segunda-feira, 28 de março de 2011

41

O quanto se procura
Após cada momento
Ainda em senda escura
Enquanto o mal fomento
A sorte não perdura
Em ledo firmamento
No passo esta amargura
Espalha-se no vento,
O preço se cobrando
Em ágios mais sutis
O tempo desde quando
Traduz o que não fiz,
Meu mundo desabando,
Escapo? Por um triz...

42

Acrescentar ao nada
O nada que me deste
O tempo em escalada
Jamais será celeste
A vida desolada
Em solo mais agreste
No quanto desenhada
Traduz o que deteste,
Invisto em sonho e tento
Vagar sem mais cuidado,
O mundo em sentimento
Transcende ao quanto evado
Do marco num momento
Já tanto desolado.

43

Cadenciando o passo
Escassa dimensão
Aonde o meu compasso
Expressa a solidão
E vejo quanto faço
Na vida num senão,
E sei do meu cansaço
E mato outro verão,
Não possa de tal forma
Seguir num passo audaz
A vida não reforma
O quanto não mais traz
E sei do que deforma
A norma atroz, mordaz.

44

Acasos entre enredos
Diversos e temidos,
A vida tem degredos
E neles esquecidos
Apenas velhos medos
Ou mesmo corroídos
Caminhos em segredos
Deveras mal vividos.
Não pude e nem teria
Sequer a menor chance
A sorte em agonia
Ao fim agora lance
A lenta fantasia
Que nada mais alcance.

45

Presumo o que não trago
Nem tenha como fato
E nisto sempre pago
Conforme o quanto trato,
Depois do velho estrago
Vazio segue o prato,
E o canto em que me alago
Afagos não retrato.
Apenas quis um sonho
E nada mais se visse,
O que tanto componho
Talvez seja tolice,
Porém mundo medonho
Somente o que me ouvisse.

46

Nascendo dentro da alma
A fúria de quem tenta
Saber que o quanto acalma
Também traz a tormenta,
Respiro o que se possa
E nada mais veria
Senão a mesma troça
Malsã em ironia,
Vacante coração
Cansado de esperar
E sempre o mesmo não
A vida sem lugar
O preço em turbilhão
A morte a aproximar.

47

Ousar saber do fato
Ou mesmo crer no dito
E sei do que resgato
E tanto necessito,
Vencer o que retrato
No tempo mais aflito,
Medonho desacato
Inútil todo grito,
Resulto do tumulto
E quando se percebe
A senda neste vulto
Rondando a velha sebe
O quanto agora insulto,
O sonho não concebe.

48

Bebendo o mesmo nada
Aonde o medo rege
A vida relegada
Ao quanto nada elege,
O passo em madrugada
No sonho onde lateje
Traduz a anunciada
Imagem deste herege.
O canto em cada canto
O medo neste olhar
E sei do desencanto
Aonde mergulhar
Moldasse novo pranto
Sem nada a se mostrar.

49

Acolho com meus versos
O que recolho em ti
E bebo dos diversos
Caminhos que vivi,
E sei dos universos
Versando aonde eu vi
Cenários mais perversos.
Por isto estou aqui.
Tentando a solução
Dos dias mais sutis,
Quem sabe em direção
Convirja o ser feliz
E desta solidão
Renasço como eu quis?

50

O passo sem proveito
O tempo em tal fastio,
E quando enfim me deito
Presumo este vazio,
Sem ser sequer aceito.
Eu busco e desafio
O mundo mais perfeito
Jamais se faz sombrio,
E quando em meu caderno
Estrelas rutilantes
Ousando num eterno
Cenário em diamantes
Esqueço o próprio inferno
Nos céus que me garantes.

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