quarta-feira, 30 de março de 2011

81

Nada mais pudesse crer
Quem se fez em tempestade
O que possa dar prazer
Tantas vezes nos degrade,
A vontade de vencer
Enfrentar realidade,
E o meu mundo a se perder
Onde nada mais agrade,
Resumindo cada fato
Em palavras inconstantes
O que tanto ora constato
Com certeza não garantes,
E se bebo o que retrato
Meus anseios agigantes.

82

Embarcando neste sonho
Onde o mundo se fez belo,
Na verdade o quanto o ponho
Resumisse num castelo,
Sendo o verso mais bisonho
O que possa e não revelo
Traz o tempo aonde enfronho
Meu tormento e tento e velo.
Nada pude ou mesmo quis
Nada tenho e sei do engano
Sendo assim a cicatriz
Prometendo novo dano,
Propagando o que não fiz,
E matando o quanto ufano.

83

Nada mais pudesse ver
O que tanto se quisera
Na verdade o que colher
Traz no olhar a velha fera
Ansiosa por verter
Em sanguínea cada espera,
O meu mundo tente crer
Na palavra mais sincera,
Mas austera a noite expressa
O vazio e sem proveito
Onde o todo recomeça
E se mostra o quanto aceito,
Na verdade já sem pressa,
Abro e rasgo o velho peito.

84

Sem pruridos sigo a vida
Depois da calamidade,
A esperança em despedida
O momento em vaidade,
O que possa na ferida
Novamente desagrade,
Acendendo a despedida
Cada passo desagrade.
Barco ao mar, e nada resta
Nem saber se existe cais,
A palavra mais honesta
Noutra igual já descontrais
E marcando o quanto empesta
Em diversos vendavais.

85

Num anseio sem proveito
Num proveito sem razão
A verdade tem seu pleito
Onde houvesse imprecisão
O caminho aonde aceito
Movo mundos, dimensão
Tão diversa deste leito
Em total transformação;
Acionando este gatilho
Ousaria ser além
Do que possa e mesmo trilho
Ao saber já sem ninguém
Que permita o que polvilho
Nas estâncias de algum bem.

86

Avidez traduz somente
O que eu tente e mesmo após
Conseguir cada semente
Volto em tempo mais feroz,
O momento vivo em nós
A palavra não desmente
E o que possa ser atroz
Atropela indiferente.
Resumindo o meu anseio
No momento mais fiel,
O meu canto sem receio
Adentrando inteiro o céu,
Entre as sombras, devaneio,
Mas retorno sempre ao léu.

87

Não me desse qualquer chance
Nem sequer o que se quis
O meu passo não alcance
O que a vida traz; atriz,
Cada instante outro nuance,
Resumindo o quanto eu fiz
Num momento onde se lance
A verdade em tal matiz,
Divergindo do que pude
E talvez já nem tentasse,
Resultando quando ilude
O meu mundo em tal impasse,
O cenário atroz e rude,
A incerteza mostra a face.

88

Não podendo ser além
Do que tanto desejei,
O meu mundo quando vem
Distorcendo regra e lei,
Traz somente este desdém
E se nele eu me entranhei.
O que a vida agora tem
Nega o quanto em vão cevei.
Apresento o fim do jogo
E não quero mais sentir
O que possa em duro rogo
E jamais irei ouvir,
Envolvido pelo fogo,
Sem ter nem como partir.

89

Abriria este portal
Onde adentra a primavera
Meu caminho, bem ou mal
Dita a dura e vaga espera,
O momento mais venal
Com certeza destempera
E refaz o ritual
Onde a vida traz a fera.
Esperança tão somente
Mente e molda o que não veio,
O meu canto se apresente
Sem temor, mero receio,
Deste sonho outra vertente
Deste encanto; um vão rodeio.

90

Já não pude acreditar
E sequer temer o fato
Onde envolto em céu e mar,
Novo tempo eu mal constato,
E se eu possa navegar
Começando no regato
Outro tanto a se mostrar
Rude passo onde o retrato.
Sem recato e sem revolta,
A minha alma em amargura,
Quando em sonhos quer e solta
Procurando o que assegura,
Solidão reforça escolta
E este sonho não perdura.

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