sexta-feira, 1 de abril de 2011

41

Um pacato cidadão
Na verdade busca o sonho
E se possa sempre em vão
O cenário que componho
Trago além nesta amplidão
O caminho onde proponho
Nesta clara dimensão
O momento mais bisonho.
Resumindo cada passo
No que possa e sei que tento
O meu verso não abraço
Nem abarco o velho invento
O meu mundo segue escasso,
Explodindo em vão lamento.

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Nada mais me interessasse
Nem as tramas do futuro
Nem sequer a mesma face
De um momento mais escuro.
O caminho se moldasse
Como possa e até te juro
Neste rude desenlace
Raro encanto? Não procuro.
Sei dos erros e prometo
Enfrentar qualquer procela
Trova em forma de soneto
Onde o todo se revela
E se possa e me arremeto
Rompo enfim desta alma a cela.

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Negocio com o prazo
Que me deste, senhorio,
O meu tempo neste ocaso
Traz o sonho em desafio,
E se possa enquanto atraso
Vicejando em tom vazio,
Bebo o ledo atroz descaso
E o não ser já propicio.
Adentrando o que se fez
Entre noites tenebrosas
Ouso mesmo no que vês
Espinheiros sobre as rosas,
O que possa insensatez
Traz as horas pedregosas.

44

Nada mais se quer quem busca
Entre tempos mais diversos
A verdade nos ofusca
E traduz dispersos versos,
A palavra sendo brusca
Outros erros mais perversos.
Quem no fogo se chamusca
Traz os olhos sempre emersos,
E sem ter a previsão
Do que possa em rude fato
No meu canto em dimensão
Navegasse onde constato
A verdade em solidão
E deveras não resgato.

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O versar sobre o que vejo
O desenho mais fiel
O meu mundo em tal lampejo
Molda assim o tom cruel,
E o que possa e se pelejo
Traça a rota em carrossel,
Muitas vezes sei do pejo
Outras bebo inteiro o céu.
Na palavra, o desatento
Caminhar em meio ao rude
Desenhar enquanto tento
O que possa e sempre mude
O meu dia em sofrimento
Com certeza sempre ilude.

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Nada mais se vendo após
O que pude acreditar
Já não tento mais em nós
Qualquer sonho em vão luar,
E se somos tanto sós
Os meus dias a moldar
Entre medos rudes pós
Nada mais a se mostrar,
O versejo sem razão
O desejo sem proveito
Onde possa em direção
Ao que vejo satisfeito
Noutro beijo a sensação
Do que fora meu direito.

47

Não queria melhor sorte
Nem tampouco a luz em mim,
Onde o nada me conforte
Volto a ter enquanto vim
Sem saber o quanto aborte
Ilusão antes sem fim,
O meu mundo traz no corte
O que possa ser assim
Vagamente a mente vaga
E desmente o que tentei
No momento em leda plaga
Outro tanto em turva grei,
No que possa e não se afaga
Tão somente mergulhei.

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No meu mundo sem provento
No que possa em tempestade
O meu canto quando invento
Trago a força de vontade
E se mostra em elemento
O que vivo em liberdade
Adentrando contra o vento
Esquecendo a claridade,
Nada pude e nem pudera
Nem talvez o quanto sinta
A palavra mais austera
Na verdade quase extinta
O que possa e não se espera
Sei que tanto finja e minta.

49

Nas entranhas do meu sonho
Emblemático momento
Onde possa o que componho
E bebendo o rude vento
No final me decomponho
Em total alheamento
E buscando enquanto ponho
Meu olhar em rudimento,
Na palavra mais gentil
No sentido que se esgota
A verdade traz o vil
Caminhar onde a derrota
Traz o quanto não se viu
Adentrando a velha grota.

50

Completando o que propus
Na verdade quero mais,
O que tanto já fez jus
Expressasse em vendavais
O momento em que conduz
Os diversos temporais
Os meus olhos, velha cruz
Noutros erros terminais,
Apresento o que se queira
Na incerteza mais cruel,
E se amor fosse bandeira
Outro passo em carrossel
Ultrapassa esta barreira
E desenha além meu céu.

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