quinta-feira, 31 de março de 2011

471

A morte traz no olhar
O medo e nada mais
O tempo a se mostrar
Imerso em vendavais
E sei do caminhar
Em dias desiguais
E tanto a divagar
Em termos mais banais,
Resplandecendo a vida
No quanto em tom maior
Pudesse em repartida
Vontade e sei de cor
A luta empedernida
Insano em sal, suor.

472


Não quero mais o rumo
Nem mesmo a reticência
Loucura onde resumo
O tempo em vã ciência
E toda a penitência
E bebo inteiro o sumo,
E da clarividência
Aonde em vão me esfumo.
Parece com tal senso
E sei do quanto penso
E nada mais viera,
Adentro em tais vielas
E nela me revelas
As sortes desta fera.

473

Resulto do passado
E vejo o que não veio
Meu mundo desolado
O tempo onde receio,
O verso alimentado
E nisto o que rodeio,
O canto demarcado
Em tom atroz e alheio,
E sei do que se tente
Vencer o mais frequente
Cenário em rude tom,
Meu passo se presume
E nisto em tal ardume
O passo trama o dom.

474

Não quero mais sentir
O quanto se desvenda
Gerando sem porvir
O amor em leda lenda
O medo a resumir
O sonho onde se estenda
Marcando tal contenda
Sem nada a presumir.
O verso se enaltece
E sei do quanto esquece
E ruma sem saber
O tempo deslindasse
A vida num impasse
E traz o bem querer.

475


No mundo sem sentido
No canto sem proveito
Enquanto removido
O mundo onde me deito
Perfeito e resumido
O marco onde deleito
Envolto em sonho e lido
E sigo contrafeito.
Espero alguma luz
E sei do quanto tenho,
O mundo em rude cenho
No quanto ora produz,
E sinto em tolo empenho
A vida onde se abduz.

476


Jamais eu poderia
Viver o que se tente
Depois do quanto invente
Marcando em ironia
O tempo não teria
Sequer o que frequente
Ou mesmo mais contente
Expressa esta agonia,
O mundo não avança
E o passo enquanto mansa
A vida não se esconde,
E sei porquanto aonde
O manto traz no fundo
O sonho mais fecundo.

477

Ausento do que um dia
Pudesse adivinhar
E sei do imenso mar
Em noite mais sombria,
Se a lua não viria
O tempo a se negar
O quanto sonegar
O canto em harmonia
Viceja no que possa
A vida sendo nossa
Jamais se apresentasse
Depois do que pudera
Vencendo esta quimera
Em turvo desenlace.

478

Não quero qualquer canto
Nem mesmo o que se fez
Em pura insensatez
E nada mais garanto
E sei do quanto espanto
O verso em lucidez,
Marcando o que ora vês
Em puro e ledo pranto.
Redomas protegendo
De um mundo mais horrendo
Presumo o fim de tudo,
E quando mergulhara
Na sorte em vã seara
Ao fim me desiludo.

479

Acordo e te procuro
Embora nada veja
A luta malfazeja
Em tempo atroz e escuro
Ousando além do muro
No quanto mais não seja
O tempo já poreja
E marca em ledo apuro,
O verso sem sentido
O canto onde se visse
A luta que cobice
O mundo resumido
Nos ermos da esperança
Enquanto o passo avança.

480

Na velha tempestade
No verso sem provento
Exposto ao forte vento
Buscando a liberdade,
O canto que me invade
Apenas sofrimento
E vejo o quanto atento
Pudera em claridade,
Vestir o mais cruel
Cenário em ledo véu
E versejar em vão,
Somente o que resume
O mundo em tal ardume,
Imensa dimensão.

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