terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

1

Adormecida estavas quando a sorte
Rondando o leito feito em sonhos vagos
Trazias nos olhares tais afagos
E neles o que tanto nos conforte,

Concretizando além o mesmo norte
E sei do quanto possa em rudes tragos
As horas preconizam ditos magos,
Porém já nada mais vindo comporte,

E o manto se desnuda em lento passo,
E quanta vez eu tento ou mesmo traço
Redemoinhos mostram o caminho

Por onde já cansado desta luta,
A senda mais dorida se permuta
E mostra esse cenário mais daninho.

2

Melodias diversas noite em vão,
O tempo se anuncia de tal forma
Que quantas vezes; toca e nos deforma
Moldando noutro encanto a dimensão,

E sei do quanto possa em viração
Apenas tempestade dita a norma
E o caos entre temores, nos informa
Dos erros costumeiros que virão,

Não pude ou poderia ser aquém
Do tanto que deveras não mais vem,
Deixando no passado uma esperança,

Amortalhado traço em descoberta,
Minha alma sem sentido segue alerta
E ao nada cada instante ora se lança.


3

Já pouco poderia ou não fazer
Deixando a decisão para o futuro,
Mas sei do quanto a vida traz escuro
O coração moldando em desprazer,

Presumo o que tentara conceber
E sei deste cenário onde inseguro
Promessa de outro passo eu não procuro
Tampouco novo dia possa ver,

Vestígios de uma luta sem descanso
E quando na verdade o nada alcanço
Numa expressão sofrida e mesmo atroz,

Depois do que se fez noutro cenário
Seguindo sem destino, ou ao contrário
Iniciando o passo pela foz...

4

Brindando com a sorte que não veio
A luta se expressando sem sucesso
E quantas vezes; tento e recomeço
Seguindo sem sentido ou mesmo alheio,

Depois de cada passo em devaneio
O tempo se anuncia sem progresso,
A sorte quando nela em vão tropeço
Apenas transcendendo ao que rodeio,

Mortificante sonho em rude esfera
A morte noutro passo destempera
E gera outro vazio aonde eu pude,

Marcar com heresia o que não vira,
E as sendas mais temidas da mentira,
Expressam tal temor em amplitude.

5

Vedar qualquer passagem, nada resta
Senão cada momento sem sentido,
E bebo do que jorra em desvalido
Momento sem saber da mera festa,

Negociando o passo a dor se gesta
E merecendo o encontro decidido
No caos onde pudera e sei que lido
Com toda esta verdade mais funesta,

Resumos de outras eras em cadeia
E o tanto quanto veja e mesmo anseia
Expressa a solidão que trago em mim,

Despisto as mais diversas armadilhas
Enquanto noutro passo tu já trilhas
Deixando o que restara para o fim...

6

O canto se transforma em tal loucura
Aonde nada mais se possa ver
Versando sobre o nada, amanhecer
Somente o quanto possa e se procura

Reajo tão somente em noite em tal tortura
Gritando sem sentido o quanto ser
E nada que se creia possa ter
Semente sem saber desta ternura

Distante do que bebo em vaga espera
E quando mais procure a primavera
No intento sem sentido e até tenaz

O pouco que possuo vendo ou prego
Semeio a tempestade e não sossego
Enquanto o quanto quero não desfaz.


7

História tão diversa da que trouxe
A voz de uma pessoa já cansada
E não desenho após o velho nada
E nisto se presume o que era doce,

Vestindo o que inda resta a cada engodo
O mundo se desvenda sem sentido,
E quando dos meus erros todo olvido
Expressa ao fim do sonho o mero lodo,

Esbarro nos fastios e seguindo
O tanto que se veste em solidão
Adentro a mais perfeita indecisão
E brado contra o que sentira agora findo,

Mergulho neste ocaso e não teria
Sequer a menor sombra em alegria.


8


O vértice dos sonhos, pesadelo
E o tempo sem sentido ou provisão.
Do quanto sei que tantos poderão
Vencer o quanto tente e sem tal zelo,

Repare cada incauto onde detê-lo
Marchando contra a velha decisão,
Devendo desde sempre o mesmo não
E nada se desvenda em tolo apelo

Presumo entre o que possa e já não devo
Sabendo do momento e se longevo
Espero após a curva a plena paz,

Mas sei do que se fez e sem proveito
Bebendo cada beijo e não aceito
O que pudesse e nada traz...

9

O homem nascendo livre se escraviza
E gera seus grilhões, frias algemas
E quando na verdade nada temas
Invades esta senda ora imprecisa,

O quanto em liberdade poetiza
E tenta concentrar nas raras gemas,
Mas quando se percebem os problemas
A liberdade some em mansa brisa,

Às vezes temporais ou calmarias
Procelas onde esta alma se aprisiona,
E quanto ela crê pudesse dona

Diversos desenhares – ledos – crias
E tanto que se quis e nada veio,
Apenas rude encanto sem custeio...

10

A luta não cessando presumira
A doce liberdade, mas sangrenta
E quando se anuncia o que atormenta
Apaga a suave e mansa pira,

E um fogaréu intenso se prefira
Ao passo onde esta sorte virulenta
Expressa o que deveras já se tenta,
Atentando ao final em vã mentira,

Restauro os meus caminhos pós a queda
E sei do quanto tanto torpe enreda
A história sem sentido ou mesmo atroz,

A corte dos meus sonhos, num acaso,
E quantas vezes; luto e não me embaso
Na queda que se mostra em todos nós.

11

Da ordem social vejo esta senda
Diversa e dolorosa e até fugaz,
Poente que ao nascente já se faz
Ou mesmo nova trama não desvenda,

Assim a hipocrisia posta à venda
Espelha o que fizeste com a paz,
E o canto noutro engodo mais tenaz,
Expressa o meu caminho em mera lenda,

Atento ao que viria e não terei,
O manto se anuncia e deste rei
Apenas o demônio do poder,

E na ordem da injustiça, velha casta,
Justiça em caridade então se afasta
Nublando algum sensato amanhecer.

12

A vida traça em velhas convenções
Engodos que talvez nada calasse,
Versando sobre engano mostra a face
E nela cada sorte vã; expões.

A sorte não traduz as dimensões
Diversas que este lodo nos mostrasse,
Assim ao mesmo tempo, velho impasse
Criando por si só fartos leões,

Sangrias cada vez mais abundantes
De quem se fez somente e por instantes
A vítima ideal da fina fera,

Lupino desvario toma a sorte
E deixa como rastro o medo e a morte
E mesmo do vazio se apodera.

13

O que já fora base noutras eras
Famílias entre caos e desvarios
E nelas se perdendo cedo os rios,
As sortes desde ali já degeneras,

E sei do quanto possa em tais esferas
Marcando dias turvos e sombrios,
As horas se perdendo em desafios
Nas garras mais ferozes das panteras,

Bebendo esta sangria sem limites,
Ainda quando na alma te permites
Acreditar, num passo incoerente.

A rústica cabana, esta palhoça
A vida em tuas mãos, tudo destroça
E mesmo o que se vê de ti se ausente.


14

Os laços que talvez ainda unissem
Os elos da corrente se rompendo,
E cada passo dita o dividendo
E nele novos rumos se previssem,

Assim ao caminhar entre estas pedras
Às duras penas sigo sem sentido,
E o quanto inda restara agora olvido
E sei que sem mais nada apenas medras,

E medes tais estradas pelos passos
E vejo que jamais te alcançaria
Não fosse este poder da poesia
Em dias tão vorazes, mas escassos,

Depois de tanta luta laços rotos,
Restando para os cães os seus esgotos.

15

Nesta interdependência o vício e o caos,
Assim se preparando o que não traz
Nem mesmo algum momento mais audaz
E mata sem sentir velhos degraus,

Os dias em distantes passos, maus,
Os olhos desta fúria tão tenaz
O quanto se deixara para trás
E os cantos noutros ermos, vários graus.

E sendo bacurau nesta esperança
Noctívago fantoche, garatuja
Ainda que deveras seja suja

Uma alma no vazio não se lança
E alcança qualquer porto, duro ou belo,
E nisto sem defesas me revelo.

16

Após o que pudesse nos unir
A sorte não traria solução
E vejo o que tentara e sei do não
Regendo o quanto tenho em meu porvir,

E nada do que teime em decidir
Desvenda dias tolos que virão
Apenas a temida ingratidão
E dela qualquer tom tenta impedir,

Libertas que também verás o sol,
Beleza se espalhando em arrebol,
Risonhamente a mente traz conciso

O passo que tentara libertário
E agora se guardando em vago armário
Renega ou não demonstra o paraíso.

17

Pudesse ser senhor dos meus anseios
E neles caminhar sem mais temer
O quanto poderia esvaecer
Ou mesmo transmitissem devaneios,

E bebo da ilusão seus fartos seios,
E passo na verdade mesmo a crer
No caso mais diverso do querer
No caos que se presume em tais rodeios,

Vitais momentos rudes, nada mais,
E vejo os olhos puros, em cristais
Daquela que se fez em liberdade,

Porém sem ter deveras consequência
A vida se pendendo em vã demência
O quanto ainda reste já degrade.

18

O amor que possa até trazer na fonte
Poderes tão diversos e temidos,
Assim os dias ermos repartidos
Negando o quanto queira em horizonte

E sei do meu caminho enquanto aponte
O drama em momentos comovidos
E os erros que acumulas – presumidos –
Destroça o quanto pode ser a ponte,

E aprontam-se terríveis heresias
E quando na verdade ainda vias
Retalhos pelos chãos de nossa casa,

A liberdade sangra sem cessar
E dita o quanto possa ou não amar,
E o mundo sem descanso enfim se atrasa.

19


O quanto se comparte em tal poder
Já não mais caberia dentro em mim,
Desvendo o meu caminho e sei do fim,
Marcando o quanto pude em vão sofrer,

Da morte anunciada eu posso ver
Meu canto sem destino em teu jardim
Negando cada passo de onde eu vim,
Mergulho neste tolo esmorecer.

Apresentando as armas, sonho e paz
Ainda que se tente a vida traz
Nas mãos outro sentido, impertinência,

E o verso sem proveito, a sorte apura
E sei da minha estrada sempre escura,
E nela não se vendo consciência...

20

A face consonante deste gado
Marcada a ferro e fogo, trama a fúria
Gerada pela face mais espúria
Do tempo noutro rumo sonegado,

E o preço a se pagar, adivinhado
Expondo cada ser a tal penúria
Mergulho sem sequer saber lamúria
O tanto quanto possa degradado,

Porém buscando além a sorte eu tento
Beber o que viesse em provimento
De quem se fez deveras ânsia e luta,

Mas quando no final nada se vendo
Apenas o momento ora perdendo
Enquanto o dia a dia em vão reluta.

21

Pastores tendo em mãos raro poder
Expressam o que querem nada mais,
E mesmo quando ali cedo notais
A farsa desenhada em vão querer,

Tentando sem sequer mais conceber
Os dias que pudessem magistrais,
As sortes são deveras desiguais,
Mas nada justifica o que irás ver,

Assisto ao mais inglório dos caminhos
E vendo os olhos rudes e mesquinhos
Marcando a ferro e fogo o pensamento,

Teimando sem sentido e sem proveito
Ainda que tentasse; eu não aceito
Servir como alimária em vão provento.

22

Os homens rastejando para os reis
Qual fossem meras farsas e dementes,
Alçando sem sentido tais correntes
Enquanto noutros rumos percorreis,

Vacantes emoções que espelhareis
Deixando para trás os previdentes
Momentos onde os raros sonhos; tentes
Tomando as mais diversas e ermas greis,

Assim no sortilégio de um poder
Sem ser legitimado pelo amor,
A vida se anuncia em tal rancor

E nega ou mesmo deixa apodrecer
Nefasta realidade se anuncia
Matando qualquer sonho ou fantasia.

23

O escravo que deveras já se entrega
Às vis correntes gera noutro escravo
O passo aonde eu vejo e enfim me entravo
Deixando a caminhada dura e cega,

Ainda quando aquém sorte navega
Marcando o que pudera e já não lavo,
O mundo se desenha e nele cavo
A morte sem astúcia numa entrega,

Encontro cada passo sem sentido
E neste desconexo caminhar
A senda que pudesse adivinhar

Deixada para trás traduz o olvido,
E rústico momento em dor e tédio
Procura inutilmente algum remédio...

24

Na origem desta espécie de primata
Descreve-se o poder que em despotismo
Gerasse tão somente o imenso abismo
Que ainda se percebe e se constata

Na face mais audaz e mesmo ingrata
Enquanto noutro rumo, engano, eu cismo,
Bebendo do que possa o pessimismo
Aonde outra esperança não retrata

Somente a hipocrisia gera o fato
E nele o que deveras mal resgato
Impede a claridade que não veio,

Ainda que se queira novo rumo,
Aos poucos sem defesas me consumo
E sigo sem saber em tom alheio.

25


A força por si só não condizendo
Com todo este poder que poderia
Traçar nas mãos de quem a fantasia
Expressa muito além de algum remendo,

E bebo deste infausto já prevendo
O quanto na verdade se faria
Marcando com terror ou alegria
Cenário tão feliz ou mesmo horrendo,

Assisto à derrocada e nada vindo,
O tempo que pudera vejo findo
E singro outro momento em nossa história

Destarte reticente navegante,
Ainda que tentasse e não garante
A senda se anuncia merencória.

26

A força dividindo o quanto possa
A vida sem segredo e sem ventura
E quando neste infausto se assegura
A luta passa a ser somente nossa,

Enquanto a vã batalha nos destroça
Procuro sem sentido uma ternura,
E vejo o quanto possa em vã brandura
E nisto a solidão nega a palhoça

E o bêbado caminho, escravidão,
Tramando cada engano desde então
A ferros nos tratando a cada dia,

Marcando com temor e virulência
Deixando para trás a consequência
Matando o que tentara e não veria.

27

A força que se mostra em raro físico
Não traz qualquer momento que defina
A sorte mais audaz e cristalina,
E nisto o quanto possa mesmo tísico

Vencer este caminho metafísico
E ter em vagas mãos o que fascina,
Porém quando ao vazio se destina
Não tendo noutro rumo o paradísico

Seguindo o que pudesse em privilegio
Dos tantos caminhares mero egrégio
De um pântano feroz em charcos feito,

E quando esta verdade nos transtorna,
A vida que eu buscara bem mais morna
Explode num momento, contrafeito.

28

Ceder à tempestade furiosa
Traduz ledo bom-senso, em claridade
Espero por feliz termo em verdade
Gerando a cada instante em polvorosa

Semeio tais espinhos, leda rosa,
E nela mimetizo o que me agrade
E fira quem desfaz a liberdade,
E nisto a sorte mostra-se jocosa,

Matando com as garras afiadas
As ânsias noutras tantas reveladas
Nas relvas e nos ermos deste engodo,

Apenas apresento o quanto trama
Adentrando o cenário feito em lama
E piso em charco pútrido, vão lodo...

29


A fúria dominante diz dever?
E quando se anuncia em tais vergastas
As horas onde tanto agora afastas
Negando o que pudera conceber,

Expressa o mais temido amanhecer,
As ondas entre rudes noites gastas,
E nelas outras tantas velhas castas
Ascetas que jamais eu pude ver,

Nas setas entre fúrias e terrores
Aonde quer talvez eu mesmo fores
Verás a sincronia desta luta

Aonde que pondera se percebe
Ausente do que possa em rara sebe
E nisto a dor se molda atroz e astuta.

30

A força que gerasse este direito
Sufocando quem pensa e mesmo a nega,
A vida se anuncia e sempre cega
Expressa o que deveras não aceito,

Bebendo deste infausto me deleito
E risco cada barco onde navega
Uma esperança amarga em rude entrega,
E nada mais teria satisfeito,

Porquanto a liberdade seja dura,
Ao menos o pensar livre assegura
Embora nada trace senão isto,

E vendo sem valor imediato
O rústico fantoche hoje retrato,
Porém impertinente eu não desisto.

31

O poder que se transforma num direito
Obediência cega, esse valor
Que tanto quanto possa ou não me opor,
Embora se renegue qualquer pleito,

Assim sendo ou não sendo o meu eleito,
A sorte se moldando desta cor
Apenas sendo assim um refletor
Do tempo mais atroz, em raro efeito,

Ascendo ao mais disperso descaminho
E mesmo quando vejo mais daninho
O mundo se desenha de tal forma,

E quantas vezes; busco, pelo menos,
Momentos mais singelos ou amenos
Enquanto a própria dita nos deforma.

32

Ceder sempre ao mais forte, diz prudência
Embora a vida seja tão diversa
Do quanto poderia e mesmo versa
Marcando com a sorte a imprevidência,

Negar ou conceber tendo ciência
A luta quando a mesma desconversa
E gera noutra senda ora submersa
Mais longe do que possa em providência,

Aprendo ou quantas vezes; mal tentara
Vencer a luta dura e mesmo amara,
Sentindo este bafio em fera exposto,

Depois de tantos anos, solitário
Pudesse crer num tempo solidário
Deixando para trás qualquer desgosto...

33

Os bens que tanto podem nos mover
Ou mesmo transformar a cada instante
Apenas a verdade nos garante,
Enquanto não renegue o amanhecer,

As fontes mais diversas; tento ver
E sigo o quanto possa doravante
Marcando os meus anseios quando encante
O passo desenhado ao bel prazer,

Assim o que viria de minha alma
Intrínseco momento em harmonia,
Em outro caminhar se moldaria

O tanto que deveras não acalma,
Corpórea sensação tríade exposta
Intrínseca ou extrínseca resposta...

34

O quanto de algum ser deveras é
O seu temperamento, força e traz
No olhar ou mesmo um passo mais tenaz
Marcante esta expressão além da fé,

O quanto que algum ser decerto tem
Expressa suas posses e caminhos
Vencendo tais momentos mais daninhos
E nisto novo dia trama alguém,

O quanto que algum ser já representa
Diverso do que fosse ou mesmo tenha,
Marcando com seu passo o que inda venha
Moldar em noite escura e até sedenta,

Nas várias congruências vida afora,
Em tantas expressões, aonde ancora?


35

Sabendo quem se é, possa então moldar
Nestes balões de ensaio o que viria
Gerando muito além da fantasia
O fato de poder ou não trançar

Os passos sobre quanto e quando alçar
Gestando dentro da alma a poesia
Enquanto a realidade em agonia
Matasse tão somente devagar,

O ser ou não feliz deveras muda
E quando se procura a mera ajuda
O prazo em divergência nos renega

A sorte desejada ou tão temida
Marcando cada instante desta vida
Deseja a dita audaz atroz ou cega.

36

O ter é frágil foto e nada mais
Assim como também representando
Um tempo noutro passo desde quando
A sorte novamente trama e esvais,

Expostos aos diversos vendavais
Os dias noutros dias transformando,
O peso se desenha e sei do brando
Agora preparando funerais,

Na calma sem proveito, a sorte vaga
E sei do quanto expresse e sei da maga
Diversidade viva em nossos sonhos,

Por vezes são benditos, salvadores,
E noutras sensações em grises cores
Marcando a velha luz em tons medonhos.


37

A vida se consagra em vária forma
E quando procurasse o inexplicável
O solo com certeza não arável
A luta a cada instante ora me informa

Da senda que pudesse em rara norma
Traçar outro momento inadiável
E o preço a se pagar neste incontável
Caminho aonde o manto se transforma,

Porém se tens o fácil desvendar
A glória não se faz nem se apresenta
Assim o que pudesse aquém tormenta

Jamais me permitia navegar,
Na ausência de valores quem seria
Senão quem tanto quis em fantasia?

38

Saber nos traz na luz de cada instante
A mágica noção da imensidão
E os dias noutros rumos mostrarão
O quanto na verdade não garante,

E bebo do que possa delirante
E vendo a mais diversa imprecisão
Dos passos tão dispersos, sim e não
E nada se pudesse doravante,

Cerzindo o que me traz decerto aqui
E mesmo onde tentasse e mereci
Vencer os mais atrozes dias vagos,

E sei da indagação a cada passo,
E quando o responder se fez escasso,
Não tenho da certeza os seus afagos.

39

O que possa nos mover em pensamento
Traduz beleza rara ou intrigante
E quantas vezes; tente o que garante
Vencer ou mesmo até beber tal vento,

E quando se mostrar discernimento
Do dia que viria ou me adiante
Marcando com temor ou noutro instante
Traçasse o mais audaz sonho onde eu tento

Rever dos meus anseios cada passo,
Matando o que pudesse e quando traço
O rústico cenário diz do vão,

E bebo o que se fez tanto diverso
O belo ao dominar cada universo
Do sábio se mostrasse esta expressão.

40

Quem traz na alma seus mitos pode ver
Beleza sem igual e dela trama
O todo que pudesse sem ser chama
E nisto se aproxima do poder,

A luta se desenha ao bel prazer
E nisto superando qualquer drama,
Vislumbra muito além da mera lama
E bebe o quanto quis já conceber,

Audaciosamente eu vejo o quanto
Do mundo se mostrasse e neste encanto
O caos não mais viria, simplesmente

E assim sabendo a vida em concordância
A sorte se mostrasse a cada instância
E neste raro sonho se apresente...

41

De tantas direções que a vida traça
Durante os descaminhos ou mais certo
O preço se cobrando onde deserto
A luta sem sentido ou já devassa,

A morte em barricada, a cada praça
O tempo indefinido a descoberto
O tanto quanto pude e não me alerto
Vencido pelo engodo que esfumaça,

Ainda que se tenha nova fonte
No prazo determina e desaponte
O verso sem proveito, ao ledo jogo,

E quando se mostrasse algum alento,
Proventos tão diversos alimento
O sonho do que possa enquanto rogo...

42

Veredas que se abriram no passado,
Agora se fechando não permitem
Que tanto quanto veja ou acreditem
Demonstrem cada engano onde me evado,

O preço se pagando, como um gado
Os dias quando longe não admitem
Enganos entre fatos e limitem
Meu canto enquanto fora comungado,

Expresso das veredas o futuro
Sem nexo e sem sustento, e me asseguro
Apenas do que trace novo engodo,

Ao menos entranhando em vero lodo,
O caos se aproxima e não me resta
Sequer imagem lúdica, vil festa...

43

Navego pelos mares mais distantes
E tento ao menos crer felicidade,
Depois de tantos anos, na cidade
Aonde nada mais tentes, garantes

Esqueço o quanto houvera em diamantes
E busco; inutilmente claridade
E sei do que deveras desagrade
Os olhos entre fatos degradantes,

Demônios que alimento a cada engano
E quando no final eu me profano
Bebendo o sortilégio do vazio,

Expresso a direção sem mais reparos
E os olhos sem sentido, seguem claros
E neles o que resta propicio...

44

Atraco meu saveiro em cais atroz
Depois de tantos anos, sem um norte,
Apenas desenhando em mim a morte
E dela se aproximam ledos nós,

Vagando sem saber o quanto após
Tentasse e na verdade não suporte
Deixando para trás o quanto corte
Matando este temor que sei feroz,

Imprevidente passo noite afora,
O mundo sem proveito me devora
E bebo cada gole em farta senda

Apresentando a falsa sensação
Dos dias que deveras moldarão
O quanto pude e a sorte não me atenda...

45

Em tantas partes tento alguma sorte,
Deveras o que resta dita o passo,
E quando no final mero cansaço
Exprime o que jamais tente ou suporte,

A boca se entreabrindo, o vento forte
O tento que pudera e já não traço
Vagando pelo mundo mais escasso
Sonhar não mais diria o que comporte,

Aborte sem proveito o que talvez
Gerasse em novo sonho o quanto fez
Semente sem saber de quaisquer chãos,

Aprendo sem sentir ou mesmo até
Rompendo o que se visse noutra fé
Deixando no passado velhos grãos...


46

Caravanas descendo este deserto
Em tristes rituais, procuro o mar
E sei do que tentasse navegar
No pranto desenhando em peito aberto,

E quando non final já me desperto
E tento novamente o clarear
Das ânsias mais sublimes do luar,
O quanto desenhei não fora perto,

Acendes luminárias, mas deveras
Exposto sem sentido às rudes feras
Chacais entre leões, hienas, rotas

Dispersas na savana da esperança
E quando o meu caminho ao não se lança
E fosses; vis daninhas sempre brotas...

47

Melancólicas noites sem sentido
O prazo determina o fim do sonho
E quando a cada instante decomponho
O preço a se cobrar, jamais olvido,

Bebendo em tua boca o presumido
Cenário tantas vezes mais medonho,
O rústico caminho onde proponho
O lento desejar; já dilapido.

Cansado de lutar inutilmente
Vencido aonde possa ter no olhar
A sorte que se quis sempre premente

Vestígios de um passado a nos rondar,
E a vida sem sentido se apresente
Marcando que eu pudesse desejar...

48

Bêbados dos sonhos que não víssemos
Ainda que se mostre no futuro
Além do passo amargo eu asseguro
O quanto na verdade não sentíssemos,

E mesmo que outro som ainda ouvíssemos
Em meio ao caminhar atroz e escuro,
O passo se presume além do muro
Enquanto tantos medos não prevíssemos

Repare cada estrela e veja bem
O quanto do passado ali contém
E marque noutro anseio a liberdade,

A sorte se desdenha e nada traz,
Se o coração não fosse mais audaz
Somente o que inda possa desagrade...

49

Os párias entre os ermos desta rua
Vagando sem sentido noite afora,
A lua que deveras nos decora
A sorte sem saber de nada autua

E banca com temor e continua
Enquanto a solidão teima e devora
O passo sem proveito desancora
E a morte noutro engano se cultua.

Esqueço dos meus dias e mergulho
Vestindo em tal sangria em pedregulho
O olhar que na inclemência se fez farto,

Um ébrio caminheiro em noite escusa,
O quanto cada passo se entrecruza
Sonega o que pudesse ser um parto...

50

Olhando já cansado
O tempo se anuncia
E bebo a fantasia
Enquanto o nada invado,

E tramo neste enfado
A sorte mesmo fria
E vejo esta agonia
Em rústico pecado,

Apresentando a conta
A vida não desconta
E marca em tom atroz,

O quanto se quisera
Vencer a mesma esfera
E ter diversa voz...

51

Não beba desta sorte
Diversa e dolorida
Assim a própria vida
De fato não comporte,

E vendo o vento norte
E vendo esta ferida
A luta preferida
Desenha a chaga e o corte,

Expressa solidão
E os dias não verão
Sequer outro momento,

Embora sem remédio
Adentrando este tédio
O sonho eu alimento...

52

Má gente que buscando
A sorte noutro passo
Disfarça o seu cansaço
Num dia ameno e brando,

Ainda em contrabando
O tempo mais escasso
O dia que desfaço
O mundo se moldando,

Vestindo a inglória senda
E nada mais desvenda
Sequer o quanto eu quis,

Vagando em redondilha
A vida traça e trilha
Os sonhos do infeliz...


53

Empestando esta terra
Diversa da que um dia
Pudesse e até faria
Na sorte que me encerra,

Vestindo em plena guerra
A fonte em agonia,
O quanto ludibria
A luta onde desterra,

O passo sem proveito
Enquanto o nada aceito
Esbarro nos meus erros,

E sinto além dos cerros
O pouco que virá
E o mudo desde já...

54

O quanto houvesse visto
Do tempo de partida
Marcando a minha vida
E nisto tanto insisto,

Bebendo e não resisto
A luta prevenida
A morte consumida
No sonho onde imprevisto

Escalo tal montanha
E quantas vezes ganha
A morte sem saber

O medo se transforma
E ronda a velha forma
Do pranto e do prazer...

55

Laboram sobre o solo
E vergam a esperança
E quando mais amansa
O tempo não consolo,

Vislumbro cada dolo
E sei desta aliança
A vida traz a lança
E nega qualquer colo,

Apenas tais vestígios
Do mundo onde em litígios
Bebesse a solidão,

O tempo sem ter tempo
Negando o passatempo
Meus olhos não virão...

56


Os palmos já medidos
Das ânsias e temores
E quando além tu fores,
Os erros repartidos,

Assim velhos sentidos
Gestando os meus andores
Marcando os tais tumores
Em dias repetidos,

Esqueço o quanto pude
E vendo o vento rude
Bebendo a minha sina,

A luta determina
O fim do que pudesse
Sem medo regra ou prece...

57


Chegasse ao sitio aonde
O muno desenhasse
Além do velho impasse
O quanto corresponde

E nada mais se esconde
Aonde o desejasse,
Marcante a velha face
E nela o que responde,

Vestindo a fantasia
Do tanto que queria
E nada mais se visse,

Amar sem ter segredos
Em dias mesmo ledos,
Jamais será tolice...

58


Pergunta sem resposta
A vida não suporta,
E vendo a velha porta
Ainda aquém exposta,

O quanto se desgosta
E mesmo se comporta
Navego em luta e aborta
A sorte decomposta,

Encontro o mais sereno
No passo onde enveneno
Bebendo em farto gole,

O mundo sem razão
Os dias moldarão
O quanto em dor assole...

59

Cavalgo muito além
Tropéis de uma ilusão
Sabendo a sensação
Que tanto não convém

Procuro por alguém
Algemo a solidão
E bebo desde então
O tempo sem desdém,

Aprendo ou mesmo tento
Sentir o pensamento
Pesando sobre mim,

Vencido cavaleiro
Do mundo o mensageiro
Do início até o fim.

60

O velho sentimento
Do tempo sem valia
A vasta fantasia
Aonde o nada invento,

Pudesse noutro intento
Beber esta alegria
Que tanto nos faria
Entregue ao raro vento,

E vejo do meu mundo
O senso onde aprofundo
O passo em inconstância

Depois de certo prazo,
O dia onde me atraso
Gerasse a velha estância...

61

O quanto se conhece
A mula pelo passo,
O tempo pelo escasso
Cenário sem a messe,

Vencida esta quermesse
O tanto quanto traço
Deveras já desfaço
E bebo o que merece

A sorte sem sentir
O mundo sem porvir
O quanto se consagre

Ao termo que se quis
E sendo este infeliz
Meu vinho, o seu vinagre...

62

Nos dias quando há festa
A boca não sacia
E bebe a poesia
E nela já se empresta,

Vagando o que me resta
De pouca alegoria
Vencida fantasia
Adentra em cada fresta,

Não pude e nem se quer
Saber o que sequer
Seria o quanto venha,

A luta sem descanso
O passo enquanto avanço
Negando o que inda tenha...

63

O vinho onde se brinda
O tempo sem sentido
O quanto revolvido
Caminho não se finda,

A noite sendo ainda
O verso onde me olvido
Do tanto resumido
E nada se deslinda,

Semente sem proveito
O quanto aquém aceito
E verto em plenitude,

Meu manto em tal discórdia
A luta sem concórdia
A vida desilude...

64

Esta água refrescante
Neste calor atroz
Ainda mais feroz
O tempo se garante,

E sei deste escaldante
Cenário aonde algoz
A vida nega a voz
E marca doravante

Potencialmente sigo
O prazo aonde abrigo
Se fez uma aventura,

A porta já lacrada
A noite anunciada
A luta se assegura...

65

As gentes que se trazem
Em dias consonantes
E nisto se garantes
Os tempos não desfazem,

Os olhos que se aprazem
Dos sonhos delirantes
E sei dos diamantes
Que as sortes não comprazem,

Um gole de aguardente
O canto não se sente
Nem mesmo se pudera

Trazer com plenitude
O quanto nada mude
E gere a velha fera.

66

Um dia como tantos
Os outros que passamos
Sem erros ermos ramos,
E sem teus desencantos

Verdade dita prantos
E sei que sem vãos amos
Os olhos que clamamos
Seriam tais encantos,

Vestindo a sorte plena
A vida não condena
E segue sem descanso,

Mas quando se presume
A vida sem perfume
Apenas vago, alcanço...

67


Descansa sob a terra
A luta sem desvios
E sei dos vãos sombrios
Gerados pela guerra

Meu passo ali se encerra
E marca os velhos rios
Antigos desafios
Marcando cada serra,

No prazo que repleta
A vida de um poeta
Mergulha no non sense

E sei que sem sentido
O tempo dilapido
E nada me convence...


68

A tarde fria e quieta
Sem sol e sem virtude
Ainda desilude
E nada mais completa,

Pudesse ser poeta
Ou mesmo em atitude
Manter a juventude
Antiga e rude meta,

Apenas o que vejo
Trazendo sem desejo
O rumo sem proveito,

Depois de cada engano
Aos poucos se me dano,
Sozinho então, eu deito.


69


Sonhos colegiais
De tempos que se vão
Os olhos sem razão
Momentos desiguais

Em versos tão banais
Os templos da emoção
Depois da solidão
Cenários mais venais,

Versando sobre o fato
Aonde o que constato
Retrato em rude cena,

Vestindo o que pudesse
A sorte nega a prece
A pressa me condena...

70

Tanta monotonia
Regendo o passo aquém
Do quanto não mais vem
Nem mesmo se recria,

Bebendo a fantasia
Vestígios de outro bem,
Negando ser alguém
A luta não viria,

Expresso o quanto possa
Na sorte que foi nossa
E agora se perdera,

Assim ao refazer
Caminho sem prazer
Pavio esquece a cera...

71

Trazendo estes cristais
Em neve frio e gelo,
A vida sem tal zelo
Dos dias desiguais

Pudesse em magistrais
Caminhos sem desvelo,
Amor quando eu contê-lo
Tentasse sempre mais,

Escuto a voz do vento
E bebo o pensamento
E tento outro cenário,

Mas sei que quando invento
O tempo temerário
Traduz ser solitário...


72

A vida num cartel
O tempo sem juízo
O passo que preciso
Perdendo o velho céu,

O rumo em carrossel,
O manto em prejuízo
E quando me matizo
Meu canto é mais cruel.

Venal e prepotente
Aonde se contente
O risco sem afeto,

Pergunto e nada ouvindo
Meu mundo agora é findo
Ausente não completo.


73

O sonho fugitivo
Ditame de uma vida
Há tanto dolorida
Num ermo mais cativo,

E quando enfim me privo
Da luta mais sofrida
A sorte dividida
A tempo eu sobrevivo,

Vestindo esta quimera
A boca sempre espera
Tocaia que não veio,

Servindo de repasto
Ao quanto em vão me afasto
Semeio este receio...


74


A mancha carmesim
A roupa já guardada
A sorte anunciada
Distando ora de mim,

Mas trago e sei enfim
Da bela madrugada
E tanto fora em nada
O quanto sigo ao fim.

Regendo cada passo
Somente o que inda traço
Fagulha de esperança,

A vida sem proveito
O tempo aonde aceito
O corte que se lança...

75

O canto mais sonoro
O verso sem temor,
A vida num amor
Ainda mais canoro,

E o quanto disto em foro
Diverso e redentor
Do jeito como for
Caminho a ti decoro,

E bebo o privilégio
De um mundo mais régio
Restando dentro da alma,

Assim depois de tudo,
O mundo ora transmudo
E a senda assim me acalma...

76


Um mestre este ancião
Que sabe bem da vida
Deveras repartida
Em ermos que verão

No caos ou mesmo em vão
A luta presumida
Restando o que duvida
Divida a direção,

Esbarro no vazio
E tento ou mais recrio
O dia em guerra ou paz,

O preço a se pagar
O tempo a me afastar
Do quanto amor me traz...

77

O quanto é mal vestido
O sonho em fantasia
E assim não me traria
Amor que ora lapido,

Evento presumido
Na senda em heresia
E sem a sintonia
O corte corroído,

O preço a se mostrar
A noite a destroçar
O pranto se recolha,

Ainda neste outono
Do quanto me abandono
Na brônzea e leda folha...

78

Um livro em suas mãos
Os olhos no horizonte
E quando já desponte
Os termos noutros vãos,

Renego velhos grãos
E tento qualquer fonte
Sem nada que me aponte
Os dias, meus irmãos,

Reparo cada passo
E sei do quanto escasso
O verso acinzentado,

O mundo em tal matiz
Deveras já não quis,
Porém jamais me evado...

79

Lições de aprendizagem
Diversa e dolorida,
A sorte resumida
A vida em tal aragem,

Vestindo tal paisagem
E nela esta descida
Enquanto não regrida
Ao passo em tal miragem,

Mirabolante sonho
E nele decomponho
O todo sem valia,

Do quanto poderia
Ou mesmo outro bisonho
Escavo a poesia...

80

Centenas de milhares
Enganos costumeiros
E sei dos meus canteiros
E neles teus altares

E quando cultivares
Os olhos derradeiros
Profanos, doces cheiros
Certezas ao domares,

Escuto o que traria
A noite em alegria
Na lua mais completa,

Porém mero cometa
Ao quanto me arremeta
Transforma a luz em seta...

81

Na pardacenta tarde
O todo se perdendo
Meu passo mais horrendo
E nele nada aguarde

Somente o que retarde
O dia que desvendo
O tempo onde bebendo
A luta não resguarde,

E quanto pude além
O verso não contém
Sequer algum acorde,

Domínios mais diversos
Os passos são dispersos
E nada aquém recorde...

82

A cada novo inverno
A vida se hibernando
Depois já desenhando
Em ar sobejo e terno,

O quanto assim externo
Sabendo desde quando
Meu mundo se traçando
Num templo audaz e interno,

Esqueço cada engodo
E deixo aquém o lodo
Vestindo a fantasia

De quem primaveril
Jamais pudera ou viu
A luz que mais queria...

83

Ao meditar, absorto
Pensando no passado
No tempo desenhado
Em velho e torpe porto,

Meu canto como aborto
O verso onde me evado
O sonho ora cevado,
O canto agora morto,

E moribundo ser
Seguindo ao bel prazer
Num séquito demente,

A luta se anuncia
Sem ter alegoria
Apenas chega e mente...

84


Devaneando sigo
Vencido pela sorte
Que trace cada corte
E nele o desabrigo,

Invisto e não consigo
Sequer quem me suporte
Marcando este árduo norte
Às margens do perigo,

O preço a se pagar
No prelo embolorar
Sentido sem razão

O verso quase espúrio
O tanto sem murmúrio
Ausente salvação...


85

Medidas do fastio
Irônica verdade
Que tanto desagrade
Enquanto a desafio,

O tempo sempre frio
Ausente claridade
Cadê felicidade?
Perdida em ledo rio?

Ascendo ao que pudesse
Trazer a rara messe
Talvez nalgum sorriso,

Mas sinto o meu destino
Em meio ao desatino
E nada mais preciso.


86


Tristeza tão somente
O quanto me restara
Aqui nesta seara
Marcada plenamente

E ainda que se tente
Vencer a velha e amara
Verdade que escancara
E nisto sou poente,

Penando sem porvir
O tempo que há de vir
Sonega alguma luz

E quanto necessito
O canto mais aflito
Ao nada me conduz...

87

Chegando aos meus ouvidos
A voz de quem se fez
Em plena estupidez,
Momentos revolvidos,

Deixando repartidos
Os olhos onde vês
O quanto não mais crês
Em passos divididos

Ocasos entre noites
Marcadas por açoites
Vergastas da esperança

Procuro um raro sonho
E quando o decomponho
O fim em mim avança...

88

Janelas onde um dia
Um pássaro aportara
Agora esta seara
Aos poucos se perdia,

Presumo o que traria
A voz de quem prepara
A sorte bem mais clara,
Ou mera fantasia,

No preço a se pagar
Na ausência de luar
No medo mais constante,

E sei do quanto é rude
Meu canto não me ilude
E nada mais garante...


89


Nas noites de verão
Calores e temores
Aonde quer e fores
Teus olhos não verão

Sequer a precisão
Dos dias em rancores
E bebo destas cores
Olores da emoção,

Arcaico e velho engano
Aonde me profano
E dano cada passo,

Vestido de palhaço
O mundo segue escasso
Enquanto em vão me dano...


90

Ao planar de cada folha
Ao vento se entregando
O tanto quanto é brando
O mar que nos recolha,

A vida sem a bolha
Negasse desde quando
O corte nos rondando
A morte não escolha,

E sei do que tentasse
Mercando cada impasse
No palco em discordância,

Vestindo este fantoche
A vida já deboche
E marque esta distância...

91


Quebrado pelo sonho
Enquanto quis o todo,
A vida sem denodo
O passo decomponho,

Do condor eu proponho
Além de sem engodo
Vencer o mar e o lodo
Num dia mais risonho,

Seguindo cada trilha
Aonde a sorte brilha
E molde novo rumo,

Bebendo inteiro o sumo,
Diversa maravilha
Em ti, o amor resumo...

92


As músicas serenas
Tocadas pelo vento
Querendo ou não invento
O quanto me condenas,

Servindo em noites plenas
As sortes num alento
Tramando o pensamento
E nele tanto acenas,

Restauro os passos quantas
Verdades que acalantas
Marcantes emoções

Somando cada passo,
O mundo agora eu traço
Enquanto o canto expões...


93

Amor diversa chama
Incendiando o peito
De quem se fez e aceito
Vencido a cada drama,

No quanto o tanto clama
E bebo de tal jeito
Amor tão satisfeito
Vestindo o quanto trama,

Bebendo sem temor
As tramas deste amor
Nas teias da esperança

Assim sem medo ou quase
A vida já se embase
Na sorte onde me lança.

94

A mão mais ansiosa
Procura um cais em ti
Depois do que vivi,
A sorte busca a rosa,

Mulher que majestosa
Encontro ou já perdi,
Acendo o que embebi
Na luta caprichosa,

Forrando o dia a dia
Enquanto se queria
Querências mais diversas

Marcando o que se possa
Na vida sempre nossa
Aonde em paz tu versas...

95


Nesta vibrante corda
Viola em serenata
Ousando me arrebata
Amar quem quero acorda,

E vejo o quanto aborda
A noite que insensata
Tramando sem bravata
O amor que se recorda,

Rebordas entre tantas
E nelas tu garantas
As sortes mais audazes,

E quantas vezes busco
Sabendo o mundo brusco
O encanto que inda trazes.


96

Suspiros entre sonhos,
Mergulhos na esperança
E quanto mais se dança
Em dias tão risonhos,

Outrora em enfadonhos
Caminhos leda lança
A morte em tal fiança
Os medos mais bisonhos,

Refaço cada verso
Pensando no universo
Diverso de teu braço

E o passo segue além
Enquanto já contém
Amor que quero e traço.


97


Estrelas tão distantes
Olhares sem segredo,
O quanto me concedo
E logo ora adiantes

Presumem tão brilhantes
Os dias sem degredo
E sei que desde cedo
Os sonhos me garantes,

Depois de tanto engano
A vida não mais dano
E bebo em goles raros,

Somente esta ventura
Que amor tanto assegura,
Teus olhos belos, claros...

98


Em passos largos, segue
A vida sem sentir
O quanto do porvir
Pudesse e em vão consegue,

Ainda que navegue
O mar faz resumir
O tempo de seguir
E nada mais sonegue,

Apenas se veria
A luz em sintonia
O verso em tom suave,

Depois de tantos falsos
Os olhos cadafalsos
Aonde amor se agrave...


99


Ao meu quarto chegando
Em dura fantasia
O quanto não veria
Sequer em contrabando

A morte em tom infando
O passo serviria
Apenas de ironia
No todo desvairando,

O corte sem sentido
O verso resumido
Na podre e vã carcaça.

Caçado pelo infausto
Um ser que em holocausto
Do nada o nada traça...

100


Recolho os meus farrapos
E sigo em tal caterva,
A sorte sendo a serva
Exposta nestes trapos,

Aonde se presume
O fim e nada mais,
Os meus restos mortais
Expressam tal ardume,

Vestindo em senda rude,
A morte se aproxima
E molda este atroz clima
Enquanto desilude,

Vestígios do que fui?
Castelo na alma rui...

101

Ao veres o que fomos
Também nada verias
Sequer as fantasias
Dos dias velhos gomos,

E sei que quando somos
Ocaso em vis sombrias
Verdades e agonias
Dispersos, velhos tomos,

E o bêbado caminha
Enquanto a mais daninha
E pútrida verdade

Apetecendo ao sonho
Cruel vago e medonho
Que tanto me degrade.

102


Orgânica loucura
Já não me deixa mais
Seguir em dias tais
A sorte que assegura,

Na tétrica figura
Esboços abissais
E sempre que me trais
Apenas desventura...

Mergulho neste caos
Em vagos dias maus
Esbarro no nefasto

Cenário nauseabundo
E quanto mais me inundo
Da vida enfim me afasto.

103


Ardências entre dores
A morte se anuncia
E bebo a alegoria
E nela sem te opores

Vagando em tais olores
Mergulha a hipocrisia
E trama em agonia
Diversos dissabores,

Estúpido poeta
Filosofando a vida
Há tanto já perdida

E nada mais pudera
Entregue à velha fera
E a sorte se deleta...

104

Ígneo caminhar dita
A sorte em desvario
E quando a desafio
Percebo-a mais maldita,

A luta se transmita
A cada novo fio
E quanto mais sombrio
Meu verso ora me excita,

Bebendo a podridão
Esgotos mostrarão
Apenas o que resta

Da fúnebre verdade
E nisto se degrade
A vida em rara festa...

105

Paredes entre ocasos
Nesta brumosa tarde
Aonde o que me aguarde
Vencendo turvos prazos,

E vejo em tais atrasos
O tanto que retarde
O passo sem alarde
Sangrando em vários vasos,

A manta consagrada
A luta desenhada
E o nada mais constante,

Destrói-se tal segredo
E quanto mais concedo
O fim já se garante.

106

Um molho feito em mangue
E o corte aprofundado
No tempo desenhado
O corpo segue exangue,

Augúrios mais diversos
E neles outros tantos
Os olhos, desencantos,
Ausentes belos versos

Num beco sem saída
Num antro onde me escondo
O mundo se repondo
A porta destruída,

Bulindo em desencanto
A morte é o que garanto...

107

Erguendo-me a tremer
Matando uma esperança
E quanto mais avança
A morte eu posso ver,

Bebendo o apodrecer
Da vida outrora mansa,
Marcante confiança
Jamais eu pude crer,

Esbarro no vazio
E sei do quanto crio
Do nada que me deste,

A sombra mais dorida
Do quanto me invalida
A sorte feita em peste.

108

Olhando para o teto
Reflexos do demônio
E sei da alma em mecônio
Meu velho desafeto,

E quando me repleto
Do vasto pandemônio
Tomado pelo hormônio
Gerado em desafeto,

Arcádico momento
E dele me arrebento
No infarto que não quis,

Imerso neste vago
Cenário que ora trago
Cerzindo em cicatriz...

109


Circulo contra a fúria
De quem se fez audaz,
A sorte até tenaz
Traduz a velha incúria

E sei do quanto espúria
A tez leda e mordaz
O quanto não se faz
Matando em rara injúria,

A chaga prometida
Além desta ferida,
Cautérios não resolvem,

E os passos sem proveito
No quanto me deleito
Os dias se dissolvem...

110

Minha alma concentrada
Nas lutas mais venais
E quando tu me trais
A sorte dita o nada,

A paz embolorada
Ardumes em cristais,
Os olhos magistrais
A morte anunciada.

Bebesse cada gota
Da vida mesmo rota
Na rota que previsse,

Além desta tolice
Tolhendo toda luz
E nela não me opus.


111

Eviscerado rumo
De quem buscara a paz,
E tanto quanto faz
Ou mesmo me consumo,

Vestindo em ledo prumo
O canto pertinaz
Vestígio contumaz
E nada mais assumo,

Errático cometa
A vida me arremeta
Contra as diversas rocas,

E sei do prazo findo
E quando me deslindo
Tempestas tu provocas...

112

Imperceptivelmente
O tanto já se fez
Em rara estupidez
E assim decerto mente,

O nada se apresente
E mostre a insensatez
Do mundo em cupidez
Pousando em leda mente,

Descrédito total,
O verso mais banal
O canto em tom diverso,

Querendo ou não, perdido,
Do pouco que lapido
Num ato eu desconverso.

113


Harmônica loucura
Domando cada passo
E quanto mais desfaço
A sorte me procura,

E bebo a desventura
Em velho e vão cansaço
Bebendo em descompasso
A noite sempre escura,

Emoldurando o fato
E nada mais retrato
Senão a minha morte,

Vestígios de uma espera
Marcando quem me dera
Um dia que conforte...

114

Um monstro em face escusa
Amante do vazio
Andando no sombrio
Cenário onde se cruza

A porta não abusa
E o medo dita o frio,
E quanto em desvario
Traduz a alma reclusa,

Vestindo tão somente
O quanto mesmo tente
Ou nada em paz se veja,

Entrego-me de fato
E vejo e assim constato
Cabeça em tal bandeja...

115

Na gênese do engano
A fúria sem sentido,
O beijo resumido
Na parte onde me dano,

Aparte que profano
Ou verso onde me olvido
Do todo presumido
E nada sinto humano,

O corte nesta artéria
A vida diz miséria
E vejo em senda fria

Apenas o que quis
E sendo este infeliz
A luta não se adia...


116


Infante sensação
Já não me traz a sorte
E bebo a rara morte
E nela outro verão,

Ainda não virão
E nada me conforte
Ainda que suporte
As armas noutro chão,

Encontro o que se fez
E nesta insensatez
Narcísica verdade

O prazo determina
O quanto em voz ladina
A vida nos degrade


117

Esta influência dita
A vida sem fluência
E sei da consistência
De uma alma mais aflita

E sendo ora maldita
Em vária negligência
Aporta-se a ciência
E nada mais permita

Vencendo os meus anseios
A vida em tantos veios
Pudesse desvendar,

Caminhos divergentes
E mesmo quando tentes
Enfrento o ledo mar...



118

Uma ânsia sem sentido
O mundo não traria
Além desta agonia
Aonde em paz lapido

O dia desprovido
Da vaga fantasia
Gerando esta harmonia
Em sonho resumido,

Vestindo a fonte em dor
E nisso o dissabor
Transcende o quanto pude,

Depois de tanto tempo
Apenas contratempo
Num dia amargo e rude...

119

Cardíaco temor
De quem se fez além
E o tanto quanto vem
Expressa o desamor,

Marcando com amor
Aonde houve desdém,
A morte sempre tem
Dos sonhos, refletor,

Vestindo a sorte aonde
O tempo agora esconde
O mundo sem tormento,

Depois de cada engano
O dia dita o dano
E em vão nada alimento.


120

Não tive outro caminho
Nem mesmo inda quisera
Vencendo a torpe fera
Em clima mais daninho,

Repare o ser sozinho
E mate a primavera,
Negando esta quimera,
Gerando após espinho,

O verso se presume
E nada em vão perfume
Permite a sorte em paz,

Do quanto pude ou não
Bebendo a ingratidão
Somente o nada traz.

121

Predominantemente
A vida não marcasse
Além do velho impasse
O quanto traz em mente,

E vejo, de repente
O mundo onde se trace
Vencendo o que moldasse
Na luta mais premente.

Somando o quanto queira
Na sorte derradeira
E nada mais se vendo,

Apenas o que possa
Traçar e sei da fossa
Aonde eu vivo; horrendo.


122

Meu canto sem sentido
O prazo determina
A vida que me ensina
O tanto resumido,

No caos onde duvido
Da pouca ou rara mina,
E quando é cega a sina
E nela vou perdido,

Cansado desta sorte
Trazendo o que comporte
E nada mais se vendo,

O prazo se espreitando
A nisto desde quando
A vida diz remendo.

123

Ruínas tão diversas
E gera noutro passo
Marcando o rumo escasso
E nele não dispersas

E quando sempre versas
Medonho e vão espaço
Enquanto agora traço
Aonde desconversas

Negando o dia a dia
E nada mais teria
Senão este caminho,

Bebendo o que restara
Depois nesta seara
Seguindo mais sozinho.

124

A paz já não se faz
E nada se apresente
Do quanto impertinente
A luta é mais mordaz,

Pudesse ser audaz
E nada me contente
Apenas o que atente
E meça em tom tenaz,

Vestindo o mesmo enfado
Aonde eu sigo e evado,
Do fado mais ferrenho,

Tentando novo dia
E nele enfim teria
O quanto em luz convenho.

125

Negar o meu cenário
E ter sequer o quanto
Deixara em qualquer canto
Do vago itinerário,

Amor este operário
Marcando o desencanto
E quando me garanto
Somente sou corsário,

Esbarro nos meus erros
E sei dos tais desterros
Vencendo o caos em mim,

E bebo tão somente
O passo imprevidente
Tocado pelo fim.

126


Bisonhamente a vida
Expressa o que não veio
E sei do passo alheio
Na sorte desprovida

Do quanto dilapida
E marca em devaneio,
E sinto o que rodeio
Na luta esvaecida,

Escalo esta montanha
Aponto e nada ganha
Senão a morte e o fim,

Vibrando em consonância
A vida em abundância
Sonega enquanto eu vim.

127



Blindagem da esperança
Em tolo desafio,
E o quanto em poderio
O passo não alcança

A sorte sendo mansa,
O medo por um fio,
Concreto em desvario,
E a morte em frente à lança

Vestígios de uma luta
Já tanto se reluta
E bebo sem sentir

O prazo determina
O fim da velha sina
E nada no porvir.

128

Negar cada momento
E ter a presunção
Dos tempos noutro não
E quanto me atormento...

Bebendo em raro vento
Ou mesmo outros virão
Na sórdida impressão
Do dia em desalento,

Não canto, nem tentara
Vencer a sorte amara
Amarras em vão cais

Dos tantos que inda queira
Minha alma sorrateira
Domina cães venais.

129

Um tempo sem proveito
O verso sem sentido,
Ainda se lapido
O mundo onde me deito,

Caminho que ora aceito,
Há tanto resumido
No canto presumido
E nele me deleito,

Vestindo esta mortalha
A sorte não se espalha
E gera o mesmo nada,

Depois da senda exposta
A vida decomposta
A carne destroçada...

130

Gerando após o medo
O tanto que se fez
Na velha insensatez
No canto onde concedo,

A vida em desenredo
E nela já não vês
O quanto a cada vez
Pudesse bem mais cedo,

Sedento em vária luz
Bebendo o que produz
Somente em fel e tédio,

Do quanto que se quis
Apenas infeliz
Vagando em ledo assédio...

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