domingo, 27 de março de 2011

51

Meu tempo passando
E nada se faz
Ao menos tenaz
O verso inundando
Sem saber nem quando
O prazo já traz
A fonte mordaz
Agora secando.
O medo o tormento
E tanto que enfrento
O vento não diz,
Do manto que cobre
O passo tão nobre,
Jamais fui feliz.

52

Na voz que se cala
No tempo onde o dia
Moldando traria
A sorte vassala,
Adentro esta sala
E vejo ironia
No quanto teria
No solo que abala.
Meu verso sem rumo
A vida eu resumo
No não mais frequente
E tanto se queira
A paz verdadeira
E nada mais tente.

53

Bisonha verdade
Anseia outro passo
E quando desfaço
Encontro a saudade
Por mais que inda brade
Depois do cansaço
O manto sem traço
Da tal claridade
Ousando sentir
O quanto há de vir
Nas curvas da vida,
O pote quebrado
O sonho negado
A luta perdida.

54

Vagar sem saber
O tempo que resta
A sorte funesta
Tanto desprazer
E sei do querer
Ousando na fresta
Aonde o que presta
Não pude viver,
Anseios diversos
E nestes meus versos
Imersa ilusão,
Sonhando suave
A vida se entrave
No mesmo senão.

55

Beber cada gole
Da vida sem rumo
E quando acostumo
O tempo me engole,
O verso que assole
O mundo aonde aprumo
E sei do resumo
Enquanto não role
A pedra dos sonhos
Em dias bisonhos
Enfronho meu passo,
Depois quando vejo
O raro desejo
O canto eu desfaço.

56

Viperina sorte
Que tanto em tocaia
Jamais não me traia
E trace o suporte
Ainda sem norte
A lua na praia
A sorte se espraia
E o vento me corte,
Não pude e nem quero
E sendo sincero
Jamais poderia,
Ousar noutro fato
Que quando constato
Matasse a alegria.

57

Um canto qualquer
Um dia sem paz
O verso se faz
Enquanto puder
Ousar no que quer
E ser mais audaz
Vencendo onde traz
A luz se quiser,
Mas tanto o que vês
Nesta insensatez
A tez de um passado,
Diverso do encanto
Que demoro tanto
E sonho, esboçado.

58

Não pude e nem sinto
O verso mais rude
E sei da atitude
Aonde em instinto
Vagando em distinto
Caminho não mude
Nem mesmo me ilude
Tenaz labirinto,
Das Tebas da vida
A sorte medida
Nos ermos que sigo,
A luta não trama
Além do que chama
Traçando o perigo.

59


Um gole, o café
O santo remédio
A vida em tal tédio
E sei por quem é
Pousando sem fé
E sei que este assédio
Desfaz cada prédio
Navegando até.
O mar sobre as ondas
E quando respondas
Escondas os termos,
E sinto o fastio
Quando eu desafio
O fato de sermos.

60


Jamais pude ter
O tempo ao meu lado
O verso calado
O mundo a perder
A rota a se ver
Sentido no enfado
O todo que evado
Não deixa o querer,
Repare este fato
E nele constato
O prato vazio,
Amar sem proveito
E se não aceito,
O sonho; eu recrio?

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