quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

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44


A dama que querias não existe,
Apenas a mulher que me mim aflora
Desejos tão comuns e se assenhora
Do mundo aonde a sorte já persiste

E mesmo que pareça; às vezes, triste
O amor não reconhece uma demora
E bebe satisfeito a qualquer hora
E quanto mais deseja não desiste.

Uma alma feminina se desnuda
E mostra a imensidão que se transmuda
Enquanto persistirem vendavais,

Sabendo que depois vem calmaria
E nela com certeza a paz recria
O que pensara outrora nunca mais.




45


Bebesse desse cálice: paixão
Verias quantas vezes é preciso
Não ter sequer noção de algum juízo
E tendo sob os olhos a amplidão

Montanhas, cordilheiras moverão
Os sonhos onde encontro o Paraíso
Num toque sensual, certo e preciso,
Na soma que resulta imensidão.

Dois corpos sequiosos; noite clara,
O amor sendo demais já se declara
Além do que pensara eternidade,

E assim nas nossas loucas aventuras,
O todo que deveras tu procuras,
E insanamente toca e nos invade.



46

Perguntando a quem possa me dizer
Aonde se escondera a estrela guia
Por mais que uma esperança assim porfia
Na ausência de teus lábios, desprazer.

Pudesse pelo menos reviver
Momento feito em paz, doce alegria
E nele esta emoção que me inebria,
Tocada pelas fráguas do querer.

Imensas nuvens tampam este sol,
E toda a escuridão deste arrebol
Traduz a falsa luz de um tosco amor,

E nele nada além de dor e treva,
Por mais que a fantasia, uma alma ceva,
Eu sinto a tua imagem decompor.

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