quarta-feira, 30 de março de 2011

51

Juntos; vamos nesta senda
Onde o tanto não teria
Mais sequer o quanto atenda
Noite amarga e tão sombria,
E se desenho em tal contenda
Marca o que não poderia
No final já não se entenda,
E se faz em poesia
Navegando contra a fúria
Deste mar que nada cessa
A verdade desta incúria
Renegando uma promessa
Na premissa, esta penúria
Dita o caos onde se meça.

52

Vida traça, num repente,
Muito além do enquadrasse,
O que possa e já se sente
Não permite um desenlace
Na verdade indiferente
Onde tanto se moldasse
O que veja e mesmo crente
Mais em nada redundasse
A não ser nos meus enganos
Demarcados pela vida
Tantas vezes em seus danos
Sem defesas; consumida,
Volto a crer nestes insanos
Traços rumo à despedida.

53

Não mergulho no que um dia
Esperava ser meu mar,
A verdade não viria
Tantas vezes me ajudar,
Envolvendo a poesia
Sob as tramas de um luar
Que deveras poderia
Tão somente me levar
Sem destino e sem provento
Ao que pude e não soubera
Coração expondo ao vento
Uma fase mais sincera,
Revivendo o quanto tento,
Mal me sobra nova espera.

54

Revolvendo toda a sorte
De palavras, sentimento,
O que pense e me conforte
Na verdade sigo atento,
Encontrando no meu norte
O cenário em tal tormento,
Sem saber do quanto aporte
Solidão adentra o vento.
Se eu pudesse e mesmo quis
Desejar diverso sonho,
O que tanto fez feliz
Hoje é fato que enfadonho,
Leva a vida e por um triz,
Nova queda; enfim, componho.

55

Refrigérios de uma vida
Tantas vezes infernal
A palavra despedida
Guardo sempre no bornal,
E se possa ou se duvida
Do que seja sempre igual,
Jogo fora esta partida
Em diverso ritual.
Levemente inebriado
Outras vezes mais sutil,
O meu canto desejado
No final jamais se viu,
Lembro as marcas do passado,
Mas a ficha não caiu.

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Já vencido ou mesmo quase
Marco com a dor o quanto
Poderia e já se atrase
Noutro rumo sem encanto
O meu mundo a cada fase
Anuncia um novo canto
E pudera e não me espanto
Se ao final tanto defase.
Ouso mesmo acreditar
Nas tamanhas e vãs loucuras
Onde pude me encontrar
Novos rumos tu procuras
E se possa algum lugar
Sem temor tu me torturas.

57

Servidão de quem se fez
Muito mais do que devia
Na completa insensatez
Outro prazo em agonia,
Novamente o quanto vês
Presumindo o que não via
Depois disto, nova rês
Perde o rumo dia a dia,
Não adio o passo em vão
E nem remo contra a fúria
Da maré em inflação
Da verdade em tal lamúria
Os meus dias matarão
Ilusões feitas luxúria.

58

Ousaria acreditar
E cerzir novo desenho
Onde possa e sei que o mar
Traz o sonho onde provenho,
O meu mundo sem lugar,
Na verdade não retenho,
Galgo as sendas e a vagar
No final já nada tenho.
Sigo atento e me percebes
Entre as tramas mais diversas
Caminhar por entre sebes
Onde tentas e se versas
No final o que concebes
Noutro instante desconversas.

59

Renascer do mesmo não
E tentar novo caminho,
Onde possa em dimensão
Tão diversa e se me alinho
Encontrando a solução
Da esperança; ser vizinho,
E se tento outra versão
Cada passo irei sozinho.
Nada mais pudesse ver
Em momentos discordantes
O que tanto se faz crer
Expressasse o que adiantes
No cenário a se perder
Entre enganos torturantes.

60


Torturando o que se queira
Nos enganos mais sutis,
A palavra derradeira
Não me deixa mais feliz,
Sendo nó desta madeira,
O meu caos é por um triz,
O vencer quando se inteira
Do passado bebe o bis.
Arrependo-me de fato
E deveras nada pude,
O que tanto ora constato
Refletindo o que amiúde
Na incerteza o mais ingrato
Passo nega a plenitude.

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