sexta-feira, 1 de abril de 2011

11

Nesta estrada mais comprida
Tantas vezes capotando
Trouxe o mundo menos brando
Sem saber qual a saída,
Esperança dividida
Dia a dia me rondando
O cenário desabando
Entremeia a despedida.
Nada mais pudera ser
Onde tanto parecer
Espreitasse uma razão
A verdade não se cala
Enfrentando fogo e bala,
Na incerteza em provisão.

12

Onde o tempo faz sentido
E se mostra mais atroz
No caminho dividido
Entre o nunca e o logo após
O momento presumido
A versão dura e feroz,
Engolindo o resumido
Desvendar ora sem voz,
Nas tramóias da esperança
Esperneio, mas não posso
No tormento onde se lança
O que fora outrora nosso,
Na verdade quando cansa
Faz da vida este destroço.

13


Jogo feito; a vida marca
A ferro e a fogo tão somente
Destruindo a velha barca
Que levasse o que se sente
Onde o tempo não abarca
Onde a rota imprevidente,
Mas a morte quando embarca
Mostra o tom impertinente
De quem sabe o que deseja
E jamais descansaria
Até vencer esta peleja
Tão medonha a cada dia,
E se esboça o que não seja
Nem sequer mais fantasia.

14

Nas picadas do caminho,
Cada curva novo atalho,
E se sigo mais sozinho
O meu canto tento e espalho,
Na verdade o mais daninho
Traz o verso aonde talho
Com temor e me avizinho
Do que tanto agora falho.
Esperava melhor sorte
E talvez um claro dia,
A palavra não conforte
Quem pudera em fantasia
Conviver com o seu corte
Onde o nada serviria.

15

Abandono esta morada
E procuro uma estalagem
Onde o tanto além do nada
Desenhando esta miragem,
A verdade desfraldada
Arrebenta esta barragem
E a versão já desenhada
Expressando em molecagem
O meu mundo em tal fastio
O meu rio mais profundo
E se possa em desafio
Noutro tom diverso inundo
O que tanto em sonho adio
E o meu canto é ledo, imundo.

16

Mas amores que encontrei
Entre tantas heresias
Dominando em dura lei
O que às vezes me trarias,
Nos teus braços mergulhei
Envolvendo em poesias
O que agora procurei
E decerto não me guias,
Entre as noites mais escuras
Entre os sonhos mais audazes
O que possa e não perduras,
Outros dias tu me trazes,
Mas bem sei que tais loucuras
São deveras curtas fases.

17

Não importa quem se vendo
Noutro tom diverso e rude,
O meu mundo em dividendo
Vem trazendo o quanto pude
E se possa no remendo
Desenhar o que me ilude,
Verso sobre o que pretendo
Mesmo quando o passo mude,
Nada mais se faz além
Do que tanto mergulhara,
O meu mundo sem ninguém
No vazio da seara
Tantas vezes já contém
O que em medo desampara.

18

Desta história feita em luta
Do momento mais venal,
O caminho em força bruta
O cenário desigual
A verdade não reluta
E transcende ao ritual,
Esquecendo a voz astuta
Onde engano é mais fatal,
No bornal das esperanças
Sem sequer qualquer aporte,
A palavra que me lanças
Traduzindo o ledo norte,
E tramando em tais mudanças
O que tanto desconforte.

19

Neste tempo feito em pós
Outro tempo se desenha
E seguindo logo após
O que possa e sempre venha
Desbancando o mais atroz
Delirar onde contenha
O meu passo mais feroz,
Ou a vida em rude senha,
Esperando de tal forma
O que nunca mais viera,
Cada passo se transforma
E a verdade destempera,
No que possa em tal reforma
Vejo ali viva quimera.

20

Aprendendo o que não quero
Ou talvez já não mereça
A saudade neste insincero
Caminhar não mais se esqueça
E mergulho enquanto espero
Sem temor e de cabeça.
No temor me destempero
E procuro o que ofereça
Outro verso ou mesmo a paz
E jamais me imaginasse
No momento onde se faz
Novamente em tolo impasse
O meu canto mais voraz
Noutro tom já se moldasse.

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