quarta-feira, 30 de março de 2011

91

No bonde da esperança
Ao perder a direção
Trago viva a fonte a lança
Em terrível provisão,
Outro tempo em tal mudança
Não traria a solução
Se este passo já me cansa,
Novo rumo diz o não,
Acordado entre tais partes
Mecanismo não se exponha
E se posso ora compartes
A verdade mais medonha
Amar crendo em velhas artes
Amargando o que eu proponha.

92

Cadencio a minha vida
Entre os tantos que não vira
A palavra já perdida
A esperança apaga a pira,
Dando a sorte por vencida,
A metade se retira
Do caminho em despedida
Longe mesmo desta mira,
Resumindo cada fato
Onde o tanto diz menor
O momento onde constato
Minha vida em vão suor,
Seca a fonte e sem regato
É inútil meu suor.

93

Bastaria crer no quanto
Resta na alma do infeliz.
E se possa num espanto
Traduzir o que mais quis,
Onde fora o campo santo
Vejo apenas céu tão gris,
E resumo e não garanto
Minha vida por um triz.
Esquecendo o que viria,
Outro engodo e nada mais,
A verdade em agonia
Noutros dias, tu te esvais
E matando uma alegria
Entre versos tão venais.

94

Não pudesse ser além
Do que tanto desejei,
O meu mundo sem ninguém,
O caminho aonde eu sei
Poderia e não contém
Esperança de ser rei
E o meu passo nada tem
E decerto não terei.
Sensações diversas trago
Na fortuna mais dorida,
E se tramo em rude afago
O que fora a minha vida,
Cada frágua, agora a apago
Preparando a despedida.
Nas metáforas o sonho
Expressasse liberdade,
Mas deveres decomponho
O que possa em tal verdade
Reduzir o quanto ponho
Do meu mundo após a grade.

95

Não mergulho no vazio
Destes braços sem sentido,
Desfilando onde desfio
O caminho presumido,
No meu canto mais sombrio,
Outro tanto não duvido,
E se vejo em duro estio
O que agora não divido.
Esquecendo o verso quando
A verdade não viera
Transcrever o que se dando
Novamente destempera,
A palavra se moldando
Nesta face ora insincera.

96

Viperina noite atroz
Onde nada pude e quero
O momento feito em nós
Traz o mundo amargo e fero,
O que possa logo após
Sem certeza, o destempero
E se moldo o mais veloz
Caminhar me desespero.
Resumos desta palidez
Onde a queda se anuncia
E meu mundo se desfez
Sem saber da garantia
Que trouxesse a insensatez
Com certeza mais sombria.

97

Na manhã que não se faz
Em tal rara claridade,
O meu dia mais mordaz
Traz o quanto em luz se evade,
No final ser incapaz
Transformando a realidade,
Deixo tudo para trás
E procuro a liberdade.
Na palavra que redime
Na expressão aonde eu pude
Transforma o mais sublime
Num cenário amargo e rude,
Nesta sensação de crime,
O meu passo ora se ilude.

98

Negocio com o sonho
Qualquer passo aonde eu possa
Transformar o mais risonho
Caminhar em nova roça
E cerzindo onde me ponho
Vejo a vida em tal palhoça
Refazendo o que reponho
A verdade se destroça
Nada mais se visse enquanto
O que bebo não moldara
Tão somente o desencanto
Invadindo esta seara
Seca a sorte a cada pranto
Para a morte me prepara.

99

Laços firmes, nós mais fortes
Onde a vida se fez mansa,
Entre tantos vis aportes
O vazio não se cansa
Mesmo quando agora abortes
O que fora confiança
Melindrosa mente em cortes
Desenhando sem pujança
A verdade mais cruel
E deveras sem saber
Percorrendo cada céu
Noutro passo a me perder,
O momento dita o fel
Que teimasse ora beber.

100

Não me diga do futuro
Nem tampouco do passado
O presente; configuro
Num momento abandonado
Sem saber do mais seguro
Caminhar. E embolorado
O meu verso sempre duro
Traz no fim tosco recado.
Esbarrando no que sou
E talvez já não quisesse,
Nada mais redime e esquece
O cenário onde restou
Desvairando cada prece
Onde o mundo desancou.

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