quinta-feira, 31 de março de 2011

361

O momento rude se desenha
E envolve o coração sem mais cuidado
E seja da maneira como venha
Meu canto noutro rumo desolado,
A luta se anuncia e desta penha
Apenas o cenário destroçado,

O verso invadisse o meu anseio
E nada do que possa tento ver
Olhando para além em devaneio
O corte se anuncia em desprazer,
Quem dera percorrendo o velho veio
Pudesse vislumbrar o amanhecer.

Reparo o quanto venha a cada sol,
Roubando dos teus olhos o farol.

362

Não pude e não tivera qualquer chance
De ver após a queda algum instante
Aonde o meu passo sempre avance
E molde outro cenário deslumbrante,
Respaldos onde pude e já se lance
A vida que buscara num rompante,

E sigo o que se deixa acreditar
Nos ermos de uma noite solitária
Ainda quando beba algum luar
A luta se desenha temerária,
E o corte num momento aprofundar
Gerando a sorte amarga e temporária.

Escusas entre medos e mais nada
Traduz o que pudesse em escalada.

363

A morte já redime o sofrimento
E traz no olhar impávido sossego,
O quanto que tentara e mesmo tento
Sem ter da vida algum atroz apego,
E quando se espalhando em pleno vento,
Meu canto se desenha em rude emprego.

Vagasse sem destino noite e dia,
Cansado de lutar e nada ter,
Ainda que pudesse moldaria
A vida num audaz amanhecer,
A sorte se mostrara mais sombria
Sem nada que tentasse obedecer.

O mundo se anuncia em medo e tédio
E nada prenuncia algum remédio.

364

Escondo dos meus olhos este brilho
Diverso do que tanto procurei,
A luta se desenha enquanto a trilho
Tentando desvendar superna grei,
E quando na verdade enfim palmilho
O verso aonde o nada eu encontrei.

Restauro com a fúria de quem ama
A sorte sem sentido do passado,
E tento anunciar em nova chama
O mundo com seu canto sem enfado,
E tanto quanto a vida ora me clama
O tempo se desenha enquanto evado.

Esqueço dos meus dias entre enganos
E bebo dos anseios mais profanos.

365

Não pude desejar a melhor sorte
A quem se fez aquém do quanto a quis,
O mundo se traduz enquanto aborte
O sonho que tentara ser feliz,
E quando se anuncia em ledo norte,
Seguindo a velha estrada por um triz.

Jamais imaginasse qualquer passo
Aonde o que molda dita além
Domino mansamente o meu cansaço
E sei do quanto a vida sempre tem,
Cerzindo com terror o que desfaço
Vagando sem sentido, e nada vem.

Apenas apresento o que queira
Marcando a minha sorte derradeira.


366

Além do roto espaço que se veja
O tempo não presume liberdade,
E sei do quanto vale esta peleja
Enquanto o dia a dia nos degrade,
O mundo de tal forma se deseja
Ausenta dos meus olhos, claridade.

Esboço uma pergunta e sem resposta
A morte se aproxima claramente
E tanto quanto a vida me desgosta
Memória vez em quando volta e mente,
O caos ousando em face decomposta,
Atando dia a dia esta corrente.

Jamais se emoldurasse o que não traço
Num mundo sem sentido e tão escasso.


367

Erguendo o mesmo brinde, blindo a vida
E tento acreditar noutra esperança
A vida sem sentido desprovida
Do tempo aonde o nada nos alcança
A lenta caminhada decidida
Nos ermos de uma vaga confiança.

Mergulho nos entulhos de um passado
Aonde o que se fez não mais teria
Sequer o que carrego do meu lado
Na noite tão atroz quanto sombria
E vejo o que inda trago e se me evado
Não mais pudesse ver o claro dia.

Esboço reações e inutilmente
O tempo de outro tanto agora ausente.

368

Bebendo cada gole desta luta
Sangrenta noite invade o que se fez
E sei da solidão deveras bruta
E nisto o meu caminho insensatez,
A sorte sem proveito não reluta
E o tanto que se quer ora não vês,

Realço com meu medo o que se tente
Vagando sem descanso céu e mar,
E mesmo que se molda imprevidente
Cansado de deveras divagar,
O mundo de meus olhos já se ausente
E o tempo bota as coisas no lugar.

Expando com meu sonho o que contive,
E esta alma sem sentido, sobrevive.


369

Não tendo qualquer luz aonde um dia
Versando sobre o medo não trouxera
Senão a mesma face em agonia
Deixando para trás qualquer quimera
A vida na verdade desafia
E cada novo passo destemera.

Versando sobre o nada que inda trago
Galgando o que pudera ser além
A vida se anuncia em rude estrago
E bebo do passado o que ele tem
Jamais imaginasse onde divago
Verdugo desta vida em vão desdém,

Realces entre quedas e tormentas
Dos sonhos tantos vãos ora alimentas.

370

Nadando contra a fúria das marés
E sendo de tal forma comedido,
O passo se moldando num revés
O canto noutro engodo o dilapido,
A vida se apresenta em tal viés
E vejo o meu caminho resumido,

Não pude acreditar no que se quis
E mesmo se tentasse não veria
A luta desenhada em céu mais gris
O corte traz a face mais sombria,
E sei do que pudera em cicatriz
Marcando com terror em agonia

A vida aonde o medo traduzisse
Apenas tão somente esta mesmice.

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