sábado, 2 de abril de 2011

23

Pondo as coisas no lugar
Tendo o meu olhar mais firme
O que possa desejar
Neste ponto se confirme,
O que tento adivinhar
Noutro passo reafirme
O cenário a se mostrar
Onde possa conduzir-me
Nos temores corriqueiros
Meus anseios se repetem
Outros dias, mais ligeiros
Tempos novos já refletem
E os momentos em meneios
Encaixando, se completem.

24

A verdade não sonega
O que o tempo perfilara
A palavra mesmo cega
Traz a sorte da seara,
E o meu mundo não navega
Onde nunca mais se ampara
Deste mínimo hoje mega
O meu canto desprepara.
Esbarrando nos anseios
De quem tanto quis além
Ouço apenas, novos meios
Do que possa e já não tem
Sem saber dos devaneios
Com certeza sou ninguém.

25

Nada mais tive nas mãos
Nem sequer alguma sorte
Os meus olhos ermos chãos
O meu tempo diz da morte,
E se possa em rumos vãos
Outro sonho que comporte
Quem me dera, dos irmãos
O que tente em bom suporte.
Nas entranhas do infinito
Cada passo é condizente
Com o quanto mesmo grito
Noutro tom o que apresente
O meu mundo em novo rito.

26


Nada mais pudesse ver
Do que tanto desejei
O meu canto a se perder
Noutro espaço, noutra grei
O cenário a se verter
No que um dia procurei
Outro mundo eu passo a ter,
Num anseio me encontrei.
Novo dia em tom diverso
Universos que inda possa
Traduzindo noutro verso
A verdade já nos roça
E transcende ao mais disperso
Desejar aonde imerso.

27


O meu tempo se aproxima
E do todo imaginário
Outro sonho em ledo clima
No momento necessário
Movimento que redima
O que possa e sou corsário
Navegar nos aproxima
Num caminho solidário.
Vagamente lembro a sorte
Tantas vezes maltratada
E se bebo o que comporte
Expressão já desenhada
Busco enfim um novo norte
Ou talvez não veja nada.

28


Na palavra dita em paz
O que reza traz no olhar
Onde o mundo satisfaz
Sem saber o que vai dar,
O cenário se é capaz
De outro sonho retratar
Mesmo quanto mais tenaz
Expressasse algum luar;
Embrenhando no horizonte
O que possa ter no fim,
Onde o sonho sempre aponte
Vicejando dentro em mim
Construindo a clara ponte
Que desponte, sempre assim.

29


Jamais pude imaginar
Qualquer sonho aonde um dia
Pude mesmo desejar
O que tanto se queria
Noutro rumo em claro mar
E se tanto moldaria
O caminho a desnudar
Onde a vida em poesia.
Nada mais se vendo além
Do que tanto quis atento
O meu mundo quando vem
Espalhando além, no vento.
E o que possa ainda tem
Novo dia em pensamento.

30

A saudade não traduz
O que tanto desejaste
E se possa contra a luz
Ter no olhar raro contraste
Onde o todo se produz
Noutro canto se desgaste
O momento que seduz
Reduzindo ao nada o traste.
O meu verso sem sentido
O sentido mais perverso
Onde vejo resumido
O cenário aonde eu verso,
Tanto sonho traduzido
Quantas vezes o disperso.

31

Nas tormentas costumeiras
Nas palavras doloridas
Entremeia nas roseiras
As verdades concebidas
E se tanto em corriqueiras
Luzes tu não mais dividas
Mesmo quando tanto queiras
Não verás o quanto agridas.
E vivazes dias trazes
Entre enganos e retalhos
Procurando nessas fases
Os caminhos em atalhos
Mesmo quando são audazes
Os anseios, mesmo falhos;


32


Mergulhando no vazio
Onde o tempo não promete
O que tanto hoje recrio
Na verdade compromete
E gerando novo estio,
Desvendando o que reflete
O momento em desvario
No corte do canivete.
Conivente com a sorte
De tal forma desolada
Aonde o nada me comporte
Renegando uma alvorada
Meu anseio perde o norte
No final não sobra nada.

33


Aprendendo a cada engano
Outra vez pudesse ter
Onde apenas eu me dano
Sem sentir nem perceber
Do vazio cada plano,
E concebo sem saber
A versão em tom profano
Desenhando o desprazer.
Poderia pelo menos
Encontra alguma paz
Em momentos mais amenos.
Mas meu Pai, o Satanás
Entremeia em seus venenos
O que a vida ora desfaz.

34

Na carniça apodrecida
A rapina banqueteia
O que fora outrora vida.
Pouco a pouco noutra teia
Vendo apenas despedida
Onde a sorte devaneia
Na palavra ensandecida
Arrancando cada veia;
E o cadáver entre os vermes
Olhos pútridos e inermes
Renascendo em bela flor.
Restitui uma esperança.
Quando a morte nos alcança
Noutra forma o recompor.

35


Morto quem vivera em trevas
Nada mais esperaria
Do cadáver que hoje cevas
Esta cena ora sombria.
Esperanças. Ledas levas
Cada dia apodrecia
Larvas, vermes onde nevas
E jamais amanhecia.
Neste inferno que me deste
Sentimento feito em peste
Desta pútrida verdade.
Decomposto pouco a pouco,
Resta o quanto me treslouco
Sordidez em luto invade.

36

Cadavérica figura
Expressando o que nos rege
A verdade que tortura
No sorriso deste herege.
Numa irônica brandura
Falsamente nos protege
E o que possa em amargura
Dentro da alma ora lateje;
E no caos, a tua herança
Sem saber aonde alcança
Viperina face escusa,
Só a morte me redime,
Num momento onde sublime
Esperança se recusa.

37

Jamais tive algum alento
Mero espectro vida afora
O que possa em sofrimento
Pouco a pouco me devora.
Quem me dera isolamento
De uma morte sem demora
Nela o raro acolhimento
Desejado desde agora.
Nesta fétida presença
De quem tanto me convença.
Vale a pena algum descanso,
E da tétrica verdade
Onde houvesse o que degrade
Meu caminho seja manso.

38

E gargalhas, rapineira
Quando vês a morte em mim.
Redimindo a vida inteira
No bendito e podre fim,
A palavra derradeira
Transmudando agora enfim.
O que fora cordilheira
E hoje morre torpe assim.
A mortalha não te cabe,
Nem tampouco qualquer luto.
Quando sórdido desabe
Eu te peço e não reluto,
Noutra rota ou patrimônio
Compartilhes co’o demônio.

39

As esferas infernais
Aguardando esta chegada
De quem viva em temporais
Esta estrada desolada
E presumo quando esvais
Numa imensa derrocada
Teus carinhos, tão venais
Cada beijo uma estocada;
Peço apenas ter em paz
Meus momentos derradeiros
Se de tudo for capaz
Corpo esterca outros canteiros
Teu sorriso tão mordaz
Dita os termos corriqueiros.

40

Escarraste no meu rosto,
Em sofrível noite vã
E o cadáver decomposto
Não verá nova manhã
Satisfeito assim teu gosto
Nesta sorte tão malsã
Inda sentirás o gosto
Desta pútrida maçã;
Da visão que cultivaste
Sou apenas este traste
Que decerto perambula
Sem sentido vida afora
E o que tempo já devora
Morbidade dita a gula.

41


Olho o corpo ensangüentado
Sobre a cama e identifico
O que fora meu passado
Onde a morte eu edifico,
E se tento ter ao lado,
O caminho enquanto fico
Tanta vez; mortificado,
E o meu sonho; o contra-indico.
Conseguiste o teu intento,
A palavra sempre rude
Expressando o que ora tento
E deveras nunca pude
Desenhar em sofrimento
No apogeu, na plenitude.

42

Das vergastas que ora estalas
Neste corpo moribundo
As palavras avassalas
O meu tempo noutro mundo,
E se possa em tuas salas
O que tanto agora inundo
A minha alma já não calas,
Coração prossegue imundo.
A vergonha que estampasse
Num esgar da tosca face
Que se fez bela e sombria.
Vejo em ti diversas gralhas
E; portanto se gargalhas
Neste riso há ironia.


43

Nada mais se vendo enquanto
Outro tempo prostitui
O que possa e se me espanto
No vazio constitui.
O meu tempo em desencanto
Outro tanto agora rui,
E o versejo quando canto
Tão somente me polui.
A verdade não se visse
Mesmo quando em tal tolice
Apresenta a podridão.
De quem sabe e se alimenta
Desta sorte tão sangrenta
Em total ebulição.

44

Pouco resta para tanto
E se possa ser assim
O mergulho neste pranto
Traz o quanto existe em mim,
Sordidez a cada canto
Dominando este jardim,
O meu mundo em desencanto
Outra voz traduz o fim;
Esperasse algum momento,
Mas palavra solta ao vento
Não teria algum valor,
Dos caminhos preferidos
Outros tais, empedernidos
Tramam farto dissabor.

45

Bastaria algum instante
Ou talvez; quem sabe, a luz
E o que possa e se garante
Ao vazio me conduz,
Mesmo quando o sonho espante
Geração traz e reluz
O que tanto desencante
A verdade aonde a pus.
Resumindo o meu anseio
Neste ponto enquanto veio
Esta equânime vontade
O meu canto desengana
A palavra mais profana
Traduzisse realidade.

46

Apresento o meu olhar
Nas tramóias da existência
E pudesse descansar
Sem a dura convivência
Do que pude desejar
Sem sequer ter a ciência
Deste rude caminhar
Com temor e incoerência.
Vejo as tramas e enalteço
A verdade em tal tropeço
E me entrego ao que não veio,
Perseguindo o quanto resta
Desta vida tão funesta
Pouso em solo atroz e alheio.

47

Meu momento se resume
No que possa e não se vê
Nem sequer o rude cume
E talvez viver o que
Permitisse algum perfume
No que possa e não se crê
Numa história e se acostume
E jamais a luz revê.
O meu mundo se desbota
E se possa em nova nota
Traduzir o que se faz
E o meu canto semeasse
Outra vida em desenlace
Desenhar o que é mordaz.

48


Nada mais eu pude ter
Onde o mundo se adivinha
No caminho a se perder
Pouso em paz e a sorte minha
Traduzindo sem querer
O que possa e não continha
Sem o prazo a se tecer
A palavra mais daninha;
O verdugo traz no olhar
O cenário sem proveito,
A verdade a divagar
Na incerteza deste pleito
Onde eu pude imaginar
Tenho em canto o quanto aceito.

49

Nada mais se vendo após
O que trago sem sentido
O caminho traz em nós
O cenário dividido,
Tantas vezes destes pós
Outros tantos; dilapido
E o que possa presumido
Traz a viva e dura voz,
E seduz o que talvez
Não viesse e se desfez
Num momento mais sutil
Entremeio o que se veja
Na palavra onde a peleja
Sem sentido algum se viu.

50

A verdade não se trama
Nos anseios mais tenazes
O que possa além do drama
Tantas vezes tu me trazes
E se possa em cada rama
Desenhar o que não fazes
O momento traz e clama
Outros dias mais mordazes.
Nada mais pudesse ter
Ouro, prata, dor e tédio.
Permaneço sem querer
Ou saber qualquer assédio
Do caminho a enaltecer,
Esperança, um vão remédio...
1

Quem jamais não poderia
Enfrentar os desafetos
Sabe os tons de um novo dia
Entre os rumos prediletos,
E se tente em poesia
Realçar os mais completos
Sonhos; tenta em harmonia
Bons momentos, mas discretos.
Cavalgasse vida afora
Nas tramóias da ilusão,
Quando o tempo desarvora
Em temida confusão,
No meu peito então aflora
A mais clara confissão.

2

Nada mesmo do que eu tente
Demonstrando com carinho
Traz no olhar imprevidente
O cenário onde me alinho,
O prenúncio, de repente,
Do que possa em tal ninho
Encontrara quem alente
Ou o canto mais mesquinho.
Ouso crer mesmo não tendo
Quem pudera ter nas mãos,
Muito além que tal remendo
Tempos duros, frios, vãos
Espalhando e após colhendo
Resultados desses grãos.

3


Quantas vezes eu professo
Nesta forja o meu futuro,
E se possa e até confesso
Ter no olhar o mais seguro
Garantindo o meu regresso
Sem saber de algum apuro,
Desenhando sem progresso
O momento onde perduro.
Partilhando do que tanto
Desejara e não viera,
O meu sonho eu mal garanto
Espalhando esta insincera
Solidão aonde o pranto
Abre em nós nova cratera.

4

Não mergulho nos meus ermos
Nem tampouco em tais entranhas
Onde tanto por não termos
Nada mais eu tenho ou ganhas,
A verdade é que ao podermos
Explorar novas montanhas
O que possa ao já perdermos
Desolasse nossas sanhas.
Entoando o que inda resta
Da canção que não cerzira,
Traz a vida enquanto infesta
Traz a morte e nos retira,
Sensação de simples festa,
Noutro passo em rude mira.

5

Nada mais pudesse ter
E tampouco o desejasse
Verdade reconhecer
E saber do desenlace
Onde possa alvorecer
Mesmo quando ora nublasse
A vontade de viver,
Ultrapassa algum impasse.
Nada vejo e me permito
Entre sonhos, num instante
Desenhar além do mito
O que possa e nos garante
Um lugar neste infinito
Caminhar que se adiante.

6

Adianto cada passo
Rumo ao porto onde teria
Muito mais que me cansaço
O momento em poesia,
E se possa noutro traço
Viver em plena harmonia
Onde o tempo mesmo escasso
Novo sol me mostraria.
Vendo assim o desafeto
Num cultivo mais audaz,
O meu mundo ora completo
Nos anseios desta paz,
E se tanto me repleto
Novo encanto satisfaz.

7

Jogo os olhos no horizonte
Vivo além do que se sinta
O meu canto sempre aponte
Para a sorte nunca extinta,
Vejo o quanto já desponte
A emoção onde não minta
Quem pudesse noutra fonte
Desejar a luz distinta.
Represando o meu anseio
E contendo em tal barragem
O meu mundo em devaneio
Perfazendo outra viagem
Onde tanto o que ora veio
Traz no amor sua bagagem.

8

Nada mais pudesse ver
Ou tampouco presumir
Nos caminhos do prazer
Tanta coisa a permitir
O que possa recolher
Ou deveras repartir,
Num suave amanhecer
Revelando o que há de vir.
Relutar? É necessário,
Mas o tempo nunca cessa
E o que fora itinerário
Fica apenas na promessa,
O meu mundo, torpe e vário
Sem esperas recomeça.

9

Lavo os olhos na saudade
De quem tanto quis um dia,
O meu canto em realidade
Mata a sorte em ironia,
O que possa e se degrade
Noutro tom ora jazia,
E cerzindo esta verdade
Morro ou vivo em agonia.
Ouso crer no que se tente
Tento crer no que eu ousasse
O meu mundo onde aparente
O sorriso em clara face
Tantas vezes descontente
Nem o sonho suportasse.

10

Nas palavras mais doridas
Ou sinceras esperanças
Entranhando nossas vidas
Onde tanto além avanças
Encontrar nas despedidas
O sorriso das crianças
E traçar antes perdidas
Nalgum canto tais lembranças;
Versejando ou mesmo até
Desenhando com meu sonho
O que possa – imensa fé –
Ou num dia mais bisonho
Permitir só por quem é
O ponteio que componho.

11

Navegar entre os rochedos
E buscar um manso porto
Conhecer tantos segredos
Renegar qualquer aborto,
Entre sonhos, ermos, ledos
O meu passo segue torto,
E se possa em desenredos,
Presumir o encanto morto.
Nada mais pudesse quando
Outro tempo se anuncia
O meu mundo desabando
Onde o tanto poderia
Transformar em novo bando
A verdade em alegria.

12

Nada mais se vendo após
O que tanto acreditara
Esperança feita algoz
Tantas vezes maltratara
E o que sentisse entre prós
Noutro tom gerando a apara
Corta rente e nega em nós
O que possa e se prepara.
O vencido sonhador
Já não tendo onde encontrar
O que possa em desamor
Tão somente constatar
Sem o brilho redentor
De quem traz um manso olhar.

13

Nada mais se poderia
Nos anseios mais doridos
E se tento alegoria
Dias torpes e perdidos.
Os meus olhos, a harmonia,
Os cenários divididos
E a palavra não traria
Nem sequer mansos sentidos,
Ousaria ter nas mãos
O futuro que não vem,
Entre as horas, mesmos nãos
E prossigo em tal desdém,
Envolvido pelos vãos
Sem saber de mais ninguém.

14

Nada mais pudesse ter
Quem deseja a calmaria
O meu mundo a se perder
Mais um pouco, a cada dia,
O cenário a se verter
Tanta coisa poderia
E no rumo sem saber
O que tanto restaria,
Vejo o olhar de quem se dera
Muito mais do que tentasse
Ao seguir em louca espera
Novo tempo não repasse
A verdade tão sincera
Que jamais se duvidasse.

15

Nada peço, mas prossigo
E provoco a derrocada
O meu tempo em desabrigo
Sem destino a velha estrada,
O caminho diz perigo,
Minha noite atocaiada,
Porém mesmo assim prossigo
Bebo o sonho da alvorada.
Nada mais pudesse ter
Quem tentasse nova luz,
O meu canto a se perder
Onde encanto não produz,
E se tanto pude ver
Num recanto a minha cruz.

16


Jorram dores entre fartos
Delirares, solidão,
Os momentos sem os partos
As sangrias pelo chão,
Os pedaços nestes quartos
Morte em doce redenção.

O meu canto não se ouvira
Nem tampouco esta tortura,
O que possa e se retira
Traz no olhar rude procura,
E o que vejo dita a mira,
Mesmo em noite mais escura.

Escusado é te dizer
Vejo enfim, algum prazer.

17

Não perdendo qualquer sonho
Ou morrendo noutro passo,
O que possa e decomponho
Traz a marca do cansaço
E se sinto este enfadonho
Delirar por onde traço
O meu mundo mais bisonho
Envolvido por tal laço.
Nada mais pudera ter
Quem se fez bem mais potente
O meu verso a se perder
Onde o tanto num repente
Traz no olhar o bem viver
Ou decerto ainda tente.

18

Busco as tramas do passado
E desenho em bruscas formas
O que possa lado a lado
Em alado tom transformas,
E se eu sigo ou se me evado,
Outros passos, novas normas,
Do desenho demonstrado
Não se vejam mais reformas,
Ouso mesmo acreditar
No que pude e não tivera
A vontade a demarcar
O que trame em dura esfera,
O meu canto a destrinchar
Nem saudade ainda espera.

19

Nada mais pudesse ver
Quem se fez em claro sol,
O meu mundo a se perder
Toma inteiro este arrebol,
O caminho amanhecer
E se eu sigo, girassol,
Nos teus olhos conceber
Maravilhas de um farol
Ouso crer na luz que tanto
Possa mesmo nos guiar
E se teimo em raro canto,
Não pudesse navegar
Entre os ermos, já me espanto
E me canso de lutar.

20

Nada mais pudesse quem
Entre os medos costumeiros
Ao traçar o que inda tem
Busca sonhos derradeiros,
O meu mundo sem desdém
Anuncia em teus canteiros
O carinho que o detém
Muito além de corriqueiros,
Quero a boca mais suave
O cenário sem entrave
Ave solta, liberdade,
E se bebo com fartura
Deste amor que me assegura
Envolvido em claridade.

21

Nada mais pudesse quando
O meu tempo se fez rude,
O tormento desaguando
Na esperança, mero açude,
O cenário desabando
O momento que me ilude,
Onde possa em claro bando
Ter no olhar tal plenitude.
Versejando sobre o tanto
Que se fez felicidade
Onde o mundo eu mal garanto
Não teria na verdade
Nada mais do que este pranto
Que denigre a luz que invade.

22

Aprendendo a dizer não
Quanta vez eu me maltrato
Desta louca sensação
Outro tempo, atroz e ingrato,
Encontrando a dimensão
Do que possa em roto prato
Envolvendo o coração
No que tento e não constato.
Ao sentir o vento manso
O que possa traduzir
No meu canto quando avanço
Novo dia a resumir
O que tanto quero e alcanço
Ou pudera consumir.

sexta-feira, 1 de abril de 2011

41

Um pacato cidadão
Na verdade busca o sonho
E se possa sempre em vão
O cenário que componho
Trago além nesta amplidão
O caminho onde proponho
Nesta clara dimensão
O momento mais bisonho.
Resumindo cada passo
No que possa e sei que tento
O meu verso não abraço
Nem abarco o velho invento
O meu mundo segue escasso,
Explodindo em vão lamento.

42

Nada mais me interessasse
Nem as tramas do futuro
Nem sequer a mesma face
De um momento mais escuro.
O caminho se moldasse
Como possa e até te juro
Neste rude desenlace
Raro encanto? Não procuro.
Sei dos erros e prometo
Enfrentar qualquer procela
Trova em forma de soneto
Onde o todo se revela
E se possa e me arremeto
Rompo enfim desta alma a cela.

43

Negocio com o prazo
Que me deste, senhorio,
O meu tempo neste ocaso
Traz o sonho em desafio,
E se possa enquanto atraso
Vicejando em tom vazio,
Bebo o ledo atroz descaso
E o não ser já propicio.
Adentrando o que se fez
Entre noites tenebrosas
Ouso mesmo no que vês
Espinheiros sobre as rosas,
O que possa insensatez
Traz as horas pedregosas.

44

Nada mais se quer quem busca
Entre tempos mais diversos
A verdade nos ofusca
E traduz dispersos versos,
A palavra sendo brusca
Outros erros mais perversos.
Quem no fogo se chamusca
Traz os olhos sempre emersos,
E sem ter a previsão
Do que possa em rude fato
No meu canto em dimensão
Navegasse onde constato
A verdade em solidão
E deveras não resgato.

45

O versar sobre o que vejo
O desenho mais fiel
O meu mundo em tal lampejo
Molda assim o tom cruel,
E o que possa e se pelejo
Traça a rota em carrossel,
Muitas vezes sei do pejo
Outras bebo inteiro o céu.
Na palavra, o desatento
Caminhar em meio ao rude
Desenhar enquanto tento
O que possa e sempre mude
O meu dia em sofrimento
Com certeza sempre ilude.

46

Nada mais se vendo após
O que pude acreditar
Já não tento mais em nós
Qualquer sonho em vão luar,
E se somos tanto sós
Os meus dias a moldar
Entre medos rudes pós
Nada mais a se mostrar,
O versejo sem razão
O desejo sem proveito
Onde possa em direção
Ao que vejo satisfeito
Noutro beijo a sensação
Do que fora meu direito.

47

Não queria melhor sorte
Nem tampouco a luz em mim,
Onde o nada me conforte
Volto a ter enquanto vim
Sem saber o quanto aborte
Ilusão antes sem fim,
O meu mundo traz no corte
O que possa ser assim
Vagamente a mente vaga
E desmente o que tentei
No momento em leda plaga
Outro tanto em turva grei,
No que possa e não se afaga
Tão somente mergulhei.

48

No meu mundo sem provento
No que possa em tempestade
O meu canto quando invento
Trago a força de vontade
E se mostra em elemento
O que vivo em liberdade
Adentrando contra o vento
Esquecendo a claridade,
Nada pude e nem pudera
Nem talvez o quanto sinta
A palavra mais austera
Na verdade quase extinta
O que possa e não se espera
Sei que tanto finja e minta.

49

Nas entranhas do meu sonho
Emblemático momento
Onde possa o que componho
E bebendo o rude vento
No final me decomponho
Em total alheamento
E buscando enquanto ponho
Meu olhar em rudimento,
Na palavra mais gentil
No sentido que se esgota
A verdade traz o vil
Caminhar onde a derrota
Traz o quanto não se viu
Adentrando a velha grota.

50

Completando o que propus
Na verdade quero mais,
O que tanto já fez jus
Expressasse em vendavais
O momento em que conduz
Os diversos temporais
Os meus olhos, velha cruz
Noutros erros terminais,
Apresento o que se queira
Na incerteza mais cruel,
E se amor fosse bandeira
Outro passo em carrossel
Ultrapassa esta barreira
E desenha além meu céu.
31

Acordo com o vento
Batendo na janela
E o quanto mesmo tento
Por vezes se revela
Num ato mais atento
Abrindo cada vela
O barco em sentimento
Além navega e sela
O rumo que se quer
O tempo sem qualquer
Momento em tempestade,
No fim em novo cais
Cenários magistrais
Intensa claridade.

32

Apenas pude ver
O fim de cada escândalo
Amor a se perder
Num tempo quando em vândalo
Caminho sem conter
Perfumes deste sândalo

O fato num enredo
Diverso do que tento
E sei e me concedo
Buscando estar atento
E mesmo em tal segredo
Expresso o sentimento.

Vestígios de uma luta
Há tanto atroz e astuta.

33

Já não me caberia
Falar do que inda trago
O verso em fantasia
O dia em raro estrago,
O passo onde traria
O mundo e se divago
A morta poesia
Expondo nu tal lago,
O corte mais profano
Hedônico passado,
E sei do quanto engano
O dia desolado,
Entrando pelo cano
Ou dando outro recado.


34

Trovejo em tempestade
E tento estar atento
Ao quanto já me invade
Em ledo pensamento
Viver a liberdade
E nisto outro provento,
Alçando em claridade
Abrindo o peito ao vento.
Não tento acreditar
Nos erros onde eu faço
Meu mundo a desvendar
O sonho em embaraço
O rumo a se negar
Desfaz da vida o traço.

35

Bebendo mais um gole
Do quanto caberia
A vida quando assole
Expressa a mais vazia
Vontade que console
Quem tanto poderia
Ousar no quanto bole
Com a alma a poesia,
O preço a se pagar
O medo não se cansa
O tempo a desenhar
O quanto em aliança
Marcasse este luar
Em sórdida esperança.

36

Apresentando o fato
Aonde o que se quer
Expressa o que retrato
Nos olhos da mulher
E sei e já constato
Momento outro qualquer
Vencendo o velho trato
E trota onde puder
Corcel ou num tropel
Quem dera algum rocim,
Negando sol e céu
Ausento do jardim
E bebo deste fel
Que trazes para mim.

37

Não quero acreditar
Nem mesmo que inda reste
O mundo sem luar
Em solo mais agreste,
O marco a se moldar
No tanto que deteste
O canto a desenhar
Em nós sonho celeste,
Agonizando apenas
Enquanto me envenenas
Sem medo e sem saber
O quanto poderia
Em novo e claro dia
Talvez a me perder.

38


Bebesse mais um pouco
Ou mesmo sempre mais
Envolto feito um louco
Imerso em temporais
E quase mesmo rouco
Gritando onde jamais
O mundo que treslouco
Trouxesse seus cristais
Vagando sem sentido
Sem rumo e direção
Somente desprovido
Do quanto em tal razão
Encontra o resumido
Caminho em solidão.

39


Jamais pudesse ter
O olhar neste horizonte
E quanto mais verter
Meu passo aonde aponte
O tanto a se fazer
No rumo em clara fonte,
O verso sem querer
Já nada mais desconte.
Vagando sem sucesso
Aonde ter eu possa
O mundo sem regresso
E nisto o que remoça
Expressa onde confesso
A vida que eu quis nossa.

40


Toando mansamente
O quanto pude e sigo
O tempo toma a mente
E sei em tal abrigo
O marco não desmente
O quanto em vão prossigo
O mundo este demente,
Vagando não persigo,
Espero o que semeias
E nisto mares tantos
Buscando nas sereias
Além dos raros cantos,
As tramas que incendeias
Trazendo claros mantos.
21

Das sementes que cultivo
A esperança brota e traz
No momento enquanto vivo
O que pudesse ser em paz,
Outro tempo mais altivo
Outra sorte mais tenaz
Na verdade o ser cativo
Esperasse o canto audaz
De quem vive o que se tenta
Na incerteza de outro passo,
Enfrentando esta tormenta
Resta apenas o cansaço
E se possa e me alimenta
Desta sorte um novo traço.

22

Encontrando no caminho
Quem decerto eu lá deixei
O meu passo em tanto espinho
Na tortura feita em lei,
O que vejo e se me alinho
Onde o rumo eu desvendei,
Traça o quanto sou sozinho
E jamais algo encontrei
A não ser o que se trace
Ministrando uma esperança
A verdade em desenlace
No final apenas lança
O que foge e se embarace
Na incerteza que nos cansa.

23

Nada mais eu poderia
Ou talvez quando incendeia
A verdade mais sombria
Desfiando inteira a teia,
O que possa em fantasia
Nada mais invade a areia
E sentindo a maresia,
O que venha se receia.
O jeito mais melindroso
O caminho sem cuidado,
O temor do pedregoso
Desenhar enquanto invado
Outro tempo pavoroso
Onde houvesse algum enfado.

24

Nada mais se faz além
Do que um dia desejaste
O meu canto quando vem
Destroçando em tal desgaste
O que nada diz tão bem
Quando o todo que negaste
O viver sem ter ninguém
Traz em sonhos o contraste,
E deveras já constate
O que possa me alentar
A palavra em arremate
Tento mesmo disfarçar
Onde quer que se resgate
Nada resta em seu lugar.

25

Vendo o quanto ainda tenho
E procuro pelo menos
Entre as tramas do desenho
Quaisquer dias mais serenos,
E os meus olhos de somenos
Outros olhos, quando venho
Entranhando tais venenos
Nada mais quero e contenho,
Resumindo o fato nisto
O meu tempo não traz luz,
E se possa e já desisto
No final carrego a cruz,
E se vejo e até resisto,
Outro engano se produz.

26

Produzindo do prodígio
O que pude acreditar
No momento sem litígio
Outro tanto a desenhar
Sem deixar qualquer vestígio
Do que viva em tal sonhar
Onde possa em vão prestígio
Noutro engano mergulhar,
Dos estágios que se vêm
Nas etapas que ultrapasso,
Os meus olhos no desdém
O meu canto em teu cansaço,
O que resta e sabe bem
Dita o velho sonho escasso.

27

Nada mais se vendo após
O que tanto quis um dia
O meu mundo segue em nós
O que possa em alegria,
O desenho mais atroz
Na verdade não traria
Sendo os sonhos rudes, sós
O cantar em harmonia.
Visto o sonho e tento o passo
Entre o quanto ser não ser
Marco a vida enquanto traço
A ventura do querer,
E se possa em tal cansaço,
Nada mais pudesse ter.

28

Na incerteza aonde pude
Desenhar algum repente
O que vejo sendo rude
Não traduz o quanto sente
Quem deveras desilude
E se mostra imprevidente
O meu canto em juventude
A palavra penitente,
O sentido sem saber
Do que possa e mesmo quero,
A vontade de viver
Num momento mais sincero
Permitindo alvorecer
Todo o brilho que ora espero.

29

Acordando o que se faz
E se busca noutro verso
Onde o mundo foi audaz
Muito embora mais perverso
Desenhar o que não traz
Nos meus olhos, o universo
Vedo o passo e sei mordaz
O sentido onde disperso
Ventania eu deixo e sigo
O que pude ou mesmo tento
Na verdade estar contigo
É sanar o sofrimento,
E se vejo este perigo,
Meu desenho é mais atento.

30

Nada mais se visse quando
Outro dia irradiasse
Ouso mesmo revelando
O que possa e sempre passe
No tormento me entranhando
Desolando a velha face
O caminho desabando
Onde quer que a vida trace
A medonha desventura
O que sonha e não reluz,
A saudade me tortura
E em verdade não faz jus
Ao que tanto se procura
E deveras me seduz.
11

Nesta estrada mais comprida
Tantas vezes capotando
Trouxe o mundo menos brando
Sem saber qual a saída,
Esperança dividida
Dia a dia me rondando
O cenário desabando
Entremeia a despedida.
Nada mais pudera ser
Onde tanto parecer
Espreitasse uma razão
A verdade não se cala
Enfrentando fogo e bala,
Na incerteza em provisão.

12

Onde o tempo faz sentido
E se mostra mais atroz
No caminho dividido
Entre o nunca e o logo após
O momento presumido
A versão dura e feroz,
Engolindo o resumido
Desvendar ora sem voz,
Nas tramóias da esperança
Esperneio, mas não posso
No tormento onde se lança
O que fora outrora nosso,
Na verdade quando cansa
Faz da vida este destroço.

13


Jogo feito; a vida marca
A ferro e a fogo tão somente
Destruindo a velha barca
Que levasse o que se sente
Onde o tempo não abarca
Onde a rota imprevidente,
Mas a morte quando embarca
Mostra o tom impertinente
De quem sabe o que deseja
E jamais descansaria
Até vencer esta peleja
Tão medonha a cada dia,
E se esboça o que não seja
Nem sequer mais fantasia.

14

Nas picadas do caminho,
Cada curva novo atalho,
E se sigo mais sozinho
O meu canto tento e espalho,
Na verdade o mais daninho
Traz o verso aonde talho
Com temor e me avizinho
Do que tanto agora falho.
Esperava melhor sorte
E talvez um claro dia,
A palavra não conforte
Quem pudera em fantasia
Conviver com o seu corte
Onde o nada serviria.

15

Abandono esta morada
E procuro uma estalagem
Onde o tanto além do nada
Desenhando esta miragem,
A verdade desfraldada
Arrebenta esta barragem
E a versão já desenhada
Expressando em molecagem
O meu mundo em tal fastio
O meu rio mais profundo
E se possa em desafio
Noutro tom diverso inundo
O que tanto em sonho adio
E o meu canto é ledo, imundo.

16

Mas amores que encontrei
Entre tantas heresias
Dominando em dura lei
O que às vezes me trarias,
Nos teus braços mergulhei
Envolvendo em poesias
O que agora procurei
E decerto não me guias,
Entre as noites mais escuras
Entre os sonhos mais audazes
O que possa e não perduras,
Outros dias tu me trazes,
Mas bem sei que tais loucuras
São deveras curtas fases.

17

Não importa quem se vendo
Noutro tom diverso e rude,
O meu mundo em dividendo
Vem trazendo o quanto pude
E se possa no remendo
Desenhar o que me ilude,
Verso sobre o que pretendo
Mesmo quando o passo mude,
Nada mais se faz além
Do que tanto mergulhara,
O meu mundo sem ninguém
No vazio da seara
Tantas vezes já contém
O que em medo desampara.

18

Desta história feita em luta
Do momento mais venal,
O caminho em força bruta
O cenário desigual
A verdade não reluta
E transcende ao ritual,
Esquecendo a voz astuta
Onde engano é mais fatal,
No bornal das esperanças
Sem sequer qualquer aporte,
A palavra que me lanças
Traduzindo o ledo norte,
E tramando em tais mudanças
O que tanto desconforte.

19

Neste tempo feito em pós
Outro tempo se desenha
E seguindo logo após
O que possa e sempre venha
Desbancando o mais atroz
Delirar onde contenha
O meu passo mais feroz,
Ou a vida em rude senha,
Esperando de tal forma
O que nunca mais viera,
Cada passo se transforma
E a verdade destempera,
No que possa em tal reforma
Vejo ali viva quimera.

20

Aprendendo o que não quero
Ou talvez já não mereça
A saudade neste insincero
Caminhar não mais se esqueça
E mergulho enquanto espero
Sem temor e de cabeça.
No temor me destempero
E procuro o que ofereça
Outro verso ou mesmo a paz
E jamais me imaginasse
No momento onde se faz
Novamente em tolo impasse
O meu canto mais voraz
Noutro tom já se moldasse.
1

Ausento da esperança enquanto tento
Vencer tantas discórdias vida afora
E quando esta saudade já demora,
Eu vejo o renascer do sofrimento,
Meu verso se perdendo em desalento
O tempo a cada instante me devora
E o medo sem saber do quanto aflora
Expressa a solidão em rude vento.
E veto qualquer chance de um futuro
Aonde poderia o que procuro
Ousando nas entranhas da ilusão,
O canto se anuncia sem temores
E sei que tanto ainda enquanto fores
Os dias em tormentas se verão.

2

Não pude acreditar neste vazio
E sei do quanto a vida traz enfim,
O vento desbravando este jardim
Aonde sem sentido o fantasio,
O tempo noutro tempo sendo esguio
O pouco que inda resta traz em mim
O sonho anunciado e mesmo assim,
Apenas vejo o dia mais sombrio.
Não quero acreditar felicidade
Tampouco viver tanta ansiedade
Depois da tempestade outro tormento,
E quando me entregando ao quanto invade
Das tramas mais diversas; raro alento
E um novo caminhar, audaz, eu tento.

3

Marcando com o verso o que um dia
Pudesse ser apenas um caminho
E quando transformado em claro ninho
Deixando para trás esta agonia,
O verso que deveras se recria.
O tempo sem ter medo onde me alinho
Expressa o quanto possa e, se sozinho,
Apenas me inebrio em poesia.
Apressando o meu passo nada vem
Somente a mesma face em tal desdém
E o corte anunciado há tantos anos,
Depois dos universos que ultrapasso,
Semente diz apenas deste traço
Envolto nos mais duros desenganos.

4

Na sorte mais diversa que se vira,
O corte aprofundando na alma rude,
Depois do que se tente em plenitude,
A luta transcorrendo onde interfira,
A morte reacende qualquer pira.
O mundo se moldando em atitude
Diversa da que eu possa e se me ilude
O sonho sem proveito já transpira,
O corte a cada passo anunciado,
A vida transmitindo o seu recado
Ousando acreditar no que não veio,
Reajo, porém sei quanto é nefasto
O mundo, então decerto ora me afasto,
E sigo o meu caminho em devaneio.

5

Não pude acreditar
Nas tramas da ilusão
Aonde a dimensão
Não tente desvendar.
A vida sem lugar
Os tempos moldarão
A minha solidão,
Num canto a divagar.
O prazo determina
O fim da velha sina
Exterminando a luz,
E sei do quanto emana
A vida mais profana
E ao nada me conduz.

6

Não vejo outro caminho
Tampouco o poderia
O verso mais daninho
A sombra deste dia,
E sei do que avizinho
Em rude melodia
O tempo em vago espinho
Jamais floresceria
O parto se negando
O marco emoldurando
O canto sem sentido,
E sigo sem temor
Aonde quer e for
Sem ter o que lapido.

7

A cada novo engano
O tempo não redime
O verso que se prime
Além do mero dano,
E quando mais ufano
Do tempo onde sublime
A vida não suprime
O tempo em tom humano,
Apenas sei do fato
E quanto mais constato
Maior a intensidade,
Do sonho em perfeição
E desta solução
Invado a liberdade.


8

Não tenho uma saída
E mesmo que inda venha
A luta em tal ordenha
Traduz senda perdida,
A sorte destruída
A vida me convenha
E sei do que inda tenha
Após qualquer saída,
O resto não se vendo
E sei deste remendo
Ousando acreditar
No tempo mais sutil
Aonde o que se viu
Não trama outro lugar.

9

Apresentando apenas
As tramas mais venais
E sei do quanto esvais
E tanto me condenas,
A sorte onde envenenas
Os dias tão banais
Quisera magistrais
E sei que não serenas.
Apesar disto tudo
Aonde desiludo
Entoas outro canto,
Depois do que se fez
Em rude insensatez
O nada ora garanto.

10

Não pude e não tivera
Sequer o que inda queira
A luta derradeira
A sorte mais austera,
O preço destempera
E trama em corriqueira
Vontade o que se esgueira
Ou enfrentasse a fera.
Apesar deste tanto,
O passo que quebranto
O manto que puísse
No fundo sem sentido
Apenas dividido
Expressa uma tolice.

quinta-feira, 31 de março de 2011

471

A morte traz no olhar
O medo e nada mais
O tempo a se mostrar
Imerso em vendavais
E sei do caminhar
Em dias desiguais
E tanto a divagar
Em termos mais banais,
Resplandecendo a vida
No quanto em tom maior
Pudesse em repartida
Vontade e sei de cor
A luta empedernida
Insano em sal, suor.

472


Não quero mais o rumo
Nem mesmo a reticência
Loucura onde resumo
O tempo em vã ciência
E toda a penitência
E bebo inteiro o sumo,
E da clarividência
Aonde em vão me esfumo.
Parece com tal senso
E sei do quanto penso
E nada mais viera,
Adentro em tais vielas
E nela me revelas
As sortes desta fera.

473

Resulto do passado
E vejo o que não veio
Meu mundo desolado
O tempo onde receio,
O verso alimentado
E nisto o que rodeio,
O canto demarcado
Em tom atroz e alheio,
E sei do que se tente
Vencer o mais frequente
Cenário em rude tom,
Meu passo se presume
E nisto em tal ardume
O passo trama o dom.

474

Não quero mais sentir
O quanto se desvenda
Gerando sem porvir
O amor em leda lenda
O medo a resumir
O sonho onde se estenda
Marcando tal contenda
Sem nada a presumir.
O verso se enaltece
E sei do quanto esquece
E ruma sem saber
O tempo deslindasse
A vida num impasse
E traz o bem querer.

475


No mundo sem sentido
No canto sem proveito
Enquanto removido
O mundo onde me deito
Perfeito e resumido
O marco onde deleito
Envolto em sonho e lido
E sigo contrafeito.
Espero alguma luz
E sei do quanto tenho,
O mundo em rude cenho
No quanto ora produz,
E sinto em tolo empenho
A vida onde se abduz.

476


Jamais eu poderia
Viver o que se tente
Depois do quanto invente
Marcando em ironia
O tempo não teria
Sequer o que frequente
Ou mesmo mais contente
Expressa esta agonia,
O mundo não avança
E o passo enquanto mansa
A vida não se esconde,
E sei porquanto aonde
O manto traz no fundo
O sonho mais fecundo.

477

Ausento do que um dia
Pudesse adivinhar
E sei do imenso mar
Em noite mais sombria,
Se a lua não viria
O tempo a se negar
O quanto sonegar
O canto em harmonia
Viceja no que possa
A vida sendo nossa
Jamais se apresentasse
Depois do que pudera
Vencendo esta quimera
Em turvo desenlace.

478

Não quero qualquer canto
Nem mesmo o que se fez
Em pura insensatez
E nada mais garanto
E sei do quanto espanto
O verso em lucidez,
Marcando o que ora vês
Em puro e ledo pranto.
Redomas protegendo
De um mundo mais horrendo
Presumo o fim de tudo,
E quando mergulhara
Na sorte em vã seara
Ao fim me desiludo.

479

Acordo e te procuro
Embora nada veja
A luta malfazeja
Em tempo atroz e escuro
Ousando além do muro
No quanto mais não seja
O tempo já poreja
E marca em ledo apuro,
O verso sem sentido
O canto onde se visse
A luta que cobice
O mundo resumido
Nos ermos da esperança
Enquanto o passo avança.

480

Na velha tempestade
No verso sem provento
Exposto ao forte vento
Buscando a liberdade,
O canto que me invade
Apenas sofrimento
E vejo o quanto atento
Pudera em claridade,
Vestir o mais cruel
Cenário em ledo véu
E versejar em vão,
Somente o que resume
O mundo em tal ardume,
Imensa dimensão.
461

Presumindo algum sentido
Onde o tanto não se fez
Esta rude insensatez
Noutro rumo enquanto olvido,

Pressentindo o que divido
Nessa insana estupidez,
O que sinto e agora vês
Traz o tempo enternecido.

Ouso mesmo acreditar
Nas tormentas do que um dia
Quantos sonhos poderia

Numa noite de luar,
Já não tendo outro momento,
Tão sozinho eu me atormento.

462


O cenário refletisse
O que tanto se quisera
A verdade dita a fera
E produz qualquer tolice,

O meu mundo não sentisse
A loucura enquanto espera
A saudade destempera
E meu mundo é vã crendice.

Resta pouco ou quase nada
Do que tanto quis outrora
A palavra sem demora

Resumindo em velha estada
Insensata provisão
Dos meus dias na amplidão.

463

Acredito no que um dia
Pude ver e não surtira
Tanto efeito em leda mira
E deveras trairia,
Quem se fez em harmonia
Vendo as tramas da mentira
Pode mesmo e se interfira
No final nada veria.
O meu canto em caos e medo,
Onde o sonho que concedo
Sem segredos morre além
Do momento mais sutil
Onde o quanto em luz se viu
Hoje apenas já não vem.

464


A porta que se fechara
Noutro instante traz além
Do que tanto nos convém
E decerto se escancara,
A verdade em tal seara
O momento sem ninguém
Emoção não me contém
E tampouco a noite clara,
Esquecendo o que se queira
Na verdade a derradeira
Expressão trouxesse a paz,
O meu mundo sem sustento
Quando exposto ao que ora tento
Traz o rumo mais mordaz.

465

Ao saber do que inda trago
Sem sentir qualquer temor,
Vivo em sonho o raro amor
E deveras num afago,
O meu mundo onde divago
Resumindo além da flor
Traz o quanto a se propor
Expressasse enquanto vago,
O versar sem ter mais medo
Do que possa em desenredo
Desde cedo, ascendo ao nada,
A verdade se expressasse
No vazio em desenlace
Nesta sorte desolada.

466

Não mergulho neste ocaso
E se possa em dimensão
Mais diversa direção
Transformando o mero acaso
E se possa e não me atraso
Bebo as tramas da emoção
E se perco esta amplidão
Trago o tempo e em tal descaso,
Quantas vezes; tanto eu vi
O cenário traz em si
O que possa em rude verso,
No meu pranto se renega
A vontade audaz e cega
Onde o mundo ora disperso.

467

Onde a sorte soerguesse
Meu momento sem sentir
O que possa no porvir
E talvez nada temesse
Do sentido sem promessa
Da verdade mais sutil,
O que possa e já se viu,
Onde a luta recomeça
E se tanto se deslinda
Uma expressão audaz
E o tempo traz ainda
O quanto não se faz
Jamais se vendo o quanto
Meu mundo, o desencanto.

468


Pudesse em primavera
A rara primazia
Aonde poderia
Trazer em nova esfera
O mundo que ora gera
A luta dia a dia,
O verso não traria
O quanto destempera.
Respaldos de uma sorte
E nada me conforte
Sem ter qualquer apoio,
Jamais eu pude ver
O mundo em desprazer
Das dores, o comboio.


469


Acordo e nada vendo
Sequer o que pudesse
A vida reconhece
O muito tanto horrendo
Traduz mero remendo
E trama em rude prece
O que não mais se esquece
Aos poucos não emendo,
Escolho no vazio
O tempo mais sutil
E o quanto mais sombrio
Expressa o que se viu
Vagando em pleno frio,
O manto já puiu.

470

Não quero a melhor sorte
Nem mesmo o que se tente
Vagando francamente
Aonde se conforte,
O tempo não suporte
E sigo sempre em frente
E nisto o que se enfrente
Tramasse em tal aporte,
O verso sem sentido
O canto resumido
Num tom atroz e rude,
Depois do que se veja
A vida em vã peleja
Transcende ao quanto pude.
441

A verdade que se ofusca
No caminho mais sutil
Quando a sorte se faz brusca
Na verdade nada viu

Discernir o que se tenta
Vencer mesmo a tempestade
O momento em tal tormenta
Pouco a pouco desagrade

E das grades costumeiras
Outras tantas; reproduzes
E se tanto não me queiras

Escoltando em turvas luzes
O que possa em derradeiras
Noites ledas não produzes.

442


Bebo em gole sempre farto
O que tanto mais quisera
E se disto já me aparto
Apresento a vã quimera
Meu caminho ora comparto
Com quem nega alguma espera
E se possa hoje eu descarto
Solidão em louca esfera.
Resumindo o que se veja
Onde a sorte traz peleja
E deixasse para trás
O que tanto quis e muda
Direção atroz que iluda
Passo rústico e mordaz.

443


Redimindo o caos em mim,
Navegando contra o vento,
O que possa dita o fim
Onde o sonho em vão invento
Bebo o quanto resta e assim
Na verdade o que fomento
Gera sempre o tom ruim
Entre tanto sofrimento,
Sigo alheio ao que pudera
E se vejo mais um tanto
O que possa a rude fera
Noutro dito em desencanto
Expressando a vã quimera
E no fim em vão me espanto.

444

Apresento com meu verso
As escusas costumeiras
E se tanto ora disperso
Meu caminho em tais ladeiras
O momento mais perverso
Onde sei que não me queiras,
Vivo em sonho, sigo emerso
Entre rotas derradeiras.
Cotizando o que interessa
Vida além ou mesmo rude,
O que possa já sem pressa
Na verdade desilude
E se tanto recomeça
O meu mundo nada o mude.

445

Levaria a vida toda
Para crer no que não veio,
O cenário em leda boda
O momento diz receio,

A palavra sem sentido
O momento em lavra atroz,
O que possa e sempre olvido
Rege a vida mais feroz,

E bebendo o que se tenta
Na palavra mais atenta
Outra voz não mais se ouvia,

O meu mundo em tez sangrenta
Invadindo esta tormenta
Nada mais simularia.

446

Apresento o fim de tudo
E se possa ser diverso
Meu caminho no universo
Com certeza em tom agudo,

Expressando onde me iludo
E se posso ou mesmo verso
Ouso além do que disperso
Quando muito me transmudo.

Bebo então tua saliva
A vontade sobreviva
Ao que possa em negação

Mergulhando no vazio
O meu mundo desafio
E procuro esta amplidão.

447

Nada mais se vendo após
O que tanto quis um dia
Ao sentir esta ironia
Reduzindo o tom da voz,

E seguindo traços, nós
O que tento e não podia
Vivo em dura fantasia
O momento mais feroz,

O cenário eu capacito
E tateio no infinito
Meu aflito cortejar,

Sem saber qual a razão
Outros dias moldarão
A certeza a divagar.

448

Na incerteza de quem tenta
Loucamente um dia em paz
A verdade violenta
O que possa e satisfaz,

Nesta senda mais sangrenta
O cenário se desfaz
E o que busco e tanto alenta
Gera o sonho mais audaz,

Nada mais pudesse ver
E se tanto amanhecer
Entre trevas, brumas, medo

O meu canto em novo tom,
O momento audaz e bom,
Onde o verso em paz concedo.

449

Navegando em medo eu pude
Ter no olhar a dimensão
Do que tanto em amplitude
Dita os dias que verão

O caminho aonde é rude
O tormento em negação
E se possa o quanto mude
Outras sortes moldarão

O momento mais atroz
E no canto sendo algoz
Voz expressa a tempestade,

Redimisse cada engano
E se tanto ora me dano,
Nada resta da verdade.

450

O meu tempo já passou
E deveras o que resta
Traz o tanto quanto sou
Nesta vida mais funesta,

O meu verso ora se empesta
E o que bebo mergulhou
No vazio desta festa
Onde o nada me entranhou.

Bordejando enquanto possa
Transforma minha palhoça
No palácio prometido,

Do momento onde a carroça
Ultrapassa qualquer fossa,
Meu caminho faz sentido.

451

Nada mais pudesse ter
Em sensata sensação
Do que trace em dimensão
Mais diversa este querer,

E tentando amanhecer
Entre as sombras que verão
A temida solidão
Ou talvez dite prazer.

Nada mais pudesse enquanto
O que possa e não garanto
Traz apenas o vazio,

Meu cenário costumeiro
O meu verso derradeiro
Onde o nada ora recrio.

452

Nas tormentas onde tento
Disfarçar o que receio
O meu mundo em devaneio
O meu passo desatento,

Outra vez exposto ao vento
Que deveras quando veio
Traz apenas o que anseio
E moldura alheamento.

Nada mais se vendo após
O que pude em tom feroz
Desvendar dentro do peito,

Cada vez que mergulhasse
Nesta sorte em rude impasse
Tão somente o fim aceito.

453

Não se vendo qualquer luz
Onde a vida renegando
O desejo reproduz
Um momento desde quando

O caminho já faz jus
Ao que tento desvendando
O mistério que seduz,
Ou vazio me tocando,

Arco mesmo com meu erro
E se possa em tal desterro
Vago insana e loucamente,

O meu sórdido cenário
Noutro tom e itinerário
Tantas vezes teima e mente.

454

Não perdesse o que inda trago
Dos meus dias mais sutis
E se possa em tom tão vago
Desejar o ser feliz,

Nada mais quando divago
Resumindo o que ora fiz,
Esperando o tom que indago
Procurando o que não quis.

Esperando após o medo
O cenário em desenredo
Desde cedo nada via,

Sou apenas a semente
Que este chão duro desmente
E traduz em agonia.

455

Não viera após o fato
Onde o mundo se fizesse
Na esperança o que constato
Resgatando esta quermesse,

O meu passo nega o prato
E o meu verso não se esquece
Do caminho onde retrato
O que possa e não se tece.

Receando o quanto venha
Na palavra em rude senha
Das ordenhas do vazio,

O meu canto desencanta
E se tanto expõe tal manta
Aguardando o tempo frio.

456

Ousaria noutro passo
Ser o quanto ainda tenho
E fechando cedo o cenho
Novo sonho ora desfaço,

E marcando em descompasso
O que possa em vil desenho
O meu mundo agora empenho
Noutro rumo mais devasso,

Esperasse qualquer lua
E se possa não cultua
A esperança em rude infausto,

O meu canto se previsse
Na verdade em tal mesmice
Sendo o sonho um holocausto.

457


Bebes toda a sorte quando
Não garanto algum sinal
E o meu mundo desabando
Neste passo desigual,

A verdade se moldando
Onde o tom se faz fatal
O caminho transtornando
Esvazia este bornal.

Apresento o fim do jogo
E se possa em pleno fogo
Traduzir o que degrade,

O meu verso não permite
O que possa em tal limite
Sem saber da liberdade.

458

Apresenta a sorte atroz
Quem deveras não soubera
Quanto é dura tal quimera
Num momento feita algoz

O meu passo mais veloz,
O caminho em leda espera
A verdade destempera
E traz o rumo em torpe voz.

O meu canto sem sentido
O tamanho decidido
No versar em tempestade,

O meu manto se resume
Na verdade em tal ardume
Que deveras nos invade.

459

Bebo o quanto pude ver
Do meu mundo ora insensato
E se bebo o que constato
Não tivera algum prazer,

Nada mais a conceber
O que possa em vão retrato
E se tanto ora resgato
Nada mais irei saber,

O meu prazo determina
O que possa em cristalina
Noite em sonho, mesmo falso,

Do meu tempo sem promessa
A verdade recomeça
E traduz em cadafalso.


460

No caminho em tal desdita
No veneno a cada olhar
A palavra necessita
Onde mesmo decorar

A esperança onde palpita
O que pude caminhar
Entre a sorte atroz e aflita
Sem saber onde encontrar.

O versar sem mais proveito
O meu mundo quando aceito
O que venha em ledo tom,

Esperança não traduz
O meu verso em rude luz
O meu canto em tosco som.
431

Apenas entre as perdas do caminho
As pedras que talvez mesmo tentasse
Vencer o quando veja em duro enlace,
E sei do meu anseio até mesquinho.

E tanto quanto em rude desalinho
O medo noutro tanto se moldasse
E nisto o que pudesse modulasse
Marcando com terror enquanto alinho.

Espero qualquer dia aonde eu veja
Somente o desenredo em vã peleja
E seja como for, como puder,

O mundo em desafeto, o sonho rude,
E nada do que eu possa ainda ilude
Na justa sensação do que aprouver.

432


Amortalhando o verso aonde enfrente
O mundo sem temor ou mesmo quando
O verso noutro tom se desenhando
Matando o que pudera, ora inclemente.

Peçonhas tão diversas e a serpente
Mostrara o que se tente e desabando
O mundo noutro já definhando
O quanto se presume e se apresente.

O verso sem sentido, o medo em vão
A luta na soberba dimensão
Apresentando ao fim o que não veio,

Coleto dos meus versos a esperança
E o peso transcorrendo enquanto avança
Meu mundo nas entranhas de um receio.

433

Asperges os insanos complementos
E bebes cada gota até que exangue
Meu mundo transformando mar em mangue
Expressa tão somente desalentos;

Aviso ao que pudesse em horda e gangue
O tempo entre diversos sentimentos,
E vivo sem saber dos tais tormentos
Perdendo o que me reste em ralo sangue.

Não quero prosseguir e não se tente
Vencer o que pudera impertinente
Momentos em ter enganos, nada mais,

Os olhos sem saber deste horizonte
Aonde o que se perde desaponte
Os ermos entre tantos terminais.

434

Não chore a derrota
A sorte se faz
E quando se nota
O canto é voraz
E sei que desbota
A luta onde traz
A morte se esgota
E nega esta paz,
Rondando o passado
Presente vazio
Futuro negado
Vestindo este estio.
E quando me evado
O mar desafio.

435

O verso sem rumo
O canto sem eira
A luta estradeira
O prazo consumo,
E se me perfumo
Mergulho onde queira
A sorte primeira
E nisto o resumo
De um tempo perdido
E nele me olvido
Do quanto já quis,
O verso sem nexo
O olhar vão, perplexo
Fatal chamariz.

436

Bebendo o vazio
E sei do que encante
A vida adiante
O tempo sombrio,
E se desafio
Viver doravante
O que noutro instante
Expressa este fio,
Apelos em rudes
Promessas e mudes
O verso afinal,
Depois do que reste
A luta em agreste
Momento é fatal.

437

Não quero a peçonha
De quem não me quer
E quando em qualquer
Caminho deponha,
A luta envergonha
Quem sabe e vier
Ousar sem sequer
A senda enfadonha.
Espero o que possa
Traçar nesta fossa
A farsa incontida
E sendo tenaz
O passo desfaz
Qualquer leda vida.

438

De tantas façanhas
A vida se faz
E sei do mordaz
Cenário em que entranhas
Além das montanhas
O tempo desfaz
O que nada traz
Senão tais barganhas,
A luta que tento
Vencer sofrimento
Num tempo mais calmo,
Aprendo e revelo
Qual fosse algum salmo
O sonho mais belo.

439


Premissas que trago
No canto mais rude
E sei do que ilude,
E nisto este afago
Deveras divago
Em tal atitude
O prazo se mude
Invade este lago,
O canto sem paz
A sede voraz
E o fim sem proveito,
Do quanto quisera
Apenas a fera
Deveras aceito.

440

Presumo o vazio
E bebo o final
Onde desafio
Qualquer ritual,
Ainda desfio
Momento fatal,
Resumo em sombrio
Tormento em geral,
O beco a saída
A luta temida
A vida sonega
A morte se vendo
Apenas remendo?
A sorte tão cega...
421

O canto onde desdenho qualquer rota
E possa sem sentido em previsão
Diversa da suprema dimensão
Aonde o meu caminho traz derrota,

A luta aonde a morte agora brota
O tempo sem sentido é sempre em vão
E o quanto mergulhasse na amplidão
Exprime o que se tente em claro chão,

Capacitando a vida aonde eu pude
Trazer o quanto possa em atitude
Dispersa aonde o tempo não reluz,

Acolho com certeza o que se vê
No canto aonde o nada sem por que
Reflete a mais espúria e torpe luz.

422

A vida se moldando em tais penhascos
Apenas desenhando em leda penha
O quanto na verdade mais convenha
Gerando este vazio, velhos frascos

O mundo se aproxima e nos fiascos
Somente a solidão inda detenha
O passo que presume o quanto tenha
A morte noutros dias, rudes ascos.

Espreito o fim do jogo e não prorrogo
O todo desenhando enquanto logo
O término anuncia a tempestade,

O caos onde se entranha o desvalido
Momento noutro tempo empedernido
Aonde o que me resta em vão degrade.

423

Presumo o que pudera desdenhado
Nos transes costumeiros e venais
Ainda quando tente ou muito mais
O preço traz o quanto a ser cobrado,

Resumo do meu mundo o velho enfado
E bebo os mais diversos temporais,
Ao menos poderia sem jamais
Saber deste momento desolado,

Conheço os descaminhos e percebes
As tramas mais doridas em tais sebes
E bebes o que possa nos salvar,

Apresentando apenas o momento
Aonde o que se veja em desalento
Encontre o quanto pude desejar.

424


Bebendo dos teus olhos claridade,
O tempo se recende ao quanto pude
E verso sobre a leda juventude
Enquanto o meu caminho agora evade

E tento resolver em liberdade
O muito que tentara em plenitude
O verso se anuncia e sendo rude
O tanto quanto quero me degrade.

O preço a se pagar em tanto juro
O mundo sem sentido o configuro
E brindo com somenos importância,

O que inda poderia ser bem mais
E nisto nos espaços siderais
O sonho se desenha em clara estância.

425


A vida em penitência a cada passo
O mundo aonde o verso não redime
O quanto da esperança dita o crime
Exprime o que viesse em ledo laço,

Meu canto em desencanto logo traço
E bebo deste sonho e já suprime
O tanto quanto pude crer sublime
O vento aonde o rumo eu embaraço.

Esqueço tão somente o que perfuma
Minha alma sem saber aonde ruma
Sem ter sequer um rito em esperança

Meu passo se perdendo sem sequer
Sentir o quanto possa e se vier
Somente no vazio ora me lança.

426


A sorte nesta morte resumida
Depreciando o quanto quis e nada
Do tempo se desenha em alvorada
Apresentando enfim a leda vida,

Açoda-me saber da despedida
E bebo o que pudera em tal guinada
E quanto mais se vira desdenhada
A sorte não traduz esta avenida,

O medo onde arremeto o passo em vão,
A luta sem saber da dimensão
Na qual o manto apenas se sagrando,

O peso do meu mundo sem fastio,
E bebo o que pudera em tom sombrio
E o sonho sem sentido algum, sangrando.

427


Meus olhos não mais tendo onde ancorar
Ausentam do horizonte sem saber
O muito que pudera conceber
Mergulha no vazio a se mostrar,

O rústico cenário emoldurar
A vaga sensação em desprazer,
O tanto quanto possa perecer
Enfrenta cada dia a divagar,

O verso sendo rude ou mais atroz
Impede o que se tente em viva voz,
E o vértice transforma em perigeu,

O peso de uma vida sem proveito
E nisto quanto mais além me deito
O mundo se anuncia em rude breu.

428


A vida traz presente este licor
E nele o que pudesse ser diverso
E sigo cada ponta do universo
Ousando acreditar no raro amor,

Seduzes com teu verso e sem rancor
Ainda que se veja o tom perverso
Enquanto nos teus braços sigo imerso
Apresentando a vida em tal valor,

Vestígios de momentos mais sutis
E nada do que possa ainda fiz
Na desditosa senda sem sentido,

O muito que pudera em tom maior
Sabendo consagrar o que, de cor,
Deveras noutro tom jamais duvido.

429

A vida tão atroz não mais permite
O quanto quis ou mesmo poderia,
Opondo cada sonho em agonia
O céu se desenhando em tal limite,

O vento na verdade necessite
Do canto tantas vezes, na harmonia
E bebo da mais dura fantasia
Sangria que deveras se acredite.

Pousando mansamente no infinito
E sei do quanto possa e necessito
Ousar entre meus dias mais sublimes,

E sendo de tal forma o que carrego
O tempo se desenha num nó cego
E nada do que possa ora redimes.

430

A terra insatisfeita quer bem mais
Que meras carnes podres, e se tento
Vencer o que permite tem sofrimento
Momentos entre rudes canibais

E o tempo entre diversos abissais
Ou mesmo desenhando alheamento
O quanto se transcorre em desalento
Mergulha sem sequer saber sinais

Dos dias entre versos onde eu pude
Trazer no meu olhar o canto rude
Audaciosamente feito em medo,

O tanto quanto possa não concedo
E vivo entre temores, morta a luz,
Apenas o que tente e não supus.
411

Ao imitar a vida sem sucesso
Vencido caminhante da esperança
Aonde o meu passado em vão se lança
Apenas procurando algum progresso
E sendo de tal forma o que ora expresso
Vestindo com ternura a temperança
A luta se moldara em vã pujança
Do tempo onde o vazio ora professo.
Encontro nos acordos mais venais
Os dias que pudessem, mas me trais
E nada se aproveita disto tudo,
E sendo de tal forma um ser herético
Aonde me quisera até profético
No tempo ora inexato já me iludo.

412


Chegando ao que pudera em novo tom
Vencer os mais doridos sonhos rudes
E sei que na verdade quando iludes
O tempo se mostrara mesmo bom,
E vendo o que pudesse em sonho e dom,
Acordo os meus fantasmas e já mudes
Os dias mais mordazes, plenitudes
Marcando cada passo em seu neon.
Ousando acreditar no que se faz
O prazo desenhando onde é mordaz
Mordaças entre luzes e quimeras,
No quanto poderia ser feliz
Apenas o meu mundo contradiz
E ceva sem sentido o quanto esperas.

413


Levando para além da sepultura
A sorte sem sentido em desvario,
O tempo quando muito o desafio,
Apenas desenhado a vã cultura,
E o prazo na verdade se depura
E trama no final além do rio
A sorte num momento mais sombrio
Ainda que pudesse em desventura.
Esculpo com meus sonhos, meu buril,
O quanto esta esperança não previu
E mesmo que talvez já redimisse,
O prazo sem sentido e sem razão
A luta na diversa dimensão,
Apenas refletindo esta tolice.

414


O velho boquirroto não se cala
E o tempo não presume novo fim,
E sei do que resguardo e morto enfim
A luta me prepara outra senzala
Ao ver em discordância esta vassala
Vontade de viver e ter em mim
O cântico suave, mas se eu vim
Apenas o momento em dor já fala.
E o vértice no vórtice moldando
O dia noutro tom duro e nefando,
Cadenciando o passo rumo ao nada,
E sei deste finito caminhar
Aonde poderia trafegar
Deixando para trás a velha estrada.

415

Ousando acreditar que nos meus dedos
Pudesse transformar em panacéia
A vida se perdendo em rude idéia
Vagando entre os diversos desenredos,
Ainda que se vejam bem mais ledos,
Os dias em terríveis assembléias
E nisto se desenham vãs platéias
Tentando desvendar rudes segredos.
Servindo do que possa ser diverso
Em doidivanas noites nada resta
Senão a sensação dura e funesta
Pousando na incerteza, e se disperso
Meu tempo se perdendo aonde vês
Traçando novamente a insensatez.


416


Cozendo o coração em fogo brando
O medo não traria algum alento
E quando mais um pouco busco e tento,
O mundo noutro tanto desabando,
O verso se mostrara em ledo bando
E o corte se anuncia em tal tormento
E vejo do que possa e não aguento
Cenário mais sutil em tom nefando.
Realço no final a desventura
E ocaso sem sentido configura
O prazo que findasse qualquer sonho,
Meu dia se inundando sem ter tréguas
Distando da esperança várias léguas
Somente no vazio eu me componho.

417

Idílios mais diversos, sonho rude,
E o canto sem saber aonde viva
A luta na verdade traz cativa
A voz que tantas vezes desilude,
Ainda quanto mais extenso eu pude,
Viver e subverter o que se priva
Da senda mais atroz que sei esquiva
E sinto a dura face em magnitude.
Esqueço o que versando tente após
Meu passo no vazio tendo a foz,
Exprime o que pudera ser diverso,
E bebo do momento mais agudo,
E nisto com certeza não me iludo,
Apenas neste anseio aquém, eu verso.

418

Acrescentar o fim ao que tentei
E nada mais vislumbro senão isto,
E sei do quanto possa e não resisto
Marcando com terror a leda grei.

No passo sem sentido onde provei
O que inda não teria e em vão consisto
Por vezes a mortalha, eu mal despisto
E sigo o que jamais esquecerei.

Avisos entre rotas mais sutis
E sei do quanto possa e nada diz
Somente da semente apodrecida,

O solo não presume o que se quer
A luta adentra então sem ter sequer
Uma esperança feita em rude vida.

419

Mapeias com a fúria costumeira
Cenários entre enganos e vazios,
Os dias com certeza mais sombrios,
A morte delimita esta fronteira.

A sorte mesmo sendo passageira,
Entranha dentro da alma velhos rios
E bebo do que possa em desvarios
Na luta tantas vezes corriqueira.

Ligeiramente estúpida quimera
Aonde o que se possa destempera
Marcando com terror o dia a dia,

A morte se aproxima e nada vejo,
Senão cada momento em medo ou pejo
Matando o quanto quis ou mais queria.

420


Inimitável sonho em sorte rude,
O preço a se pagar não mais compensa
A vida que pudera ser imensa
Não traz o quanto quis em magnitude

O verso na verdade desilude
E marca com terror a sorte extensa
E nada do que possa recompensa
A marca mais audaz em plenitude,

Meu verso sem sentido e sem proveito
O tanto quanto possa e não aceito
Esqueço o que viera após a queda

E o prazo determina o fim do jogo
Apenas ensaiando em meio ao fogo
O meu caminho agora a vida veda.
401

Banhando aonde a vida
Pudesse num instante
O quanto, revolvida
A sorte não garante
A luta presumida,
O passo deslumbrante
Invisto na partida
De quem já se adiante.
E vedo qualquer luz
Em leda escuridão,
O mundo reproduz
As sortes desde então,
E o quanto me seduz,
Expressa o vago não.

402

Deste vagão perdendo
A luta em tal fastio,
O verso mais horrendo
O tempo sempre frio,
E sei do que colhendo
Apenas desafio
Meu canto num remendo
O tanto ora sombrio.
Espero após o fato
Somente prosseguir
E sei do que constato
E busco resumir
O canto onde retrato
No sonho que há de vir.

403

Visões diversas; tenho
E sei do que pudesse
Ainda num desenho
Envolto no que tece
O mundo enquanto ordenho
Meu canto em rude prece,
O prazo sem empenho
No fim nada merece,
Ousando acreditar
No tempo sem proveito
Tentando adivinhar
O canto insatisfeito
Versando sem parar,
Em vão tento e me deito.

404


Jamais acreditei
No passo sem sentido
E tanto mergulhei
Aonde ora envolvido
Espero em nova grei
Meu canto resumido
E nisto o que terei
Decerto ora duvido,
Encontro tão somente
O que se faz atroz
Cevando esta semente
Colheita rara após
O tempo não desmente
E segue em mansa foz.

405

No reticente passo
No fim de cada dia
O corte aonde traço
O que jamais viria,
Apenas no cansaço
A velha alegoria
Ousando sem espaço
Em dura fantasia,
Esqueço o que provenha
Da luta sem descanso,
E quanto mais contenha
O passo aonde avanço,
O medo se desdenha
E em nada enfim me lanço.

406

Acordo e sem talvez
Ainda ter um canto
O mundo agora vês
Reinando em desencanto
E sei da insensatez
E nada mais garanto
Sequer o que se fez
Em ledo e rude espanto,
O verso se desmembra
E a vida não traduz
O quanto não relembra
E segue em frágil luz
A sorte escassa lembra
Somente desta cruz.

407

Não vejo o que se quer
E quero o não vejo,
Apenas sem qualquer
Vontade, eu vivo em pejo
O tempo que vier
E nele em cada ensejo
O rosto da mulher
Que tanto em vão desejo.
Somente poderia
Ousar noutro tormento,
A vida em agonia
Expressa o sofrimento
E tanto quanto havia
Decerto busco e tento.

408

O peso de uma vida
Sem ter a dimensão
Há tanto proferida
E sempre sendo em vão,
Apresenta a ferida
A fúria em provisão
Do quanto já duvida
A luta em tal senão,
Apresentando o rude
Caminho aonde eu tento
Viver mais do que pude,
Sem ter alheamento,
A sorte desilude,
E sigo contra o vento.

409

Não quero o que se fez
Em lenta sintonia
A vida, estupidez,
O medo não veria,
O mundo aonde vês
O que jamais teria
Senão sem lucidez
Na morte, uma iguaria.
O preço a se pagar
O rumo sem sentido
Vontade de chegar
Aonde mal divido
O passo sem lutar,
O canto em ledo olvido.

410

Não quero o que se faz
Sem tempo de esperança
A vida mais mordaz
O passo não avança
E o peso tão fugaz
Expressa esta lembrança
E sei do quanto traz
Apenas a vingança
Resulto deste caos
E bebo em gole farto,
Os dias sendo maus
O tempo onde comparto,
Invisto em vários graus,
Porém sonego o parto.
391

Aonde nada mais a vida poderia
Traçando sem sentido o quanto não se veja
A luta se desenha e molda a fantasia
Aonde o que se possa expressa esta peleja
O tempo ora cerzindo o mundo onde se guia
E desta solução já nada me azuleja

Invisto no que tento e tanto quis saber
O mundo num detalhe ao menos sem sentido
O verso noutro canto, envolto num querer
Que possa se fazer em tom bem mais sortido
O tempo a se moldar e nisto possa ver
A luta sem descanso aonde não duvido

Medonha claridade invade cada instante
E deste pantanal o fim já se adiante.


392

No canto onde tento
Vencer o tormento
E nada apascenta
O que se apresenta
Após o lamento
E noutro momento
A vida sangrenta
Expressa o que inventa
Inverto meu passo
E sei do cansaço
E nada mais tendo
Apenas refaço
O dia em tal traço
Até sendo horrendo.

393

Não quero incerteza
Nem mesmo a promessa
Da vida em surpresa
Da sorte sem pressa,
A luta traz presa
O quanto começa
E nesta leveza
O todo me engessa.
O rumo se colhe
Enquanto não tento
Vencer o que acolhe
Em tom violento,
E a vida recolhe
O quanto eu invento.

394

Negar o que tanto
Desejo e sem rumo
Bebendo este canto
Aos poucos presumo
O verso onde encanto
Trouxesse este sumo
E nada garanto
Sequer qualquer prumo.
Entoa este sonho
Sangrias e medos
E quando proponho
Os vãos desenredos,
O dia medonho,
Expressa arremedos.

395

Mapeio o caminho
E vejo o que possa
Trazer do mesquinho
A sorte se é nossa
Vencer o daninho
Momento que endossa
A vida sem ninho
O mundo em vil fossa,
Repare o cansaço
E veja o que trago
E sei do que faço
Embora do estrago
Apenas um traço
Traduz onde eu vago.

396

Acordo e não vejo
Caminhos gentis
E sei do lampejo
Aonde se quis
Viver o desejo
De ser mais feliz,
E nisto prevejo
Os ermos tão vis.
Viceja esperança
Em tom movediço
E quando se lança
O quanto cobiço
Expressa em tal lança
O mundo mortiço.

397

Apresento a sorte
Conforme se queira
No manto que aporte
Luta verdadeira
Aonde este corte
Traduz vez primeira
E nada suporte
A paz derradeira,
O manto puído
O tempo redime
E sei do esquecido
Cenário sublime
E já desprovido
O preço suprime.

398

Lateja o cansaço
Aonde se fez
A cada mormaço
O sonho qual rês
Ousando onde traço
O passo que vês
No verso, o regaço
E nele talvez
Mergulho tão manso
E quando eu quisera
Apenas alcanço
A vida esta fera
E quanto afianço
O que destempera.

399

Além do vazio
O tempo sutil,
Enquanto sombrio
Momento se viu,
Descendo este rio
O marco sutil
Do quanto desfio
O que não previu.
O passo que em falso
Expresse o final
E tento em percalço
Vencer o banal
Cenário onde calço
O sonho fatal.

400

Não tendo quem sabe
O que não pudesse
A vida desabe
E mostre em vã messe
O quanto que cabe
E nada se esquece
Senão quando acabe
E enfim recomece.
O preço que pago
O verso sem rumo,
O tempo já vago
O corte, o consumo,
E a morte onde alago
Meu mundo em vil sumo.
381

Jamais pudera
Viver após
O quanto em nós
Desperta a fera
Marcante espera
Da vida em foz
O meu algoz
Em torpe esfera.
Resumo o sonho
E me proponho
Ao menos nisto,
E se inda vejo
O meu desejo
Não mais insisto.

382

Ausente passo
De quem se fez
Na insensatez
Por onde traço
O mundo escasso
De lucidez
E se tu vês
Cada pedaço
Embevecido
Momento em luz,
Tanto produz
Falso sentido,
Até duvido
Do que reluz.

383

Apresentar
A queda enquanto
O desencanto
A se mostrar
Traz no lugar
O medo e canto
Ousando pranto
Pudesse amar.
Apenas pude
Viver o rude
Anseio em vão,
Espreito e sigo
Em desabrigo
Sem direção.

384

Não vejo
Senão
O não
Desejo
O pejo
Em vão
Então
Porejo
A luta
Astuta
Reluto
Após
O algoz
Mais bruto.

385

Meu verso traço
Onde pudesse
Talvez em messe
Ousar no escasso
Cenário faço
E nesta prece
O que se tece
Marcante espaço.
Vagando lento
O que ora invento
Bebesse em mel
A sorte em paz,
Mas nada traz
Sequer meu céu.

386

Navegações
Em rumos tais
Em tons mortais
Indagações,
E se propões
Entre cristais
Dias banais,
Trago tufões,
E sinto morta
Estreita porta
Aonde vivo
Sem ter somente
O que apresente
Em lenitivo.

387

Não quero a lua
Que não viria
Em fantasia
Imensa e nua,
Onde flutua
Alma vadia
Em ironia
Entranha a rua,
Desta sarjeta
Algum cometa
Pudesse além,
Do que arremeta
E se prometa,
Mas nada vem.

388


Ar constelar
Aonde um dia
Vencer a fria
Noção de amar,
Já sem lugar
Lutar traria
A melodia
A se tramar,
Negar o passo
E sendo escasso
O verso em vão,
O meu delírio
Antes martírio,
Em solidão.

389

Acolho o sol
E vejo as cãs
Minhas manhãs
Neste arrebol,
Algum farol
Em horas vãs
Sendas irmãs
Sou girassol,
E bebo o quanto
Pudera mais
E se garanto
E já me trais.
Em raro espanto
Dias venais.

390

Aprendo quando
O tempo ensina,
Mão assassina
Já demonstrando
O ser nefando
Onde destina
O que alucina
Mesmo matando.
Apresso o passo
Apreço traço
Sem preço, a paz,
Neste adereço
O que mereço
A vida traz?
371

Jamais quisera ver
A queda após o sonho
E sei que merecer
Traduz o quanto eu ponho

Meu mundo a se perder
E nisto o mais risonho
Momento a se verter
Traduz o que componho,

Versando sobre o quanto
A vida se renega
Deixando o desencanto

E nisto o que navega
Produz o quanto espanto
Em noite audaz e cega.

372

No quanto pudera
Vencer o meu medo
Apenas concedo
A sorte que espera
Gerar desta esfera
Sem ter um segredo
O tom de um enredo
Em voz insincera,
Apresento o corte
E nada se visse
Aonde o suporte
Recende a tolice
E sei que sem norte
Mais nada previsse.

373

O verso sem rumo
O canto sem rima
A vida se estima
Aonde consumo
O medo e presumo
O mundo onde o clima
Trouxesse o que prima
Por ser meu resumo,
Dos dias venais
Dos ermos que trago
Apenas jamais
Vivesse este afago
Em vis vendavais,
A chuva, outro estrago.

374

Depois do que trace
O mundo sem medo,
A vida em degredo
Tramando em impasse
E nisto moldasse
Qualquer novo enredo
E sei que procedo
Enquanto moldasse
Um passo sutil
Em meio ao tormento
O prazo que viu
O que tanto tento,
E ser mais gentil,
Promete um alento.

375

Ouvindo este mar
Deitando na areia
A velha sereia
Querendo encantar
No quanto o cantar
Pudesse e incendeia
A vida rodeia
Sem nada tramar,
Somente o que tente
A luta frequente
Em ondas e sonhos,
E bebo o que havia
Em tal fantasia,
Em medos risonhos.

376

Não vejo o que possa
Trazer novo passo
Aonde não traço
A vida remoça
Ou mesmo destroça
O que jamais caço
Vagando no espaço
Buscando a palhoça
A luta se faz
De tal forma e quando
O mundo rodando
Em passo tenaz
Espera o que trame
Diverso ditame.

377

Preciso falar
Dos dias sutis
E sei do que quis
Aonde encontrar
A luta a moldar
Os dias senis
O céu sempre gris
Sem nada a aportar
O verso mais belo
E quando revelo
Ausência de luz,
Somente o vazio
Em tom mais sombrio
Meu canto traduz.

378

No prazo que tente
Vestir esperança
A vida me lança
E sei do batente
Por vezes alente
O que confiança
Gerasse e não trança
No mundo demente,
Envolto na trama
Que tanto reclama
Da vida sem paz,
Domino o vazio
Num mundo sombrio
Meu passo é tenaz.

379

Apressando o passo
O verso conheço
E sei do tropeço
Enquanto embaraço
Meu mundo no escasso
Cenário e mereço
O velho adereço
Enquanto inda o traço,
Respaldos diversos
Em dias dispersos
Matando o que um dia
Pudesse talvez
Trazer sensatez,
E nada veria.

380

Não vejo o que tens
E nada reflete
O quanto compete
Aos dias e bens,
Sem medo tu vens
A paz canivete
Ao todo arremete
E traz os desdéns,
Apresento o rumo
E quando o consumo
Bebendo este sal,
Amargo regresso,
O quanto confesso
Expressa este mal.
361

O momento rude se desenha
E envolve o coração sem mais cuidado
E seja da maneira como venha
Meu canto noutro rumo desolado,
A luta se anuncia e desta penha
Apenas o cenário destroçado,

O verso invadisse o meu anseio
E nada do que possa tento ver
Olhando para além em devaneio
O corte se anuncia em desprazer,
Quem dera percorrendo o velho veio
Pudesse vislumbrar o amanhecer.

Reparo o quanto venha a cada sol,
Roubando dos teus olhos o farol.

362

Não pude e não tivera qualquer chance
De ver após a queda algum instante
Aonde o meu passo sempre avance
E molde outro cenário deslumbrante,
Respaldos onde pude e já se lance
A vida que buscara num rompante,

E sigo o que se deixa acreditar
Nos ermos de uma noite solitária
Ainda quando beba algum luar
A luta se desenha temerária,
E o corte num momento aprofundar
Gerando a sorte amarga e temporária.

Escusas entre medos e mais nada
Traduz o que pudesse em escalada.

363

A morte já redime o sofrimento
E traz no olhar impávido sossego,
O quanto que tentara e mesmo tento
Sem ter da vida algum atroz apego,
E quando se espalhando em pleno vento,
Meu canto se desenha em rude emprego.

Vagasse sem destino noite e dia,
Cansado de lutar e nada ter,
Ainda que pudesse moldaria
A vida num audaz amanhecer,
A sorte se mostrara mais sombria
Sem nada que tentasse obedecer.

O mundo se anuncia em medo e tédio
E nada prenuncia algum remédio.

364

Escondo dos meus olhos este brilho
Diverso do que tanto procurei,
A luta se desenha enquanto a trilho
Tentando desvendar superna grei,
E quando na verdade enfim palmilho
O verso aonde o nada eu encontrei.

Restauro com a fúria de quem ama
A sorte sem sentido do passado,
E tento anunciar em nova chama
O mundo com seu canto sem enfado,
E tanto quanto a vida ora me clama
O tempo se desenha enquanto evado.

Esqueço dos meus dias entre enganos
E bebo dos anseios mais profanos.

365

Não pude desejar a melhor sorte
A quem se fez aquém do quanto a quis,
O mundo se traduz enquanto aborte
O sonho que tentara ser feliz,
E quando se anuncia em ledo norte,
Seguindo a velha estrada por um triz.

Jamais imaginasse qualquer passo
Aonde o que molda dita além
Domino mansamente o meu cansaço
E sei do quanto a vida sempre tem,
Cerzindo com terror o que desfaço
Vagando sem sentido, e nada vem.

Apenas apresento o que queira
Marcando a minha sorte derradeira.


366

Além do roto espaço que se veja
O tempo não presume liberdade,
E sei do quanto vale esta peleja
Enquanto o dia a dia nos degrade,
O mundo de tal forma se deseja
Ausenta dos meus olhos, claridade.

Esboço uma pergunta e sem resposta
A morte se aproxima claramente
E tanto quanto a vida me desgosta
Memória vez em quando volta e mente,
O caos ousando em face decomposta,
Atando dia a dia esta corrente.

Jamais se emoldurasse o que não traço
Num mundo sem sentido e tão escasso.


367

Erguendo o mesmo brinde, blindo a vida
E tento acreditar noutra esperança
A vida sem sentido desprovida
Do tempo aonde o nada nos alcança
A lenta caminhada decidida
Nos ermos de uma vaga confiança.

Mergulho nos entulhos de um passado
Aonde o que se fez não mais teria
Sequer o que carrego do meu lado
Na noite tão atroz quanto sombria
E vejo o que inda trago e se me evado
Não mais pudesse ver o claro dia.

Esboço reações e inutilmente
O tempo de outro tanto agora ausente.

368

Bebendo cada gole desta luta
Sangrenta noite invade o que se fez
E sei da solidão deveras bruta
E nisto o meu caminho insensatez,
A sorte sem proveito não reluta
E o tanto que se quer ora não vês,

Realço com meu medo o que se tente
Vagando sem descanso céu e mar,
E mesmo que se molda imprevidente
Cansado de deveras divagar,
O mundo de meus olhos já se ausente
E o tempo bota as coisas no lugar.

Expando com meu sonho o que contive,
E esta alma sem sentido, sobrevive.


369

Não tendo qualquer luz aonde um dia
Versando sobre o medo não trouxera
Senão a mesma face em agonia
Deixando para trás qualquer quimera
A vida na verdade desafia
E cada novo passo destemera.

Versando sobre o nada que inda trago
Galgando o que pudera ser além
A vida se anuncia em rude estrago
E bebo do passado o que ele tem
Jamais imaginasse onde divago
Verdugo desta vida em vão desdém,

Realces entre quedas e tormentas
Dos sonhos tantos vãos ora alimentas.

370

Nadando contra a fúria das marés
E sendo de tal forma comedido,
O passo se moldando num revés
O canto noutro engodo o dilapido,
A vida se apresenta em tal viés
E vejo o meu caminho resumido,

Não pude acreditar no que se quis
E mesmo se tentasse não veria
A luta desenhada em céu mais gris
O corte traz a face mais sombria,
E sei do que pudera em cicatriz
Marcando com terror em agonia

A vida aonde o medo traduzisse
Apenas tão somente esta mesmice.
351

O caminho aonde eu traço
O que tanto quis outrora
Noutro rumo o velho laço
Tão somente desancora,
E se possa mais escasso
O momento sem demora,

O cenário não reflete
O que esta alma desejara
Num alarme o que compete
Traduzisse em noite amara,
Nos olhos o canivete,
O vazio desampara.

O meu mundo sem sustento
Não refaz o quanto tento.

352

Ousaria acreditar
Nos medonhos dias. Vago
Sem saber sequer chegar
Nas entranhas deste afago,
E o meu mundo, morto o mar
Traz apenas mais um trago.

E se bebo do veneno
Que trouxeste, mansamente
Pouco a pouco eu me condeno
Onde o verso não atente
Para o tempo onde sereno,
Outro rumo se apresente.

O meu prazo em desencanto
Nada mais possa ou garanto.

353

Esbravejo contra a sorte
Que talvez inda mostrasse
O que possa ou não suporte,
E se dita em desenlace
Bem diverso do que corte
E transcende à rude face.

Expressões diversas, medo
Excrescências entre vãos
Os momentos que concedo
Em tormentos feitos nãos
Os meus dias sem segredo,
Mortos; vejo os velhos grãos.

A sensata luz que havia
Hoje morre atroz, sombria.

354

Nas palavras mais gentis
Ou nos ermos de minha alma
O que possa e já não quis
Tantas vezes nega a calma,
Conhecendo o céu tão gris
Por inteiro, sonho e palma,

Na insensata noite escusa
O meu verso não presume
O que tanto a vida abusa
E moldando em vago estrume
Esta sorte mais confusa
Procurando qualquer lume.

Esperando após a queda
O que tanto a sorte veda.

355

Não mereço nova chance
E talvez ainda veja
Onde o sonho não alcance
Revertendo esta peleja,
O meu tempo ora se lance
No que possa e não poreja.

Apresento o caos e bebo
O que pude imaginar
Amor sendo um vão placebo
Nesta angústia a se mostrar,
E do pouco que recebo
Mal pudesse caminhar.

Nada mais se vendo após
Desfilamos sobre os pós.

356

Não se vendo qualquer luz
Onde o quanto fora pouco
O meu tempo onde o propus
Traz o ritmo quase louco,
E gritando sem ter jus
O meu verso morre rouco.

Adentrando este vazio
Onde o manto se remete
Ao que possa e não recrio
Na incerteza me arremete
Num insano e longo estio.
E meu verso ora repete.

Vagão sem locomotiva
A esperança sobreviva?

357

Num anseio onde não veja
A incerteza dita a regra
E se possa enquanto seja
A verdade desintegra
O caminho não poreja
O que possa; dor integra.

A velhaca sensação
Desmontando o quanto havia
Na diversa imprevisão
Da tormenta dia a dia,
Outros temos me trarão
O que fora fantasia.

Nada mais restando em mim,
Bebo a morte e sei meu fim.

358

Na verdade o que se quer
Expressasse o quanto veio
Sem saber e se vier
Encontrando o mundo alheio,
Versejando sem sequer
Esboçar um devaneio.

Outra vez nada se tente
Nem ausente em vaga luz,
O meu passo imprevidente
Na verdade não conduz
Ao que possa impertinente
Refletir o que faz jus.

Nesta areia movediça
Novo tempo já não viça.


359


Marcas frias de uma vida
Desenhada a ferro e fogo,
Uma estrada destruída
Outro tempo em ledo rogo,
Nesta ausência presumida
Perco a essência deste jogo

Arrogantemente a sorte
Sem saber o que inda tenha
No final já desconforte
E deveras não convenha
Resumindo cada corte
Onde a sorte não mais venha.

Vejo o caos e sei do quanto
Meu momento em vão espanto.

360


Jorra em pútrida lembrança
A verdade mais atroz
E se tanto a vida alcança
No vazio sei a foz,
E quem dera em esperança
Procurar ir logo após,

O meu verso ora inaudito
O que tanto se presume,
Na verdade necessito
Tão somente de algum lume
O meu mundo onde acredito
Mata o sonho em vago ardume.

Dos cardumes em terrores
Outros ermos onde fores.