441
A verdade que se ofusca
No caminho mais sutil
Quando a sorte se faz brusca
Na verdade nada viu
Discernir o que se tenta
Vencer mesmo a tempestade
O momento em tal tormenta
Pouco a pouco desagrade
E das grades costumeiras
Outras tantas; reproduzes
E se tanto não me queiras
Escoltando em turvas luzes
O que possa em derradeiras
Noites ledas não produzes.
442
Bebo em gole sempre farto
O que tanto mais quisera
E se disto já me aparto
Apresento a vã quimera
Meu caminho ora comparto
Com quem nega alguma espera
E se possa hoje eu descarto
Solidão em louca esfera.
Resumindo o que se veja
Onde a sorte traz peleja
E deixasse para trás
O que tanto quis e muda
Direção atroz que iluda
Passo rústico e mordaz.
443
Redimindo o caos em mim,
Navegando contra o vento,
O que possa dita o fim
Onde o sonho em vão invento
Bebo o quanto resta e assim
Na verdade o que fomento
Gera sempre o tom ruim
Entre tanto sofrimento,
Sigo alheio ao que pudera
E se vejo mais um tanto
O que possa a rude fera
Noutro dito em desencanto
Expressando a vã quimera
E no fim em vão me espanto.
444
Apresento com meu verso
As escusas costumeiras
E se tanto ora disperso
Meu caminho em tais ladeiras
O momento mais perverso
Onde sei que não me queiras,
Vivo em sonho, sigo emerso
Entre rotas derradeiras.
Cotizando o que interessa
Vida além ou mesmo rude,
O que possa já sem pressa
Na verdade desilude
E se tanto recomeça
O meu mundo nada o mude.
445
Levaria a vida toda
Para crer no que não veio,
O cenário em leda boda
O momento diz receio,
A palavra sem sentido
O momento em lavra atroz,
O que possa e sempre olvido
Rege a vida mais feroz,
E bebendo o que se tenta
Na palavra mais atenta
Outra voz não mais se ouvia,
O meu mundo em tez sangrenta
Invadindo esta tormenta
Nada mais simularia.
446
Apresento o fim de tudo
E se possa ser diverso
Meu caminho no universo
Com certeza em tom agudo,
Expressando onde me iludo
E se posso ou mesmo verso
Ouso além do que disperso
Quando muito me transmudo.
Bebo então tua saliva
A vontade sobreviva
Ao que possa em negação
Mergulhando no vazio
O meu mundo desafio
E procuro esta amplidão.
447
Nada mais se vendo após
O que tanto quis um dia
Ao sentir esta ironia
Reduzindo o tom da voz,
E seguindo traços, nós
O que tento e não podia
Vivo em dura fantasia
O momento mais feroz,
O cenário eu capacito
E tateio no infinito
Meu aflito cortejar,
Sem saber qual a razão
Outros dias moldarão
A certeza a divagar.
448
Na incerteza de quem tenta
Loucamente um dia em paz
A verdade violenta
O que possa e satisfaz,
Nesta senda mais sangrenta
O cenário se desfaz
E o que busco e tanto alenta
Gera o sonho mais audaz,
Nada mais pudesse ver
E se tanto amanhecer
Entre trevas, brumas, medo
O meu canto em novo tom,
O momento audaz e bom,
Onde o verso em paz concedo.
449
Navegando em medo eu pude
Ter no olhar a dimensão
Do que tanto em amplitude
Dita os dias que verão
O caminho aonde é rude
O tormento em negação
E se possa o quanto mude
Outras sortes moldarão
O momento mais atroz
E no canto sendo algoz
Voz expressa a tempestade,
Redimisse cada engano
E se tanto ora me dano,
Nada resta da verdade.
450
O meu tempo já passou
E deveras o que resta
Traz o tanto quanto sou
Nesta vida mais funesta,
O meu verso ora se empesta
E o que bebo mergulhou
No vazio desta festa
Onde o nada me entranhou.
Bordejando enquanto possa
Transforma minha palhoça
No palácio prometido,
Do momento onde a carroça
Ultrapassa qualquer fossa,
Meu caminho faz sentido.
451
Nada mais pudesse ter
Em sensata sensação
Do que trace em dimensão
Mais diversa este querer,
E tentando amanhecer
Entre as sombras que verão
A temida solidão
Ou talvez dite prazer.
Nada mais pudesse enquanto
O que possa e não garanto
Traz apenas o vazio,
Meu cenário costumeiro
O meu verso derradeiro
Onde o nada ora recrio.
452
Nas tormentas onde tento
Disfarçar o que receio
O meu mundo em devaneio
O meu passo desatento,
Outra vez exposto ao vento
Que deveras quando veio
Traz apenas o que anseio
E moldura alheamento.
Nada mais se vendo após
O que pude em tom feroz
Desvendar dentro do peito,
Cada vez que mergulhasse
Nesta sorte em rude impasse
Tão somente o fim aceito.
453
Não se vendo qualquer luz
Onde a vida renegando
O desejo reproduz
Um momento desde quando
O caminho já faz jus
Ao que tento desvendando
O mistério que seduz,
Ou vazio me tocando,
Arco mesmo com meu erro
E se possa em tal desterro
Vago insana e loucamente,
O meu sórdido cenário
Noutro tom e itinerário
Tantas vezes teima e mente.
454
Não perdesse o que inda trago
Dos meus dias mais sutis
E se possa em tom tão vago
Desejar o ser feliz,
Nada mais quando divago
Resumindo o que ora fiz,
Esperando o tom que indago
Procurando o que não quis.
Esperando após o medo
O cenário em desenredo
Desde cedo nada via,
Sou apenas a semente
Que este chão duro desmente
E traduz em agonia.
455
Não viera após o fato
Onde o mundo se fizesse
Na esperança o que constato
Resgatando esta quermesse,
O meu passo nega o prato
E o meu verso não se esquece
Do caminho onde retrato
O que possa e não se tece.
Receando o quanto venha
Na palavra em rude senha
Das ordenhas do vazio,
O meu canto desencanta
E se tanto expõe tal manta
Aguardando o tempo frio.
456
Ousaria noutro passo
Ser o quanto ainda tenho
E fechando cedo o cenho
Novo sonho ora desfaço,
E marcando em descompasso
O que possa em vil desenho
O meu mundo agora empenho
Noutro rumo mais devasso,
Esperasse qualquer lua
E se possa não cultua
A esperança em rude infausto,
O meu canto se previsse
Na verdade em tal mesmice
Sendo o sonho um holocausto.
457
Bebes toda a sorte quando
Não garanto algum sinal
E o meu mundo desabando
Neste passo desigual,
A verdade se moldando
Onde o tom se faz fatal
O caminho transtornando
Esvazia este bornal.
Apresento o fim do jogo
E se possa em pleno fogo
Traduzir o que degrade,
O meu verso não permite
O que possa em tal limite
Sem saber da liberdade.
458
Apresenta a sorte atroz
Quem deveras não soubera
Quanto é dura tal quimera
Num momento feita algoz
O meu passo mais veloz,
O caminho em leda espera
A verdade destempera
E traz o rumo em torpe voz.
O meu canto sem sentido
O tamanho decidido
No versar em tempestade,
O meu manto se resume
Na verdade em tal ardume
Que deveras nos invade.
459
Bebo o quanto pude ver
Do meu mundo ora insensato
E se bebo o que constato
Não tivera algum prazer,
Nada mais a conceber
O que possa em vão retrato
E se tanto ora resgato
Nada mais irei saber,
O meu prazo determina
O que possa em cristalina
Noite em sonho, mesmo falso,
Do meu tempo sem promessa
A verdade recomeça
E traduz em cadafalso.
460
No caminho em tal desdita
No veneno a cada olhar
A palavra necessita
Onde mesmo decorar
A esperança onde palpita
O que pude caminhar
Entre a sorte atroz e aflita
Sem saber onde encontrar.
O versar sem mais proveito
O meu mundo quando aceito
O que venha em ledo tom,
Esperança não traduz
O meu verso em rude luz
O meu canto em tosco som.
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