GOZO DA ILUSÃO
Parturiente gozo da ilusão
Estampa estupidez a cada riso.
Cadáveres que fomos espalhados
Nauseabunda esperança adentra a casa.
Os olhos tocaiando duros sonhos,
O fardo de ser livre e vagabundo.
Qual fora tão somente um vagabundo
Gargalho de teu gozo, uma ilusão,
Somar e dividir inúteis sonhos
Garante pelo menos o meu riso.
No sangue derramado pela casa
Pedaços do que fomos; espalhados.
Os rios entre as pedras espalhados
Ao mar em fardo imenso, um vagabundo,
Na clave que me entranha a velha casa
Fagulha derradeira da ilusão
Preconizando assim, um ledo riso
Matando em nascedouro raros sonhos.
Colecionando assim, erros e sonhos,
Em cortes mais sutis, vão espalhados
Diversas ironias, pranto e riso
No amor quase imbecil e vagabundo
Levaste cada gole de ilusão
Jogando o que restou na nossa casa.
A dor que fez de nós a sua casa
Sabendo maltratar antigos sonhos
Poreja inda resquícios de ilusão.
Momentos esquecidos e espalhados
Meu canto se permite, um vagabundo
Fingindo acreditar esboça um riso.
Quem mesmo em agonia trama um riso
Fazendo do sarcasmo a sua casa
Sem laços, um divino vagabundo
Embaralhando os passos de outros sonhos
Catando os restos todos, espalhados
Inda pretende estúpida ilusão.
Protética ilusão em vasto riso,
Perfumes espalhados pela casa.
No vértice dos sonhos, vagabundo.
MARCOS LOURES