutro ensejo
Somente o desejável.


436

Sua melius insanus curat quam
sapiens aliena.


O quanto saberia
Da vida de outro alguém
Deveras sempre tem
Um quê de hipocrisia,

A sorte não veria
E nisto o que convém
Deixando sempre aquém
Do mais que poderia,

Conhecendo este alheio
Tomando o ledo veio
Esgota o seu saber,

O espelho nada vale
Bem antes que se fale
É preciso se ver...

437


Multis lingua nocet: nocuere silentia
nulli.

Quem tanto assim opina
No fim se arrependendo,
Silêncio num adendo
Deveras mais fascina,

E o quanto se destina
Na sorte sem remendo,
Num dia se prevendo
A senda em vã cortina,

O quanto pude ou posso
No mundo que quis nosso,
Apenas me selando

O rumo sem proveito,
E quando aquém me deito
Meu mundo desabando...


438


Magis experiendo quam discendo
cognoscitur.

O dia a dia traz
Raro conhecimento,
E nisto eu incremento
O quanto a vida faz

E vejo mais audaz
O passo contra o vento
Seguindo sem lamento,
Buscando enfim a paz,

O tempo amadurece
E sei da rara messe
Vestida experiência,

Alia-se em verdade
Ao quanto nos invade
A força da ciência...

439


Amplius juvat virtus, quam multitudo.

O quanto não traduz
Diamantino passo,
E mesmo sendo escasso
Enquanto traz a luz

No todo mais produz
E gera o firme laço
Vencendo algum cansaço
E assim já nos seduz,

Palavra bem medida
A sorte em nossa vida
Expressa com firmeza,

Porém quando sem rumo,
Perdendo inteiro o sumo,
Levado em correnteza...

440

Ubi amici, ibi opes.


Uma amizade é rara
E nisto se presume
O doce e bom perfume
Que a vida nos prepara,

Domina esta seara
E traz o imenso lume,
Portanto onde se rume
Cicatrizando a escara.

Dinheiro? Tem valia...
Mas nada além traria
Senão mero conforto,

E em plena tempestade
O que se quer e agrade
Somente um firme porto...

441


Materiam superabat opus.


A mão que tece o pano
E nela uma arte rara
Espelha o quanto ampara
Vencendo qualquer dano,

E sei do quanto engano
Os olhos noutra apara
Vestindo o que prepara
O mundo em tom profano,

No fundo pouco importa
O quanto desta porta
Expresse um belo rumo,

Mas quando se adentrando
Aos poucos desabando
O mundo em ledo sumo...

442


Pignus fideijussore securius.

O quanto de um pendor
Expressa a confiança
E assim quando se lança
Além de um fiador,

O tempo em rara cor
Deveras nos alcança
E a vida sendo mansa
Expande sem rancor,

Mas sei da invalidez
De tanta estupidez
Que aflora o ser humano,

E quando assim te vês
Refém do mesmo engano
A sorte se desfez...


443



Auxilium superum humanis
viribus praestat.

Quem busca o seu caminho
Com fé, perseverança
Aos poucos tudo alcança
E faz do sonho o ninho,

E sei quando me alinho
Nas mãos desta aliança
Vencendo em confiança
O ser frágil, mesquinho.

Assim não me importando
Somente o ledo horário
Além do imaginário

Meu mundo o desenhando
Com firmes passos sigo
Ousando em claro abrigo...


444

Bis gratum quod ultro offertur.

Promessas? Nada além
Da falsa sensação
Dos dias que virão
E nada mais contém,

O tanto que inda vem
Ou noutra direção
Impede este timão
Naufrágios sempre têm,

E o caos gerado após
Na dura realidade
Ainda que degrade

Negando a nossa voz,
Melhor o que asseguro,
E nisto me emolduro...

445


Melior est canis vivis leone mortuo.

Leão que morto vejo
Não vale um só centavo,
Enquanto o menos bravo
Canino em novo ensejo

Traduz melhor desejo
E quando enfim me lavo
Deixando além o escravo
Meu rumo; em paz, almejo,

Assim se desenhando
A sorte variável
Num tempo irretocável

Ou mesmo no nefando,
A vida se anuncia
Mostra real valia...

446



Ad praesesn ova cras pullis sunt
meliora.


Certeza em minhas mãos
Valor que ali se expressa
Bem mais do que a promessa
Em tempos rudes, vãos,

E sei dos tantos nãos
Aonde a vida meça
Os passos e tropeça
Matando fontes, grãos,

E posso desta forma
Vencer o que transforma
Ou mesmo deformasse,

No tempo que viria
A sorte em utopia?
Jamais se desejasse...

447


Plus valet passer in manibus, quam sub
dubio grus.

O quanto ainda tenho
Não troco por talvez
E assim enquanto vês
O mundo dita empenho,

Mas sei que se desdenho
Por mera estupidez
No fim já se desfez
E nada mais contenho,

A sorte se lançando
E nisto desde quando
O todo traz o nada,

Porém com sutileza
Trazendo esta certeza
Já tanto desenhada...


448


Pudere praestat quam pigere.


Melhor dizer que não
Do que em mágoas fluir
E assim neste porvir
Diversa dimensão,

Ousando em estação
Pudesse repartir
O tanto que há de vir
Em nova direção,

Verdade nos liberta
Palavra sempre certa
Não deixa o que temer,

Mas quando se mostrando
A vida em tom infando
Negando o amanhecer...


449

Quae mala cum multis patimur leviora videntur.


Não quero nenhum mal
Que sirva como apoio
E sei do ledo joio
Em meio ao bom trigal,

A sorte é pontual
E segue como arroio,
Fugindo de um comboio
Em paz consensual,

Encontro uma resposta
Na vida sendo exposta
Sem medo ou mesmo tédio,

E o quanto poderia
Em noite amarga e fria
Tentar novo remédio...


450


In omni fortuna tuis adhaere.


Fortuna que acompanha
Quem tanto além se fez
Gerando sem talvez
A vida em tal campanha,

Assim subo a montanha
E ali também tu vês
A imensidão e crês
Na luta onde se ganha,

E quando sem ganância
A vida em concordância
Permite um novo rumo,

E quantas vezes; creio
No passo em que este anseio
Adentra em supra-sumo...

451


Omnis potestas impatiens consortis erit.

Um déspota gerindo
Este universo em vão
Não quer numa união
Poder se dividindo,

O céu embora lindo
Não tendo a dimensão
Do quanto em ilusão
Tal ser se sente infindo,

Mas sei o quanto a vida
Ensina a cada engano
Depois de erguido o pano,

Apenas a ferida
E o quanto se assegura
Em noite escusa e escura.


452


Bonum erat si non natus non fuisset homo ille.

Por vezes imagino
A vida mais tranquila
Enquanto se vacila
O tempo em desatino,

E sei deste destino
E nele o que destila
Expressa a dura fila
Matando este menino,

A morte que abençoa
Trazendo esta canoa
Que possa noutra margem

Vencer o desafeto
E assim se me completo
Sentindo a mansa aragem...


453


In muktiloquio non deerit stultitia.

Quem fala e não se cala
E mesmo nem mais pensa,
A dor que traz intensa
Deveras avassala,

E nega na ante-sala
O quanto em recompensa
A vida não convença
Gerando esta senzala,

O mundo se presume
Enquanto sem ardume
Prossigas mansamente,

Porém quem tanto expressa
Decerto em vão tropeça
Da dor gera a semente...


454


Plurimum valet gallus in aedibus suis.

Em território meu
O quanto se apresente
Vencendo toda a gente,
Mas sei que este apogeu

Deveras se perdeu
Num passo e de repente
O quanto mais se tente
Enfim já se esqueceu.

Meu prazo terminando
O mundo desabando
E o corte se desnuda,

A sorte sem valia
A luta em ironia
A dor imensa e aguda...


455


Multa fidem promissa levant.


Promessa? Leva o vento
E nisto tanto iludo
E sei do quanto mudo
O mundo sem provento,

E quando às vezes tento
Trazer e vir com tudo
Meu passo eu amiúdo
E bebo o alheamento,

Não possa com certeza
Do falso ser a presa
Nem mesmo algum algoz,

E assim sem prometer
O quanto possa ver
Em firme e clara voz...


456


Per multum risum stultus cognoscitur.


O riso se excessivo
Não deixa que se veja
Diversa e mais sobeja
Verdade enquanto a vivo,

Apenas lenitivo?
Não sei e não poreja
Uma alma tão andeja
Num tempo mais cativo,

Assim o suprimento
Do quanto quero e tento
Não diz qualquer excesso,

Palavra se bem dita
Permite e necessita
Somente o quanto a meço.


457

Neque nullis sis amicus, neque multis.

Amigos? Tantos; sei,
Mas quando se aproxima
A vida em ledo clima
Mudando a velha lei.

Em toda a imensa grei
A sorte que se estima
Gerando o que se exprima
No quanto mergulhei.

Depois de cada engano,
O fato onde me dano
Pressente o ledo fim,

E solitariamente
A vida se apresente
Tal qual um dia eu vim...


458


Multi sunt vocati, pauci vero
electi.

Ouvir a voz não traz
A salvação, decerto
O mundo mais desperto
Presume o ser audaz,

E ter nos olhos paz,
Vencendo este deserto,
E quando enfim me alerto
Do quanto sou capaz,

Tramando mansamente
O mundo que apresente
Em rara liberdade,

Amando e perdoando
Aos poucos emoldurando
O templo que me invade...


459


De cunctis loquitur faemina quae tota
cursitat urbe vaga.


Quem tanto vasculhasse
A vida de outro ser
Aos poucos se perder
E nisto desnudasse

A dita em ledo impasse
E possa ora antever
O quanto não faz crer
No todo que mostrasse,

A boca não se trava
E gera sempre a lava
Que um dia irá voltar

E consumindo a fera
Enquanto a degenera
Matando devagar...


460


Nil melius muliere bona.

A companheira rara
Expressa com ternura
O quanto se procura
E nisto se prepara

A sorte que escancara
Vencendo uma amargura
E tanto configura
Bendita esta seara,

Quem sabe e reconhece
Encontra esta benesse
E sempre quer e tem

Nas mãos esta vontade
Que quanto mais agrade
Gerasse um raro bem...


461

Et vitrum et mulier sunt in discrimine semper.


O quanto em frágil tom
A sorte não presume
Ainda que o perfume
Expresse um raro dom,

Deveras sei do quanto
A senda se adivinha
Ou mesmo se daninha
Gerando este quebranto,

E possa com certeza
Traçar em mansa meta
A luta que completa
Vencendo a correnteza,

Assim ao me entregar
Encontro em ti, luar...


462



A barba stolide discunt tondere novelli.


Aos poucos aprendendo
E nisto se moldando
O quanto mesmo quando
Gerasse em dividendo,

E quantas vezes vendo
O mundo transformando
O passo que quis brando
Num outro se revendo,

Mas sei quanto o aprendiz
Deseja o que mais quis
Num átimo em tormenta,

E a vida se mostrara
Além desta seara
No amor que ora a fomenta.

463



Mendaci ni verum quidem dicenti
creditur.

A fonte confiável
Presume o que se creia,
Mas quando noutra teia
Caminho não palpável,

Descrença então notável
E vendo o que se anseia
Verdade devaneia
Em solo tão mutável,

Na movediça história
A luta nega a glória
E marca em dor e medo,

Por isto quanto mais
Gerasses vendavais,
Maior o desenredo...


464


In cauda venenum.

O quanto é traiçoeiro
Quem tanto nos agrade
Marcando a realidade
Nos ermos de um canteiro,

E disto o corriqueiro
Caminho já degrade
E o tanto quanto evade
Presume o derradeiro,

Veneno se apresenta
Aonde não se espera
E assim esta insincera

Figura virulenta
Traduz em olhar manso,
A sorte em ledo ranço.

465



Ille nihil dubitat qui nullam scientiam habet.


O crédulo em verdade
Não sabe discernir
O quanto possa vir
Ou mesmo inda degrade,

O prazo desagrade
Matando este elixir,
E possa resumir
A dor da falsidade,

Expresso em verso e caos
Os dias ledos, maus
E sei que com certeza

Na forte correnteza
Naufragas minhas naus,
Porém já sem surpresa.


466


Cui nunquam satis est, possidet ille
nihil.


Querendo sempre além
No fim não terás nada,
A senda desenhada
Decerto não contém

O quanto quer e vem
Ou mesmo noutra estrada
Presume a desdenhada
Verdade que convém,

Assim sem ter sequer
A vida que se quer
O tempo não renega

E bebo o que contenho,
E mesmo noutro empenho,
O amor me recarrega...


467


Quod tibi non vis, alteri ne
facias.


Respeitando quem vem
E nisto se presume
Também raro perfume
Que a vida segue além,

Deveras sendo alguém
Que possa sem ardume
Vencer qualquer cardume
No cume que se tem,

Expresso no meu ato
O quanto já resgato
Do tanto que se quis,

E bebo de tal sorte
O quanto te conforte,
E nisto sou feliz...

468


Dulcia non novit qui non gustavit
amara.

Contraste se permite
E nisto este valor
E quando além da dor
O passo não limite

Vencer qualquer palpite
Ou rumo em falsa cor
Somente em tal louvor
O coração palpite.

Assim na discordância
Ou mesmo em consonância
A vida se faz plena,

Amargo ou doce rumo,
Apenas eu resumo
Na luz que nos condena...

469


Omnium rerum vicissitudo
est.

O tempo dita a sorte
E nada mais presume
Além do que em costume
O traço nos comporte,

Não há eternidade
Na dor, no sofrimento
Também no doce alento,
E mesmo em liberdade,

A vida se transforma
A cada novo instante
E não faz constante
Mudando regra e norma,

Por isto na esperança
O passo além avança.


470



Nemo nupsit inops, dives nec mortuus
ullus.

A vida traz bem mais
Que raros provimentos,
E sei dos sentimentos
Deveras magistrais,

E quando em tais cristais
Os dias mais sedentos
Vencendo os virulentos
Fantasmas noutro cais,

Mais vale o que se sente
E nada traz à mente
Sequer algum sinal

Embora ou não sobejo
O quanto mais desejo
Expressa um raro astral...

471


Causa debet praecedere effectum.

A causa gera efeito
E nada mais além
Do quanto já contém
E plenamente aceito,

Enquanto ora me deito
Na senda do ninguém
A morte sempre vem
E nisto o meu direito,

Apresentar o brilho
Do quanto em paz eu trilho
Viceja esta vontade,

E o pouso se garante
E nisto doravante
Concebo o que me agrade.


472


Lippis et tonsoribus notum.


O quanto se espalhara
Nos ermos da cidade
Gerando o que degrade
Tomando esta seara

A vida trama escara
E mata a liberdade
Renega a claridade
E o fim já se escancara,

Porém em tal caminho
O quanto for espinho
Negando a rosa plena,

Mas sei do que sabendo
Tramando em novo adendo
O mundo nos serena...


473



Commoditas omnis fert secum incommoda.

O mundo traz a luz
E também a escuridão,
E nesta provisão
Ao todo se conduz

E sei que quando em jus
Caminho e dimensão
Meus olhos obterão
O quanto reproduz,

A sorte tem seu preço
E mesmo se mereço
No fundo já se cobra,

O tanto que quisera
Negando a velha espera
Invade cada dobra...


474


Fel latet in melle et mel non bibitur sine felle.

Moeda em duas faces
Prazer tramando a dor,
E quanto em dissabor
Deveras ora traces,

E sei enquanto passes
Marcante em desamor
O corte é refletor
Das sortes sem repasses,

E vejo o que pudera
Na vida que insincera
Esgota uma esperança,

Mas quando no final
O tempo em raro astral
Ao mar ora me lança...

475


Se gerit egregium speculum veteranus
amicus.

Em ti me retratando,
Amigo me permita
A senda mesmo aflita
Ou mesmo em dia brando,

O todo desenhando
Enquanto ora palpita
Ou boa ou tão maldita
Meu mundo emoldurando,

Depois do que se vê
O tempo sem por que
O nexo se aprendendo

Reflexos da verdade
E quando desagrade
Do ser me convencendo...


476


Nihil sub sole novi.

O mundo se repete
E segue de tal forma
Que nada se transforma
Enquanto me arremete

Ao sonho que promete
E gera a mesma norma,
O passo que me informa
O antigo ora reflete.

Em ciclos percebendo
A vida num adendo
Igual ao que vivera,

Apaga-se esta pira,
Porém a Terra gira
E volta a velha cera...

477



Deviat a solitis regula cuncta viis.


A regra não traduz
Unânime caminho,
E sei do quanto aninho
Meu passo noutra luz,

E sendo onde me pus
Vencendo o velho espinho
E mesmo o mais daninho
Tormento gera o pus,

E cicatrizes tantas
Aonde mal garantas
O tempo que passaste,

Se a vida já presume
Diverso e bom ardume,
Exibe tal contraste...


478

Fames optimum condimentum.

Temperas com a fome
E veja o quanto é nobre
O prato onde se encobre
Bem mais do que se dome,

Na fúria em que se come
A sorte se descobre
E tanto que desdobre
O mundo em que eu me tome.

Vontade inusitada
Traduz em luz a estada
Na demarcada fonte

Aonde o que se trama
Expressa além da chama
O quanto a mais desponte...

479


Inimici sui amicum nemo in
amicitia sumit.

Quem adoçando a voz
Daquele que me odeia
De fato não anseia
A paz em bela foz,

E sei que frágeis nós
Presumem leda teia
E quanto mais se creia
O passo enfim, feroz,

O mundo sem sentido
O tempo presumido
No caos e nada mais,

Depositando o sonho
Em ar tolo e medonho,
Encontro vendavais...

480

Non bene imperat, nisi qui paruerit
imperio.

O quanto se permite
Num raro caminhar
Presume o divagar
Apenas no limite,

E assim o que acredite
Não deixa algum luar
Tocando devagar
E nada necessite,

Somente o medo e o caos
E destes dias maus
Lembranças? Pesadelos...

E assim mal posso vê-los
E sei do descaminho
De um tempo mais daninho...

481

Nesciat sinistra quod faciat dextera tua.

Não propagando um fato
Permites que a virtude
Louvasse esta atitude
E nela já constato

De ti claro retrato,
E nada mais ilude
Gerando em plenitude
O sonho onde o resgato,

Presumo a cada instante
O mundo que garante
Imensa claridade,

Porém quem vangloria
Ao fim se perderia
E a sorte aquém, degrade.

482


Afflicto non est addenda afflictio.

O quanto se protege
De uma aflição quem tenta
Vencer a virulenta
Presença deste herege,

O prazo que ora rege
A vida onde se alenta
Marcando em violenta
Razão que nada inveje,

O sonho se perdendo
O mundo mais horrendo
Mentiras entre fúrias

Assim ao acolher
Impeça de sofrer
Quem vive as vis incúrias...

483


Inspice bis potum et chartam subscribe
scienter.

A vida se anuncia
Em face mais diversa
E quem além dispersa
A sorte em agonia

Deveras não teria,
O quanto quer e versa
A luta é mais perversa
E traz noite sombria,

Por isto sem cuidado
Encontra o percalço
E ali teu cadafalso

Há tanto desenhado,
Provendo em claridade,
Dos males já se evade...


484


Aliquis non debet esse judex in propria causa.

Quem julga na verdade
Deveras tem dever
Diverso do querer,
Ou mesmo do que agrade,

Assim a claridade
Expressa o que há de ver
E nada a se temer
Reinando a dignidade,

Tampouco em causa própria
Na senda mais imprópria
Desapropria o justo,

Somente o que se traz
Em viva e plena paz,
Decerto a qualquer custo.


485

A se impetrare ut nom posse.


Quem tanto se afligisse
Gerando contra si
O todo impingi
Traduz vera tolice,

O mundo contradisse
O fato onde me vi
E nisto o que perdi
Bem mais que uma crendice.

E assim ao se acusar
O tempo a desvendar
Inteira esta verdade,

E assim no que pudesse
A vida trama a messe
Que tanto ou não degrade...

486


Ne sutor ultra crepidam.

Quem tanto vangloria
No fundo nada traz
Somente o mais mordaz
Caminho em agonia,

E sei da hipocrisia
E nela o que é capaz
Do passo mais audaz
Que nada enfim temia,

O verso se desenha
Enquanto a mera ordenha
Prepara qualquer sorte,

Mas sei que esta verdade
Traduz a liberdade
E ao fim já me conforte...

487

Nemini fidas,
nisi ei, cum quo prius modium salis absumptseris.

A vida se transforma
Em faces tão perversas,
Mas quando além tu versas
Encontras clara forma,

E sei do que deforma
Ou mesmo desconversas
Palavras são dispersas
E negam qualquer norma,

Destarte o conhecer
É fato que diário
Traduz no itinerário

O quanto possa ver,
Por isso o tempo trama
Bem mais que mera chama...

488


Alterius — festum solum invitatus adibis.

Não sendo convidado
Melhor ficar em casa,
A fonte que te abrasa
Traduz o relegado

E neste duro enfado
Já nada mais te apraza
Somente se defasa
A vida em tenso brado;

Permita-se somente
Ao quanto pertinente
Cenário se apresenta

E assim sem vis surpresas
Não tendo em correntezas
A trama violenta...


489



Aliena vitia in oculis
habemus, a tergo nostra sunt.

Repare neste espelho
E veja quem tu és,
Embora de viés
O mundo em vão conselho,

Enquanto me ajoelho
Tentando sem galés
Viver em raras fés
Por vezes me avermelho,

Ruborizado então
Esboço a dimensão
Do quanto imaginava,

Porém minha alma rude
Ainda quando ilude
Expressa apenas lava...


490


In angustiis apparent amici.


Amigo eu reconheço
Na queda que eminente
Não deixa quanto tente
Vencer este adereço,

E sei do que mereço
Ou mesmo impertinente
Caminho que se ausente
Exprime o recomeço,

E sei do solidário
E nele este cenário
Presume a liberdade

Que trama em tom sublime
O quanto nos redime
O dom de uma amizade.


491


Non in solo pane vivit homo.


Bem mais que um alimento
Sustenta o ser humano,
E quando em raro engano
O tempo audaz eu tento,

O mundo em desalento
Gerando novo dano,
Moldando o mais profano
Caminho contra o vento.

Assim se permitindo
Cenário mais infindo
Encontro o quanto quis,

E sei do somatório
E nele o promissório
Momento enfim feliz...

492


Medio tutissimus ibis.

Caminho onde se vê
Certeza em segurança
Enquanto além se lança
Transita e diz por que,

O quanto quis, cadê?
O marco em esperança
Deixando na lembrança
O quanto possa e crê

Vestindo a mansidão
E nisto com prudência
A sorte dá ciência

Dos dias que verão
Apenas o que trago
Em doce e claro afago...


493


Non omnia quae vera sunt recte dixeris.


Verdades que me ocultas
Deveras protegendo,
De um mundo sempre horrendo,
E sei que não insultas

Palavras sendo incultas
Presumem novo adendo,
E mesmo algum remendo
Deveras sempre auscultas

Nem tudo se diria
Matando a fantasia
E nela a própria vida,

A sorte se anuncia
E nela o que faria
Deveras dilapida...


494


Nec semper lilia florent.

Os dias são diversos
E neles dor e riso,
Inferno e paraíso
Reinando sobre os versos,

E sigo em tons dispersos
O quanto mais preciso
E sei que vou conciso,
Olhares já submersos,

E o tempo sem medida
Dotando em dor a vida
Negando a santidade,

E quanto mais se quer
O mundo sem sequer
Caminho que me agrade.

495


Non omne id quod fulget, aurum est.


O falso diamante
O brilho sem sentido
O passo resumido
No quanto segue avante

E bebo doravante
O tanto que ora olvido
E sei do desvalido
Caminho onde adiante

O canto sem proveito
A luta onde me deito
E vivo sem porquês

Assim o que deveras
Expressas, destemperas
Aos poucos se desfez...

496


Temulentus dormiens non est excitandus.


O mal que adormecido
Pudesse destroçar
E assim ao divagar
Mergulho e não duvido

Do quanto desprovido
Da sorte a me rondar
A morte irá tocar
E assim me dilapido,

O prazo que se esgota
A vida já sem rota
Em pânico total,

Não acordando a fera,
Apenas o que espera,
Um dia sempre igual...

497


Nemo dat quod non habet, nec plus
quam habet.


O quanto se limita
No ter e no poder
Negando algum querer
Em senda mais bonita,

Por isso necessita
A sorte do saber
O quanto possa haver
E nisto se credita

O passo em direção
Aos dias que virão
Marcando com denodo

O tanto que já pude
Embora a juventude
Só fora mero engodo...

498


Nemo omnibus placet.

Ninguém agradaria
A todos, com certeza
E sei do quanto a presa
Presume um novo dia,

E quando em utopia
Quisesse em correnteza
Vencer com tal grandeza
O quanto não teria,

Pressinto apenas isso,
O fim mais movediço
Em passos discordantes,

Quisesse a claridade,
Mas sei do quanto evade
O sonho que adiantes.


499


Ad impossibilia nemo tenetur.

O quanto possa eu tento,
E sei dos meus limites
E quando necessites
Entrego o pensamento

E mesmo se me alento
A sorte; delimites
E até nas dinamites
O passo em sofrimento.

Esqueço qualquer fato
E nisto o que constato
Expressa bem quem sou,

E sei do meu caminho
Embora não mesquinho,
Meu mundo se negou...


500


Nmo propheta acceptus est in patria sua.


O quanto se anuncia
Em vária dimensão
Trazendo desde então
A sorte mais sombria,

Profetizando o dia
E nele os que virão
Mudando a direção
Matando a poesia,

E assim quanto se quer
Voltar à sua infância
Perceba a discrepância

Não és nada sequer,
Apenas mero lume
E ao nada se acostume.



501

Nemo nascitur sapiens.


“Ninguém nasce sabendo”,
E a vida tanto ensina
Enquanto dita a sina
Num tom talvez horrendo,

O quanto se aprendendo
Aos poucos determina
O tempo que domina
O vento se tecendo,

O mundo em faces tais
Permite ou mesmo esvais
Durante a aprendizagem,

Mas saibas muito bem
O quanto já contém
No que se fez bagagem...


502

Nemo potest duobus dominis servire.

“Servir a dois senhores”?
Conflitos com certeza
E nisto sendo presa
Dos vários dissabores

E quando queres, fores,
Toando sem firmeza
A vida traz surpresa
Em fartos desamores,

Assim cevando a mágoa
No quanto além deságua
Ou mesmo em duro estio,

Presumo o que não tenho,
E sei do ledo empenho,
Perdido em tom sombrio.


503



Nemo sua sorte contentus.


Jamais o que tivesse
Decerto contentasse
Quem traz em pleno impasse
O quanto ou não merece,

A vida em tal benesse
Ou mesmo noutra face
Expressa o que moldasse
E nisto já se esquece,

O prazo delimita
E a sorte mais bonita
Negando o seu caminho,

Depois de tanto engodo,
Quisera ter o todo,
Mas sigo tão sozinho...


504


Ad concilium ne accesseris antequam vocaris.

Metendo o teu bedelho
Aonde na verdade
O tempo desagrade
E negue algum conselho,

E quando me ajoelho
Buscando a liberdade
O tanto que se evade
No olhar triste e vermelho,

Apenas lacrimejo
E sei do que desejo
Distante dos meus passos,

E os dias entre trevas
Deveras sempre levas
Em rumos mais escassos...

505



Aes formae speculum est, vinum
mentis.

O vinho nos desnuda
Em claro sentimento
Especular tormento
Em voz audaz e aguda,

Assim no quanto muda
A sorte em tal momento
E nisto quando tento
Já nada mais me acuda,

Ilude-se quem pensa
Que a vida sendo imensa
Traduz em sua face

As rugas, suas cãs
As tramas sem manhãs
O quanto desolasse...

506



No meio é que está a virtude. — In medio virtus.


Virtude se apresenta
Em equilíbrio e vejo
O quanto mais sobejo
Diz luta tão sangrenta,

Também na virulenta
Vontade noutro ensejo,
E acima este azulejo
Derrama o que apascenta,

O passo com firmeza
Não perde a dimensão
No coração timão

Revendo esta certeza
Que possa sem surpresa
Moldar a direção...


507


Vanitas vanitatum, et omnia vanitas.


A vaidade adentra
O mundo a cada passo
E quanto tento e faço
O tempo se concentra

Na fúria em virulência
E nisto o que pudera
Trazer a primavera
Expressa a vã ciência,

E tendo dentro em mim
O quanto não veria
Sequer em utopia
Tramando o ledo fim,

Apenas me oriento
Seguindo além o vento...


508


Sustine et abstine.

O sofrimento ensina
E também nos sustém
Vencendo algum desdém
Moldando a nossa sina,

Verdade cristalina
Que o tanto já contém
E sigo mesmo aquém
Do quanto me domina,

Errático cometa
Aonde se prometa
Já nada se desfia,

Bebendo em goles fortes
Apenas mal suportes
O riso em alegria...


509



In vino veritas.


Inebriadamente
A vida se decifra
E quando noutra cifra
A sorte entorna e mente,

Vencendo algum estigma
Ou mesmo aprofundando
Num ermo desde quando
A vida traz no enigma

Diversa camuflagem
E mimetiza após
Metamorfose em nós
Traçando uma miragem,

Porém esta verdade
Desnuda nos invade.

510


Tempora mutantur et nos in illis.


O tempo se renova
E quem não segue a frota
Deveras perde a rota,
Prepara a sua cova,

A luta que comprova
A veste se amarrota
E a noite se desbota
Do fim aos poucos prova.

O medo do futuro
O passo neste escuro,
Macabra sensação,

E quanto mais sutil
O quanto não se viu
Causando uma explosão.



511


Abusus non tollit usum.

Embora sem limites
O quanto poderia
Trazer na alegoria
O todo que acredites,

E mesmo necessites
Embora uma utopia
Gerasse esta agonia
Enquanto inútil, grites,

O passo mais grotesco
Ainda gigantesco
Expressa o que me resta

Abuso eu sei que existe,
Porém o sonho em riste
Traduz além a festa...

512


Res ubicumque sit pro domino suo clamat.

Escravo chora este amo
Que mesmo o maltratando
Mostrara desde quando
O tempo traz o ramo

E quantas vezes; clamo
Ou mesmo ora tentando
Um dia bem mais brando
E assim nada reclamo,

E alheio ao que se fora
A marca em sofredora
Estada neste caos,

Porém o açoite lanha
E gera inteira a sanha
Em vários rudes graus...

513


Amor tussisque non celantur.

O amor não se sonega
Nem mesmo ora se esconde
E quando, quanto e aonde
Aos poucos já se entrega,

A via mesmo cega
No tanto corresponde
Ao quanto ora responde
E assim ao fim se apega,

Depois da tempestade
Bonança ou calmaria
Até que um belo dia,

O sentimento evade
E abrindo o velho peito
Tentando um novo pleito.


514


Ex aspectu nascitur amor.

No olhar se principia
O quanto em expressão
Traduz a dimensão
Do amor que poderia

Traçar nesta utopia
Os dias que verão
A imensa sensação
Do que em paz traria,

Vestindo a sorte tento
Vencer o sofrimento
E sei que na verdade,

Invade pelos olhos,
E gera flor e abrolhos
Criando nos degrade...

515

Amor vincit omnia.

“ O amor vencendo tudo”
Não teme os temporais
Nem mesmo os desiguais
Caminhos se eu me iludo,

E sigo tartamudo
Ousando muito mais
Sem ter no olhar jamais
O quanto me transmudo,

Redime-se do engano
Ou mesmo ali me dano
Sem querer nova sorte,

Apenas mergulhando
Vencendo desde quando
No sonho, o meu aporte...


516

Auctor opus laudat.


“Autor louvando esta obra”
Que possa traduzir
O quanto a se sentir
Deveras já desdobra

E o tempo sem a sobra
Que molde no porvir
O tempo de existir
E assim tudo recobra,

A porta escancarando
Do sonho desde quando
Aprendo a caminhada,

Eu sei do quanto pude
E mesmo sendo rude
Encontro enfim a estrada...


517


Affinem nullum dives avarus habet.

O avaro se afastando
Do mundo pensa apenas
Nas horas que condenas
E nisto em contrabando

Seguindo este ar infando
Matando as mais serenas
Vontades mesmo plenas
Tomado por desmando,

E o fim se aproximara
Sem nada e nem ninguém,
O quanto em vão contém

Não vale a sorte rara
De algum vero carinho,
Em tempo atroz, daninho...


518

Frustra sperabis ab alieno, quodipse tibi
praestre noluisti.

O quanto se oferece
No fim é o que terás
E a sorte sem a paz
Não trama uma benesse,

E aos poucos o que tece
Deveras tão tenaz
Expressa o dom mordaz
De quem nada merece.

E o vento em sortilégio
Matando o quanto é régio,
Deixando mero rastro,

E o que pudesse além
Agora não contém
Sequer um firme lastro.


519



A bove majore discit arare minor.

Ao velho cabe ensino
E dita o que virá
E o jovem desde já
Adentra este destino,

E quando mal domino
O tempo moldará
O que pudesse lá
Traçar e me fascino,

Bebendo deste fato
O todo que constato
Retrata o que eu queria,

Mas sei do que se fez
E mesmo sem talvez
Reflete o novo dia...


520


Cornu bos capitur, voce ligatur homo.

O quanto já domina
O touro pelos cornos
E os dias mesmo mornos
Presumem nova sina,

E tanto ensina a voz
De quem toma o comando
E nisto se moldando
O quanto existe após,

Poder em vário tom,
O mundo necessita
E a sorte mais aflita
Presume o ledo dom,

Assim com tal firmeza
Avança a correnteza...


521


Judex ille sapit qui darde censet et audit.

Ouvindo as duas partes
Juízo se concebe
E além da mesma sebe
O quanto já repartes,

E sei que nos apartes
O todo se percebe
E vence quem recebe
Bem mais do que os descartes,

O tanto que se visse
Além de uma crendice
Comprova em prova rara,

E assim o que se traz
Permite o mais audaz
Cenário onde se ampara...


522


Bonus pastor animam suam dat pro ovibus
suis.

O bom pastor protege
Até a própria morte
O quanto mais aporte
A ovelha que assim rege,

E quando a vida, herege
Em dores negue o norte,
O passo se comporte
Até quando lateje

Sentidos tão dispersos
Unindo os universos
Em único cenário,

Assim também os versos
Enquanto vejo emersos
Moldando itinerário...


523


Boni pastoris est tondere
pecus, non deglubere.

Aquele que tosquia
E não sacrificasse
Nem mesmo demonstrasse
A face mais sombria

No pastoreio traz
O quanto pode e deve
Tornando a vida leve
Em rumo mais tenaz,

Porém quando se esfola
E marca seu rebanho,
Pensando nalgum ganho,
Jamais alguém decola,

E a queda se apresenta
Em forma virulenta...

524

Laudato vino non opus est hedera.

Aquele que supera
Expectativas tantas
Deveras já garantas
Em voz clara e sincera,

Assim em tal esfera
Decerto me adiantas
As sortes quando encantas
Bem mais que uma quimera,

São raros, mas tão nobres
E nisto configura
A face que assegura

O todo onde recobres
Com rara maravilha
O quanto além, pois brilha...

525


Aliud in ore, aliud in corde.


A boca tanta vez
Sonega o sentimento
Ou mesmo busco e invento
O que bem sei não vês

E assim nesta altivez
A vida em sortimento
Diverso pensamento
E nele nem mais crês,

O quanto poderia
Trazer em utopia
Perdendo algum sentido,

E a fantasia aborda
Tornando a frágil corda
Num ermo desvalido...

526

Consuetudo altera natura.

Produtos deste meio
Aonde o que se faz
De modo tão tenaz
Traduz um novo veio,

O quanto em devaneio
Nem sempre pertinaz,
Porém já contumaz
Deveras eu rodeio,

Este hábito criando
A vida em tal comando
De natureza insana,

Destarte o meu caminho
É feito onde me aninho
Mesmo que a face engana...

527


Avarum irritat, non satiat pecunia.


Em gula insaciável
Trazendo o desafeto,
Jamais se faz completo
Avaro incontrolável,

E o fato mais notável
Enquanto não repleto
O sonho além do teto
Não sei o que é afável.

O mundo traiçoeiro
Expande e traz inteiro
A fome que não cessa,

Depois do quanto ouvisse
Além de uma mesmice
Tal cena recomeça...


528


Consensus tollit errorem.


Mentira tanta vez
Gerada pelo engodo
Tomando em lama e lodo
O quanto agora vês,

E nada mais desfez
Sequer algum denodo
Tramando neste todo
A dura insensatez,

Porém repetição
Transformando em verdade
O quanto sei que é não

Ou mesmo incoerente,
Assim o que me invade
É noite e tão somente...

529


Finis coronat opus.


Não adianta ter
Caminhos belos quando
O mundo se selando
Em frágil conceber,

E o quanto amanhecer
Presume, desenhando
O todo anunciando
O rumo a se perder.

Finalizando a peça
Enquanto se professa
Fragilidade imensa,

O quanto não convença
Ao nada se endereça
Sem clara recompensa.


530


Quum finis est licitus etiam media sunt licita.


Qual seja o seu caminho
Trazendo a dimensão
Da clara direção
Presume onde me alinho,

E sigo plenamente
O passo sem temores,
E aonde quer e fores
Verás o quanto sente

Quem tendo em suas mãos
Certezas de um alento,
E venço o sofrimento
Adentrando estes vãos.

E vou já sem receios
O fim redime os meios...

531


Habitus non facit monachum.

O ser essencial
Diverge do aparente
E o quanto assim se sente
Não traz o crucial,

O quanto se é venal
Eu sei não se apresente
E mesmo quando atente
O passo é desigual,

Não fie no que vês
E nisto a insensatez
Gerasse a decepção

O crédulo se entrega
Em senda atroz ou cega
Pisando em podridão...

532
Dicitur ignis homo, sic
femina stupa vocatur; insuflat deamons: — gignitur ergo focus.

Incendiando a vida
Em fogaréu intenso
Enquanto em ti eu penso
A sorte decidida,

A fúria presumida
O mundo onde compenso
Meu passo em tão imenso
Cenário, esta avenida

Aonde o que se quer
Ousando na mulher
Que tanto desejei,

No complemento raro,
O mundo onde me amparo
Expressa a bela grei.


533


Faber est quisque tortunae suae.

A vida nos transforma
Enquanto nos ensina
Opaca ou cristalina
Em diferente forma,

O mundo tem por norma
A luta e desatina
Marcando em tez mais fina
O passo sem reforma,

Vestindo o desafeto
O quanto não completo
Do todo que eu anseio,

Porém este desenho
Traduz enquanto eu venho,
Em rumo, meta e veio...

534

Ab auditione mala non timebit.

Murmúrios e mentiras
Diversa insanidade
E quanto na verdade
Expressa o que não viras

Gerando em ledas piras
Incêndio e a liberdade
Jamais de ti se evade
Erráticas tais miras,

Apreço onde se vendo
O todo nos contendo
Adendos, somatórios,

Por mais que nos maltrate
Nesta honra o meu resgate
Momentos peremptórios...

535


Homo proponit, sed Deus disponit.

O quanto se dispõe
Em maravilhas raras
E nisto despreparas
O tanto que se expõe,

A vida não propõe
Deveras as escaras
E quando desamparas
O mundo não repõe.

A sorte da Natura
Deveras configura
A imagem mais nefasta,

Assim em vão cenário
O ser mais temerário
De Deus ora se afasta...

536

Alea turpis mediocribus.


A vida em tais facetas
Diversas; anuncia
O quanto em heresia
Diverge se cometas

Os mesmos desenganos
Conforme o que tu tens
Em faustos, tantos bens
Não sendo meros danos,

Porém se em tua burra
Não vejo mais vintém
O mundo não provém
E a sorte então te empurra

Assim se desenhando
A dita em contrabando.

537

Esse sibi similes alios fur judicat omnes.

O que ora justifica
Quem ousa ser larápio
Expressa no cardápio
Da casa pobre ou rica,

E sei que o perdulário
Gerando ostentação
Explode em dimensão
Num vago itinerário,

E o tempo se desnuda
E mostra tão somente
O quanto se apresente
E nisto em face aguda

E nesta impunidade
A falsa liberdade...


538


Mala parta, male dilabuntur.

O que se faz sem lastro
O tempo não perdoa
Explode tal canoa
E o vento perde o rastro,

A sorte nega o mastro
E marca enquanto voa,
E assim o que ressoa
Deveras logo alastro,

Riqueza que extorquisse
Num ato em vã tolice
Perdendo-se decerto,

Deixando logo atrás
Um fato tão mordaz,
No imenso e vão deserto.


539

Efficit ignavos patris indulgentia natos.


Excesso de cuidado
Matando sempre a flor,
Por isto o quanto for
Decerto é desenhado

No todo retratado
Sem medo e sem pudor,
Assim se faz o amor
E nele em paz invado,

Futuro se garante
No passo que adiante
E marque o que viria

Retratando tão bem
O quanto inda se tem
Sem mera fantasia...

540


Stultorum infinitus est numerus.


O quanto da tolice
Domina este cenário
E o mundo imaginário
Aos poucos se desdisse,

Ainda que se visse
Um novo itinerário
O passo temerário
Expressa a vã crendice.

O tanto que se trame
E nisto algum ditame
Permita a redenção,

O mundo se anuncia
Bem mais do que a agonia
E muda a direção...

541


Dominus vidit multum in rebus suis.

Vigie cada passo
E assim produzirás
Deixando para trás
O rude e ledo laço,

E quantas vezes; traço
A vida em plena paz,
Mas sem ser mais audaz
O sonho queda escasso,

E sinto o quanto pude
Além de uma atitude
Na eterna vigilância,

Assim se aproximando
Do tempo bem mais brando,
Vencendo uma inconstância.

542


Praeterita mutare non possumus.

O que passo deveras
Não possa nos trazer
O quanto quero ter
Em meio às tantas feras

E sei que agora esperas
Além do amanhecer
A vida ao bel prazer
Em novas primaveras.

Mas saiba; minha amiga,
A vida não consiga
Voltar ao que se fez,

E após o quanto veio,
O olhar seguindo alheio
Expressa a estupidez...

543

Eficit insignem nimia indulgentia furem


Uma indulgência possa
Trazer nova esperança,
Porém quando se lança
Em rude e turva fossa,

O engodo então endossa
E nada mais avança
E o passo enfim se cansa
Servindo em mera troça.

Produz a impunidade
E nesta; o que se evade
Traduz a podridão,

Perdão é passo altivo,
Mas se repetitivo
Produz algum ladrão.

544


Nihil sine Dio.

Sem Deus a vida traz
Somente este vazio
E quando desafio
O mundo é mais mordaz,

E nada já se faz
Apenas ledo fio
Rompendo o que porfio
Matando sem a paz,

Sentindo o que viria
E nisto esta utopia
Pudesse apascentar

O corte em tez profunda
A dor que ora me inunda
Sem nunca descansar...


545



Optima citissime pereunt.


O quanto fosse bom
Jamais perduraria
E o tempo em agonia
Gerando o ledo tom

Deveras não se cansa
E marca todo passo
Em rumo mais devasso
Matando a sorte mansa,

Vencido pelo fato
Ao menos quis a paz,
Mas nada já se faz
E assim eu me maltrato,

Invés da sorte, o corte
E nada nos suporte...


546


Laudato vino non opus est hedera.


Quem tem algum valor
Jamais o proclamando
O mundo em tom mais brando
Deveras refletor

Produz em seu pendor
Caminho desde quando
O todo se notando
Tramando em raro ardor,

E assim se sobressai
Enquanto o rude esvai
O tempo ora redime

E traz a diferença
Aonde se convença
Do quanto é mais sublime...


547


Quod abundat non nocet.

Melhor o ter a mais
Que o nada mais conter,
E assim eu posso ver
E ter nos meus cristais,

Vencendo os vendavais
E nisto o recolher
Gerando amanhecer
E nele sonhos tais,

Assíduo sonhador
Já posso enfim propor
A sorte desmedida,

Vagando sobre tudo,
Porém jamais me iludo,
E bebo inteira a vida...

548


Omnia rara cara.

A raridade traz
Valores bem diversos
E sei dos universos
Aonde busco a paz,

E deixo para trás
Os sonhos mais perversos,
E nele os mais dispersos
Caminhos sem a paz.

Espero qualquer dia
E vejo o que traria
No olhar o sonhador,

E assíduo passageiro
Do tempo derradeiro
Do amor sei tal valor...


549


Quae fuit durm pati meminisse dulce est.

Saudade refazendo
Estradas que em verdade
De tanto quanto agrade
Produz tal dividendo,

E quanto me contendo
Na imensa claridade
E quis felicidade
Embora já perdendo,

O mundo se refaz
A vida tenta a paz,
Mas sigo em tuas mãos,

Lembrar já satisfaz
E olhando para trás
Entrando em claros vãos...


550


Ab alio expectes, quod alteri feceris.


Respostas? Sei que a vida
Trazendo a cada instante
No quanto se garante
Ou mesmo se lapida,

A sorte comovida,
O mundo delirante
O passo doravante
Sem ver a despedida,

Aprendo um pouco mais
E sei que enquanto esvais
Sinais deixas em mim,

Assim já tatuado
O tempo desejado
Não tendo jamais fim...


551


Quod non potest diabolus mulier evincit.

Desejo feminino,
Jamais alguém contém
E o quanto disto tem
O que nunca domino,

E mesmo em cristalino
Cenário o que convém
Deveras segue além
Do mundo ou do destino.

Vestindo esta certeza
De um tempo onde a surpresa
Gerasse um tempo vário,

Seguindo imprecisão
Buscando a dimensão
Num novo itinerário...

552


Quod difertur non
aufertur.

O dia pouco importa
O tempo não se esgota
E nem permite a cota
Trancando além a porta,

O sonho não se aborta
E segue a velha rota
Enquanto se denota
O quanto nos transporta

Regendo o que talvez
Ainda não mais vês
E nisto se aproxima

Do tanto quanto pude
Vivendo em sonho rude
Mudando esta auto-estima...


553

De re irreparabile ne doleas.

O quanto se pudera
Trazer nalgum resumo
Meu passo onde consumo
A sorte mesmo fera,

E sei do que me espera
E disto inteiro o sumo,
E quando além me esfumo,
O passo destempera,

Marcando o quanto tenho,
Encontro de onde venho
O prazo que termina

Com toda a magnitude
Enquanto nos ilude
Na sorte mais ladina...


554

Quod sapiens prius facit, stultus
posterius.

Prioritariamente
Diverso caminhar
Aonde possa ousar
E a vida não mais mente,

E assim o que se sente
Presume e irá moldar
O quanto a se mostrar
Num ato inconsequente,

Porém sabedoria
Transmuda a dimensão
E gera outro senão

Enquanto poderia
Ousar num tom diverso
Moldando este universo...


555

Nocte lucidus, interdiu inutilis.

O dia traz em claro
O quanto se prepara
Na noite, em tal seara
Gestando o que declaro,

Assim o mesmo amparo
Que tanto eu ansiara
Na sorte mesmo rara
Vencendo o sonho amaro,

Ocupando este espaço
O quanto quero e traço
Em artimanhas tantas,

Somente ao fim do todo,
Adentro além do lodo
E o passo enfim garantas...


556



Fata viam inveniunt.


Não se pode conter
O que traz o destino,
E o quanto determino
Já sinto perecer,

A sorte a nos render
E assim nada domino
Apenas me fascino
Vivendo em tal poder,

A senda mais audaz
O mundo onde se faz
O todo que ora espera

E sei da minha sorte
Sem nada e já suporte
A vida; tenaz fera...

557


Hic tua mercatur quia a te saepe precatur.


O preço que se paga
Ao ter este desejo
E nele o que prevejo
Deveras não afaga,

E toma nesta plaga
O passo mais andejo
E o rumo malfazejo
Ainda em senda vaga,

Por isso o que se quer
Expressa o dom qualquer
E gera esta tormenta

O que compro, porém
Decerto agora tem
O quanto em si fomenta...

558


Suum cuique tribuere.


O quanto te pertença
Por certo sendo teu,
Nesta ordem se teceu
E nada em rude crença

Assim sem desavença
O mundo se escolheu
No quanto já se deu
Marcando a sorte imensa,

O passo intemerato
Aonde o que retrato
Exprime o que não veio,

Matando a cada instante
O quanto se adiante
Em tom bem mais alheio.


559


Sol lucet omnibus.


O sol jamais escolhe
A quem iluminar,
E assim o caminhar
Deveras nunca tolhe

E quando se recolhe
O passo sem lutar
A fonte que é solar
Este universo colhe,

E bebe a imensidão
Trazendo a dimensão
Dos dias que se vêm

No abraço carinhoso
O tempo majestoso
A todos traz seu bem...


560


Somnus est frater mortis.

O sono como a morte
Desliga do real
E gera em desigual
Caminho o que comporte

E mesmo noutro norte
O tempo bem ou mal
Expressa o ritual
E nisto trama o corte,

A luta sem proveito
O quanto no meu leito
Aceito ou acrescento

Gerando alguma luz
E nisto o quanto pus
Explode além do vento.


561


Timor Domini initium sapientiae est.


Temor ao Criador
Início do saber
E nisto possa ver
A imensidão do amor,

Gerando em tal valor
O nobre amanhecer
E o quanto me faz crer
No olhar do Redentor,

E nisto se presume
A vida em seu perfume
Grassando em plenitude,

Ainda que decerto
O mundo seja incerto
Em Ti, tudo já mude...

562


Dies posterior prioris est discipulis.

O tempo nos ensina
E traz esta certeza
Do quanto sem surpresa
A vida é cristalina,

E tanto nos domina
Enquanto sou a presa
Tentando com leveza
Viver a minha sina,

O mestre da razão
Trazendo os que verão
Somente em liberdade

Meu tempo se esvaindo
E o quanto quis infindo
Gerando uma verdade...


563



Omnia fert aetas.


O quanto necessito
O tempo proverá
E sei que desde já
O manto mais bonito

Deixando atrás o aflito
Cenário que trará
Ou mesmo negará,
Embalde, então eu grito,

Mas sei do que o futuro
Pudesse e me asseguro
No sonho mais feliz,

E sinto a provisão
Toando o coração
Conforme eu tanto quis...

564


Fugit irreparabile tempus.


O tempo não retorna
E segue sem pensar
O quanto a divagar
A vida segue morna,

E sei do que me adorna
A luta sem cansar
E vivo ora sem par
No todo onde se entorna,

Imenso turbilhão
A sorte em solidão
O prazo desencanta

A fúria sem sentido
O quanto enfim lapido
Futuro não garanta...

565


Cito pede labitur aetas.


O tempo tem nas asas
A imensa liberdade
E quando desagrade
Ou mesmo em dor atrasas

As horas que defasas
As sortes noutra grade
E bebo a tempestade
E nada mais embasas.

Cerzindo o quanto possa
Vencer após o caos,
Os dias em degraus

Preparam nova roça
E sei que enquanto lavras
Arássemos palavras...

566


Opus artificem probat.

O quanto se presume
O ser que ali virá
Deveras desde já
Talvez alcance o cume,

E sinto em tal ardume
A força de um maná
E o tanto que trará
Deveras segue e aprume

Labor que se mostrando
Num ato bem mais brando
Perfuma as nossas mãos,

E assim neste suor
O quanto há de melhor
Gerando em solo, os grãos...


567


Qualis pagatio, talis laboratio.

O quanto já se faça
Merece a recompensa
E quando além se pensa
A vida não se traça,

E sigo esta fumaça
Sabendo a frágua imensa
E quanto mais se vença
O tempo manso passa,

E arremessando a sorte
Aonde se comporte
O todo que eu anseio,

Vivendo em plena luz
O mundo me conduz
Em nobre e raro veio...

568

Labor omnia vincit.


Trabalho nada teme
E gera o quanto expressa
No tanto sem promessa
No mundo raro creme,

Que nada então o algeme
Nem mesmo assim se meça
A vida que tropeça
No passo onde se treme,

Decerto este labor
Presume o redentor
Caminho em liberdade,

De forma que pudesse
Além da inteira messe
Viver o que me agrade...

569

In nocte consilium.

Na noite, a conselheira
Que possa nos trazer
Respostas; passo a ver
A vida agora inteira,

E quanto mais não queira
Gestando o desprazer
No novo amanhecer
A luta verdadeira.

Meu passo sem caminho
Meu mundo onde me alinho,
O vinho avinagrando,

A sorte que podia
Trazer em novo dia
Quadro suave e brando...


570


Re opitulandum, non verbis.

Uma obra que se faz
Em emoção tão plena
Deveras nos serena
E gera a rara paz,

E quanto mais audaz
A mão que se coordena
Buscando a cada cena
O mundo onde se traz,

Tenacidade acode
E mesmo quando eclode
Crisálida liberta,

O encanto se presume
Maior que o vil costume
E o sonho; enfim, desperta...

571


Oculum pro oculo, dentem pro dente.


A vida traz vinganças
E nelas a verdade
Expressa a velha grade
Aonde em dor te lanças

E quando enfim amansas
A fera em liberdade,
Negando a claridade
Traduz duras fianças…

Dente por dente dita
A fúria mais maldita
Que tanto amaldiçoa,

Círculo vicioso
Tramando a dor em gozo
Aonde o nada ecoa...

572


Ubi bene, ibi patria.

A pátria se desenha
Conforme o dia a dia,
E nesta alegoria
A sorte traz a senha

E quanto mais convenha
Presumo o que veria
E bebo sem sangria
A lua que se tenha,

Recebo cada raio
Em claridade imensa,
E assim tanto compensa,

Mas quando sou lacaio
Apenas sigo aquém
E o nada me convém...

573


Ubi major est, minor cedat.


A vida se transforma
Em força e plenitude,
E quanto mais ilude
A sorte nega a forma,

E o todo que se informa
Gestando já transmude
E nisto sendo rude,
O mundo me deforma,

A força superando
O senso desde quanto
Impera em violência,

E assim já se prevendo
O fim em tom horrendo
Em rara decadência...


574


Jus rationis abest, ubi saeva potentia regnat.


A força sem razão
Expressa e prevalece
Deixando aquém a messe
Nos dias que verão,

Somente a ingratidão
E nisto o que se tece
Presume o quanto em prece
Não deixa solução.

A fúria sem sentido,
O tempo desvalido
E o corte sem proveito;

Em pedras tão agudas
Enquanto não acudas,
Deveras eu me deito...


575

Semper flamma fumo proxima est.

Fumaça que anuncia
O imenso fogaréu
E nisto o tom cruel
Descreve uma agonia,

O passo dia a dia
Marcando em medo e fel
O tempo trama o véu;
Porém nada encobria.

E vejo pelo rastro
O quanto se aproxima
E sei do vário clima

Enquanto além me alastro,
Prevendo o que virá
Vivendo-o desde já...

576


Ubi mel, ibi apis.


O mel traz a certeza
Do doce e do ferrão
Assim cada estação
Adentra sem surpresa,

E a sorte quando ilesa
Traduz a imensidão,
Porém sem direção,
Dos sonhos sou a presa,

O verso se transmuda
E uma alma quieta e muda
Jamais reagiria,

Mas sei do que inda posso
Vivendo o quanto é nosso
Em dor ou alegria...


577


Multitudo imperatorum curiam perdidit.

A vida vai a pique
Em vária direção
Na rara profusão
Além deste cacique,

E tantos comandando
Os rumos dissonantes
E sei quantos levantes
Transcendem o nefando,

Meu passo sem sentido
O mundo se transborda
E arrebentando a corda
O manto eu dilapido

E vejo finalmente
O quanto em vão se sente...


578


Auro loquente, nihil pollet quaevis oratio.


Quem deixa que o tesouro
Domine o pensamento
Presume o desalento
E nega o ancoradouro,

A morte em nascedouro
A vida num tormento
O passo virulento
No qual jamais me douro,

Não posso e nem queria
Vencer esta utopia
Ou mesmo ser diverso,

Porém se valorizo
O tempo onde preciso
Caminho agora eu verso...


579

Mites possident terram.

A mansidão permite
Que seja vencedor
Aquele que se por
Em claro e bom limite,

E nisto se acredite
Trazendo o redentor
Caminho em raro amor,
Sem medo e sem palpite,

O tempo se anuncia
E molda a cada dia
Futuro mais sublime,

Assim também se vendo
O tanto se tecendo
Enquanto o amor redime...


580


Oculus animi index.


O olhar se traduzisse
Numa alma como a entrada
E nela a desejada
Vontade sem tolice,

A sorte não desdisse
Moldando a mesma estrada
Trazendo em escalada
O quanto se previsse.

Assim que se anuncia
O tanto em fantasia
Uma utopia? Ou não...

Porém se alma se evade
Cadê felicidade?
Errando a direção...

581


Illic est oculus qua res quam adamamus.


Aonde o coração
Comanda cada passo
Meu mundo ali eu traço
Em rara dimensão,

E sei que se verão
Nos dias quando faço
Meu rumo sem cansaço
Em rara provisão,

E sigo sem temores
Enquanto além tu fores
Rastreio cada instante,

Depois de tantos anos
Imerso em desenganos
Meu tempo se garante...


582


Hoc aurum scito pretium quod pr tenet aureo.

O quanto valeria
A sorte em tom dourado
Deveras do passado
Regendo em alegria,

Mas quando a fantasia
Expressa o desejado
E nunca mais ousado
Espero novo dia,

E vejo muito bem
O quanto quero e vem
Mergulhos dentro da alma,

E sei que inda me resta
A vida em tanta festa
Tesouro em paz acalma...

583


Unius peccata tota civitas luit.


Na conta a se pagar
Não vejo alguma escolha
E quanto se recolha
De quem pudesse ousar,

No fundo, o imenso mar
Bem mais que mera bolha
Ou mesmo a leve folha
Estrague algum pomar,

E sei o quanto paga
O justo em toda plaga,
E o pecador se ri,

O mundo sem justiça
Em terra movediça
Além ou mesmo aqui...


584

Amor caecus.

O amor nada enxergando
Ou mesmo se escusasse
A ver a vera face
De um mundo mais infando,

E sei que desde quando
O tempo desenhasse
Além de algum impasse
O quadro o deformando,

Marcantes diferenças
E nisto não convenças
Dos passos necessários

Os sonhos se repetem
E sei quando refletem
Sutis itinerários...


585


Verbum emissum non redit.

Palavra não retorna
E traz enquanto avança
A dor ou esperança
E a sorte em vão se adorna,

A vida sendo morna
O passo em aliança
Negando uma pujança
Aos poucos nos transtorna...

E o quanto já foi dito
Em tom atroz e aflito
Jamais se recupera.

Assim moldando a sorte,
Pois nela não comporte
Visão amarga e fera...


586


In maledicto plus injuriae quam in manu.


Palavra que interfere
E trague a desventura
Enquanto se assegura
Do quanto já nos fere,

Marcando o que inda gere
Na noite mais escura,
E a sorte se depura
E nisto prolifere

A dor somente e o medo
E quando me concedo
Procuro enredo em paz,

Mas sei do quanto é rude
Caminho que ora ilude
E mostra o tom mordaz...

587


Verba volant.

O vento leva além
O que disseste em vão,
E sei da dimensão
Que cada frase tem,

O quanto sem ninguém
Ou mesmo imprecisão
Matando os que verão
Apenas o desdém,

Não tendo mais caminho,
Prefiro até sozinho
Que ter nas mãos o engano,

E quando me desejo
Em luz e em azulejo,
Ao fim sempre me dano...

588

Quod multum commune est,
minima abdhibitur diligentia

Diversos comandantes?
A vida se perdendo
Num tom atroz e horrendo
E nada ora adiantes,

Toando por instantes
Ou mesmo se prevendo
O verso enquanto emento
Cenários discordantes,

O rumo se anuncia
E nele o dia a dia
Desenha o mago fim,

Porém sem concordância
A vida em discrepância
Negando tudo em mim...

589

Psittacus vetus non discit loqui.

O tempo tem seu tempo
E nisto não se nega
A vida segue cega
Em raro contratempo

Apenas se concebe
O quanto se quisera
Na fonte mais sincera
Domando a velha sebe,

Um erro contumaz
Impede a aprendizagem
E nesta vil barragem
Cultivas teu antraz,

E deste vão; sombrio,
Deveras nada crio...


590


Antiquus pullum scandere novit eques.


O quanto necessita
De renovado passo,
A vida quando a traço
Ainda sendo aflita

Expressa a voz bendita
Do tempo onde esfumaço
O corte num compasso
Gerado por desdita,

Assim ao renovar
O sonho a se mostrar
Deveras bem mais claro,

E quando se presume
O mundo em tal ardume,
Meu fim; teimo e preparo...


591



Extremis morbis, extrema, exquisita remedia
optima sunt.

Em males tão extremos
Remédios mais possantes
E assim tanto garantes
O todo que queremos,

Em dias tão supremos
O passo que adiantes
Os olhos por instantes
Vencendo o que perdemos,

Assíduo companheiro
Do canto derradeiro
Em luz que me traria

Ainda o quanto pude
Viver em plenitude
Após leda agonia...

592

Aut non tentaris, aut perfice.

Somente ora comece
O quanto determina
A vida cristalina
E nisto esta benesse

Enquanto estabelece
O prazo em cada sina
E tanto me fascina
E assim o mundo tece,

E sei do quanto possa
Vencer o medo e a troça
Trazendo num comboio

Ou mesmo em solidão
A rara dimensão
E nela o farto apoio...


593


Recanto onde descanse
E tenha esta acolhida
Após cada ferida
Enquanto em ledo alcance,

Meu mundo sempre avance
Marcando em despedida
A dor já resumida
Sem dar sequer tal chance,

Assim o meu caminho
Retorna ao velho ninho
E nele me asseguro

Depois do desalento,
Apenas reinvento
Um tempo bem mais puro...

594


Quid caeco cum speculo?

Não tendo uma valia
Aquilo que procuras,
Somente em desventuras
A sorte em tal sangria,

E assim o que viria
Gestando em amarguras
As vagas, vis loucuras
Matando a poesia.

O corte na raiz
A vida que se quis
O tempo não trouxera,

Ousando além da lenda
O todo que desvenda
Não mostra a vera fera...

595

Contra vim mortisnon est medicamen in
hortis.

A morte sem remédio,
O tempo não retorna
E a vida não se adorna
Somente em mero tédio,

Procuro num instante
A paz que tanto espero,
E sei quanto é sincero
O passo que agigante,

Mas nada mais se vendo
Apenas num mergulho
No infausto pedregulho
E sei do prazo horrendo

Negando o que inda posso
Viver além destroço...


596

Lignum tortum haud unquam
rectum.

Jamais se endireitando
Quem tanto se entortara
A vida não prepara
Cenário bem mais brando

A quem se sonegando
Entorna em tal seara
A fonte dura e amara
Em nada se moldando,

Versões diversas; vejo
E sei do meu desejo
Inútil e inconsistente,

Mas quando se aproxima
A noite em manso clima
Ainda mesmo tente...


597


Musco lapis volutus non abducitur.

O quanto se varia
Em passo e posição
Impede a afirmação
Do todo que viria,

A sorte mais sombria
Ou mesmo algum verão
E nisto moldarão
Bem mais do que eu queria,

Não criando mais limo
O todo que ora estimo
Ou estimula a queda

Na inconsistência eu sinto
O sonho agora extinto
E o vago em nada enreda...


598

E fimbria de texto judicatur.

O quanto se apresenta
Apenas num pedaço
Expressa o que ora traço
Vencendo uma tormenta,

A luta que se tenta
O mundo em tom escasso,
E o rumo em tal cansaço
Na sorte virulenta,

E sei do que viria
Apenas mal veria
A parte diz do todo,

E assim de algum remendo
O tanto se prevendo,
Num ápice ou no lodo.


599


Morbus hereditarius.

O quanto se apresenta
Na face de quem gera
Traduz a mais sincera
Verdade até sangrenta

E quando além se tenta
Marcando tal quimera
Na fúria e desespera
Quem teima e não se alenta,

Tal senda se moldando
Num dia desde quando
O passo não se trama

Vestindo esta tortura
Do nada me assegura
A leda e frágil chama...

600

Ab ungibus leo.

As garras do leão
Trazendo sem disfarce
O quanto já se esgarce
Do mundo em dimensão

E nisto o que se fez
Gerando esta verdade
E nela o quanto agrade
Ou trame insensatez,

Vencido pelo caos
O rumo em dias maus
Expressa a virulência,

Porém se reparasse
Nas garras, sem impasse
Terias tal ciência...

601


Ex digito gigas

Pelo dedo se conhece
Este ser tão gigantesco
E sei deste dantesco
Cenário que ora tece

E a vida mesmo em prece
Presume o mais grotesco
Embora pitoresco
Caminho em dura messe,

Vislumbro tão somente
No quanto se pressente
O fim em sordidez

Assim a minha sorte
Deveras não comporte
O quanto em dor se fez...


602


Arbor ex frutcu cognoscitur.


O fruto dita origem
Em arvoredo e traz
O quanto mais audaz
Ou mesmo em vã vertigem,

Apenas a fuligem
Aonde quis a paz
E nisto o que se faz
Em dias que ora exigem

Bem mais que mero ocaso,
E quando enfim me atraso
Descasos que acumulas,

Versando sobre o nada
E a sorte degrada
Decerto em caos ondulas...


603


Aes debitorum leve, grave inimicum facit.


As dívidas causando
Um mal incomparável
E sendo deplorável
O passo mais infando,

E sei que desde quando
Meu mundo fosse arável
O tempo em insondável
Caminho desabando

Meu canto sem proveito
E quando enfim o aceito
Já nada mais traria

Somente em discordância
A vida em cada instância
Desnuda esta agonia...

604


Omnia si perdas, famam servare memento.


Ainda que se perca
O rumo e a dimensão
A sorte, outro verão
E nisto rompa a cerca

O quanto traz o medo
E nada mais se encerra
Marcando em dor a terra
E sei do desenredo,

O prazo determina
O quanto poderia.
Mas sendo a noite fria
A luta desatina,

Mas mesmo derrotado
Que siga sendo honrado...


605


Bonis nocet qui malis parcit.

O quanto se perdoa
Quem aja sempre mal
Expressa no final
A sorte que magoa.

E segue mesmo à toa
E nisto o ser venal
Exprime o sempre igual
Cenário onde ressoa

A vida sem proveito
O mundo onde eu aceito
O fim de uma esperança

Assíduo caminheiro
Marcando o derradeiro
Momento que me alcança...


606


Pauper dominum, non sortem mutat.


Mudar este comando,
Porém sem ter a sorte
Do quanto me conforte
E nisto desenhando

O caos ou mesmo quando
O tanto traz a morte
Ou nega o ser mais forte
Sem nada detalhando,

O verso sem proveito
O mundo onde me aceito
Em pleito mais disperso

Presume este recado
Há tanto quanto evado,
Porém mesmo universo...


607

Inopi nullus amicus.

A verdadeira face
De uma amizade vença
A sorte em desavença
Ou mesmo algum impasse

E assim já se mostrasse
O quanto em recompensa
A vida sendo imensa
Presume o que se trace

Expresso a cada verso
O manto mais disperso
Pousando mansamente

No todo que desnude
E nisto em atitude
Jamais encanto mente...

608


Pro beneficio maleficium accipere.

Aceito o que talvez
Já tanto prejudique
Sabendo o quanto o dique
Enquanto ali tu vês

Processe o que se fez
E nisto se edifique
O mundo e modifique
O tanto que já crês

Um dia que pudera
Vencer velha quimera
E ter o benefício

E assim pouco importando
O todo desde quando
Suprisse o precipício...

609


Res modo formoase foris, intus erunt
maculosae.

O aspecto não traduz
O quanto se presume
E nisto o vão perfume
Impede a clara luz

E sei do quanto pus
Meu barco onde resume
O passo sem ardume
O mundo sem a cruz,

E sei do conteúdo
Deveras tão miúdo
E nada mais se visse

Somente este desenho
Que agora enfim desdenho
Sabendo ser tolice.

610

Oblata occasione, vel justus perit.

A rara ocasião
Permite o que se engane
E enfim gerando a pane
Transforma a dimensão

E sei do mesmo vão
Aonde se profane
O rumo onde se dane
E nisto há negação,

O medo em tal audácia
Gerando esta falácia
Que tanto ilude e fere

Assim o quanto pude
Viver em atitude
Diversa que interfere...


611


Nuntio nihil imputandum.


O mensageiro apenas
Transporta alguma luz
E nisto me conduz
Ao quanto já condenas

E sei das dores plenas
E sinto o quanto pus
Meu passo em contraluz
E tanto me envenenas.

Assim ainda posso
Trazer algum destroço
Do quanto fora mais

E sei do descaminho
Em tempo onde daninho
Expresse vendavais...


612

Ex gutta mellis generantur flumina fellis.

Um pouco que se traga
Do fel em farto mel
Trazendo em tom cruel
O rude; leda praga

E assim a cada plaga
O mundo segue ao léu
Vagando em carrossel
E nada mais divaga

O tempo onde se faz
A sorte mais tenaz
E nisso o que viesse

Exprime na verdade
O quanto se degrade
Marcando a dura messe...


613


Mali principii malus exitus.


O quanto se inicia
Em forma turbulenta
No fim já se apresenta
Em turva alegoria

Assim o dia a dia
Deveras não alenta
E sei desta tormenta
Gerada em agonia,

A sorte se transcorre
E nada mais socorre
Quem tanto quis a paz,

O mundo se proveito
Enquanto em vão me deito
O tempo é mais mordaz...

614

Acum in meta foeni quaerere.


O quanto se procura
E nada mais se encontra
A vida segue contra
E gera a desventura,

Ainda se traduz
Em dor e descaminho
O quanto sendo espinho
Buscara ser a luz,

Já nada mais se vendo
Apenas o que resta
Da sorte tão funesta
Do dia em vão remendo,

Aprendo com o corte,
E sei o que comporte...



615


Nolente Deo, effundentur inaniter preces.

Não adianta apenas
A crença nem a prece
Somente se obedece
Em faces mais serenas

Ao Criador. De fato;
O mundo se faz vário
E segue o itinerário
Aonde; amor; resgato;

Portanto o que se quer
Ou mesmo quanto almejo
Bem mais que algum desejo
Um dom claro e qualquer,

Viceja dentro da alma
E enfim, domina e acalma...

616


Largitur pluvias, ubi vult divina
potestas.

A tempestade traz
No olhar mais reticente
O quanto se apresente
A face tão tenaz

Além do contumaz
Momento que alimente
O corpo e mesmo a mente
E nisto nega a paz,

Nas mãos do Poderoso
O tempo é caprichoso
E trama e sempre venha

Vencendo os mais complexos
Tormentos em reflexos
Enquanto em vão se empenha.


617


Audacem reddit
felis absentia murem.

Na ausência do poder
O quanto em anarquia
Tramando o dia a dia
E a vida ao bel prazer,

Destarte o que fazer
Na fúria e rebeldia
Gerando o que traria
Talvez tanto sofrer,

Assim sem um comando
O tempo se levando
Sem cais ou mesmo rota,

E o tempo traiçoeiro
Moldando o derradeiro
Cenário onde se esgota.

618


Quid rides me flente?
— novum tibi crede futurum luctum, forte meus cum mihi priscus erit.

A vida renovando
Também o sofrimento
Mudando em desalento
O que se faz mais brando,

E o tempo emoldurando
Entregue ao rude vento
O quanto busco e tento
Embora sem ter quando.

No vórtice medonho,
A paz que ora proponho
Perdendo qualquer lume,

Destarte o descaminho
Expressa o mais daninho,
Que cíclico, o resume...

619


Unus duntaxat non preliatur.

A paz se faz enquanto
Alguém cede ou desvia
Da dura hipocrisia
O passo onde me espanto,

E vejo o que garanto
No caos do dia a dia
E nada mais teria
Senão meu desencanto,

Mas quando se aproxima
A sorte que batalha,
No fio da navalha

Mudando todo o clima,
Prefiro estar calado,
Seguindo manso, o Fado...

620


Nemo infelicitati propinquior, quam
nimis felix.

Tal sorte que apresenta
Em face mais suave
Deveras tanto agrave
Ou gere outra tormenta,

A vida se sangrenta
O passo em raro entrave
Liberta sendo uma ave,
Aos céus em paz se alenta,

Mas sendo movediço
O tempo onde cobiço
A queda se presume,

E sinto de tal forma
O tanto que deforma
Negando algum perfume...


621



Multa ferunt anni venientes commoda secum.

A vida; se a prolongas
Tramando vária face
E nisso se moldasse
A dita sem delongas

No quanto mais se vendo
Deveras se mostrando
O tempo desde quando
Versando em novo adendo,

Pudesse discernir
O quanto ainda tenho
E nisto o mesmo empenho
Traçando o meu porvir,

E sei quanto se vê
No mundo e em seu por que.

622


Auspiciunt oculi duo lumina clarius uno.

Olhando no horizonte
Buscando alguma paz,
O olhar diverso traz
O quanto sempre aponte,

E quando desaponte
A face mais mordaz
Deixando para trás
O que sequer desponte,

Assim já se apresente
A vida em tom premente
Numa união mais firme,

E quando vejo em par
O tanto a se mostrar
Bem mais se reafirme...

623


Est qui macram regis vaccam, solvit
opimam.

Origem dita o preço
E gesta o quanto vale
Ainda que se iguale
Em fonte ou adereço.

Porém neste endereço
A sorte não se cale
E gere o que avassale
Bem mais do que obedeço,

Pagar pelo cenário
Diverso itinerário
Moldando o que se creia,

Assim o que traria
Somente alegoria
Adentra cada veia...


624

Non male sedet qui bonis adhaeret.


O quanto fosse mal
O sonho em paz aplaca,
E a dita agora emplaca
Num novo ritual,

A vida desigual,
A mão, a luta, a estaca
No olhar, na voz a faca
E o tempo em tom venal,

Resumos de outras eras
Aonde tanto esperas
E nada se traria,

A tempestade dita
O quanto em voz aflita
E espera a calmaria...


625



Nemo consilio obligatur.

Conselho não traduz,
Comando e obrigação,
A cada nova ação
Encontro a clara luz

O passo que conduz
A sorte em direção
Ao tanto que verão
O dia já faz jus.

Diversa caminhada
Aonde o mesmo invada
Em tons bem mais diversos,

E sei do quanto pude
Na sorte atroz e rude,
Em vários universos...

626



Qui nimium properat, serius absolvit.

Quem segue seu caminho
Sem ter o olhar à frente
Deveras se apresente
Em pleno ledo espinho,

E quando me avizinho
Do que se faz presente
Ou mesmo não contente
Enquanto sou daninho,

Gerando em passo inerte
O quanto se converte
Em claras dimensões

E abrindo o peito ao que inda
Traduz além da infinda
Verdade abre clarões...


627


Qui me amat, meos diligit.

Amar é ser inteiro
E ter além do olhar
O quanto desejar
Num tempo mais certeiro,

E assim o derradeiro
Cenário a se mostrar
Pudesse desenhar
No céu raro luzeiro,

E possa na verdade
Conter a imensidade
Na plena sensação

Do amor já sem medida
E nisto inteira a vida
Expressa a dimensão.

628



Qui nescit orare, pergat ad mare.

Uma oração protege
Quem vive marinheiro
E sabe por inteiro
O mundo tão herege

E sei do descaminho
Aonde se faz todo
O passo em tal engodo
Enquanto ali me alinho,

E nesta sensação
De estar abençoado
O tempo desenhado
Exprime a direção

Do vento abrindo o peito
E nisto; satisfeito...


629

Qui nimis inquirit, multa pericla
subit.


Quem tanto em vão procura
Razões já sem valia
No fundo não teria
Senão esta amargura,

A sorte se emoldura
E traz no dia a dia
A face em alegria
Ainda quando dura.

E o prazo determina
O quanto além da sina
Pudesse transformar,

A vida só se dando
A quem nada indagando
Vivendo sem pensar...

630


Qui bene amat, bene castigat.

Amor dita o castigo
E traz nas mãos o não,
A sorte em dimensão
Diversa que persigo

Além do que consigo
Espalha em direção
E os dias já verão
Bem mais que algum perigo,

O mundo se apresenta
Após cada tormenta
Sem nexo e sem proveito,

E quando sem apoio
A vida traz o arroio
Aonde não me aceito...


631


Qui vult rite mori, ne prave vivat oportet.

A vida se traduz
Na morte que virá,
E sei o quanto já
Pretendo em rara luz,

O passo reproduz
O quanto moldará
E assim o que será
Transmite onde me pus.

Vencer vicissitudes
Aonde tanto mudes
O prumo e a direção

Garantido decerto
Um mundo em paz e aberto
Aos sonhos que virão...

632

Omnia qui reticet, munera pacis habet.

Quem cala não diz nada,
E segue seu caminho
E mesmo que sozinho
Almejo uma alvorada

Diversa desta estrada
Enquanto sei do espinho,
O verso mais daninho,
A sombra desenhada,

Podendo ou não agir,
Sabendo do porvir
Em vária sorte eu sigo

Silente rumo ao quanto
Vencesse o desencanto
Buscando um claro abrigo.

633


Silentii tutum praemium.


Vitória muita vez
De quem já se calasse
E nisto demonstrasse
O quanto em paz se fez,

O passo em altivez
Matando algum repasse
E nisto se moldasse
A dura insensatez.

A sorte sendo assim,
Princípio dita o fim,
Barulho não convence

A voz em calmaria
Trazendo em harmonia
O tanto que compense...

634


Qui tacet, consentire videtur.

Quem cala já permite
O todo que virá
E nisto o quanto vá
Resume um vão limite,

E mesmo que acredite
No tempo aqui ou lá
O rumo mudará
No quanto assim incite.

Porém no ser silente
O mundo se apresente
Em tal dicotomia.

O quanto se pudera
Em vida mais sincera
Fazer o que diria...

635



Bis dat qui cito dat.

Quem precipita o passo
Por vezes se perdendo
E nisto sem adendo
O rumo resta escasso,

E o quanto mesmo traço
Vagando em tempo horrendo
Ou mesmo concedendo
O termo em ledo laço.

Confirma a dimensão
Dos dias que verão
Os sóis que tanto quis,

Depois de certo tempo
A vida em contratempo
Cobrando exige o bis...


636


Semper eris similis cum quibus esse cupis.


Quem tanto se acostuma
Ao passo de seu par
Não sabe caminhar
Por onde a sorte ruma,

E sei da velha espuma
E nela inteiro o mar,
Mas nada a se moldar
Enquanto a dor perfuma,

Esboço de outro canto
E quando eu me quebranto
Imito a sorte e sigo

Vacante coração
Sem nexo e direção
Exposto ao vil perigo...

637



Qui gladio ferit, gladio perit.


As armas que utilizas
Deveras contra ti
Num tempo eu percebi
Vencendo as mansas brisas

E assim sem ter divisas
O mundo onde perdi
Meu rumo e pereci
Nas horas imprecisas,

Na férrea resistência
A vida em violência
Explode e traz o vão,

Cenário variado
E nisto se me evado
Teus olhos não verão...


638

Faecem bibat qui vinum bibit.

Compartilha a sorte
É mais que repartir
Banquete; é redimir
O quanto desconforte.

Assim num mesmo norte
Chegar dita o partir
E sei que no porvir
Cicatrizando o corte.

Quem prova da iguaria
Também já deveria
Roer estes destroços

Num ato em concordância
Senão; melhor distância
A carne dita os ossos...


639


Mendacem emptorem crumena arguit.

Somente uma verdade
Nos traz libertação
E o tempo em dimensão
Diversa ora se evade,

Assim a liberdade
Trazendo a solução
Dos tempos que virão
Rompendo a velha grade,

E tanto agrade ou negue
O quanto se navegue
Por mares conflitantes

O preço que se paga
Resulta nesta plaga
Aonde te adiantes...


640



Lepores duos insequens, neutrum capit.

Quem tanto quer
No fim resta sozinho,
E assim o mais daninho
Cenário em tom qualquer

Não deixa mais sequer
Alguma luz no ninho
E bebo o amargo vinho
Da vida onde puder.

Uma expressão dorida
Ditando a minha vida
E nisto o que se traz

Grassando além do nada
Rasgando a madrugada
Levando além a paz...

641

Festinatio tarda est.

Quem tanto acelerando
O passo nada vê
E segue sem por que
Um mundo sem comando,

A vida se moldando
E nisto o quanto crê
Resume o que revê
Num ato, o fascinando.

Na mansidão do passo
Na firmeza do laço
O tempo se abrevia.

E o quanto nos parece
Distante traz a messe
Em paz e em alegria...

642


Qui dat pauperi non indigebit.

O Deus se apresentando
Na esquina em mãos vazias
Nas faces mais sombrias
No mundo em contrabando

E assim depositando
Além do que querias
Nas sortes mais vadias
No tempo atroz e infando,

Não vejo o Redentor
Em ouro, ou no fulgor
Que tanto se propaga,

Aberto o coração
Apenas se verão
A paz, o amor e a chaga...


643

Dum repascis natos pane, flagella premant.

A mão que te alimenta
Ensina a caminhar
Vencendo o ledo mar
E assim toda a tormenta,

A sorte mais sangrenta
O tempo a se mostrar
Diverso do lugar
Aonde a vida tenta,

O mundo dita amor
E traz também castigo,
E sei do que persigo,

Vagando flor em flor
Ou mesmo entre os esgotos
Em dias duros, rotos...


644


Si tua das cunctis omnia, multa feres.

Quem desse o que possui
Jamais reclamaria
Do quanto não teria
A vida e o quanto influi,

Compartilhar um bem
Traduz o quanto possa
Na sorte sendo nossa
Ditando o que contém,

E assim sem mais temores
Enfrento as tempestades
E mesmo quando evades
Contigo aonde fores,

O tempo se revela
No barco, aberta a vela...

645


“Malum est, malum est”, dicit omnis emptor.


O quanto se desdenha
Traduz o que se quer,
Assim quando vier
Traçando o quanto tenha

Vencendo e já convenha
Viver sem ter sequer
O medo em tom qualquer
Gerando a nova ordenha,

Vestindo a luz em sóis
Após o que constróis
Terás novo caminho,

E o passo nos unindo
Num tempo bem mais lindo
Supere o tom mesquinho...


646


Debitor debitoris mei debitor meus est.

A dívida progride
Em rara dimensão
E os dias que virão
No passo onde se agride

O risco que se aponta
A luta sem proveito
E quando nada aceito
A vida em fria ponta

Perfura qualquer sonho
E quanto quero a paz
A sorte se desfaz
E gera o tom medonho,

Assim já nada levo,
No caos raro e longevo...


647



Daemonium vendit qui daemonium prius emit.

Quem possa desenhar
A vida de tal sorte
Que o quanto mais comporte
Presume o divagar.

Errando bar em bar
Sem ter sequer o aporte
Da vida em rude porte
E nisto desenhar

O fim sem mais proveito
E o quanto assim aceito
Excêntrico poeta,

A luta se anuncia
Em dor, farta agonia
A sorte se deleta...


648


Dinheiro traz poder?
Ao menos ilusório
E quando merencório
O mundo eu possa ver,

Depois do quanto ser
Deveras mais inglório
Caminho peremptório
Gerando o desprazer,

Assim em sortilégio
O quanto quis mais régio
Esboça a negação

E os ermos mais audazes
E neles o que trazes
Expressa a imprecisão.

649


Quis quae vult dicit, quae non vult audit.

O quanto se dissesse
Sem ter algum proveito
Deixando o velho pleito
Ausente de uma messe,

No quanto já se esquece
Enquanto em vão me deito
Deveras sempre aceito
A fúria onde se tece

Falando sem pensar
O rumo a se tomar
Impede a solução

E vejo sem saída
A luta resumida
Nos dias que virão...

650

Faber fabro invidit.

O quanto se apresenta
A vida em tom diverso
Grassando em universo
Enquanto me apascenta,

Gerando o quanto tenta
Vencer cada disperso
Cenário aonde eu verso
Em voz rude e sangrenta,

A luta não presume
O quanto em vão costume
O tempo traduzisse

Amor já não impera
E gesta a dura fera
E molda esta mesmice...


651

Regula certa datur: qui stat bene ne moveatur.

O quanto se apresenta
Em paz e em harmonia
Deveras nos traria
A sorte sem tormenta,

A vida que apascenta
A nobre sintonia
Deixando atrás vazia
A noite que atormenta,

Aprendo com o prazo
E sei do quanto atraso
E nisto tanto faço

O mundo que pensara
Na sorte em tal seara
Ocupando este espaço.


652


Venter auribus caret.

A fome nada escuta
E adentra em temporal
Gerando o desigual
Caminho em força bruta,

E quando se reluta
Na senda em raro astral
Moldando a mais venal
Vontade atroz e astuta.

Meu passo sem sentido,
O tanto que lapido
E vejo sem proveito

Depois do quanto pude
A sorte em atitude
Renega o que inda aceito.


653


Laborare est orare.

Trabalho em oração,
O dia se anuncia
E nele esta alegria
Transborda em emoção,

Os tempos moldarão
A sorte em raro dia
E nesta fantasia
Encontro a dimensão

Do tanto quanto quis
E sendo mais feliz
Adentro o sonho em paz,

E o verso anunciando
Um tempo bem mais brando
E nele eu sou capaz...


654


Ab alio spectes alteri quod feceris.

A vida por resposta
Ao quanto enfim agisse
Mudando esta crendice
Na mesa agora posta,

E o quanto já se gosta
Presume sem mesmice
O quanto inda se visse
Na face em paz composta,

Assisto ao quanto venha
Marcando em luz e senha
A imensa liberdade

Do quanto se pudera
Vestir a velha fera
Que tanto nos degrade,

655


Semel artiex, millies artifex esse potest.

O fato se repete
E gera o costumeiro
Caminho derradeiro
Aonde não compete

O mundo em luz e paz,
E o corte que profana
Deveras desengana
E nada enfim nos traz,

De todo este final
O mundo se desenha
Marcando a leda senha
Em passo virtual,

Restando o quanto possa
A vida em mera fossa.


656


Semel malus, semper malus.

O ser que nasce torto
Deveras não conserta
A vida que se aberta
Presume novo porto,

O mundo em tal aborto
Dos sonhos se deserta
E jaz e não desperta
Num ar já semimorto.

O preço não condiz
Com tal rara matiz
E gera o mesmo mal,

Assim o que se veja
No fundo onde dardeja
Expressa o olhar venal...

657


Quisquis iniqua facit, patiatur iniqua,
necesse est.


A vida não demora
E cobra cada engano
E quando enfim me dano
O passo desancora,

E bebo o que apavora
Marcando o dom humano
Do sonho mais profano
E nisto a dor aflora

A dívida é cobrada
Deveras nesta alçada
E sendo de tal forma

O quanto se produz
Em leda e amarga luz
Aos poucos nos deforma...


658

Gratia gratiam parit.

Quem grassa em rara graça
Expressa a maravilha
E sempre em paz já trilha
E nisto a sorte traça,

A vida é vã fumaça
E gera na armadilha
O quanto não mais brilha
Em sorte mais escassa,

Porém na plenitude
Aos poucos já transmude
E trame a paz enorme,

E sendo sempre assim,
O quanto existe em mim,
Deveras nos transforme...


659


Quo quisque est altior, eo est periculo
proximior.

O quanto se imagina
Além de uma verdade
Por mais que na hora agrade
Descreve a leda sina,

E a queda determina
O passo onde degrade
Vencendo a realidade
Aonde o tempo inclina

E marca eternamente
O quanto se apresente
No cais ou mesmo aquém

Do quanto pude ou não
Vivendo a mais dorida dimensão
Do nada que ora vem...

660

Dubitando ad veritatem parvenimus.

A dúvida gerando
O quanto mais se sabe
Bem antes que ora acabe
A vida sem comando,

O tempo destroçando
Ainda quando cabe
No olhar de quem desabe
Aos poucos se marcando

A vida em tais verdades
Trazendo claridades
Ou mesmo torna opaco

O todo em tosco tom
E o sonho dita o dom
Aonde em vão me empaco...


661


Copia sermonis non est consors rationis.

O grito se anuncia
Qual fosse o desespero
De quem em destempero
Perdera a sintonia

Versando sobre o nada
A sorte se define
E quanto desatine
Restando em vaga estada,

Expressa a negação
Marcando o passo em luta
E quando enfim reluta
Deitando em duro chão

No berro não se vence
Tampouco nos convence...

662




Plurima cum tenuit, plura tenere cupit.


Querer já sem limite
Não deixa que se veja
A sorte mais sobeja
E nisto não permite

O quanto necessite
Ou mesmo se deseja
E assim o que poreja
Expressa o quanto omite.

A queda se anuncia
E traz em agonia
A face mais cruel

De quem se fez ou quis
Deveras ser feliz
E perde a vida em mel...


663


Mali principii malus exitus.

Começo dita o fim
E gera o descaminho
E sei quanto daninho
O mundo de onde eu vim,

Cerzindo sempre assim
O passo mais mesquinho
Enquanto em desalinho
Marcando o todo em mim,

Apenas o que possa
Vencer o quanto em fossa
Explode e não presume

Senão alguma luz
E o fato se conduz
Gerando um ledo ardume...

664

Bis tergendus erit qui male sputa jacit.

Quem tanto quer a mais
No fundo em dobro paga,
Assim a velha plaga
Expressa em tons venais

Dispersos e banais
Cenários onde a vaga
Invade e não divaga
Penetra em temporais,

E sei do quanto pude
Tramar a juventude
Em ares mais diversos

Na paciência a regra
Que tanto nos integra
E rege os universos...

665

Malecicens pejus audit.

O quanto a vida estende
E geste noutro passo
O mundo que ora traço
E nele se desprende

O rumo onde depende
O verso em tal cansaço,
Depois de cada espaço
O canto se compreende

E o prazo determina
O fim de cada cota
E nada mais se nota

Na mão leda e assassina
Senão quanto destina
A vida em tal derrota.

666


Plurima conants prendere pauca ferunt.


Quem tanto desejasse
No fundo não teria
Sequer a fantasia
Matando este repasse

Da vida que moldasse
Em mera sintonia
O tanto em utopia
E nisto demonstrasse

A presa em suas mãos
Os dias mesmo vãos
Os olhos no horizonte

E quanto mais se quer
Vencer um bem qualquer
Que tanto desaponte...


667

Malo tacere mihi quam mala verba loqui.

Loquacidade traz
Cansaço e assim perdendo
O quanto em novo adendo
Pudesse ser audaz,

A sorte se desfaz
E gera em tom horrendo
O mundo se tecendo
Distante de uma paz,

O verso se anuncia
Na ausente poesia
No tom em discrepância

E o passo se alimenta
Na fúria mais sangrenta
Mantendo a vã distância...

668


Multis lingua nocet: — nocuere silentia nulli.

Prolixo se perdendo
Na falta de sentido
Do quanto ora lapido
Ou mesmo ainda emendo,

O corte num adendo
Gestando o desvalido
Cenário onde duvido
Do todo percebendo

O que mais poderia
Pousar em sintonia
E nisto se fazer

Do roto caminhar
Um bom, claro lugar
E ter algum prazer...


669


Importunus erit crebo quicumque rogabit.

Quem tanto pediria
Perdendo uma noção
Gerasse a dimensão
Da vida em agonia,

O prazo não se adia
E trama a negação
E nesta direção
Apenas a utopia,

O verso sem sentido
O tempo resumido
Na falta de esperança

E o gesto se renega
E a vida segue cega
Aonde em vão se lança.


670


Qui se consuluit solus secum ipse
dolebit.

Quem fora empedernido
E não se abrindo ao mundo
Embora mais profundo
Expressa o sem sentido

Caminho onde lapido
E bebo o tão imundo
Cenário onde me inundo
Do vago e assim olvido,

O canto sem proveito
O tempo aonde ajeito
O passo que não veio.

Auto- suficiência
Negando a consciência
Expressa o ser alheio.


671



Tam procul ex oculis quam procul ex corde.

Longe deste olhar
De quem se acostumara
Adentro outra seara
E sei do divagar

Nas ondas desde mar,
A noite bela e clara,
A poesia ampara,
Mas nada irá mostrar

A face de quem sonha
E nisto esta enfadonha
Certeza: esquecimento,

Porém, melhor assim,
O quanto resta em mim,
Se existe; ainda invento...

672


.
Nihil lucri cepit qui nulla pericla subivit.


Não lucra quem se nega
Ao risco e fica aquém
Do quanto inda contém
A vida mesmo cega,

E quando enfim se apega
Ao pouco que inda tem
Restando o ledo bem,
Tais mares; não navega

E assim perdendo o prumo,
Enquanto mal resumo
O quanto quis um dia,

Depois de tantos anos,
Diversos desenganos,
A sorte não veria...


673


Non progredi est regredi.

A vida necessita
Do passo para frente
Senão já se pressente
Apenas a desdita,

No quanto se acredita
E sendo pertinente
Deveras persistente
A sorte resta escrita,

Mas quando se percebe
A ausência em leda sebe
O passo retrocede,

Assim abrindo a porta
Pensamento transporta
E ao sonho se concede...


674


Qui non est mecum, contra me est.


Quem não está comigo
Deveras contra vem,
Ou mesmo no desdém
Aumentando o perigo,

O todo que persigo
Decerto a vida tem
E marca muito aquém
Do sonho onde me abrigo,

Assim no movediço
Caminho aonde eu vejo
A morte do desejo,

O dia já sem viço
E o canto sem sentido,
Num verso desvalido...

675



Tollat te, qui te non novit.

O quanto nos ilude
Um dia mais tranquilo
Olhar que sem vacilo
Expressa a plenitude,

No fundo nunca pude
Saber quanto do estilo
Trouxesse o que destilo
Desta alma amarga e rude,

Ultriz caminho dita
A luta em vã desdita
E o nada que se vê

Assim a vida rege
O passo deste herege
Que segue sem por que.


676



Cui non licet quod est minus, utique non
licet quod est plus.

O quanto se é capaz
Deveras deve ter
Nas mãos este poder
De ser o quanto traz

E o dia mais audaz
A sorte a se verter
Não possa reverter
O quanto deixo atrás,

O vento se anuncia
Tormenta ou calmaria,
Porém é momentâneo,

A vida se presume
No quanto em seu ardume
Traduz um instantâneo...


677

Nulli pro libito est unquam
concessa libertas.


A vida se permite
Em chances tão diversas,
Porém quando tu versas
Aquém deste limite

No quanto se acredite
As horas são dispersas
E sei que desconversas
No quanto não se evite

Meu passo muda o rumo
E quando me acostumo
A senda é variável,

E sendo de tal forma
Seara se transforma
Num tempo imaginável...


678


Molam qui vitat, farinam vitat.

Somente quem trabalha
Conhece o sentimento
Do ganho em provimento
Vencido na batalha,

Na sorte que se espalha
Ou mesmo em ledo vento,
Ainda assim fomento
O fogaréu na palha,

E tento acreditar
Que um dia vai mudar,
Sabendo ser constante,

Mas tanto se labuta
Na imensa e dura luta
Enquanto se adiante...

679



Qui nescit tacere, nescit et loqui.

Loquaz não se conduz
No quanto em paz pudera
E sendo a noite fera
Espalha em contraluz

O quanto reproduz
E nada além se espera
Senão esta quimera
Que amarga e não reluz,

Limites entre enganos
Os dias tramam planos
Diversos do que eu quis,

Palavra solta ao vento
E quando desalento,
Seguindo por um triz...

680


Praestat tacere quam stulte loqui.


Já não me caberia
Qualquer palavra quando
O pouco me tomando
Tanto sufocaria,

O verso em agonia
O prazo terminando
O tempo mais infando
E a noite ora sombria,

Vestindo este vazio
Cenário aonde eu possa
Viver a sorte nossa

Ou mesmo o desvario,
Seguindo assim calado,
Vou dando o meu recado...


681


Qui nescit dissimulare, nescit regnare.

Por vezes a franqueza
Destrói a direção
E nesta sensação
A vida segue presa

À imensa correnteza
E os dias que virão
Apenas moldarão
A luta sem surpresa,

Dissimular o passo
Ou mesmo noutro traço
Erguer uma barreira

Gerada pelo falso
Impede o cadafalso
E aos poucos já se esgueira...


682


Vincit qui tapitut.

Vitória sempre é feita
De lágrima e suor
A dor que sei de cor
A sorte assim confeita,

E quando enfim se aceita
O tanto que é pior
Gerando do maior
A face em rara espreita,

Investigando o passo
Encontro o mais escasso
Caminho em meio ao vento,

E quanta vez eu sinto
Além do mero instinto
Lição no sofrimento...

683

Carente capite non opus est pileo.

Limite estabelece
O quanto pude e vou
Depois do que restou
Talvez leda benesse

O prazo se merece
E o resto se mostrou
No caos que mergulhou
A vida, a sorte a prece.

O canto não resulta
Sequer numa consulta
Ao que mais desejara,

Olhando este horizonte
Sem nada que me aponte
Inútil tal seara...


684

Qui caret asino, clitellam ne quaerat.


Quem nunca poderia
Deseja de que forma?
A vida quando informa
Na tez dura e sombria,

Gerando esta agonia
E nisto a velha norma
Do quanto se reforma
Produz mera utopia,

O passo que se dera
Não vence a leda fera
Nem mesmo traz a sorte,

Do quanto ora anseio
Meu mundo em devaneio
Decerto não conforte...


685



Cui pudor non est, orbi dominator.


A vida sem pudor
Traduz a imensidão
E traz em dimensão
Além do sonho, a dor.

E quanto se compor
Domínio da ilusão
Nos dias que verão
A marcha em vão calor,

Expresso o quanto pude
E sei da juventude
Perdida pelo tempo,

E quanto mais degrade
A ausente claridade
O rumo em contratempo...

686


Qui non laborat, non manducet.


A sorte se transcorre
Na forma mais sutil,
E o quanto se previu
Deveras nos socorre,

A luta não mais morre
O preço em si surtiu
O efeito amargo e vil
No rio onde se escorre

A vida sem trabalho,
O quanto assim me espalho
Sem rumo ou sem caminho,

Meu passo se anuncia
E mata a poesia
Num ar duro e daninho.


687

Ille est pacis amans, quicunque negata retracta.


O fato mais preciso
Presume a dimensão
E sei que desde então
A vida em tal aviso

Prepara onde matizo
Os dias que verão
Os passos neste chão
Após todo o granizo,

Bem mais do que a promessa
A luta já começa
Redime o desengano,

E assim a cada instante
O quanto se garante
Expressa o soberano...


688


Qui furtim accipit, palam exsolvit.


Desnudo caminheiro
Nas sendas mais atrozes
Os dias tão ferozes
Ausente o meu canteiro,

E busco algum luzeiro
E nele antigas vozes
Marcando os mais velozes
Navios de um cruzeiro

Em volta da esperança,
Mas logo não se alcança
Sequer esse objetivo,

E tendo esta certeza
Da imensa correnteza
Apenas sobrevivo...


689



Suum cuique pulchrum.

O olhar de quem amasse
Transforma plenamente
E o quanto se apresente
Deveras noutra face

Ao menos já gerasse
Um dia pertinente
E sendo este envolvente
Caminho o que mostrasse

A sorte mais feliz
E o quanto a vida quis
E nada se fizera,

O feio é relativo,
No quanto amor eu vivo,
Tornando bela a fera...

690


Solve aes alienum et quod te cruciat,
scias.


O quanto tenho agora
Expressa o que acumula
A vida sem tal gula
Que tanto a desancora,

O verso sem demora
A sorte que pulula
A voz já dissimula
O pranto aonde aflora,

Pagando o quanto deve
Tornando a vida leve
Em patrimônio, plena,

E o fato de poder
Deveras convencer
Em glória nos acena...

691


Cui licet quod est plus, licet utique quod est minus.

Às vezes dissimulas
E finges que não possas
E deste jeito as nossas
Histórias – vãs; ondulas

E sei do quanto pude
Viver em cada passo
E nisto se me escasso
O prazo em atitude

Diverge do que creio
E vibro em discordância
Ousando em discrepância
Seguir por outro veio,

Quem sabe e se completa
Também já se deleta...

692



Alterius non sit qui suus esse potest.

O quanto se ensandece
Que busca outro caminho
E sabe ser daninho
O tempo aonde tece

O passo sem proveito
Nas teias, ledo enredo
E quanto assim procedo
Decerto ao fim me aceito,

Mas sei do quanto pude
E no final calado
Deixando assim de lado
A minha juventude,

Marcando a ferro e fogo
A vida em ledo jogo...

693

Bonis nocet qui malis parcet.


Poupar quem tanto fere
Não gera senão caos,
Olhando para os maus
O tempo se interfere

E tudo degenere
Marcando em vários graus
A sorte em vis degraus
E a queda já se espere.

A impunidade traz
O passo mais mordaz
E o nada como base,

Por isso o que se vê
Presume algum por que
Enquanto a vida atrase...


694

Primus veniens, primus molet.

Quem já se antecipara
Ao que inda se presume
No fim em tal costume
Transforma esta seara

E a vida se prepara
Além do que resume
Marcando além o cume
Enquanto em si depara,

Meu verso, o canto em paz
A luta que se faz
Além de uma tormenta

Vestindo a melhor sorte
No quanto se comporte
Saber já me apascenta...

695


Qui bene perquirunt, promptius inveniunt.


Agulha num palheiro?
Eu sei quanto se possa
Trazer da vida a nossa
Vontade por inteiro,

Enquanto o verdadeiro
Caminho ora se empossa
Da sorte que remoça
O canto derradeiro,

Quem procurando encontra
Sem nada pró nem contra
Apenas persistente,

Promessas de outros dias
Aonde me trarias
O quanto em bem se tente...


696

Avidum sua saepe deludit aviditas.


O olhar que tanto quer
Além do quanto busca
No fundo já se ofusca
Sem nada, ou bem qualquer,

A fonte se secando
O dia se emoldura
E gera a face escura
Do todo desde quando,

O lastro se perdendo
O barco naufragasse
E assim em duro impasse
O dia atroz, e horrendo,

Jogado pelos chãos
Inúteis, vários grãos...

697

Post gaudia, luctus.

A vida em variáveis
Transforma a cada passo
E o quanto fora escasso
Em solos não aráveis,

Em sóis imagináveis
E neles outro laço
Gerando a cada espaço
Momentos amigáveis,

Também vejo o contrário
Quem muda itinerário
E perde esta noção,

Depois do incerto rumo,
Aos poucos me consumo
E a dor expressa o vão...


698



Si dulcis fias ut mel, te musca vorabit.


A falsa realidade
Vendida por aí
E quanto a percebi
O passo aquém se evade,

E o medo que me invade
Trazendo enfim a ti
O tanto quanto vi
Diversa claridade,

O ser não se renega
E a vida em dura entrega
Jamais se negaria,

Quem traz em dimensões
Dispersas o que expões
Ao fim gera a agonia...


699


Quisquis ovem simulat, hunc lupus ore vorat.


A face mentirosa
De quem tanto se faz
Diverso do que é capaz
Espinho dita a rosa,

E a luta caprichosa
Mergulha em tom audaz
Vencido nada traz
Em mente viciosa.

Cordeiro que simula
Estimulando a gula
Do lobo mais feroz.

E assim já se mostrando
Num ato quase infando,
É presa agora e após...

700


Qui est sine peccato, primum in illa
lapidem mittat.

Primeira pedra atire
Quem nunca em sua vida
Há tanto refletida
Na sorte que a retire,

Por mais que desnudado
Gerasse outro caminho,
Aonde ora me alinho
E sigo lado a lado,

O tempo nega o rumo
E o manto se puindo
O quanto fosse infindo
No nada hoje resumo,

Isento dos enganos?
Não vejo entre os humanos...


701


Vincere cor proprium plus est quem vincere
mundum.


Vencer os seus anseios
E crer ser mais possível
O mundo mesmo incrível
Em raros vários veios,

E assim sem devaneios
Encontro noutro nível
O tempo perecível,
Porém já sem rodeios,

Bebendo a luta e tendo
Além um dividendo
Em riso e mesmo em glória

A sorte se desenha
E nisto mais convenha
Viver a rara história...


702


Ventum seminabunt et turbinem metent.

Quem traz a fúria em si
Semeia vento além
E a tempestade tem
O quanto presumi,

O tanto que perdi,
O verso num desdém,
A vida sem ninguém
O corte que assumi,

Vestígios de um passado
Trazendo no futuro
O passo neste escuro

Caminho desenhado,
E sei do quanto mude
Em tétrica atitude...


703


Semper mendax impudens.


Habituando ao passo
Em enganosa rota
A vida já denota
O sonho mais escasso,

E quando assim eu traço
A luta onde se esgota
E bebo além da cota
Deveras me desfaço.

E sei do sortilégio
Aonde quis o régio
Caminho para quando

O mundo se mostrasse
Em paz ou desnudasse
Ao mal me acostumando...


704

Qui solus comedit, solus sua
pondere gestat.

Quem tanto em egoísmo
Apenas se perceba
Do quanto que receba
No fundo gera abismo

E solitário eu cismo
Vagando onde conceba
Ou mesmo já me embeba
Do vento em cataclismo,

Na face solidária
A vida se faz vária
E gera a imensidão,

Porém quando sozinho,
Vislumbro o mais daninho
Momento: imprecisão...

705


Qui non zelat, non amat.

Amor ditando o zelo
Expressa muito além
Do quanto em si contém
E mesmo posso vê-lo

Até num pesadelo
Marcado por alguém
Que tanto quero bem
No anseio de vivê-lo.

A sorte me socorre
O amor divino porre
Numa alma inebriada,

Ditando o meu futuro
Aonde me asseguro
Na sorte desejada...

706


Semper habet lanam, cui copia larga bibentum.

A vida se anuncia
A quem se faz sem medo,
E mesmo o que concedo
Traduz outra alegria,

O tempo se traria
No tanto quanto enredo
O mundo desde cedo
Deveras prevenia.

O tanto que se quer
O sonho em tom qualquer
Na prevenção, eu venço

O dia mais amargo,
E assim a dor embargo
Num coração imenso...

707

In periculo non est dormiendum.

Adormecendo em paz?
Quem dera; mas perigo
Rondando o que persigo
Tornando em tom mordaz

O quanto fui capaz
E já nem mais consigo
Viver em manso abrigo
E a vida se desfaz,

O pouco que me resta
Em face tão funesta
Expressa a solidão,

E bebo deste fel
Num mundo mais cruel
Na sorte feita em vão...


708


Ars portus miseriae.

Quem tanto quer e luta
Com arte e com nobreza
Não tendo má surpresa
Deveras não reluta

E sabe a voz tão bruta
Gerando enfim a presa,
Mas vence a correnteza
Com ânsia mais astuta,

E o verso se imputando
A quem se fez mais brando
Em sol incomparável,

Assim o quanto veio
De um mundo sem receio
Expressa o desejável...


709


Desinant maledicere
malefacta ne noscant sua.


Quem sendo bem mais frágil
Não possa provocar
E assim em seu lugar
A vida não traz ágil

Momento sem valia
E nada mais se quer
O quanto foi sequer
O tempo mudaria,

De vidro este telhado,
Melhor se prevenir
A sorte no porvir
Desenha este traçado

E o fim gerando o clima,
O corte o determina...


710


Dulcis est somnus operantis.

Depois de tanta luta
Descanso merecido
E o tempo ora perdido
A vida não reluta

E traz na face bruta
O corte resumido
No fim onde me olvido
Da voz em vã batuta,

Porém rude batalha
No fio da navalha
Procura algum descanso,

E sei que em noite leve
O sonho além atreve
E o paraíso; alcanço...


711

Avidum sua saepe deludit aviditas.


Quem tudo quer, de fato
Já não consegueria
E assim no novo dia
O vago ora constato

E quando me retrato
Na farsa em ironia
Apenas fantasia
Deveras eu resgato,

Perdendo cada espaço
Do quanto teimo e traço
Mesmo que seja além

E sei que na verdade
O mundo ora se evade
E nada mais contém...

712



Jam tua res agitur, paries cum
proximus ardet.

Quem vendo o desalento
Prepare o seu caminho,
E quando ali me alinho
Um dia novo eu tento

E sei deste provento
Enquanto em ledo ninho
Meu passo tão mesquinho
Encontra a fúria em vento,

E invento uma saída
Buscando noutra vida
A liberdade, mas

O tanto se anuncia
E vejo a mão vazia
Que nada agora traz...


713


Frons, oculi, vultus persaepe mentiuntur.


O olhar que penetrasse
Numa alma em plenitude
No quanto isso me ilude
Negando a mansa face,

O todo que repasse
O corte em magnitude
Diversa do que pude
Aos poucos desnudasse

A farsa se descobre
E o que se fez tão nobre
Explode em contra-senso,

O mar imenso é nada
A sorte degradada
Do fim eu me convenço...

714


Qui postremus abit, redeuntibus ostia claudet.


Quem chegue e no final
Trancando esta porteira
Expressa a verdadeira
Razão fundamental

Da sorte em ritual
E nisto o quanto queira
Vencer a derradeira
Presença mais venal,

O prazo determina
O quanto em leda sina
A vida se anuncia,

Saindo, apague a luz
E o passo se conduz
À nova fantasia...

715


Volle est posse

Querer já nos permite
Ousar e mesmo até
Usando desta fé
Ultrapassar limite,

E sei do quanto pude
Depois de tanta luta
A vida não escuta
O berro em juventude,

Apenas apresenta
O quanto é consistente
E assim deveras tente
Vencer leda tormenta,

O rumo se desenha
Abrasando esta lenha...


716


Lis litem parit.


Conversa interminável
Versando sobre o nada,
E nisto desenhada
A luta que intragável

Além do imaginável
Desenha a leda estrada
Marcando cada estada
Num tempo deplorável,

Questão traz outra briga
E assim derruba a viga
E mata uma esperança

Depois de tempo tanto
Apenas desencanto
Ao fim a voz alcança...


717


Periunt summos fulmina montes.


O raio quanto atinge
A Terra; é atraído
Pelo mais alto erguido
E nisso a vida tinge

Qual fora alguma esfinge
Segredo presumido,
E sei que faz sentido
Verdade onde se impinge.

O que se pensa ser
Além do que decerto
Traduz quando me alerto,

O quanto possa ver
Na imensa dimensão,
Maior a exposição...

718


Lupus pilum mutat, non
mentem.

O lobo muda o pêlo,
Mas nada em seu instinto
E assim quando me pinto
Em trama sem apelo,

Presumo e posso vê-lo
Enquanto mesmo minto
E trago o sangue tinto
Nas mãos com todo o zelo,

No espelho vejo a fera
Que tanto destempera
Marcando com as presas

A sorte em tom nefasto
E mesmo se me afasto
São turvas correntezas...


719


Dormiens nihil lucratur.

Quem dorme na hora incerta
Perdendo a direção
E mesmo a dimensão
Da porta estando aberta,

O passo que se alerta
Os dias mudarão
O tempo e desde então
A sorte sem coberta

A luta em acidez
O sonho se desfez
E o nada; dita o rumo

E o quanto poderia
Já nada mais traria
Sequer o que eu consumo...

720


Annosa vulpes non capitur laqueo.

O tempo nos ensina
As tantas armadilhas
E nisto quando trilhas
Encontra além a mina

E a sorte predomina
Enquanto ora palmilhas
E sei que tantas milhas
Perfazem cada sina,

A vida em tal visagem
Na eterna aprendizagem
Gerenciando o quanto

Perdera em tom diverso
Ousando estar emerso
No olhar, um manso encanto...


721

Se vestem repares, longum durabis in annum.

O quanto se conserta
Presume a resistência
E assim em evidência
A vida segue aberta

Ao todo que desperta
A leda consciência
Gerando esta ciência
Que tanto nos alerta,

Invisto o meu caminho
Aonde outrem mesquinho
Pudesse desabar,

Mas sei do quanto é nosso
O mundo enquanto endosso
O sonho a divagar...


722

Responsio mollis frangit iram.


A mansidão vencendo
A rude sensação
Do mundo em negação
Da sorte em tom horrendo,

O passo sem adendo
Os dias que trarão
Além de uma emoção
Bem mais que algum remendo,

O prazo descortina
A sorte esmeraldina
E dela esta esperança

Gerando um novo dia
E nele caberia
A paz que tanto amansa...


723


Sorte sua quisque dives, si contentus.


A sorte mais feliz
Permite o que se tem
E nisto quando alguém
Presume o quanto quis

Diverso em cicatriz
Seguindo em vão desdém
O todo sabe bem
Do prazo por um triz,

Contento-me deveras
De ter as mais sinceras
Versões de um novo dia,

E nelas o que eu pude
Vencer o tempo rude
E a noite mais sombria...

724


Non fuit in solo Roma peracta die.


A vida se desenha
Um pouco a cada dia
E nisto moldaria
A sorte em tal resenha,

E mesmo o que convenha
Gerando a fantasia
Expressa o quanto iria
Moldar a nova senha

E o tempo se apresenta
Vencendo uma tormenta
E nisto sempre além,

Na eterna construção
Os dias que virão
Os outros já contêm.


725


Incidit in flammam cupiens vitare favillas.


Fugindo da má sorte
O quanto poderia
Em luz ou fantasia
Poupar-nos desta morte,

Porém diverso norte
Marcando em tez sombria
E assim só se veria
Um mundo sem suporte,

O canto noutro rumo
A vida em ledo prumo
Escassa redenção

E vejo sem proveito
Enquanto o todo aceito
Até a negação...

726

In maledicto plus injuriae quam in manu.

Palavras que ofendendo
Jamais se cicatrizam
E assim já se matizam
Os dias noutro adendo,

O mundo se prevendo
E nele não se visam
As sortes que inda avisam
Do errático ou horrendo.

Ferida em faca e adaga
O tempo sempre apaga
E gera simples marca,

Mas quando em voz ruidosa
A sorte mata a rosa
E o espinho nos abarca...

727


Custodit vitam qui vustodit sanitatem.

Cuidando da saúde
A vida se permita
Bem mais do que uma dita
Que tanto nos ilude,

Ainda que transmude
A sorte assim palpita
E gera outra pepita
De um passo em plenitude,

O mundo se anuncia
E desta fantasia
Meu passo segue além

E o caos adentra o medo
E quando me concedo
O mundo em paz já vem...

728


Silent inter arma leges.

Nas guerras e batalhas
A lei já se calando
E nisto sem comando
As sortes já são falhas,

E quando além espalhas
Um ar duro e nefando
O mundo sonegando
Tramando estas navalhas.

O preço que se paga
Derruba inteira a plaga
E gera a sensação

Do fúnebre caminho
Aonde mais mesquinho
A sorte dita o não...

729


Accipiat felis quae vellent rodere mures.


Cuidar das diferenças
Sem ter um privilégio
Vencendo o sortilégio
Aonde te convenças

Das sortes mais diversas
E neste caminhar
Encontro o meu lugar
Enquanto vai e versas,

Resumos de outras eras
E nelas solidão,
Agora a solução
Trazendo as mais sinceras

Palavras onde é nossa
A sorte que ora endossa...

730



Si vis pacem, para bellum.

A paz traduz em guerra
O rumo mais comum,
E sei do quanto algum
Caminho em paz se encerra,

A vida se desterra
E gera do nenhum
O mundo em incomum
Cenário que descerra.

Prepare para a luta
E assim terás a luz
Que tanto nos seduz

E quando não reluta
O passo em tal cenário
Jamais é solitário...


731

Pretiosa quam sit sanitas morbus docet.

Doença valoriza
Saúde. Esteja certa
E quando a dor alerta
Em face mais precisa,

O quanto se matiza
Em nova descoberta,
Gerando uma encoberta
Manhã que nos avisa

Das nuvens, tempestade
E assim se desagrade
O rumo sem proveito,

A dor que nos ensina
Enquanto desatina
Expressa último leito...


732


De gustibus et coloribus non est disputandum.

Do paladar, da cor
Jamais se discutisse
Deveras é tolice
Tentar enfim se impor,

O quanto tem valor
Presume o que se visse
E o tanto que desdisse
Presume o vil rancor.

Assídua fantasia
Resume o que traria
Uníssono caminho,

Porém a vida traça
Diversidade e grassa
Além de onde me alinho...


733

Qualis dominus, talis servus.


Reflexo de quem dita
As ordens, na verdade
O quanto assim se brade
Na forma mais aflita

Ou mesmo se permita
Viver a claridade
Ou ter na assiduidade
A voz que tenta e grita.

Ocasionando o dia
Aonde poderia
Render o que se quer

O verso em tom suave
O tempo onde se trave
E quanto mais puder.


734



Qualis pater, talis filius.

Reflexo tão somente
Embora em tom diverso
O mundo segue imerso
No quanto a vida mente,

E traz leda semente
Enquanto desconverso,
Porém neste disperso
Caminho se apresente

Na face do meu filho
O quanto quero e trilho
Vestindo em tom sublime

O passo em consonância
A vida em tal estância
E nisto amor se exprime...

735


Tot capita, tot sententiae.


A vida é discordante
E nisto se bendiga
O quanto nos abriga
Ou mesmo nos garante

O mundo num levante
A sorte mais antiga
Enquanto a fúria obriga
O tempo noutro instante,

Diverso caminhar
Dispersa direção,
E os dias moldarão

O mais que pude achar
Num canto em harmonia
Ou nada mais teria...


736


Tarde benefacere nolle est.

Ao demorar deveras
Negando o quanto venha
Matando o que inda tenha
Entregue às rudes feras

E quanto mais temperas
A luta em tal resenha,
A vida busca a senha
Em faces insinceras.

Os olhos no vazio
O tempo onde recrio
O mundo que perdi,

O tanto que queria
E nada poderia
Decerto vir de ti...

737

Crudelius est quam mori semper mortem timere.

Temer a morte traz
A morte em plena vida
E assim já desprovida
Da plena e clara paz,

O passo mais mordaz
Na face em tal ferida
Gerando o que duvida
Do quanto busca e faz,

A senda procurada
A luta desenhada
No nada onde se dera

O prazo sem proveito
O nada onde me deito
E a morte em primavera...

738


Tempus tempora temperat.

O tempo tanto cura
E gera uma esperança
De um dia em tal mudança
E nisto se assegura

O passo em noite escura
A vida em aliança
E a sorte bem mais mansa
Diversa da amargura,

O quanto pude e posso
Viver o quanto é nosso
Depois de tanta luta,

O mundo se anuncia
Em luz e poesia
E o sonho não refruta...


739


Praeteritum tempus umquam revertitur.


O tempo que perdemos
Jamais se recupera
Voltar à primavera?
Os dias são supremos,

Vagando por extremos
A paz, a morte e a fera,
A luta mais sincera
E o quanto; enfim, não temos.

Irreversível tempo,
Aonde em contratempo
Tropeça e nada vê

A vida se arremete
E o quanto não reflete
Expressa o vão cadê...


740


Omnis comparatio odiosa.

O quanto é odiosa
Uma comparação
Moldando em dimensão
A vida em verso e prosa,

A sorte majestosa
Ou mesmo a negação
Marcando os que verão
A luta caprichosa.

Assim se poderia
Gerar uma agonia
Invés de fomentar

E o todo desafina
Da sorte cristalina
Que tanto quis buscar...


741


Ne quid nimis.


O quanto agora sobra
Do que inda pude ver
Gerando algum querer
Aonde se desdobra

A vida se recobra
E traz em desprazer
O todo a se verter,
Porém a vida cobra...

Assim na forma exata
O todo se constata
Gerindo um novo dia

E nesta gestação
A justa dimensão
E tudo o que eu queria...

742


Pacta sunt servanda.

O trato quando é feito
Firmado não se nega
E traz na sorte cega
O todo onde deleito

E bebo o raro pleito
Minha alma não sossega
E vaga e já navega
Num mar imenso, em leito.,

Jamais se quebraria
Palavra em sincronia
Nem mesmo em aliança,

E nisto em tal fiança
O mundo nos traria
O quanto em paz se alcança...

743


Mensura omnium rerum optima.

A vida sem medida
No tempo que não tem
Traduz algum desdém
Da sorte desprovida,

O quanto não se agrida
E mostre o quanto vem
Expressa mal ou bem
A luta resumida,

E tudo se mostrando
Enquanto, como e quando
O tempo mede o passo,

Assim o que viera
Em voz mansa e sincera
Deveras tento e traço...

744


Tempus longum vitiat lapidem.

O tempo leva tudo
E nada restaria
Sequer a fantasia
Aonde em vão me iludo,

E assim quando me mudo
Buscando uma utopia
O vento noutro dia
Deixando o peito mudo

Expressa a dimensão
Da sorte em ilusão
E mesmo do fascínio

Gerando em tal domínio
Um novo amanhecer
Que ainda quero ver...

745


Omnia eveniunt ut sunt humana.


Tudo que se explica
Não cabe em voz diversa
E o tanto desconversa
O quanto se complica

A vida audaz e rica,
Palavra mais perversa
A vida quando versa
E nisto justifica

Por si qualquer milagre
Aonde se consagre
O passo em direção

Ao quanto pude e quero,
Teimando em ser sincero
Nos dias que virão...

746


Quod nimium est, laedit.

Excesso que entedia
E repetindo o canto
Aonde houvesse encanto
A sorte é mais sombria

E vejo noutro dia
O prazo onde garanto
O quanto quero e espanto
Matando esta alegria,

Vencido caminheiro
Na busca por inteiro
Do tempo que não vem,

Assim ao me entregar
Disperso em vão lugar
A sorte traz desdém...



747


Abyssus abyssum invocat.

O abismo que se cria
Gerando novo abismo
E quando assim eu cismo
Moldando a fantasia

Aonde mal podia
Vencer o cataclismo
E tendo o duro sismo
Matando a alegoria,

O ocaso em tarde escura
A vida que tortura
Moldura que entristece

A noite se traduz
Na ausência de uma luz
Tornando dura a messe.


748


Bestia bestiam novit.


Como olhasse num espelho
O mau já se anuncia
E em tal hipocrisia
No nada traz conselho,

E o passo em vago artelho
A morte em agonia
O sonho na utopia
Jamais meto o bedelho,

Vencendo o que vier
Pousando em tom qualquer
Marcando em laço e corte,

Assim caminha o vil
E nele já se viu
A senda amarga em morte...


749

Una hirundo non facit ver.

Uma andorinha apenas
Jamais fez um verão
E vejo na amplidão
O quanto me condenas

Ousando em duras penas
E nesta dimensão
Os olhos não verão
As horas mais amenas…

O rumo se anuncia
E traz na fantasia
O quanto mais pudera

Somente o que se tente
Deveras é frequente
E fria, dura fera...

750


Malis mala succedunt.


Um mal que repercute
No mal que inda virá
Expressa desde já
O quanto se execute,

O passo neste caos
O dia sem proveito
E quando em vão me deito
Encontro em vários graus

O sortilégio imenso
E nele me escorando
Num dia tão infando
Aonde em nada penso,

Apenas vejo o fim
E o vago dentro em mim...


751


Dextra fricat laevam, vultus fricatur ab illis.

A mão lavando a mão
Enquanto em ambas vejo
A sorte de um desejo
Mudando a dimensão,

E o tempo sem ser vão
Promete o quanto almejo
E sei que neste ensejo
Suprema direção,

Lavando assim o rosto
O quanto do proposto
Expressa a realidade,

E o tempo se anuncia
Marcando em fantasia
O todo que me invade...


752


Fallacia alia aliam trudit.

Num ciclo que se vê
A roda onde te atiras
Marcada por mentiras
De um tempo sem por que,

O quanto não se crê
Nas mãos onde retiras
E sabes quanto giras
No passo que prevê

O rumo em discordância
A luta em militância
O canto sem promessa,

Porém um passo em falso
Aumenta outro percalço
E o ciclo recomeça...


753


Alii sementem faciunt; alii metent.

Alguns; semente ao chão
Cuidando com tal zelo
O mundo em atropelo
Traduz a dimensão

E sei que cada grão
Presume o já contê-lo
No canto sem apelo
Na sorte em provisão,

Porém quem mais recebe
O ganho desta sebe
Jamais soube plantar,

A vida movediça
Presume esta injustiça
Como um comum lugar...

754


Uti, non abuti.

Usando com prudência
A vida se permite
Vencer qualquer limite
E nisto há consciência,

E traz farta ciência
Quem tanto já credite
O quanto se acredite
Em ter bela gerência,

Porém o que se traz
Em dia mais mordaz
Não deixa que se veja

Destrói o que inda resta
E gera a mais funesta
Aragem malfazeja...

755



Vanitas vanitatum, omnia vanitas.

Vaidade diz vaidade
E vaidade traz
Num ciclo tão voraz
Que tudo já degrade,

Na ausente liberdade
O mundo ora sem paz
O passo segue atrás
Da rude e dura grade,

E sei que no final
Narcísico caminho
Gestando em tom mesquinho

O verso mais venal,
E sinto a merencória
Razão de tola história...


756

Quae vult rex fieri, sanctae sunt congrua legi.


A lei que se ordenasse
Em déspota cenário
O tempo temereario
A luta num impasse

E o quanto se moldasse
Do vento solitário
E neste itinerário
O nada se expressasse

Do Rei o pensamento
Transforma em ordem quando
O todo se moldando

E nisto quando tento
Vencer o que desnuda
A sorte resta muda.


757

Vas malum non frangitur.


O quanto se mostrasse
A vida em sofrimento
E nisto o quanto tento
Deveras desnudasse

Se vaso ruim não parte
A luta se desenha
Aonde já contenha
O sonho em luz ou arte,

Nas galerias vejo
O olhar de quem se fez
Ainda a insensatez
Destroça um azulejo,

Porém o rude aguenta
A fúria mais sangrenta.


758


Senectus est velut altera pueritia.

Voltando à minha infância
Em pleno frio inverno
E sei do quanto é terno
O passo em mansa estância

E mesmo em tal distância
O manto claro interno
E o canto quando o externo
Sonega a discrepância,

Volvendo a ser quem era
Em pura sincronia
Perdão já se veria

E a sorte mais sincera
Tramando em plenitude
O quanto em paz transmude...

759


Oculis magis habenda fides quam auribus.


Há tanto necessito
Acreditar e busco
Em dia mesmo brusco
O quanto no finito

Caminho se emoldura
E gera em previsão
O tempo e a direção
Na sorte em tal ternura,

Destarte o caminhar
Gestando o que inda possa
Viver além da fossa
Quem sabe no luar?

Porém só quando vejo
Completo o meu desejo.

760


Auribus frequentius quam lingua utere.


Apenas ver e se calar
Ouvir e não dizer
Nem mesmo o que fazer
Ousando desvendar,

A vida a me ensinar
Prevendo amanhecer
E nisto o meu prazer
Expressa o imenso mar,

E nada mais pudera
Vestir a tão sincera
Vontade de mudança

Assim o quanto tenho,
Deveras eu empenho
Na luta onde se avança.


761


Vox populi, vox Dei est.

A voz que predomina,
Embora tanto engane
Deveras traz e empane
A sorte onde ilumina

A vida cristalina
Ou mesmo a rude pane
O corte onde me dane
O prazo marca a sina,

E o canto sem proveito
Aonde em vão me deito,
Em tola maioria,

Humanidade traça
A sorte mais escassa
E nela a hipocrisia...