sábado, 27 de fevereiro de 2010

Aguardo uma resposta

Aguardo uma resposta que não veio
E sei que não virá, mas mesmo assim
Teimosa te aguardando até o fim,
Embotando-me olhar em tal anseio.

E quando percebendo o raro veio
Tentando cultivar novo jardim
Revejo este caminho de onde vim
E tudo se resume em vão receio.

Escadas que me levem ao futuro,
Trazendo nos degraus o que procuro
Modificando enfim o meu destino

A doce poetisa do passado
Ao ver este caminho anunciado
Em meio ao fogaréu, já me alucino.

Serena madrugada

Serena madrugada já distante
Aonde percebi em luz suave
O quanto se tornara mais constante
A sorte que decerto feito uma ave

Em liberdade alçando o deslumbrante
Caminho como fosse bela nave
Num átimo o momento fascinante
Voando sem ter nada que inda entrave

As sendas libertárias de um desejo
Mudança que deveras eu prevejo
Há tanto e jamais eu pensaria

Que fosse tão sublime e de repente
Traçando um mundo raro em nossa mente
Sobrevoando em paz tanta agonia.

Sidéras impressões

Sidéras impressões ainda vivas
Mostrando em seus sinais o que tivemos
Nas mãos e na verdade não soubemos
Por mais que as almas fossem tão passivas,

E quando em tuas mãos, minhas cativas
Usando para a fuga os mesmos remos,
Decerto desta vez nós percebemos
O quão do prazer ainda privas.

E teimas em tocar este passado,
Aonde se podia destroçado
Deixado quase à míngua, moribundo.

Tu vens com sorriso de ironia
E toda esta mortalha se recria
De imensa pestilência ora me inundo.

Fantasmas do passado

Fantasmas do passado me rondando
Durante a noite imersa em tempestades,
Por mais que na verdade tu me enfades
Ruídos retornando em tom mais brando

Figura que moldei tão estupenda
Agora se desnuda quase pálida
Assassinando em mim uma crisálida
Tornando bem mais árdua minha senda

Assim ao retornar à velha casa
Aonde houve o começo, o meio e o fim
Descubro tanto abrolho no jardim
O que deveras vi já não me apraza,

Traduz com correção tudo o que fomos
Diversos e antagônicos, vis gomos.

Insânia

Insânia me tomando plenamente
Depois de ter vivido esta inconstância
Do amor que se mostrara desde a infância
E agora se traçando nu, já mente

E toda a fantasia ele desmente
Às vezes com sutil deselegância
Gerando dentro em si tal discrepância
Que tudo nele traz traço demente.

E mente novamente a se fartar,
Granando falsa luz a nos tomar
Determinando o fim de um longo caso,

Aonde se pensara em plenitude
Consegues destruir, bela atitude
Levando o que sonhei ao torpe ocaso.

Das graças

Das graças e das garças asas alvas
E nelas encetando a liberdade,
Por onde imaginara realidade
As horas do futuro sem ressalvas

Ao mesmo tempo feres e me salvas
No beijo que sacia e me degrade
O tempo se transforma em tempestade
Enquanto procriaste estrelas d’alvas

Rendida totalmente ao teu fascínio
Entregue sem defesas ao domínio
De quem sonhara tanto e agora sinto

Bem próximo de mim colo e regaço
E neste belo encanto eu me desfaço
Bebendo em tua boca mel e absinto.

Quebrantos

Quebrantos que tocaram minha vida
Deixando-me deveras ansiosa
E quando a realidade tudo glosa
A sorte revoltosa vem e acida,

Por mais que o coração saiba e duvida
Queria ter decerto prazerosa
A senda que se faz espinho e rosa,
Ao mesmo tempo beija e sempre agrida

Volúveis luzes dizem deste amor
Que tanto desejei e ao se compor
Tramando rumo vário e desditoso

Mudando a direção a cada instante
Talvez por isso seja fascinante,
Ao mesmo tempo dor, temor e gozo.

mares e luares

Contemplando estes mares e luares
Aonde poderia ver a imagem
Que outrora se vestira de miragem
Diversa da que tanto proclamares

O amor ao dominar jardins, pomares
Mudando com certeza esta paisagem
Permite ao coração bela viagem
Vagando por supernos, bons lugares

E assim ao assistir tanta beleza
Usando a paciência e com destreza
A sorte está decerto do meu lado

E vendo-te querido junto a mim
Percebo que serei feliz enfim,
Num mundo por amor abençoado.

Origens tão diversas

Origens tão diversas, confluentes
Assim ao perseguirmos o futuro,
Enquanto nos teus braços me perduro
Decerto noutro tanto ainda tentes

Fugir do amor que envolve quais correntes
Domando um coração mesmo que duro,
E quando nos teus braços eu me apuro
Em dias mais felizes, penitentes,

Assaz maravilhada, nada digo
Somente continuo a te buscar,
Caçando cada raio de um luar
Que ainda poderia ser abrigo,

Mas quando enamorada nada vejo
Além do que preciso e mais desejo.

Segredos

Segredos que confesso em voz macia
E deixo para trás qualquer disfarce
E mesmo quando a vida nos esgarce
A sorte novamente se recria,

Ausente dos meus olhos o temor
Não vejo mais por que seguir sozinha
E quando a solidão já se avizinha
Expulso me entregando a novo amor,

E assim passando os dias, meses, anos
A juventude eterna dentro da alma,
Apenas a paixão ainda acalma
Delírios delicados ou profanos

Ressoam como vozes dentro em mim,
Demônio disfarçado em querubim.

volúpias

Volúpias traduzidas em amor,
Seara que deveras se fez flórea
A vida no passado quão marmórea
Trazia a frialdade em bela cor,

E tudo de repente se repõe
Na insana coincidência de um desejo
E nele a fantasia que inda almejo
Deveras restitui e ora me expõe

Sem medo, sem pudor, sem pejo ou tédio,
Apenas mergulhando sem saber
Aonde e em que caminho a se perder
No encanto sem juízo e sem remédio.

E assiduamente estendo o coração
Às loucas incertezas que virão.

Decifro estes sinais

Seguindo os meus anseios e vontades
Decifro estes sinais que amor mandara,
E vendo a noite assim imensa e clara,
Não tendo do passado mais saudades,

E quando ensandecido tu me invades,
Bebendo deste gozo, a alma declara
Adeus a qualquer dor, ferida e escara
Vivendo em plenitude sem as grades

Que tanto me prenderam quais correntes
E quando estou contigo isto desmentes
Apenas nosso amor ainda algema

Uma alma libertária se encarcera
E vê o renascer da primavera,
Transformação se torna então meu lema.

Visões

Visões de vagas luzes me tocando
Falando de momentos que já tive,
E quando a gente apenas sobrevive
Os dias noutro dias desabando

Amores que se foram, triste bando,
Lembrança de lugares onde estive
Por mais que a realidade disto prive,
O tempo novamente revoltando

E aquela que se fez em mansidão,
Num átimo mergulha na paixão
E ressurgindo a fera adormecida

Ronrona esta felina enamorada
E bebe da esperança destinada
A ver já renascida a antiga vida.

Maravilhosamente apaixonada

Maravilhosamente apaixonada,
Ninguém pode conter tal emoção
E quando ela transborda qual vulcão
Não deixa sobrar muito ou quase nada,

Assim ao perceber tão adorada
Não quero nem saber da decepção
Tampouco velhos tempos mostrarão
A vida noutra vida escravizada.

Liberta borboleta sigo ao céu
E nele o amor girando em carrossel
Ao mesmo tempo toca e me inebria

Deixando para trás o sofrimento,
Ainda ser feliz teimosa; eu tento,
Por mais que a noite surja amarga e fria.

EXTASIADO

Contemplo-te decerto extasiada,
Desnudo como um rei, este menino
Que quando me tocando, me alucino
Deixando-me qual fora inebriada

E ronda a minha casa, não diz nada
E como uma obra rara do destino,
Trazendo este transtorno em desatino,
Minha alma vai deixando alvoroçada,

E a moça que morreu de inanição
Agora com terrível explosão
Aflora novamente em rebeldia

E grita anunciando o amanhecer
Depois de tantas noites sem poder
Saber se existiria um novo dia.

Nas linhas do teu rosto

Nas linhas do teu rosto esta beleza
Viril que me transtorna, mas não posso
Falar do quão desejo seja nosso
O mundo feito em glória e com destreza,

Seguindo contra a forte correnteza
Os erros do passado não endosso,
Do todo que já fui resta o destroço
E dele me fartando em pobre mesa.

Já fui bonita e até tive esperanças,
Mas quando o teu olhar em mim já lanças
Eu vejo que perdi todo atrativo,

E assim tão maltratada pelo tempo,
Não quero ser estorvo ou passatempo
E ensimesmada luto e sobrevivo.

Segregas

Segregas quem jamais te fez tão mal,
E assim me abandonando à própria sorte
Sem ter quem ainda acolhe e me conforte
A morte se fazendo natural,

Depois da tempestade, o vendaval
Mudando com terror todo o meu norte,
Pudesse ter ao menos um aporte
E a vida não teria este final.

Assento-me deveras no vazio
E nele novos rumos não recrio,
Vagando pela vida simplesmente,

Aonde imaginara a juventude
A sorte não permite que se mude
O rumo que deveras a dor pressente...

Alegrias

Alegrias deveras sugestivas
Falando de um momento aonde eu pude
Mostrando uma firmeza de atitude
Manter as esperanças inda vivas,

E quando após a guerra sobrevivas
Mantendo se possível juventude,
Por mais que o dia a dia nos transmude
Searas da paixão mantêm altivas

As nossas faces, mesmo se sombria
A tarde que deveras nos traria
Momento abençoado em luz intensa,

Mas quando a tempestade se aproxima,
Ainda que perceba esta auto-estima
Não há quem desta forma nos convença.

Errantes sombras

Errantes sombras mostram o caminho
Por onde perfilara uma esperança
E quando mais distante a gente avança
O mundo se tornou redemoinho

Que roda e sem ter nada me avizinho
Do fim e já não tendo confiança
A sorte mansamente o fim alcança
E nele sem defesas eu me aninho.

Vencida pelas ânsias de um amor,
O coração deveras sonhador
Já sabe que afinal estará só,

Do todo imaginado nesta estrada,
Figura da ilusão abandonada,
Restando então poeira e fino pó.

Errantes sombras

Errantes sombras ditam minha estrada
E aonde se pudera ter um trilho,
E em pleno desamor até me humilho,
Mas sei qual meu destino: abandonada.

E quando não restar da vida, nada
Ainda vendo ao longe um frágil brilho,
O coração estúpido andarilho
De novo me encontrando enamorada

Verá que o romantismo me consome,
Sem ter com quem converse o rastro some
Deixando-me sozinha sem ter rumo,

Mas quando nesta lírica emoção
Eu creio que estes sonhos voltarão,
E os erros cometidos, sempre assumo.

Das pálpebras fechadas

Das pálpebras fechadas sem ter sono
Tentando disfarçar meu sofrimento,
E quanto mais desejo e mesmo tento,
Maior a sensação deste abandono,

No engano de um delírio, mero abono,
Porém mal serve ainda um vão alento
Traduzo a cada verso o esquecimento
E com o anti-distônico, ressono.

Esboço reações, mas na verdade
Só tendo a sensação que desagrade
A cada amanhecer sem ver o sol,

A morte se aproxima e nela vejo,
Bem mais do que talvez este lampejo,
Quem sabe, o derradeiro e bom farol.

Vestindo esta ilusão

Vestindo esta ilusão revivo o dia
No qual eu poderia ser feliz,
Destino com certeza nunca quis
E o sonho a cada tempo mais se adia

A cama continua tão vazia
O amor não se traduz em chamariz
Tampouco poderia um chafariz
Se a sorte sempre fora árida e fria

Arcar com meus enganos, tanto faz,
Mulher batalhadora até audaz
Determinada; agora se enfraquece

E quando não percebo alguma chance
Por mais que a fantasia ainda alcance
O amor a cada tempo mais me esquece.

Cálido perfume

Cálido perfume que invadindo
A casa ao adentrar pela janela
Presença de quem amo já revela
Tornando assim meu dia bem mais lindo,

E quando me percebo me iludindo
Eu vejo que a saudade abrindo a vela
Destino tão diverso a vida sela
Cancelas do vazio descobrindo.

Antigamente havia uma esperança
Em formas definidas, mas a dança
Que tanto se fizera prometida

Agora se transforma em decepção
Os bailes do futuro não verão
O brilho ressurgindo em minha vida

sombras do passado

Vaporosas sombras do passado
Escondem-se detrás de um pensamento
E quando em novos rumos eu me alento
O sonho vai ficando abandonado

Pudesse ter deveras recriado
O mundo que queria em sentimento,
Mas restando no fim pressentimento
De um dia totalmente destroçado.

Pecado ser feliz? Não sei respostas,
E quando vejo as faces decompostas
Dos dias que pensara salvadores,

Felicidade é sonho que esvaece
Aonde se pensara alguma messe
Somente se repetem velhas dores.

O quanto desejava

A névoa nos tomando faz com que
O amor se transformando em dor intensa
Deixando a nossa vida bem mais tensa
Mudando este perfume, em vão buquê

O quanto desejava não se vê
A vida não traria a recompensa
E uma alma solitária já se adensa
Buscando alguma sorte, mas cadê?

Resisto aos dissabores, mas no fim
Acende-se deveras o estopim
Numa explosão final, a derrocada

E assisto ao meu final, cruel eclipse
E como fosse assim o apocalipse
Só restará de nós enfim, o nada.

Enorme turbilhão

Enorme turbilhão em gozos feito
Delírios de uma fêmea insaciável,
O amor quando demais inesgotável
Toando intensamente no meu leito

E nele com certeza me deleito
Tornando a vida bela e tão afável,
Viver ser temor que ainda agrave-o
Permite um novo dia tão perfeito.

Arranho tuas costas meu corcel,
E quando te galopo encontro o céu
Rondando em mil estrelas, constelar.

Pudesse ser assim eternamente,
Mas quando esta alegria toma a mente,
As nuvens se aproximam do luar.

Lascívia

Lascívia que domina os meus anseios,
Maravilhosamente prazerosa
A noite em que o amor adentra e goza,
Tocando mansamente nos meus seios

Penetra com vigor todos os veios
E deixa esta tristeza em polvorosa,
Na senda mais sutil, sendo gulosa
Meus dias dos temores vão alheios.

Entrego-me à paixão desenfreada,
Bebendo desta noite enluarada
Até que me inebrie totalmente

Desnuda nos teus braços, homem meu,
Um Paraíso, o amor nos concedeu
Mergulho em teu prazer insanamente.

Fulguras

Fulguras dentro em mim, qual diamante
Que a vida me furtara e me devolve
Enquanto a solidão ainda envolve
Eu vejo novo tempo, deslumbrante

Mulher que se transforma a cada instante
A sorte tão mutante me comove,
E mesmo quando a vida se renove
Guardada esta saudade é torturante.

Assentando a poeira sigo em frente,
E quando amanhecer já se pressente
Embora tão nublada a madrugada

O sol se prometendo bem mais forte,
Na luz que irradiando me conforte,
Depois de ter nas mãos o mesmo nada.

TURBILHÃO

Num turbilhão de cores me perdi
E sem ter a presença de quem amo,
Uma árvore lamenta qualquer ramo
E nesta imensa perda estou aqui,

Aonde poderia ter em ti
O sonho que deveras já reclamo,
Deposta a fantasia, novas tramo
Diversas da que um dia eu conheci

Assim ao renovar-me poderei
Fazer de uma esperança minha grei
E mesmo que inda enfrente o vendaval,

Espero a redenção de um novo amor
E nele cada passo recompor
Mudando para sempre o meu astral.

SOLIDÃO

Não poderia crer ser paranóia
A dor que me invadindo destroçara
Tornando a minha vida tão amara
Enquanto uma paixão distante bóia,

Verdade com certeza nos liberta
E tudo poderia ser melhor
A história em desamor eu sei de cor,
Mantendo uma alma aflita ora deserta.

Assisto ao fim de todos os meus sonhos
Mortalha me servindo como veste
Somente a solidão enfim reveste
Os dias que passamos, pois medonhos

E neles refletindo o mesmo mote,
Viver sem ninguém que inda me note.

FANTASIA ATROZ

Escrava do querer e não desvendo
Sequer algum momento de ilusão
Enquanto os novos dias me trarão
O que jamais se fez tão estupendo

E mesmo que eu me mostre te querendo
Terei como resposta a ingratidão,
E sendo minha vida assim em vão,
O amor que tanto quis putrefazendo

Usando tão somente esta mortalha
Enquanto a fantasia atroz batalha
Roubando dos meus olhos a certeza

De um dia mais feliz que ora não trago,
Aonde imaginara um manso lago,
Imensa e transbordante correnteza.

O OLHAR DE QUEM AMO

Estava imaginando aquela cena
Aonde tantas vezes refletira
O olhar de quem eu amo, qual safira
Na tarde que tão mágica serena

O coração aflito em voz amena
Por mais que o medo insólito interfira,
A Terra não descansa e quando gira
Com novo amanhecer eu sei, acena.

Estando do teu lado mais segura
A noite não será jamais escura,
Qual fosse este luar que ora nos banha

Tomando em rara prata este cenário,
Aonde se pensara temerário
O Amor vai transformando toda a sanha.

AUSÊNCIA DO QUERER

Estando tão sozinha me pergunto
Por que tal sorte em mim ainda traz
O quanto se perdera sem a paz
E a vida vai mudando já de assunto

Não deixa que se possa imaginar
Momento tão gostoso junto a ti,
E tudo o que em verdade ora sofri
Distante, tão distante do meu mar

Na ausência do querer restando o nada
E nele recriando a minha história
Aonde poderia ter a glória
De ser eternamente enamorada

Encontro a solidão como resposta,
E assim a minha vida em vão, exposta.

ESPELHO...

No quarto de dormir na penteadeira
O espelho não sonega esta verdade,
Por mais que o coração ainda brade
Paixão será decerto a derradeira.

E quando noutros braços já se inteira
O que pensara ser felicidade
Depois me restará a opacidade
A vida é tão cruel e passageira.

Mas tendo com certeza alguma chance
E nela esta ilusão ainda alcance
Um coração cansado de sofrer

Promessa alentadora que recebo,
E o amor em goles farto hoje eu bebo
Sabendo aproveitar cada prazer.

DERRAMANDO ESTRELAS

Deixaste derramada cada estrela
Que um dia me trouxeste em noite clara,
O amor conforme o tempo não aclara
E já não conseguindo mais retê-la

A sorte se rebela e passo a vê-la
Distante deste encanto que declara
Uma alma juvenil que inda sonhara,
Mas sabe no futuro irá perdê-la.

Assim depois de tanta caminhada,
Ao fim deste horizonte resta o nada,
E tanta insensatez já nos domina

A vida destruindo a fantasia,
Decerto nada em troca nos traria
Somente esta insensível, vã rotina.

EM LUZ SOMBRIA

Voltando à realidade em luz sombria
Depois de tanto sonho, o que me resta?
A tarde rotineira e tão funesta
Aonde desejara uma alegria,

E assim a cada tempo se recria
Imagem de um delírio ao qual se empresta
A sorte de viver que ainda gesta
O que novo momento traduzia.

Durante tanto tempo quis o brilho
E agora estando aqui, ainda trilho
Caminho variável, sem por que

Depois de tanto tempo, o casamento
Traduz melancolia e desalento,
Nas mãos vazias, busco o meu buquê.

TRADUZIR EM POESIA

Pudesse traduzir em poesia
A dor que inda carrego e me destrói
O amor quando demais, ainda dói
E traz em seu olhar, tanta agonia

A sorte sonegando a parceria
O mundo pouco a pouco já corrói
O que fora constante como sói
E agora deixa uma alma tão vazia.

Queria pelo menos ter no olhar
Presença de quem tanto quis amar
E sei que na verdade não me quer

Olvido as minhas preces do passado,
E o templo da paixão abandonado
Sonega os velhos sonhos da mulher.

VENHA COMIGO

Segure minhas mãos, venha comigo
Que o sol já se anuncia divinal
Dourando enquanto adentra o meu quintal
Trazendo a claridade que persigo,

Durante tantos anos, desabrigo
Decerto tão constante e natural
Agora num sobejo ritual
Distando de meus olhos o perigo,

Realizando o sonho de princesa,
Reinado feito amor, deixa surpresa
Uma alma adolescente que inda brade

Mesmo depois de tanto sofrimento,
Um novo amanhecer eu quero e invento
Volvendo à já distante mocidade.

EXPOSTA INTEIRAMENTE

Não pude controlar meus sentimentos
E quando assim me expus inteira e nua.
A sorte desdenhosa continua
Mudando a direção de antigos ventos,

E apenas nos meus olhos os tormentos
Enquanto a solidão ainda atua
Bebendo à minha sina dura e crua
Os dias escorrendo frios, lentos.

Pudesse ter comigo, hoje, meu homem,
Mas sombras de um viver, aos poucos somem
Deixando este vazio aonde um dia

Pensara ser possível claridade,
Por mais que uma alma insana ainda brade,
Somente o nada ter me restaria.

MEUS OLHOS NO AMANHÃ

Pudesse ter nos olhos o amanhã
Diverso do que outrora se fez frio,
Mas quando tão sozinha o desafio
Expressa esta ventura amarga e vã,

O amor quando se dá em louco afã
Perdendo a cada dia mais seu fio,
Dispersa de algum sonho eu me inebrio
E sei que está sem sol minha manhã.

A moça envelhecida antes do tempo
Encontra tão somente em contratempo
Aquilo que pensara redenção,

E assim ao caminhar tão solitária
Das dores e do amor segue alimária
Matando em frio inverno o meu verão.

Aonde amor se fez

Recebo como anúncio de um jornal
Notícias do que foi e não voltando
Aos poucos com certeza me matando
O mundo se transforma e é infernal,

Aonde amor se fez em porto e nau
Momento onde vivera o sonho brando,
E agora solitária eu me debando
Da escada subo mais outro degrau

E a porta do infinito estando aberta
O fim já se aproxima enquanto alerta
E traz os seus sinais inevitáveis,

Promessa de um amor já se perdeu,
Agora só restando enfim o breu,
Mistérios se demonstram insondáveis.

voltar à nossa infância

Pudéssemos voltar à nossa infância
Crianças pela casa, correria,
Mas quando a tarde chega e se anuncia,
Imagem se mostrando em tal constância

E nela se reflete uma elegância
Que apenas falsa luz inda irradia
Gerando tão somente a alegoria
Sem ter que a decifre em paz; alcance-a.

Assisto à derrocada a cada tempo
Derrotas acumulo, ditam rugas
E quando se preparam minhas fugas

Encontro novamente em contratempo
O espelho de minha alma envelhecida
E nele se perdendo a minha vida.

Saudade deste tempo?

Outrora comovida como fosse
A própria e tão sofrida desventura
Ainda esta lembrança me tortura
Tramando um gosto assim, quase agridoce

Saudade deste tempo? Ainda tenho,
Mas quando vejo ali morta a esperança
O medo do futuro chega e avança,
Por mais que ainda exista algum empenho

A luta se transforma em pesadelo,
Pudesse meu amado ter nas mãos,
Os dias seguem sendo sempre vãos
Pudesse; o meu caminho, revertê-lo

E ter em novas faces o que vem,
Mas vivo há tanto tempo sem ninguém...

Desabrochar de um sonho juvenil

Desabrochar de um sonho juvenil
Tornando a mocidade mais bonita
E quando esta ilusão no peito grita
Diversa do que a vida me previu,

Revejo o cavalheiro tão gentil
Que um dia em noite imensa uma alma fita
Porém realidade já conflita
E mostra que jamais ele existiu.

As Fadas e as quimeras se misturam,
As fantasias vivas que perduram
Permitem mesmo após a juventude

Que as rugas eu esqueça no meu sonho
E novamente a moça em glória exponho
Por mais que o tempo insano tudo mude.

Vestindo a fantasia

Explicações não quero nem as dou
Depois de tanto tempo em solidão
O amor me transformou e a decepção
Expressa onde este barco naufragou.

Vestindo a fantasia já não sou
Aquela que sem ter a percepção
Sofrera e te pedira até perdão
Por erros que jamais teve ou ousou.

Agora esta mulher se torna plena
E quando outra seara, amor, me acena
Mergulho sem ter medo de voltar

Depois de tanto tempo em dor imensa
Percebo no final a recompensa
E aprendi depois disso a navegar.

A PRIMAVERA DE UM SONHO

Pudéssemos viver a primavera
De um sonho que se fez tão importante
Ainda se pensando em deslumbrante
Caminho desprezando esta quimera

Enquanto tão distante, desespera
Permite que minha alma se adiante
E tome seus espaços. Torturante
Delírio amansa agora esta pantera.

Eu quero ser feliz e isso me basta,
Uma alma juvenil ainda casta
Não vendo estas trapaças de um amor

Por vezes imagina a Cinderela
Que morta há muitos anos se revela
E deixa uma mulher bela se expor.

TRADUZINDO EM BEM QUERER

Eu só queria enfim poder dizer
Do quanto me faz bem saber que ainda
Existe esta beleza quase infinda
E nela se percebe este poder

Que um dia traduzindo em bem querer
Traçando nova estrada audaz e linda
E quanto mais feliz sendo bem vinda
A glória se espalhando, posso ver.

Atrozes madrugadas do passado,
E o sonho há tanto tempo esfacelado,
Quimera tão terrível, pesadelo,

Agora bem diverso do que fora
Uma alma com certeza sonhadora
Encontra o grande amor e posso vê-lo.

AMIGO

Muito obrigada, amigo, tu me deixas
Feliz com teu divino comentário
E o encanto que produz, assim tão vário
Deixando no passado minhas queixas

A vida muitas vezes trama sortes
Diversas para quem deseja tanto
E neste emaranhado o desencanto
Impede com teus versos belos, fortes.

E sinto-me feliz por poder ver
Ausente da completa solidão
Momentos que decerto me trarão
A glória maviosa de saber

Que ainda existe aqui esta amizade
Impedindo que o sonho se degrade.

QUEM POSSA ME ENTENDER

Descrevo a solidão quando procuro
Quem possa me entender e dar a mão
Por mais que novos dias mostrarão
Além deste vagar atroz e escuro

O solo em que semeio, sendo duro
Esgota a variedade feita em grão
Vazia em aridez a plantação
E o medo se tornando quase apuro.

Assim embaraçada entre caminhos
Diversos procurando ainda os ninhos
Qual fora uma andorinha solitária

Vagando sem saber onde pousar,
Aonde poderia te encontrar
Se a vida sempre foi tão temerária.

MEU SENTIMENTO

Não pude controlar meu sentimento
E tendo por resposta a solidão
Momentos tão diversos me trarão
Às vezes lenitivo em manso alento,.

Porém quando me sinto sem provento
A força se transforma em negação
E sem saber de rota ou direção
Apenas me entregando, instável vento

Esqueço da menina que sonhara
E agora esta esperança sendo amara.
Mesquinhos os momentos do porvir

E nada além das rugas que me tomam
Somente as ilusões ainda domam
O coração cansado de servir.

Estúpida quimera

Estúpida quimera que me invade
E tomando de assalto o coração
Traduz ao mesmo tempo a decepção
Trazendo tão somente esta saudade

Que tanto me maltrata enquanto brade
Dizendo das torturas que virão
Caminhos tão diversos mostrarão
A quem tanto se deu à ansiedade.

Futuro se embaralha sob os olhos,
Os pés espezinhados e os abrolhos
Que agora dominaram meu jardim

Deixando tanta dor onde eu quisera
Palavra mais sutil em voz sincera,
Matando o que inda existe dentro em mim.

SEGUINDO CADA PASSO

Procuro na manhã tal claridade
Na aurora que permita-me sonhar
E neste sonho possa vislumbrar
O amor que me guiando à liberdade

Não suporta sequer alguma grade
E traz neste seu canto a me encantar
Beleza que deveras sei sem par,
Por mais que o dia a dia ainda brade

E teime em transformar encanto em dor
Seguindo cada passo aonde for
Possível ter nas mãos tanta meiguice

Vivendo sem temores, me entregando
Sentindo-me querida enquanto amando
Diversa do que a vida contradisse.

PURA E SINCERA

A moça que se quis pura e sincera
Com todos os enganos se transforma
E o amor que ainda move, eterna norma
Diversa da que anseia destempera

E mostra quão volúvel primavera
Mudando a cada instante modo e forma,
E toda esta paisagem se deforma
Gerando da menina a fria fera.

E tendo nos meus dedos o poder
De seduzi-te e nisto te conter
Mantendo sob a guarda este desejo

Mergulho no vazio deste espelho,
Por vezes me retrato e me aconselho,
Mas logo outras mudanças eu prevejo.

TANTO AMOR... e ninguém vê

Possuo tanto amor e ninguém vê
O quanto é necessário para a vida
História que pensara resolvida
Após a tempestade sem por que

Procuro à minha volta, mas cadê
Estando alucinada, pois perdida
A sebe desejada destruída
Nos olhos solidão é o que se lê,

Assisto ao terremoto mais atroz
E quando me percebo já sem voz
O vento vai mudando a direção

E tanto quanto quis felicidade,
O sonho se tornando realidade
Traduz horas benditas que virão.

NA DIREÇÃO DO VENTO

Na direcção do vento se percebe
O quanto se deseja em voz profana
A sorte muitas vezes nos engana
E trama com certeza errônea sebe.

O amor quando se dá e se recebe
Estende-se em paisagem soberana,
E quando uma tristeza enfim se dana
Intensa maravilha nos embebe.

E quando me sentira feito presa
Na caça tão divina, esta surpresa
Causando tal impacto no meu peito

E mesmo envilecida pelo tempo
Vencendo qualquer dor ou contratempo,
As ordens do senhor amado, aceito.

FULGURAS

Teria pelo menos uma chance
De ter bem junto a mim a luz intensa
Que quando já nos toca recompensa
Fulgura radiante num nuance

Por mais que a solidão inda se lance
Quem tem esta certeza que convença
De um dia mais tranqüilo em noite extensa
Permite que este olhar em ti descanse

E viva tão somente por ser tua
E quando em gozos fartos continua
A ter estas visões realizadas

Em dias mais fecundos e profanos,
Desejos tão audazes, soberanos
Mudando a direção dos velhos fados.

ENVOLTA NAS DELÍCIAS DO PRAZER

Vencer as minhas dúvidas e ter
Nas mãos esta certeza que permita
A vida mais suave e tão bonita
Envolta nas delícias do prazer,

Assim me permitindo mesmo crer
Que toda esta verdade se reflita
Gerando do vazio esta pepita
Que agora lapidada eu possa ver

Diamantino sonho feito em vida
E quando aberta em mim tola guarida
Desprotegida enfim, eu sou feliz

Deixando a solidão que me habitava
Do gozo feito em luz se sou escrava
A liberdade em dor; jamais eu quis.

FOGUEIRA

Acende-se no peito esta fogueira
Que tanto me comove e me faz bem,
E quando esta alegria agora vem
Mudando a minha face e a dor se esgueira

Eu sendo tua amante e companheira
Delírios de um amor que nos convém
E tantas emoções ele contém
Como se fosse assim, bela bandeira

Aonde desfraldara uma esperança
E quando se traduz em confiança
Levando com certeza ao mais perfeito

Caminho em que me perco quando estou
E quando tanto amor nos dominou
Em sendas tão suaves, me deleito.

BELEZA E SEDUÇÃO

Ouvindo este marulho num convite
Beleza e sedução do amor que quero
Expondo um sentimento mais sincero
Aonde toda a dor em paz se evite

Amando sem remendos ou limite
É tudo o que desejo e ainda espero
E quando nos teus braços me libero
Sem ter quem me cerceie ou delimite

Entranham-me delírios e delitos
Momentos do passado mais aflitos
Agora se transformam em sorriso,

E assim deixando longe a solidão
Encontro nestes dias que virão
O gozo incontestável, mais conciso.

FÚRIA E LAVA

Seria muito bom saber que a vida
Ainda me prepara uma surpresa
Depois de ter descido a correnteza
E ter da solidão já convencida

Nesta amadurecida face acida
Onde em meu passado houve beleza
Agora, no final, a sobremesa
Do amor que me deixara embevecida.

E bebo cada gota mais sedenta
E toda esta paixão que se apresenta
No anoitecer aonde se esperava

Apenas o final da minha história
Que tanto sendo amarga e merencória
Explode no final, em fúria e lava.

ALÉM DO MAR

Erguendo o meu olhar além do mar
Vivendo esta emoção que nos rodeia
O amor emaranhando em fina teia
Permite a liberdade a nos tocar,

Aonde desde Praia iria achar
A lua que deveras nos clareia
E sendo sempre bela quando cheia
Traduz o meu desejo de te amar,

E sendo tua amante desde quando
Encanto sem igual se demonstrando
Num sonho mais fugaz, e verdadeiro,

Nos raios desta dama prateada
Uma alma se sentindo iluminada
Floresce pleno amor no meu canteiro.

ANSEIO DE UM BEIJO

Os lábios descorados pelo anseio
De um beijo que não vem e não virá
O tempo se mostrando desde já
Diverso do que outrora ainda veio

Falar deste prazer que banqueteio
No sonho que decerto trairá
Verdade onde percebo aqui ou lá
Apenas tão somente este receio

De um dia após um dia e nada vindo
O quanto se pensara ser infindo
Momento tão fugaz do meu passado,

A sombra de um fantasma me persegue
E enquanto este futuro ela sonegue,
O mundo que eu queria; destroçado.

PENHASCO

Aonde vira apenas tal rochedo
Penhasco tão imenso e solitário
O amor que bem queria solidário
Agora se transcorre em pleno medo,

E vez em quando ainda amor eu cedo
E sei que na verdade é temporário
Guardadas esperanças num armário
Trancado a sete chaves, qual segredo.

Vivesse esta ventura de poder
Ter tantas alegrias e prazer
Depois de temporais, farta bonança.

Mas sigo tão sozinha e nada disso
Que ainda desejara e inda cobiço
Traduz o que seria uma aliança.

ETERNO LUTO

Vestindo eterno luto após a guerra
Aonde se perderam esperanças
E quando mais distante tu te lanças
O coração ausente se desterra

Beleza sem igual ainda encerra
Os dias que pululam nas lembranças
E como se ainda fôssemos crianças
Brincando em liberdade. O tempo cerra.

As nuvens no horizonte anunciando
Enquanto as aves seguem ledo bando
Deixando solitária quem queria

Viver ao menos gozo que superno
Agora em versos tristes eu externo
Deixando para trás a fantasia.

ERGUER A MINHA FRONTE

Erguendo a minha fronte vejo além
Da linha do horizonte esta beleza
Que quanto mais audaz expõe surpresa
Dizendo dos anseios que inda vêm

Perdida, muitas vezes sem ninguém
Aonde se pensara uma certeza
Vazia desde sempre a minha mesa,
Convivas nunca chegam, vivo aquém.

E assim sendo sozinha bem queria
O belo amanhecer de um novo dia
Distante das terríveis sensações

Que agora me dominam por inteira
E quando se pensava verdadeira
A falsa luz dos sonhos tu me expões.

AMANDO OS TEMPORAIS

Amando o temporal percebo às vezes
Que a insânia toma conta do cenário
Aonde se pensasse temporário
Delírio que procuro há tantos meses

Os sonhos simplesmente como reses
Perseguem cada templo temerário
E bebo deste gozo raro e vário
Sem ter a gentileza dos ingleses,

A louca se transtorna e toma tudo,
E quando solitária inda me iludo
Com velhos e diversos bibelôs

Amores se transformam; beduínos
E os beijos escondidos dos meninos
Agora em andarilhos camelôs.

VENDAVAL

Varrendo os meus quintais, o vendaval
Levando para longe esta poeira
As mãos desta cansada jardineira
Depois de tanto tempo, isto é normal

Quarando as esperanças num varal
Sabendo ser a sorte, a derradeira,
Além do que talvez a alma mais queira
Um riso delicado e triunfal.

Mas tudo não passara de tempesta
E apenas solidão ainda resta
Gerando o desespero paulatino,

Aonde se fizesse uma esperança
Ao fim tão solitário amor me lança
Selando desta forma o meu destino.

IMENSA TEMPESTADE

Imensa tempestade anunciada
Em raios e trovões, a ventania
Tomando com furor a cercania
A cada novo instante; outra lufada

E toda esta loucura desfraldada
Numa ânsia sem igual que nos traria
Certeza de que nada escaparia
Enquanto a realidade nos degrada

Assisto à derrocada deste caso
E quando percebendo o fim, o ocaso
Ainda imaginava após, o sol,

Mas vendo destroçados os caminhos
Meus passos seguirão sempre sozinhos,
Sem ter sequer quem guie; algum farol.

VIESTE

Vieste qual trovão em noite escura
Iluminando a senda em alto brado
Aonde havia o medo emoldurado
Cenário que deveras nos tortura

Chegaste num rompante e da loucura
Do amor se fez um tempo anunciado
Em glória e pesadelo gozo e enfado
Doçura se inundando em amargura.

Assim ao te sentir tão inconstante
O sonho se desfez no mesmo instante
Em que se torna viva esta saudade

E sendo-te fiel, porém nem tanto
Agora em meio à luz e ao desencanto
Diverso sentimento já me invade.

FARTO BRILHO

Viver a plenitude deste sonho
E ter em meus caminhos farto brilho
Enquanto nos teus braços maravilho
O mundo se percebe mais risonho

Delírio sensual que aqui componho
Dizendo deste tanto onde palmilho
Não vendo mais sequer um empecilho
Matando o que deveras foi medonho.

E tendo em tuas mãos; tanto carinho
Deitada me aconchego e ali me aninho
Sabendo aonde encontro encantamento.

E sendo tua amada e nisto crendo
Felicidade é fruto e dividendo
E nela dos meus medos me apascento.

EM PLENA PAZ

Somente quando plena estou em paz
E assim em meio às loucas fantasias
Ao ser a fonte aonde tu bebias
Silenciosamente ou tão voraz

Enquanto este delírio já nos faz
Viver além do todo que querias
Solares ilusões nas cercanias
Numa ânsia ora decerto contumaz

A sensibilidade me fascina
E como fosse assim uma felina
Ao mesmo tempo em garras, ronronando

Deitada em teu regaço, eu me alucino,
Meu homem se transforma num menino
O garanhão fogoso, agora brando...

ARDENTES EMOÇÕES

Queria ter um verso mais conciso
Aonde eu poderia vos falar
Do quanto é necessário tanto amar
Para se poder se crer num Paraíso

Enquanto em vossos sonhos me escravizo
Exposta aos raios tantos de um luar
Aqui é com certeza um bom lugar
Distante das geleiras, do granizo

Ardentes emoções mais sensuais
No fogo que deveras derramais
Incendiando em fúria inabalável

Tomando toda a cena num rompante
O mundo ora percebo delirante
Desejo que se aflora incontrolável.

DELICIOSAMENTE

Percebes do que amor se faz capaz
Ao teres meus momentos de ventura
Deliciosamente se procura
Um toque mais suave ou tão audaz

E quantas alegrias já me traz
O amor que noutro amor se transfigura
Esqueço qualquer dor ou amargura
E tua luz decerto satisfaz

A pele se arrepia sendo tua
Mulher e nesta cama quando atua
Se expressando feroz, voluptuosa

Depois ronrona quieta; obediente
Neste êxtase supremo que ora sente
No instante divinal, sublime, goza.

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

DISTANTE DE QUEM TANTO QUIS

Em tons pastéis a vida vai sem graça
Distante de quem tanto eu quis querer
Na ausência deste sonho, o desprazer
Esboça este vazio quando passa

Ao longe dos meus olhos, rua e praça
Aquele a quem desejo e sabe ser
E tendo nos seus braços tal poder
Que a vida sem sabê-lo se esfumaça.

Marcando a cada dia em carne viva
Uma alma que sem ele já se priva
De tudo o que pudesse traduzir

Felicidade imensa em glórias feita,
E quando a fantasia está desfeita
Ausente dos meus olhos o porvir.

O TEMPO NOS TRANSFORMA

Ainda que se mostre desejável
O tempo nos transforma totalmente
E mesmo quando a fúria se pressente
O quadro muitas vezes imutável

Agora se tornando palatável
Cevando da esperança uma semente
Diversa da quer vira antigamente
Num solo que hoje não era arável.

Mas tendo o teu amor nada mais quero
Somente esta emoção que assim transborda
Num elo bem mais forte, sou sincero

Não vejo mais tão rota a velha corda
Que unira nossos passos e eu espero
A farta paz que agora nos aborda.

VIVER TAIS EMOÇÕES

Durante a minha vida imaginara
Algum momento aonde eu poderia
Entregue aos devaneios da alegria
Selando um novo dia sem a escara

Que tanto me ferira e maltratara
E enquanto uma esperança desafia
O coração atroz da poesia
Aonde a sorte às vezes desampara.

Viver tais emoções e ser além
Do vago que sozinha me contém
Sem ter sequer posseiro que me invada

A moça se desnuda em força tanta
E quando esta ilusão sublime encanta
Voltando a ter nos olhos, sonho e Fada.

ASSÉDIOS DA ILUSÃO

Trazendo no meu peito esta medalha
Aonde se mostrasse mais feliz
A sorte muitas vezes traz matiz
Diverso do que outrora vi; mortalha

E quando esta esperança me amealha
E levando minha alma tanto diz
Permita que eu me veja menos gris
E toda a fantasia se retalha.

Assédios da ilusão são costumeiros
Assim como as daninhas nos canteiros,
Mas creio que terei belas verbenas

Depois da chuvarada em desamor,
Belo desabrochar de cada flor,
Pois quando estás comigo me serenas.

CORAÇÃO

O coração dos sonhos tradutor
Tramando a cada dia nova história
E dela redundando dor ou glória
Mudança que se faz, todo vapor,

Viver extasiada o bem do amor
Na força insuperável da vitória
Trazendo os meus prazeres na memória
Decora minha casa a bela flor

Composta em tais matizes tão diversos
Traçando com carinho a ti meus versos
Encontro a solução para os problemas

E quando em noite imensa me entregando,
A fúria da paixão se demonstrando
Enquanto em teus delírios tu me algemas.

A FORÇA QUE NOS MOVE

Amar tendo esta força que me move
E deixa-me deveras mais audaz
O quanto amor já fora tão fugaz,
O medo pouco a pouco se remove

E tendo esta vontade que comprove
Delícia que decerto satisfaz
Enquanto novo dia ele me traz
Tirando sem temor prova dos nove.

Englobo-vos nos braços, quero mais
E quanto mais feliz vos demonstrais
Serei também querido namorado,

Vivendo esta alegria sem igual,
O amor se mostra enfim tão natural
Distante do que fora no passado.

CAIS

Pensando neste cais feito em teus braços
Depois de temporais ter enfrentado
O amor que foi demais no meu passado
Agora se trançando em novos passos,

E neles reconheço os velhos traços
Dos medos que vieram num nublado
Momento onde houvera vislumbrado
Os erros cometidos, todos crassos.

Mas tendo novamente esta esperança
A sorte em tuas mãos o sonho lança
E tua sem temor ora mergulho

E mesmo que espinheiro eu encontrasse
A vida superando antigo impasse
Arranca do caminho o pedregulho.

APAIXONADA

E quando te imagino, apaixonada
Ao vê-lo como fosse quase um deus
Desejos incontidos teus s meus,
Estrada com prazeres desbravada

A vida se mostrando em tal jornada
Deixando para trás o medo e o adeus,
Podendo caminhar em plenos breus
Estando, pois contigo, iluminada.

Vencer os meus temores naturais
Querendo me entregar cada vez mais
E sem sequer saber de alguns limites

Só quero ser tão tua e sem cobranças
Vivendo a fantasia em que me lanças
E nelas sem temor, quero, acredites.

TE PROCURO

Meus olhos te procuram noite afora
Distante do que outrora te queria,
O amor que é muitas vezes utopia
Ainda bem mais forte ora se aflora

E quando em teus delírios se decora
Uma alma passageira da agonia
Desvenda este mistério e assim me guia
Porquanto noutros braços se demora.

Agouros que trouxeste se esfacelam
Desejos sem respostas se cancelam
E a vida renascendo após o fim

De toda farsa feita em desengano,
Revejo a minha vida em novo plano
Neste mergulho insano dentro em mim.

CORRENTES

Senzalas que me deste no passado
Arrebentando agora tais correntes,
Além do que deveras inda sentes
Não quero este fantasma aqui do lado,

O mundo novamente vislumbrado
Por mais que velhos dias inda tentes,
Não sabes nem percebes tais dementes
Momentos onde o sonho é naufragado,

Pudesse ter ainda a juventude,
Mas mesmo assim mantenho esta atitude
Embora te pareça tão tardia,

A fêmea feita em loba já se acorda
E rompe com passado qualquer corda
E em luzes bem mais fortes se recria.

ILUSÕES

Espero a cada noite esta presença
De quem tanto desejo, mas não vem
E quando me percebo sem ninguém
Sem ter quem de um amor já me convença

Sozinha nesta andança a recompensa
No gozo solitário se contém
E toda a fantasia fica aquém
De uma realidade audaz e intensa.

Vestindo de ilusões uma princesa
Encontra no teu corpo farta mesa
E assim se banqueteia noite afora,

O quadro se reflete nesta cena
E quando a vida atroz já me envenena
Apenas fantasia me decora.

NOITES ANSIADAS

Perpetuamente vossa e nada mais
Nas ansiosas noites, solidão,
As tramas mais doridas da paixão
Que em versos tantas vezes demonstrais

E sigo após momentos tão venais
Buscando nos teus braços a amplidão
E nela novos tempos mostrarão
Cenários com certeza, magistrais

E deles absorvendo cada luz
E o fogo desvairado me conduz
Ao teu colo querido companheiro

E sendo tão somente assim só tua
Exposta nesta cama quase nua
Nas ânsias de quem amo já me inteiro.

SEDE E FOME DE VOCÊ

Qual fora mensageira da esperança
A luz nos envolvendo nos diz tanto
E quanto mais audaz, maior encanto
Nos braços deste sonho em que se lança

Além de qualquer medo ou temperança
Deixando para trás fugaz espanto,
Vibrando em tuas mãos, amado, eu canto
E neste canto selo esta aliança

Espero-te com tanta sede e fome
E quando amor devora e assim me come
Fazendo-me sentir única ou rara,

As horas do teu lado são felizes
E quando destes sonhos todos dizes
A fonte ressurgindo onde secara.

DESEJO ATROZ

Num frenesi tão mágico e feroz
Confusas emoções, convulsos passos
E neles demonstrando os teus cansaços
Não vê nem reconhece minha foz,

E quando te desejo mais atroz
Encontro nos teus braços frios laços
E os olhos embotados quase baços
Aonde desejara mais feroz.

Assisto ao nosso fim de camarote
Qual fera que prepara último bote
Espreito este momento terminal

Mulher que sabe bem o que desejo,
Já não suporto mais frágil lampejo
Eu quero um homem forte e sensual.

CADA NUANCE

Ao ver-te assim tão longe de meus dedos
Pudesse pelo menos ter a chance
De ter o teu carinho ao meu alcance
Não mais teria enfim, da vida, medos,

E quanto desvendares meus segredos
Vivendo neste amor cada nuance
Aonde mais se quer que assim avance
Os passos que penara fossem ledos

A tua prostituta, a diva, a santa
Enquanto com prazeres já te encanta
Sacia-se em complexas companhias,

E assíduas vezes teima em navegar
Reconhecendo ao longe um bravo mar
Diverso do que agora tu desfias.

ESCRAVIZADA

Coexistindo em mim a fêmea e o macho
Que tanto te procura e te sacia
Uma alma vagabunda e tão vadia
Às vezes te pisando sou capacho,

E quanto mais procuro menos acho
O rumo que me leve à fantasia
Deveras transbordando em agonia
O gozo se possível mais escracho.

Escrava que dos sonhos se assenhora
Pretendo tê-la aqui e sem demora
Vibrar com tua língua, lábios, dedos

Nos vários e distintos caminhares
Aos deuses e às deusas meus altares
Sortida imagem tramam tais enredos.

NOS MARES DOS ANSEIOS

Boiando sem sentido ou direção
Nos mares dos anseios mais fugazes
Percebo quanto o amor se mostra em fases
E nelas outras cores mostrarão

Delírios contumazes da emoção
Enquanto este prazer que tu me trazes
Deixando no passado tão mordazes
Caminhos que diziam perdição

Acolho-te menino e te ninando
O mundo que se faz agora brando
Permite um belo e raro amanhecer

Nas sendas mais perversas caminhara
E agora quando a vida se faz clara,
Não penso e nem pretendo te perder.

AMORES...

Clarões entre as neblinas me anunciam
Raiar de um sol fantástico, deveras,
Aonde se pensara em duras feras
Momentos delicados prenunciam

Amores que eu pretendo me saciam
E neles cada noite mais temperas
Vivendo etereamente primaveras
Que os sonhos realizados propiciam.

Amena madrugada nos teus braços,
E sinto que se estreitam nossos laços
Podendo me sentir como a menina

Que um dia quis a sorte de saber
O príncipe encantado posso ver
Na luz que adentra agora na neblina.

JASMINM

Aromas delicados de jasmins
Adentram as narinas de quem ama,
E ao manter acesa a velha chama
Reclama por sobejos querubins

Distantes dos meus olhos, meus jardins,
Agora novamente a sorte clama
E traz invés de medo, angústia e drama,
Momentos em delírios mais afins.

Servindo a quem me serve com denodo,
Deixando para trás a lama e o lodo,
Voltando a ser menina neste instante

Depois de tantos anos solitária,
A vida se mostrando uma operária
Bendita gera imagem deslumbrante.

BEBENDO DA ALEGRIA

Assisto à derrocada da quimera
Que tanto provocada farto estrago
E quando em minhas mãos um sonho trago
A sorte pouco a pouco regenera,

E bebo da alegria que tempera
Usando tão somente algum afago
Compactuada luz em brilho mago
Apascentando em mim a fúria, a fera.

O príncipe estando há tanto morto,
A vida se mostrando em cada aborto
Terrível vendaval que me destroça

E quando a poesia rege uma alma,
A voz da fantasia já me acalma
E o toque de quem quero enfim me adoça.

ALMA PROFANA

Não deixe pra depois o que talvez
Não tenhas outra chance de fazer,
E quando se tratando de prazer,
Além do que decerto ainda vês

Bem mais até querido do que crês
Quem sabe deixa sempre acontecer
E vendo neste nosso amanhecer
Resíduos de uma tola lucidez

Ainda que se mostre tão profana
Minha alma muitas vezes já te engana
E teima em buscar outras direções

Diversas das que agora tu adentras
E quando nos meus gozos não concentras
O macho tolo e estúpido me expões.

ENVOLTA EM TUAS TRAMAS

Relembro do começo deste amor
Envolta em tuas tramas, desejosa,
E quanto a poesia ainda goza
De um mundo com certeza sedutor

Soergue-se a visão de um refletor
Tornando nossa senda vigorosa
E sei que sendo assim, vitoriosa
Estendo as minhas mãos em teu louvor,

Descemos cachoeira, mesma foz,
E quando desembocas mais atroz
Estrondos delirantes, meus prazeres,

E assim ao demonstrares teus poderes
Dois corpos irmanados, nossos seres
Num ato tão gostoso quão feroz.

SONHOS DO PASSADO

Imorredouro sonho que inda trago
Desde uma adolescência em risos feita,
A imagem do passado, já desfeita
Sonega no presente algum afago,

E quando da ilusão eu bebo um trago
A sorte que aos meus olhos vai refeita
Enquanto noutra sanha se deleita
O amor deveras louco quase um mago

Alquímicos caminhos vão se abrindo
No olhar deste quem amo, forte e lindo
Momento de beleza incomparável,

Mas quando amanhecendo e não estás
Ausente de meus olhos; perco a paz
E o que era doce agora é intragável.

DESEJAR...

São tantos os perigos para quem
Deseja muito mais do que recebe,
E quando penetrando escura sebe
A noite em pesadelos ora vem

Falando deste tanto que ninguém
Um dia em luz imensa já percebe,
Aquém do que o amor enfim concebe
Tempestas feita em vida nos contém.

Assisto aos meus naufrágios, sonhadora
Na ausência deste encanto em que se fora
Formada esta ilusão feroz e fera

Aonde se pensara em primavera
O outono sonegando a florescer,
É como vejo a vida sem prazer.

RADIANTE SENSAÇÃO

Radiante sensação que ora se espalha
Tomando a minha cama em luz sobeja
O quanto se pretende e se deseja
Transforma esta vontade em tal fornalha

E nela como um campo de batalha
A sorte desairosa se preveja
Domínio aonde a vida não negreja
E traz a fantasia que não falha.

Seguisse noutra senda e não teria
Deveras tanta força e rebeldia,
Apenas uma moça mais cordata,

Mas quando me entregando sem medidas
Além do que não sabes ou duvidas
Intensa poesia em luz nos ata.

SOMBRAS DE UM PASSADO

Fúlgida manhã em sol refeita
Espalha sobre a terra a cristalina
Beleza que decerto me fascina
Sabendo que por ti serei aceita,

A sombra do passado já desfeita
E quando volto a ser uma menina
Que tanto se apaixona e te domina
Nos braços deste amor em paz se deita.

Ascendo ao libertário pensamento
E quando nele viva me apascento
Expresso esta ilusão de ser feliz,

Audazes luzes, nelas vou imersa
E quando a fantasia me dispersa
Esqueço do passado a cicatriz.

DICOTOMIA

Na glória de ser tua companheira
Amiga enquanto fêmea seduzida
Ao mesmo tempo o amor que não duvida
Nas ânsias tão diversas já se inteira.

Metades mais complexas; verdadeira
E insofismável senda percorrida
Nesta dicotomia faço a vida
Além do que seria corriqueira,

Estando junto a ti eu me completo,
Ao dar-me sem limites sou mesquinha,
Minha alma se repleta e se avizinha

Do todo muitas vezes mais dileto
Neste voo predileto, a liberdade
De ser escrava e serva já me invade.

SUA

Ainda poderia ser feliz
Se houvesse a luz que tanto imaginara
A fonte radiante, mesmo rara
Traduzindo decerto o que mais quis,

A santa mais ousada, a meretriz
A dama que em teu leito se declara
E quando nos teus braços mergulhara
O amor este soberbo chamariz

Estupendo caminho se percebe
Na flórea maravilha feita em sebe
Teus pêlos, minha pele arrepiada

E assim a cada noite refazemos
O tanto que em prazeres mais queremos
Refletindo do amor louca jornada.

SONHOS...

Clarões que me exaltando me enternecem
Vislumbro o amanhecer entre teus braços
E sinto quando estreitam-se estes laços
As dores que deveras se esvaecem

E os medos silenciam, adormecem,
Enquanto em meus prazeres, sonhos lassos,
Oferecendo a ti os meus regaços
E dias deslumbrantes já se tecem,

Como se fosse assim o meu menino
Que enquanto sou só dele em paz domino
Sonhando com sei lá o que, com quem

A noite avançando a madrugada
E mesmo estando aqui inda acordada
O sonho nos meus olhos, chega, vem...

SOB OS RAIOS DO LUAR

Por vezes me imagino seminua
Deitada sob os raios do luar
Estrelas vão rondando devagar
Rodeiam majestosa e bela lua,

E quando uma alma assim leve flutua
Adentrando este céu qual fora altar
Podendo novo mundo desvendar
A fêmea desejosa, então atua

E vê já refletida em tal paisagem
Beleza que recende qual miragem
Trazendo este infinito para o chão,

E sendo tua amante em luzes fartas
Das ânsias mais audazes não te apartas,
Pois mundos bem melhores me trarão.

VIVER EM TUAS MÃOS

Respondo aos meus anseios com teu riso
E velhas impressões se modificam,
Amores quando não mais edificam
Transformam todo o ganho em prejuízo

Pudesse ser concisa, mas preciso
Das ânsias que decerto frutificam
Em novas emoções e se dedicam
Ao nobre e tão distante Paraíso.

Viver em tuas mãos esta loucura
Que enquanto existe o gozo se perdura
Assíduas caminhadas pelas noites,

Envolta nas algemas e correntes,
Os olhos muito além do que pressentes
Vislumbram nos teus gozos, meus açoites.

ALGEMADO AO AMOR

Cantasse a liberdade não teria
As mãos sempre algemadas ao amor,
Pudesse novamente em seu louvor
Viver sem ter nos olhos a agonia

Tampouco outro caminho merecia
Quem sabe das andanças e onde for
Carrega dentro em si o sol e a flor
Vestida de ilusão e fantasia.

Assisto aos meus momentos terminais
E bebo desta boca e quero mais
Bem mais do que talvez ela me queira,

E assim, fazer do Amor uma bandeira
É como ser deveras suicida,
Deixando para trás a própria vida.

LIBIDO

Em luzes tão diversas brilho farto
E tendo sob os olhos tal beleza
Enfrento qualquer medo ou vã tristeza,
Porém dos meus caminhos não me aparto.

E quando os descaminhos eu descarto
Não vejo nisto ainda uma surpresa
Se amor é com certeza uma riqueza
Tesouros expressivos não reparto,

Meu homem sendo assim somente meu
Enquanto me quisera se perdeu
E agora conquistado e submetido

Não sabe, mas domino seus sentidos
E quanto mais nos sonhos envolvidos
Seus olhos são escravos da libido.

MATIZES DE UM AMOR

Dos astros entre luzes mais diversas
Matizes de um amor que tanto quero,
Aonde se mostrara e assim venero
As luzes pelas quais ainda versas,

Não penso em caminhadas tão dispersas
O amor ao traduzir desejo fero
Decerto não se mostra mais sincero
Em turbulências horas vão imersas.

Eu quero a placidez de um doce lago,
Também a insensatez de um louco afago
E deles cada trago me embeber,

E bêbada de luz seguir em frente
No gozo em riso e dor que se apresente
Numa explosão de fúria em meu prazer.

A VOZ DO VENTO

Escute, meu amor, a voz do vento
Chamando para a praça, dança e festa,
E tudo o que deveras já nos resta
Tomando sem pergunta o sentimento

Viver cada emoção aonde invento
Um mundo bem melhor que a sorte gesta
E nele ser só tua, sendo honesta
Tocada pelo amor no qual me alento.

Pudesse ser assim a vida inteira,
E ser a cada instante verdadeira
Sem ter necessidade de um disfarce

Por mais que o tempo às vezes nos esgarce
Eu quero ser fiel a quem se fez
Ausente da rotina e sensatez.

RESÍDUOS DO PASSADO

Resíduos de um passado dolorido
Ainda tendo vívida esta dor
Aonde se matando cada flor
Percebo o meu caminho dividido,

Escuto as vozes todas da libido
E bebo deste encanto tentador
Ao mesmo tempo vejo se compor
Um novo amanhecer, mas eu duvido

Que houvesse alguma força mais capaz
Do que do amor que intenso satisfaz
E deixa depois disso acorrentada

Uma alma que precisa ser domada,
Domesticada fera que há em mim,
Fazendo reviver belo jardim.

O GRANDE AMOR DE MINHA VIDA

Andasse pelas ruas, madrugadas
Buscando o grande amor de minha vida
Bem maquiada e sempre bem vestida
Angústias em sorrisos disfarçadas

Menina que inda quer contos de fadas,
Ao mesmo tempo audaz e decidida
Mulher em luz madura, decidida
Conhece antigas dores, barricadas.

E sabe muito bem vencer os medos,
Mantendo no silêncio os meus segredos
Enredo-me em luxúria e santidade.

Pecaminosas noites? Meus altares
São feitos entre camas mais vulgares
Desde que a parceria já me agrade.

TRAMANDO NOVO SOL

Não posso mais pensar no que já fora
A noite mais fantástica e gostosa,
E quando a realidade diz da rosa
Belíssima explosão tão sedutora,

Uma alma feminina é sonhadora
E nisto se mostrando caprichosa
Ao mesmo tempo chora enquanto goza
Numa expressão de guerra e redentora.

Assisto à derrocada da ilusão
Sabendo de outros dias que virão
Tramando um novo sol, amanhecer.

E passo a crer na força cristalina
Que ao mesmo tempo enquanto me alucina
Promete esta fartura ao bel prazer.

ANSEIOS

Alio-me aos anseios que me tomam
E neles misturando gozo e medo,
Se às vezes um carinho não concedo
Momentos de tristeza já se somam

E bebem dos vazios que não domam
Uma alma insaciável, sem segredo
E quando se mostrando noutro enredo
Caminhos mais audazes se retomam.

Menina tão medrosa assim renasce
E quando se mostrando a velha face
A caçadora aguarda a sua presa,

E sabe em que momento dar seu bote,
Bebendo cada gota até que esgote
A feminilidade traz destreza.

CAMA E MESA

Pudesse te servir em cama e mesa,
Sem ter que dar qualquer satisfação
Às tolas que decerto me dirão
Da mansidão ingênua de uma presa,

E quando nos teus braços, assim presa
Atada em doce algema, sedução,
Até que saciada em explosão
Tomada por delírio, sem surpresa.

Mas quando te percebo no sofá
Adormecido e bêbado revejo
Conceitos sobre amor, fulgor, desejo

E a fêmea bem mais forte bradará
Mudando a direção qual timoneira
Rasgando esta mortalha rotineira.

A FONTE DOS PRAZERES

Cânticos promissores que ora escuto
Falando dos amores e seus ritos,
Momentos mesmo atrozes ou aflitos
Tormento que se mostre audaz e bruto

E quando muitas vezes eu reluto
E vejo nossos sonhos mais bonitos
Morrendo como fossem falsos mitos
Contra os meus dissabores inda luto.

A fonte dos meus gozos, lábios teus,
Delírios quase insanos, pois ateus,
Entrego-me aos teus beijos e me dando

Convulsas maravilhas eu descubro,
E o rosto assim sanguíneo, quase rubro
De fêmea insaciável, porejando.

TALVEZ SER FELIZ

Cantasse pelo menos a esperança
Talvez inda pudesse ser feliz,
Mas quando a realidade contradiz
E o mundo ao desespero já se lança

Atando com meu medo esta aliança
Da qual não vejo a luz que ainda quis
Deveras me sentindo uma aprendiz,
Encontro nos teus dedos arco e lança.

Criança que encontrara o seu brinquedo
Prazer incontestável te concedo,
Mas mesmo assim jamais me satisfazes,

Por isso, meu amado; vou embora
Se o todo que prometes não se aflora
Preciso de carinhos mais audazes.

VONTADES INCONSTANTES

Dardejas com vontades inconstantes
Delírios entre chama e solidão
E quando me entregando a tal paixão
Sem compaixão momentos fascinantes

E mesmo que deveras te agigantes
Verás após a chuva de verão
O medo da fatal inundação
Em cenas tão sutis e provocantes,

De todos os que um dia me tiveram,
Além dos que deveras inda esperam
Tu foste o mais completo e o mais audaz,

Mas mesmo assim querido, não desejo
Além deste prazer fero e sobejo
Que até numa inconstância, satisfaz.

UM MAR MARAVILHOSO

Um mar maravilhoso se apresenta
Tocado pelo sol, pleno verão
E vejo nele as garras da paixão
Formando uma onda atroz e violenta,

A tarde que incendeia e me atormenta
Mostrando que outros dias me trarão
Em forma de tempesta e inundação
Na mesma proporção que agora esquenta

O tempo sendo instável não permite
Que tenha em minhas mãos qualquer limite
E saiba controlar o meu anseio

E assim, sem ter o jogo controlado
A fúria de um trovão em alto brado
Desnuda esta paixão, mostra ao que veio.

LÚBRICA E VORAZ

Nostálgicos momentos onde outrora
Vivera esta paixão atroz, fugaz,
Deixando uma esperança para trás
O amor quando demais já nos devora

E toda uma tristeza vem e aflora
Aonde se faz lúbrico e mordaz
O gozo incomparável satisfaz,
Porém esta saudade se demora

E torna a minha vida um duro inferno,
E quando te imagino doce e terno
Pergunto sem respostas já que ausentas

Deixando este retalho ora puído
O mundo que eu quisera destruído
Em meio às tempestades e tormentas.

MOMENTOS...

Eu quero confiar e não consigo
E nisto me conquistas muito mais,
Momentos tão gentis outros venais
Ao mesmo tempo medo em manso abrigo

E vendo a solidão, duro castigo
Na ausência de um seguro porto ou cais
Carinhos que derramas, magistrais
E neles com certeza este perigo,

Um homem que já sabe conquistar
Domina sem sequer algo falar
É tudo o que desejo e mais cobiço,

Um passo em plena praia, mansa areia,
Que quando me carinha e me incendeia
Se mostra tantas vezes movediço.

VENEZA

Canções de gondoleiros em Veneza
Na Praça de São Marcos, o meu sonho
Vestindo a fantasia que componho
E nela se percebe tal leveza

Que quando se fazendo com destreza
O amor jamais seria tão medonho
E nele com certeza o que proponho
Deixando-se levar, delicadeza.

Assisto aos meus anseios num naufrágio,
Este homem que eu queria não existe,
Apenas se afigura amargo e triste

Do fim de um grande amor, qualquer pressagio
Mostrado pelos sonhos, qual oráculo
Matando o que se fora sustentáculo.

ESTÚPIDA QUIMERA

São tantos os avisos que recebo
Dos céus em noite escura, solidão,
Enquanto novos dias mostrarão
Além do que deveras inda bebo,

O amor se desenhando qual placebo
Deveras muitas vezes sendo em vão
Errante pela noite embarcação
Diversa da que eu quero e já concebo.

Estúpida quimera, o pesadelo
Transforma esta vontade de vivê-lo
Num espectro somente e nada mais,

Ansiosa; espero enfim sua chegada,
Mas quando vem raiando outra alvorada
Sozinha perco o rumo e esgoto o cais.

AUSENTE DA ESPERANÇA

Aonde se mostrasse assim tão rude
Jamais eu poderia te querer,
O amor quando se envolve em desprazer
Sem ter quem mesmo tente ou até mude,

Gerando o sofrimento que, amiúde
Impedindo a alegria de viver
Tornando insuportável qualquer ser
Ausente da esperança que me ilude

Eu quero perceber a calmaria
Que mesmo numa insânia fantasia
Momentos mais fogosos e gentis,

Não quero tuas mãos incandescidas
Tampouco permitindo que me agridas
Diversa estupidez de atos viris.

ENTREGA

Apaixonadamente me entregara
Aos sonhos mais audazes e agressivos,
Amores; não suporto se passivos
Uma visão se mostra sempre clara

Ao perceber o quanto se declara
Mantendo os nossos sonhos mais altivos
E sendo muitas vezes possessivos
Delírios trazem torpe luz amara.

E sigo sem fronteira a tênue linha
Que quando do prazer já se avizinha
Contendo estas estrelas que porfio

Arrancam meus gemidos; me arrepio
E vivo incontrolável sensação
Sabendo destes gozos que virão.

LESBOS

Em Lesbos um sobejo Paraíso
Outrora em poesias desfilava
Beleza incontestável fogo e lava
Tomando sem pudores o juízo

E quando em minha cama a história eu biso
Minha alma de tua alma fêmea escrava
Enquanto esta loucura nos deprava
No teu clitóris tudo o que preciso.

Umedecidas lésbicas panteras
Fazendo destas noites primaveras
Eternas divindades nos tocando,

E furiosos gozos repetidos
Acendendo o pavio das libidos
E o tempo aos áureos dias retornando.

ESTRELAS

Estrelas desfilando na janela
Do quarto aonde agora enternecida
Entrego-me ao prazer que não duvida
E a cada novo toque se revela,

Montada no corcel sem ter a sela
Na louca cavalgada esbaforida
A senda se tornando mais florida
Deixando a falsa luz, terrível cela.

A moça do passado, borralheira
Diversa do que um homem sempre queira
Atada em aventais, fogão e mesa,

Na fúria da mulher se revelando,
Incêndio no cenário outrora brando
Agora te burila com destreza.

CONDENAR-ME

Tu podes condenar-me por querer?
Não vejo competência em tuas mãos
Para que possa além dos vulgos grãos
Sementes variadas conceber

E nelas se desvenda o bom prazer
Diverso do que dizem os cristãos
E quando umedecidos os meus vãos
Vontade insaciável; passo a ter.

E teimo em não saber de falsas normas,
E quando em tua mente me deformas
Não sabes, mas me deixas mais feliz,

À santa puritana, tola e rígida
Que sei ser na verdade quase frigida,
Prefiro ser a puta, a meretriz.

GOZO E FESTA

Sabia muito bem o que queria
A noite prometendo gozo e festa,
E vejo que ao meu lado ainda resta
O sonho feito em luz e fantasia,

E quanto mais audaz, desejo ardia
Vontade furiosa desembesta
E quando rege a vida nos empresta
A imensa luminária, esta ardentia.

Das fráguas da paixão inteira e nua,
Minha alma bebe a luz e continua
Vagando atrás deste astro que redima

Os dias solitários que eu tivera
Exposta ao moralismo, turva fera
Tornando insustentável qualquer clima.

INDEPENDÊNCIA

Outrora em missas, cultos a indigente
Decerto não sabia o que queria,
E envolta em luzes fartas, fantasia,
Agora se tornando já descrente

Por mais que noutros rumos inda tente
Vencer as intempéries da heresia
A sorte se mostrando tão vazia
Não tendo nem sequer quem inda alente

Escravizada sigo em luz profana,
E quem deseja sempre, mais engana
As ondas destes mares vão e vem

Enquanto não descubro se há um deus,
Os gozos e os tormentos sendo meus
Satisfação; não dou mais a ninguém.

OS MEUS SEGREDOS

Pudesses desvendar os meus segredos
Vontades da mulher que desconheces,
Aquém da intensidade que mereces
Guardando dentro da alma velhos medos,

Percorrem nos meus seios, firmes dedos,
E faço dos orgasmos quase preces
E mesmo quando o amor tu obedeces
Os dias muitas vezes seguem ledos.

Ansiosamente espero que tu venhas
E saibas decifrar as minhas senhas,
Mas nada do que fazes me completa.

Uma alma vagabunda embora casta
Aos poucos dos teus braços já se afasta
E louca, noutra senda está repleta.

SEM PRECONCEITOS E PUDORES

Sou puta, santa ou deusa, uma rainha
Escrava de quem tanto desejei,
Sem ter pudor algum, o amor é lei
E nele toda a glória se continha.

Vencendo cada antigo preconceito
Gerando a liberdade em que me entranho
O amor perpetuando todo o ganho,
Do modo mais sublime, agora aceito,

Esgotando em si mesmo, já se basta
Razão para viver e ter decerto
Além deste vazio que eu deserto
Imagem puritana, tola e casta

Entrego-me ao prazer, sobeja tônica
Que move uma mulher intensa e hedônica.

TEUS ANSEIOS

Não posso me negar aos teus anseios,
Vencida pela imensa tentação
Momentos de alegria e de tesão,
Arrepiando assim, meus rijos seios,

E quando me entregando aos devaneios
Os gozos com certeza mostrarão
Da glória do viver, a direção
Sem medos, nem pudores ou receios.

Enquanto saciada eu me deleito
Rolando nos lençóis, vejo em meu leito
Em ébano este deus glorificado

Delitos cometidos? Nada disso,
No amor que tanto quero o que cobiço
Viver num altar em gozos, o pecado.

VONTADES MAIS AUDAZES

Excitam-me vontades mais audazes
E nelas me entregando em sonho e vida
Se o amor que tanto quero não duvida
Das maravilhas todas que me trazes,

Deitando sob a lua, são vorazes
As doces tentações fome e comida
Minha alma apaixonada e enternecida
Vivendo muito além de simples fases.

Arguta levemente inebriada,
Às vezes sendo santa; outras, safada
Jamais me permitindo a solidão.

Esmeros em carinhos e vontades
E quando me desbravas e me invades
Causando em tal furor, uma erupção.

ARREPIOS

Sentindo a minha pele em arrepios
Tocada pelas mãos de quem desejo
Aproveitando a vida a cada ensejo
Numa explosão divina, loucos cios,

E sei que em meu corpo os desafios
De quem já não concebe o que eu almejo
Nesta umidade intensa se latejo
Derramo sobre a cama meus rocios,

E vícios mais profanos, gozo intenso,
No quanto que te anseio, cedo eu penso,
Cedendo-me aos delírios mais vorazes,

E quando penetrada em tal loucura,
Derreto-me deveras com ternura
Enquanto meus caminhos tu perfazes.

DEUSES

Belos deuses deitando em minha cama,
Fulgores destes sóis maravilhosos,
E quando se mostrassem caprichosos,
A fome nos convida e não reclama,

Acesa etereamente a intensa chama
Em corpos masculinos tão fogosos
Promessa de momentos fabulosos
À flor da pele o incêndio em louca trama.

Insânia incomparável, raves, festas
Na fúria de procelas e tempestas
Bacante me entregando intensamente.

E quando amanhecendo, novas luzes
As cenas recomeçam, reproduzes
O que o desejo pede e quero; urgente.

ABISMO DOS GOZOS IMPROVÁVEIS

Nos abismos dos gozos improváveis
Anseios entre bocas, pernas, seios,
E sinto esta loucura sem receios
Em noites e mistérios insondáveis

Os campos, todos eles são aráveis
Adentro sem pudor em quaisquer veios
Nos corpos endeusados, banqueteio-os
Estrelas dos meus céus são incontáveis,

Os homens e mulheres, minha vida
Que possa parecer a ti, perdida,
Traduz a plenitude a cada toque

E vivo sem perguntas nem respostas
As cenas entre luzes sendo expostas,
Intensas sem sequer nenhum retoque.

NUMA EXPLOSÃO DE CORES

Ouvindo o som da lira me chamando
Ao baile aonde os sonhos se refazem,
Por mais que tantas dores não aprazem
O coração se mostra agora brando,

E o fogo da paixão me incendiando
Enquanto as dores vivas já se atrasem,
E os medos costumeiros se desfazem
Ao homem que sonhara me entregando.

Numa explosão de cores e de estrelas
Constelações diversas que ao sabê-las
Entranho paraísos num segundo

E toda a maravilha se deslinda
E sei que sendo tua; viva, ainda,
Nas tramas da loucura me aprofundo.

LANGUIDEZ

Em lânguidos lençóis, adormecida
Sonhando com meu príncipe encantado
Revivo aquela moça do passado
Há tanto magoada pela vida,

E quando da paixão a alma duvida,
O tempo noutras cores modelado,
Enquanto me rondando tal enfado
E esta realidade tanto agrida

Eu sonho com teus braços, cavaleiro,
Rondando o meu castelo, um bandoleiro
Que assalta-me deveras sob a lua

E entrego-me sem medo nem pudores
E sigo teu caminho aonde fores,
Deitando nos teus braços calma e nua.

RARA FESTA

Um deus aqui desnudo em rara festa
A noite se transcorre em loucas luzes
E quando aos mil orgasmos me conduzes
O amor em tal delírio já se empresta

E vivo com prazer o que me resta
Deixando no passado velhas urzes,
E bebo esta magia onde reluzes
Penetrando suave cm cada fresta.

E os gozos repetidos refletindo
O sonho sensual, sobejo e lindo
Que tanto me faz deusa, amante e puta.

Ao me entregar sem medos nem limites
Só quero que no amor inda acredites
Enquanto este gemido prazeroso já se escuta.

TEU CORPO SENSUAL

Teu corpo sensual trazendo apelos
Insanos caminhares que desvendo
Vivendo este prazer, o dividendo
Roçando mansamente belos pêlos.

Os dedos passeando em meus cabelos,
O amor vai pouco a pouco acontecendo
Até que na explosão me concedendo
Delírios que agradeço por vivê-los

E tendo desvendado o meu segredo,
O gozo que recebo e te concedo
Espalha-se por sobre estes lençóis,

E visto sob a lua o bronze e a prata,
Encanto sem igual nos arrebata
E traz ao nosso quarto tantos sóis.

PELO MENOS UMA VEZ

Escute pelo menos uma vez
Quem tanto te deseja e não consegue
Saber que o sofrimento nos persegue
Matando tudo aquilo que inda crês,

O amor que em tanto amor sempre se fez
Por mais que outro querer diverso negue
Ao ver-te desta forma tão entregue
Esquece o que seria sensatez.

E nada pode ser pior que ausência
Do encanto aonde outrora a convivência
Expunha esta beleza inigualável,

E sendo tua amiga e companheira,
Enquanto a nossa sorte em vão se esgueira
O mundo passa a ser inabitável.

NÃO POSSO ME CALAR

Não posso me calar perante a dor
Que tanto nos maltrata enquanto viva
E mesmo quando em lutos sobreviva
Percebo a insanidade a se propor

Seguindo cada passo aonde a flor
Diversa da que um dia quis altiva
Das cores mais sublimes já me priva
Morrendo em trevas tantas, desamor.

Espero algum momento em que inda possa
Erguendo-me dos medos, furna, fossa
Beber a claridade que não vejo,

E assim extasiada reviver
O que pudesse ser algum prazer,
Deixando que se aflore o meu desejo.

AO TEU LADO

Estando do teu lado, meu amante
Que tantas vezes trouxe dor e riso,
É como padecer num paraíso
Ao mesmo tempo atroz e fascinante,

Perceba minha voz titubeante
Perdido há muito tempo algum juízo
O amor que invade tudo sem aviso
Na força que destrói ou me agigante.

Reflexos de uma vida infinda, pois
Na imensa variedade de nós dois
Complexos e diversos os quereres,

Assim qual fora um sol após a chuva,
Minha alma nesta sede de viúva
Encontra nos teus braços, mil prazeres.

TRADUZIR EM LIBERDADE

Pudesse traduzir em liberdade
O encanto que se mostra de repente
A sorte se mostrando mais presente
Na força que traduz em lealdade

Distante do que fora opacidade
O brilho de teus olhos, envolvente
Trazendo esta alegria onde se sente
Um mundo mais feliz que nos invade.

Assenta-se a poeira e sigo em paz,
No amor que tantas vezes é capaz
De nos trazer o brilho de outro sol

Vivendo cada instante sem perguntas
E as almas que caminham assim juntas
Rebrilham com a força de um farol.

A PRIMAVERA DESTE AMOR

Sentir a primavera deste amor
Vibrando em cores tantas, variadas
Aonde se pensara em contos, fadas,
Castelo de esperança a se compor,

Vivendo sem sequer qualquer temor,
Andando pareados por estradas
Por certo sempre bem iluminadas
Ao terem neste amor um refletor.

Assim perpetuamos cada sonho
E quando do teu lado eu já me ponho
Sentindo esta presença que protege

Deixando no passado bem distante
O sofrimento amargo e penetrante
Qual fora simplesmente algum herege.

VIVENDO ESTA EMOÇÃO

Abranda-me o terror de não saber
Aonde poderia ter a sorte
De ter quem na verdade me conforte
Presença que traduz farto prazer

E posso um novo dia conceber
Estando com certeza bem mais forte,
Não temo nem sequer a minha morte
Sabendo quanto é bom o bem querer.

Vivendo esta emoção que nada tolhe,
Canteiro onde esperança sempre colhe
As flores que deveras nos encantem

E tendo novamente esta esperança
Eterna divindade em aliança
E os pássaros libertos que inda cantem.

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

MAIS AUDAZ

Esmero-me em poder ser mais audaz
Do que quisera outrora em voz mais mansa
E quando a realidade nos alcança
Deixando uma esperança para trás

A sorte desejada se desfaz
E nela tão somente esta aliança
Reflete o que deseja e enquanto avança
A vida muitas vezes sem a paz

Que tanto se buscara insanamente
E quando o fim de tudo se pressente
Esbarro nos teus passos, e me perco,

O sonho se desfaz em pouco tempo
E quando se defronta ao contratempo
Aumenta com vigor o imenso cerco.

SER TUA

Ainda que talvez me comovesse
O fato de ser tua e nada além
Do quanto na verdade não convém
Além deste não ser que a sorte tece,

Por mais que se pensasse em rito e prece
A vastidão do céu traz a ninguém
Bem mais do que deveras já contém
E a regra do convívio não esquece.

Padece quem procura outra seara
E enquanto em solidão a luz declara
O vago pensamento de um poeta

Que tanto desejou felicidade
E uma ânsia mais audaz ainda invade
E nela tão somente se completa.

VIRILIDADE

Tua nudez expressa esta vontade
Que não consegues nunca disfarçar
E quando minhas sendas penetrar
Numa ânsia sem igual, felicidade

Expondo num sorriso que te agrade
E nestes mansamente mergulhar
Sem ter seque noção de hora e lugar,
Mostrando com tesão virilidade.

E sei que quando adentras minhas locas
Inundações enormes tu provocas
E um frêmito retrata em raro espasmo

A louca maravilha de um prazer
Na festa que permite conceber
A divindade feita em cada orgasmo.

LOUCAS DELÍCIAS

Ruidosas emoções, loucas delícias
Que bebo em tua boca e, saciada
Deliro nos teus braços sendo amada
E nele me entranhando em tais carícias,

No encanto que desfias com malícias
Delito cometido, e abençoada
Uma alma traduzindo outrora o nada
Dos Céus já reconhece estas notícias

Que trazes nos teus lábios, tuas mãos,
Penetras mansamente pelos vãos
E umedecida toca já descobres,

Momentos delicados e supernos,
Quem dera se pudessem ser eternos
Já que com rara gala, são tão nobres.

NINFETA

Pudesse te encontrar bela ninfeta
Desnuda em minha cama, em noite bela,
Enquanto este prazer já se revela
O amor permite o sonho que cometa

Felicidade atroz que nos remeta
A cada amanhecer trazendo a sela
Reflete este prazer me rara tela,
No corpo juvenil que me arremeta

Em fúria delicada e feminina
Enquanto esta vontade me alucina
Decifro teus segredos e me aninho,

À doce e meiga ninfa desejada
Ao mesmo tempo mansa e tão safada
Do Bem e do Pecado raro vinho.

FLORAIS

Aonde se pensara em treva e medo
O amor não mais permite este abandono
E quando deste sonho já me adono,
Delírios que recebo, eu te concedo.

Sabendo desde sempre este segredo,
O gozo se transcende ao próprio sono
Transformando o prazer em doce abono
Deixando o sofrimento ao longe, ledo.

Estenda as tuas mãos, querido amado
E vamos neste mundo lado a lado
Dançando entre florais e primaveras,

Canteiros onde vejo florescer
A imensidão do grande amor. Poder
Conter inevitáveis vãs quimeras.

TEMPORAIS

Não deixe que esta luz inda se apague
E traga a escuridão que não desejo,
No amor o céu deveras azulejo
Enquanto em mil carícias já me afague,

Por mais que uma ilusão ainda estrague
A força ensandecida que prevejo
No quanto deste encanto sempre almejo
Por ondas tão diversas cedo vague

Aperte-me com todo o teu carinho,
E não te deixarei jamais sozinho
Ao enfrentar os vários temporais,

No amor que nos demanda tanta glória
A sorte transformando nossa história
Florindo em paz superna, um raro cais.

O GOSTO AMARGO

Estúpida quimera, a fantasia
Destroça uma esperança aonde eu creio
Além de simplesmente algum receio
No amor que a cada tempo se recria,

Vencendo o gosto amargo em heresia
Sentindo a tua mão sobre o meu seio,
O pensamento em louco devaneio,
E o relacionamento não se esfria,

Eu quero ser a dama e a meretriz,
Fazendo este meu homem mais feliz,
Num gozo repetido, insaciável,

Depois de tantas noites solitárias
As posições e as tramas sendo várias
Na fúria de um desejo incontrolável.

QUERIDO AMIGO

Receba com carinho os versos que
Agora faço a ti, querido amigo
E saiba que deveras não consigo
Ainda imaginar no que se vê

O amor que ensandecendo ainda crê
Possível conviver com tal perigo
E quando nos teus braços eu me abrigo
Revejo esta casinha de sapê

Aonde nós, crianças, transformávamos
Momentos mais felizes e sonhávamos
Ainda ser possível liberdade,

Agora a tua amiga, envelhecida
Não vê mais qualquer chance de saída
Tomada por total ansiedade.

MUDANDO A DIREÇÃO

Sistemáticos enganos diz o amor
E neles me enfronhando já me perco,
A solidão fechando agora o cerco
Permite a cada dia outro louvor

Mudando a direção, transforma em dor
O que de uma esperança fora esterco,
E quando deste sonho em vão me acerco
Encontro em tua imagem, refletor.

Amar a ser amada, quem me dera,
Talvez ainda visse a primavera
Que tanto desejara e me abandona,

Uma alma muitas vezes sonhadora
Traduz esta mulher que, sofredora
Deixando que emoção se mostre à tona.

TEU CARINHO

Anseio o teu carinho, meu amado
E vejo o teu retrato dentro em mim,
Matando o meu desejo, o querubim
Há tanto sem saber sendo ansiado,

E vendo nesta face, demonstrado
Reflexo do que existe e sei enfim,
O amor que tanto quero e não tem fim,
Num gozo muitas vezes transformado

Deixando que se veja em meu olhar
O brilho noutro brilho se espelhar
Arfando sobre ti, belo corcel,

Vagando em mil estrelas, constelares,
Momentos soberanos e vulgares
Que levam para o inferno e para o Céu.

DELÍRIOS

Delírios de mulher apaixonada
Bebendo toda a glória de poder
Sonhar e ter nas mãos tanto prazer
Depois da noite fria, em dura estrada,

Subindo para os céus, divina escada,
E nela cada passo perceber
Mudando a direção, eu quero ver
A senda bela e imensa, iluminada.

Castelos, cavaleiros juvenis
Amortalhadas fadas hoje vejo
Aonde desfraldara o meu desejo

O tempo destroçando já desdiz
E aquela moça morta e esfacelada
Há tanto tempo sonha e não vê nada.

Andrógina figura

Andrógina figura, bela fêmea
Desnuda-se deveras em meus sonhos,
E sinto estes prazeres mais risonhos
Numa alma que se mostre quase gêmea.

E sem saber sequer quem inda teme-a
Momentos solitários enfadonhos,
E tantos pesadelos vãos, medonhos
Sem ter aonde e como em luz algeme-a

Bebendo dos prazeres que me dá
Delito cometido em tom voraz,
E quando neste espelho satisfaz

Embriagada e lúbrica sei já
O quanto é necessário ser feliz,
Não importando ator, ou mesmo atriz.

Na imensa solidão

São podres os caminhos em que traço
O mundo derrotando cada sonho
Aonde me atormento e decomponho
A sorte pela qual já me desfaço

Quisera de um amigo um mero abraço,
Mas sei o quanto amor se fez medonho
E vendo este momento tão bisonho
Não tendo pra esperança algum espaço,

Carrego a minha cruz feita em saudade
E sei que só verei opacidade
Pensando nesta luz que não existe,

Futuro se desfaz em pesadelo,
Na imensa solidão, poder vivê-lo
Deixando o coração muito mais triste.

Utópica esperança

Pudesse caminhar tranquilamente
Nas ruas da cidade em noite plena,
Porém a violência já se acena
Enquanto a morte vem, feroz, premente

Um dia mais bonito e até contente
Na mansidão sobeja se serena
Tornando a nossa vida mais amena,
Utópica esperança; o sonho mente.

E sei que não podendo ser assim,
O quanto desejara em meu jardim
Floradas de esperança em clara luz,

Mas dores e terrores que ora vejo,
Bem mais do que pensara ser lampejo
Reflexo deste mundo reproduz.

Sozinha

Mesquinhos abandonos, desamor
Ainda refletindo escuridão
Momentos de prazer já não terão
Os olhos onde a luz se fez em dor.

E quando imaginara sem temor
Viver etéreos sonhos de verão
O inverno se transporta e a solidão
Tomando sem perguntas nem pudor,

Sozinha, sigo os rastros desta estrela
E quando não podia concebê-la
Eu vi o teu reflexo sob a lua,

E nesta claridade em falso tom,
O amor se emaranhando outrora bom
A cada anoitecer se desvirtua

Vivendo à flor da pele

Sabendo-me mulher e só por isso
Vivendo à flor da pele, intensamente
E quando procurando em minha mente
O amor que tanto quero e mais cobiço

Vislumbro a maravilha feita em viço
E um dia radiante se pressente
Deixando esta tristeza tão ausente,
Caminho desejado em compromisso,

Venceste os meus anseios e temores
Seguindo meu amor por onde fores
Decerto encontrarei felicidade,

Sabendo ser só tua,uma alma intensa,
Na glória deste amor a recompensa
Que o tempo não desfaça nem degrade.

Reflexos do passado

Não posso suportar saber que tu,
Depois de tantos anos me deixaste
O amor com ódio forma tal contraste
Deixando o coração exposto e nu.

Reflexos do passado no futuro
Transformam cada dia em sofrimento,
E quando novo amor ainda tento,
O sol já se escondendo em céu escuro.

Vagando sem destino dentro em mim,
Lembranças de uma vida tão completa,
Felicidade plena é falsa meta
A solidão acende este estopim

E quando imaginara ter a paz,
O sonho em tantas trevas se desfaz.

Loucura me domina

Não poderia crer que um novo dia
Viria após o imenso temporal,
Além do que pensara natural
Uma alma procurando esta alegria

Que a cada amanhecer o sonho adia
Gerando este vazio sempre igual
Qual fora o mais temível ritual
Deixando para trás a fantasia,

E quando mergulhando neste abismo
Exposta à sensação de fanatismo,
Buscando cada traço que deixaste

Loucura me domina e saio às ruas
E além dos meus anseios continuas
Causando o sofrimento em vão desgaste.

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44


A dama que querias não existe,
Apenas a mulher que me mim aflora
Desejos tão comuns e se assenhora
Do mundo aonde a sorte já persiste

E mesmo que pareça; às vezes, triste
O amor não reconhece uma demora
E bebe satisfeito a qualquer hora
E quanto mais deseja não desiste.

Uma alma feminina se desnuda
E mostra a imensidão que se transmuda
Enquanto persistirem vendavais,

Sabendo que depois vem calmaria
E nela com certeza a paz recria
O que pensara outrora nunca mais.




45


Bebesse desse cálice: paixão
Verias quantas vezes é preciso
Não ter sequer noção de algum juízo
E tendo sob os olhos a amplidão

Montanhas, cordilheiras moverão
Os sonhos onde encontro o Paraíso
Num toque sensual, certo e preciso,
Na soma que resulta imensidão.

Dois corpos sequiosos; noite clara,
O amor sendo demais já se declara
Além do que pensara eternidade,

E assim nas nossas loucas aventuras,
O todo que deveras tu procuras,
E insanamente toca e nos invade.



46

Perguntando a quem possa me dizer
Aonde se escondera a estrela guia
Por mais que uma esperança assim porfia
Na ausência de teus lábios, desprazer.

Pudesse pelo menos reviver
Momento feito em paz, doce alegria
E nele esta emoção que me inebria,
Tocada pelas fráguas do querer.

Imensas nuvens tampam este sol,
E toda a escuridão deste arrebol
Traduz a falsa luz de um tosco amor,

E nele nada além de dor e treva,
Por mais que a fantasia, uma alma ceva,
Eu sinto a tua imagem decompor.

00041 até 00043

41

Ansiosamente escuto a voz do vento
Batendo na janela a me chamar,
É como se eu pudesse desvendar
Neste ar que se aproxima algum alento

Depois de tanta dor e sofrimento
Momento de alegria a se mostrar
Expondo na varanda este luar
Enquanto dele bebo, me apascento.

Amar sem ser amada é como ter
A vida sempre atada ao desprazer
Matando em nascedouro uma esperança,

E quando se imagina noite mansa,
A tempestade então eu passo a ver,
Legando à voz suave a vã lembrança



42

Outrora imaginara uma saída
Ao grande labirinto em que me enfronho,
Momento tão terrível quão medonho
Mantendo sempre aberta esta ferida

E quanto mais feroz ou atrevida
A morte se apresenta a cada sonho,
E quando desta luta eu recomponho
Paisagem se nublando, vai perdida,

Pudesse ter este homem que desejo
Porém o amor se faz como um lampejo
De um sol que inesperado, não retorna,

E quando a fantasia nos espreita
Uma alma procurando ser aceita
Em falsas ilusões assim se adorna





43

Perpetuando a dor em solidão
Jamais imaginei felicidade
E quando a noite escura chega e invade
Os dias se nublando mudarão

O tempo que eu pensara em mansidão
Agora se entregando à tempestade
O amor ao se interpor como uma grade
Impede do futuro antevisão,

Eu quero ser feliz e nada mais
E quando em dias tristes derramais
As ânsias de um momento já desfeito,

Em vós se refletindo esta atitude
Impedindo que o tempo aos poucos mude,
Negando a própria sorte em que me deito.

DOMÍNIOS DA PAIXÃO

Domínios da paixão já não conheço
E vivo cada instante como fosse
Momento mais suave ou agridoce
E nele cada passo, outro tropeço.

Felicidade plena; eu posso tê-la?
Deveras nada além de um passo em falso
O amor nos preparando o cadafalso
Levando ao descaminho, vaga estrela.

Perder-te após pensar eternidade
Nas duras desventuras de uma vida
Há tanto noutro rumo decidida
Enquanto a solidão atroz degrade

Não posso acreditar mais em ninguém,
O amor, a solidão feroz contém.

TANTA MENTIRA

Não posso suportar tanta mentira
A gente não merece ser assim,
O amor quando termina dentro em mim,
Esfacelado sonho e em cada tira

Aonde se pensara em fogo e pira,
Apenas aridez neste jardim,
Ciúme com certeza um estopim,
Engatilhada dor, sem rumo atira

E fere quem devia ou mesmo não,
Momentos doloridos se farão
Refrão desta terrível melodia,

E enquanto novos sonhos, não pudera
Entregue á solidão, terrível fera,
O sonho pouco a pouco desfazia.

ANSIOSAMENTE

Envolta nestas mágoas que carrego
Jamais conseguiria ser feliz,
Princesa que sonhara contradiz
O rumo desta vida, sempre cego,

E quanto noutras sendas eu emprego
Desejo muito além do que se quis,
Um coração deveras aprendiz,
Transporta a imensidão que eu mesma nego,

Ansiosamente espero algum momento
Aonde ao encontrar a paz e o alento
Eu possa novamente me entregar

Reavivando em mim o farto brilho
Na estrada da emoção que agora trilho
Tocada pelos raios do luar.

MUDANDO A DIREÇÃO DOS VENTOS

Mudando a direção de antigos ventos
O amor em voz sobeja se espalhando
Vivendo a cada instante desde quando
Tomara já de assalto os pensamentos,

Os dias solitários passam lentos
O mundo pouco a pouco demonstrando
Um ar quase terrível, desfiando
Mostrando fielmente os sofrimentos,

Mas quando enamorada eu me percebo
Um belo amanhecer assim concebo
E entregue sem defesas, busco o sol

Seguindo como fosse romaria
A luz deste prazer que me inebria,
Tornando-me do amor um girassol.

MORRER DE AMOR

Morrer de amor, um sonho juvenil
Que agora já madura, enfim desfaço
E quando me percebo em falso passo,
No amor que a realidade não previu

Bebendo a fantasia, mesmo vil,
Eu tento vagamente qualquer laço
E nele outro momento em paz eu traço,
Embora me perceba mais sutil,

E resignadamente sigo o sonho,
E a vida novamente recomponho,
Porém em bases sólidas. Talvez...

Quem ama não descarta uma loucura
Que mesmo após tempestas já perdura
E o temporal deveras se refez.