TAOÍSMO
1
O que se pode ver deveras não seria
O quanto se pretende conhecer
Assim ao traduzir o quanto ser
Decerto noutro ponto desfaria
E disto se mostrando alegoria,
Enquanto na verdade no não ser
A essência se traduz e posso ver,
Realidade enquanto se queria,
Porém na mesma fonte as duas faces
Traduzem o que possa enquanto traces
Diversos caminhares num só ponto
Num ser uma aparência tão somente,
Embora no não-ser mais plenamente
O quanto se deseja e mesmo aponto.
2
No complemento feito onde se vê
As faces quando opostas delimitam
As tramas que deveras nos permitam
Saber de todo passo o seu por que,
Destarte o que possa então se crê
Presume o quanto os rumos exercitam
Diversa claridade enquanto fitam
E nisto se responde algum cadê.
O manto se mostrando de dois lados,
Antagonismos ditam passo a passo,
O quanto na verdade tento e traço,
Em atos nunca alheios pré-moldados,
Mudando a direção a cada instante
O todo que se busca enfim garante.
3
Uma obra que se finda e se propaga
Perdendo algum caminho onde pudera
Refeita em nova senda, primavera
Deixando para trás a sorte vaga,
Expressa eternidade como a vaga
Que em mares transformando a rara esfera
E nisto noutro ponto regenera
E assim nova visão deveras traga,
Num ato concernente ao que se quis,
Vencendo cada ocaso ou céu mais gris,
O sábio não expressa em tom finito,
O quanto poderia ter além
Sabendo quanta vida ainda vem,
E nisto se permite onde acredito.
4
Ao impedir desejos mais atrozes
Não deixa o sofrimento se alastrar
O quanto se pudesse em vão lutar
Traduz momentos rudes e ferozes,
Assim nas mais diversas rudes vozes
A luta se tramando em tom vulgar,
Matando o que tentasse desvendar,
Negando em comum passo, mesmas fozes,
Em dissonantes tramas se perdendo
O quanto poderia em dividendo
Apenas um remendo e nada mais,
Aonde se fizesse em calmaria
A noite se transforma e mostraria
Apenas os diversos vendavais.
5
Que possa no vazio, tão somente
Inesgotável passo sem limite
E quantas vezes; mesmo, se permite
Jogando neste solo tal semente
E quando a sorte imensa se apresente
E nisto o que deveras acredite
Suavizando o passo que exercite
Além do que se fez mais inclemente,
Assim ao perceber a magnitude
E nisto uma aspereza enquanto pude
Vencer a mais diversa confusão,
E desta forma vejo em esplendor
O quanto eternamente em tal louvor
Anterior aos deuses, plena ação.
6
O quanto se traduz não conhecendo
Quem fora mais prolixo e na verdade
Supera o sentimento quando evade
Deixando para trás qualquer remendo,
E assim o quanto possa se prevendo
Gerando no vazio a intensidade
E dela se presume a eternidade
Aos poucos dia a dia me envolvendo,
O sábio nada sabe, mas procura
Em noite tantas vezes mais escura
Qualquer clarão que mesmo além o guia
E neste caminhar jamais se impeça
A vida muito além de uma promessa
Ou mesmo de uma inútil fantasia.
7
A feminina face diz do quanto
Misteriosamente a vida traça
E sei da sensação que segue escassa
No hermético cenário em raro encanto,
E sei do que se possa e neste tanto,
A luta quando expressa em tal fumaça
No vigoroso passo onde se faça
O mundo mais além de algum quebranto.
A raiz do universo se apresenta
Na face mais sutil desta tormenta
E alimentando em luz o que viria,
Versando sobre o tempo em tanta luz,
Ao quanto na verdade nos conduz,
Trazendo muita paz em alegria.
8
A Terra que traduz a eternidade
Não cobra e nem presume outro momento
E neste caminhar o seu provento
Deveras sem anseio, não se evade,
O Céu em sua imensa claridade,
Expressa o que decerto eu busco e tento
Vencendo o quanto possa em força e vento
Trazendo com firmeza a liberdade,
Assim o não cobrar e ser apenas
Sem ter o que desejas ou condenas
Somente por viver e nada mais,
Deixando o prosseguir da vida em nós
E mesmo quando siga logo após
Os dias desconhecem quaisquer cais.
9
A bondade suprema nada pede
Tampouco se desenha noutra face
E nisto de tal forma demonstrasse
E não a mais que possa ou se concede
Aprofundando o passo em rumo ao quanto
Expresse novo tempo ou mesmo mude
Deixando para trás o tom mais rude,
E nele se aproxime em ledo canto,
Vestindo a sensação de quem pudera
Trazer em seu olhar o provimento
E nisto quando vejo o raro alento
A vida não traria a mesma fera
Na incúria desenhada dia a dia,
Ao menos outra luz inda viria.
10
Ousando muito além do que lapida
A sorte noutra face desenhando
Um dia aonde possa bem mais brando
Vestir o quanto traz a nossa vida,
E sendo desenhada esta partida
E nela outro momento nos tocando,
A luz que se tentara imaginando
De toda esta esperança desprovida.
Renunciar ao frágil e tentar
Manter o que se possa desenhar
Em farta claridade noutro rumo,
Os bens que acumulaste nada são,
Findando o quanto traz em direção
Ao passo mais além, quero e presumo.
11
Quem faz e não cobrando o resultado
Trazendo em seu olhar portas do Céu
Abertas num instante em carrossel,
Marcando cada passo além do fado
Purificando então visão, num dado
Caminho onde se mostra o raro véu,
Usar inteligência eis o papel
De quem se poderia em raro agrado,
Depois de certo tempo desvendar
O quanto poderia e mesmo alçar
A magnitude feita em liberdade,
Criando o quanto possa e mesmo além
Da vida que deveras sempre tem,
O mundo quando sempre tente e agrade.
12
O vazio permite que se creia
Nesta complexidade que virá,
Destarte o quanto existe aqui ou lá
Expressa a luz atroz ou mesmo alheia,
E assim a cada instante nos rodeia
A sorte que decerto mostrará
O tanto quanto quis e poderá
Tramar além da senda que se anseia,
E nesta plenitude feita em glória
Viver o quanto resta em nossa história
Sem medos ou temores, eis o fato,
E assim se transformando do não-ser
O quanto poderia e posso crer
Neste momento em luz que ora constato.
13
O quanto nos corrompe o belo e o vário
Trazendo em tal caminho mais diverso
Regendo aonde tanto desconverso
Gerando dentro da alma este adversário,
O sentimento dita o vão corsário
E nele se desenha este universo,
O quanto poderia segue imerso
E nisto outro momento é temerário,
Legando ao meu passado o quanto possa
Vencer esta tormenta, rude fossa
E crer noutro cenário que viria,
Depois da tempestade mais cruel,
A fonte dos desejos, mundo ao léu
Gerando tão somente uma agonia.
14
O quanto da desgraça ou da benesse
Traduz em nossas almas o que venha
Marcando o dia a dia em tal resenha
E nisto cada passo se obedece,
Regendo o que deveras se oferece
E vendo o caminhar em rara ordenha
Na sórdida expressão o que convenha
Mostrando o quanto a vida me obscurece;
A dor que se mostrando em corpo e anseio
Na ausência dos quereres eu rodeio
Suprema magnitude em liberdade,
Assim o ser que existe não permite
Que a força do não ser que é sem limite
Expresse o que pudesse e nos agrade.
15
A falta de som trama este inaudível,
O que não vês; trazendo escuridão,
O que não tocas; dita enfim o não
E o mundo sem os três, queda insensível,
Destarte o sofrimento se plausível
Expressa na verdade os que virão
Ouvindo, e até tocando a imensidão
Desenho de um fantoche perecível.
Nesta expressão sobeja o nada ser
Impede o que se mostre sofrimento,
Porém quando se vendo e estando atento,
A falta num momento traz sofrer
E o fato do jamais ter conhecido
Permite o quanto busque e assim lapido.
16
O quanto se renova ou mesmo segue
A vida sem tormentas, mansamente
E nisto em todo passo se apresente
O tanto que se anseia ou já prossegue,
Desejo tão temível ora negue
O prazo que se fez ou meramente
Ditando o quanto possa em nossa mente
E nisto outro caminho em paz consegue,
Saber o quanto venha e mesmo assim
Tentar noutro momento este jardim
Aonde florescesse a primavera,
O sábio semeando sobre o solo,
Espera e na verdade se me imolo,
A própria essência enfim nos destempera.
17
Quem tem a vacuidade dentro em si
Conhece a plenitude em harmonia
E mansamente vendo o que haveria
Na fúria desde quando me perdi,
O tempo se desenha e presumi
Apenas a verdade onde teria
A luz que nos rodeia e dia a dia,
Deixando para trás tal frenesi,
E errático, por vezes mesmo fútil,
Esquecendo o que fora bem mais útil
Encontra sem razão qualquer cenário,
E os ermos apresentam sem sentido
O quanto noutro instante quando olvido
Presume um novo e raro itinerário.
18
Voltar ao meu destino me permite
Ver claramente o quanto ainda resta,
E sei da sensação dura e funesta
Da vida sem certeza e sem limite,
Ainda que; lutando eu acredite
Na sorte que deveras nos empresta
O rumo aonde o todo sempre gesta
Marcando cada passo onde exercite,
A senda mais sagrada se moldando
E nisto o meu caminho desde quando
Pudera acreditar no ser eterno,
Deixando para trás o ledo anseio,
O quanto desejava e mesmo veio,
Expressa o que tentasse quando o externo.
19
Amar e ser amado, simplesmente,
Não passa de um instante e nada mais,
Destarte o que puder em temporais
Expressa o quanto a vida traz em mente,
O vasto caminhar ora apresente
E nele são diversos os cristais
Embora o que se visse no jamais
Condiz com o que tanto em vão se sente.
Se após a liberdade há tirania,
Depois noutro momento uma abstinência
O todo se permite em consciência
Deixando para trás a vilania,
Vestindo esta esperança em mansidão
Só nela se resume a compreensão.
20
Ao fato desta ausência de esperança
Talvez reinando aquém do quanto possa,
A sorte desenhada rege a fossa
E o mundo na tormenta ora se lança,
Mas quando em magnitude mais diversa
A vida se apresenta em fato tal,
Marcante dia a dia gera a nau
E nela novo cais já desconversa,
A sorte se transforma a cada instante
E molda a tempestade ou calmaria
Depois do quanto a vida nos traria
Apenas o final ledo garante,
A luta em tantas luzes se moldando
Cenário tão sobejo quanto infando...
21
Reduzindo egoísmo talvez possas
Chegar a perceber que sem desejos
Tramando dias calmos, azulejos
Aonde as horas sejam sempre nossas,
O sofrimento então redima o passo
E molde com firmeza a dimensão
Dos dias entre tantos que verão
A sorte verdadeira enquanto a traço,
Deixando para trás sabedoria
Assim bem mais de perto se veria
A humanidade, assim também se vendo
Benevolência, e até justiça, pois
O quanto se desenha sem depois
Presume num momento o raro adendo.
22
O mundo se anuncia prazeroso
Somente em minha face este desgosto,
Enquanto no invernal e duro agosto
Em veraneio o canto majestoso,
Primaveril momento caprichoso,
E meu olhar ao nada segue exposto,
E sei da face escusa, ledo rosto
De quem se sabe sempre doloroso,
Porquanto o dia a dia se desenha
Diverso que possa ou já me empenha
Lutando contra o ser; busco o não ser
E sei o quanto amargo é meu caminho,
Neste infeliz cenário eu me avizinho
Do quanto se renega o amanhecer.
23
O não saber traduz a liberdade,
E dela se calando o sofrimento,
A dor a cada instante num tormento
Presume o que se busque em claridade,
O torporoso rumo em tal cidade
Expressa o que pudesse em desalento,
Enquanto busco só divertimento
Encontrarei enfim felicidade.
Quem dera se pudesse na ignorância
Saber a vida além desta inconstância
E celebrar ao quanto não virá,
Mas como se previsse sem futuro
Meu passo neste caos ledo; asseguro
Somente este lamento, e desde já...
24
Invariavelmente segue a vida
Em sua essência e traz profundidade
Diversa aonde o tanto se degrade
Na luz que se moldara desprovida,
Vestindo a sensação que ora lapida
E beba o quanto quer vacuidade,
Gerando no vazio o que inda agrade
Na eternidade nua e concebida,
O ser quando imutável já permite
Sabê-lo desde a vaga criação
E quando novos dias mostrarão
O todo se desenha sem limite,
Mas quando se resume no passado,
O nascimento ali fotografado.
25
Quem tanto se engrandece se traduz
No foco que deveras se mostrara
E nele se antepondo em tal seara
Deixando para trás o que era luz,
A fonte interminável não conduz
Ao quanto a vida quer e se declara,
Marcante sensação gerando a escara
E dela se presume a nova cruz,
Numa expressão dorida e sem sentido,
A vida se transcende e dilapido
Meu passo neste ocaso e nada além,
Depois de certo tempo me permito
Embora sem sentido, siga aflito,
Tramando mesmo o quanto não convém...
26
Falar com mansidão expressa o fato
E nele outro cenário conturbando
Trazendo num momento o falso bando
Aonde a tempestade; em vão, resgato
A vida de tal forma ora constato
Sabendo deste passo bem mais brando
O mundo noutro rumo desenhando
Bem mais do que já fora algum retrato,
E sei desta mutável face e creio
Que o temporal ditando em devaneio
Já não resistiria muito tempo,
Seguindo em passo firme, mas suave,
Impede que deveras tanto agrave
O que seria apenas contratempo...
27
Excessos são apenas temporários
E deles se vislumbram erros crassos,
Assim quando se pára ou trama passos
Os dias se mostrassem temerários,
Ocasos se anunciam para quem
Sem ter qualquer medida segue em ermo
Caminho aonde a morte traz no termo
Apenas o que nada ora contém,
E assim se desenhando em ameaças
Ou mesmo no que pude ou mais queria,
A luta se desenha em heresia
E nesta senda apenas em vão passas
Destarte nos extremos; sem sentido,
O todo tortuoso mal lapido.
28
Antes do que a Terra e mesmo o Céu
Houvera quem decerto mostraria
Nas mãos o quanto possa em dia a dia
Diverso desta trama. Em carrossel?
O nome? Pouco importa, mas o véu
Estende sobre nós esta harmonia
E nela a eternidade se daria,
Em tom por vezes bom ou mais cruel.
E sei que após a Terra e o Céu terá
Ainda esta presença, qual maná
Que o tempo anunciara sem temor
Mas vejo tão somente o que inda traz
Na vida que se mostre mais tenaz
A sorte transformando além da dor.
29
Quem traz em seu mister capacidade
De ter em suas mãos a força plena
Sabendo do que possa ou mesmo acena
Enquanto a vida traça a realidade
Depois de certo tempo, eternidade
Figura tão sombria quanto amena
E quando sem certeza se envenena
Perdendo o que restasse em liberdade,
Vasculho dentro da alma o que me traga
Além deste punhal, da fria adaga
Uma esperança feita em plenitude,
O ser humilde bebe do não ser
E nisto se permite ora prever
O amanhecer que a vida não ilude.
30
Saber da sua essência masculina,
Porém numa alma plena noutro passo
Vencendo este caminho que ora traço
Mantendo a magnitude feminina.
Será sempre e decerto a rara mina
E nela se moldando o raro espaço
Revigorando a sorte em raro laço
Na fonte que seduz e nos fascina.
Quem conhece os seus erros e procura
Vencer a noite amarga, densa e escura
Sabendo que virá o amanhecer,
Depois de desvarios vida afora,
O quanto em tal beleza agora aflora
Presume eternidade e a posso ver.
31
O mundo traz em si diversidades
E nelas posso ver em cada extremo
O tanto quanto fujo e mesmo temo,
E nestas faces vejo ansiedades,
E quando de tal forma tu te evades
Marcando o que pudesse em tom supremo
Gerando a cada instante deus ou demo,
E nisto impedes mesmo claridades,
O passo se mostrando de tal forma
Enquanto na verdade nos deforma
Matando o que pudesse e até queria,
Numa excrescência feita em luz tão vária
A sorte se mostrasse imaginária
Ausente do que for sabedoria.
32
A guerra dita a fome logo após
E traça em traiçoeira dor e mágoa
Aonde poderia haver a frágua
A vida se desenha em tom atroz,
E quando o vencedor se faz algoz
A sorte noutro ponto em vão deságua
E o quanto poderia trazer a água
Deixando o velho rio sem a foz,
Assim quem vence e disto faz o fato
Superno com deveras vã jactância
Mostrando no temor a sua estância
E nisto outro momento em vão constato,
Porém quem faz da força a sua história
Condena-se ao final, leda vanglória...
33
Quem vence em violência não traduz
A veste mais sublime em raro fato,
E quando de tal forma isto retrato
Vitória tão sangrenta nega a luz,
Assim ao mesmo passo reproduz
O tanto quanto ausente mal constato,
E o vento sem sentido ou mesmo ingrato
A quem se fez tão pleno não seduz,
Destarte uma vitória se lamenta
E gera o funeral invés da glória
Imagem tão dorida e merencória
De qualquer forma dita uma tormenta,
Quem vence e mata e mostra uma alegria
Deveras tal caminho, merecia?
34
O nome que se dá traz na verdade
A face mais diversa e de tal forma
A cada novo engodo nos informa
Do quanto se renega a realidade,
Ausência dita o quanto já se evade
E nisto toda a fonte se deforma,
Marcando com temor a rude norma
E dela ao sonegar a eternidade,
Vagando sem espaços, ledo rumo,
Um ser igual não pode num resumo
Tentar supremacia ou mesmo até
Trazer desejo farto em tal vingança
E quando sem sentido além se lança
Não mostra ao quanto serve nem a fé.
35
Conhecer ao próximo faz sábio
Enquanto o se saber tanto ilumina,
Vencer quem noutro passo se domina,
Presume a direção em astrolábio,
Mas quando nos fazemos vencedor
Das nossas próprias ânsias, em verdade
Mais forte do que toda a claridade
Farol suplanta além o refletor,
Quem vence e permanece segue rico,
Quem luta e não desiste, diz vontade
E nele toda a imensa claridade
Aonde eternidade eu edifico,
Quem segue no seu canto vive além,
Quem morre e não perece eterno vem...
36
Um rio que seguindo muito além
Regando suas margens, plenitude
E nada com certeza, ora transmude
Quem sabe o quanto quer e o mais que tem,
Realizar esta obra e saber que ela
Não te pertence e apenas vem de ti,
Expressa o quanto és nobre e percebi
Beleza sem igual que se revela,
Quem aceita a revoada em sua volta
Engrandecendo a vida de tal forma
E quando sendo sábio e já transforma
As mãos da recompensa, ao fim se solta
E não se considera além do cais,
Perpetuando o passo em fatos tais.
37
Aquele que conhece esta verdade
E nisto se compraz, mesmo silente
Permite o quanto possa e assim se sente
Diverso do que seja a vaidade,
E tendo esta noção da imensidade
Que a cada novo passo se apresente
Ainda que pudesse, aquém frequente
Marcando mansamente o quanto agrade,
Não faz deste prazer que possa dar
A plenitude e mostra o caminhar
Com sereno cenário em voz suave,
Assim já não permite que este ocaso
Domine o que se fez em raro prazo,
Vanglória na vitória, um rude entrave...
38
Para vencer deveras fortaleça
Assim também se faz ao destruir
Deixando bem mais forte e no porvir,
O quanto em tom diverso estabeleça,
Para se ter aquilo que se anseia
Primeiro é necessário tanto dar-se
E quando a vida mostra sem disfarce
Expressa a luz que outrora devaneia,
Por isso quem se mostre bem mais frágil
Por ser e ter nas mãos o dom: ser ágil
Resulta na vitória inesperada,
Assim quem faz da vida a exibição
Deveras outros dias negarão
Marcando com sangria a velha estrada.
39
Desejos geram guerras, medos, dor.
Assim a liberdade segue além
Do quanto o caminhar quer e contém,
E nisto cada passo é um louvor,
E quando sem mostrar na atuação
O fim que se desenha desde o início
Cavando com os pés tal precipício
Os dias no sombrio mostrarão
Enganos entre tantos desmazelos
E nesta evolução mais libertária
A sorte que pensara ilusionária
Transcende mesmo aos duros pesadelos,
E assim nesta atitude em plena luz,
O passo mais tranquilo? O que conduz...
40
Virtude soberana não se expressa
Na face virtuosa em tom febril,
E o quanto da virtude ora se viu,
Não tendo nem precisa mais da pressa,
A bondade não tendo os objetivos
Que a justiça sempre necessita,
Portanto o ser melhor jamais cogita
Apenas dos momentos, lenitivos,
Quem fixa seu olhar na mera flor
E não presume o fruto que virá
Deveras desconhece e desde já,
Não sabe da existência o seu valor,
Portanto se limita a desenhar
O quanto não irá, pois admirar.
41
Unidade gerando o quanto possa
Trazer em fértil campo este futuro
Aonde o que se tenta configuro
Na luta desenhada, vaga fossa,
O dia a dia; trame enquanto endossa
A sorte quando tanto me asseguro
No passo sem proveito e neste escuro
A senda se desenha e já destroça,
Mas quando em unidade a força vem
E trama o que deveras sei tão bem
Sem medo ou sortilégio, ou mesmo queda
Deixando para trás onde se enreda
Vagando pelas ânsias de um momento
Aonde possa mais o sentimento.
42
O ser se originando do não-ser
Expressa o movimento e dita o quanto
Ainda quando muito mal garanto
Deixando para trás o amanhecer,
O rumo se traduz e possa ver
Somente o que deveras neste canto,
A cada novo passo ora adianto
Trazendo o que eu quisera conceber,
Negar qualquer apoio a quem se dera
Vencendo dentro da alma a dura fera
E crer ser mais possível liberdade,
Depois de certo tempo o que viria,
Somente traz no fim esta utopia
E nela todo o sonho que me invade.
43
O quanto do disforme gere a forma
E o tempo se demonstre em tons diversos
Marcando o que pudessem universos
E neste desenhar nada me informa,
Semente sobre o solo se transforma
E rege em suas mãos os mais dispersos
Momentos entre tantos, rudes versos
Matando em nascedouro cada norma,
Depois de certo tempo se anuncia
A vida em sortilégio e sei sombria
A face que aproxima enfim da morte,
Quem possa noutro tom seguir em frente
Deixando para trás o que se ausente
No corte sem sentido não comporte.
44
O quanto se anuncia em dura face
Na mesma sensação, luta contrária
E assim a mão suave é temerária
E a luta em tão má sorte derramasse,
Expressa o quanto possa em tal impasse
Gerando a cada engodo a necessária
Versão do que se molda em solitária
Vontade sonegando algum impasse,
Depositando a vida em tal momento,
Ainda que se mostre o que atormento
Vestindo a sensação da dor intensa,
Gerindo cada passo rumo ao nada,
Perdendo com certeza a velha estrada,
Já nada mais decerto em luz convença.
45
O brando que vencesse o mais atroz
O manso se permite muito além
Do quanto na verdade ainda tem
A luta desenhada noutra foz,
E quando não se ouvisse nem a voz
Do que decerto agora traz convém
Tramar outro caminho sem desdém,
E nisto apascentando o mais feroz,
Destarte a não ação presume e doma
A fúria de quem age impertinente,
E o pouco noutro instante já desmente
Quem tanto faz da vida apenas soma,
E assim ao se entender esta vitória
Jamais se poderia ter vanglória.
46
A fama traz a queda gigantesca
Assim como fortuna, o sofrimento,
Destarte o caminhar em manso vento
Não deixa a sorte ser dura e dantesca,
A luta se desenha em quixotesca
Vontade desabando em desalento
E quando muito além deveras tento,
Nefasta madrugada pitoresca,
Assim se mostra o quanto se é possível
Viver em tom suave e neste nível
Grandeza mais diversa se apresenta,
E sendo contumaz o nada ter
Qualquer caminho possa dar prazer
Vencendo em calmaria uma tormenta.
47
Esta aparência atroz mesmo imperfeita
Traduz por ser assim, a perfeição
Também o quanto possa a sensação
Expressa muito mais do que se aceita,
A luta se presume e se deleita
Nos dias entre tantos que virão,
Marcando com diversa dimensão
A sorte que provém enquanto deita,
Destarte o caminhar em tom escuso
Presume este cenário aonde eu cruzo
Com meus diversos dons e possa ver
Enquanto o movimento cessa o gelo
Quietude absoluta, em raro zelo
Calor inesgotável irá vencer.
48
Quem tanto desejava e tendo pouco
Somente se desenha em torpe guerra,
Porém se dentro da alma ali se encerra
Jamais se perderá qual fora um louco,
Insaciavelmente se anuncia
A dor sem mais remédio em triste face
E assim o quanto aquém se demonstrasse
Gerasse tão somente uma agonia,
As armas no quartel traduzem paz,
Porém quando nas ruas ditam ódio,
Ao vencedor a morte dita o pódio
Sangrenta face mostra o mais audaz?
Verdade não se impõe, mas simplesmente
Abrindo com firmeza em luz a mente...
49
Sabedoria trama o bom saber
Mesmo à distância em passo até diverso
E quando se anuncia este universo
As sortes desenhadas; passo a ver
Marcando com meu sonho o alvorecer
Enquanto para tal deveras verso,
E bebo mesmo estando noutro imerso,
Assim é tal dos sonhos o poder,
Tornar palpável mesmo o que não vês
E vislumbrar atrás da velha porta,
O quanto o pensamento nos transporta
Transforma a própria vida em seus porquês,
E tanto que se trama em sapiência
Produz o renascer da consciência...
50
O quanto se acumula dia a dia
Já não me bastaria quando eu quero
O passo bem mais firme e mais sincero
Aonde nada mais dispersaria,
Buscar a cada instante sempre mais
E nisto se consiste o tal fazer
No não - fazer desenha o amanhecer
Distante dos imensos vendavais,
E sem ação deveras se ganhasse
Qualquer ato moldado e mesmo em sonho,
Porém na ação se mostra o mais bisonho
Da vida quando vendo algum impasse,
Assim ao contemplar muito se aprende,
Bem mais do que quem corre já compreende.
51
O sábio tendo espírito mutável
Não segue fielmente as normas quando
O tempo noutro passo transmudado,
Presume o novo em rara variável,
Amando os bons e os maus assim consegue
No fim o que se anseia em tal bondade,
Assim também na tal fidelidade
Sinceros mesmo os falsos, pois navegue,
Ao respeitar deveras como um todo
Diversidades; traz o quanto possa
Vencendo com firmeza qualquer fossa
E nisto sabe andar por sobre o lodo,
O povo abrindo ouvidos, quando avanças
E o sábio os trata manso, quais crianças.
52
Viver traduz chegar e a morte volta
Enquanto homens procuram a partida
Outros desenham vinda em doce vida,
Porém os que buscaram com revolta
A sorte se presume de tal forma
Que o todo se desenha noutro fato,
Contrariamente ao quanto ora constado,
O prazo se traduz e nos deforma,
Existe, na verdade outro caminho
De quem por ser diverso em rara luz
Jamais noutro momento se traduz
Fazendo deste agora o velho ninho,
E assim com tanto passo a percorrer,
Silente aprende então a não morrer.
53
Amor engendra novo e bom caminho
Virtude nutre enchendo este farnel,
Matéria se conforma e traça o véu
Aonde noutro passo ora me alinho,
E vendo o quanto possa me avizinho
Do tempo noutro rumo e mesmo ao léu
A vida se desenha em carrossel,
Por vezes deslindando um ar mesquinho,
Fazer sem pedir nada e prosseguir
Jamais ousar além quando não fora,
A senda que se faz libertadora
Trazendo por si só o que há de vir,
Guiar sem dominar em plenitude,
Deveras do viver, grande virtude.
54
O todo se origina do começo
E dele se preserva a cada instante
Remetendo ao princípio se garante
A vida aonde possa ou não mereço,
E sei deste caminho, este endereço
Ainda quando o vejo doravante
Marcando o que tentara e me adiante
Bem mais do quanto fora um adereço,
Quem fecha suas portas traz além,
Porém quando se abrindo nada vendo
Somente o que pudera num remendo
A sorte de tal forma não contém
Usar a luz e dela em tal defesa
Exprime eternidade, com certeza.
55
Quem dera conhecesse este caminho
Que possa me levar bem mais além
E sei do quanto o rumo me detém
E nele outro cenário mais daninho,
E quando do final eu me avizinho
Revendo cada engodo, o que mais tem,
A sorte se transforma e deste alguém
O nada sonda e toma o manso ninho,
Meu rumo se presume sem sentido,
E vendo mesmo em plano o desvalido
Cenário onde deveras a riqueza
Exposta sobre a mesa, e com grandeza
Não deixa que se siga rumo ao fim
Negando cada passo de onde eu vim...
56
Aquilo que cultivas dentro em ti
Traduz vera virtude, saiba disto,
Porém se na família teimo e insisto
Abundante virtude eu percebi,
Aquilo que cultivas para o povo
Expressará virtude tão enorme,
E noutra magnitude se transforme
Gerando para a Pátria um rumo novo,
E quando para toda a humanidade
Deveras; tal virtude; cultivaste
Deste universo inteiro; moldas a haste
Que nada mais decerto inda a degrade,
E a quem conhece bem a si sem medo,
Humanidade perde o seu segredo.
57
Ao conhecer virtude plenamente
Jamais algo atingindo, segue em paz,
E sabe o quanto pode e sempre traz
A vida noutro rumo, calmamente,
E quando de tal forma se apresente
A eternidade ali então se faz
E mesmo que pudesse em tom audaz
O senso nos frequente mansamente,
Quem vive longe desta sincronia
Envelhecendo; expressa o que não veio
E o tempo se desenha noutro anseio
Marcando o quanto pude e não teria,
Mas quando em raro amor a vida tece,
Uma alma mais gentil, nunca envelhece.
58
Sabendo e não falando num momento
Gestando com ternura o que viria,
Vencendo com certeza esta agonia
A vida não traduz o desalento
E quando na verdade eu busco e invento
A sorte em mais completa sincronia,
O tempo sem temor jamais se adia
Tocando suavemente o pensamento,
Assim se desenhando dentro em nós
O quanto deste anseio dita a voz
E neste caminhar já nada vendo,
O passo em firmes rotas, não se nega
Brindando mesmo quando a noite é cega,
De um manso caminhar, faço-o estupendo.
59
O quanto se governa em retidão
Também na guerra possa ser sagaz
Aquele que desenha em clara paz,
Conquista com firmeza em não-ação
Um povo que tolhido dita o não,
Em armas se mostrasse tão mordaz,
Astúcia mata a sorte e nada traz
As leis quando excessivas? Negação.
Assim no não agir traços da vida
Deveras noutra face construída
Permitem cada dia mais diverso
Bebendo da expressão que poderia
Pousando nesta sorte mais sombria
Meu mundo sobrepõe-se ao universo.
60
Quando o governo mostra-se inativo
O povo diligente não descansa,
Porém se noutra face for cativo,
Sequer um passo além ainda avança
O ser que na verdade assim cultivo
Expressa o que pudesse numa lança
E tendo neste olhar um lenitivo
Deixando para trás qualquer mudança
O meio termo dita a maravilha
E nele com certeza a sorte trilha,
Gerando em plenitude a rara paz,
Porquanto nos extremos, variáveis
Demonstram dias turvos ou notáveis,
Mas nada do que possa satisfaz.
61
O povo que seguindo muito além
Do quanto poderia e mesmo tenta
Vencer a solidão dura e sangrenta
E nela o que deveras já contém,
Expressa a realidade e em tal desdém
A vida se mostrara violenta
E nisto a própria sorte me apascenta
E sigo do futuro muito aquém,
Acumulando a sorte aonde um dia
Num ato mais sombrio se tentasse
Cerzir o quanto molde noutra face
E quando a vida trama o que eu queria
A base se apresenta em tal firmeza
E nisto com ternura segue ilesa.
62
O reino soberano; dita a sorte
E pode muito além onde constato
A vida bem diversa deste fato
Aonde na verdade não comporte,
O passo se desenha e sem um norte,
Apenas se vislumbra em tal retrato
O quanto se moldando mais ingrato,
Negando noutro passo algum aporte,
Vestindo a imensidão mais proveitosa
Vencendo algum limite natural,
O prazo se desenha em desigual
Vontade muitas vezes belicosa,
E assim ao se moldar em plenitude
O sonho não transcende e nem ilude.
63
O quanto poderia de algum ser
Que assim desenha a vida de tal forma
E nisto se anuncia tal reforma
Que possa permitir o amanhecer
Depois de tanto tempo passo a ver
O que cada momento enfim deforma
E nisto o velho engodo nos informa
Da sorte que pudesse enaltecer,
Mais forte que algum prêmio, na verdade
A vida traduziu diversidade
E gera após o todo o quanto venha,
Em plena tempestade o que tu vês
Rondando a mais completa insensatez
Expressa o que deveras inda tenha.
64
O que talvez pareça mais banal
Ao fundo se desenha poliforme
E assim o tempo mostra o tanto enorme
Caminho entre diversas, desigual,
O quanto se desenha neste astral
Resuma o quanto possa e não conforme
E quando a sensação já nada informe
Impede que se ascenda algum degrau,
Sacrílegos sarcófagos; não mais vejo
E quando sem sentido cada ensejo
Num malfazejo infausto, nega o rumo,
O quanto nos parece corriqueiro
Expressa no final torpe espinheiro.
65
Fracasso se anuncia a quem tentara
Vencer os vãos comandos de uma vida
Já tanto desvendada e assim perdida
Marcando com temor; leda seara.
A vida de tal forma se prepara
E não se vendo ao fim qualquer saída
A luta a cada passo sendo urdida
Trazendo em sortilégio a sorte amara,
Mas quando se presume em mansidão
Os dias noutro fatos moldarão
Apenas o que possa em liberdade
O sábio sabe disto e não presume,
Estando no sopé o imenso cume
Ousando ser fiel à claridade.
66
A culpa da insensata luz que possa
Esclarecer o rumo que não veio,
E quando noutro passo sigo alheio
A sorte não seria plena e nossa,
E a cada novo instante o que se apossa
Presume o quanto possa em devaneio
Deixando a marca amarga de permeio
Sentido delicado, o tempo roça
Num espetáculo produz a luz
E vejo imerso nos neons o pensamento
E quando uma saída após eu tento,
Apenas o vazio reproduz
Vestígios recolhidos pela vida
Já tanto maltratada e desvalida.
67
Virtude se aproxima e se desenha
A cada novo passo rumo ao tanto
E quando este caminho eu adianto
Descubro da esperança a rara senha,
Enquanto o dia a dia nos convenha
E seca com firmeza todo o pranto
O mundo se aproxima em cada canto
E trama o que deveras sei que venha,
Quem governa com astúcia quebra o estado
Enquanto o mais honesto ora enriquece
E aprende a dividir tanta riqueza
Apoderar-se enfim deste caminho
Vencendo qualquer tom atroz, daninho
Explode em plenitude em cada mesa.
68
O sábio se rebaixa ao tom vulgar
E nestas expressões se comunica
E quantas vezes vendo a face rica
De quem tanto pudera se entranhar,
Marcando cada passo divagar
A luta a cada não se intensifica
E novo caminhar agora implica
No quanto poderia desejar,
E assim sem combater ninguém o ataca
A sorte se desenha em clara placa
E aplaca a mais diversa tempestade
E sendo de tal forma este caminho
Nas ânsias deste passo enquanto alinho
A plena sensação de paz me invade.
69
Tesouros que carrego junto a mim
Desenham o que tanto procurei
Rondando com firmeza a velha grei
Dourando dentro da alma o raro fim,
E sei de cada essência de onde eu vim
E nisto este cenário traz a lei
E sei que na verdade eu me olvidei,
Mas vejo renascer cada jardim,
Primaveril cenário em luz suave
Na florescência rara o que se agrave
Expressa nos espinhos, armadilhas
E mesmo entre temores, cardo e dor
Quem sabe deste passo redentor
Por entre tempestades, vais e trilhas...
70
Tesouros que nesta alma eu já guardasse
Permitem um caminho bem mais firme
E a cada novo instante se confirme
A sorte sem sequer algum impasse,
Destarte este cenário se mostrasse
E nele cada sonho reafirme
O tanto quanto possa e assim nos firme
Vencendo com ternura a rude face,
Amor; moderação e co’humildade
Gerando no final felicidade
Permite que se tenha a rara glória
De quem sabendo amor é valoroso,
E moderando, humilde tem formoso
Cenário preparando uma vitória.
71
O bom guerreiro nunca é belicoso
Tampouco se entregando ao mais cruel
Caminho se desenha em rude véu
O quanto se queria majestoso,
O vencedor evita sempre a guerra
E sabe desta rota dolorosa,
Alia ao torpe espinho a bela rosa,
Enquanto o seu momento ali desterra,
O não-combate rege quem pretende
Na vida se mostrar em plenitude,
E mesmo quando a farsa o desilude
Do quanto que virá, não mais depende,
Assim já se prevendo com firmeza,
A vida desenhada em tal leveza...
72
Apenas quem temendo segue em frente
Vencendo em mansidão a rara audácia
E quando a vida traz uma falácia
Apenas o vazio se apresente,
Destarte o caminhar com mansidão
Olhando cada palmo e recuando,
Avança com firmeza e desde quando
A vida nos mostrando a direção,
É melhor prosseguir quando tranquilo
Tocando com cuidado a cada passo
E quando este momento for escasso,
Ainda enfrento as tramas e desfilo,
Pausada e lentamente chego ao fim,
Trazendo com ternura o que há em mim.
73
Palavras quando simples, mas concisas
Deveras tantas vezes ninguém crê
E busca noutro rumo algum por que
E nestes teus enganos te matizas,
As sortes se deveras são precisas,
Não bastam para quem ausência vê
E o todo desejado, onde e cadê
Se as sortes são diversas e deslizas,
O quanto se mostrar simplicidade
Traduz sabedoria, e assim se evade
Na busca da retórica somente,
Enquanto o dia a dia nos ensina
Na rota sempre clara e cristalina,
Porém ao rebuscá-la ela nos mente.
74
Saber do pouco mesmo que se sabe
Traduzindo este pleno amanhecer
De uma alma que pudesse enfim se ver
Bebendo cada gota que inda cabe,
Acreditar que o pouco se faz tanto,
Causando a quem conhece o descalabro,
E quando este caminho escuro eu abro
Aos poucos sem vivê-lo desencanto,
A ausência de autocrítica traduz
A sorte desairosa e doentia,
E quantas vezes mesmo isto me guia
Na busca consagrada pela luz,
Somente de tal forma aprenderei,
E assim, sendo um cativo, em mim sou rei.
75
Não trague em suas costas muito além
Do que talvez consigas carregar,
Assim a vida segue devagar
E cada passo mostra o que se tem,
Sabedoria marca sem desdém,
E nada do que tente adivinhar
Presume o quanto tendo em tal lugar
Anseia pelo fim e a morte vem,
Quem sabe nunca grita ou alardeia,
A lua se desenha sempre cheia
No olhar de quem sonhando assim o quer,
Mas saiba que silente enfrenta ocasos
A vida não ditando regra ou prazos,
Caminhe sempre e quanto mais puder.
76
Valente? Não se faz tão temerário,
E nisto se presume uma vitória
A vida não permite tal vanglória
Nem mesmo subestime um adversário,
O tempo muitas vezes necessário,
A sorte se anuncia e de memória
Deixando para trás o quanto em glória
Pudesse ter seu rumo solitário.
Conquista não se faz com luta vã
O Céu que sem batalha diz manhã
Presume noutro toque a perfeição,
Assim sem armas mesmo ou sem batalhas
Ao longe de teus passos já te espalhas
Vencendo o que viesse em turbilhão.
77
Quem não temesse a morte na verdade
Jamais algum fantasma o transtornasse,
A vida se desenha e sem impasse
Apenas o total do sonho brade,
E quando a cada dia mais se evade,
E nisto novo tempo se notasse
Vencendo o que pudera e não tocasse
Teria no final tranquilidade.
Quem executa a fúria e traz a morte
Qual fosse um carpinteiro que em madeira
Expressa sem temor quer ou não queira
Vestindo com certeza o que conforte,
Porém os dias nunca serão vãos
Sem serras que cortassem tuas mãos.
78
A fome de algum povo em precipício
Traduz os governantes tão atrozes,
E quanto mais são duros os algozes
Maior é com certeza o desperdício,
A vida se transforma noutro indício
E gera dentro em nós diversas fozes
Ouvindo em tal balbúrdia ledas vozes
E nelas o que sei desde o princípio.
Retrato de seu próprio governante
O povo que deveras se adiante
Ou mesmo já retorne ao ledo senso,
Depois do que pudesse ou mais queria,
Vivendo a dura noite em agonia
Apenas num futuro em paz, eu penso.
79
A branda e terna imagem dita a vida,
Assim como flexível e terna folha,
Porém quando o viver já se recolha
Imagem que se vê, pois distorcida,
E o tanto quanto possa e dilapida
Mudando este cenário, não nos tolha
Da sorte mais feliz e não na bolha
Gerada pela andança, vã ferida,
A vida se traduz branda e tão terna
Assim como a mortalha em rigidez,
E quando na flexível face vês
A folha mansamente ora se externa,
E nisto já consiste realidade
Na vida a folha em verde liberdade...
80
A lei que da justiça tem o prumo
Tirando do que tem excesso e traz
Ao que precisa tanto o que é capaz
E nisto uma equidade faz seu sumo,
E quando inutilmente eu me resumo,
Num ato mais temido e tão mordaz,
O laço mais sincero se desfaz
E volto ao que pudera sem insumo,
A morte nos iguala e no caminho
Em mesmas direções ou passo oposto
Ainda que se traga algum desgosto,
A rosa superando o velho espinho,
Gestando o que virá em plenitude,
E nisto toda a senda se transmude.
81
Que o débil vence o forte, simplesmente
Que o brando vença o duro, de tal forma
Sabendo da verdade desta norma,
No fundo tanto fala e não se sente,
E imprevidente segue alheia mente
E bebe do que possa e assim deforma
A vida que pudesse na reforma
Trazer o quanto quero e se desmente,
Sobeja claridade diz do passo
E nele quantas vezes rude eu traço
Argutos caminhares, mas tão fúteis
Os passos sem sentido e sem proveito
Marcando com engano o que ora aceito,
Deveras prosseguindo quase inúteis.
82
Ferida traduzindo a cicatriz
Por mais que se pensara em vencedor,
A vida em seu poder transformador
Impede qualquer passo mais feliz,
E tendo em minhas mãos o quanto eu quis
Trafego em leda estrada feita em dor,
Marcando como fosse algum favor
O fim que se anuncia em céu tão gris,
Vitórias e derrotas? São engodos,
As tramas desenhando os mesmo lodos
Impede algum sorriso na batalha,
A face ensanguentada de quem ganha
Também igual àquela que a artimanha
Em mil pedaços rotos já se espalha.
83
Palavras agradáveis? Insinceras
E trazem neste engodo o ledo fim,
E quantas vezes, trago para mim
As rudes verdadeiras e sinceras,
Quem crê ser erudito por saber
E ler e ter cultura tão somente,
No fim sem mais sentido tanto mente
Erudição traduz o CONHECER,
E de tal forma sigo em vário passo
Tentando o que pudesse me alentar,
E sei que teime mesmo devagar
Sabendo ser o tempo mais escasso,
A Lei divina é sempre caridosa
E a Lei do conhecer vendo, antegoza.
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