251
Navego contra a fúria
Intensa das marés
E o tempo sem lamúria
Expressa o que não és
E vejo nesta incúria
Corrente atando os pés
Respostas que buscara
Na sórdida expressão
Tomando esta seara
Em passo rude e vão
Marcando cada apara
Com turva sensação
Ousando em saber
O quanto possa ter.
252
Marcando com a morte
O que se fez um dia
Em tanto claro norte
E não mais poderia
Vencer o que deporte
Meu verso em agonia,
A manta se desfaz
E o tempo não tramita
Aonde o mais audaz
Cenário ora reflita
A voz tênue e mordaz
Deveras mais aflita.
Reparo o que se quer
Na fúria em tom qualquer.
253
Jogado sobre o nada
Ainda que se possa
Traçar a madrugada
Na sorte em leda fossa,
A manta desfraldada
A vida não endossa,
E o caos que se permite
Não traz felicidade
O quanto em tal limite
Deveras se degrade
E quando necessite
Ausenta-se a verdade,
Medonha face trama
A vida em rude drama.
254
Acolho com meus versos
Os dias mais sutis
E sei dos tons perversos
E nada outrora quis
Vagando em tons diversos
Ousando por um triz,
Reparo a fonte rude
E nada mais presume
O quanto em atitude
A vida não aprume,
E sei do que me ilude
Ausenta cada lume,
Aos poucos se me afasto
O mundo é vão, nefasto.
255
Embolorando a vida
Depois do temporal
Nesta úmida partida
O fato ocasional
O amor em despedida
Em tom quase venal,
O canto se presume
E nada mais se veja
Aonde este perfume
Transcende esta peleja
E bebo o de costume
Maldita vida seja
Vestígios de uma rota
Sem nada que a denota.
256
Bebendo cada gole
Do fim da minha história
O tempo quando engole
Não deixa na memória
E o prazo me degole,
Enquanto sou escória
Um pária e nada além
Do verso sem sentido,
O vento quando vem
É tudo destruído,
O mundo com desdém
Traduz o presumido
Caminho onde eu rodeio
O fim em vil anseio.
257
Não pude acreditar
Nas tramas em cetim,
Das sedas ao luar
Do sol que existe enfim
E o mundo a desnudar
A morte dentro em mim.
O beijo traiçoeiro
O verso sem cadência
Meu passo derradeiro
Não tem qualquer ciência
Do quanto por inteiro
Ousasse em inclemência.
Acolho cada sonho
Enquanto o não componho.
258
Apresentando o corte
Aonde aprofundasse
A vida dita a morte
E gera novo impasse
E sei que desconforte
O que não se mostrasse
Na face mais atroz
E nada a se dizer
Ousando dentro em nós
O rumo em desprazer
Apenas vejo após
O que não quero ver,
Não posso acreditar
Que reste algum lugar.
259
Apresentando o canto
Em medo e turbulência
A vida em desencanto
O mundo em ingerência
Diversa e do quebranto
A luta em vã ciência.
Restauro o que se queira
Na fúria mais sutil,
O mundo em corriqueira
Vontade se previu
E sei da vida inteira
Aonde o nada viu
Vivendo sem sentido,
Meu sonho o dilapido.
260
Não quero outro caminho,
Cansado da viagem
Enquanto fiz meu ninho
A vida em tal barragem
Levasse o tom mesquinho
Tramando outra miragem,
Na senda mais sutil,
O prazo determina
O quanto se sentiu
E mata a cristalina
Vontade que previu
A ausência desta mina,
A fúria onde se espalha
Expressa a rude falha.
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