quinta-feira, 31 de março de 2011

311

Eu quero saber
Do tempo sem volta
A via a perder
Traduz a revolta
Minha alma sem crer
No quanto se escolta

Do peso da vida
Que enverga quem sonha,
A luta servida
Em noite enfadonha,
Anseio esta lida
Assaz tão medonha.

Resumo do nada
Ausência de estrada...

312

Não quero o que possa
Trazer a ventura
A noite se é nossa
A paz já procura,
Mas quando se apossa
Gerando a tortura.

Marcando o vazio
Aonde pudera
A noite em tal frio
A vida se esmera
E gera o sombrio
Quando destempera.

O preço que cobra
Não permite sobra.

313

Vivendo sem rumo
Rimando o não ser
Aonde resumo
O quanto temer
No sonho em consumo
A morte faz ver

O fim do caminho
A lenta esperança
O verso daninho
O medo onde avança
O rito mesquinho
Em vã temperança

Sentido tão vago
E em vão eu divago.

314

Na sorte cruel
No verso que tramo,
O mundo em seu véu
Enquanto ora clamo
Vivo carrossel,
Sem rumo e sem amo,

Esbarro no fim
Do quanto quisesse
A vida que em mim
Não traz boa messe
E versando assim,
Já nada obedece.

O prazo findando
E o mundo é nefando.

315

Brasões onde outrora
Condados; terias,
A vida devora
Em noites vazias
A sorte se ancora
Fatais fantasias.

Meu passo sem norte
O tempo não resta
Depois do que corte
A noite me empesta
E quando a suporte
Vejo-a desonesta.

Somente demarco
O nada onde abarco.

316

No canto calado
O verso sem medo
O mundo que evado
O tempo eu concedo
E sei deste prado
Ausente segredo,

Esqueço o que tanto
Pudera diverso
E se não garanto
Sequer outro verso,
Apenas no espanto
Meu sonho disperso,

Perceba o resgate
Do quanto maltrate.

317

Negar o que tento
Ou mesmo persigo,
Enfrentando o vento
Em tal desabrigo,
A vida em tormento,
Sem nada prossigo.

Espero outro risco
E vivo sem ter
Além do confisco
O mundo a verter
Sinal onde arisco
Perdera o prazer.

Meu prazo se finda
E nada deslinda.

318

Aprendo com tanta
Loucura que trazes
A vida se espanta
Em ver tantas fases
Diversas e canta
Momentos mordazes,

Não pude e quem sabe
Jamais poderia
Ousar onde cabe
A noite sombria,
E quando desabe
A morte eu veria.

Sem ter um alento,
Vital sofrimento.

319

Choroso palmilho
Em sendas atrozes
Querendo algum brilho
Em dias ferozes,
Porém neste trilho
Sequer ouço as vozes.

Jamais pude ver
O quanto se tenta
A vida a verter
A rude tormenta
O mundo a perder
O quanto sustenta.

Apenas reflito
Meu sonho ora aflito.

320

Não quero caminho
Diverso e sensato
Aonde mesquinho
Meu mundo retrato
Vencendo o daninho
Momento, o desato.

Gravando no nada
A luta sem nexo,
A sorte negada
O mundo é reflexo
Da vida marcada
Em tom mais complexo,

Apenas teria
A noite sombria.

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