quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

00041 até 00043

41

Ansiosamente escuto a voz do vento
Batendo na janela a me chamar,
É como se eu pudesse desvendar
Neste ar que se aproxima algum alento

Depois de tanta dor e sofrimento
Momento de alegria a se mostrar
Expondo na varanda este luar
Enquanto dele bebo, me apascento.

Amar sem ser amada é como ter
A vida sempre atada ao desprazer
Matando em nascedouro uma esperança,

E quando se imagina noite mansa,
A tempestade então eu passo a ver,
Legando à voz suave a vã lembrança



42

Outrora imaginara uma saída
Ao grande labirinto em que me enfronho,
Momento tão terrível quão medonho
Mantendo sempre aberta esta ferida

E quanto mais feroz ou atrevida
A morte se apresenta a cada sonho,
E quando desta luta eu recomponho
Paisagem se nublando, vai perdida,

Pudesse ter este homem que desejo
Porém o amor se faz como um lampejo
De um sol que inesperado, não retorna,

E quando a fantasia nos espreita
Uma alma procurando ser aceita
Em falsas ilusões assim se adorna





43

Perpetuando a dor em solidão
Jamais imaginei felicidade
E quando a noite escura chega e invade
Os dias se nublando mudarão

O tempo que eu pensara em mansidão
Agora se entregando à tempestade
O amor ao se interpor como uma grade
Impede do futuro antevisão,

Eu quero ser feliz e nada mais
E quando em dias tristes derramais
As ânsias de um momento já desfeito,

Em vós se refletindo esta atitude
Impedindo que o tempo aos poucos mude,
Negando a própria sorte em que me deito.

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