211
Não quero soluções
Diversas da que pude
E vendo as dimensões
Do sonho em atitude
Dispersa aonde pões
O que já desilude,
Medonha face vejo
De quem tanto quisera
E sei do duro ensejo
Matando a primavera,
O quanto em vão porejo
Expressa a vida austera.
Resulto deste nada,
E morro em voz velada.
212
Vestindo a fantasia
Que tanto pude outrora
A luta não teria
Sequer a nova aurora
E sei da mais sombria
Paisagem e me devora.
Pousando mansamente
Nas tramas do infinito
O mundo sempre mente
E nisto necessito
Viver o que se tente
Em novo e claro rito,
Depois do passo atroz,
Invisto o nada em nós.
212
Não pude acreditar
E nem mesmo que queira
A luta sem lutar
A morte onde se inteira
Presença de um luar
Em luta derradeira.
Reparo com o farto
Cenário o que se fez
E sei e não comparto
A frágil lucidez,
E sei que a cada parto
Meu mundo se desfez,
Na parte me cabe
Resumo o que desabe.
213
Perfeitamente o cais
Tentasse ora acolher
Em meio aos vendavais
O barco a se perder
E nada sei a mais
Do que pude saber.
O ranço de um passado
O verso sem provento
O tempo degradado
Esta emoção ao vento,
E quanto mais eu brado
Maior o sofrimento.
Medonhamente vejo
O fim do meu desejo.
214
Agindo de tal forma
Que quem já nos agride
Apenas não conforma
Quem tanto ora divide
O risco da reforma
No nada agora incide
E vejo de tal monta
O mundo que pudera
Viver e não remonta
Ao canto em leda esfera
E sei do quanto apronta
A vida e destempera
Marcando com o fim
O quanto resta em mim.
215
Bebendo mais um gole
Desta aguardente: a vida,
A sorte nos engole
E trama a despedida
Enquanto o rumo assole
E gere a desprovida
Noção onde consolo
O mundo sem proveito
E sei do velho dolo
Enquanto nada aceito
Buscasse novo solo,
E sei do meu direito.
Ainda que se queira,
A sorte não me inteira.
216
Negar o que se traça
Em verso mesmo rude,
O vento na fumaça
Espalha em atitude
O quanto nos desgraça
Resume o que transmude
Vestindo a minha luta
E nada mais se espera
Da força que reluta
E também degenera
Marcando em força bruta
A vida mais austera.
Não tento nova luz
E bebo a velha cruz.
217
Negar o que se tenha
Ou mesmo não pudesse
Depois da velha ordenha
O corpo se apodrece
E gera o que convenha
Aquém da rude prece.
Não posso e não se tente
Viver outro momento,
E sei do impertinente
Cenário aonde invento
O rumo que aparente
O duro sofrimento.
Jamais o que contive
Expressa o quanto me cative.
218
Não meço com meu passo
O fato de viver
E nada do que traço
Expressa o conhecer
E neste meu cansaço
Apenas o morrer
Traria qualquer paz
A quem tanto batalha
No canto mais audaz,
O corte da navalha
E o verso que é mordaz
Deveras traça a falha.
O peso de uma vida
Já tanto desprovida.
219
Não pude e não se sabe
Sequer a dimensão
Do mundo onde desabe
Fatal transformação
E sei do quanto acabe
Em rota dimensão,
O manto se puindo
O corte desenhado
O tempo outrora infindo
Agora derrotado
Demonstra o que deslindo
No rumo em duro enfado.
E bebo sem saber
O quanto é vão sofrer.
220
Não pude e não viera
Aposentando o resto
Do mundo aonde a fera
Em tom rude e funesto
Gerando o que se espera
Expressa o quanto empesto
Meu mundo no vazio
E sem sentido algum
O passo onde recrio
Entoa o ser nenhum,
E bebo em desvario
Mais um gole de rum,
E tateando em vão
Encontro a solidão…
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