quinta-feira, 31 de março de 2011

461

Presumindo algum sentido
Onde o tanto não se fez
Esta rude insensatez
Noutro rumo enquanto olvido,

Pressentindo o que divido
Nessa insana estupidez,
O que sinto e agora vês
Traz o tempo enternecido.

Ouso mesmo acreditar
Nas tormentas do que um dia
Quantos sonhos poderia

Numa noite de luar,
Já não tendo outro momento,
Tão sozinho eu me atormento.

462


O cenário refletisse
O que tanto se quisera
A verdade dita a fera
E produz qualquer tolice,

O meu mundo não sentisse
A loucura enquanto espera
A saudade destempera
E meu mundo é vã crendice.

Resta pouco ou quase nada
Do que tanto quis outrora
A palavra sem demora

Resumindo em velha estada
Insensata provisão
Dos meus dias na amplidão.

463

Acredito no que um dia
Pude ver e não surtira
Tanto efeito em leda mira
E deveras trairia,
Quem se fez em harmonia
Vendo as tramas da mentira
Pode mesmo e se interfira
No final nada veria.
O meu canto em caos e medo,
Onde o sonho que concedo
Sem segredos morre além
Do momento mais sutil
Onde o quanto em luz se viu
Hoje apenas já não vem.

464


A porta que se fechara
Noutro instante traz além
Do que tanto nos convém
E decerto se escancara,
A verdade em tal seara
O momento sem ninguém
Emoção não me contém
E tampouco a noite clara,
Esquecendo o que se queira
Na verdade a derradeira
Expressão trouxesse a paz,
O meu mundo sem sustento
Quando exposto ao que ora tento
Traz o rumo mais mordaz.

465

Ao saber do que inda trago
Sem sentir qualquer temor,
Vivo em sonho o raro amor
E deveras num afago,
O meu mundo onde divago
Resumindo além da flor
Traz o quanto a se propor
Expressasse enquanto vago,
O versar sem ter mais medo
Do que possa em desenredo
Desde cedo, ascendo ao nada,
A verdade se expressasse
No vazio em desenlace
Nesta sorte desolada.

466

Não mergulho neste ocaso
E se possa em dimensão
Mais diversa direção
Transformando o mero acaso
E se possa e não me atraso
Bebo as tramas da emoção
E se perco esta amplidão
Trago o tempo e em tal descaso,
Quantas vezes; tanto eu vi
O cenário traz em si
O que possa em rude verso,
No meu pranto se renega
A vontade audaz e cega
Onde o mundo ora disperso.

467

Onde a sorte soerguesse
Meu momento sem sentir
O que possa no porvir
E talvez nada temesse
Do sentido sem promessa
Da verdade mais sutil,
O que possa e já se viu,
Onde a luta recomeça
E se tanto se deslinda
Uma expressão audaz
E o tempo traz ainda
O quanto não se faz
Jamais se vendo o quanto
Meu mundo, o desencanto.

468


Pudesse em primavera
A rara primazia
Aonde poderia
Trazer em nova esfera
O mundo que ora gera
A luta dia a dia,
O verso não traria
O quanto destempera.
Respaldos de uma sorte
E nada me conforte
Sem ter qualquer apoio,
Jamais eu pude ver
O mundo em desprazer
Das dores, o comboio.


469


Acordo e nada vendo
Sequer o que pudesse
A vida reconhece
O muito tanto horrendo
Traduz mero remendo
E trama em rude prece
O que não mais se esquece
Aos poucos não emendo,
Escolho no vazio
O tempo mais sutil
E o quanto mais sombrio
Expressa o que se viu
Vagando em pleno frio,
O manto já puiu.

470

Não quero a melhor sorte
Nem mesmo o que se tente
Vagando francamente
Aonde se conforte,
O tempo não suporte
E sigo sempre em frente
E nisto o que se enfrente
Tramasse em tal aporte,
O verso sem sentido
O canto resumido
Num tom atroz e rude,
Depois do que se veja
A vida em vã peleja
Transcende ao quanto pude.

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