quinta-feira, 31 de março de 2011

441

A verdade que se ofusca
No caminho mais sutil
Quando a sorte se faz brusca
Na verdade nada viu

Discernir o que se tenta
Vencer mesmo a tempestade
O momento em tal tormenta
Pouco a pouco desagrade

E das grades costumeiras
Outras tantas; reproduzes
E se tanto não me queiras

Escoltando em turvas luzes
O que possa em derradeiras
Noites ledas não produzes.

442


Bebo em gole sempre farto
O que tanto mais quisera
E se disto já me aparto
Apresento a vã quimera
Meu caminho ora comparto
Com quem nega alguma espera
E se possa hoje eu descarto
Solidão em louca esfera.
Resumindo o que se veja
Onde a sorte traz peleja
E deixasse para trás
O que tanto quis e muda
Direção atroz que iluda
Passo rústico e mordaz.

443


Redimindo o caos em mim,
Navegando contra o vento,
O que possa dita o fim
Onde o sonho em vão invento
Bebo o quanto resta e assim
Na verdade o que fomento
Gera sempre o tom ruim
Entre tanto sofrimento,
Sigo alheio ao que pudera
E se vejo mais um tanto
O que possa a rude fera
Noutro dito em desencanto
Expressando a vã quimera
E no fim em vão me espanto.

444

Apresento com meu verso
As escusas costumeiras
E se tanto ora disperso
Meu caminho em tais ladeiras
O momento mais perverso
Onde sei que não me queiras,
Vivo em sonho, sigo emerso
Entre rotas derradeiras.
Cotizando o que interessa
Vida além ou mesmo rude,
O que possa já sem pressa
Na verdade desilude
E se tanto recomeça
O meu mundo nada o mude.

445

Levaria a vida toda
Para crer no que não veio,
O cenário em leda boda
O momento diz receio,

A palavra sem sentido
O momento em lavra atroz,
O que possa e sempre olvido
Rege a vida mais feroz,

E bebendo o que se tenta
Na palavra mais atenta
Outra voz não mais se ouvia,

O meu mundo em tez sangrenta
Invadindo esta tormenta
Nada mais simularia.

446

Apresento o fim de tudo
E se possa ser diverso
Meu caminho no universo
Com certeza em tom agudo,

Expressando onde me iludo
E se posso ou mesmo verso
Ouso além do que disperso
Quando muito me transmudo.

Bebo então tua saliva
A vontade sobreviva
Ao que possa em negação

Mergulhando no vazio
O meu mundo desafio
E procuro esta amplidão.

447

Nada mais se vendo após
O que tanto quis um dia
Ao sentir esta ironia
Reduzindo o tom da voz,

E seguindo traços, nós
O que tento e não podia
Vivo em dura fantasia
O momento mais feroz,

O cenário eu capacito
E tateio no infinito
Meu aflito cortejar,

Sem saber qual a razão
Outros dias moldarão
A certeza a divagar.

448

Na incerteza de quem tenta
Loucamente um dia em paz
A verdade violenta
O que possa e satisfaz,

Nesta senda mais sangrenta
O cenário se desfaz
E o que busco e tanto alenta
Gera o sonho mais audaz,

Nada mais pudesse ver
E se tanto amanhecer
Entre trevas, brumas, medo

O meu canto em novo tom,
O momento audaz e bom,
Onde o verso em paz concedo.

449

Navegando em medo eu pude
Ter no olhar a dimensão
Do que tanto em amplitude
Dita os dias que verão

O caminho aonde é rude
O tormento em negação
E se possa o quanto mude
Outras sortes moldarão

O momento mais atroz
E no canto sendo algoz
Voz expressa a tempestade,

Redimisse cada engano
E se tanto ora me dano,
Nada resta da verdade.

450

O meu tempo já passou
E deveras o que resta
Traz o tanto quanto sou
Nesta vida mais funesta,

O meu verso ora se empesta
E o que bebo mergulhou
No vazio desta festa
Onde o nada me entranhou.

Bordejando enquanto possa
Transforma minha palhoça
No palácio prometido,

Do momento onde a carroça
Ultrapassa qualquer fossa,
Meu caminho faz sentido.

451

Nada mais pudesse ter
Em sensata sensação
Do que trace em dimensão
Mais diversa este querer,

E tentando amanhecer
Entre as sombras que verão
A temida solidão
Ou talvez dite prazer.

Nada mais pudesse enquanto
O que possa e não garanto
Traz apenas o vazio,

Meu cenário costumeiro
O meu verso derradeiro
Onde o nada ora recrio.

452

Nas tormentas onde tento
Disfarçar o que receio
O meu mundo em devaneio
O meu passo desatento,

Outra vez exposto ao vento
Que deveras quando veio
Traz apenas o que anseio
E moldura alheamento.

Nada mais se vendo após
O que pude em tom feroz
Desvendar dentro do peito,

Cada vez que mergulhasse
Nesta sorte em rude impasse
Tão somente o fim aceito.

453

Não se vendo qualquer luz
Onde a vida renegando
O desejo reproduz
Um momento desde quando

O caminho já faz jus
Ao que tento desvendando
O mistério que seduz,
Ou vazio me tocando,

Arco mesmo com meu erro
E se possa em tal desterro
Vago insana e loucamente,

O meu sórdido cenário
Noutro tom e itinerário
Tantas vezes teima e mente.

454

Não perdesse o que inda trago
Dos meus dias mais sutis
E se possa em tom tão vago
Desejar o ser feliz,

Nada mais quando divago
Resumindo o que ora fiz,
Esperando o tom que indago
Procurando o que não quis.

Esperando após o medo
O cenário em desenredo
Desde cedo nada via,

Sou apenas a semente
Que este chão duro desmente
E traduz em agonia.

455

Não viera após o fato
Onde o mundo se fizesse
Na esperança o que constato
Resgatando esta quermesse,

O meu passo nega o prato
E o meu verso não se esquece
Do caminho onde retrato
O que possa e não se tece.

Receando o quanto venha
Na palavra em rude senha
Das ordenhas do vazio,

O meu canto desencanta
E se tanto expõe tal manta
Aguardando o tempo frio.

456

Ousaria noutro passo
Ser o quanto ainda tenho
E fechando cedo o cenho
Novo sonho ora desfaço,

E marcando em descompasso
O que possa em vil desenho
O meu mundo agora empenho
Noutro rumo mais devasso,

Esperasse qualquer lua
E se possa não cultua
A esperança em rude infausto,

O meu canto se previsse
Na verdade em tal mesmice
Sendo o sonho um holocausto.

457


Bebes toda a sorte quando
Não garanto algum sinal
E o meu mundo desabando
Neste passo desigual,

A verdade se moldando
Onde o tom se faz fatal
O caminho transtornando
Esvazia este bornal.

Apresento o fim do jogo
E se possa em pleno fogo
Traduzir o que degrade,

O meu verso não permite
O que possa em tal limite
Sem saber da liberdade.

458

Apresenta a sorte atroz
Quem deveras não soubera
Quanto é dura tal quimera
Num momento feita algoz

O meu passo mais veloz,
O caminho em leda espera
A verdade destempera
E traz o rumo em torpe voz.

O meu canto sem sentido
O tamanho decidido
No versar em tempestade,

O meu manto se resume
Na verdade em tal ardume
Que deveras nos invade.

459

Bebo o quanto pude ver
Do meu mundo ora insensato
E se bebo o que constato
Não tivera algum prazer,

Nada mais a conceber
O que possa em vão retrato
E se tanto ora resgato
Nada mais irei saber,

O meu prazo determina
O que possa em cristalina
Noite em sonho, mesmo falso,

Do meu tempo sem promessa
A verdade recomeça
E traduz em cadafalso.


460

No caminho em tal desdita
No veneno a cada olhar
A palavra necessita
Onde mesmo decorar

A esperança onde palpita
O que pude caminhar
Entre a sorte atroz e aflita
Sem saber onde encontrar.

O versar sem mais proveito
O meu mundo quando aceito
O que venha em ledo tom,

Esperança não traduz
O meu verso em rude luz
O meu canto em tosco som.

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