quinta-feira, 31 de março de 2011

421

O canto onde desdenho qualquer rota
E possa sem sentido em previsão
Diversa da suprema dimensão
Aonde o meu caminho traz derrota,

A luta aonde a morte agora brota
O tempo sem sentido é sempre em vão
E o quanto mergulhasse na amplidão
Exprime o que se tente em claro chão,

Capacitando a vida aonde eu pude
Trazer o quanto possa em atitude
Dispersa aonde o tempo não reluz,

Acolho com certeza o que se vê
No canto aonde o nada sem por que
Reflete a mais espúria e torpe luz.

422

A vida se moldando em tais penhascos
Apenas desenhando em leda penha
O quanto na verdade mais convenha
Gerando este vazio, velhos frascos

O mundo se aproxima e nos fiascos
Somente a solidão inda detenha
O passo que presume o quanto tenha
A morte noutros dias, rudes ascos.

Espreito o fim do jogo e não prorrogo
O todo desenhando enquanto logo
O término anuncia a tempestade,

O caos onde se entranha o desvalido
Momento noutro tempo empedernido
Aonde o que me resta em vão degrade.

423

Presumo o que pudera desdenhado
Nos transes costumeiros e venais
Ainda quando tente ou muito mais
O preço traz o quanto a ser cobrado,

Resumo do meu mundo o velho enfado
E bebo os mais diversos temporais,
Ao menos poderia sem jamais
Saber deste momento desolado,

Conheço os descaminhos e percebes
As tramas mais doridas em tais sebes
E bebes o que possa nos salvar,

Apresentando apenas o momento
Aonde o que se veja em desalento
Encontre o quanto pude desejar.

424


Bebendo dos teus olhos claridade,
O tempo se recende ao quanto pude
E verso sobre a leda juventude
Enquanto o meu caminho agora evade

E tento resolver em liberdade
O muito que tentara em plenitude
O verso se anuncia e sendo rude
O tanto quanto quero me degrade.

O preço a se pagar em tanto juro
O mundo sem sentido o configuro
E brindo com somenos importância,

O que inda poderia ser bem mais
E nisto nos espaços siderais
O sonho se desenha em clara estância.

425


A vida em penitência a cada passo
O mundo aonde o verso não redime
O quanto da esperança dita o crime
Exprime o que viesse em ledo laço,

Meu canto em desencanto logo traço
E bebo deste sonho e já suprime
O tanto quanto pude crer sublime
O vento aonde o rumo eu embaraço.

Esqueço tão somente o que perfuma
Minha alma sem saber aonde ruma
Sem ter sequer um rito em esperança

Meu passo se perdendo sem sequer
Sentir o quanto possa e se vier
Somente no vazio ora me lança.

426


A sorte nesta morte resumida
Depreciando o quanto quis e nada
Do tempo se desenha em alvorada
Apresentando enfim a leda vida,

Açoda-me saber da despedida
E bebo o que pudera em tal guinada
E quanto mais se vira desdenhada
A sorte não traduz esta avenida,

O medo onde arremeto o passo em vão,
A luta sem saber da dimensão
Na qual o manto apenas se sagrando,

O peso do meu mundo sem fastio,
E bebo o que pudera em tom sombrio
E o sonho sem sentido algum, sangrando.

427


Meus olhos não mais tendo onde ancorar
Ausentam do horizonte sem saber
O muito que pudera conceber
Mergulha no vazio a se mostrar,

O rústico cenário emoldurar
A vaga sensação em desprazer,
O tanto quanto possa perecer
Enfrenta cada dia a divagar,

O verso sendo rude ou mais atroz
Impede o que se tente em viva voz,
E o vértice transforma em perigeu,

O peso de uma vida sem proveito
E nisto quanto mais além me deito
O mundo se anuncia em rude breu.

428


A vida traz presente este licor
E nele o que pudesse ser diverso
E sigo cada ponta do universo
Ousando acreditar no raro amor,

Seduzes com teu verso e sem rancor
Ainda que se veja o tom perverso
Enquanto nos teus braços sigo imerso
Apresentando a vida em tal valor,

Vestígios de momentos mais sutis
E nada do que possa ainda fiz
Na desditosa senda sem sentido,

O muito que pudera em tom maior
Sabendo consagrar o que, de cor,
Deveras noutro tom jamais duvido.

429

A vida tão atroz não mais permite
O quanto quis ou mesmo poderia,
Opondo cada sonho em agonia
O céu se desenhando em tal limite,

O vento na verdade necessite
Do canto tantas vezes, na harmonia
E bebo da mais dura fantasia
Sangria que deveras se acredite.

Pousando mansamente no infinito
E sei do quanto possa e necessito
Ousar entre meus dias mais sublimes,

E sendo de tal forma o que carrego
O tempo se desenha num nó cego
E nada do que possa ora redimes.

430

A terra insatisfeita quer bem mais
Que meras carnes podres, e se tento
Vencer o que permite tem sofrimento
Momentos entre rudes canibais

E o tempo entre diversos abissais
Ou mesmo desenhando alheamento
O quanto se transcorre em desalento
Mergulha sem sequer saber sinais

Dos dias entre versos onde eu pude
Trazer no meu olhar o canto rude
Audaciosamente feito em medo,

O tanto quanto possa não concedo
E vivo entre temores, morta a luz,
Apenas o que tente e não supus.

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