domingo, 27 de março de 2011

61

Não vejo saída
Tampouco queria
A sorte a alegria
Dominam a vida
E sei da partida
E nada veria
Sequer fantasia
A senda esvaída
Nas tramas da noite
Enquanto me açoite
O tempo fugaz,
Não vejo mais nada
A sorte enredada
Jamais algo traz.

62

Desta alma os perfumes
Invadem meu quarto
E quando comparto
Com tanto que rumes
Navego teus lumes
E bebo já farto
Cenário onde parto
Além dos costumes.
Resumo num verso
O quanto disperso
Imerso em teus sóis
E tanto se queira
Palavra ligeira
Agora destróis.

63

Quisera tal fato
Aonde o que reste
Neste tempo agreste
Deveras constato
E sei deste trato
E quando se infeste
A luta onde investe
O passo e resgato,
O manto sagrado
O dia eu degrado
E vago sem rumo,
No passo contido
O que dilapido
Também mal consumo.

64

Bebesse do mel
Do tempo sem nexo
Amor mais complexo
Levando em farnel
Estrelas e céu,
O mar num reflexo
O sonho ora anexo
E sei seu papel,
Estantes diversas
E nelas tu versas
Imersas palavras
Nos tempos sutis
O quanto mais quis
Eu sei já não lavras.

65

Decomposto cerne
Do verso em pedaços
E sei destes lassos
Caminhos e hiberne,
O mundo concerne
E vaga entre laços
Dispersos cansaços
Meu corpo ora inerme.
Não pude e não tento
Vencer qualquer vento
E mesmo que a sorte
Mudando de rota
Não mais se denota
No quanto suporte.

66

Reajo e procuro
Vencer cada engano
E se ora me dano
Num solo inseguro
O quanto é maduro
O verso num plano
Diverso que explano
E tramo no escuro.
O passo sem tréguas
Distando mil léguas
De quem desejei,
O tempo traduz
O quanto sem luz
A vida eu verei.

67

Brandindo com fúria
A sorte eu não vejo
E sei do desejo
Exposto em penúria,
Acorda esta injúria
E tanto prevejo
O mundo azulejo
Agora em incúria
Na parte que reste
O tempo da peste
Revivo contigo,
E bebo este amargo
Cenário e não largo
Nem mesmo consigo.

68

Na parte contrária
A voz não se cala
E sei desta sala
Aonde luz vária
Vital, necessária
Pousando avassala
E quando nesta ala
A luta é primária.
O verso se acalma
O tempo sem trauma
A palma das mãos
Traçando em tal solo
O mundo sem dolo
Cevando outros grãos.

69

Não vejo o passado
Conforme disseste
O tempo reveste
O sonho acordado,
E quanto mais brado
Maior este agreste
Momento que deste
O teu vil recado.
Aprendo em engodo
E sei do meu lodo
Em teu lamaçal,
O vento profano
O dia onde engano
Meu verso final.

70


Jogando esta sorte
Aonde o que visse
Nem mesmo é tolice
Que tanto conforte,
Apenas ser forte
Quem nada desdisse
E nem mesmo ouvisse
O canto da morte,
Restauro outro dia
E nada viria
Veria sem nexo,
No espelho da vida
Na bala perdida,
O mesmo reflexo.

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