sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

BRADOS

BRADOS

Brados entre brandas madrugadas
Estúpidos gemidos de um fadado
A ter dentro de si sempre o passado
E as horas em penúria decifradas

Escracho caminheiro em vãs estradas
E nelas o meu corpo lacerado
Espalha o cheiro podre e adocicado
Carcaças decompostas, malfadadas.

Satânicas orgias, noite espúria
Nos olhos deste ser a farta incúria
Expressa o nada ter que me incendeia

E a lua em plenilúnio debochada
Transforma em pesadelo a torpe estada
Brumosa criatura segue alheia...

RITA DE CASSIA TIRADENTES REIS E MARCOS VALERIO MANNARINO LOURES

NA DOR PRESENTE

NA DOR PRESENTE

Na transubstanciada dor presente
Aufiro os meus estranhos caminhares
E se fores astuta ao me notares
Verás o que deveras se pressente

No olhar deste fantasma qual demente
Ansiosa previsão em vagas, mares
Mudando em tempestades mansos ares
E neles permaneço incoerente

Evoco os meus demônios e prossigo
A cada nova espreita um inimigo
Vestindo este fantoche que sou eu

Mortalhas que ora visto visam ter
Após a fúria imensa algum prazer
Devorando o que em mim já se perdeu...

RITA DE CASSIA TIRADENTES REIS E MARCOS LOURES

VAGAS LUZES

VAGAS LUZES

Reboa dentro em mim sombria voz
Danando o meu destino em vagas luzes
Aonde se pensaram flores, urzes
E a própria juventude é meu algoz.

O olhar entediado e quase atroz
Medonhas criaturas reproduzes
E tantas vezes vejo as mesmas cruzes
E nelas ansiedade estreita os nós.

Das díspares noções ações diversas
Imersas emoções ditam quimeras
E quanto mais assim te desesperas

As palidezes tantas vão dispersas
Universalizando o sofrimento
Não tendo noutro tento mais alento...

RITA DE CASSIA TIRADENTES REIS E MARCOS VALERIO MANNARINO LOURES

O QUE SOU

O QUE SOU

Moléculas diversas me compondo
E delas podridão já se percebe
A vida se perdendo desta sebe
E mesmo que respire decompondo

O que restou de mim agora expondo
Em caricata face que percebe
Do avinagrado sonho que ora bebe
Putrefato caminho em vão repondo.

Descrevo os meus demônios com palavras
Que sorrateiramente ainda lavras
Usando larvas, moscas, vermes, vândalos.

Eviscerada imagem marginal
Mudando o tão profícuo ritual
Negando essencialmente corte e sândalo...

RITA DE CASSIA TIRADENTES REIS E MARCOS LOURES

RECRIAÇÃO

RECRIAÇÃO


Natura se recria em minha vida
Esgotando a terrível mocidade
Enquanto bebo agora a insanidade
Percebo a minha força em despedida

A cada passo a sorte sendo urdida
Vencido pela incúria que me invade
Degrado-me em temível falsidade
Falências que carrego em voz perdida.

Agarro-me aos escombros, vãos destroços
E neles recompostas ilusões
Enquanto reproduzem aversões

Expondo apodrecidos, frágeis ossos
Na carcomida imagem me retrato
Um ser medonho e tênue quase abstrato...

RITA DE CASSIA TIRADENTES REIS E MARCOS LOURES

FUGAZ

FUGAZ

Um feto que tão fátuo fui fugaz
Das fráguas freqüentara farsas fartas
Fuligem, farpa féretro e me enfartas
Com falsas e falazes, fútil paz

Feneço num falsete ou tanto faz
Se enfados ou fagulhas já descartas
Assisto à derrocada enquanto partas
E atento ao tempo tramo e entranho o antraz.

Noite aterrorizante antes do intento
E quando um brando andor ainda invento
Aceito teus conselhos velhos vãos

Espelho dentro da alma alça o vazio
E quando a vaga eu venço ou desafio
Desfio a fantasia em novos grãos...

RITA DE CASSIA TIRADENTES REIS E MARCOS LOURES

SISTEMATICAMENTE

SISTEMATICAMENTE

Sistematicamente a mente, mente
Ou omite emitindo falsos guizos
Em vandalismos cismo se imprecisos
Vários versos versando insanamente

E quando tanto ou mais sigo descrente
Atento aos violentos Paraísos
Em virulências feitas ânsias sisos
Conciso ou preciso se envolvente

Venéreas maravilhas vencem sismos
Em viscerais vitórias cataclismos
Abismos, precipícios ócios, vícios

E pendulares âncoras do tempo
Estampam no meu peito o contratempo
Volvendo aos versos frágeis: meus inícios...

RITA DE CASSIA TIRADENTES REIS E MARCOS VALERIO MANNARINO LOURES

ENLANGUESCIDAMENTE

ENLANGUESCIDAMENTE

Regalos de uma lúgubre bacante
Enlanguescidamente dita normas
E quanto mais voraz tu me deformas
E tomas minha vida a cada instante

Aonde se pensara deslumbrante
Demônio em que decerto te transformas
E quando do teu âmago me informas
És serpe disfarçada em diamante.

Imagem tão sutil, paradisíaca
Hedônica figura que é satânica
Paralisia causas, pois tetânica

Vulcânica explosão que, demoníaca
Vendendo uma emoção quase que orgástica,
Depois se gargalhando vil sarcástica...

RITA DE CASSIA TIRADENTES REIS E MARCOS VALERIO MANNARINO LOURES

REVÉIS

REVÉIS

Revéis já transmudando os meus anseios
Esgoto vãs audácias, passos firmes
E quanto mais deveras reafirmes
Rebeldes caminhares ditam veios

Diversos dos meus vagos vãos rodeios
E neles mesmo quando tu me afirmes
E traces novas bases em que firmes
Os passos se perdendo em devaneios

Revelo-me volúvel, mas velado
As vastidões vasculho e em meu passado
Ventanilhas abertas não mais vejo

Vogara entre naufrágios e procelas
Borrascas entre farsas me revelas
E as velas enfronhando tempestades

À custa do viver incêndio e rosas
Esvaio-me em volúpias vaporosas
Enquanto em tanto encanto tu me invades...


RITA DE CASSIA TIRADENTES REIS E MARCOS VALERIO MANNARINO LOURES

FALSA ESPERA


FALSA ESPERA


Se eu broquei cada farsa em falsa espera
Fenestrando deveras teus engodos
E neles transpassando vários lodos
Com os quais a vida degenera

E beijo a boca espúria desta fera
Prazeres enfronhados; quero todos
Nublando brandos bandos, antros godos,
Apenas pênsil pêndulo me espera

E contumazes erros cometidos
Gerados pela insânia das libidos
O olvido não repõe partos erráticos

Nem sátiros caminhos percorridos
Serão de qualquer forma, pois, ungidos
Tampouco os meus enganos sistemáticos...


RITA DE CASSIA TIRADENTES REIS E MARCOS VALERIO MANNARINO LOURES

NO MERCY




No mercy

The life promise not to feel sorry to me
Of the errors committed in their name,
So even when the fury, I control
The fate turns and not waving,
My soul facing the fear dwarfs
And everything is transmuted into fear and hunger,
In the arms if you can, take me love
Future fantasy concatenates
And kiss their forges; drinking fountain
As much as another corner was blunt
Verse bolder becomes sincere.
Vibrating with emotion just by knowing
Do enlighten me as this pleasure
What is this life in pain, all I want?


RITA DE CASSIA TIRADENTES REIS

Different feelings



Different feelings

Breather different feelings
While storm and get ready laughter
The times are indeed foolish, silly
Drinking every drop of tributaries.
And even so still minds
And the end of all accounts at high
Even thou rebates given to fantasy
Leaving behind nights groaning.
Orgasmic madness? Nevermore
The boat looking for a new pier
You fine quicksand
And so forgive any fault,
My soul actually only battle
Fleeing this boredom that greed.


RITA DE CASSIA TIRADENTES REIS

MY FEELING




My feeling

Who insists on devouring my feeling?
I know and I never tire of talking
While the forces under the moonlight
As much as we try not to keep still
The wind turns into suffering
And the taste is suiting the palate
Still you need more salt
On how to be happy, sweet torment
So after I sign my freedom
At times when you said foolish
Unexpected kiss I gave you,
Ghosts of us prowling the room,
A soul distracted now shut up
Making law of the glee.

RITA DE CASSIA TIRADENTES LOURES

DIME DE TI…



DIME DE TI…

Dime de tu vida, veas cuantas veces
La negación tan constante se hiciera
Tu compañía.
Dime de tus ilusiones y cambios de rumbo;
La mar lejana, la playa desierta y las rocas
En tus naufragios;
Llévame a tus decepciones, tus engaños,
En las fragatas perdidas en borrascas contumaces,
En los infiernos de los amores sin valía, sin sentido
O porvenir.
Estuve tan lejos de tus sensaciones,
Pero siempre te veo, cual un espejo denudando
Mi alma, muchas veces inconstante,
Inconsecuente y mismo borracha de ensueños.
Los sonidos en las noches,
Las fiestas, las danzas,
El vino y el paraíso defraudado.
Dime de ti, dime de,
Almas gemelas, complementares...


RITA DE CASSIA TIRADENTES REIS