sexta-feira, 1 de abril de 2011

31

Acordo com o vento
Batendo na janela
E o quanto mesmo tento
Por vezes se revela
Num ato mais atento
Abrindo cada vela
O barco em sentimento
Além navega e sela
O rumo que se quer
O tempo sem qualquer
Momento em tempestade,
No fim em novo cais
Cenários magistrais
Intensa claridade.

32

Apenas pude ver
O fim de cada escândalo
Amor a se perder
Num tempo quando em vândalo
Caminho sem conter
Perfumes deste sândalo

O fato num enredo
Diverso do que tento
E sei e me concedo
Buscando estar atento
E mesmo em tal segredo
Expresso o sentimento.

Vestígios de uma luta
Há tanto atroz e astuta.

33

Já não me caberia
Falar do que inda trago
O verso em fantasia
O dia em raro estrago,
O passo onde traria
O mundo e se divago
A morta poesia
Expondo nu tal lago,
O corte mais profano
Hedônico passado,
E sei do quanto engano
O dia desolado,
Entrando pelo cano
Ou dando outro recado.


34

Trovejo em tempestade
E tento estar atento
Ao quanto já me invade
Em ledo pensamento
Viver a liberdade
E nisto outro provento,
Alçando em claridade
Abrindo o peito ao vento.
Não tento acreditar
Nos erros onde eu faço
Meu mundo a desvendar
O sonho em embaraço
O rumo a se negar
Desfaz da vida o traço.

35

Bebendo mais um gole
Do quanto caberia
A vida quando assole
Expressa a mais vazia
Vontade que console
Quem tanto poderia
Ousar no quanto bole
Com a alma a poesia,
O preço a se pagar
O medo não se cansa
O tempo a desenhar
O quanto em aliança
Marcasse este luar
Em sórdida esperança.

36

Apresentando o fato
Aonde o que se quer
Expressa o que retrato
Nos olhos da mulher
E sei e já constato
Momento outro qualquer
Vencendo o velho trato
E trota onde puder
Corcel ou num tropel
Quem dera algum rocim,
Negando sol e céu
Ausento do jardim
E bebo deste fel
Que trazes para mim.

37

Não quero acreditar
Nem mesmo que inda reste
O mundo sem luar
Em solo mais agreste,
O marco a se moldar
No tanto que deteste
O canto a desenhar
Em nós sonho celeste,
Agonizando apenas
Enquanto me envenenas
Sem medo e sem saber
O quanto poderia
Em novo e claro dia
Talvez a me perder.

38


Bebesse mais um pouco
Ou mesmo sempre mais
Envolto feito um louco
Imerso em temporais
E quase mesmo rouco
Gritando onde jamais
O mundo que treslouco
Trouxesse seus cristais
Vagando sem sentido
Sem rumo e direção
Somente desprovido
Do quanto em tal razão
Encontra o resumido
Caminho em solidão.

39


Jamais pudesse ter
O olhar neste horizonte
E quanto mais verter
Meu passo aonde aponte
O tanto a se fazer
No rumo em clara fonte,
O verso sem querer
Já nada mais desconte.
Vagando sem sucesso
Aonde ter eu possa
O mundo sem regresso
E nisto o que remoça
Expressa onde confesso
A vida que eu quis nossa.

40


Toando mansamente
O quanto pude e sigo
O tempo toma a mente
E sei em tal abrigo
O marco não desmente
O quanto em vão prossigo
O mundo este demente,
Vagando não persigo,
Espero o que semeias
E nisto mares tantos
Buscando nas sereias
Além dos raros cantos,
As tramas que incendeias
Trazendo claros mantos.

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