quinta-feira, 31 de março de 2011

341

Mapeio esta sorte
Moldada do nada
E quanto comporte
Gerando a virada
Do tempo onde o norte
Não traga esta alçada

Vestígios do peso
Vergando o costado,
E estando surpreso
Meu mundo calado,
Com certo desprezo
O passo vedado.

Mal posso sentir
O quanto há de vir.

342

Não vejo o que tente
Sequer o cenário
E mesmo descrente
Vagar solitário
Presume o que ausente
Do tempo o sol vário,

Acendo o pavio
E bebo este lume
A luta desfio
E nada presume
Somente o vazio
Em rude costume,

O preço a pagar
Já não há lugar.

343

Não quero o que um dia
Pudesse ir além
Da sorte sombria
Envolto em desdém,
A morte me guia
E nada convém.

O marco feroz
Do que se fez vida,
Ausência de voz
A sorte remida
O canto este algoz
Aumenta a ferida,

E sei do que temo
Em medo supremo.

344

Não tento outro atento
Caminho onde o mundo
Transido no vento
Enquanto aprofundo,
Viver desalento
E sei deste imundo

Cenário vacante
Aonde não veja
O que não garante
Nem mesmo deseja
A luta outro instante
Expressa a peleja

Cansado da guerra
Meu tempo se encerra.

345

Não pude sentir
Sequer qualquer luz
E sem ter porvir
O tanto reduz
O quanto há de vir
E nada produz,

Cerzindo o passado,
O verso se alenta
Canto embolorado
Adentro a tormenta
E bebo o que evado
Em noite sangrenta.

Reparo este engano
Enquanto me dano.

346


Marcando o compasso
Aonde não resta
Sequer menor traço
Da luta funesta
E sei que desfaço
A vida sem festa,

A morte aproxima
Redime os enganos
E sei deste clima
Em dias profanos,
O mundo se estima
Em versos e danos.

Esqueço o que trago,
Apenas o estrago.

347

Não mais quero o canto
Aonde pudera
Vencer desencanto
E sei da insincera
Versão e garanto
O tempo não gera

Sequer o bravio
Momento em tal fúria
O quanto desvio
Traduz a penúria
E neste pavio,
A luta é incúria.

O verso não traz
Sequer mesmo a paz.

348

Resumo do fato
Que possa deixar
E quando constato
Ausente luar
A vida eu retrato
Sem nada escoltar.

Vagar sem sentido
Ou mesmo fronteira
Trazer o que olvido
Quer queira ou não queira
O que dilapido
Aos poucos se esgueira.

Reparo este engano
E sei que me dano.

349

No verso sem rumo
No tempo perverso,
O quanto acostumo
Deveras disperso
E tento este insumo
Enquanto aquém verso,

Esqueço meu tempo
E vivo o vazio,
Onde há passatempo
Não mais desafio
Viver contratempo
Resvala onde o crio.

Navego sem senso
Num mar mero e denso.

350

Marcante vontade
De quem se fez tanto
O quanto em invade
Deveras garanto,
Fatal sanidade,
Expressa este espanto.

O mundo em redoma
Implode o que trago
E sei do que toma
A vida em estrago,
Marcando esta soma,
Enquanto divago.

O preço sonega
A sorte tão cega.

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